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A evolução do Pensamento Geográfico1: implicações e conceitos

Solange Oliveira da Silva


Estudante do Curso de Licenciatura em Geografia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano -IFBAIANO
Campus Santa Inês
solgandu@yahoo.com.br

Resumo:

O presente artigo sintetiza os resultados das experiências teóricas-práticas vivenciadas na


disciplina Evolução do Pensamento Geográfico. Destarte, sabemos que os avanços científicos e
tecnológicos decorrente da globalização ocasionaram grandes interações e transformações
existindo a necessidade de reformular os métodos educacionais assinalados como dogmáticos e
mecânicos, pois o ensino da Geografia vem sofrendo mudanças constantes, rápidas e
permanentes tornando-se imprescindível a atuação de profissionais maduros intelectual e
emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas que saibam motivar e dialogar;
trazendo a realidade, o cotidiano e a própria comunidade como parte de uma metodologia efetiva,
complementando os conteúdos didáticos fixos, para compreendermos o mundo que vivemos.
Destarte a disciplina “Evolução do Pensamento Geográfico” permitiu leituras de pensadores que
possibilitaram o movimento de evolução com reflexões e discussões que revelaram conceitos e
aspectos referentes ao objeto de estudo e origem da Ciência Geográfica trazendo à tona questões
que refletem o viver em sociedade exigindo atitudes e atos coletivos. A disciplina foi
contextualizada no sentido de confrontarmos teoria e realidade quando o professor levou em
consideração experiências trazidas por discentes, ocupando o cargo de mediador durante aulas
expositivas, seminários, filmes e estudos desenvolvendo habilidades de compreensão crítica e
construtiva, pois ao debruçamos na tarefa de aprender com a leitura de imagens, documentos, ou
registros, conhecemos inúmeras realidades identificando diferenças culturais entre espaços,
paisagens e lugares.

Palavras-chave: Ciência. Objeto. Conceitos. Disciplina.

1
Disciplina Evolução do Pensamento Geográfico, I Semestre, ministrada pelo Ms. Cleidnilson de Jesus
Cunha.
Introdução

Este texto procede de reflexões nascidas a partir de uma experiência de estudo


com pesquisa bibliográfica e o resultado de aulas expositivas. Foram realizados
seminários, exposição de filmes, estudos teóricos e encontros para orientação e produção
de artigos; assim, quando nos debruçamos na tarefa de ler, aprender com a leitura, seja
ela de imagens, documentos, ou registros; estamos nos permitindo conhecer inúmeras
realidades identificando diferenças entre espaços, paisagens ou lugares. Somos levados
a lidar com culturas diferentes da nossa por meio da Geografia e da disciplina Evolução
do Pensamento Geográfico, decorrente da necessidade de adquirir conhecimento;
informações que nos fará ver o mundo de outra maneira e até mesmo sermos outros
profissionais, mais conscientes e mais críticos na construção do espaço de vivencia em
meio à pluralidade e diversidade de conceitos, crenças e credos no universo da sala de
aula.
No intuito de introduzir os graduandos em Geografia, Ciências Humanas, às
reflexões e discussões sobre o que foi e vem sendo o pensamento geográfico, a partir de
definições e conceitos que ajudaram os estudantes a conhecerem aspectos referentes ao
campo de conhecimento da disciplina Geografia, de forma simples, com linguagem clara e
objetiva nos deleitamos sobre as leituras de pensadores que deram o pontapé inicial para
as definições e discussões acerca da Evolução Geográfica, igualmente pretende-se
apresentar uma pesquisa enfocando questões referentes ao objeto de estudo e origem da
Geografia enquanto ciência.
Na perspectiva da evolução do “Pensamento Geográfico” e sabendo que
pensamento geográfico refere-se ao conjunto de literatura produzida a partir do espaço
ocupado abordando, a educação do Brasil, podemos descobrir que o ensino formal no
Brasil tem seu inicio, com os Padres Jesuítas, quando eles tentam construir por escrito o
registro de linguagens indígenas; foi assim que a educação escolar no Brasil teve seu
apogeu com a “Companhia de Jesus” dos Padres Jesuítas, na qual os seus
representantes tentaram catequizar os índios, por meio de estratégias diversas, visando
garantir a colonização. O fator de maior destaque para afirmar a utilidade da Geografia foi
a expansão dos impérios coloniais, assim a geografia passou à se justificar em prol da
dominação e colonização de povos. Com esse relato podemos definir que a geografia
surge exatamente para ajudar o Estado a se apropriar das terras, inclusive terras
indígenas, apesar de ter pouco rigor científico nessa época.
Em “1837 O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, é a primeira escola brasileira a
incluir Geografia nas disciplinas obrigatórias. A intenção é criar uma elite nacional capaz
de ocupar quadros políticos e administrativos” 2. Com relação aos colégios, pouca
atenção era dada a educação e apenas a elite dominante era privilegiada, pois era
necessário para manter o controle social e cultural, desta forma, os colégios não
contribuíam para o aprendizado muito menos para o acesso de todos à educação. Já em
“1934 O departamento e o curso superior de Geografia são criados na Universidade de
São Paulo. A maioria dos professores era da escola francesa e defendia a abordagem
tradicional”3.
Durante muito tempo, os saberes de cunho geográfico foram desconsiderados
enquanto disciplina escolar, pois a escola nesta época, no final do século XVII, dava muita
importância à moral e à religião, ao domínio da palavra, ao latim e a outros símbolos da
tradição que se queria preservar. Porém quando diferentes saberes começam a ser
propagados na escola, após o Período da Independência no Brasil, eles começam a ser
repassados como forma de reprodução ideológica, tanto da Igreja quanto do Estado. Em
1971 Durante o período militar, Geografia e História são aglutinadas na disciplina
Estudos Sociais. O governo acredita que o conhecimento dessas áreas é uma ameaça à
hegemonia nacional. O objetivo dos educadores é a expansão da rede escolar, para isso
formavam a consciência nacional patriótica dando maior ênfase ao aspecto cívico.
Em “1900 a área de geografia começa a ganhar espaço nas escolas de todo o
país. Acredita-se que, conhecendo as características físicas do local, o sentimento de
nacionalismo e patriotismo será despertado nos estudantes” 4. Destarte, repassavam-se
apenas os saberes sagrados e os de cunho político cívico, por tal motivo surgem os
debates em torno do que deveria ou não ser o ensino de Geografia no Brasil, parece-nos
ser este um dos principais conflitos existente no texto referente ao ensino e aprendizagem
de Geografia, pois essa situação ocasionou um período de debates que envolveram

2
PCN - O Ensino de Geografia no XXI, de J. W. Vessentini, e R. L. Corrêa.
3
PCN - O Ensino de Geografia no XXI, de J. W. Vessentini, e R. L. Corrêa.
4
PCN - O Ensino de Geografia no XXI, de J. W. Vessentini, e R. L. Corrêa.
profundamente os liberais e conservadores, alcançando maior espaço e repercussão por
meio da imprensa, gerando descontentamentos e revolta por parte da elite dominante.
Durante o século XIX várias reformas escolares foram realizadas, em “1993
Inaugurado o Núcleo de Pesquisa Sobre Espaço e Cultura da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, que divulga estudos e pesquisas realizados de acordo com essa
abordagem” 5. Com estas inovações estabelecidas, procurou-se melhorar os métodos de
ensino de Geografia nas escolas, o acesso à cultura, e pouco a pouco ocorreram
reivindicações prioritárias, uma verdadeira mudança no ensino de Geografia como um
todo. Em 1998 instituem-se diretrizes e parâmetros curriculares para o ensino de
Geografia, “a publicação dos PCN’s lista os objetivos da disciplina. Assim, os estudantes
da disciplina de geografia tinham que compreender as relações entre a formação da
sociedade e o funcionamento da natureza como base na paisagem”6.

