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NÃO SEJA ESTATÍSTICA

Por Victória Lima Santos de Almeida


PERSONAGENS
Nathan Rodrigues, Réu.
Alan Siqueira, Vítima.
Catástrofe, encaminhamento das almas.
Pandemônio, encaminhamento das almas.
Lei, Juíza.
Consciência, Defesa.
Remorso, Acusação.
Trânsito, Juri.
Imprudência, Testemunha de acusação.
Juliana Fernandes, Testemunha de defesa/Vítima.
PRIMEIRO ATO

A cena se inicia com um ambiente caótico, estilhaços espalhados para todos os


lados, os corpos de Alan e Nathan debruçados no chão, com vestígios de sangue
pelos corpos.

Nathan desperta aos poucos, se deparando com o líquido escarlate em suas


mãos, ele começa a entrar em pânico com o sangue em suas roupas e corpo. Ele
avista o corpo de Alan, seu melhor amigo. É madrugada.

CENA I

NATHAN (O jovem tenta supostamente acordar o amigo, com preocupação) -


Alan. Cara. Acorde, por favor! (Ele não obtém resposta) Alan! (Nathan sobrepujou
seu tom de voz) Alan! Não cara! Não faz isso comigo! Não, não! Alan! (O jovem se
ajoelha perante o corpo do amigo)

O ambiente começa a ficar nebuloso, luzes vermelhas cercam a cena e dois


personagens vestidos totalmente de preto entram em cena, ambos rindo com
maldade e prazer pelo cenário trágico ao seu redor.

Nathan percebe a movimentação e se distancia meramente do corpo do amigo,


correndo ao encontro dos dois seres sobrenaturais.

NATHAN (Aflição) - Me ajudem, por favor! O meu amigo não quer acord...

CATÁSTROFE (Interrompe a fala de Nathan. Audácia e sarcasmo) - Ora, ora! O que


temos aqui!

PANDEMÔNIO (Olhar voraz) - Mais um humano miserável para poder punir!

CATÁSTROFE - Escute, Pandemônio. Talvez o chefinho poderia nos ceder um


cargo muito mais remunerado se levássemos este condenado para depôr!

NATHAN (Amedrontado) - Depôr? (Ele se levanta e toma distância


disfarçadamente)
PANDEMÔNIO - Sim, minha velha amiga Catástrofe! Sem falar que poderíamos
assistir um grande espetáculo e completar a nossa cota de almas deste mês!

NATHAN (Apavorado) - Cota de almas?! Do quê estão falando?!

PANDEMÔNIO (Juntamente à Catastrofe, Pandemônio cerca Nathan) - Espero que


goste de altas temperaturas, porque pelo que posso ver, seu destino já está
traçado! (Pandemônio e Catástrofe pegam Nathan a força, dando gargalhadas
Altas, levando-o para fora da cena)

CATÁSTROFE (Com maldade em seu tom de voz) - Tenha uma boa estadia no
inferno, garoto!

Gargalhadas assustadoras encerram a cena. As cortinas se fecham para a troca de


cenário.

CENA II

Abrem-se as cortinas, o cenário a seguir é um tribunal. O promotor, a defesa e o


juri já estão em seus postos. Uma voz diz: Todos de pé. O promotor, a defesa e o
juri assim o fazem.

A juíza entra em cena.

LEI - Dizem por aí que sou defensora dos fracos e incapazes, dos cidadãos de bem
e dos marginalizados, dos revolucionários e incapacitados. Eu dito uma sociedade,
e venero o zelo pela biodiversidade. Eu luto pelo respeito e pelos bons e
exemplares conceitos. Eu batalho pela educação e pelos direitos da População. Eu
sou a juíza do Tribunal Superior do bem e do mal, eu sou a Lei e estou aqui para
lutar pelo que é bom e moral. (Lei toma o seu lugar no tribunal)

O promotor Remorso se levanta de seu lugar e se posiciona no centro do palco.

REMORSO: Eu sou o antagonista para os culpados e a ferida jamais curada dos


amargurados. Sou a consequência de uma atrocidade e a personificação da
calamidade. Também posso ser a criptonita para a Consciência e para o homem, a
decadência. Eu sou o promotor do Tribunal Superior do Bem e do Mal, eu sou o
Remorso. (Remorso volta para o seu lugar)
Trânsito sai de seu lugar e se posiciona no centro do palco.

TRÂNSITO - Para os que pouco me conhecem, estou alicerçado em estatísticas


trágicas e familias desamparadas. Venho carregando uma bagagem gigantesca de
melancolia, desrespeito e Impunidade, onde o centro de toda dor é a imprudência
da sociedade. Eu sou o cenário de toda dor, eu sou o Trânsito e juri do Tribunal
Superior do Bem e do Mal. (Trânsito volta para o seu lugar)

LEI - Tragam-me o réu.

Imediatamente Catástrofe entra com Nathan, levando-o até o assento ao lado de


Consciência.

NATHAN (Perdido) - Então aqui é o inferno?!

CONSCIÊNCIA - Olha, este é o Tribunal Superior do Bem e do Mal, mas se quiser


chamar de inferno dá no mesmo. (Suspirou) Então... Você deve saber quem sou
eu...

NATHAN - Não faço a mínima ideia.

CONSCIÊNCIA - Não te explicaram nada?! Sério?! É, depois de Pandemônio e


Catástrofe se responsabilizarem pelo encaminhamento das almas, as coisas
desandaram de vez! (Pausa) Bem, se me permite, eu gostaria de me apresentar.
Com toda licença da meritíssima Lei, é claro. (Consciência se levanta de seu lugar
e vai para o centro da cena) Eu represento o arrependimento, a razão, a
eloquência! moro à margem da população e nos vãos da ciência! Eu serei a sua
advogada neste tribunal. Eu sou a consciência!

Consciência volta para o seu lugar com um sorriso no rosto, esperando uma
reação positiva de Nathan.

NATHAN - Então tecnicamente a minha consciência será a minha advogada?

CONSCIÊNCIA - Exatamente!

NATHAN (Diz para si mesmo) - Será que o inferno é tão ruim quanto Dizem?...
CONSCIÊNCIA - O que disse?

NATHAN - Nada que seja relevante... (Disfarça o seu temor)

LEI - Vamos dar andamento ao caso. O réu em questão está sendo julgado por
dirigir embriagado e por tirar a vida de Alan Siqueira, Marcelo Fernandes e seu
filho que estava prestes à nascer, e também por dar fim a sua própria vida.

NATHAN (Incrédulo) - Espere! Então eu estou... Morto?

CONSCIÊNCIA - Só agora que percebeu?!

LEI - Ordem! Prosseguindo... A partir do depoimento das testemunhas e vítimas,


eu, a juíza-presidente deste Tribunal juntamente ao juri, será chegado ao veredito
se o réu irá descansar no paraíso ou terá o tormento eterno nos braços de Hades.

NATHAN (Sussurra) - Diga logo inferno então, porr...

CONSCIÊNCIA - Nathan! (Repreende-o)

LEI - O quê disse meu jovem?!

CONSCIÊNCIA - Meu cliente somente teve um pensamento alto, meritíssima. Pode


prosseguir com o andamento do caso. (Consciência se volta para Nathan,
olhando-o com repreensão)

LEI (Observa ambos com suspeita) - Pois bem. Como este julgamento não é como
os outros, iremos iniciar o processo com o depoimento das testemunhas. Senhor
Remorso, pode chamar a primeira testemunha.

Eis que entra em cena a personagem em questão, totalmente vestida de preto e


com uma face fantasmagórica.

O promotor Remorso se levanta de seu assento e fica próximo à testemunha.

REMORSO - Poderia me dizer o seu nome e ocupação para os aqui presentes?

IMPRUDÊNCIA (Audácia) - Com muito prazer! (Se levanta perante a todos) Meu
nome é Imprudência. Sou frequentemente invocada pelos homens, sejam eles
bem ou malfeitores. Consigo me infiltrar em pequeninas brechas e momentos de
distração, e quando consigo me impor, um grande estrago é feito. Eu sou a
provocadora dos noventa e quatro por cento dos acidentes fatais que são
provocados por falha humana. E nos tempo livres costumo ser o anti-herói de
minha irmã gêmea Prudência.

REMORSO - E você consegue reconhecer o Réu em questão?

