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Legislação Aplicada à Regulação em Saúde Suplementar p/ ANS

Especialista e Técnico em Regulação e Analista Administrativo


Prof. Davi Sales – Aula 05

AULA 05 – PARTE 1:
TEORIA, QUESTÕES COMENTADAS (E-BOOK) E QUESTÕES
COMENTADAS DE CONCURSOS ANTERIORES SOBRE A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 88 – DA SAÚDE – ARTS. 196 AO 200.
SUMÁRIO PÁG
1. Introdução 1
2. Objetivos da aula 1
3. Saúde na Constituição Federal de 1988 2
3.1. Saúde - uma das três áreas da seguridade social 2
3.2. Direito à saúde 3
3.3. Análise pontual dos dispositivos constitucionais 4

1. INTRODUÇÃO

Olá, nobres alunos e alunas.

Firmes no propósito? Na aula de hoje veremos a Constituição Federal de


1988 – Da Saúde – arts. 196 ao 200. Nesta primeira parte passaremos a teoria e na
segunda parte que virá as diversas questões. Vamos que vamos? Grande abraço!

FÉ NA MISSÃO!!!

Profs. Davi Sales e Adriana Braga.

davisales@estrategiaconcursos.com.br

adriana@estrategiaconcursos.com.br

2. OBJETIVOS DA AULA

OBJETIVOS DA AULA 05
Ler previamente CF/88 – arts. 196 ao 200.
Fazer as questões Disponíveis na parte 2 desta aula.
Estudar para a próxima aula Lei nº 9.656/98 e Lei nº 10.185/01.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656compilado.htm
Onde encontrar as normas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10185.htm

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3. SAÚDE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Segundo Pedro Lenza, 2012, conforme a CF/88 a saúde é direito de todos e


dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Nos termos do art. 197, são de relevância pública as ações e serviços de


saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de
direito privado.

Como se sabe, a doutrina aponta a dupla vertente dos direitos sociais,


especialmente no tocante à saúde, que ganha destaque, enquanto direito social, no
texto de 1988: a) natureza negativa: o Estado ou terceiros devem abster-se de
praticar atos que prejudiquem terceiros; b) natureza positiva: fomenta-se um Estado
prestacionista para implementar o direito social.

Nos termos do art. 6º da CF/88 (ECs nos 26/2000 e 64/2010), o ser humano
apresenta-se como destinatário dos direitos sociais, que foram estabelecidos como
sendo educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a
assistência aos desamparados.

Nesse contexto, com razão, anota José Afonso da Silva que, juntamente com
o título dos direitos fundamentais, a ordem social forma o núcleo substancial do
regime democrático.

3.1. SAÚDE - UMA DAS TRÊS ÁREAS DA SEGURIDADE SOCIAL

Nos termos do art. 194, caput, a seguridade social compreende um conjunto


integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

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SEGURIDADE SOCIAL

PREVIDÊNCIA SOCIAL SAÚDE ASSISTÊNCIA SOCIAL

3.2. DIREITO À SAÚDE

Segundo o art. 196 da Constituição Federal de 1988, a saúde é direito de


todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Consoante lição de Dirley da Cunha Jr. e Marcelo Novelino, 2013, por sua
íntima ligação com o direito à vida e com a dignidade da pessoa humana, o direito à
saúde possui um caráter de fundamentalidade que o inclui, não apenas dentre os
direitos fundamentais sociais (CF. art. 6º), mas também no seleto grupo de direitos
que compõem o mínimo existencial.

O dispositivo que consagra a saúde como direito de todos e dever do Estado


(CF art. 196) está consubstanciado em uma norma de natureza principiológica que
estabelece fins a serem buscados pelo Estado sem, no entanto, especificar os
meios a serem utilizados para tanto.

Por sua vinculação direta à dignidade da pessoa humana, o direito à saúde é


titularizado por todas as pessoas que estejam no território brasileiro,
independentemente da nacionalidade (brasileiro ou estrangeiro) e do país de
domicílio (ver comentários ao art.5º). O principal destinatário do devem sem dúvida,
é o Estado (gênero), sendo todos os entes federativos solidariamente responsáveis
(CF, art. 23, II). No entanto, isso não excluiu a responsabilidade da família e da
sociedade nesta área, cujos papéis são extremamente relevantes para conferir
maior efetividade a este direito fundamental.

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A Constituição impôs aos poderes públicos a adoção de políticas sociais e
econômicas de caráter preventivo (e.g, redução do risco de doença e de outros
agravos) e reparativo. O princípio do acesso universal e igualitário às ações e
serviços de saúde, enquanto concretização do principio da isonomia (CF, art. 5º),
impõe aos poderes públicas a dever de agir fornecendo, a todos, prestações
materiais e jurídicas adequadas à promoção e proteção da saúde, bem como sua
recuperação nos casos de doença, independentemente da situação econômica do
indivíduo (STF - RE (AgR) 271.286/RS, rel. Min. Censo de Mello, Julgamento:
12/09/2000).