A geografia e a ciência positivista

Faz-se mister sabermos que as maiores apreensões no campo da geografia


científica começaram surgir a partir do século XIX, por meio das viagens e observações
de Alexandre Humboldt, ao notar as relações entre agregações vegetais e condições do
clima e solo, ele também observou as relações humanas de exploração da terra, também
as relações de dominação, dominantes e dominados. Igualmente no século XIX Karl
Ritter, preocupou-se em estudar os sistemas de organização do espaço terrestre, assim
fazendo comparações entre povos, instituições e uso de recursos. Consideram-se estes
dois pensadores como sendo os criadores da Geografia - Alexandre von Humbolt e Karl
Ritter também difundiram a geografia por meio do magistério.
A Geografia tradicional tem no positivismo, o seu alicerce teórico-metodológico.
Pois, a partir dessa corrente teórica que o pensamento geográfico tradicional eleva suas
bases e continua sustentando as falas de alguns geógrafos e professores em sala de aula
ainda hoje. A Geografia enquanto ciência foi uma forma de manifestação das diferenças
ideológicas entre Alemanha e França. Sendo Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache
representantes da geografia tradicional respectivamente representavam as escolas Alemã

5
PCN - O Ensino de Geografia no XXI, de J. W. Vessentini, e R. L. Corrêa.
6
PCN - O Ensino de Geografia no XXI, de J. W. Vessentini, e R. L. Corrêa.
e Francesa. Assim, a partir da segunda metade do século XIX a Geografia se
desenvolveu apoiada pelo Estado francês sendo colocada em sala de aula como
disciplina; nessa época também vimos surgir as cátedras e os institutos de Geografia no
sentido de o Estado desenvolver os estudos em Geografia, visto que na guerra entre
França e Alemanha havia colocado para a classe dominante francesa a necessidade de
se pensar o espaço. Essa necessidade de pensar o espaço proporcionou um
expansionismo que acabou por deslegitimar a reflexão geográfica alemã. Paulo Vidal de
La Blache foi o constitucional formulador da Escola francesa da Geografia, e por meio
deste, a ciência positivista cumpriu um papel importante, nesse movimento ideológico:
Foi posta como distante dos interesses sociais, envolvida num manto de
neutralidade. E, através dessa pretensa objetividade, legitimou autoritárias
doutrinas da ordem. Assim, a França foi o país que demonstrou, de modo
mais claro, as etapas de avanço, domínio e consolidação da sociedade
burguesa. (MORAES, 2005, p. 22).

Desta forma, podemos afirmar que o pensamento geográfico francês nasceu com a
tarefa de combater a Geografia de Ratzel, que lamentavelmente demonstrava-se de modo
autoritário ao tratar abertamente de questões políticas. Tanto Ratzel quanto La Blache
difundiu através do discurso científico o interesse das classes dominantes de seus
respectivos países. Assim:
A proposta de Ratzel exprimia o autoritarismo, que permeava a sociedade
alemã; o agente social privilegiado, em sua análise, era o Estado, tal como
na realidade que este autor vivenciava. A proposta de Vidal manifestava
um tom mais liberal, consoante com a evolução francesa, e sua análise
partiu do homem abstrato do liberalismo. (MORAES, 2005, p. 23).

