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Tatiana Duarte/Mestranda-PPGAV-CA-UFPel
Preambular:
que passasse
Adotamos a expressão “rolê e buzão” porque são gírias de uso popular, que
se referem tanto ao caminhar pela cidade como ao transporte público. A palavra
buzão redigida com a letra z, se refere a expressão verbal e escrita que é
comumente usada pela “galera” que usa diariamente o transporte coletivo, e
denotando a ênfase no som expressivo do Z, quando pronunciado pelos usuários
que deslocarem-se pelas zonas centrais e periférica das cidades. Essa ação teve
como prática o deslocamento pela cidade, por meio do transporte público, que liga
centro e a periferia, numa rota circular, com o objetivo de promover um outro modo
de afetar-se pelos diferentes locais e seus usos que constituem a cidade de Pelotas,
onde residem os membros do grupo, para alguns desses era a primeira vez que
deslocavam-se por essa rota, adentrando os bairros e as zonas periféricas. No
percurso, observamos as diversas características dos locais que percorremos, dos
passageiros e da cidade, acolhemos possíveis ideias e imagens que
potencializaram a produção artística de cada um, além de percebermos fatores os
mais distintos e dialogarmos sobre questões culturais e socioeconômicos que
caracterizam as distintas localidades das cidades brasileiras e de Pelotas. Assim,
buscamos modos de criar desvios, de levar a arte até o cotidiano e de trazê-lo para
o contexto da arte, por meio da geração de registros audiovisuais, escritos poéticos
e fotográficos, bem como desenhos, anotações e cartografias durante o percurso.
. Durante o trajeto atentamos para uma utilização lúdica dos espaços que são
ocupados de maneiras diversas. Em meio a isso surgem linhas, diálogos, tempos
que se separam e se costuram através de um mesmo dispositivo, o ônibus. Se
dentro desse veículo vemos todos em um estado de espera e de busca para chegar
a algum lugar, do lado de fora vemos as diferenças que compõem a cidade e seus
fluxos cotidianos.
Segunda Parte
O vento que passava era úmido e às vezes tinha gotas de água que escorre
por ela, mesmo assim as pessoas que entraram naquela manhã estavam atentas
aos entornos por onde passavam e davam algumas espiadas para fora,
conseguisse ler algumas das anotações de uma pessoa que se sentou bem ao lado
da janela, e lá estava escrito que esta podia ser um dispositivo, é interessante como
também proporcionam vista para os locais. No caderno tinham algumas perguntas
como esta: Como esse ir e vir, este lugar, pode pôr a memória a ser potencializada
em seu trajeto?
Fig. 03: Rolé de Buzão pelos interbairros em Pelotas, uma hora e vinte minutos
no total. 2018. Fonte: Acervo Pessoal
Ao embarcar no ônibus meu intuito era observar, olhar para a Pelotas nunca
vista, e ao mesmo tempo que eu fixava o que a janela enquadrava sucessivamente,
acionava a máquina fotográfica digital. O olho direcionava a atenção as texturas
presentes na pele das casas caiadas, chamuscadas pelo cimento, em madeiras
desbastadas pelo tempo, em cores vivas e outras cinzentas marcadas pela umidade
climática de Pelotas. A máquina, sem o olho acionava o que o gesto do dedo
captava. Ou seja, apontava a máquina fotografia digital para o que não conseguia
ver. Sentada em um banco ao lado da janela e por meio dessa sentia que ainda não
tinha entrado no veio da periferia, pois de longe avistava as ruas embarradas,
esburacadas que o transporte público não tem acesso. O ônibus ainda percorre um
anel que contorna o centro, as zonas privilegiadas. Pois, onde o ônibus percorre,
uma rota pré –determinada, o asfalto ainda perdura. Nas paradas é possível
vislumbrar um horizonte habitado. A intenção era poder apreender a vista em
movimento, aquela menos atravessada pelo olhar focado e a partir disso acolher as
massas de cor, a densidade das crostas das coisas perpassada pela atmosfera que
junto a experiência do deslocamento imprime uma percepção passageira. Por fim,
uma multiplicidade de quadros compõe a paisagem continua que o ônibus ativa.
Foram captadas 232 imagens de uma câmera digital localizada sobre o ombro e
apontada a cena enquadrada pela janela. As imagens são colocadas lado a lado
(fig. 1 e fig. 2) em conjunções variadas constituindo rotas, reinventando a rota do
ônibus, por meio das fotografias une as sucessivas construções, pessoas, coisas,
nuvens por relações formais e cromáticas. A solidez das casas, os corpos concisos
são revelados em cores e texturas borradas que representam a diversidade que se
interpõe ao olhar e na mesma hora se torna fugidia.
Adriane Corrêa
1
Espectro sonoro é o conjunto de todas as ondas que compõem os sons audíveis e não audíveis
pelo ser humano;
2
Qualidade ou estado de ser único;
3
Paisagem sonora é um conceito com origem na palavra inglesa "soundscape" e que se caracteriza
pelo estudo e análise do universo sonoro que nos rodeia.
4
Frequência Sonora é o número de ciclos de uma onda sonora, por segundo;
5
Quick response - código bidimensional escaneado por telefones celulares com acesso à internet.
Pode ser instalado baixando o aplicativo "QR Code" na loja virtual do aparelho, após instalação so
apontar o quadrado para o código.
acontecimentos ligados aquela lembrança segundo Dr. Aidan Horner, do Instituto de
Neurociência Cognitiva.
REFERÊNCIAS: