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DE MEDICINA
SOCIAL INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
GRÁFICA DA UERJ ISSN 1413-7909 SETEMBRO 2000 Nº 206
RECURSOS HUMANOS: O PAPEL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Resumo/Abstract 03
Introdução 04
O papel do Ministério da Saúde em relação aos RH em saúde 06
Considerações finais 08
Referências bibliográficas 09
RECURSOS HUMANOS:
O PAPEL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
LUIZ CORDONI JUNIOR
SANDRA AKIKO MAKUDA
Resumo
O trabalho discute o papel do Ministério da Saúde em relação aos recursos humanos do setor
saúde, no contexto da reforma do Estado. Enfoca especialmente o papel da Coordenação Geral
de Desenvolvimento de Recursos Humanos para o SUS (CGDRH/SUS), do Ministério. Define
a missão da CGDRH como ser agente regulatório: da formação profissional; das práticas
profissionais; da gestão do trabalho e das relações de trabalho.
Abstract
This paper discusses the role of the Health Ministry, related to Human Resources of the health
sector in the State Reform context. It focuses on the role of the General Coordination for
Human Resources Development for the Brazilian Health System (CGDRH/SUS). It defines the
CGDRH/SUS as a regulatory agent for: the professional education; the professional practices;
the work management and work relationships.
LUIZ CORDONI JUNIOR MÉDICO S ANITARISTA, DOUTOR EM SAÚDE PÚBLICA , DOCENTE DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA S AÚDE
DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DELONDRINA – P R, COORDENADOR DA CGDRH-SUS/SPS/MS 1998/99.
SANDRA AKIKO M AKUDA M ÉDICA SANITARISTA, ESPECIALISTA EM MEDICINA P REVENTIVA E SOCIAL.
INTRODUÇÃO
A discussão sobre o papel do Estado e sua reforma dominou os anos 90. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mergulhados em crise herdada dos anos 80, os Estados Nacionais transformaram-se BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva,
em presas fáceis da ideologia neoliberal que preconizava o Estado Mínimo.As afirmações 1998a.
a seguir ilustram um pouco da visão da ideologia neoliberal:
BRASIL. Ministério da Saúde. Regulação, gestão de recursos humanos em saúde na perspectiva
(....) um governo suficientemente forte para garantir a ordem e a lei, mas demasiado da reforma do Estado. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 1998b. 198 p.
fraco para pôr em prática medidas ambiciosas de regulação econômica, ou para
empreender uma ampla redistribuição, provavelmente é o mais condizente com o CARVALHO, I. G.; SANTOS, L. Sistema Único de Saúde – Comentário à Lei Orgânica da
crescimento econômico (....) (POSNER apud PRZEWORSKI, 1996). Saúde (Lei nºs 8.080/90 e 8.142/90). São Paulo: Hucitec, 1992. 370 p.
(....) sistema político e sistema econômico são ambos considerados mercados, FERREIRA, A. B. H Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova
nos quais o resultado é determinado pela interação entre pessoas que perseguem Fronteira, 1995.
seus próprios interesses individuais e não metas sociais que os participantes julgam
vantajoso anunciar (....) (FRIEDMAN apud SAUL, 1993). OSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventing government: how the entrepreneural spirit is
transforming the public setor. New York: Plume/Penguin, 1993.
Em meio à avassaladora investida do neoliberalismo que surge como reação ao
Estado do Bem-estar e ao Estado Intervencionista, e impulsionadas pela globalização e PEREIRA, L. C. B.; SPINK, P. K. (orgs.). Reforma do Estado e administração pública
a monopolarização internacional que se seguiu à falência do socialismo real, algumas gerencial. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. 316 p.
vozes tentavam recolocar a discussão sobre o papel do Estado em seus devidos eixos. PRZEWORSKI, A. Reforma do Estado – Responsabilidade política e intervenção
Reconhecendo as dificuldades enfrentadas pelas políticas de bem-estar social e a ineficácia econômica. Revista Brasileira de Ciências Sociais; n. 32, ano 11, p. 18-40, 1996.
do Estado Intervencionista, esses atores passaram a buscar um novo modelo de atuação
do Estado, sem negar-lhe a importância. SAUL, R. P. Neoliberalismo, sociologia e indivíduo. Humanas; v. 16, n. 1 jan./jun., p.
Dois norte-americanos, em 1992, destacavam a importância do governo, 7-30, 1993.
afirmando: “nós acreditamos profundamente em governo, (...) nós acreditamos que a
sociedade civilizada não pode funcionar efetivamente sem governo efetivo” (OSBORNE
e GAEBLER, 1993)1 .
Esses dois autores demonstraram, através de exaustiva investigação, que
experiências de governo são bem-sucedidas quando este assume seu papel de direção e
regulação. Nem mínimo nem máximo, mas sim, o Estado necessário para dirigir,
conduzir (steering) a sociedade.
PEREIRA (1998) reconhece que :
“(....) se a proposta de um Estado Mínimo não é realista, e se o fator básico
subjacente à crise econômica é a crise do Estado, a conclusão só pode ser uma: a
solução não é provocar o definhamento do Estado, mas reconstruí-lo, reformá-
lo”.
A partir desta afirmação, o autor enfatiza a necessidade de o Estado reforçar o
4 seu papel regulador. 9
Durante o seminário sobre Regulação e Gestão de Recursos humanos em Saúde
na Perspectiva da Reforma do Estado, realizado em Brasília em 1997, foram apontadas
algumas questões que deveriam ser analisadas mais profundamente durante o processo
de reforma, dentre as quais a qualidade do gasto público: “(...) a reforma do Estado não
se condiciona necessariamente a um menor gasto, mas a um gasto redirecionado a
setores definidos como essenciais e estratégicos” (BRASIL, 1998b).