Entretanto através das criticas que La Blache disseminou à Ratzel, mais


propriamente a sua Antropogeografia é que este pode cumprir com a função ideológica
que estava destinada à Geografia enquanto disciplina, numa concepção humanística
onde privilegiava o elemento humano nas relações com o meio geográfico, passando
então há busca de entender como e porque surgem os grupos humanos em determinadas
regiões. Numa concepção positivista naturalista, o homem era visto apenas como um
elemento a mais na paisagem, apenas um dado do lugar, mais um elemento na superfície
terrestre, deixando de lado o relacionamento entre os homens, as relações sociais não
tinham destaque, sobressaindo apenas as relações estabelecidas entre homem e
natureza.
Contudo, a geografia enquanto Ciência Positivista não permitiu que Vidal rompesse
com os pensamentos de Ratzel, não havia como o mesmo se manter neutro, e este antes
de tudo deu prosseguimento ao pensamento Positivista de Ratzel, porém não se isentou
de estabelecer inúmeras críticas dentre elas podemos destacar: Crítica à politização
explícita do discurso de Ratzel, pois as teses ratzelianas tratarem abertamente de
questões políticas. Análise à minimização do elemento humano, nesse sentido, defendeu
o componente criativo (a liberdade) contido na ação humana que não seria apenas uma
resposta às imposições do meio. Crítica de Vidal à Antropogeografia, onde atacou a
concepção fatalista e mecanicista da relação entre os homens e a natureza. Assim, a
partir destas criticas Vidal conseguiu construiu sua proposta e fundamentos, por meio de
um diálogo crítico, articulando o que seria a Geografia francesa, com uma nova visão,
indo além das enumerações e dos relatos de viagem. Pois através de suas produções se
articula a Geografia francesa propriamente dita através dos fundamentos positivistas.
Já no Brasil, a ruptura entre teorias e práticas geográficas causou isolamento da
geografia no campo das ciências sociais, com isso a produção geográfica no Brasil voltou-
se exclusivamente para a produção do espaço brasileiro. Neste contexto, a escravidão
estava sendo criticada por não favorecer uma concentração de progresso, pois a mesma
acabava gerando certo atraso industrial, fator que não privilegiava as relações capitalistas
na época.
Geografia como estudo seria o campo da ciência que envolveria todos os demais
conhecimentos científicos produzidos, sabemos que por meio da interdisciplinaridade, no
que se refere à Geografia enquanto disciplina isso será aceitável. Porém, levando-se em
consideração que a Geografia Tradicional enquanto uma ciência de base positivista é
bastante rigorosa, não é neutra e a produção do conhecimento não esta isenta de
interesses, desta forma ela não admite suposições, só admite o que foi provado, na
medida em que se podem comprovar experimentalmente os fatos. Pois é nesta percepção
filosófica e metodológica que:
(...) os geógrafos vão buscar suas orientações gerais (as que não dizem
respeito especificamente à Geografia). Os postulados do positivismo (aqui
entendido como o conjunto das correntes não-dialéticas) vão ser o patamar
sobre o qual se ergue o pensamento geográfico tradicional, dando-lhe
unidade. Uma primeira manifestação dessa filiação positivista está na
redução da realidade ao mundo dos sentidos, isto é, em circunscrever todo
trabalho científico ao domínio da aparência dos fenômenos. Assim, para o
positivismo, os estudos devem restringir-se aos aspectos visíveis do real,
mensuráveis, palpáveis. (MORAES, 2005, p. 7).

Em vista disso, não se faz pesquisa, nem se constrói conhecimento cientifico sem
domínio teórico e metodológico, pois são os ingredientes fundamentais para a
compreensão e dialogo da realidade prática; teoria e método são lentes que ajudam a ter
um olhar de cima, dando uma visão privilegiada dos fatos geográficos para uma melhor
compreensão dos conceitos. Pois, a geografia na visão Positivista nada mais é que: “uma
ciência empírica, pautada na observação, (...) uma ciência de contato entre o domínio da
natureza e o da humanidade, (...) uma ciência de síntese, (...) uma prática social referida
ao espaço terrestre.” (MORAES, 2005, p.7-8).
Podemos perceber que, na idéia positivista, o pesquisador em analogia ao objeto
sente-se limitado, pois suas lentes não lhes permitiam uma visão ampliada com inúmeros
ângulos a partir do seu interesse ou do interesse que deseja a sociedade. Assim, por
meio dos interesses diversos, o conhecimento muitas vezes é contestado, ou mantido se
não haver comprovações contrarias à idéia posta anteriormente.
Ainda em tempo, faz-se oportuno ressaltar, as dualidades presentes no
pensamento geográfico tradicional, onde ou se dava ênfase aos fenômenos humanos ou
naturais; ou se prioriza a visão global do planeta ou se busca a individualidade dos
lugares; ou se aprofunda no estudo à nível superficial do elemento ou se aprofunda o
estudos em uma classes de elementos. Desta forma era necessário sempre priorizar uma
parte em detrimento de outra, não abarcando o todo, era feito apenas estudos limitados.

Imprecisão quanto ao objeto de estudo na geografia

Em cada ciência, o que a diferencia das demais é o seu objeto. Cada


ciência contribui para a compreensão da ordem e da estrutura existentes,
e o setor da Geografia é o das organizações espaciais. A abordagem da
geografia científica está baseada na observação empírica, verificação de
seus enunciados e na importância de isolar aos fatos de seus valores. Ao
separar os valores atribuídos aos fatos dos próprios fatos, a ciência
procura ser objetiva e imparcial (CHRISTOPOLETTI, 1985, p.16).