As prestações de serviços de saúde, apesar de abertas a iniciativa privada,


estão submetidas ao controle do Estado, a quem foi atribuído também o dever de
regulamentar as ações e serviços nesta área e fiscalizar o cumprimento das normas
que dispõem sobre o tema (CF art. 197).

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de


saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Considerando a relevância pública das ações e serviços de saúde, cabe ao


Ministério Público zelar pelo efetivo respeito aos direitos assegurados neste âmbito
pela Constituição e promover as medidas necessárias a sua garantia (CF. art. 129,
II).

3.3. ANÁLISE PONTUAL DOS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso

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universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.

O dispositivo atende ao princípio da universalidade, seja da cobertura, seja


do atendimento. Da cobertura, porque se dirige a todas as etapas: promoção,
proteção e recuperação. Do atendimento, porque garante a todos o direito e o
acesso igualitário às ações e serviços de saúde.

Trata-se de direito subjetivo de todos quantos vivem no território nacional,


que tem o Estado (Poder Público) como sujeito passivo, eis que contempla todos os
que tiverem a sua saúde afetada, independentemente de filiação e de
contribuição para o financiamento da seguridade social.

Mas não é só do Estado o dever de garantir o direito à saúde, uma vez que
essa responsabilidade também é das pessoas, da família, das empresas e da
sociedade (Lei n. 8.080/90, art. 2º).

O direito à saúde é amplo, a CF não fez distinções, daí se poder afirmar


que abrange a saúde física e mental, tanto que o art. 3º, parágrafo único, da Lei nº
8.080/90 dispõe que dizem respeito também à saúde as ações que se destinam a
garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

"Consolidou-se a jurisprudência desta Corte no sentido de que, embora o art.


196 da Constituição de 1988 traga norma de caráter programático, o Município
não pode furtar-se do dever de propiciar os meios necessários ao gozo do
direito à saúde por todos os cidadãos. Se uma pessoa necessita, para garantir
o seu direito à saúde, de tratamento médico adequado, é dever solidário da
União, do Estado e do Município providenciá-lo." (AI 550.530-AgR, rel. min.
Joaquim Barbosa, julgamento em 26-6-2012, Segunda Turma, DJE de 16-8-2012.)

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“O recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo
o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que
demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos
próprios. Isso por que, uma vez satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se
pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela
Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação
jurisdicional.” (RE 607.381-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 31-5-2011,
Primeira Turma, DJE de 17-6-2011.) No mesmo sentido: AI 553.712-AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 19-5-2009, Primeira Turma, DJE de 5-6-2009;
AI 604.949-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-10-2006, Segunda Turma,
DJ de 24-11-2006.

“O direito a saúde é prerrogativa constitucional indisponível, garantido


mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a
obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a tal
serviço.” (AI 734.487-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 3-8-2010,
Segunda Turma, DJE de 20-8-2010.) Vide: RE 436.996-AgR, Rel. Min. Celso de
Mello, julgamento em 22-11-2005, Segunda Turma, DJ de 3-2-2006; RE 271.286-
AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-2000, Segunda Turma, DJ de
24-11-2000.

"Para obtenção de medicamento pelo SUS, não basta ao paciente comprovar


ser portador de doença que o justifique, exigindo-se prescrição formulada por
médico do Sistema." (STA 334-AgR, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso,
julgamento em 24-6-2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.)

"O serviço público de saúde é essencial, jamais pode-se caracterizar como


temporário, razão pela qual não assiste razão à administração estadual (...) ao
contratar temporariamente servidores para exercer tais funções." (ADI 3.430,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 12-8-2009, Plenário, DJE de 23-10-
2009.)

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"O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica
indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição
da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por
cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem
incumbe formular – e implementar – políticas sociais e econômicas idôneas
que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores do vírus HIV,
o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-
hospitalar. O direito à saúde – além de qualificar-se como direito fundamental
que assiste a todas as pessoas – representa consequência constitucional
indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não
pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de
incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento
inconstitucional. A interpretação da norma programática não pode transformá-la
em promessa constitucional inconsequente. O caráter programático da regra
inscrita no art. 196 da Carta Política – que tem por destinatários todos os
entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa
do Estado brasileiro – não pode converter-se em promessa constitucional
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas
nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do
Estado. (...) O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas de
distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas
portadoras do vírus HIV/Aids, dá efetividade a preceitos fundamentais da
Constituição da República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu
alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das pessoas,
especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a não ser a consciência de
sua própria humanidade e de sua essencial dignidade. Precedentes do STF." (RE
271.286-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-2000, Segunda Turma,
DJ de 24-11-2000.) No mesmo sentido: AI 550.530-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa,
julgamento em 26-6-2012, Segunda Turma, DJE de 16-8-2012; RE 368.564, Rel. p/
o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-4-2011, Primeira Turma, DJE de 10-8-

