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André Trigueiro aborda o suicídio em seu novo livro e afirma: "Prevenção se

faz com informação"

por
Graça Portela
,
08/05/2015

No dia 11 de maio, segunda-feira, o jornalista André Trigueiro lançará, no Rio


de Janeiro, o livro “Viver é a melhor opção - A prevenção do suicídio no Brasil
e no mundo", no qual aborda o tema a partir dos números divulgados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), analisando as causas do problema e como
ajudar a prevenir o suicídio.

O tema já foi abordado no site de Icict por meio de diversas matérias e é objeto
de estudo do psiquiatra e psicanalista Carlos Estellita-Lins, coordenador do
PesqueSUI - Grupo de Pesquisa de Prevenção ao Suicídio, do Laboratório de
Informação Científica e Tecnológica em Saúde - LICTS, do Instituto , que aborda
adolescência, suicídio e saúde pública.

Em uma entrevista realizada em fevereiro de 2014, o pesquisador do Icict já


alertava: "O suicídio é um problema de vocação interdisciplinar e colaborativa.
Ao acompanhar essa problemática, a minha impressão é que temos que juntar
esforços e nos articular com outros setores interessados no adolescente e no
jovem." Carlos Estellita-Lins abordava, então, a questão do suicídio entre
jovens causado pelo cyberbullying. O trabalho desenvolvido pelo pesquisador
do Icict visa - em termos de comunicação e saúde - desmistificar o assunto,
para eliminar o tabu e desenvolver a prevenção. "Se pudermos assistir melhor
as pessoas em crise identificando risco e tomando medidas protetoras,
estaremos lidando melhor com o suicídio, realizando a prevenção ao suicídio
em um nível absolutamente necessário".

Unindo esforços, André Trigueiro mostra mais um outro olhar para este grave
problema de saúde pública. Para ele, "prevenção se faz com informação". Em
entrevista ao site do Icict ele fala sobre o tema, mostrando sua preocupação
com aqueles que sofrem, e também o papel da mídia em tratar um assunto que
é tabu. Toda a verba arrecadada com a venda do livro será destinada ao Centro
de Valorização da Vida (CVV), órgão independente que dá ajuda via web ou
para telefone para pessoas com necessidade de apoio emocional. Leia abaixo a
entrevista:

“Falar de suicídio pode salvar vidas”? Por quê?

Porque prevenção se faz com informação. E se o suicídio é prevenível em 90%


dos casos, quando há associação com patologias de ordem mental
diagnosticáveis e tratáveis, a informação cumpre uma função estratégica.
Enquanto o suicídio for um tabu, um assunto invisível para a sociedade, não
será possível mobilizar os recursos necessários (humanos, materiais e
institucionais) para reduzir as estatísticas. É a própria OMS que reclama uma
maior visibilidade do tema em favor da saúde pública. A Organização Mundial
da Saúde já redigiu manuais especialmente dirigidos aos profissionais de
imprensa com recomendações sobre como reportar casos de suicídio e a
necessidade de abrir espaço para a prevenção. O último relatório da OMS
confirma a redução ou controle do número de casos em países onde a prevenção
do suicídio virou política pública, com o controle dos meios, a realização de
campanhas e até promoção de palestras em escolas.
Uma pesquisa do Ipea (Agosto de 2013 ), afirma que “a mídia é o terceiro
motivador de suicídio, depois de desemprego e violência”. Segundo a pesquisa
“O modelo estimado mostra que o aumento de 1% na Mídia eleva a taxa de
suicídio de homens jovens (idade entre 15 e 29 anos) em 5,34%.” Você acredita
que de fato a mídia pode ser um motivador, caso divulgue casos de suicídio?

