Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Rafael Straforini
Faculdade de Educação
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Av. São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Rio de Janeiro – RJ. CEP: 20550-900
rafaelstrafo@yahoo.com.br
Resumo. Este artigo descreve um estudo piloto que teve por objetivo estabelecer um
diálogo inicial entre os princípios de raciocínio semiótico abdutivo e de
antecipação propostos por Charles Sanders Peirce e Mihai Nadin, respectivamente,
e conhecimentos prévios & zona de desenvolvimento proximal (ZDP), na
perspectiva de Lev Semënovič Vygotskij (Vygotsky). Para tanto, tivemos como base
empírica os processos interativos estabelecidos por duas pessoas em um primeiro
contato com um ambiente de EAD. Visto que, ao manipular os mecanismos de
Interação Humano-Computador (IHC) de um ambiente de EAD pela primeira vez,
novos signos surgiram diante deles e, visando alcançar seus objetivos finais de
interação, foram obrigados a estabelecer hipóteses diante do novo sistema
semiótico apresentado, tomando como referência seus conhecimentos prévios,
reproduzindo, desta forma, um mecanismo de raciocínio inferencial abdutivo.
Abstract. This paper describe some results of an initial research whose aim is to
foment an initial dialog among abductive reasoning, anticipation, and previous
knowledge & zone of proximal development (ZPD), proposed by Charles Sanders
Peirce, Mihai Nadin and Lev Semënovič Vygotskij (Vygotsky), respectively. For that,
we used the interactive processes of two persons in your first interaction with an
educational environment like empirical basis. Because of the manipulation devices
of Human-Computer Interaction (HCI) in software to distance education for the first
time, new signs appeared in front of these persons; so, to achieve your goals, they
were obliged to make hypotheses based in their previous knowledge, and
considering the new semiotics system presented by the software. This way, they
reproduced a mechanism of abductive reasoning.
1 - INTRODUÇÃO
As mentes dos nossos alunos não chegam vazias às nossas aulas, eles trazem consigo
um conjunto de conhecimentos e experiências prévias; além de trazerem consigo um sistema
de significação construído sócio-culturalmente [6]. Numa concepção sócio-construtivista de
educação, esses conhecimentos prévios são um ponto de partida para a aprendizagem
significativa de novos conteúdos, seja na modalidade presencial ou a distância.
Este estudo teve por objetivo estabelecer um diálogo entre os princípios de raciocínio
semiótico abdutivo e de antecipação propostos por Charles S. Peirce e Mihai Nadin,
respectivamente, e conhecimentos prévios, na perspectiva de Vygotsky. Para tanto, tivemos
como base empírica e metodológica os processos interativos estabelecidos por dois indivíduos
em um primeiro contato com um ambiente de educação a distância (EAD). Ao manipular os
mecanismos de interação humano-computador (IHC) de um ambiente de EAD pela primeira
vez, novos signos surgiram diante deles e, visando alcançar seus objetivos finais de interação,
foram obrigados a estabelecer hipóteses diante do novo sistema semiótico apresentado,
tomando como referência seus conhecimentos prévios, reproduzindo, desta forma, um
mecanismo de raciocínio inferencial abdutivo.
Outro fator importante que explica o motivo pelo qual Peirce considerou a hipótese
como um terceiro tipo de inferência é o fato de que as hipóteses, por si só, não conduzem à
verdade, elas precisam ser submetidas a métodos lógicos bem definidos para aceitar a verdade
que trazem consigo, mesmo que, por conta da observação, essa verdade possa vir a ser
questionada e, após novos processos lógicos, modificada.
Uma hipótese é algo que a princípio parece ser verdadeiro e, além disso, é capaz de
verificação e refutação na comparação com os fatos. A melhor hipótese seria, então, aquela
que coloca em xeque idéias já pré-concebidas, que estimula a reavaliação das crenças,
sugerindo uma nova verdade, uma nova crença. Mas, segundo o próprio Peirce, isso pode ser
incorreto. [9] Para Peirce, a fonte de todas as descobertas humanas é a geração de hipóteses,
ou seja, o raciocínio abdutivo.