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2011; STA 175-AgR, Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 17-3-
2010, Plenário, DJE de 30-4-2010. Vide: AI 734.487-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgamento em 3-8-2010, Segunda Turma, DJE de 20-8-2010.

"Acórdão recorrido que permitiu a internação hospitalar na modalidade „diferença de


classe‟, em razão das condições pessoais do doente, que necessitava de quarto
privativo. Pagamento por ele da diferença de custo dos serviços. Resolução
283/1991 do extinto Inamps. O art. 196 da CF estabelece como dever do Estado a
prestação de assistência à saúde e garante o acesso universal e igualitário do
cidadão aos serviços e ações para sua promoção, proteção e recuperação. O direito
à saúde, como está assegurado na Carta, não deve sofrer embaraços impostos por
autoridades administrativas, no sentido de reduzi-lo ou de dificultar o acesso a ele.
O acórdão recorrido, ao afastar a limitação da citada Resolução 283/1991 do
Inamps, que veda a complementariedade a qualquer título, atentou para o objetivo
maior do próprio Estado, ou seja, o de assistência à saúde." (RE 226.835, Rel. Min.
Ilmar Galvão, julgamento em 14-12-1999, Primeira Turma, DJ de 10-3-2000.) No
mesmo sentido: RE 207.970, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 22-8-2000,
Primeira Turma, DJ de 15-9-2000.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de


saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

O art. 197 da CF deu relevância pública às ações e aos serviços de saúde.


Cabe ao Estado, por meio de políticas econômicas e sociais, efetivar o direito à
saúde de todos quantos se encontram no território nacional. A regulamentação,
fiscalização e controle da saúde cabem ao Estado.

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O agir do Estado deve ser dirigido a reduzir o risco “doença” e outros agravos
e garantir acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, sempre com
vista à sua promoção, proteção e recuperação (art. 196).

Depreendemos da leitura do dispositivo constitucional acima exposto que a


execução de serviços e ações de saúde cabe tanto ao Estado quanto a
terceiros– iniciativa privada -, e também a pessoa física ou jurídica de direito
privado.

O serviço de assistência à saúde é serviço público, seja prestado diretamente


pelo Estado, seja pela iniciativa privada. A falta ou deficiência do serviço, caso
acarrete dano para o usuário, poderá dar origem à responsabilidade objetiva do
Estado e, consequentemente, ao dever de indenizar.

A relação jurídica entre o titular do direito e o Estado garante apenas


prestação de serviços, uma vez que não há até o momento previsão legal de
pagamento de benefícios.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

“A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da CF).


Dever que é cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua prestação
pelo Estado mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis).
A prestação de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista
corresponde à própria atuação do Estado, desde que a empresa estatal não
tenha por finalidade a obtenção de lucro.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres
Britto, julgamento em 16-12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão
geral.)

"Cumpre assinalar que a essencialidade do direito à saúde fez com que o legislador
constituinte qualificasse, como prestações de relevância pública, as ações e

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serviços de saúde (CF, art. 197), em ordem a legitimar a atuação do Ministério
Público e do Poder Judiciário naquelas hipóteses em que os órgãos estatais,
anomalamente, deixassem de respeitar o mandamento constitucional, frustrando-
lhe, arbitrariamente, a eficácia jurídico-social, seja por intolerável omissão, seja por
qualquer outra inaceitável modalidade de comportamento governamental desviante.
Tenho para mim, desse modo, presente tal contexto, que o Estado não poderá
demitir-se do mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhe foi
outorgado pelo art. 196, da Constituição, e que representa – como anteriormente
já acentuado – fator de limitação da discricionariedade político-administrativa do
Poder Público, cujas opções, tratando-se de proteção à saúde, nãopodem ser
exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou
de mera oportunidade, a eficácia desse direito básico de índole social. Entendo, por
isso mesmo, que se revela inacolhível a pretensão recursal deduzida pela entidade
estatal interessada, notadamente em face da jurisprudência que se formou, no
Supremo Tribunal Federal, sobre a questão ora em análise. Nem se atribua,
indevidamente, ao Judiciário, no contexto em exame, uma (inexistente) intrusão em
esfera reservada aos demais Poderes da República." (STA 175-AgR, Rel. Min.
Presidente Gilmar Mendes, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 17-3-2010,
Plenário, DJE de 30-4-2010.)

