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Revista da Biologia (2015) 14(1):6-16 Revisão

DOI: 10.7594/revbio.14.01.02

Resposta a danos no DNA após exposição à
luz ultravioleta: apagando o fogo antes do
incêndio celular
DNA damage response following UV-light exposure: putting out the fire
before cell collapse

Leonardo Carmo de Andrade Lima*


Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo
*Contato: leolima11@gmail.com Recebido: 12jun14
Aceito: 16jan15
Resumo. O DNA é uma molécula reativa e estima-se que mais de 20 mil lesões no DNA sejam induzidas Publicado: 02fev15
de maneira endógena por dia por célula, além de outras induzidas por agentes exógenos como a luz
ultravioleta, resultando em bloqueio físico das maquinarias de replicação e transcrição do DNA Em Revisado por
resposta a lesões no DNA, células ativam respostas que promovem regulação do ciclo celular e reparo Carlos Ribeiro
do DNA, evitando catásfrofes durante a replicação ou na mitose. Caso a quantidade de danos ultrapasse Vilela, Carolina de
a capacidade de reparo, as células podem induzir morte celular como último recurso. A importância das Oliveira Rodini e
respostas ao dano no DNA é exemplificada por síndromes humanas, com fenótipo de envelhecimento Anônimo
precoce ou aumento de risco de câncer, e seu estudo poderá contribuir para o entendimento da
tumorigênese e desenvolvimento de melhores terapias.
Palavras-chave. Luz ultravioleta; Reatividade do DNA; Reparo do DNA; Xeroderma pigmentosum;
Tumorigênese; Mutagênese.

Abstract. DNA is a reactive molecule and it is estimated that more than 20 thousand lesions are induced
endogenously per cell per day, besides other induced by exogenous agents such as ultraviolet light
exposure, resulting in physical blockage of DNA replication and transcription machineries. In response
to DNA damage, cells activate responses that promote cell cycle regulation and DNA repair, avoiding
replication or mitosis catastrophe. If DNA damage exceeds DNA repair capacity, cells induce cell death
as last resort. The importance of responses to DNA damage is exemplified by human syndromes
with premature aging phenotype and increased risk of cancer, and their study could contribute to
understanding of tumorigenesis and development of improved therapies.
Keywords. Ultraviolet light, DNA reactivity, DNA repair; Xeroderma pigmentosum; Tumorigenesis;
Mutagenesis.

“Nós não consideramos o possível papel de... reparo [de DNA] recuperação celular – a fotorreativação – foi descrito em 1949
embora... eu mais tarde vim a perceber que o DNA é tão precioso (Kelner, 1949), mas foi na década de 60 que foi desvenda-
que provavelmente diversos mecanismos de reparo devam exis- da a natureza da lesão no DNA provocada por luz UV e o
tir” – (Crick 1974) mecanismo independente de luz – o reparo por excisão de
nucleotídeos. Ao longo do tempo, outros tipos de danos no
A reatividade do DNA e necessidade de reparo DNA, além dos induzidos por radiações, foram descritos re-
Inicialmente, o DNA era percebido como uma macro- afirmando a alta reatividade da molécula de DNA e a neces-
molécula altamente estável, porém somente algum tempo sidade de correção das lesões. A figura 1 resume trabalhos de
depois que a estrutura da dupla-hélice foi desvendada por destaque que contribuíram para o entendimento da respos-
Watson e Crick é que foi compreendida a sua instabilidade ta celular ao dano no DNA através de uma linha do tempo,
natural, devido à sua estrutura química e reatividade com adaptada da revisão de Ljungman, 2010.
numerosa quantidade de agentes químicos e físicos. Curio- Danos no DNA são alterações químicas da dupla-hé-
samente, muito antes da constatação de que DNA era o lice que desafiam constantemente a estabilidade genômica,
material hereditário das células, em 1944, já era conhecido já que podem comprometer o metabolismo do DNA (re-
que agentes ambientais como raios-X induziam mutações plicação e transcrição) e resultarem em mutações pontuais,
(Muller, 1927) e que células tinham habilidade inata de se durante a fase S, ou em aberrações cromossômicas quando
recuperarem de irradiação com luz ultravioleta (UV), mes- existem quebras no DNA. Assim, desempenham importante
mo sem saber exatamente que tipo de dano era induzido em papel nos processos biológicos de tumorigênese e envelhe-
células (Hollander e Claus, 1936). O primeiro mecanismo de cimento (Friedberg, 2003; Menck e Munford, 2014). Hoje
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Figura 1. Linha do tempo com principais trabalhos e descobertas em relação à resposta ao dano no DNA. O número em parênteses
corresponde ao ano de publicação do trabalho e foi adaptada da revisão de Ljungman, 2000. 1 - (Muller 1927); 2 - (Hollaender e Claus,
1936); 3 - (Kelner 1949); 4 - (Watson e Crick, 1953); 5 - (Kanazir e Errera, 1954); 6 - (RupertT et al., 1958); 7 - (Beukers e Berends,
1960); 8 - (Masters e Pardee, 1962); 9 - (Boyce e Howard-Flanders, 1964; Setlow e Carrier, 1964); 10 - (Holliday 1964); 11 - (Rupp e
Howard-Flanders, 1968); 12 - (J E Cleaver 1968); 13 - (Lindahl 1974); 14 - (Witkin 1974); 15 - (Wagner e Meselson, 1976); 16 - (Lane e
Crawford, 1979; Linzer e Levine, 1979); 17 - (Wilson et al., 1982); 18 - (Mellon et al., 1987); 19 - (Kastan et al. 1991); 20 - (Kastan et al.
1992); 21 - (Walworth et al., 1993); 22 - (Fishel et al. 1993); 23 - (van der Kemp et al. 1996); 24 - (Rogakou et al. 1998); 25 - (Matsuoka et
al., 1998); 26 - (Masutani et al. 1999); 27 - (Tibbetts et al. 1999); 28 - (de Boer et al. 2002); 29 - (Kannouche et al., , 2004); 30 - (Bartkova
et al. 2005; Gorgoulis et al. 2005); 31 - (Matsuoka et al. 2007; Stokes et al. 2007); 32 - ( Sugasawa et al. 2009) .

