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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0003682-65.2014.8.05.0063
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO PAN S.A.
RECORRIDO: JOSÉ SOUZA RAMOS
JUIZ PROLATOR: GERIVALDO ALVES NEIVA
JUIZ RELATOR: TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


DESCONTOS EM CONTRACHEQUES DE PRESTAÇÕES
PERTINENTES A EMPRÉSTIMO SEM PROVA DA
CONTRATAÇÃO PELO TITULAR. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA DO FORNECEDOR NÃO ILIDIDA POR CAUSA
LEGAL EXCLUDENTE. SENTENÇA QUE RECONHECEU A
ATUAÇÃO ILÍCITA, ORDENANDO À INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA QUE RESTITUA, EM DOBRO, DOS VALORES
EFETIVAMENTE DESCONTADOS, CONDENANDO-A, AINDA,
AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO, NO ENTANTO, EM
VALOR EXCESSIVO PONDO EM RELEVO A EXISTÊNCIA DE
OITO OUTRAS AÇÕES JUDICIAIS, ENVOLVENDO AS MESMAS
PARTES E OUTROS SUPOSTOS CREDORES, COM IDÊNTICOS
PEDIDOS, CUJAS SOMAS DAS CONDENAÇÕES PROPICIAM
ENRIQUECIMENTO INDEVIDO DO CONSUMIDOR.
PROVIMENTO PARCIAL APENAS PARA REDUZIR O VALOR DA
INDENIZAÇÃO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, BANCO PAN S.A., pretende a reforma da sentença lançada nos
autos que ordenou a restituição, em dobro, em favor do Recorrido, JOSÉ SOUZA RAMOS,
dos valores descontados em seu benefício previdenciário a título de empréstimo sem prova
da contratação, condenando-o, ainda, ao pagamento de indenização por danos morais, no
valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

Não procedem as preliminares reiteradas pelo Recorrente.

Os elementos probatórios coligidos são suficientes para elucidação dos


fatos e deslinde da causa, não havendo, assim, complexidade factual e probatória de grandes
proporções de modo a impedir sua apreciação pelo sistema dos juizados especiais.

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Por outro lado, sendo vários os contratos envolvendo as partes e contendo
as ações judiciais informadas pedidos de reconhecimento de invalidade dos pactos, sem
prova de que tenham a mesma origem, não há perfeita identidade entre as causas de pedir,
afastando, consequentemente, a incidência de litispendência.

O intricado conceito da figura do consumidor não se resume ao texto do


art. 2º do CDC, já que nesse mesmo diploma se encontram outras equiparações (arts. 17 e
29), não havendo dúvida de que a parte recorrida se apresenta na condição de vítima do
evento debatido, que, assim, à luz do CDC, deve ser investigado.

Nesse diapasão, sobressai a responsabilidade civil do Recorrente, oriunda


do próprio risco do desenvolvimento de sua atividade econômica, sem olvidar a óbvia
impossibilidade de se compelir a parte consumidora a fazer prova negativa de qualquer
contratação, atribuindo-lhe, assim, na condição de fornecedor, o ônus de provar causa legal
excludente, algo de que não se desincumbiu.

“A simplificação de procedimentos para agilização da atividade


econômica, em prejuízo da segurança, é risco assumido pela empresa para bem exercer sua
atividade de fins lucrativos. Se houve falha nesse procedimento, advindo dano à vítima, esta
não pode ser responsabilizada, mas a própria empresa, que assumiu o risco de sua
ocorrência ao exercer a atividade econômica”. (TAPR – AC 0244359-0 – (209920) – Foz do
Iguaçu – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz Carlos Gabardo – DJPR 20.08.2004).

Merece salientar ainda que a culpa exclusiva de terceiro não se confunde


com a culpa concorrente. Somente a atuação isolada e exclusiva de terceiro faz desaparecer
a relação de causalidade entre a atuação do fornecedor acionado e o evento danoso,
dissolvendo-se a responsabilidade civil cogitada. Concorrendo de alguma forma para o
resultado lesivo, mediante ação ou omissão, o fornecedor envolvido atrai para si a
responsabilidade integral perante o consumidor pelas consequências advindas, podendo até
mesmo manejar ação regressiva contra quem entender responsável maior, mas não se negar a
responder pelos fatos quando acionado pela vítima, segundo a inteligência do parágrafo
único, do art. 7º, do CDC.

Com isso, não comprovada a culpa exclusiva de terceiro, já que concorreu


para o evento, deixando de verificar a veracidade dos dados que lhe foram apresentados
antes de conceder o empréstimo, nem evidenciada a eventual participação da parte recorrida
na relação contratual discutida, deve a parte recorrente responder pela sua desorganização
administrativa, sendo, portanto, absolutamente acertada a ordem de restituição dos débitos
efetivados indevidamente no benefício previdenciário da parte recorrida, que deverá ocorrer
em dobro, conforme assegurado na sentença guerreada, porque, estando presente
comportamento culposo, incide a regra inserta no parágrafo único, do art. 42, do CDC, a qual
não contempla somente a má-fé.