IMPRUDÊNCIA - Mas é claro! Aquele jovem já me chamou várias e várias vezes,


ele ama se arriscar, sabe?

REMORSO - E na madrugada em questão, este jovem estava pondo a vida de


outras pessoas em risco?

CONSCIÊNCIA (Se levanta) - Eu protesto! É especulativo, meritíssima!

LEI - Negado. (Olha para a testemunha) Prossiga.

IMPRUDÊNCIA - Respondendo a sua pergunta, sim. (Imprudência aponta para


Nathan) Aquele jovem estava pondo a vida de uma pobre família em risco e
também a vida de seu melhor amigo!

REMORSO - A senhorita poderia nos explicar como?

IMPRUDÊNCIA - Este garoto havia me chamado naquele dia! (Esbravejou)

NATHAN (Se levanta com furor) - É MENTIRA!

LEI - Ordem! Sente-se agora Nathan! A testemunha está sendo interrogada, deve-
se ter respeito! (Se acalma) Prossiga, por favor.

IMPRUDÊNCIA - Bem, como eu estava dizendo, aquele rapaz havia me chamado,


estava estava totalmente embriagado, e seu amigo, Alan, não estava com
disposição o suficiente para impedir as atitudes egoístas daquele garoto. Foi
naquele instante que ele me chamou, e eu atendi ao seu pedido.

REMORSO - Obrigada, Imprudência. Sem mais perguntas meritíssimo. (Remorso


volta para o seu lugar e Imprudência sai de cena)
LEI - Você possui testemunhas para depôr, senhora Consciência?

CONSCIÊNCIA - Claro, meritíssima.

NATHAN (Sussurrando) - Quem é?

CONSCIÊNCIA (Sussurra de volta) - É uma carta que tenho na manga!

NATHAN - Me prometa que não será nenhum joguinho idiota de estratégia!

CONSCIÊNCIA - Isto é algo que não posso prometer.

SEGUNDO ATO

LEI - Então que entre a primeira testemunha de defesa.

Uma mulher com face esbranquiçada, olhos repletos de olheira e com uma
expressão melancólica se senta ao lado da Lei.

CONSCIÊNCIA - Pode me dizer o seu nome e ocupação para os aqui presentes?

JULIANA - Meu nome é Juliana Fernandes, sou formada em letras e leciono há


cinco anos e nos tempos livres, escrevo contos de terror.

CONSCIÊNCIA - E você conhece o réu Nathan Rodrigues?

JULIANA (Desprezo) - Felizmente não conheço este verme. Mas foi por culpa dele
que eu e minha família nos tornamos parte da estatística, o juri está de prova!

NATHAN (Se levanta) - É sério isso, Consciência?! É esta a testemunha de defesa


que você trouxe?!

CONSCIÊNCIA - Por favor, Nathan. Sente-se, eu sei o que estou fazendo.

NATHAN - Ah, sabe é?! Mas que bela advogada fui arrumar!

LEI (Esbraveja) - Ordem! Senhor Rodrigues, este é um último aviso, se


interromper novamente, você será diretamente lançado para o fogo infernal!

Nathan senta, tentando conter os seus sentimentos.

LEI - Pode dar continuidade, Consciência.


CONSCIÊNCIA - Obrigada, mereríssima. Pode nos dizer o quê aconteceu?

JULIANA - Claro. Tudo começou na mesma noite do acidente. Eu estava dormindo


com o meu marido quando comecei à ter muitas contrações. Eu já estava no nono
mês de gestação. Eu daria luz a uma menina, tudo já estava pronto para recebê-
la, e naquele instante eu senti que a bolsa tinha estourado. Eu acordei o meu
marido, ele me levou às pressas para o carro e em seguida fomos à caminho do
hospital. Eu estava tentando controlar a minha dor, foi quando um clarão invadiu
os meus olhos e tudo escureceu. Eu acordei no hospital, (Seus olhos se enchem de
lágrima. Melancolia) foi quando eu soube do acidente. Nosso carro tinha entrado
em colisão com o carro daquele jovem. O meu marido tinha sido lançado para
fora do veículo pelo furor da batida, eu consegui sobreviver por um milagre, mas
nem o meu bebê sobreviveu. Foi assim que nós nos tornamos parte da cruel
estatística, e agora, eu estou em um hospital, entre a vida e a morte, esperando
que um milagre faça eu emergir deste limbo horrendo em que fui posta pela
imprudência daquele jovem! E quer saber a verdade? Eu não tenho a mínima
vontade e ânimo para melhorar, não tenho mais forças para sair do estado em
que estou porque eu perdi o bem mais precioso que eu tinha, a minha família. Eu
perdi a minha família para um acidente, para o estado ilusório de um jovem de
dezoito anos, eu perdi a minha família para a estatística.

