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Reginaldo)
A partir dos anos de 1950, alguns autores africanos começaram a ser publicados e
conhecidos em seus países de origem e em outros continentes. Amos Tutuola e Chinua
Achebe encabeçam a lista dos escritores de língua inglesa, mas não são os únicos, e nem
tampouco o inglês é a única língua escrita européia apropriada e, por vezes, reinventada
pelos africanos. A emergência da literatura africana ocorre no contexto das lutas de
independência dos países em gestação, à semelhança do movimento intelectual que funda
uma nova historiografia da África. As coincidências entre os movimentos literário e
historiográfico não terminam aí. Pautados no princípio de afirmação dos referenciais
africanos, ou seja, na necessidade de escrever uma história – e estórias – da África “do
ponto de vista africano”, a valorização da tradição oral – como conhecimento e modo
particular de organização da narrativa – é uma das principais marcas distintivas da
literatura e da historiografia africana contemporânea. Sem dúvida, a literatura africana
oferece testemunhos críticos e privilegiados de diferentes gerações que protagonizaram as
lutas pelas independências, as guerras civis, a fundação e consolidação dos estados
nacionais na África. Além disso, e talvez a mais importante contribuição dos escritores e
escritoras de diferentes regiões da África, sejam as janelas privilegiadas que
generosamente nos abrem para lógicas, valores e pontos de vista infelizmente pouco
conhecidos pelos leitores brasileiros.