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A escravidão ilegal no Brasil nos

séculos XIX e XX.

Prof. dr. Gladyson S. B. Pereira


ESCRAVIDÃO ILEGAL
A escravização ilegal de homens livres e pobres, submetidos a condições de vida e
de trabalho semelhantes às dos escravos, foram registrados nos códigos penais do século
XIX e do século XX.

DURANTE O IMPÉRIO DO BRASIL

O artigo 179 do código criminal do império foi uma tentativa legal de combater tal
prática.

DURANTE A REPÚBLICA DO BRASIL

O primeiro código penal republicano de 1890 não manteve o artigo 179

O segundo códio penal republicano datado de 1940 recupera o artigo 179 do


código criminal do império transformando-o no artigo 149, entretanto torna as penas
mais brandas e exclui a indenização exigida no código do império.

O artigo 149 do segundo código penal da república se mostrou um instrumento


Lei de 1831 e os africanos livres

Com o fim do tráfico de africanos escravizados para o


Brasil a partir de 1830, resultado de um tratado de 1826 com
a Inglaterra, tratado transformado em lei em 1831, não só
proibindo o tráfico de escravos e declarando livres os
escravizados trazidos ilegalmente ao Brasil como punindo
quem participasse desse comércio.
A partir desse ano qualquer negreiro apreendido deveria
ser submetido a um tribunal para ser julgado por pirataria e
os africanos nele apreendidos deveriam ser postos em
liberdade.
Beatriz G. Mamigonian em seu recente livro “Africanos
livres; a abolição do tráfico de escravos no Brasil” sintetiza a
A escravidão por dívida de
portugueses livres e pobres - 1858
Os negociantes de negreiros contaram com a conivência
dos governos de Portugal e do Brasil no XIX, não só para o
comércio de africanos livres, mas, também para o comércio
de portugueses livres e pobres. Francisco Gomes de
Amorim, que se tornou um literato de relevo em Portugal,
relatou em 1858 em seu livro “Cantos Matutinos” como
portugueses pobres acabavam vitimas dos mesmos
traficantes negreiros:
Eu tinha pouco mais de nove annos, quando
algumas leis repressivas do trafico da escravatura
preta encaminharam a especulação dos negreiros
para o commercio dos escravos brancos. (…).
Os engajadores inundavam, como agora, as
províncias do norte do reino, agarrando gente por
Código criminal do império - 1858

A Lei de Plagium, parte da constituição do império e se


originou das ordenações filipinas, exatamente para tratar de
casos de falseamento da condição de livre, observemos o
texto da lei:

Parte terceira
Dos crimes particulares. (1)
TITULO I.
Dos crimes contra a liberdade individual (2).
Art. 179. Reduzir á escravidão a pessoa livre
que se achar em posse da sua liberdade (3).
Penas – de prisão por tres a nove annos, e de
Euclides da Cunha e sua denúncia de 1909.

Após a abolição da escravatura e da proclamação da


república, Euclides da Cunha denuncia essa mesma
situação no artigo intitulado “A margem da História”,
resultado de sua excursão a Amazônia entre 1904 e 1908, e
publicado em 1909. Ele descreve a situação de cearenses
que foram para a Amazônia fugindo da seca de 1877.
Euclides é detalhista:
De feito, o seringueiro, e não designamos o
patrão opulento, senão o freguês jungido à gleba
das “estradas”, o seringueiro realiza uma tremenda
anomalia: é o homem que trabalha para escravizar-
se.
[…] Vede esta conta de venda de um homem:
No próprio dia em que parte do Ceará, o
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE
7 DE DEZEMBRO DE 1940
Durante os primeiros cinquenta anos de república no
Brasil nenhuma legislação coibiu a existência de situações
de exploração semelhantes às condições de vida e de
trabalho dos escravos no império. O primeiro código penal
republicano de 1890, que não fazia qualquer referência ao
crime de submissão a situação análoga a do escravo.
Somente no segundo código penal republicano datado de
1940 é recriado artigo 179 do código criminal do império,
entretanto, além de sua redação vaga e imprecisa, que o
torna ineficaz, as possíveis punições são abrandadas e a
multa excluída. Essa redação será mantida igual durante
todo século XX:
:

CÓDIGO PENAL
CAPÍTULO VI - DOS CRIMES CONTRA A
LIBERDADE INDIVIDUAL
O estatuto do trabalhador rural de 1963, os
“peões-escravos” e Casaldáliga.

