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INTRODUÇÃO
Muitas formas de governo já foram tentadas, e muitas outras serão
nesse mundo de pecado e desgraça. Ninguém acredita que a democracia
é perfeita ou sem defeitos. De fato, já foi dito que a democracia é o pior
regime de governo, exceto todas aquelas outras formas que já foram
tentadas ao longo dos tempos.2
Sir Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965). Discurso proferido na House of
Commons (Casa dos Comuns) em 11 de novembro de 1947.
Fonte: Winston S. Churchill: His Complete Speeches, 1897–1963, ed. Robert Rhodes
James, vol. 7, p. 7566 (1974).
A frase de Churchill, proferida poucos anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, resume
um pensamento que se tornou hegemônico no Ocidente nas últimas quatro décadas: a
democracia é o melhor regime político à disposição das sociedades contemporâneas.
O que significa essa forma de organização social e política em um país com as enormes
contradições e diferenças que tem o Brasil?
Essas perguntas são essenciais para que possamos refletir sobre o significado de
democracia e, a partir dessa reflexão, tenhamos condições de definir o que é a Educação
para a Democracia e como ela pode ser desenvolvida nas nossas escolas.
Sabemos que a Educação para a Democracia ocorre em variados espaços sociais e não se
restringe, portanto, ao ambiente escolar. Contudo, não há como negar a importância da
escola nesse processo.
A discussão desse tema na Câmara dos Deputados tem como objetivo nos fazer refletir,
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Parte integrante da disciplina EDUCAÇÃO PARA A DEMOCRACIA E O PARLAMENTO, do Programa Missão Pedagógica,
promovido pelo Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados. Brasília,
março/2017.
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Tradução para o original: “Many forms of Government have been tried, and will be tried in this world of sin and woe. No
one pretends that democracy is perfect or all-wise. Indeed, it has been said that democracy is the worst form of Govern-
ment except all those other forms that have been tried from time to time.”
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
Vamos, então, nos deter um pouco sobre o relato apresentado. A professora nos traz
uma situação em que o grupo de educadores e a direção tentam resolver um conflito de
maneira coletiva. Você já vivenciou situações semelhantes em sua escola?
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
O QUE É A DEMOCRACIA?
A Constituição Federal de 1988, além de definir a democracia como forma de governo,
também explicita que ela será exercida nas formas representativa e direta. Porém, qual é
a diferença entre os dois tipos?
A democracia direta é aquela na qual todos os cidadãos decidem sobre a condução dos
assuntos públicos. Quando pensamos em países formados por milhares de cidadãos, as
possibilidades de efetivação de um modelo democrático prioritariamente direto tornam-
se pouco prováveis. No entanto, nossa Constituição garante a presença de ferramentas
para decisões diretas, tais como plebiscito, referendo e projetos de lei de iniciativa popular
(embora nenhum deles possa ser implementado de forma fácil).
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
A ideia por trás desses conceitos e críticas é de que a qualidade do regime democrático
não será assegurada apenas pela participação eleitoral dos cidadãos, conforme
previa Schumpeter. Para que a democracia funcione plenamente nas sociedades
contemporâneas, é preciso que haja um processo contínuo de contato ou comunicação
entre os representantes eleitos e os representados (eleitores).
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
Em outras palavras, os
representantes precisam //SAIBAMAIS
rearticular a interação com
Vários pensadores começam a tratar de formas
os representados em vários deliberativas e participativas o conceito de
democracia. Habermas (1997), por exemplo,
momentos durante o mandato
propõe um modelo de democracia deliberativa
para que as decisões sejam no qual o processo de decisão do governo seja
realmente compartilhadas com sustentado pela deliberação dos indivíduos
em fóruns amplos de debates e de negociação.
os eleitores. E isso pode ser feito Essa deliberação não resultaria apenas da
a partir da consideração dos expressão e posterior agregação das vontades
fixas e individuais de cada cidadão, mas de um
movimentos de opinião pública processo de comunicação e debate em espaços
e da liberdade de expressão públicos que auxiliaria até a construção das
próprias vontades dos indivíduos. Segundo esse
para todos os cidadãos. Essa é a modelo, a deliberação representa um avanço no
definição de democracia Circular sentido de fundamentar os ideais democráticos.
“Governo do povo significa, então, um estado de cidadãos plenos. Uma forma, sem dúvida,
de eleger as autoridades, mas, além disso, uma forma de organização que garante os
direitos de todos: os direitos civis (garantias contra a opressão), os direitos políticos (tomar
parte nas decisões públicas ou coletivas) e os direitos sociais (acesso ao bem-estar). É a
democracia da cidadania.”
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
E, quando pensamos a democracia cidadã, é preciso ressaltar a dimensão dos valores que
sustentam o ideal democrático que, desde a Revolução Francesa, foram sintetizados em
igualdade, liberdade e fraternidade.
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
Como vimos, entre o ideal apontado por estudiosos e instituições e a realidade social das
sociedades contemporâneas há uma grande distância.
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
Os limites dos regimes políticos são chamados de DÉFICITS DEMOCRÁTICOS por vários
autores, e estes podem ser de três tipos:
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DEMOCRACIA E PODER LEGISLATIVO
MAIS INFORMAÇÕES
Primavera Árabe - https://www.youtube.com/
watch?v=KOm-2JhmbnI
Documentário Mídia Ninja: http://www.youtube.
com/watch?v=5yjvo9RJ50U
Ocupação nas Escolas: https://www.youtube.com/
watch?v=UxpwFW62i7M
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. R. Representação política e Conferências: os desafios da inclusão da pluralidade. Texto para
discussão. Brasília: IPEA, 2012. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/
td_1750.pdf
ARAUJO, Ulisses F. Escola, democracia e a construção de personalidades morais. Revista Educação e Pesquisa
(FEUSP), 2000, vol.26, n.2, pp.91-107.
HABERMAS, Jurgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro, vol. I
e II, 1997.
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. A democracia na América Latina: rumo a uma
cidadania de cidadãs e cidadãos. Santana do Parnaíba, SP: LM &X, 2004.
RABAT, M.N. Representação, participação política e controle social: instituições, atores e história. Estudo.
Brasília: Câmara dos Deputados, 2010. 26 p. Disponível em: http://bd.camara.gov.br
SANTOS, Boaventura Souza. A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. Porto: Afrontamento,
2006. Também publicado no Brasil, São Paulo: Editora Cortez, 2006 (2ª edição).
URBINATI, Nadia. Crises e metamorfoses da Democracia. Revista Brasileira de Ciências Sociais. V.28, nº 82.
P.5-16, 2013.
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