Figura 2. A reatividade da molécula do DNA. Representação da dupla hélice do DNA com principais tipos de lesão (à esquerda) e seus
respectivos agentes causadores (à direita).
conhecemos diversas causas das modificações no DNA. Mi- do DNA, dentre os quais: luz UV, radiação ionizante, conser-
lhares de purinas são perdidas todos os dias, devido à depu- vantes de alimentos, poluição atmosférica, fumaça de cigarro
rinação espontânea do DNA, e as bases nitrogenadas são sus- e quimioterápicos (Fig. 2).
cetíveis à deaminação (Lindahl, 1993). Agentes endógenos,
como o metabolismo da mitocôndria e NADPH oxidases, Luz UV e consequências dos fotoprodutos
geram espécies reativas de oxigênio como subproduto (Jaru- A luz ultravioleta, por ser parte integrante da radiação
ga e Dizdaroglu, 1996) e afetam o DNA além de outras mo- solar, é o agente físico capaz de lesionar o DNA a que estamos
léculas na célula, como lipídios de membrana. Esse processo mais expostos. A luz UV representa 45% do espectro solar,
de peroxidação lipídica da membrana é capaz de gerar ou- situa-se abaixo do comprimento de onda da luz visível e é
tros compostos – aldeídos – também capazes de reagir com subdividida didaticamente em três faixas de acordo com o
o DNA. Estima-se que mais de 20 mil lesões no DNA sejam comprimento de onda: UVA, com comprimento entre 320
induzidas de maneira endógena por dia em cada célula (Frie- e 400 nm; UVB, entre 280 e 320 nm e UVC, entre 100 e 280
dberg, 2006). Além disso, diferentes agentes exógenos, físicos nm. A camada de ozônio e a atmosfera terrestre absorvem
e químicos, podem interagir e causar alterações na estrutura toda luz UVC e grande parte de luz UVB (Rowland, 2006)

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e, assim, o que atinge a superfície terrestre é luz UVA e uma por mecanismos de reparo do DNA (Costa et al., 2003). O
fração de luz UVB. Por apresentar maior comprimento de fotoproduto 6-4PP é praticamente todo removido em 6 h,
onda, a luz UVA é menos energética e possui maior penet- enquanto que 50% de CPD ainda persiste 24 h após a irra-
rância na pele quando comparado com luz UVB (Fig. 3A). diação com luz UV (Kobayashi et al., 2001). Assim, as duas
Porém, mesmo atingindo somente a epiderme, a luz UVB é a lesões podem contribuir para induzir a morte celular, porém
maior responsável pelo efeito biológico nocivo de luz UV so- em células proficientes em reparo de DNA, o reparo rápido
bre as células por ser mais absorvida pelas moléculas de DNA de 6-4PP faz com que CPDs contribuam mais com as com-
(absorção máxima em 260 nm – na faixa de UVC), causando plicações celulares (Lima-Bessa et al., 2008).
90% dos danos provocados pela luz solar (Woollons et al., A replicação do DNA lesionado pode resultar em mu-
1997). Uma vez absorvida, a luz UV induz reações nas bases tação pontual por substituição de bases. A luz UV induz
do DNA, gerando lesões conhecidas como fotoprodutos de um padrão de mutações, conhecido como assinatura muta-
DNA. Estes promovem grandes distorções na estrutura do cional da luz UV, com a conversão de uma citosina (C) em
DNA, o que compromete mecanismos vitais para a célula por uma timina (T) em sítios dipirimídicos (Brash et al., 1991).
promover um bloqueio físico das maquinarias de replicação Existem diferentes explicações para esse fenômeno, revisados
e transcrição do DNA (Tornaletti, 2009). por Ikehata e Ono, 2011. Polimerases com alta fidelidade são
Os fotoprodutos formados mais comuns são os díme- bloqueadas pelas lesões, mas as células dispõem de polime-
ros de pirimidina ciclobutano (CPDs) e os fotoprodutos 6-4 rases especializadas que conseguem transpor essas lesões,
pirimidina-pirimidona (6-4PPs). Os CPDs resultam de liga- porém com tendência maior de incorporar erros. Essas po-
ção covalente entre pirimidinas adjacentes da mesma cadeia limerases tendem a adicionar adenina, independente da base
de DNA pela formação de um anel de ciclobutano nas posi- na fita molde e assim, após duas rodadas de replicação, uma
ções C-5 e C-6, enquanto os 6-4PPs são resultado da ligação citosina pode ser convertida em uma timina (Fig. 3C). Foi
covalente não cíclica entre duas pirimidinas adjacentes na observado também que CPD são induzidos em maior quan-
mesma fita de DNA, entre as posições C-6 e C-4, sem for- tidade em 5-metilcitosina de sítios dipirimídicos. A citosina
mação de anel (Rastogi et al., 2010) (Fig. 3B). A proporção de em um CPD é instável e facilmente sofre deaminação, se
fotoprodutos de DNA formados, tanto por luz UVC e UVB, transformando em uracila (U). Porém, se uma 5-metilcito-
é de 75% de CPD e 25% de 6-4PPs (Kobayashi et al., 2001; sina desaminar, esta será transformada em timina e mesmo
Schuch et al., 2009). Porém, enquanto CPD é formado de uma replicação sem erros resultará em mutação pontual por
maneira aleatória na cromatina, 6-4PP apresentam diferen- substituição de base (Fig. 3C). Dessa forma, se as lesões não
te distribuição com formação preferencial em regiões entre forem removidas antes do início da replicação, mutações
nucleossomos (Mitchell et al., 1990). Os 6-4PP apresentam pontuais poderão ser formadas e contribuir para o processo
maior distorção na dupla-hélice e, apesar de serem menos de carcinogênese, aumentando o risco de câncer de pele após
abundantes, são removidos mais rapidamente do que CPDs exposição à luz UV.