Os objetos de estudo nas Ciências Humanas diferem muito se comparados às


ciências naturais devido a sua complexidade, assim de acordo com MORAES, 2005,
temos a (...) Geografia como o estudo da superfície terrestre, (...) Geografia como o
estudo da paisagem, (...) Geografia como estudo da individualidade dos lugares,(...)
Geografia, como estudo da diferenciação de áreas. Na área de humanas, o pesquisador
tanto pode ser influenciado e/ou influenciar o seu objeto de estudo devido ao meio social,
causando modificações e interferências no resultado final das observações; visto que é
praticamente impossível haver uma neutralidade, pois o mesmo encontra-se envolvido em
suas interpretações exercendo influências diretas e indiretas. De acordo com LAVILLE e
DIONNE, 1999, se compararmos a figura de um pesquisador à de um autor, percebemos
que este ultimo tem livre arbítrio para pensar, agir e reagir de diversas maneiras; porém o
pesquisador, logo assume a postura de uma suposta “neutralidade” passando a se
adequar aos instrumentos de sua pesquisa, ele é aquele que usa livros, relatos,
observações, entrevistas... Fazendo leituras e releituras de forma contextualizada para
então chegar ao seu parecer e conclusões sobre o que foi analisado. Em vista disso
podemos conceber a Geografia também como:
(...) o estudo das relações entre o homem e o meio, ou, posto de outra
forma, entre a sociedade e a natureza. Assim, a especificidade estaria no
fato de buscar essa disciplina explicar o relacionamento entre os dois
domínios da realidade. Seria, por excelência, uma disciplina de contato
entre as ciências naturais e as humanas, ou sociais. (...) Geografia, como o
estudo da relação entre o homem e a natureza, vão definir-lhe o objeto
como a ação do homem na transformação deste meio. (...) dando o peso
da explicação aos fenômenos humanos. (MORAES, 2005, p. 5-6).

Destarte como as sociedades modernas, o objeto da Geografia caracteriza-se por


sofrer mudanças constantes, rápidas e permanentes, mas todas essas mudanças de
acordo com as correntes modernas do pensamento geográfico apontam para um ensino
de geografia empenhado em incluir as “transformações ocorridas no espaço, fruto das
relações do homem na sociedade e na natureza”. (VESENTINI, 1992).
O geógrafo Richard Hartshorne, foi o que encontrou maior repercussão na
Geografia estadunidense, apoiado nas especificidades da geografia tradicional,
(...) ao propor uma Geografia unitária e sem um objeto próprio de estudo,
encarregada de abordar fenômenos variados e estudados por outras
ciências, mas, esse geógrafo abriu a perspectiva de trabalhar com um
número muito elevado de elementos, o que acabou imprimindo uma versão
mais moderna aos estudos geográficos7.

Ao comunicar uma variante mais moderna dos estudos em geografia, Hartshorne


concluiu as últimas tentativas de se impetrar uma Geografia tradicional, também fatores

7
Capítulo I - TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO. Educação a Distância (UESC).
sócio-econômicos possibilitaram uma nova forma de se pensar a geografia de forma
critica, rompendo-se com a geografia tradicional.

Quando a tese são os conceitos

Etimologicamente, a palavra Geografia está relacionada, aos gregos que criaram


esta definição a partir da junção de dois radicais: Geo = terra; grafia = escrita, descrição,
desta forma teríamos Geografia enquanto descrição da Terra. Assim, podemos conceber
a Geografia como um campo do conhecimento científico onde, por existir inúmeras
definições provoca controvérsias gerando enormes debates. Numerosos conceitos sobre
o que é, ou vem a ser Geografia são apresentados demonstrando que os mesmos tiveram
suas origens na Antiguidade Clássica, por meio de pensadores que realizaram estudos
traçando aspectos sociais e naturais de lugares onde estiveram.
A Geografia ao longo dos tempos se espalhou e se divulga por meio de um
conjunto de conceitos que, assim como a ciência não se detém simplesmente em registrar
os fatos, mas preferencialmente em fazer prognósticos seguros e validos universalmente.
A Geografia enquanto ciência, ou seja, no que se refere à construção de conhecimentos;
sempre se preocupou com a compreensão da relação entre homem e natureza (ar, água,
solos, relevo, fauna e flora). Alguns conceitos geográficos a principio são considerados
como iguais, por estarem sendo analisados de forma interligada, não isolada a exemplo
do uso do conceito de espaço geográfico como paralelo ao de paisagem, entre outros. Os
diferentes atendimentos do espaço geográfico possibilitaram para que os interesses desta
disciplina sejam preservados e sintonizados com as grandes questões de ordem social,
política e econômica da época. A concepção de Milton Santos8 (1997) afirma que o
espaço geográfico é:
Formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório,
de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados
isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No
começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao
longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos

8
1978 Milton Santos (1926-2001), considerado o maior geógrafo do Brasil, publica o livro Por Uma
Geografia Nova, no qual preconiza a importância do estudo das questões sociais.
técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza
artificial tenda a funcionar como uma máquina.

Essas transformações corridas se devem em grande parte aos avanços


tecnológicos e científicos, pois os mesmos ocasionaram grandes mudanças visto que o
estudo do espaço supõe a analise da sociedade e da natureza de forma interligada,
destarte as correntes do pensamento geográfico estão constantemente fazendo usos de
vários conceitos e várias definições teóricas no que se refere ao objeto de estudo da
Geografia, como referência temos:
(...) Geografia como o estudo do espaço. (...) o espaço seria passível de
uma abordagem específica, a qual qualificaria a análise geográfica. Tal
concepção, na verdade minoritária e pouco desenvolvida pelos geógrafos,
é bastante vaga e encerra aspectos problemáticos. (MORAES, 2005, p. 5).

O espaço geográfico pode ser concebido de diferentes maneiras e ao longo da


cultura e sociedade humana pode ser visto como sendo o lugar onde os seres vivos
buscam estabelecer laços afetivos de harmonia, de respeito e também de temor. Esses
laços afetivos vêm destacando o espaço como sendo palco das realizações humanas;
independente das definições adotada tanto na ciência como na história para conceituá-lo,
visto que o mesmo acolhe todas as partes do planeta onde são possíveis de serem
analisadas, catalogadas e classificadas, em diferentes épocas apesar de suas
transformações.
Diante disto, a abordagem metodológica de Geografia, nota analiticamente a
essencialidade de superar a ideologia que reproduz o conhecimento pela simples
memorização de conceitos. Assim novos estudos são assimilados para possibilitar que o
individuo construa o saber a partir da interpretação da realidade a fim de que possua
noção do espaço geográfico e, sobretudo ter percepção e compreensão do mundo.
Levando em consideração que o espaço é um dos objetos de estudo da Geografia,
e por conseqüência disto engloba ações sociais, humanas e também os aspectos físicos,
averigua que o seu significado é bastante amplo, podendo ser confirmado pelo autor
Antonio Carlos Castrogiovanni (2000) enquanto “um produto histórico, como um conjunto
de objetos e ações que revela as práticas sociais dos diferentes grupos que vivem num
determinado lugar, interagem, sonham, produzem, lutam e o (re) constroem.” Com apoio
teórico de Castrogiovanni, notamos que para entender o espaço geográfico necessitamos
nos envolver por meio de estudos aprimorando diferentes campos de conhecimento.
Assim constatamos que tratar da espacialidade em geografia tem sido complexo por ser
um tema contemplativo, e relacionado a diversos debates, que surge homogeneizado da
percepção individual. Deste modo também são os demais assuntos de geografia como
por exemplos: redes, meio, território, escalas, paisagem, região, lugar, que por serem
bastante complexos, exige uma didática em sala de aula a partir do concreto, para que os
educandos possam entender a totalidade – mundo, ou seja, tornar-se imprescindível que
abordemos uma Geografia unificada e não fragmentada.
Nesta perspectiva tornar-se necessário, contextualizar os fundamentos reais e
esboça-los na valorização do local para com o global e vice-versa, esquematizando
transversalmente a relação entre o embasamento teórico e a prática, buscando
aprimoramento lógico entre o espaço vivido e o concebido.
Nesta perspectiva de conceituação para um melhor alicerce entre teoria e prática
podemos notar que “Determinismo geográfico ou escola determinista”, seriam as
influências que as condições naturais exerciam sobre a humanidade, ou seja, o homem
seria marcado pela natureza que o cerca, o meio natural seria uma entidade definidora da
fisiologia e psicologia humana. Logo, Possibilismo refere-se ao meio natural como
fornecedor de possibilidades para modificação humana, não determinando a evolução das
sociedades, sendo o homem o principal agente geográfico.