"Ação direta de inconstitucionalidade. Lei Ordinária 9.656/1998. (...) Prestação de


serviço médico pela rede do SUS e instituições conveniadas, em virtude da
impossibilidade de atendimento pela operadora de Plano de Saúde.
Ressarcimento à administração pública mediante condições preestabelecidas
em resoluções internas da Câmara de Saúde Complementar. Ofensa ao devido
processo legal. Alegação improcedente. Norma programática pertinente à
realização de políticas públicas. Conveniência da manutenção da vigência da
norma impugnada." (ADI 1.931-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 21-8-
2003, Plenário, DJ de 28-5-2004.) No mesmo sentido: RE 594.266-ED, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgamento em 2-12-2010, Primeira Turma, DJE de 15-3-2011; AI
589.182-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 15-12-2009, Primeira
Turma, DJE de 5-2-2010; RE 510.606-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento

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em 4-12-2009, Segunda Turma, DJE de 5-2-2010; RE 542.116-ED, RE 544.102-ED,
RE 568.820-ED e RE 573.899-ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-9-
2009, Primeira Turma, DJE de 9-10-2009; AI 687.660-AgR, Rel. Min. Celso de
Mello, julgamento em 19-5-2009, Segunda Turma, DJE de 26-6-2009; RE 488.026-
AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 13-5-2008, Turma, DJE de 6-6-2008.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma


rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de


governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades


preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

Nos termos da Constituição, as ações e serviços públicos de saúde integram uma


rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único (CF art. 198).

A estrutura conferida ao Sistema Único de Saúde, com a descentralização


das ações e a cooperação técnica e financeira dos entes federativos, reflete o
federalismo cooperativo aditado pela Constituição de 1988. Nos termos da
Constituição, os serviços de atendimento à saúde da população devem ser
prestados pelo Município, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado (CF art. 30, VII). Portanto, apesar de constituírem um sistema único e
integrarem uma rede regionalizada e hierarquizada, as prestações de saúde foram
descentralizadas no tocante à sua execução.

Ao lado da descentralização, o dispositivo estabelece como diretriz para a


organização do SUS, o atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas. No art. 196, o constituinte originário já havia destacado o caráter
preventivo ao assegurar o direito à saúde mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos.

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A participação da comunidade reflete o caráter democrático que deve
informar toda a seguridade social.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

"Para efeito de suspensão de antecipação de tutela, não constitui decisão genérica


a que determina fornecimento de medicamentos a pacientes usuários do SUS,
residentes nos Municípios da comarca ou da seção judiciária, mediante prescrição
expedida por médico vinculado ao SUS." (STA 328-AgR, Rel. Min. Presidente Cezar
Peluso, julgamento em 24-6-2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.)

"Para obtenção de medicamento pelo SUS, não basta ao paciente comprovar ser
portador de doença que o justifique, exigindo-se prescrição formulada por médico do
Sistema." (STA 334-AgR, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, julgamento em 24-6-
2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.)

"Incumbe ao Estado (gênero) proporcionar meios visando a alcançar a saúde,


especialmente quando envolvida criança e adolescente. O SUS torna a
responsabilidade linear alcançando a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios." (RE 195.192, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 22-2-2000,
Sugunda Turma, DJ de 31-3-2000.)

"(...) podemos concluir que, em geral, deverá ser privilegiado o tratamento


fornecido pelo SUS em detrimento de opção diversa escolhida pelo paciente,
sempre que não for comprovada a ineficácia ou a impropriedade da política de
saúde existente. Essa conclusão não afasta, contudo, a possibilidade de o
Poder Judiciário, ou de a própria Administração, decidir que medida diferente

