Primeiro-ministro finta o fisco

Ja
Na rota dos dias

Queixa contra governo

SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 16 • 4 Novembro 2010
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Neves
deve mais
de um
segue para OIT
Encerradas as empresas há largos anos, os trabalhadores
da ex-EMPA e ex-TRANSCOR esperam (e desesperam)
que com eles acertem as indemnizações devidas. Para a
CCSL, Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Li-
vres, já não há paciência: fez avançar queixa para a Or-
milhão
Emanuel Moreira
ganização Internacional do Trabalho. No mundo laboral
multiplicam-se casos, alguns deles espantosos: o proces-
so da Cooperativa de Construção Civil, velho de 17 anos,
levou sumiço do tribunal. Dá para acreditar? Pág. 4
mais de 500 contos
“Eles” querem transformar Cabo
Isto vimos
Verde na “república das bananas”:
Estatísticas revelam a verdade do País o primeiro ministro está em
dívida – quatro anos fiscais de
Números do INE IUR, 1.194.416$00 (um milhão
cento e noventa e quatro mil,

desmentem quatrocentos e dezasseis escudos).

O Diretor-Geral das Contribuições e Impostos,

propaganda José Emanuel Moreira, segue o exemplo do chefe

Às voltas com a sua pré-campanha eleitoral, JMN tudo tem feito para enco-
brir aos cabo-verdianos a “verdadeira verdade” da situação no País, que a
propaganda oficial pinta de bonitas cores. Por isso, sempre que do controla-
do INE vêm estatísticas, é um ai-jesus no Palácio da Várzea. Mesmo mani-
pulados, os dados estatísticos não deixam dúvidas: a Construção e o Turismo,
dois dos principais setores da economia, estão em crise. E, para ultrapassar
esta situação, o governo (ocupado na pré-campanha) não tem tempo para
tomar medidas Páginas centrais
e ele próprio foge a pagar impostos: três anos
de IUR - 521.499$00 (quinhentos e vinte um mil,
quatrocentos e noventa e nove escudos). Para
esconder a pouca vergonha e obrigar os cidadãos
a pagar, enquanto os bosses se recusam a fazê-lo,
“eles” não estão com meias medidas: colocam os
seus jotinhas como inspetores das Finanças Pág. 9

Agora são as matrizes dos terrenos Mistério a esclarecer

Mais um ataque Baleias e golfinhos: hecatombe nas praias

B aleias e golfinhos têm vindo a morrer,
às centenas, nas praias do arquipélago.

ao Poder Local Os cientistas e os ambientalistas não encon-

tram explicação para este desastre ecológico
que transforma a orla das ilhas em cemitério
O governo prepara-se para esvaziar as competências do Poder
Local: em causa estão as matrizes dos terrenos, num momento
em que há perspetivas de aumento exponencial da procura de terras
de cetáceos e sirénios. Há coincidência que
os biólogos relevam: os grandes “suicídios
coletivos” destes mamíferos marinhos acon-
por investidores estrangeiros e nacionais. Espanto dos espantos: o tecem quando há submarinos nas proximi-
governo alega irregularidades havidas em Câmaras, então sob gestão dades: os sonares podem fazê-los perder o
PAICV (Praia, por exemplo), para atacar as Autarquias agora sob sentido de orientação, levando-os a encalhar
gestão MpD Pág. 12 na costa Pág. 8
2 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010

marco do correio editorial

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto. Vlademiro
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados, Osvaldo Marçal
nem se prestará informação postal sobre eles. semanarioja@gmail.com