Figura 3. Luz UV: indução de danos no DNA e sua transformação em mutações pontuais. A) A Luz UVC é absorvida pela camada de
ozônio de atmosfera terrestre. Da radiação solar que atinge a superfície, a porção de luz UVB possui menor penetrância em relação à luz
UVA, devido ao menor comprimento de onda e maior energia. B) Os dois principais fotoprodutos induzidos pela absorção de luz UV
pela molécula de DNA são os dímeros de pirimidina ciclobutano (CPD) e os fotoprodutos 6-4 pirimidina-pirimidona (6-4PPs). Estru-
turas moleculares foram adaptadas da revisão de Rastogi, et al 2010. C) A replicação de dímeros pode resultar em mutações pontuais. A
mutação de citosina para timina é a mais comum após irradiação com luz UV e é chamada de assinatura de UV. Dois modelos explicam
como isso poderia acontecer: A inserção sempre de adenina oposta a um dímero por polimerases síntese translesão ou a replicação de
uracila, resultado da desaminação da citosina em um dímero de pirimidina.

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Dímeros de pirimidina durante a transcrição comparado às polimerases clássicas da família B (McCulloch


A transcrição da informação do DNA é responsável e Kunkel, 2008), entretanto, dependendo da polimerase TLS
pela síntese de RNA e subsequentemente de proteína que recrutada, a lesão pode ser replicada praticamente sem erro
coordenam o metabolismo, sendo essencial para o funcio- como Pol η tendo CPD de timinas (T^T) como molde (Jo-
namento e sobrevivência celular. Diferente da replicação do hnson et al., 2000). A outra lesão gerada por luz UV, o díme-
DNA, nenhuma RNA polimerase especializada em transpor ro 6-4PP, possui uma distorção muito maior e não pode ser
o bloqueio gerado pelos fotoprodutos foi descoberta e, dessa replicada por Pol η e estudos indicam que Pol ζ e REV1 são
forma, outras estratégias são usadas para continuar a trans- necessárias para transpor essa lesão, porém com maior taxa
crição durante todo o ciclo celular. de mutagênese (Nakajima et al., 2004).
Foi visto na década de 80, em células de hamster, que Já a troca da fita molde utiliza proteínas de recombi-
o reparo de CPD é muito mais eficiente na fita transcrita do nação homóloga para temporariamente usar a cromátide-
gene da diidrofolato redutase (DHFR) quando comparado a -irmã não lesionada como molde de modo que seja possível
sequências de DNA ou genes não transcritos, levando à des- transpor a lesão e continuar a replicação (Chang e Cimprich,
coberta do reparo acoplado à transcrição (TCR – transcrip- 2009).
tion coupled repair) (Bohr et al. 1985). Dessa forma, durante
as fases em que não ocorre a duplicação do genoma - G0/G1 Removendo dímeros – Reparo por Excisão de
e G2/M - o reparo de DNA é focado na porção do genoma Nucleotídeos
em que possam existir bloqueios de polimerase: nos genes A remoção dos fotoprodutos, nos humanos, é realizada
ativos. Assim, a função do TCR é provavelmente remover somente pela via de reparo do DNA denominada de repa-
obstruções para a RNA polimerase de maneira mais rápida, ro por excisão de nucleotídeos (nucleotide excision repair -
já que sinalização de morte por apoptose é induzida em cé- NER). Esta via é flexível e versátil, pois reconhece diferentes
lulas deficientes, onde o bloqueio da transcrição é persistente lesões que promovem distorções na dupla hélice do DNA
(Ljungman e Zhang, 1996). (Nouspikel, 2009). Podemos dividir o NER em duas subvias
pela diferença no reconhecimento da lesão. O primeiro é o
Dímeros durante a replicação – Síntese Transle- reparo acoplado à transcrição, o qual se restringe a danos em
são e mecanismos alternativos fitas ativamente transcritas, com reconhecimento iniciado
Apesar de que mutações no DNA possam ser van- pelo bloqueio da RNA polimerase II e envolve as proteínas
tajosas ou neutras para a sobrevivência, a maior parte será CSA, CSB, além da recém-descoberta UVSSA. O segundo
deletéria e poderá comprometer controle da divisão celular, é o reparo do genoma global, responsável pela remoção das
resultando em tumorigênese. Durante a fase S, todo o geno- lesões em regiões não transcritas do genoma, sendo o reco-
ma está vulnerável a bloqueios e complicações decorrentes de nhecimento feito pelo complexo XPC-hHR23B e por DDB1-
lesões no DNA. Bloqueio da replicação pode levar ao colap- -DDB2-CUL4A.
so da forquilha, quebras no DNA e instabilidade genômica O caminho subsequente ao reconhecimento é igual
através de aberrações cromossômicas, como translocações e para as duas vias e começa com a abertura da dupla hélice
aneuploidias. Dessa forma, a estabilização e recuperação de pelas helicases XPB e XPD, que fazem parte do complexo
forquilhas de replicação bloqueadas – mesmo sem a remo- de transcrição TFIIH. Em seguida, as proteínas XPA e RPA
ção das lesões no DNA - são essenciais para a integridade se juntam e estabilizam o complexo e, no próximo passo, a
genômica e, assim, as vias de tolerância ao dano no DNA po- endonucleases XPF cliva na extremidade 5’ e a lacuna é pre-
dem ser divididas em síntese translesão (TLS – translesion enchida pela polimerase replicativa, que utiliza como molde
synthesis) e troca de fita molde (Template Switch) (Chang e a fita complementar. Por fim, a endonuclease XPG cliva na
Cimprich, 2009). extremidade 3’, excisando o fragmento de 30 nucleotídeos e
As polimerases replicativas com alta fidelidade, como uma DNA ligase completa o reparo da lesão (Fig. 4) (Hana-
Pol α, Pol δ e Pol ε, pertencem à família B de DNA, mas são walt e Spivak, 2008; Kamileri et al., 2012).
encontradas em células de mamíferos 8 polimerases com O reparo por excisão de nucleotídeos depende de
sítios catalíticos mais abertos e capazes de realizar a síntese mudanças na configuração da cromatina de tal forma que
translesão. Quatro delas pertencem à da família Y de DNA o reconhecimento e a excisão dos danos no DNA ocorrem
polimerases: Pol η (POLH), Pol ι (POLI), Pol κ (POLK) de maneira eficiente. O complexo DDB1-DDB2-CUL4A
e REV1; uma à família B de DNA polimerases: Pol ζ, cuja representa um dos elos descobertos entre o reparo global e
subunidade catalítica é REV3L e duas à família A, com Pol modificações pós-traducionais de histonas. A via de NER é
θ (POLQ) e Pol ν (POLN) (Ghosal and Chen 2013), além mais eficiente em DNA nu em comparação com DNA em
da recém-descoberta DNA primase e polimerase TLS de- cromatina (Sugasawa et al., 1993) e é mais lenta em regiões
signada de PrimPol (Bianchi et al., 2013). As polimerases de heterocromatina (Araki et al., 2000), mostrando que, além
TLS possuem especificidade diferente para distintos danos de regiões transcritas, outras porções do genoma podem ter
no DNA. Por exemplo, Pol η insere preferencialmente duas diferença na remoção de danos no DNA, o que demonstra a
adeninas opostas a um CPD de timinas (T^T), enquanto que importância do remodelamento da cromatina para o funcio-
Pol κ consegue transpor sem erros lesões em guanina indu- namento do reparo de DNA.
zidas por benzopireno. Polimerases TLS são consideradas Muitas proteínas de NER foram descobertas pela asso-
propensas a erro de incorporação devido à maior frequên- ciação com algumas síndromes humanas raras com herança
cia de erros em replicação do DNA não lesionado quando autossômica recessiva, dentre as quais se encontra o xero-