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da custeada pelo SUS deve ser fornecida a determinada pessoa que, por
razões específicas do seu organismo, comprove que o tratamento fornecido
não é eficaz no seu caso. Inclusive, como ressaltado pelo próprio Ministro da
Saúde na Audiência Pública, há necessidade de revisão periódica dos protocolos
existentes e de elaboração de novos protocolos. Assim, não se pode afirmar que os
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do SUS são inquestionáveis, o que
permite sua contestação judicial. Situação diferente é a que envolve a inexistência
de tratamento na rede pública. Nesses casos, é preciso diferenciar os tratamentos
puramente experimentais dos novos tratamentos ainda não testados pelo Sistema
de Saúde brasileiro. Os tratamentos experimentais (sem comprovação científica
de sua eficácia) são realizados por laboratórios ou centros médicos de ponta,
consubstanciando-se em pesquisas clínicas. A participação nesses tratamentos
rege-se pelas normas que regulam a pesquisa médica e, portanto, o Estado não
pode ser condenado a fornecê-los. (...) Quanto aos novos tratamentos (ainda não
incorporados pelo SUS), é preciso que se tenha cuidado redobrado na apreciação
da matéria. Como frisado pelos especialistas ouvidos na Audiência Pública, o
conhecimento médico não é estanque, sua evolução é muito rápida e dificilmente
suscetível de acompanhamento pela burocracia administrativa. Se, por um lado, a
elaboração dos Protocolos Clínicos e das Diretrizes Terapêuticas privilegia a melhor
distribuição de recursos públicos e a segurança dos pacientes, por outro a
aprovação de novas indicações terapêuticas pode ser muito lenta e, assim, acabar
por excluir o acesso de pacientes do SUS a tratamento há muito prestado pela
iniciativa privada. Parece certo que a inexistência de Protocolo Clínico no SUS não
pode significar violação ao princípio da integralidade do sistema, nem justificar a
diferença entre as opções acessíveis aos usuários da rede pública e as disponíveis
aos usuários da rede privada. Nesses casos, a omissão administrativa no
tratamento de determinada patologia poderá ser objeto de impugnação judicial,
tanto por ações individuais como coletivas. No entanto, é imprescindível que haja
instrução processual, com ampla produção de provas, o que poderá configurar-se
um obstáculo à concessão de medida cautelar.” (STA 175-AgR, voto do Rel. Min.
Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 17-3-2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.)

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§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do
art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além
de outras fontes.

Com o intuito de conferir maior efetividade às ações e serviços públicos de


saúde, a EC 29/2000 acrescentou os §§ 2º e 3º ao art. 198, estabelecendo a
obrigatoriedade de aplicação de recursos mínimos pela União, Estados, Distrito
federal e Municípios a serem definidos por lei complementar. Até o advento desta,
os entes federativos deverão observar os percentuais estabelecidos pelo art. 77 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

O custeio do SUS é feito com os recursos do orçamento da seguridade social


ou seja, com os recursos provenientes dos orçamentos dos entes federados e de
contribuições sociais da seguridade social (CF, art. 195).

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

“O Estado deve criar meios para prover serviços médico-hospitalares e fornecimento


de medicamentos, além da implementação de políticas públicas preventivas, mercê
de os entes federativos garantirem recursos em seus orçamentos para
implementação delas.” (RE 607.381-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 31-5-
2011, Primeira Turma, DJE de 17-6-2011.)

"O fato de o Sistema Único de Saúde ter descentralizado os serviços e conjugado


os recursos financeiros dos entes da Federação, com o objetivo de aumentar a
qualidade e o acesso aos serviços de saúde, apenas reforça a obrigação solidária e
subsidiária entre eles. As ações e os serviços de saúde são de relevância pública,
integrantes de uma rede regionalizada e hierarquizada, segundo o critério da

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subsidiariedade, e constituem um sistema único. (...) Além disso, a agravante,
reiterando os fundamentos da inicial, aponta, de forma genérica, que a decisão
objeto desta suspensão invade competência administrativa da União e provoca
desordem em sua esfera, ao impor-lhe deveres que são do Estado e do Município.
Contudo, a decisão agravada deixou claro que existem casos na jurisprudência
desta Corte que afirmam a responsabilidade solidária dos entes federados em
matéria de saúde. Após refletir sobre as informações colhidas na Audiência Pública
– Saúde e sobre a jurisprudência recente deste Tribunal, é possível afirmar que,
em matéria de saúde pública, a responsabilidade dos entes da Federação deve
ser efetivamente solidária. No RE 195.192-3/RS, a Segunda Turma deste
Supremo Tribunal consignou o entendimento segundo o qual a responsabilidade
pelas ações e serviços de saúde é da União, dos Estados e do Distrito Federal e
dos Municípios. (...) Assim, apesar da responsabilidade dos entes da Federação em
matéria de direito à saúde suscitar questões delicadas, a decisão impugnada pelo
pedido de suspensão, ao determinar a responsabilidade da União no fornecimento
do tratamento pretendido, segue as normas constitucionais que fixaram a
competência comum (art. 23, II, da CF), a Lei Federal 8.080/1990 (art. 7º, XI) e a
jurisprudência desta Corte. Entendo, pois, que a determinação para que a União
arque com as despesas do tratamento não configura grave lesão à ordem pública."
(STA 175-AgR, voto do Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 17-3-
2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.) No mesmo sentido: RE 607.385-AgR, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgamento em 21-6-2011, Primeira Turma, DJE de 1º-8-2011; AI
808.059-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2-12-2010, Primeira
Turma, DJE de 1º-2-2011.