Afinal, quem é o cargo de Chefe do Estado Maior

das Forças Armadas. Está mais do
o Chefe do que claro! Este, é um chefe que
obedece politicamente a tudo o que
Estado Maior a Ministra mandar.
das Forças Faz-se um Juramento da Bandeira,
Portanto, a Sr.ª Cristina Fontes
Lima deve colocar-se no seu lugar
de Ministra da Defesa e deixar o
Tambra trabalhar como Chefe do
Estado Maior. O ministro só deve
aparecer, de vez em quando, em
grandes cerimónias militares. Com

lá está a ministra a falar da tropa.
Armadas? Organiza-se uma manobra militar,
quem dá entrevista à comunicação
Desde a nomeação da Sr.ª Cristina social é a Sr.ª Cristina. Organiza-se
Faça-se luz
a vinda desta senhora, a sua tão
propalada Reforma das Forças
Armadas foi acabar com a instrução
contínua dos Soldados nas

C
Fontes como Ministra da Defesa, a “atelier” sobre a saúde, quem mais Unidades Militares, colocou a onsciente de que o falhanço da sua política
confusão se instalou na tropa. Esta fala aos jornalistas é a Sr.ª Ministra. Polícia Militar na Ordem Pública, energética pode ser uma das causas da “morte do
Senhora fala muito e não diz coisa Aquando das manobras da NATO pôs a tropa na limpeza do lixo, na
com coisa. Foi levada pela conversa
artista”, JMN desdobra-se, tarde e já péssimas
esta ministra passou todo o tempo a Capital e na “Guerra contra os
do Tey Matos, fez uma Orgânica dar entrevistas. Macacos me mosquistos”. horas, para achar o que, há muito, devia ter procurado: uma
das FA que não serve para nada. mordam, o que entende a Cristina de solução. Durante 10 anos quis fintar os cabo-verdianos com
Criaram dois comandos junto do manobras militares? O interessante, Só fachada, Sr.ª Ministra! Venha às discursos, até descobrir que o paleio não faz geradores
Estado Maior só para dar cargos a é que ela, nas entrevistas, diz as casernas ver o estado dos colchões, funcionar e os cabo-verdianos estão fartos de “palavras
camaradas e criar mais dificuldades mesmas coisas: “Reforma das FA”, das camas, dos lençóis (?), o
futuras. Caso um dia queira-se
bonitas” e de apagões.
“Soldado Cidadão”, “Vamos fardamento, e, por fim, dê uma
cessar dessas funções, os titulares adquirir dois helicópteros”, olhadela à volta dos muros do Já com eleições à vista, Neves atirou-se para os braços de
desses cargos, para onde serão “Estamos em condições de patrulhar quartel de Achada Mato e repare o Jorge Coelho/Mota Engil, gizando negociata, com pano
colocados ou nomedos? Pois é, as nossas costas”, blá, blá, blá. estado em que se encontra. Muita para muitas mangas, para que eleitores vejam moinhos de
Senhora Ministra, para onde? mer… Já agora, nessa mesma vento a rodar sobre cutelos sem se interrogarem que custos
Felizmente, mais tarde, a senhora Aonde está o Tambra? Afinal, quem Unidade de Achada Mato, veja lá o
Ministra descobriu que o Tey Matos
isso terá, quando e como serão pagos e se não existiam
é o Chefe do Estado Maior das estado do Refeitório e a cozinha dos
era perigoso. Assim, resolveu Forças Armadas? Em toda a parte Soldados. Portanto, Sr.ª Ministra, contratos alternativos e menos onerosos para o País. E
afastá-lo desse cargo de Chefe do do mundo, quem manda na Tropa é deixe o Tambra tomar conta da andou em escondida roda-viva da Praia até Luanda para
Estado Maior das FA. o Chefe do Estado Maior. Ministro, tropa. Não venha fazer campanha mendigar junto da Sonangol e dos seus amigos do MPLA a
é o um cargo político. Já esteve o com a tropa. resolução da “conta calada” (900 mil contos) que a Electra
Com a entrada do Pereira (Tâmbra) Maurício, saiu. Está agora a
a senhora Ministra resolveu assumir
com eles tem – a razão verdadeira das “sabotagens” que
Cristina que amanhã pode não estar. Um oficial preocupado