Todos ali presentes se emocionam e se compadecem pelo discurso de Juliana,


porém, Nathan se desespera ainda mais.

CONSCIÊNCIA - Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu, senhorita. Mas tem
algo que ainda não consigo entender. Porque você, que estava prestes a dar a luz
à uma criança, conseguiu sobreviver à esse este acidente cruel e seu marido não?
Aliás, com o impacto, a senhora poderia ter sido lançada para fora do carro
também, como o seu marido...

JULIANA (Amedrontada e se sentindo culpada) - Eu... Eu não quero falar sobre


isso...

LEI - Aqui é um Tribunal, senhora Fernandes. Aqui nada poderá ser escondido em
hipótese alguma. O que a senhorita tiver para falar, necessita ser falado.
JULIANA - Ok. É que... Bem... Como todos sabem, eu estava em trabalho de parto,
meu marido estava desesperado e em alta velocidade, se não me engano, estava
à cem em uma pista de quarenta e... E... Eu não fui lançada para fora do veículo
porque... Estava com o cinto de segurança. Mas meu marido infelizmente estava
sem o cinto e tinha tido uma mera distração no instante que o carro do Nathan se
aproximou do nosso. O telefone começou à tocar. Eu avisei para ele não atender,
mas ele não me me deu ouvidos. Foi quando colidimos.

CONSCIÊNCIA - Sem mais perguntas, meretíssima. (Consciência volta para o seu


lugar, Juliana sai de cena)

Nathan está visivelmente abalado.

CONSCIÊNCIA - Então... O que me diz?

NATHAN (Paralisado e melancólico) - Eu sou uma pessoa horrível.

CONSCIÊNCIA - Está se... Arrependendo?

NATHAN - Como não me arrepender diante de uma situação como esta? Eu sinto
nojo de mim mesmo!

CONSCIÊNCIA - É... O Promotor está fazendo um excelente trabalho. É bom saber


que está realmente arrependido.

LEI - Senhor Remorso, próxima testemunha.

REMORSO - Agora eu chamo para depôr, uma das vítimas desta infeliz fatalidade.
Eu convoco agora para depôr, Alan Siqueira. (Neste instante começa à tocar “The
Night We Met”, de Lord Huron, enquanto Alan entra em cena)

NATHAN (Triste e surpreso) - Alan?!

Este é um dos momentos mais infelizes do teatro, Nathan começa à chorar e a


perceber que o que ele fez tinha muito mais grandiosidade do que ele jamais
imaginava, o quanto as suas ações havia prejudicado pessoas que ele nem
conhecia, e a seu melhor amigo, a pessoa com quem ele havia convivido por mais
de dez anos. Neste instante uma névoa começa à ser liberada na cena, haverá
uma mudança significativa nas luzes, para um ambiente menos iluminado e
melancólico.

REMORSO (Satisfação) - Pode nos dizer seu nome e ocupação?

ALAN - sim. Meu nome é Alan Santos Siqueira, sou estudante de jornalismo e nas
horas vagas, sustento a minha mãe que está com leocemia graças á alguns
trabalhos de Design que faço por conta própria.

REMORSO - Pode me dizer o que aconteceu na noite do acidente?

