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A CARTA DE ATENAS

CAN OUR CITIES SURVIVE?


duas versões do documento “Carta do Planejamento Urbano”, resultante do IV encontro do CIAM -
Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna – Patris II – 1933
* introdução – breve histórico dos encontros

1. Antecedentes:
a. ambiente do pós-guerra: produção da habitação / novas tecnologias / um novo cliente / uma
premência do real
b. revolução de 1917: “a reconstrução do modo de vida” / os conselhos de trabalhadores
c. crise no papel da arte (e da arquitetura) no mundo moderno

2. Experiências anteriores:
a. Frankfurt (1926-1931): construção das siedlungen, dirigida por Ernst May
b. Stuttgard (1927): exposição Weisenhof, organizada por Mies Van Der Rohe. Tema: “exiestenz
minimum”

3. Histórico

I CIAM – 1928 – La Sarraz (Suíça)


Presidente: Karl Mozer
Objetivos e discussões: “...o objeto principal e a finalidade que aqui nos reuniu, é o de reunir os
diferentes elementos da arquitetura atual em um todo harmonioso, e dar á arquitetura um sentido real,
social e econômico. A arquitetura deve, portanto, liberar-se da estéril influência das academias e suas
fórmulas antiquadas.” (Mme. Hélène de Mandrod).
Documentos: “manifesto do CIAM” / “Manifesto de La Sarraz”

II CIAM – 1929 – Frankfurt (Alemanha)


Presidente: Siegfried Giedion
Tema: ”Habitação para um mínimo nível de vida” como ponto de partida para uma construção
subvencionada.

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Objetivos e discussões: Informar os desenvolvimentos em vários países no campo da habitação,
comparando as diferentes propostas. Para tal foi estabelecido um conjunto de símbolos gráficos e
métodos de apresentação, assim como da escala dos desenhos.
Documento: “Habitação para um mínimo nível de vida”

III CIAM – 1930 – Bruxelas (Bélgica)


Presidente: Victor Bourgeois
Tema: ”Urbanização racional de terrenos”
Objetivos e discussões: “...quantificação e investigação da capacidade das diferentes formas de
construção – de baixa, média e grande altura – assim como das formas de composição mista (...) a
ocasião de comparar com outros exemplos de um determinado planejamento e com realizações
existente.”
“...o III CIAM preocupou-se com a questão de como organizar todos os grupos de habitação em unidades
de vizinhança de tal maneira que possa satisfazer as atividades humanas...”(Siegfried Giedion)
Documento: “Métodos construtivos racionais – casas baixas, médias e altas”

FIM DA “FASE ACADÊMICA” (Frampton) DOS CONGRESSOS, ONDE PREDOMINAVA UMA IDEOLOGIA
RADICAL SOCIALISTA DOS ARQUITETOS ALEMÃES.

IV CIAM – 1933 – Patris II (Marselha-Atenas-Marselha)


(os trabalhos preparatórios para o encontro “...exigiu de cada grupo longas e cuidadosas investigações
antes dos planos serem desenhados. Delegados de vários países se encontraram para tal, em Berlim
(1931), Barcelona (1932) e Paris (1933)...” Giedion)
Presidente:
Relator: Josep Lluis Sert
Tema: ”A cidade funcional”
Objetivos e discussões: analisar 33 cidades de vários pontos do planeta: capitais; centros industriais;
velhos berços da civilização; portos industriais e comerciais; centros residenciais e cidades coloniais.
Analisa as quatro funções da cidade e propõe uma cidade que funcionasse adequadamente para o
conjunto de sua população, distibuindo entre todos as possibilidade de bem-estar decorrentes dos
avanços técnicos: “...as sugestões para a re-organização destas funções elementares são feitas na

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esperança de um melhor cumprimento do papel cultural das cidades, que constitui a principal justificativa
de sua existência.” (Sert)
Documentos: “Anais técnicos ” (1933) / “Carta do planejamento urbano” (1933) / “A carta de
Atenas” – Le Corbusier (1941) / “Podem nossas cidades sobreviver?” – Josep lluis Sert (1942): Havia a
proposta de edição de um livro sobre a Cidade Funcional. Já havia um modelo das monografias a serem
apresentadas, confeccionadas por Mart Stam em 1936. No mesmo ano, os delegados franceses e
espanhóis continuaram o trabalho a partir destas amostras. A situação na Europa piorou e Sert foi
chamado a completar o lay-out e completar o texto. Giedion