têm posto Cabo Verde às escuras. Entretida na contra-
informação ao serviço de Neves & Cia, a distraída “A
Semana”, falhada a invencionice das “sabotagens” (de que
O que faz a diferença dias referia-se ao senhor manifestasse toda a sua percurso na história valorosa
depois certamente seriam responsabilizadas as oposições),
Deputado Pascoal Santos ordinarice e grosseria, do honrado povo cabo-
Durante os dez anos em que o como sendo pessoa confusa e insultando os adversários e verdiano. só agora soube o que toda a gente, sabia: os credores
Dr. Carlos Veiga serviu como aluno medíocre. fingindo, hipocritamente, de Curioso ainda é que alguns
Primeiro-ministro deste país, Salta à vista de qualquer coitado. representantes do Corpo
fechavam a torneira à Electra porque a calotice tem limites.
nunca se lhe ouviu uma ouvinte ou observador atento É um facto que, hoje, com o Diplomático, que é gente, As repetidas viagens de Neves a Luanda começam a
palavra insultuosa dirigida a que a Mesa que conduz os alastramento do ensino, muita geralmente, de boas maneiras, colocar a Electra nas mãos da Sonangol/Enacol: decorrem
qualquer Deputado, durante os trabalhos da assembleia, lá gente tem curso superior e não têm olhos para estas
vários debates que tiveram recomenda, de vez em qualquer um é membro do diferenças. Fazem ou fingem
conversações para os angolanos entrarem no capital da
lugar no Parlamento. quando, a algum Deputado, Governo. Mas educação fazer vistas grossas sobre Electra, admitindo-se a conversão de parte da dívida em
Desde 2001, porém, que em que modere a linguagem. caseira e saber estar, só muito aspectos importantes que capital. Entretanto, a Electra obtém do BAI financiamento
todos os debates que têm Mas, nunca chama atenção ao poucos têm e demonstram. E caracterizam a democracia, o
lugar na Assembleia Nacional, Primeiro-ministro e aos é fundamentalmente isto que respeito pelo adversário de 700 mil contos para acudir às dívidas à Enacol e Shell
o ainda Primeiro-ministro, membros do Governo, como faz a diferença, num país que político e enobrecem qualquer (total 1,1 milhões de contos). No entanto, há total silêncio
senhor José Maria Neves não se este não fosse sujeito se quer democrático, povo educado, preferindo sobre as condições deste crédito – apagão de informações.
passa uma sessão sem insultar parlamentar. Desta maneira, moderno, desenvolvido e de palmadinhas e arrotos do
os Deputados da Oposição, ainda na semana passada o referência. Carlos Veiga é uma pessoal do poder. Depois de, com demagogia “nacionalista” e patrioteira,
homens e mulheres, jovens e Presidente em exercício e referência positiva; José Maria Será por Cabo Verde pertencer Neves ter rompido com os portugueses da EDP, deita-se
menos jovens. Já lhes chamou camarada do senhor José Neves é um mau exemplo; o ao soit-disant tiers monde? agora no regaço angolano. Irá isso resolver o problema da
de velhos, de aves de rapina, Maria Neves permitia a este que não deve ser, nem
de antipatriotas e ainda há que, impunemente, acontecer; um acidente de Zulu Electra (que já chupou o INPS e as pensões dos
cabo-verdianos)? Há sobejas razões para ter dúvidas, até
porque tudo isto se faz com transparência nula.

Anuncie Já
Neves teve 10 anos para resolver o problema energético e
garantir eletricidade a Cabo Verde e aos cabo-verdianos.
Não o fez. Agora, com as calças na mão, corre, corre,

no jornal de maior
corre: a poucos meses da ida às urnas, o que move Neves
não é o interesse nacional, é o terror de saltar do poleiro.
Há que lhe exigir o total esclarecimento deste negócio. Até

tiragem do País porque os angolanos são camaradas, mas de certeza que

não são burros.