A geografia enquanto disciplina

Sempre lamentei que a imagem das ciências sociais seja pulverizada:


aprende-se a ser historiador, geógrafo, economista, sociólogo, etnólogo,
mas em parte alguma adquire-se uma visão de conjunto das disciplinas
que analisam o homem em sociedade. (CLAVAL, 1980 apud LAVILLE.
DIONNE, p. 44, 1999).

Em função do avanço cientifico e tecnológico, estipulados pela globalização, o


sistema de informatização e robótica evoluem constantemente, objetivando na interação
mundial e na transformação dos fenômenos econômicos, sociais e culturais. Em
circunstâncias eventuais, surge a necessidade de reformular os métodos educacionais,
alterando desta maneira o modelo escolar tradicional - que é caracterizado como
dogmático e mecânico - para articular novos paradigmas no processo
ensino-aprendizagem.
Assim o educador precisa desenvolver em sala de aula, práticas pedagógicas que
instrumentalize os educandos a terem noção de espaço e de sua dimensão; saber se
localizar; se orientar; interpretar e representar escalas; ler mapas. Como podemos notar:
Ensinar Geografia tem sentido para o aluno compreender o mundo em que
vive e buscar sua transformação, utilizando-se da tecnologia, visando a
qualidade de vida ambiental e humana, sendo usuário das linguagens
necessárias à interpretação geográfica, com destaque para a visual e, no
interior desta, a representação gráfica e cartográfica. Os conhecimentos
geográficos o ajudarão a tomar decisões diante de situações concretas,
demonstrando sua capacidade de percepção e de estabelecimento de
relações com a vida cotidiana, numa perspectiva interdisciplinar.9

O ensino de Geografia conservar-se voltado para a expectativa de promover aos


discentes, a conquista e o respeito do espaço social com alteridade, compromisso e
autonomia.
A Geografia a ser ensinada hoje é uma ciência que estuda aquilo que é
marcado no território, que expressa o espaço como resultado das lutas,
das disputas, do jogo de interesses e de poder dos povos, das sociedades
e dos homens. Homens concretos, historicamente situados no espaço e no
tempo, não apenas na dimensão de uma extensão (horizontalidade), mas
na sua condição de posicionamento social (verticalidade) numa sociedade
hierarquizada, compreendendo sua identidade de classe. (SANTA
CATARINA, 1998, apud DUTRA, 2006 p.16).

Assim como as sociedades modernas, o ensino da Geografia caracteriza-se por


sofrer mudanças constantes, rápidas e permanentes, mas todas essas mudanças de
acordo com as correntes modernas do pensamento geográfico apontam para um ensino
de geografia empenhado em incluir as “transformações ocorridas no espaço, fruto das
relações do homem na sociedade e na natureza”. (VESENTINI, 1992). O estudo da
Geografia permitiu um grande avanço na idéia de integração curricular. Porém sabemos
que todas as transformações ocorridas na educação não são respostas aos problemas do
sistema de ensino, mas todas as ações visam atender a interesses externos. Em vista
disso, faz-se necessário uma melhor compreensão do processo de ensino-aprendizagem
e uma prática docente coerente, associada com a econômica nacional e internacional e
com a rede global de comunicações. As transformações na educação são lentas e deixa
muito a desejar, da mesma forma que deixa a desejar o ensino de Geografia, por isso é