V CIAM – 1937 – Paris (França)


Presidente:
Tema: ”Estudo do problema da moradia e lazer” (cidade funcional II)
Objetivos e discussões: dá seqüência à discurssão do IV CIAM, e é marcado pelo idealismo da carta;
dedica-se ao estudo das novas zonas residenciais, com habitações e serviços comuns;
“...um novo tema foi discutido neste congresso, a reorganização das áreas agrícolas, ou, como os
franceses chamam, Urbanisme rural...”(Giedion)
Documento: “Habitação e Lazer”

1941 – edição da “Carta de Atenas” (Le Corbusier)


1942 – edição de “Can Our Cities Survive?” (Sert)
1943 – edição de “Nine Points on Monumentality” (Sert, Giedion e Lèger)

VI CIAM – 1947 – Brigwater (Inglaterra)


(Estava previsto para 1939)
Presidente:
Tema: ”Reafirmação dos objetivos do CIAM”
Objetivos e discussões: busca-se transcender a “esterilidade abstrata” da cidade funcional: “...o
objetivo dos CIAM consiste em trabalhar para a criação de um entorno físico que satisfaça as
necessidades emocionais e materiais do homem.” (Frampton)
O tema é desenvolvido pelo grupo MARS, para o CIAM VIII
Documento:

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(ESTE CIAM MARCA O FIM DA SUPREMACIA FRANCESA NOS CONGRESSOS, PERMITINDO A EMERGÊNCIA DE
PAÍSES “PERIFÉRICOS”, COMO A ITÁLIA E A INGLATERRA)

VII CIAM – 1949 – Bérgamo (Itália)


Presidente:
Tema: ”Execução da Carta de Atenas”
Objetivos e discussões: a discussão da relação entre arquitetura e artes plásticas; a formação nas
escolas de arquitetura, principalmente no que diz respeito ao ensino de história.
Documento:

VIII CIAM – 1951 Hodeston (Inglaterra)


Presidente: Josep Lluis Sert
Tema: ”O coração da cidade”
Objetivos e discussões: “...acusou bem marcadamente as novas tendências. A insuficiência da Carta de
Atenas foi oficialmente reconhecida, ao anunciar o tema do congresso: o centro urbano.”(Banham)
Orienta-se pelo tema apontado por Giedion/Sert/Leger no seu “nine points...”: “...as pessoas querem
edifícios que representem sua vida social e comunitária, para obter uma maior satisfação funcional.
Querem ver satisfeita sua aspiração à monumentalidade, à alegria, ao orgulho e à emoção.”
Documento: “The Heart of the City” (1952)

IX CIAM – 1953 – Aix-em-Provance (França)


Presidente:
Tema: ”O habitat”
Objetivos e discussões: assembléia de estudantes; distanciamento das discussões da carta
Documento:

X CIAM – 1956 – Dubrovnik


Presidente:
Tema: ”O habitat”
Objetivos e discussões: “...todo arquiteto, som seus projetos sob o braço, deve estar disposto a ‘dar
razões’. Temos que reconhecer que hoje imperam novas idéias, que se fazem patente em nossa aversão

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pelos princípios mecânicos de ordenação. O CIAM X, põe de manifesto que nós, arquitetos, assumimos
nossa própria responsabilidade, que temos de criar uma ordenação formal e que a responsabilidade de
toda obra original há de ser ainda bem pequena...” (team X)

Documento:

XI CIAM – 1959 – Otterlo (Holanda)


Presidente:
Tema:
Objetivos e discussões: “...as discussões sobre problemas concretos foram tão limitadas quanto
extensos foram os colóquios sobre temas gerais. Os titulares das relatórios e memórias nada dizem da
encarniçada luta entre os distintos delegados que queriam separar seu trabalho do definido pelo CIAM.”
Documento:

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SÍNTESE DOS CIAM PRESENTE NA
CARTA DE ATENAS

1. ANÁLISE DAS FUNÇÕES QUE SE DESENVOLVEM NA CIDADE

HABITAR TRABALHAR CIRCULAR CULTIVAR CORPO E ESPÍRITO

ÇÃO DOS DOS ELEMENTOS MÍNIMOS PARA AS FUNÇÕES URBANAS

Unidades de habitação: A fábrica verde / A regra dos “7V”: As unidade de lazer


ede da vivência comunitárês estabelecimentos hum
mem na civilização da msomadas às unidade de habita
ará a pé no interior daformam as unidade de paisagem
organizada”

“UMA NOVA BIOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO”

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CAN OUR CITIES SURVIVE?
‘PODEM NOSSAS CIDADES SOBREVIVER?’
PARTE XV – O HOMEM E A CIDADE

* através da cidade funcional

1. O planejador deve ter o conhecimento :

a. Dos princípios que constituem as bases do moderno planejamento urbano. Estes princípios são
intimamente relacionados com as descobertas técnicas e suas aspirações, assim como dos problemas
sociais e econômicos de seu tempo.
b. Do estudo analítico das regiões, que contêm as cidades a serem re-planejadas, ou os sítios para as
novas cidades planejadas.
c. Do estado presente e passado das cidades a serem replanejadas, seus problemas e os fatores que as
criam e desenvolvem.

2. Com a ajuda de especialistas, o planejador pode transformar as caóticas cidades de hoje, alterando
suas estruturas e replanejando-as em bases funcionais.

A ESTRUTURA URBANA IDEAL É “CIDADE FUNCIONAL”

* a cidade funcional

“...a cidade deve, nos planos espiritual e material, a liberdade individual e o benefício da ação
coletiva.”(carta)

“...nesta cidade as diferentes funções urbanas devem ser constituídas para que as necessidades materiais
e espirituais das pessoas sejam satisfeitas.” (p.228)

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1. a cidade funcional, para muitos significa a cidade que funciona bem do ponto de vista de sua função
econômica, ou seja, de caráter puramente material.

2. “...acreditamos que uma cidade não pode ser puramente funcional a menos que satisfaça e estimule as
mais nobres aspirações das pessoas – aspirações que o impelem a uma vida melhor e que sempre impele
os homens a procurar a existência em comunidade.” (p.228)

3. estas aspirações ao bem estar e à perfeição espiritual são alargadas e estimuladas as trocas de idéias
que caracteriza as civilizações. “...e, civilização e cidade são palavras derivadas da mesma raiz.”(p.228)

* o homem é o eixo das novas cidades; seus desejos, as bases do novo plano

“... o dimensionamento de todas as coisas no dispositivo urbano só pode ser regida pela escala humana.”
(carta)

1. as principais causas das falhas de nossas cidades: sua sujeição aos destinos de sua sorte comercial e
aos caprichos da especulação imobiliária. Até certo ponto, o crescimento da especulação entre
violentamente em choque com as necessidades de seus habitantes, até que muitos dos fatores
humanos mais elementares são ignorados: “...quanto mais os negócios em geral prosperam, esta
prosperidade serve para destacar algumas das durezas da existência urbana. Se os homens são obrigados
a manter-se nas cidades, amarrados às galés durante toda a semana de trabalho, eles se voltam ao fim
de semana como uma possibilidade de fugir das cidades para umas férias no campo,” (p.228)

2. com o fim dos anos de prosperidade, os negócios não estando mais como eram antes, os homens têm
mais tempo para refletir sobre as condições de suas habitações, e das redondezas desconfortáveis e
sem atração.

3. a solução de muitos tem sido a fuga da cidade e a busca dos subúrbios, caracterizando o êxodo que,
em linhas geral tem sido prejudicial aos negócios urbanos.