20 000 exemplares! Telefone: (00238) 2623817

Já SEMANÁRIO GRATUITO
semanarioja@gmail.com Administração e Redação:
Largo Eusébio da Silva Ferreira,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Aproveite os preços promocionais. Ligue 262 38 17 e reserve o seu espaço Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Medi@capital, SA
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares
 Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 3

na rota dos dias

Pesadelo assalta Mindelo Autarcas indignados

Electra
ataca em
S. Domingos
O Auditório Nacional esteve na eminência de a Electra
lhe cortar a luz. Mas os técnicos da empresa recuaram,
em cima da hora: José Maria Neves organizava, nesse
dia, uma sessão com jovens. Com as Câmaras não
pintadas de amarelo, a Electra não tem pruridos: vai lá
e corta mesmo a energia. Aconteceu em S. Domingos

Kasu-bodi
por todo o lado
Relatos de kasu-bodi mostram que Mindelo já não é cidade pacífica: as pessoas têm medo de
andar nas ruas, sozinhas, à noite. A Polícia soma números para apresentar estatísticas a
provar que não existe violência na cidade do Porto Grande. Todavia, a realidade é outra

A
s autoridades policiais e polí-
ticas de São Vicente tentam
fazer crer que o kasu-bodi é
um tipo de assalto marginal e que só
acontece de vez em quando. Mostram
números e fazem comparações com o
fenómeno thug na cidade da Praia - a
velha mania de se comparar com os
piores. Mas, já não conseguem dizer
que os casos relatados na comunicação
social são invenção dos jornalistas.
Isto porque as denúncias são muitas.
As vítimas começam a falar. Contam o
sofrimento que lhes atingiu a carne ora
com socos, ora com pedradas, ora com
facadas, ora com pontapés. Falam do
medo que lhes ficou na mente. Do
pavor. Das lembranças que evitam
sempre que vão a rua. Para as autori-
dades essas vítimas são apenas estatís-
ticas, números. Mas, não é assim. É
gente que sofreu na pele a agressão.
Que convive com o pesadelo. Com de-
poimentos, de que respeitamos o ano-
nimato, seguimos o rasto de dor deixa-
do pelas vítimas de assalto, na cidade
do Mindelo.
“Eu fui vítima dos kasu–bodi. A mi-
nha frustração não foi o que me leva-
ram, mas a forma como agiram. Colo-
carem-me duas catanas no pescoço de-
pois de me terem atirado ao chão. Pen-
so que, nós, cidadãos honestos, devía-
mo-nos reunir com paus, catanas, fa-
cas e tudo o que pode ferir e perseguir
esses meliantes como os lobos perse-
guem as ovelhas. As autoridades estão
mais preocupadas em esconder os fac- que havia no porta-luvas. Depois, sen-
tos para não prejudicar a imagem do tiu o golpe de uma pedra na cabeça.
País. Então que sejamos nós a fazer
justiça”.
Mais precisamente, um pouco acima
do sobrolho.
As marcas que ficam em quem é Muitas são as histórias e o sofrimento
assaltado não são folhetim policial. O de quem já foi assaltado nas ruas de
apelo à criação de brigadas populares São Vicente - são cicatrizes que estão
armadas para caçar kasu-bodistas é no corpo, faltando avaliar os transtor-
linha constante nas vítimas e certifica- nos psicológicos que tais ações provo-
do de incompetência para a Policia. cam nos mindelenses. Muitos têm me-
Uma vítima pergunta: “Vai ser neces- do e já não andam, pelo menos à noite,
sário que eu ande ar- sem estarem acom-
mado e forme o meu Muitas são as histórias panhados. Os que já
grupo para dar caça a e o sofrimento de foram assaltados não
esses bandidos, indo
desalojá-los lá onde
quem já foi assaltado entendem uma coisa: a
violência desproporcio-
estão? Para o que serve nas ruas de São nada que os assaltantes