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10 Andrade-Lima: Respostas a danos no DNA
derma pigmentosum (XP). Pacientes com XP apresentam
elevada fotossensibilidade, um aumento de quase 1000 ve-
zes na frequência de tumores de pele em regiões expostas à
luz solar e nos olhos, além disso, cerca de 30% dos pacientes
desenvolvem anormalidades neurológicas. São descritos oito
grupos de complementação para a síndrome XP: sete deles
com mutações em genes cujos produtos proteicos estão dire-
tamente envolvidos na cascata de NER (XP-A a XP-G) e um
grupo variante (XP-V) com deficiência na polimerase de sín-
tese translesão pol η (Cleaver et al., 1999a). A sensibilidade de
células de pacientes XP correlaciona com a participação de
diferentes proteínas na via de NER: célula de paciente XP-A
(deficiente na proteína XPA) é a mais sensível à luz UVB, pois
apresenta deficiência tanto da via global quanto da acoplada
à transcrição, enquanto que células de paciente XP-C apre-
sentam sensibilidade menor, já que a deficiência é só na via
de reparo global. Célula de paciente XP-V não apresenta defi-
ciência em NER, porém a deficiência na síntese translesão de
pol η acarreta em uma ligeira sensibilidade (Fig. 5).

Diante de tantas ameaças: Sinalização e contro-


le do Ciclo Celular Figura 4. Modelo de reparo por excisão de nucleotídeos. O reco-
Células em proliferação são em geral mais susceptíveis nhecimento da lesão pode acontecer de duas formas: Bloqueio
aos efeitos tóxicos de danos no DNA do que células quies- da RNA polimerase ou reconhecimento global através dos com-
plexos de XPC e DDB1 e DDB2. Essas etapas envolvem remo-
centes. Isso se deve às complicações dramáticas que podem
delamento da cromatina, com modificação da histona, o que
acontecer com a replicação do DNA lesionado e durante a facilita o acesso à lesão. Em seguida TFIIH é recrutado, acontece
segregação cromossômica com quebras no DNA (Ljungman, a abertura da dupla-hélice e excisão da extremidade 5’por XPF-
2010). As células ativam vias de resposta ao dano no DNA -ERCC1. A síntese de novo do DNA preenche a lacuna e a extre-
que promovem parada no ciclo celular, o qual resulta em midade 3’ é excisada por XPG. Por fim, uma DNA ligase sela o
mais tempo para que as enzimas de reparo de DNA limpem DNA recém-sintetizado finalizando o reparo do DNA.
o genoma antes da síntese do DNA ou da segregação cromos-
sômica (Harrison e Haber, 2006).
Em resposta a danos causados por luz UV, a quinase
ATR (ataxia telangectasia and Rad3 related) é ativada e ca-
talisa a fosforilação de centenas de proteínas-alvo. Uma es-
trutura no DNA é comum a diversos processos induzidos
por danos no DNA e o responsável por estimular a atividade
de ATR: DNA simples-fita (ssDNA – single stranded DNA)
recoberto pelo heterotrímero RPA (replication protein A)
(Cimprich e Cortez, 2008; Zou e Elledge, 2003). Células em
fase G1 do ciclo celular geram ssDNA de 30 nucleotídeos
como intermediário do processamento de NER e esta lacuna
é estendida pela exonuclease Exo1 gerando ativação de ATR
(Giannattasio et al., 2010; Hanasoge e Ljungaman, 2007).
Uma vez que o complexo com ATR estiver ativo na lesão do
DNA, uma ampla variedade de substratos serão fosforilados,
incluindo a Chk1 (checkpoint kinase 1 - Chk1). Uma vez ati- Figura 5. Sobrevivência de células mutantes em proteínas da via
vada, esta proteína efetora induz uma rápida degradação de de reparo por excisão de nucleotídeos ou em síntese translesão,
após irradiação com luz UVB. Dados próprios obtidos através de
Cdc25A (Mailand, 2000), a qual inibe o complexo da Ciclina
sobrevivência clonogênica em que barras de erro correspondem
E/CDK2 (CDK2 - cyclin-dependent kinase 2) e é responsável
ao desvio padrão de três experimentos independentes. Células
pela transição entre G1/S. Além disso, o fator de transcrição MRC5 são células selvagens e apresentam a menor sensibilidade
p53 é fosforilado por ATR na serina 15, o que resulta em es- à luz UVB. Células XP-V são deficientes em pol η (portanto, em
tabilização de p53 e aumento da transcrição de seus genes- síntese translesão), mas proficientes em reparo por excisão de
-alvo. Um alvo chave de p53 é a proteína p21, que atua como nucleotídeos e são apenas um pouco mais sensíveis à luz UVB