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4. todos aqueles que consideram nossas estruturas urbanas como fonte de lucro e meio de especulação,
estão agora se tornando intranqüilos com o rumo dos eventos. Por causa da crise na propriedade
urbana, eles arriscam propor medidas para a re-humanização de nossas cidades, como forma de
recuperar sua saúde econômica, propondo novos modelos de apartamentos que apresentam qualidades
mais humanas como insolação, jardins, espaços livres, vista agradável, construídos naqueles centros
urbanos onde antes se especulava de forma selvagem. Isto sugere que a humanização da moradia
também pode ser considerada como um “bom negócio” e assim contribuir para a recuperação material
da cidade.

5. para isso precisamos voltar ao ponto onde nós esquecemos, no meio de nossas febris atividades
cotidianas, presos às armadilhas em que nossas cidades se converteram, onde apesar de tudo os
humanos vivem e onde precisam continuar vivendo, comendo, descansando, reproduzindo e buscando
abrigo. Embora sua natureza e suas necessidades permaneçam inalteradas, nos esquecemos que o
homem foi feito para viver e crescer dentro de certa estrutura natural; quando esta estrutura foi
destruída, todos os elementos vitais – luz, ar, espaço e verde – foram eliminados do meio ambiente
urbano.

6. nós temos também esquecido que existe uma escala humana de valores, cuja medida é a característica
física do homem, e suas afinidades espirituais. Na ignorância desta escala de valores, o humano mais
primário tinha se tornado cada vez menos satisfeito com nossas cidades.

7. a reconstrução de nossas cidades deve ser baseada nestes fatores primários: nas novas cidades tudo
estará de acordo com o homem e suas necessidades espirituais e materiais. As habitações podem
exprimir seu desejo por repouso, abrigo, dignidade e intimidade; nos parques em volta, sua fome por
espaços abertos, por recreação e por um meio ambiente favorável ao desenvolvimento das crianças.
Nos locais de trabalho, seja nos escritório ou nas fábricas todos os elementos que conduzem à
eficiência foram aplicados. Lugares estratégicos na cidade podem ser ocupados pelo centro cívico,
com instalações desenhadas para estimular as mais nobres tendências do espírito – lugar para
pesquisa avançada, para meditação, para contemplação do mundo da arte, para o cultivo da
mente. Ao longo de toda a cidade, os mais diversos elementos de composição urbana conforme a
escala imposta pelo homem, provendo suas mais altas aspirações.

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* o centro cívico, núcleo da cultura urbana

1. certamente, sem a organização de nossa vida cotidiana, da qual depende o funcionamento das
habitações, centros recreativos, lugares de trabalho e ruas e avenidas que permitam conecções, a
cidade não pode produzir os benefícios para o indivíduo e para a comunidade. Isto está já
apresentado no conjunto de objetivos descritos e apresentados dentro do programa da arquitetura e
do urbanismo modernos.

2. mas, além disto, a cidade pode ser composta por mais do que uma soma de unidade de vizinhança,
áreas industriais e recreativas, centros de negócios e vias de conecção, todos estes elementos
propriamente planejados. A expressão visível das aspirações humanas mais altas podem ser
achados em um outro lugar na cidade. Isto pode ser concebido em um núcleo de muitas
atividades, agrupados sob a forma de um centro cívico.

3. os centros cívicos existiram em todas as cidades importantes do passado, como lugar do governo e do
poder, como lugares de adoração, de conhecimento, de paradas, discussões e festivais. Antes de a
máquina forçar a expansão urbana dos últimos cem anos, estes lugares de cultura cívica eram
usualmente situados nas áreas centrais, formando um núcleo e dando ao perfil da cidade um caráter
distinto.É interessante notar como estavam perto as mudanças que ocorreram nestes centros cívicos
foram seguidas de mudanças de natureza cultural, social, econômica ou polícia, afetando as vidas de
regiões ou países em diferentes períodos de sua história.

4. no mundo antigo eles algumas vezes cresceram próximos às áreas fortificadas, onde os templos a
deuses e heróis eram agrupados. Palácios, tesouros e arsenais determinavam lugares estratégicos com
o propósito de proteção. Abaixo as cidadelas do poder se situavam, lugares freqüentados pela
população – o agora, mercados, teatros, estádios e santuários.