a polícia? Só para dar Vicente - são cicatrizes utilizam.
show, passando multas
que estão no corpo, Uma vítima de kasu-
estúpidas a honestos ci- bodi no Madeiralzinho
dadãos, ou para exibir- faltando avaliar os disse-nos: “Não enten-
se cercando a CMSV. transtornos do. Dei-lhe o meu tele-
Onde está o governo?” psicológicos que tais móvel. Não reagi e,
mesmo assim, atirou-
Dor no corpo, ações provocam nos me ao chão e deu-me
medo na alma mindelenses vários socos na cara e
Ermitério, conhecido na cabeça”. Cadê o mi-
por Iuta, foi assaltado e agredido por nistro da Administração Interna? Cadê
dois homens. Apanhou uma pedrada na a Policia?
cabeça, que lhe provocou um ferimen- Fica aqui provado que as vítimas do
to - teve de levar dezoito pontos. Iuta kasu-bodi não são apenas números de
estava numa confraternização no estatísticas manobradas: são gente que
Monte Sossego, junto do Campo de sofre. Gente que tem medo de sair à
Bitm e, quando ia a entrar no seu carro, rua, enquanto as autoridades dizem
foi surpreendido por um dos assaltantes que não se passa nada e tentam fazer
que lhe tentou retirar um fio de ouro. O crer que os crimes contra pessoas estão
outro entrou no carro e tentou levar o a diminuir em São Vicente.
O s autarcas de S. Domingos
estão indignados com a
Electra que, na semana passada,
decidiu cortar o fornecimento de
energia aos Paços do Concelho,
por alegada dívida da Câmara. Em
declarações ao Já, o Vereador
Francisco Moreira disse não
entender a atitude da empresa e a
ofensiva contra a Câmara, “saben-
do-se, de antemão que todas as
Câmaras do País devem dinheiro à
Electra”.
Já sabe do caso da Câmara
Municipal de S. Lourenço dos Ór-
gãos: os serviços da Electra foram
fazer corte de energia e esta terá
passado um cheque no valor de
200 contos que, alegadamente,
não tinha cobertura: mas conti-
nuou com energia.
Apesar dos ataques sistemáticos e
do cerco que o governo tenta mon-
tar à Câmara de S. Domingos –
agora via Electra –, o autarca
acrescentou ao Já que essa ofensi-
va é como deitar água em balaio
furado: “estão a perder tempo,
porque aqui trabalha-se”, expres-
sou Moreira, na ausência do edil
local (Fernando Jorge Borges) que
se encontra nos Estados Unidos da
América em missão de serviço.
Certo é que a situação voltou à
normalidade depois de um en-
A Electra foi cortar
energia à Câmara
Municipal de S.
Lourenço dos Órgãos
(PAICV) e esta
ter-lhe-á passado um
cheque no valor de 200
contos que,
alegadamente, não
tinha cobertura: mas
continuou com energia
tendimento com a Electra, mas os
autarcas de S. Domingos garan-
tem que não vão tolerar situações
de discriminações do género e
fazem menção de denunciar o
caso na comunicação social quan-
tas vezes for necessário.
O mais caricato, chocante e elu-
cidativo é que uma equipa da
Electra foi cortar energia ao
Auditório Nacional, na terça-feira
da passada semana, precisamente
no dia em que José Maria Neves
agendara para aí um encontro com
jovens: a equipa teve de recuar
desse intento, porque, em Cabo
Verde, há filhos e enteados e as
regras com que se cose o gover-
no/PAICV não são as mesmas
com que o resto se amanha.
4 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010

na rota dos dias

Já não há pachorra
CCSL apresenta na O.I.T.
queixa contra
o governo
Promessas e demagogia não enchem barriga. Fintados ao longo de anos,
recebendo promessas atrás de promessas, mas não vendo a cor do dinheiro
das indemnizações, os ex-trabalhadores da EMPA e da TRANSCOR fartaram-se.
E a CCSL apresentou queixa à Organização Internacional do Trabalho