inibidor de Ciclina E/CDK2 e assim também promove pa- em relação a células selvagens. Já células XP-C, possuem defici-
rada do ciclo celular em G1 (Kastan e Bartek, 2004). Assim, ência somente no reconhecimento global de reparo por excisão
Chk1-Cdc25A implementa uma resposta rápida e atrasa a de nucleotídeos pela mutação na proteína XPC e são mais sen-
síveis do que XP-V. porém a maior sensibilidade é observada na
transição G1/S em algumas horas, enquanto a prorrogação
célula XP-A, devido à deficiência nas duas subvias de reparo por
da parada em fase G1 é sustentada pelo mecanismo depen-
excisão de nucleotídeos.

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dente de p53 (Fig. 6B). Em fase S, os fotoprodutos bloqueiam to. De fato o maior grupo fosforilado por ATR é um grupo de
a maquinaria de replicação e isso gera desacoplamento entre proteínas envolvidas em metabolismo de RNA - transcrição,
a DNA polimerase e a helicase (Byun et al., 2005), o qual re- processamento, estabilidade do RNAm - além de tradução
sulta no sinal para a ativação de ATR - ssDNA recoberto por de mRNAs.
RPA - e fosforilação de Chk1, que em fase S resultará em ini- O nocaute de ATR em modelos animais resulta em
bição de novas origens de replicação (Heffernan et al., 2002). letalidade embrionária (Brown e Baltimore, 2000). Porém,
Esse efeito é mais visível em células deficientes na ativação do através de modelos com nocaute condicional - eliminando
ponto de parada de G1 (como por exemplo, deficientes em ATR somente no animal adulto – ou com mutação em hete-
p53) e na síntese translesão de pol η, já que mais ssDNA será rozigose foi possível constatar que a vida é muito estressante
formado por mais bloqueios de forquilha de replicação, re- sem ATR, mesmo sem lesões exógenas. Com o modelo he-
sultando em acúmulo de células em fase S (Fig. 6D). Células terozigótico foi observado aumento de estresse replicacional
com deficiência na ativação do ponto de parada de G1, mas durante a embriogênese – fase quando a proliferação é muito
com síntese translesão normal, progredirão à fase G2 onde difundida - com aumento da fosforilação da histona H2AX
tanto lacunas opostas aos fotoprodutos (Callegari et al., 2010) e aumento de morte de células resultando em deformações
quanto intermediários de NER ativarão ATR e resultarão em (Murga et al., 2009). Com o nocaute condicional foi obser-
parada do ciclo celular em G2 (Fig. 6C). vado envelhecimento precoce no indivíduo adulto – pelos
cinzas, osteoporose, cifose e fibrose – devido à perda de ho-
ATR: o bombeiro controlando o fogo no DNA meostase tecidual relacionada à incapacidade de renovação
O fosforiloma de ATR revelou 570 alvos de fosforilação celular provocada pela redução de células tronco e progeni-
após irradiação com luz UV, sendo 498 nunca antes descritos toras (Ruzankina et al., 2007). Assim, a função de ATR não
(Stokes et al., 2007). Entre esses alvos, muitos alvos envolvi- é somente relacionada a resposta a danos no DNA causados
dos com a replicação do DNA (MCMs, RPA, RFC, TopBP1 por luz UV, mas também para responder a qualquer com-
e DNA polimerases como pol η), reforçando um papel im- plicação durante a replicação. Regiões do genoma – mesmo
portante no controle de origem de replicação, estabilidade da sem danos externos - podem ser obstáculos à progressão da
forquilha e recuperação da replicação. Além desses, muitos forquilha, como regiões altamente repetitivas que podem
alvos estão relacionados a reparo do DNA como XPA (en- formar grampos e bloquear a replicação (Wells, 1996) ou co-
volvida em NER), FANCD2 (envolvida em reparo de cross- lisões entre transcrição e replicação, principalmente em ge-
-link), BRCA1, 53BP1, WRN e BLM (envolvidas em recom- nes longos (Helmrich et al., 2011). De fato, ATR é responsável
binação homóloga) (Fig. 7). Porém, é mais impressionante o por evitar quebras através da regulação de sítios frágeis (Cas-
grande número de alvos em outras vias como sistema ubi- per et al., 2002), em que são encontradas repetições CGG e
quitina e proteassomo, processamento de RNA e reguladores AT, além de estruturas não-canônicas de DNA diferentes de
transcricionais, matriz nuclear, remodelamento de cromati- DNA-B (Aguilera e Gómez-González, 2008).
na, ritmo circadiano, diferenciação celular e desenvolvimen-