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais
calculados sobre:

I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei


complementar prevista no § 3º;

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II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e
inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
respectivos Municípios;

III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da


arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos
recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §
3º.

Vamos passar isso para um quadro para que fique visualmente mais didático,
não é mesmo?

APLICAÇÃO MÍNIMA DE RECURSOS ANUAIS EM AÇÕES E SERVIÇOS


PÚBLICOS DE SAÚDE

UNIÃO Percentuais definidos em lei complementar

Percentuais calculados sobre o produto da arrecadação do


ITCMD, ICMS, IPVA, sobre a repartição de receitas
ESTADOS E DF tributárias, sobre o Fundo de Participação dos Estados e
Distrito Federal e sobre a parcela de 10% do IPI destinado
aos Estados e DF.

Percentuais calculados sobre o produto da arrecadação do


IPTU, ITBI e ISS, sobre a repartição de receitas tributárias,
MUNICÍPIOS e DF
sobre o Fundo de Participação dos Municípios e sobre a
parcela de 25% dos 10% do IPI destinado aos Estados e DF.

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada


cinco anos, estabelecerá:

I – os percentuais de que trata o § 2º;

II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à


saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos

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Municípios, objetivando a progressiva redução das
disparidades regionais;

III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das


despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
municipal;

IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela


União.

A Lei Complementar (LC nº 141 de 13 de janeiro de 2012), que será


reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá os recursos mínimos a
serem aplicados pela União em saúde pública e deverá estabelecer ainda o que foi
expresso nos demais incisos do parágrafo acima.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

"Sistema único de saúde: reserva à lei complementar da União do


estabelecimento de „critérios de rateio dos recursos e disparidades regionais‟
(CF, art. 198, § 3º, II): consequente plausibilidade da arguição da invalidez de lei
estadual que prescreve o repasse mensal aos municípios dos 'recursos
mínimos próprios que o Estado deve aplicar em ações e serviços de saúde';
risco de grave comprometimento dos serviços estaduais de saúde: medida cautelar
deferida para suspender a vigência da lei questionada." (ADI 2.894-MC, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, julgamento em 7-8-2003, Plenário, DJ de 17-10-2003.)

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão


admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
combate às endemias por meio de processo seletivo

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público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso


salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
(Grifo nosso)

Existe na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei em trâmite (PL


7495/2006) - já aprovado no Senado - que regulamenta os §§ 4º e 5º do art. 198 da
Constituição Federal. Para ver detalhes, acesse:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=
334331

A Secretaria-Geral de Contencioso (SGCT), órgão da AGU defendeu a que


não existe afronta à autonomia municipal, pois não compete às municipalidades
legislar sobre piso salarial, já que se trata de matéria do direito do trabalho,
disciplinada privativamente pela União, conforme previsto no artigo 22 da
Constituição.

Na manifestação a AGU reforça que a Constituição estabelece que os


gestores locais podem admitir agentes de saúde por meio de processo seletivo, e
não concurso público, pois estes submetem-se ao regime estabelecido na
Consolidação das Leis do Trabalho.

A SGCT confirma ainda que a possibilidade conferida ao legislador federal de


dispor sobre diretrizes para os Planos de Carreira relativos às atividades dos dois
agentes está de acordo com o artigo 24 da Constituição, que pontua caber à União
estabelecer normas gerais sobre proteção e defesa da saúde por sua relevância
para o interesse público.

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No STF, a Ação de Inconstitucionalidade é analisada pelo ministro Dias
Toffoli.

A SGCT é o órgão da AGU responsável pelo assessoramento do Advogado-


Geral da União nas atividades relacionadas à atuação da União perante o STF.
(Ref.: ADI nº 4801 – STF).

A contratação de Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às


Endemias, nos termos do art. 9º da Lei nº 11.350/2006, deverá ser precedida de
processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para o
exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.

Interessados em participar da referida seleção deverão observar os seguintes


requisitos (art. 6º) para o exercício da atividade: (i) residir na área da comunidade
em que atuar, desde a data da publicação do edital do processo seletivo público; (ii)
haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de formação inicial e
continuada; e (iii) possuir ensino fundamental completo.

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional sui generis. Oriundo


da comunidade deve exercer uma liderança entre seus pares, apresentando um
perfil distinto do servidor público clássico. Para os contratados são fundamentais os
aspectos de solidariedade e liderança, a necessidade de residir na própria
comunidade e o conhecimento da realidade social que o cerca. Os ensinamentos
técnicos virão depois, mediante os cursos ministrados pelo Poder Público. Assim,
em primeiro lugar, busca-se para o ACS, um perfil mais social do que burocrático ou
técnico.

Os ACS têm as suas atribuições básicas descritas em documentos do


Ministério da Saúde e, mais solenemente, no bojo do Decreto Federal nº 3.189/99,
que fixa diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitário de Saúde
(ACS).

Nesse Decreto estão arroladas as atividades de ACS em sua área de


atuação. Sua leitura permite verificar que o Agente tem uma missão básica de
execução de atividades de prevenção de doenças e promoção de saúde no âmbito

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da comunidade em que resida, e na qual tenha liderança e possa manifestar
solidariedade.

A seleção do ACS não se deve cogitar de livre escolha, sem qualquer


processo seletivo. Porém, não seria recomendável o procedimento clássico do
concurso público, no qual se apura somente o conhecimento do candidato.

Portanto, a contratação dele se dará por processo seletivo, método


mais célere que o tradicional concurso público. Consequentemente, o ACS não
segue regime estatutário nem regime celetista. Os agentes seguem regime próprio
instituído por lei federal.

O exercício da atividade profissional de Agente Comunitário de Saúde deve


observar a Lei nº 10.507/2002, que cria a profissão de Agente Comunitário de
Saúde, o Decreto nº 3.189/1999, que fixa as diretrizes para o exercício da atividade
de Agente Comunitário de Saúde, e a Portaria nº 1.886/1997 (do Ministro de Estado
da Saúde), que aprova as normas e diretrizes do Programa de Agente Comunitário
e do Programa de Saúde da Família.

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º


do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça
funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de
agente de combate às endemias poderá perder o cargo em
caso de descumprimento dos requisitos específicos,
fixados em lei, para o seu exercício.

De entendimento direto, extraímos do parágrafo acima a criação de uma


nova possibilidade de perda de cargo, exclusiva aos agentes comunitários de
saúde, diferente daquelas previstas na própria CF/1988.

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma


complementar do sistema único de saúde, segundo

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diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
sem fins lucrativos.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para


auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas


ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País,
salvo nos casos previstos em lei.

§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que


facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas
para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.

O art. 199 da CF autoriza que a iniciativa privada atue no setor de saúde.


Entretanto, o legislador constituinte enfatizou que a atuação da iniciativa privada só
pode ocorrer de forma complementar, impondo que o Poder Público continue a
prestar diretamente o serviço. A disposição é repetida pelo § 2º do art. 4º da Lei nº
8.080/90.

Sempre que a atuação do Poder Público se mostrar insuficiente para


garantir cobertura assistencial à população de uma determinada área, os serviços
privados de saúde podem participar do SUS, em caráter complementar. Essa
participação será viabilizada por contrato ou convênio, que devem ser precedidos de
licitação, na forma do art. 24 e parágrafo único da Lei n. 8.080/90.

A exigência do procedimento licitatório para a participação da iniciativa


privada tem sido confirmada pelo STF, que afirmou, inclusive, ter o Ministério
Público Federal legitimidade ativa para ajuizar ação civil pública nessa hipótese.

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“(...) O Ministério Público dispõe de legitimidade ativa „ad causam‟ para


ajuizar ação civil pública, quando promovida com o objetivo de impedir que se
consume lesão ao patrimônio público resultante de contratação direta de serviço
hospitalar privado, celebrada sem a necessária observância de procedimento
licitatório, que traduz exigência de caráter ético-jurídico destinada a conferir
efetividade, dentre outros, aos postulados constitucionais da impessoalidade, da
publicidade, da moralidade administrativa e da igualdade entre os licitantes,
ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e/ou de inexigibilidade de licitação.
Precedentes” (RE-AgR 262134/MA, DJ 02.02.2007, p. 139).

A participação de instituições privadas no SUS é instrumentalizada através


contratos de direito público ou convênios, firmados, preferencialmente, com
entidades filantrópicas e sem finalidade lucrativa. Não há, portanto, impedimento de
participação de instituições privadas com fins lucrativos, apesar de ser vedada a
destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções a estas instituições.

O dispositivo que veda a participação direta ou indireta de empresas ou


capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, ressalvadas as hipóteses
previstas em lei (CF, art. 199, § 3º), conforme observa Ana Paula de BARCELLOS,
perdeu boa parte de seu contexto com o fim da distinção entre empresa brasileira e
empresa brasileira de capital nacional e a eliminação de algumas restrições ao
capital estrangeiro previstas anteriormente no texto constitucional (CF, art. 170, IX e
art. 171).

A Constituição impôs ao Congresso Nacional o dever de regulamentar a


remoção de órgãos tecidos e substâncias humanas para fins de transplante,
pesquisa e tratamento, assim como a cometa, processamento e transfusão de
sangue e seus derivados, de modo a facilitar a realização desses procedimentos
(CF, Art. 199, § 4º). Preocupado com aspectos éticos e possíveis violações da

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dignidade da pessoa humana, o constituinte originário vedou expressamente
qualquer tipo de comercialização desse material orgânico.