A
Confederação Cabo-Verdiana
dos Sindicatos Livres
(CCSL) é mais um organis-
mo sindical a insurgir-se contra a
situação laboral reinante no País. José
Manuel Vaz, líder dessa confederação,
apresentou, na semana passada, à Or-
ganização Internacional do Trabalho
(OIT) queixa contra o governo de
Cabo Verde pela sua inércia na reso-
lução do problema das indemnizações
dos trabalhadores da antiga EMPA e
TRANSCOR.
O dirigente sindical disse a Já que
todas as vezes que a CCSL toma a ini-
ciativa de reunir os trabalhadores da
EMPA para análise da situação, o gov-
erno e deputados afetos ao PAICV des-
dobram-se em contatos para convencer
esses trabalhadores e as suas famílias a
não tomar parte nas reuniões, alegando
que não vale a pena porque o executi-
vo de José Maria Neves já tem todo o
montante de indemnização preparado.
José Manuel Vaz considera que há des-
gaste na psique dos trabalhadores da
EMPA que têm sido alvo de promessas
que nunca são concretizadas. O gover-
no tinha mesmo prometido que se a
venda do património da EMPA fosse
superior ao valor fixado, procederia à
liquidação da outra parte da indem-
nização: “nós sabemos que o valor dos
bens vendidos foi largamente superior efetuados para Instituto Nacional de
à projecção que tinha sido feita”, diz o Previdência Social: há trabalhadores
dirigente sindical que considera o caso que efetuaram descontos que não
da TRANSCOR em tudo igual ao da foram encaminhados para o INPS, o
EMPA. “Os trabalhadores estão expec- que, para ele, é uma ilegalidade brutal
tantes há anos, e não há forma do gov- e deve ser corrigido.
erno pôr a mão na consciência para ver O presidente da Confederação Cabo-
que o que está em causa não é um Verdiana dos Sindicatos Livres
mero capricho dos sindicatos, mas um mostra-se também preocupado com o
direito dos trabalhadores”, insurge-se, caso da empresa Justino Lopes: esses
esperando que as organizações dos trabalhadores passam por situações
Direitos Humanos assumam as suas difíceis e, desde 2002, o chefe do
responsabilidades nesta matéria. Governo tinha assumido que resolve-
ria o problema. “A questão arrasta-se e
ICS apropria-se de o governo faz orelhas moucas”.
descontos trabalhadores
Para José Manuel Vaz, o Instituto
Cabo-Verdiano de Solidariedade é
outro caso bicudo, onde a situação
parece não ter saída. “São cerca de 18
trabalhadores nesta situação. Há qua-
tro trabalhadores para quem o
Ministério das Finanças diz ter envia-
do o dinheiro das indemnizações, mas
apenas um recebeu esse dinheiro. A
verdade é que os 3 que ficaram a tra-
balhar para Finanças já não têm qual-
quer vínculo à administração pública.
O ICS ficou com o dinheiro das inde-
mnizações desses três trabalhadores”,
acusa José Manuel Vaz. O sindicalista
diz que há outra situação ligada ao
ICS, que tem a ver com os descontos