5. nas grandes cidades e nas capitais dos impérios, como Roma, centros cívicos de grande extensão eram
necessários. Abaixo do palácio, nas colinas, ruas triunfais eram pavimentadas para as forças militares
desfilarem. Arcos construídos ao longo dessas vias e os edifícios públicos alinhados nos seus lados

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criam um fundo imponente. Nos limites das medidas destes centros cívicos, séculos de civilização se
formaram. Quando certos fatores políticos e econômicos destruíram os impérios, estes centros cívicos
se tornaram ruínas do passado.

6. monastérios e fortalezas agiram como arquivos de civismo nos períodos de declínio urbano. Neste
sentido, eles preservaram os estáveis elementos da cultura que floresceram nas cidades catedrais da
idade média; era a expressão de um sistema social que mais tarde evoluiu mo sistema que produziu
nossas cidades hoje. Catedral, prefeitura, e mercado constituiu o núcleo destas novas cidades livres.
Símbolos do poder da igreja e das pessoas que se olham através da praça pública. Aqui tem lugar a
reunião todo o público, seja de caráter mercantil, político ou religioso. Os elementos cívicos das
cidades medievais, seus monumentos e edifícios públicos são exemplos de uma boa escala, se
comparados com o tamanho da cidade e as moradias ao redor deles. Eles são imponentes e honrados,
planejados para cumprir suas funções. Nenhuma cidade moderna mantém esta relação entre moradia e
monumento.

7. nos períodos posteriores, quando as comunidades se agruparam em grandes sistemas nacionais, e


algumas cidades se tornaram capitais de impérios e estenderam seu poder além-mar, a velha praça da
catedral deixou de ser o núcleo principal. Novos elementos de caráter mais importante eram
necessários, à medida que os mecanismos políticos e econômicos se tornaram mais complexos.

8. Quando as cidades deixaram de ser unidades politicamente independentes e a nação se tornou uma
unidade, as capitais dos impérios tiveram que criar novos centros cívicos. A outrora diminuta área
destinada ao centro cívico se desenvolveu de forma linear; apareceram grandes avenidas, flanqueadas
por prédio públicos destacando os novos palácios, quartéis e outros símbolos do poder executivo. Ruas
que se convergiam em pontos estratégicos e avenidas largas foram deliberadamente projetadas para
que os exércitos pudessem dispor suas forças e a artilharia pudesse controlar grandes multidões.
Rapidamente as bolsas de fundos públicos cresceram em importância nestes centros (e como o
comércio se tornava cada vez mais poderoso), marcando o fim do velho centro cívico nas cidades do
século XIX.

9. Obviamente as qualidades cívicas das cidades barrocas declinaram nas cidades do século XIX. Os
planos das novas cidades são apenas uma interminável e amorfa extensão de blocos iguais (o plano de
Manhatan é um exemplo ente centenas) onde os prédios são construídos com propósitos especulativos

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- habitações assim como fábricas e edifícios de escritórios - simplesmente amontoados. Os prédios
públicos são espalhados a esmo aonde quer que se encontre o espaço para os mesmos, até mesmo a
câmara municipal é englobada pelas grandes estruturas de interesse comercial, as quais dominam o
skyline em transformação na metrópole.1 Aqui numa comunidade onde o suburbanismo sobrepuja o
espírito urbano, o centro cívico deixa de ser um elemento dominante; de fato, os centros cívicos estão
por fim (lentamente?) condenados porque não são fonte de lucro imediato. Então a cidade sem seu
núcleo passa a ser um corpo sem cabeça.

10. Mesmo assim, em nosso tempo, certos “monumentos” de concepção acadêmica, como definidos pelo
artista barroco, continuam a aparecer em áreas centrais. Muito embora estejam fora de escala na
cidade de hoje, perdidos em um emaranhado de prédios, luzes neon e sinais de trânsito. Somente
estruturas como a Torre Eifell em Paris, onde um novo conceito e novas técnicas foram aplicadas em
um entorno aberto, podem-se classificar como “monumentos” da cidade moderna.