O “Estatuto do Trabalhador Rural” de 1963 aqui,


por um lado, pode ser considerado o primeiro
documento formal reconhecendo direitos aos
assalariados rurais – fixando condições de
trabalho e proteção especial -, por outro lado,
num contexto proletarização rural e de incentivos
fiscais à expansão da fronteira agrícola financiada
pelo regime militar (que se desdobraram na
expulsão de agregados e posseiros), aquele
Estatuto serviu, contraditoriamente, a uma
perversão da embrionária cidadania no campo.
Restou ao camponês a crescente
INSTRUÇÃO NORMATIVA INTERSECRETARIAL Nº 1, de
24.03.94
(DOU de 28.03.94)

Dispõe sobre procedimentos da Inspeção do Trabalho na


Área Rural.
[...]
II - DOS PROCEDIMENTOS
2. PARA EXECUÇÃO DA AÇÃO FISCAL
[...]
2.3. Toda vez que o Agende da Inspeção do Trabalho
constatar que o empregador rural "pratica atos com o
objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos oriundos da legislação
trabalhista, ou usa de fraude ou violência para
frustrar direito assegurado pela legislação do trabalho"
LEI Nº 10.803, DE 11 DE
DEZEMBRO DE 2003.
Somente cento e quinze anos após a abolição da
escravatura e sessenta e, três anos depois de decretado o
segundo código penal republicano, o artigo 149 sofrerá sua
primeira alteração. Em 11 de Dezembro de 2003, esse, que
foi o único instrumento legal de combate a escravização
criado no pós-abolição, recebe um novo texto:

Altera o art. 149 do Decreto-Lei no 2.848, de 7


de dezembro de 1940 - Código Penal, para
estabelecer penas ao crime nele tipificado e
indicar as hipóteses em que se configura
condição análoga à de escravo.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
que o Congresso Nacional decreta e eu
A portaria do Ministério do Trabalho do dia
16/10/2016

⚫ O que essa portaria faz é estimular a utilização de


trabalho degradante no Brasil ao retirar a “degradância” e
a “jornada exaustiva” dos elementos caracterizadores do
“trabalho escravo contemporâneo”.
⚫ altera previsão expressa na letra da lei, no artigo 149 do
Código Penal.
⚫ Exige a lavratura de Boletim de Ocorrência por autoria da
policial que tenha participado da fiscalização. Acontece
que, na maioria das vezes, a caracterização do trabalho
escravo se dá em inspeções de rotina dos auditores
fiscais em que não há acompanhamento policial.
⚫ Cerca de 90% dos processos e investigações sobre
Lucas Reis da Silva. Auditor-Fiscal
do Trabalho.
⚫ vou narrar aqui se trata de uma operação realizada em
2014 no sudoeste do Estado do Maranhão, da qual
participei.
⚫ Eram 11 mulheres e homens, trabalhadores rurais, que em
sua maioria chegavam a trabalhar 14, 16 e alguns deles
até 18 horas por dia. Isso mesmo. Dezoito horas por dia.
Não tinham descanso semanal remunerado, nem os
intervalos legalmente previstos para repouso e
alimentação ou o intervalo obrigatório entre duas jornadas
de trabalho (chamado de intervalo interjornada). Não
recebiam salário. Trabalhavam pela parca comida que
lhes era entregue para cozinharem em um fogareiro
improvisado ao chão de terra, movido à lenha recolhida
por eles ali mesmo no pasto onde foram colocados para
morar.

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