Escandaloso

Processo da CCC leva sumiço em tribunal

J osé Manuel Vaz traz à liça a questão
da Cooperativa de Construção Civil,
um caso que remonta há 17 anos, portanto
já com barbas… brancas. “Eram mais de
20 trabalhadores despedidos sem justa
causa. Demos entrada do processo no
Tribunal, o processo desapareceu nessas
instâncias. Posteriormente, tivemos a
informação de que o processo fora encon-
trado. Voltámos a ter agora de novo infor-
mação de que o processo voltou a desa-
parecer”, conta o sindicalista, que se
mostra agastado com os tribunais.
José Manuel Vaz considera que há juízes
“sérios e trabalhadores”, mas também há
os que não prestam para isso. Não poupan-
do críticas aos tribunais, o dirigente
mostra-se decidido a continuar a luta em
prol da verdade e da justiça.
José Manuel Vaz aponta o dedo acusador
ao Ministério do Trabalho, que não assume
as suas responsabilidades. “Temos uma
ministra vaidosa que aparece todos os dias
na televisão, mas que não tem qualquer
preocupação com a classe trabalhadora.
Em relação aos trabalhadores da EMPA é
o Ministério de Trabalho que os tem nesta
situação; foi esse Ministério que fixou o
valor das indemnizações abaixo do valor
que era devido”.