11. Quando cidades planejadas propriamente ditas aparecem, elas recomporão os seus centros cívicos em
sua própria escala. Estes resumirão as aspirações de suas populações. As multidões encontrarão nelas
lugares apropriados de aglomeração; encontros cívicos não serão comprimidos como hoje em pequenos
quarteirões, a serem obrigados a alugarem assembléias que não foram projetadas para estes
propósitos.

12. Assembléias, teatros, arenas, museus de arte e ciências, centros educacionais de diferentes tipos,
estádios, edifícios administrativos e espaços abertos para assembléias, manifestações populares e
paradas serão planejadas de maneira a formar um todo orgânico. Aqui tais manifestações cívicas não
serão inibidas como o são freqüentemente hoje em dia, espremidas entre torres de escritórios, lojas e
habitações; nem serão privadas de luz e vista por tais construções. Tais áreas civis serão acessíveis por
um sistema direto de auto-estradas que liga todo o distrito, e terá as conecções de
embarque/desembarque necessários, de maneira que pessoas oriundas de outras partes da região
possam alcançar a área sem atravessar trechos congestionados.

13. A amplitude do espaço será uma característica marcante do moderno centro cívico. Assim as novas
técnicas, novos materiais, novos esquemas de cores e uma nova abordagem de uso do espaço poderão

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Algumas cidades como Nova Iorque e Oakland na Califórnia, construíram arranha-céus para a câmara
municipal e o forum.

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ser empregadas com o intento de obtenção de efeitos monumentais onde as limitações impostas pelas
estruturas urbanas existentes tornavam-se proibitivas até hoje. Nesta nova abordagem monumental,
os prédios públicos competirão em escala com os melhores exemplos da engenharia moderna como
auto-estradas e pontes suspensas.

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NOVE PONTOS SOBRE A MONUMENTALIDADE
JOSEP LLUÍS SERT, FERNAND LÉGER, SIGFRIED GIEDION

1. Os monumentos são feitos (fatos) que o homem criou como símbolo de seus ideais1 seus objetivos e
seus atos. Pretendem sobreviver ao período que os engendrou e constituir-se em herança para
gerações futuras.
2. Os monumentos são expressão das necessidades culturais mais elevadas do homem. Devem satisfazer a
eterna necessidade humana por símbolos que traduzam ou expressem a força coletiva. Os monumentos
mais essenciais são aqueles que expressam os sentimentos e o pensamento desta força coletiva: as
pessoas.
3. Todos os períodos da história que engendram uma autêntica vida cultural tiveram o poder e a
capacidade de criar estes símbolos. Portanto, os monumentos só São possíveis em períodos em que
exista uma consciência e uma cultura unificadoras. Os períodos que só vivem em função do presente
não são capazes de criar monumentos duradouros.
4. Nos últimos cem anos se tem produzido uma desvalorização do monumentalismo. Isto não significa
que não haja monumentos formais ou exemplos arquitetônicos construídos com esta finalidade, mas
os supostos monumentos dos tempos recentes se tem convertido, em raras exceções, em receptáculos
vazios. Não representam de nenhum modo o espírito ou o sentimento coletivo dos tempos modernos.
5. A decadência e o uso errôneo do monumentalismo constituem a razão principal pela qual os arquitetos
modernos tem ignorado deliberadamente o monumento e se tem colocado contra ele. A arquitetura
moderna, como a pintura e a escultura, teve de começar pelo mais difícil. Começou por abordar os
problemas mais simples, os edifícios mais utilitários como habitações sociais, escolas, edifícios de
oficinas, hospitais e estruturas similares. Na atualidade, os arquitetos modernos sabem que os
edifícios não podem conceber-se como unidades isoladas, que há que incorporá-las a projetos
urbanísticos mais amplos. Não há fronteiras entre a arquitetura e o urbanismo, como tampouco há
fronteiras entre cidade e região. A correlação é necessária. Os monumentos devem constituir os
elementos mais contundentes destes amplos projetos.
6. Há que se dar um passo adiante. As mudanças produzidas durante o pós-guerra nas estruturas
econômicas das nações podem afetar a organização da vida coletiva na cidade, um aspecto que tem
sido praticamente esquecido até os nossos dias.
7. As pessoas querem que os edifícios que representem sua vida social e coletiva lhes ofereçam