Este dispositivo foi regulamentado pela Lei 10.205/2001, apesar de existirem


outros diplomas legais relacionados ao tema, como a Lei 9.434/97, que "Dispõe
sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento e dá outras providências", e a Lei 11.105/2005 (Lei de
Biossegurança), que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de
pesquisa e terapia (art. 5º). A constitucionalidade desta norma permissiva foi
questionada na ADI 3510/DF (rel. Min. Cáries Britto, julgamento em 28 e 29-5-08),
julgada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

“O indivíduo tem liberdade para se utilizar, conjunta ou exclusivamente, do


atendimento prestado pelo serviço público de saúde ou daquele disponibilizado por
entidades particulares. Inexiste ofensa à Constituição no fato de o paciente, à custa
de recursos próprios, complementar com o serviço privado o atendimento arcado
pelo SUS.” (RE 516.671-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º-6-
2010, Primeira Turma, DJE de 6-8-2010.)

“A CF assegura que a saúde é direito de todos e dever do Estado, facultada à


iniciativa privada a participação de forma complementar no sistema único de saúde,
por meio de contrato ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
sem fins lucrativos (CF, art. 199, § 1º). Por outro lado, assentou balizas entre
previdência e assistência social, quando dispôs no art. 201, caput e inciso I, que os
planos previdenciários, mediante contribuição, atenderão à cobertura dos eventos
ali arrolados, e no art. 203, caput, fixou que a assistência social será prestada a
quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social,

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tendo por fim a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à
velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; à habilitação e reabilitação
das pessoas deficientes e à promoção de sua integração à vida comunitária; à
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, inferindo-se desse conjunto
normativo que a assistência social está dirigida à toda coletividade, nãose
restringindo aos que não podem contribuir. Vê-se, pois, que a assistência à saúde
não é ônus da sociedade isoladamente e sim dever do Estado. A iniciativa
privada não pode ser compelida a assistir à saúde ou a complementar a
previdência social sem a devida contraprestação. Por isso, se as entidades
privadas se dispuseram a conferir aos seus filiados benefícios previdenciários
complementares e os contratados assumiram a obrigação de pagar por isso, o
exercício dessa faculdade não lhes assegura o direito à imunidade tributária
constitucional, outorgada pelo legislador apenas às entidades que prestam
assistência social, independentemente de contribuição à seguridade social (CF, art.
203), como estímulo ao altruísmo dos seus instituidores." (RE 202.700, voto do Rel.
Min. Maurício Corrêa, julgamento em 8-11-2001, Plenário, DJ de 1-3-2002.)

“O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em arguição de


descumprimento de preceito fundamental ajuizada pela Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), a fim de declarar a
inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da
gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, I
e II, do CP. (...) No tocante ao argumento de possibilidade de doação de órgão
dos anencéfalos, asseverou que não seria dado invocá-lo em prol da proteção
destes, por ser vedado obrigar a manutenção de gravidez apenas para
viabilizar a doação de órgãos, sob pena de se coisificar a mulher e ferir a sua
dignidade, bem como por se revelar praticamente impossível o
aproveitamento dos órgãos dos fetos em questão. Expôs que a mulher,
portanto, deveria ser tratada como fim em si mesma, e não sob perspectiva
utilitarista, como instrumento para geração de órgãos e posterior doação.

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Recordou haver autorização pelo CFM quanto ao transplante de órgãos de
anencéfalos (Resolução 1.752/2009), porém, o Parecer 24/2003, do qual teria
decorrido a resolução, a indicar a inutilidade desses órgãos, em razão de hipoxemia.
Nesse aspecto, mencionou que a solidariedade não poderia ser utilizada para
fundamentar a manutenção compulsória da gravidez de feto anencefálico e que a
doação seria ato intrinsecamente voluntário, jamais imposto, pelo que qualquer
restrição aos direitos da gestante sobre o próprio corpo retiraria toda a magnitude do
ato de doar órgãos, espontâneo em sua essência.” (ADPF 54, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 12-4-2012, Plenário, Informativo 661.)

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras


atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e


substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e


epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de


saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das


ações de saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento


científico e tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o


controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção,


transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;

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VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.

Essas são as competências constitucionais do SUS que estão dispostas com


maior riqueza de detalhes na Lei nº 8.080/90.

FIM DA PARTE 1 DA AULA 5.

ATÉ LOGO, PESSOAL! GRANDE ABRAÇO!

PROFS. DAVI SALES E ADRIANA BRAGA.

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