Figura 6. Resposta ao dano no DNA após exposição à luz UV: Integrando ciclo celular com tolerância e reparo do DNA. A) Fibroblasto
normal de pele não irradiado tem progressão normal pelo ciclo celular. Ao centro, visualização do perfil do ciclo celular mostrando dois
picos, correspondendo a G0/G1 com 2N de DNA (em maior número por ser a fase da intérfase com maior tempo de duração) e G2/M
com 4 N de DNA. B) Fibroblasto irradiado com luz UV tem ativação da quinase ATR e de p53, resultando em acúmulo de células em G1
(ponto de parada em G1). C) Fibroblasto transformado (Ex. SV-40) não possui p53 ativo e, dessa forma, células irradiadas progridem
com danos no DNA pelo ciclo celular através de síntese translesão, realizada principalmente por Pol η. Como neste caso as lesões no
DNA persistem, a ativação de ATR provocará acúmulo de células em G2, antes que células entrem em mitose ainda com danos (ponto
de parada em G2/M). D) Fibroblasto imortalizado (Ex. SV-40) que não possui p53 ativo e é deficiente em Pol η (células XP-V) possui
bloqueio da replicação após irradiação com luz UV pela deficiência na síntese translesão. Dessa forma, ATR é ativado em fase S, provoca
acúmulo de células nesta fase do ciclo (checkpoint intra-S) e resulta em maior morte celular, visualizado ao centro pelo aumento de
células com conteúdo sub-G1 de DNA.

ib.usp.br/revista
12 Andrade-Lima: Respostas a danos no DNA

Figura 7. Danos no DNA resultam em uma ampla resposta celular, a qual diminui a instabilidade genômica e tumorigênese. Figura
adaptada de Harper e Elledge, 2007. O reconhecimento da lesão ativa uma cascata de sinalização que resulta em respostas rápidas, como
modificação pós-traducional de proteínas existentes, remodelamento da cromatina e alteração da arquitetura nuclear; além de respostas
celulares mais demoradas, como modulação da expressão gênica com alteração da estabilidade do RNA mensageiro, processamento e
síntese de genes alvos, incluindo processos como ciclo celular, reparo do DNA, mecanismos de tolerância e até ritmo circadiano. Caso
a recuperação não seja possível, a resposta pode ainda induzir senescência ou a morte celular por apoptose diminuindo a chance da
instabilidade genômica provocada pelos danos no DNA originar em uma célula tumoral.
Síndromes relacionadas a defeitos em vias de em grande quantidade em células diferenciadas como cabelo,
reparo do DNA unha e células imunes (Cleaver et al., 2009). Assim, a pleio-
A importância das respostas ao dano no DNA na fisio- tropia de funções das proteínas, com funções além de reparo
logia humana é exemplificada por diversas síndromes huma- do DNA, pode auxiliar a explicar as variações de fenótipo.
nas causadas por mutações nessas vias. Os fenótipos variam Existem ainda síndromes com deficiência em outras
de anormalidades neurológicas, envelhecimento precoce a vias de reparo do DNA ou na sinalização em resposta a dano.
predisposição a câncer. As principais síndromes, incluindo Defeitos na via de reparo de emparelhamento errôneo resul-
respectiva predisposição a câncer, estão resumidas na revisão tam na síndrome de Lynch, caracterizado principalmente
de (Ghosal e Chen, 2013) e adaptadas na tabela 1.1. pelo aumento de câncer colorretal. Mutações em BRCA1 e
Existem diferentes síndromes com deficiências em BRCA2 resultam em câncer hereditário de mama e ovário.
proteínas da via de reparo por excisão de nucleotídeos: Xe- Deficiências em genes envolvidos em recombinação homó-
roderma Pigmentosum (XP), Síndrome de Cockayne (CS), loga também resultam nas síndromes de Werner, Bloom e
Tricotiodistrofia (TTD) e Síndrome sensível a UV (UVSS) Rothmund Thomson, com fenótipo de envelhecimento pre-
(Cleaver et al., 2009; Menck e Munford, 2014; Nakazawa et coce e aumento de linfomas e sarcomas. Mutação em ATM é
al., 2012). Pacientes XP apresentam elevada fotossensibili- causa da ataxia telangiectasia, doença neurológica que possui
dade e a idade mediana de aparecimento de câncer de pele maior incidência de leucemias. Mutação em heterozigose de
é antes dos 10 anos de idade. Mutações em XPC e DDB2 ATR resulta na síndrome de Seckel que, assim como nos mo-
(XPE), ou seja, somente na subvia de reparo global de NER, delos em camundongo, apresenta problemas de desenvolvi-
não apresentam problemas neurológicos, enquanto que defi- mento como microcefalia e envelhecimento precoce, tendo
ciências somente na subvia acoplada à transcrição (pacientes também relatos de aumento de leucemia. Outra doença que
CS) não aumentam o risco de câncer mas apresentam sin- aumenta a incidência de leucemia é anemia Fanconi, com
tomas neurológicos e de desenvolvimento graves. Cérebros mutações em diversos genes da via de reparo de cross-links.
de pacientes CS apresentam grande quantidade de lesões por Mutações em p53 dão origem à síndrome de Li-Fraumeni,
oxidação e evidências mostram que CSB é importante para o também caracterizada por maior risco de câncer em diversos
funcionamento da mitocôndria e, assim, parte do fenótipo da órgãos (tabela 1).
síndrome de Cockayne poderia estar relacionada à mitocôn-
dria (Berquist et al., 2012) ou a outras funções de CSA e CSB Instabilidade genômica e câncer: Como poten-
relacionados à transcrição e remodelamento de cromatina. cializar terapia antitumoral?
A síndrome UVSS também induz fotossensibilidade, porém, A tumorigênese é um processo de múltiplos passos, em
diferente de pacientes CS, não induz problemas neurológicos. que a progressão depende em uma acumulação sequencial
A proteína mutada UVSSA atua em resposta a luz UV, mas de mutações em uma mesma célula, que em geral acontece
não a danos por estresse oxidativo (Spivak e Hanawalt, 2006), após eventos de replicação. Essas mutações resultam em per-
diferente de CSB, o que pode ajudar a explicar os diferentes da da homeostase tecidual já que as células transformadas
fenótipos (Tabela 1). Deficiências na transcrição também pa- adquirem vantagens seletivas pelo aumento da taxa de pro-
rece ser a principal causa da síndrome TTD – caracterizada liferação, diminuição da indução de morte celular, além da
por cabelo quebradiço e deficiente em enxofre - em que a fal- criação de um microambiente propenso ao crescimento (Ha-
ta do fator de transcrição TFIIH prejudica a síntese de RNA nahan e Weinberg, 2011). A forma mais comum de modular