Não existe a "mídia", existem várias


"mídias", cada vez mais segmentadas e com conteúdos diversificados. É
prerrogativa de quem acessa alguma mídia manter-se fiel a ela ou mudar de
canal (TV), de estação (rádio), de site/blog/twitter/facebook/instagram na
internet, ou adquirir jornais e revistas que lhe pareçam interessantes. Se as
mídias são um espelho da sociedade, encontraremos nelas o que há de melhor
e de pior. Cabe a cada um de nós escolher o que nos convém. Onde houver
exageros e excessos, é possível exigir - até por via judicial - retratação ou
punição. No casos de suicídio, eu lembro no livro de um precedente de punição
exemplar a um determinado veículo de comunicação que cometeu a
imprudência de abordar esse assunto de maneira sensacionalista, para dizer o
mínimo.

A questão não se resume a divulgar ou não divulgar casos de suicídio, mas como
fazê-lo quando isso for necessário, quando o entendimento na redação seja o
de que o fato é notícia. A OMS recomenda que se evite dar lugar de destaque
ao evento (sem manchetes ou fotos), que não se informe o método empregado
nem as supostas qualidades morais do suicida, entre outros dados. E que se abra
espaço para todas as informações úteis sobre a prevenção. Por fim, a literatura
médica já reúne um precioso acervo de evidências sobre o "efeito Werther",
quando a veiculação de casos de suicídio no jornalismo ou na ficção pode
influenciar pessoas fragilizadas psiquicamente. Convém, portanto, abordar com
o devido cuidado o assunto em qualquer circunstância. Mas manter o lacre sobre
o assunto, emprestando-lhe o status de tabu, definitivamente não é a
solução.

De que forma podemos ajudar pessoas que pensem em praticar o suicídio?

A maioria das pessoas já pensou alguma vez em suicídio – pelas mais diversas
razões – e nunca perdeu muito tempo com essa ideia. Quando esse pensamento
é recorrente, acende-se a luz amarela. E é preciso procurar ajuda
especializada, um psicólogo ou um psiquiatra. Pra quem tem dinheiro, é mais
fácil. Para a maioria dos brasileiros, é algo complicado. O país ainda se ressente
da falta de redes de cuidado e assistência que assumam a prevenção e a
pósvenção ao suicídio. A ajuda dos amigos e da família é fundamental, mas há
um problema: em boa parte dos casos, quem cultiva de forma recorrente a ideia
de se matar se isola das pessoas próximas e vai vivendo num mundo paralelo.
Isso é ruim. Todos nós precisamos ter a chance de desabafar com alguém, falar
abertamente sobre o que nos incomoda ou atormenta. O ideal é que seja
alguém que nos escute sem julgamentos, condenações ou receitas prontas para
resolver os nossos problemas.

Em não sendo possível encontrar esse alguém – cada vez mais raro nos dias de
hoje - pode-se ligar para o CVV (141) e experimentar os efeitos positivos desse
contato. Quem está do outro lado da linha (há também o atendimento pela
internet) oferece apenas uma escuta amorosa, sem julgamentos ou
aconselhamentos. Parece pouco, mas muitas vidas já foram salvas assim. Se
nada disso parecer interessante ou convincente, vale lembrar que todas as
religiões ou tradições espiritualistas do ocidente e do oriente classificam o
suicídio como um erro gravíssimo. Sou espírita há 30 anos e resumirei aqui o
que esta doutrina em particular assinala sobre as consequências do suicídio no
mundo espiritual: o arrependimento é certo, o sofrimento se agrava
barbaramente e em nenhuma hipótese o autoextermínio significa alívio ou
solução para os problemas. Com o amparo da ciência ou no território da fé,
convém agir com prudência. Na dúvida, viver é certamente a melhor opção.

O primeiro lançamento do livro acontecerá no sábado, 9/05, na cidade de Santa


Maria (RS), durante a Feira do Livro. O local tem importância, pois foi onde 242
jovens perderam a vida no incêndio da Boite Kiss, e 680 ficaram feridos. De
janeiro de 2013, quando ocorreu o acidente, para cá, foram relatados alguns
casos de tentativas de suicídio de familiares ou amigos dos jovens.

No Rio de Janeiro, o lançamento será na segunda-feira (11/05), na Livraria da


Travessa do Shopping Leblon e, em São Paulo, acontece no dia 18/05, segunda-
feira, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, com direito a gravação de talk
show da Rádio CBN, de 19h às 20h e noite de autógrafos.

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