De igual modo, deve ser mantida a condenação do Recorrente ao


pagamento de indenização pelos inegáveis prejuízos morais sofridos pela parte recorrida.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.
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Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente
pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em análise, a parte recorrida não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais decorrentes dos fatos descritos. Os danos dessa natureza
se presumem, especialmente pela diminuição mensal dos proventos, sem causa legal, não
havendo como negar que, em razão do evento, ela sofreu angústia, desconforto, extrema
preocupação e sensação de impotência, sentimentos que se instalariam em qualquer
indivíduo, decorrentes da atividade negligente do Recorrente.

Divirjo, no entanto, data venia, do MM. Julgador que atuou no primeiro


grau apenas quanto ao valor arbitrado a título dessa indenização.

É que, segundo informado, o Recorrido ajuizou oito ações contra o


Recorrente e outros credores, obtendo em três delas o valor indenizatório de R$ 4.000,00
(quatro mil reais) e em outras quatro ações o valor indenizatório de R$ 6.000,00 (seis mil
reais), o que importa afirmar que ele receberia ao todo a quantia de R$ 36.000,00 (vinte e
seis mil reais), sendo, portanto, capaz de gerar um acréscimo patrimonial indevido, pondo-se
em relevo ainda os valores fixados por esta Turma Recursal para casos da espécie.

Com isso, atendendo às peculiaridades do caso e à míngua de outros dados


tangíveis que pudessem auxiliar na quantificação da indenização, entendo que emerge a
quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), como o valor próximo do justo, a qual, somada às
demais condenações, mostra-se capaz de compensar, indiretamente, os desgastes emocionais
advindos ao Recorrido, e trazer a punição suficiente ao agente causador, sem centrar os
olhos apenas na inegável capacidade econômica do Recorrente.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pelo Recorrente, BANCO PAN S.A.,
para, confirmando todos os demais termos da sentença hostilizada, reformá-la apenas na
disposição pertinente ao valor da indenização pelos danos morais observados, ora arbitrada
na quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais) em favor do Recorrido, JOSÉ SOUZA RAMOS,
acrescida de juros, contados da citação, e correção monetária, contada a partir do julgamento
do recurso.

Como o Recorrente logrou êxito em parte do recurso e o disposto no art.


55, caput, da Lei 9.099/95 não se aplica ao recorrido, mas ao recorrente integralmente
vencido, não há condenação de sucumbência, nos termos do Enunciando nº 11 das Turmas
Recursais dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Bahia, publicado no DPJ em 20 de
agosto de 2008.
Salvador, Sala das Sessões, 02 de junho de 2015.

Tâmara Libório Dias Teixeira de Freitas Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0003682-65.2014.8.05.0063
CLASSE: RECURSO INOMINADO
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RECORRENTE: BANCO PAN S.A.
RECORRIDO: JOSÉ SOUZA RAMOS
JUIZ PROLATOR: GERIVALDO ALVES NEIVA
JUIZ RELATOR: TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


DESCONTOS EM CONTRACHEQUES DE PRESTAÇÕES
PERTINENTES A EMPRÉSTIMO SEM PROVA DA
CONTRATAÇÃO PELO TITULAR. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA DO FORNECEDOR NÃO ILIDIDA POR CAUSA
LEGAL EXCLUDENTE. SENTENÇA QUE RECONHECEU A
ATUAÇÃO ILÍCITA, ORDENANDO À INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA QUE RESTITUA, EM DOBRO, DOS VALORES
EFETIVAMENTE DESCONTADOS, CONDENANDO-A, AINDA,
AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO, NO ENTANTO, EM
VALOR EXCESSIVO PONDO EM RELEVO A EXISTÊNCIA DE
OITO OUTRAS AÇÕES JUDICIAIS, ENVOLVENDO AS MESMAS
PARTES E OUTROS SUPOSTOS CREDORES, COM IDÊNTICOS
PEDIDOS, CUJAS SOMAS DAS CONDENAÇÕES PROPICIAM
ENRIQUECIMENTO INDEVIDO DO CONSUMIDOR.
PROVIMENTO PARCIAL APENAS PARA REDUZIR O VALOR DA
INDENIZAÇÃO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA
decidiu, por maioria de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao
recurso interposto pelo Recorrente, BANCO PAN S.A., para, confirmando todos os
demais termos da sentença hostilizada, reformá-la apenas na disposição pertinente ao
valor da indenização pelos danos morais observados, ora arbitrada na quantia de R$
2.000,00 (dois mil reais) em favor do Recorrido, JOSÉ SOUZA RAMOS, acrescida de
juros, contados da citação, e correção monetária, contada a partir do julgamento do
recurso. Como o Recorrente logrou êxito em parte do recurso e o disposto no art. 55,
caput, da Lei 9.099/95 não se aplica ao recorrido, mas ao recorrente integralmente
vencido, não há condenação de sucumbência, nos termos do Enunciando nº 11 das
Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Bahia, publicado no
DPJ em 20 de agosto de 2008.

Salvador, Sala das Sessões, 02 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA


Relator
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