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Revista da Biologia (2015) 14(1) 13
o ciclo celular e combater a progressão tumoral é explorar o biológicos das radiações, principalmente a luz ultravioleta,
efeito de drogas que lesionem o DNA. Paradas no ciclo ce- a qual estamos expostos diariamente devido ao Sol. A natu-
lular e morte ocorrem após exposição a agentes causadores reza da lesão foi descrita e sua consequência compreendida:
de danos no DNA, principalmente durante a replicação do bloqueio físico de replicação e de transcrição provocado pelo
DNA na fase S. Tentativas de replicar DNA lesionado levam do dano no DNA. As células dispõem de vias de remoção
ao aumento de morte celular e tornam tratamentos que le- de danos – cuja eficiência é maior na região de genes ativos
sionem o DNA mais citotóxicos em células em proliferação - mas também de mecanismos de tolerância para evitar blo-
quando comparadas com células quiescentes ou diferencia- queios de replicação. Deficiências nessas vias aumentam a
das (Helleday et al., 2008). Entretanto, a toxicidade pode ser taxa de mutações induzidas por luz UV e consequentemen-
reduzida pela superativação de vias de reparo do DNA, o que te de tumores de pele, evidenciadas pelas síndromes como
torna a resposta ao dano no DNA um alvo de intervenção xeroderma pigmentosum. Porém, nas últimas duas décadas
terapêutico promissor. Além de poder reverter a resistência têm se descoberto que a resposta celular a danos no DNA é
de terapias atuais, pode resultar em mortalidade seletiva das muito mais ampla que apenas reparo do DNA e envolve uma
células tumorais (Curtin, 2012). Assim, um entendimento da sinalização complexa, com parada do ciclo celular, remodela-
resposta ao dano no DNA não só contribuirá com o conhe- mento da cromatina e modulação da expressão gênica, como
cimento de desenvolvimento de câncer, mas também para o a mediada pela quinase ATR após exposição à luz UV. A ma-
tratamento da doença. nutenção da replicação sem complicações é essencial para
evitar mutações e tumorigênese, mas aparentemente tam-
Conclusões e questões futuras bém está relacionada a fenótipos de envelhecimento, como
A importância da estabilidade e manutenção do DNA os observados em animais com deficiências em ATR. Células
é exemplicada nos diversos mecanismos celulares que foram com estresse replicacional exacerbado podem morrer por
selecionados durante a evolução. Cientificamente, a área de apoptose e essa tem sido uma abordagem frequente no tra-
Reparo do DNA inicou com pesquisas envolvendo efeitos tamento anti-tumoral, através de quimioterápico e radiação
Tabela 1. Resumo das principais síndromes causadas por mutações em vias de resposta ao dano no DNA e sua predisposição à tumori-
gênese. Adaptado de Ghosal e Chen (2013).
Predisposição a
Síndrome Mutações Via afetada
câncer

XPA; XPB; XPC;


Xeroderma
XPD; XPE; XPF; Câncer de pele NER ou TLS
Pigmentosum
XPG ou POLH

CSA ; CSB ; XPB;


Síndrome de Cockayne
XPD; XPG

TCR-NER
Tricotiodistrofia XPD; XPB; TTDA

Síndrome sensível a UV UVSSA

FANCA; FANCB;
FANCC; BRCA2;
Reparo de ICL;
FANCD2; FANCE; Leucemia
Anemia Fanconi recombinação
FANCF; FANCG; mielóide aguda
homóloga
FANCI; BACH1;
FANCL; SLX4