3 - CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Os trabalhos de pesquisa de IHC em ambientes para EAD ainda pouco dialogam com
as teorias de aprendizado [3], gerando, por vezes, discursos sem bases teóricas sólidas no que
diz respeito à aprendizagem em IHC.
Nessa zona, há uma tênue diferença entre SABER interagir, ou seja, conhecer de fato
os recursos de comunicação disponibilizados pelo designer e RETER informações sobre a
interface a utilizar. Esta última opção costuma ser resultado dos treinamentos e “capacitações”
para uso dos softwares. Porém, somente o uso contínuo possibilitará ao usuário o acesso a
mais mecanismos de conhecimentos prévios e, por conseguinte, raciocínios abdutivos.
Em um processo de IHC, isso pode ser verificado quando um determinado sujeito está
“acostumado” a interagir com um software que se apresenta de determinada forma, cujos
processos interativos já são de domínio cognitivo desse sujeito. Se em um determinado
momento, esse software é modificado, de tal forma que os mecanismos de interação
apresentem-se modificados, haverá um processo de desequilíbrio cognitivo no usuário que,
diante da expectativa de utilizar o software, recorrerá às suas experiências anteriores ou ao
recurso de ajuda, se houver, ou ainda, aos sistemas de signos já conhecidos, gerando hipóteses
que serão testadas para verificação da sua validade.
4.1 – Pesquisa-piloto
Para verificarmos na prática a possibilidade inicial de complementação das teorias
vigotiskiana e do raciocínio semiótico abdutivo na interação em ambientes informatizados de
EAD, foi realizada uma pesquisa-piloto tomando dois exemplos de ambientes educacionais a
distância: um curso elaborado no Moodle3, com diversos mecanismos de interação social; o
sítio do IBGE Teen4, com diversas animações, mas sem possibilidade de interação social.
Como método-piloto para uma investigação, após a devida assinatura dos termos de
consentimento para participação na pesquisa, os dois voluntários, separadamente,
responderam a um questionário, totalmente composto de questões com respostas livres, em
que informaram dados referentes às suas experiências com mecanismos informatizados de
educação a distância, facilidade no uso de artefatos computacionais nunca antes utilizados,
preferência lingüística de interação (símbolos ou frases), conhecimento básico da língua
inglesa, o significado de alguns signos não-verbais pré-selecionados antes da interação e a
opinião sobre a interferência dos seus conhecimentos prévios no reconhecimento desses
signos.
Prefiro [funcionalidades] descritas com palavras, porque fica mais fácil de saber
controlar o software, até porque não tenho facilidade com o computador em geral,
muito menos no reconhecimento de símbolos5.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo nos mostrou a necessidade de buscarmos diálogos mais profícuos entre as
teorias da aprendizagem e as teorias semióticas que alicerçam os estudos de IHC na
construção e instanciação de plataformas de EAD.
O próximo passo será efetuar verificação empírica mais aprofundada dos argumentos
teóricos analisados, a fim de definir categorias de análise para futura proposição de soluções
aplicáveis na área de design de IHC.
REFERÊNCIAS
1
Charles Sanders Peirce nasceu em 10 de setembro de 1839 (Cambridge, Massachusetts) e morreu em 19 de
abril de 1914 (Milford, Pennsylvania)
2
O termo competente foi muito utilizado por Vygotsky para designar um indivíduo que já construiu um conceito
e passa a operá-lo conscientemente para diversas situações.
3
Plataforma computacional de código-aberto para cursos a distância.
4
Sítio do IBGE Teen: www.ibge.gov.br/ibgeteen.
5
Resposta do partipante “menos experiente”.
6
Resposta do partipante “mais experiente”.
7
Designer instrutional é a pessoa (ou equipe) responsável pela adequação do conteúdo didático aos ambientes
informatizados.