ALAN - Bem, eu estava abalado emocionalmente pois o quadro da enfermidade


da minha mãe havia se agravado. O tratamento pelo qual havia dado meu sangue
e suor para pagar não estava surtindo efeito. Foi quando Nathan me propôs algo
para esquecer os meus problemas, ele me convidou para uma balada incrível que
tinha sido aberta à pouco tempo. Nathan sempre foi um cara legal, rodeado por
amigos, sua família era de classe alta, ele sempre foi muito mimado pelos pais,
porém, a minha vida sempre foi o inverso da vida dele. Minha mãe teve que criar
à mim e o meu irmão sozinha, pois havíamos perdido o meu pai para um acidente
de trânsito e como eu, ele faz parte das estatísticas. Eu tinha amigos, é claro, mas
Nathan era o único que me ajudava, e naquela noite, não seria diferente. Eu
nunca havia bebido em toda a minha vida. Aquela era a primeira vez. Nas
primeiras doses eu já havia ficado bêbado e Nathan empurrava pela minha goela
à baixo mais e mais doses. Até que chegou ao ponto em que eu estava
desacordado e Nathan estava caindo de tão bêbado. O dia estava prestes à nascer
e Nathan tinha que devolver o Porsche 918 Spyder do seu pai antes que ele
percebesse que o filho havia saído. Ele me ajudou à sair da balada, eu havia
acordado de um desmaio, não sabia muito bem o que estava acontecendo, só sei
que eu tinha falado para o Nathan para perdírmos um táxi. Eu implorei, porém,
ele não me deu ouvidos. Não tinha possibilidade alguma de escapar, eu não
estava conseguindo nem raciocinar direito, minha pernas já não obedeciam mais
ao meu comando. E foi assim que aconteceu. Nathan estava embriagado, foi este
o motivo dele perder o controle da direção e o que nos levou à colisão.

REMORSO - E como você se sente diante de toda esta situação?


ALAN - Decepcionado. Decepcionado por ver que o meu melhor amigo não me
deu uma escolha. Decepcionado por ele tentar me fazer esquecer dos meus
problemas e na verdade, fazer a minha família ter um problema maior ainda.
Decepcionado por saber que o cara que sempre esteve comigo optou por não
levar uma punição do que salvar a sua própria vida e salvar a vida de quem nunca
teve a intenção de abandoná-lo. Estou decepcionado com você, Nathan, por ter
me tornado parte das estatísticas.

REMORSO - Muito bem... Sem mais perguntas, meretíssima.

Antes de Alan sair de cena, ele olha para Nathan, que sussurra um "me perdoe",
porém, Alan só responde negando com a cabeça.

Alan sai de cena, deixando Nathan ainda mais abalado.

LEI - A defesa e a Acusação possuem mais alguma testemunha ou vítima para


depôr? (Ambos negam) Muito bem, agora vamos para o depoimento do réu. Por
Favor Remorso, pode começar com o interrogatório.

REMORSO - Obrigado, meretíssima. (Nathan se levanta e se senta ao lado da Lei)


Nathan Rodrigues, pode nos contar c...

NATHAN (Interrompe a fala do remorso) - A culpa é toda minha, eu sou o


assassino daquela pobre família e do meu melhor amigo, a imprudência foi minha
e...

CONSCIÊNCIA (Interrompe Nathan) - Não é preciso fazer isso, senhor Rodrigues...

NATHAN - É sim, Consciência! Foi eu quem bebi, foi eu quem dirigiu aquela droga
de carro e exterminei todas aquelas pessoas! Eu transformei um homem de bem,
uma professora, um bebê e o meu melhor amigo em estatísticas, mórbidas e
dolorosas estatísticas! Eu os matei e mereço pagar por isso! (Nathan chorando) E
por mais que eu fosse lançado no fogo ardente, que eu morresse queimado
lentamente, nada disso seria o suficiente para pagar pela vida daquelas pessoas!
Eu me arrependo por ser egoísta, me arrependo por ter colocado a minha
vontade acima da vida de outras pessoas, eu me arrependo.
É feita uma pausa repleta de tensão.

REMORSO (Tentando conter o riso) - Ah, sem mais perguntas, meretíssima.

LEI - Pois bem, agora irei me reunir ao juri para discutir o destino do réu.

Lei e Trânsito saem de cena.

TERCEIRO ATO

Haverá uma mudança na iluminação para algo mais escuro, terá um pouco de
névoa. Nathan está ajoelhado e despido de toda honra que havia lhe restado.
Consciência toca o ombro de Nathan. Começa à tocar "There Are Worse Games
To Play”, de James Newton Howard.