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algo mais que uma satisfação funcional. Desejam satisfazer suas aspirações de monumentalidade,
alegria, orgulho e esperança. A satisfação desta demanda pode alcançar-se mediante os novos meios
de expressão que temos ao nosso alcance, mas não é uma tarefa fácil. As seguintes condições
resultam essenciais: dado que o monumento ou o edifício singular inclua o trabalho do urbanista, do
arquiteto, do pintor, do escultor e do paisagista, exige uma estreita colaboração entre todos eles. Nos
últimos cem anos não se tem produzido esta colaboração. A maioria dos arquitetos modernos não
estão preparados para este tipo de trabalho em equipe. As tarefas monumentais não se lhes tem
confiado. Por regra geral, aqueles que governam e administram um povo, por muito brilhantes que
sejam em suas especialidades, representam ao homem médio de nosso tempo no que diz respeito aos
seus juízos artísticos. Assim como este homem médio, experimentam um cisão entre sua maneira de
pensar e sua maneira de sentir. Os sentimentos dos que governam e administram os países não têm
sido educados e seguem imbuídos de pseudo-ideais do século XIX. Por esta razão não são capazes de
reconhecer as forças criativas de nossa época, que poderiam construir por si só os monumentos ou os
edifícios públicos que deveriam integrar-se em novos centros urbanos, como reflexo e autêntica
expressão de nossa época.
8. Há que se planificar a focalização dos monumentos. Isto só pode fazer-se no contexto de uma re-
planificação em grande escala que crie grandes espaços abertos nas zonas mais degradadas de nossas
cidades. Nestes espaços abertos, a arquitetura monumental encontrará a sua situação adequada que
agora não existe. Os edifícios monumentais poderão situar-se no espaço, porque como as árvores e as
plantas, os edifícios desta índole não podem comprimir-se em qualquer terreno de qualquer bairro. só
quando se perfile de complete este espaço os novos centros urbanos serão uma realidade.
9. Teremos ao nosso alcance materiais modernos e novas técnicas: estruturas metálicas ligeiras; arcos de
madeira laminada; painéis de várias texturas, cores e tamanhos; elementos ligeiros como falsos tetos
suspensos por elementos estruturais de luzes praticamente ilimitadas. Os elementos móveis podem
variar constantemente o aspecto dos edifícios. Ao mudar de posição e projetar distintas sombras pela
influência do vento ou da maquinaria, estes elementos podem originar novos efeitos arquitetônicos.
Durante as horas noturnas, pode projetar-se cor e formas sobre amplas superfícies construídas com
objetivos publicitários e propagandísticos. Neste caso os edifícios disporão de grandes superfícies
planas concebidas para tal efeito, superfícies que não existem na atualidade. Mediante o uso da cor e
do movimento, e animadas com um novo espírito, estas grandes superfícies oferecerão um terreno
inexplorado a escultores e pintores murais. Os elementos da natureza, como árvores, plantas e água,
contribuirão para completar a imagem. Poderíamos agrupar estes elementos em conjuntos
arquitetônicos: a pedra, que sempre se tem utilizado, os novos materiais de nossa época e a cor em

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toda a sua intensidade, que tem sido esquecida durante muito tempo. As paisagem criadas pelo
homem se equipararão ás paisagens naturais, e todos elementos se combinarão em função da nova
grande fachada, que pode abarcar grandes extensões, tal como nos tem revelado a perspectiva aérea.
Esta perspectiva não só poderá ser contemplada durante uma rápida viagem de avião, mas também de
um helicóptero parado em pleno vôo. A arquitetura monumental será algo mais que estritamente
funcional. Recuperará o valor lírico da arquitetura. Nestes traçados monumentais, a arquitetura e o
urbanismo lograrão uma nova liberdade e desenvolverão novas possibilidades criativas, como as que
tem começado a perceber-se durante as últimas décadas no âmbito da pintura, da escultura , da
música e da poesia.

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