9
Grupo de Desenvolvimento Profissional, participante do PDP 2004. Disponível em:
http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?id_projeto=27&id_objeto=38807&tipo=ob&cp=3D8E33
&cb=&n1=&n2=Proposta%20Curricular%20%20CBC&n3=Fundamental%20%206%C3%82%C2%BA%20a
%209%C3%82%C2%BA&n4=Geografia&b=s
necessário entender e valorizar a geografia na escola, fazendo aumentar o interesse dos
educandos de forma que possamos atingir esses objetivos com base na analise do
contexto político educacional no Brasil; visto que é impossível dissociar o contexto político
da crise da Educação, pois sabemos que é visível a ausência de infra-estruturas e de
recursos didáticos, também a desvalorização do magistério é algo “gritante”.
CASTROGIOVANNI (2007 p. 43) diz que: “(...) Professores, atenção! É fundamental
estarmos refletindo atentamente sobre o que é e o que deve ser a ciência geográfica, não
somente como ciência, mas também como pratica escolar, pratica de vida, pratica que os
alunos (nós!) praticam (mos)”.
A educação é um “processo complexo” que depende da consciência e ação
política. Ao professor, não basta apenas ensinar geografia, mas é imprescindível oferecer
uma geografia investigadora, estimulante, provocativa, dinâmica, ativa desde o começo e
em todos os níveis de ensino, mostrando que é possível acontecer mudanças na
educação, em especial no ensino de Geografia, onde existe a todo tempo a necessidade
de atualização dos conteúdos juntos à realidade do país. A educação como um todo,
deve como prioridade ter educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas
curiosas entusiasmadas, abertas que saibam motivar e dialogar; trazendo a realidade, o
cotidiano e a própria comunidade como parte integrante de uma metodologia geográfica
efetiva, assim complementando os conteúdos didáticos fixos, para então
compreendermos o mundo em que vivemos. Assim, a prática pedagógica e didática eficaz
envolve a contextualização do conhecimento evocando fatos da vida pessoal, social e
cultural com temas geográficos que devem ser facilmente desenvolvidos visando a
veiculação da realidade local, traduzindo preocupações de todos no dia-a-dia, deste modo
envolvendo a criança, a família, a escola, o mundo animal, o mundo vegetal, o mundo
geográfico enfim, um universo de coisas que podem ser socializadas adequando uma
leitura do mundo e desenvolvendo o aprendizado e respeito a cultura dos estudantes.
E o ensino da Geografia, que outrora estivera diretamente destinado a
fortalecer o sentimento nacionalista, atualmente se encarrega de promover
a análise profunda e concreta do espaço com suas múltiplas relações
estabelecidas pelo homem na “sociedade global”. (DUTRA, 2006, p.6).

Através da leitura do espaço geográfico que nos cerca que podemos analisar a
realidade social e cultural de nossos alunos, possibilitando aos meninos e meninas uma
maior compreensão desses fenômenos, de forma real e contextualizada, permitindo a
construção de competências e habilidades necessárias ao convívio social. Hoje com a
pedagogia de projetos existe uma grande necessidade de aproximar o ensino da
realidade e para tal no Japão, por exemplo, todas as escolas são obrigadas, a realizar um
trabalho de campo, um projeto de pesquisa - “um estudo do meio, uma excursão, visitas a
fábricas ou museus etc. – por semana” (VESSENTINI, 2004, p.11). O professor por
prioridade é considerado o profissional da reconstrução do conhecimento, e tem como
prática educativa a pesquisa, assim o compromisso do educador com relação ao
estudante e fazer com que o mesmo aprenda através do conhecimento e da prática de
realidades. Essa forma de ensinar pela prática, coloca constantemente o educando em
contato com o espaço e a paisagem em que vive, podendo os mesmos ser capazes de
analisar e experimentar momentos e formas que vão ganhando os objetos passados e
presentes, ou seja, suas heranças resultado das relações entre os homens e a natureza,
descobrindo os valores e as transformações concebidas ao passar dos tempos.

Considerações finais

O ensino de Geografia de modo geral, equivale entre o compreender e aplicar,


entre o gerir e intervir nas questões de ordem social, política e cultural; tanto regionais
quanto mundiais. Desta forma o professor necessita levar em considerações as
experiências trazidas por discentes, ocupando o cargo de mediador da construção do
conhecimento. Pois, numa perspectiva sócio-interacionista, os professores devem auxiliar
os educandos nas suas descobertas e valorização da cultura do lugar onde moram, enfim,
a nossa realidade e identidade de alguma forma deve transparecer e ser revelada no
ideário geográfico. Pois, Geografia é o lugar, o espaço, território, a relação de poder, a
trajetória, a viagem, o percurso, é a nossa autobiografia, a autobiografia do nosso povo é
a nossa identidade como raça ou etnia; como estudo por meio da interdisciplinaridade e
pesquisa abarcaria todos os demais conhecimentos científicos produzidos.
Referências:

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ensino de geografia na pós-modernidade. In: REGO, N. CASTROGIOVANNI, A. C.;
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