Câncer de mama;
Sinalização em
Síndrome de Li- cérebro;
p53 resposta a dano
Fraumeni leucemia e
no DNA
sarcoma
Sinalização em
Leucemia
Síndrome de Seckel ATR resposta a dano
mielóide aguda
no DNA

Leucemia; Sinalização em
Ataxia Telangiectasia ATM linfoma; câncer resposta a dano
de mama no DNA

Câncer de mama Câncer de mama


BRCA1 BRCA2
familiar e ovário

Linfoma e
Síndrome de Bloom BLM
leucemia Recombinação
homóloga
Síndrome de Werner WRN Sarcoma

Síndrome de Rothmund Câncer de pele e


RECQL4
Thomson osteosarcoma

Câncer colorretal;
estômago; Reparo de
MSH2; MLH1;
Síndrome de Lynch intestino; emparelhamento
MSH6; PMS2;
endométrio; errôneo
glioblastoma

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14 Andrade-Lima: Respostas a danos no DNA
que induzem danos no DNA. Na última década, cada vez Taylor E, Stevanovic I, et al. 2013. PrimPol Bypasses UV
mais pesquisa tem sido realizada para encontrar inibidores Photoproducts during Eukaryotic Chromosomal DNA
de resposta a danos no DNA, como por exemplo inibidores Replication. Molecular Cell 52 (4):566-73;.
de ATR, para potencializar a morte provocada por quimio- Bohr V, Smith C, Okumoto DS, Hanawalt PC. 1985. DNA Repair
in an Active Gene: Removal of Pyrimidine Dimers from
terápicos, com resultados promissores (Reaper et al., 2011 ,
the DHFR Gene of CHO Cells Is Much More Efficient than
Josse et al., 2014). in the Genome Overall. Cell 40 (2): 359–69.
Porém, várias questões ainda permanecem em relação Boyce RP, Howard-Flanders P. 1964. Release of ultraviolet light-
a respostas a danos no DNA. Por exemplo, regiões transcritas induced thymine dimers from DNA in E. Coli K-12.
pelo genoma são reparadas mais rapidamente do que regiões Proceedings of the National Academy of Sciences of the
não-transcritas, porém não sabemos se existe uma variação United States of America 51: 293–300.
da eficiência em escala genômica: genes mais expressos (e Brash DE, Rudolph JA, Simon JA, Lin A, McKenna GJ, Baden
provavelmente mais bloqueados por danos no DNA) seriam HP, Halperin AJ, Pontén J. 1991. A role for sunlight in
reparados mais rapidamente? Já que quanto maior o gene, skin cancer: UV-induced p53 mutation in squamous
cell carcinoma. Proceedings of the National Academy of
maior a chance de acumular lesões no DNA (imagine o tem-
Sciences of the United States of America 88: 10124-10128.
po para remover lesões do gene da distrofina com 2,5 Mb), Brown EJ, Baltimore D. 2000. ATR Disruption Leads
o tamanho do gene interfere na resposta ao dano no DNA? to Chromosomal Fragmentation and Early Embryonic
Poderia a necessidade de reparo de um gene, influenciar na Lethality. Genes & Development 14 (4): 397–402.
evolução de íntrons e tamanho gênico? Por que observamos Byun TS, Pacek M, Yee M, Walter JC, Cimprich KA. 2005.
síntese translesão na replicação, mas não em transcrição? Functional Uncoupling of MCM Helicase and DNA
Qual modelo de mutação após exposição à UV contribui Polymerase Activities Activates the ATR-Dependent
mais para a assinatura mutacional de luz UV? O que con- Checkpoint. Genes & Development 19: 1040–52.
tribui mais para a tumorigênese após exposição à luz UV, Callegari J, Clark E, Pneuman A, Kelly TJ. 2010. Postreplication
Gaps at UV Lesions Are Signals for Checkpoint Activation.
mutações pontuais durante a fase S ou rearranjos decorren-
Proceedings of the National Academy of Sciences of the
tes de quebras na forquilha de replicação bloqueada? Como United States of America 107 (18): 8219–24.
exatamente um bloqueio da replicação resulta em quebras no Casper AM, Nghiem P, Arlt MF, Glover TW. 2002. ATR Regulates
DNA? ATR é importante, mesmo sem a ocorrência de da- Fragile Site Stability. Cell 111 (6): 779–89.
nos exógenos no DNA provocados por luz UV. Quais tipos Chang DJ, Cimprich KA. 2009. DNA Damage Tolerance: When
de danos endógenos ou estruturas não-canônicas no DNA It’s OK to Make Mistakes. Nature Chemical Biology 5 (2):
realmente poderiam afetar a replicação? Reverter ou contro- 82–90.
lar essas “lesões endógenas” seria suficiente para retardar o Cimprich KA, Cortez D. 2008. ATR: An Essential Regulator of
envelhecimento? Isso envolveria danos no DNA por estresse Genome Integrity. Nature Reviews. Molecular Cell Biology
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oxidativo e ATR estaria também relacionado a essa resposta?
Cleaver JE. 1968. Defective Repair Replication of DNA in
Xeroderma Pigmentosum. Nature 218 (5142): 652–56.
Agradecimentos Cleaver JE, Thompson LH, Richardson AS, States JC. 1999. A
Agradeço ao prof. Carlos Menck por toda orientação Summary of Mutations in the UV-Sensitive Disorders:
e oportunidade de fazer parte do Laboratório de Reparo de Xeroderma Pigmentosum, Cockayne Syndrome, and
DNA do ICB-USP. Agradeço também ao apoio financeiro da Trichothiodystrophy. Human Mutation 14: 9–22.
FAPESP e CAPES para a realização de meu doutorado. Cleaver JE , Lam ET, Revet I. 2009. Disorders of Nucleotide
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