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por
Graça Portela
,
08/05/2015
O tema já foi abordado no site de Icict por meio de diversas matérias e é objeto
de estudo do psiquiatra e psicanalista Carlos Estellita-Lins, coordenador do
PesqueSUI - Grupo de Pesquisa de Prevenção ao Suicídio, do Laboratório de
Informação Científica e Tecnológica em Saúde - LICTS, do Instituto , que aborda
adolescência, suicídio e saúde pública.
Unindo esforços, André Trigueiro mostra mais um outro olhar para este grave
problema de saúde pública. Para ele, "prevenção se faz com informação". Em
entrevista ao site do Icict ele fala sobre o tema, mostrando sua preocupação
com aqueles que sofrem, e também o papel da mídia em tratar um assunto que
é tabu. Toda a verba arrecadada com a venda do livro será destinada ao Centro
de Valorização da Vida (CVV), órgão independente que dá ajuda via web ou
para telefone para pessoas com necessidade de apoio emocional. Leia abaixo a
entrevista:
A questão não se resume a divulgar ou não divulgar casos de suicídio, mas como
fazê-lo quando isso for necessário, quando o entendimento na redação seja o
de que o fato é notícia. A OMS recomenda que se evite dar lugar de destaque
ao evento (sem manchetes ou fotos), que não se informe o método empregado
nem as supostas qualidades morais do suicida, entre outros dados. E que se abra
espaço para todas as informações úteis sobre a prevenção. Por fim, a literatura
médica já reúne um precioso acervo de evidências sobre o "efeito Werther",
quando a veiculação de casos de suicídio no jornalismo ou na ficção pode
influenciar pessoas fragilizadas psiquicamente. Convém, portanto, abordar com
o devido cuidado o assunto em qualquer circunstância. Mas manter o lacre sobre
o assunto, emprestando-lhe o status de tabu, definitivamente não é a
solução.
A maioria das pessoas já pensou alguma vez em suicídio – pelas mais diversas
razões – e nunca perdeu muito tempo com essa ideia. Quando esse pensamento
é recorrente, acende-se a luz amarela. E é preciso procurar ajuda
especializada, um psicólogo ou um psiquiatra. Pra quem tem dinheiro, é mais
fácil. Para a maioria dos brasileiros, é algo complicado. O país ainda se ressente
da falta de redes de cuidado e assistência que assumam a prevenção e a
pósvenção ao suicídio. A ajuda dos amigos e da família é fundamental, mas há
um problema: em boa parte dos casos, quem cultiva de forma recorrente a ideia
de se matar se isola das pessoas próximas e vai vivendo num mundo paralelo.
Isso é ruim. Todos nós precisamos ter a chance de desabafar com alguém, falar
abertamente sobre o que nos incomoda ou atormenta. O ideal é que seja
alguém que nos escute sem julgamentos, condenações ou receitas prontas para
resolver os nossos problemas.
Em não sendo possível encontrar esse alguém – cada vez mais raro nos dias de
hoje - pode-se ligar para o CVV (141) e experimentar os efeitos positivos desse
contato. Quem está do outro lado da linha (há também o atendimento pela
internet) oferece apenas uma escuta amorosa, sem julgamentos ou
aconselhamentos. Parece pouco, mas muitas vidas já foram salvas assim. Se
nada disso parecer interessante ou convincente, vale lembrar que todas as
religiões ou tradições espiritualistas do ocidente e do oriente classificam o
suicídio como um erro gravíssimo. Sou espírita há 30 anos e resumirei aqui o
que esta doutrina em particular assinala sobre as consequências do suicídio no
mundo espiritual: o arrependimento é certo, o sofrimento se agrava
barbaramente e em nenhuma hipótese o autoextermínio significa alívio ou
solução para os problemas. Com o amparo da ciência ou no território da fé,
convém agir com prudência. Na dúvida, viver é certamente a melhor opção.