NATHAN - Já sei o que vai dizer, que eu sou um idiota, um trouxa e que isto foi
praticamente um suicídio judicial, porém, eu faria tudo novamente e do mesmo
modo.

CONSCIÊNCIA - Não. Eu não ia dizer isto. (Ela ajuda Nathan a levantar) Eu tenho
orgulho de você, tenho muito orgulho por ser sua consciência e advogada, você
fez a coisa certa, Nathan. Você se arrependeu. E o arrependimento é uma das
atitudes mais honrosas que um homem pode ter.

Lei e Trânsito entram em cena, Nathan e Consciência voltam para os seus lugares.

Lei fica em pé no centro da cena.

LEI - Após Trânsito e eu conversarmos sobre o destino de Nathan Rodrigues,


chegamos a um veredito. Eis que declaro o réu... (Suspense) Culpado.

Consciência debruça sua mão no ombro de Nathan.

NATHAN - Tudo bem. Acho que irei conseguir lidar com a minha punição.

Trânsito se levanta e fica ao lado da Lei.

TRÂNSITO - Porém, eu propus à minha velha amiga Lei uma alternativa para o réu.
Nós vimos que realmente este julgamento resultou em algo que os outros jamais
resultaram. No puro arrependimento do Réu. Não é sempre que isto acontece.
Sendo assim, iremos dar uma segunda chance ao Réu.

NATHAN - Mas... Como?!

TRÂNSITO - Você irá voltar para o momento onde o caminho duplicou. Você terá a
chance de escolher entre a prudência e a irresponsabilidade. A vida das pessoas
que aqui deporam serão postas em suas mãos novamente. Espero que você faça a
escolha certa, Nathan. Está será a sua primeira e última chance.

NATHAN - Eu prometo! Prometo que farei tudo certo dessa vez! Muito obrigado!
(Nathan abraça Lei e Trânsito) Muito obrigado!

Dois seres brancos e reluzentes entram em cena. Na direção que Nathan sair da
cena, haverá uma luz branca para simbolizar ele voltando no tempo.

As cortinas se fecham para a troca de cenário.

CENA III

As cortinas se abrem novamente. Haverá um jogo de luzes de trás do lugar onde


o elenco fica para simbolizar uma balada. A música de fundo, bem baixinha, será
“Seventeen”, de Ladytron. Nathan entra em cena com uma latinha de cerveja,
uma chave de carro na mão e ajuda Alan para ele não cair.

ALAN (Bêbado) - Cara... (Ele segura na gola da blusa de Nathan) Chame... Chame
um táxi, não dá para você... Não... (Ele desmaia novamente)

A música é deligada e trocada pela música "There Are Worse Games To Play”, de
James Newton Howard. Nathan deita o amigo no chão. Ele fica no centro da cena.
Ele observa a latinha e a chave. Era o momento da escolha. Ele fica tentado para
voltar com o carro de seu pai. Ele olha para o amigo e em seguida para a platéia.

NATHAN - Não. Não vale à pena. (Ele joga a lata de cerveja no lixo e guarda a
chave em seu bolso. Ele pega o seu amigo e o carrega para fora da cena)

Fecha-se a cortina para limpar o cenário. Abre-se novamente. Primeiro entra


Nathan.
NATHAN - Uma das principais causas de morte entre jovens e adolescentes são os
acidentes de trânsito.

Alan entra em cena e fica ao lado de Nathan.

ALAN - somente em 2010, 40.610 pessoas morreram em acidentes de trânsito.

Lei entra em cena e fica ao lado de Alan.

LEI - Em 2016, o Brasil apresentou uma taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada
100 mil habitantes.

Consciência entra em cena e se posiciona ao lado da Lei.

CONSCIÊNCIA - Atropelamento de pedestres é a 2° maior causa de mortes no


trânsito.

Trânsito entra em cena e fica ao lado da Consciência.

TRÂNSITO - Estas são as estatísticas.

Imprudência entra em cena e fica ao lado do Trânsito.

IMPRUDÊNCIA - Não faça parte das estatísticas.

NATHAN - Não seja estatística.

TODOS - Ou mude as suas atitudes, ou torne-se parte das estatísticas.

Todos se dão as mãos e se despedem do público.

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