Casa para todos é ficção
Coitados
não se deixam enganar
A campanha foi lançada com alarido: “Casa para todos”, anunciou o governo. Vai-se a ver e a realidade nua e crua é “Casa para
alguns” – os coitados, a grande maioria, estão excluídos. A reportagem de Já foi observar e ouvir. E conta
A
questão da habitação é dos
problemas que mais afetam a
capital de Cabo Verde. Há
coitados em barracas que nem para
animais servem; há casas a ameaçar
cair a todo o momento; há miséria a
impedir dignidade de alojamento. E
todo o País sofre do mesmo mal. É
algo que está generalizado e cuja
solução, apesar da exigência de autar-
cas (por exemplo, o da Praia), o gover-
no recusa respostas e até fica inco-
modado quando se reclama um Plano
de Emergência, porque há dinheiro
para campanhas publicitárias, não há
para acudir às carências dos cabo-ver-
dianos.
Bernardina Lopes Borges, conhecida
por Dina, tem 30 anos, é mãe de três
filhos e vive num espaço chamado
“hotel”, situado em Achada Grande
Frente, cidade da Praia. O local rece-
beu o nome de “hotel” porque, há
vários anos, funciona como residência
forçada daqueles que nunca tiveram
oportunidade de ter lar próprio. O
espaço está a ruir mas, apesar disso, é
refúgio para muitas famílias.
Uma história entre muitas
O caso de Dina só é “especial” porque
ela, um dia, teve casa e família muito
bem estruturada. O destino foi-lhe
cruel e o que parecia ser conto de fadas
tornou-se num pesadelo. Morava em
Bela Vista com os filhos e o pai das
crianças. A dado momento acontece-
ram problemas de índole pessoal e,
como a casa encontrava-se no nome do
companheiro, Dina ficou impotente
para o impedir do desvario: o homem
“Casa para todos”, Dina abana a cabeça. “Para todos? Para
todos, como, se nem tenho dinheiro para um garrafão de água?
Casa para todos é casa também para os coitados que não têm
onde cair mortos, mas também têm direito a um sítio para
viver com dignidade”. Como Dina estão muitos cabo-verdianos
que não têm um lar e riem-se da mentira que lhes querem
meter pelos olhos: “casa para todos é ficção”
resolveu trocar a casa por um
automóvel, e pouco depois Dina foi
expulsa do espaço que entretanto
mudara de locatário. Teve que se refu-
giar na casa da mãe, onde não pôde
permanecer por muito tempo, porque a
mãe também não tinha condições para
lhe dar abrigo.
Nessa altura, Dina soube do “hotel”
em AGF e foi conhecer o espaço.
Havia quartos disponíveis: Dina, com
vontade de ter um lar, limpou o local e
fez aí a sua morada. Sem ninguém que
a ajudasse nas despesas, Dina descreve
os últimos anos da sua vida como um
“inferno”. Vive no local há nove anos
com dois filhos e tem necessidade de
tudo.
A casa não tem as mínimas condições
de habitabilidade, os tetos estão prestes
a cair: Dina ocupa dois pequenos quar-
tos que servem para tudo. Atualmente
está desempregada e, para sobreviver,
lava roupas de outras pessoas, limpa
casas quando solicitada – é empregada
doméstica. No entanto, com a crise
que por aí vai, Dina, hoje, já não re-
cebe roupas para lavar, nem a chamam
para limpar as casas: “as dificuldades
estão por todo o lado”. Por esta razão,
Dina e os filhos têm passado fome.
“Não enganem mais os
coitados”
Há dias, um senhor que se identificou
como sobrinho do dono do “hotel”,
esteve no local e perguntou-lhe quanto
pagava de renda. Ela respondeu que
não pagava nada, que o lugar estava
abandonado quando ela foi ali morar
porque não tinha onde morar com os
filhos. O tal senhor, condoído, resol-
veu deixá-los permanecer no “hotel” e
nunca mais apareceu.
Ao ouvir falar em “Casa para todos”,
Dina abana a cabeça. “Para todos?
Para todos, como, se nem tenho
dinheiro para um garrafão de água?
Casa para todos é casa também para os
coitados que não têm onde cair mortos,
mas também têm direito a um sítio
para viver com dignidade”. Como
Dina estão muitos cabo-verdianos que
não têm um lar e riem-se da mentira
que lhes querem meter pelos olhos:
“casa para todos é ficção”. A ela basta-
va um quarto para viver e onde ainda
pudesse alimentar a esperança de um
amanhã diferente. Com os olhos,
deixa-nos um apelo: “Casa para todos?
Não enganem mais os coitados”
Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 5
PAICV no Fogo
Manuel da Luz
dja brancu dja
N epotismo e peculato
(aproveitamento ilícito de
bens do Estado), por parte de
Manuel da Luz, secretário do
PAICV em DjarFogo, e a
marginalização de quantos
criticam tais práticas está a
levar ao rubro a discussão
política na ilha do vulcão.
Entre os críticos do
comportamento de Luz estão
elementos do seu próprio
partido, incomodados com o
que dizem estar a “ultrapassar
as marcas” e prejudicar
gravemente a imagem da
estrela negra junto da
população.
Manuel da Luz serve-se do seu
cargo partidário para acumular
tarefas e os benefícios deles
decorrentes. É, a um tempo,
vereador da Câmara Municipal
de S. Filipe, presidente da
Associação Sol do Fogo (onde
todas associações depositam
fundos que ele gere), dirige o
Programa Luta Contra
Pobreza, e é responsável pela
gestão do Fundo MCA no
Fogo. “Até parece que o
PAICV está vazio de quadros,
e não há mais ninguém…”, é o
que se ouve nas hostes
tambarinas foguenses.
Para esbater as críticas dos
camaradas, Manuel da Luz, à
frente da Luta Contra Pobreza,
tem beneficiado militantes do
PACV de forma ilegal,
situação que também já
suscitou protestos, ao ponto de
haver quem reclame a
intervenção do Ministério
Público. Até porque existem
densos “fumos” de corrupção,
como fonte revelou a Já:
“Manuel da Luz tem 12
terrenos adquiridos na Câmara
Municipal - ninguém sabe
como. É financiador de vários
estudantes no Fogo e na Praia;
o filho dele beneficiou de
bolsas de Estudo da Câmara
Municipal. Enfim, existe um
ror de ilegalidades que
precisam de ser apuradas”.
O nosso jornal sabe que,
nalguns círculos, se recolhem
dados aparentemente
comprometedores para o
“multifacetado” Manuel da
Luz, comprometendo-o em
atos de “enriquecimento
ilícito” que podem saltar para
a opinião pública a qualquer
momento.
PUB
PUB
8 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010
o que por aí vai
Mais cetáceos mortos em Cabo Verde
Vasos de guerra
não rimam com golfinhos
Cerca de uma centena de golfinhos deu à costa na ilha da Boavista, a 19 de Outubro. Quase metade foram devolvidos
ao mar com a ajuda da população e de turistas que se encontravam de férias na ilha. Foram contabilizados 53 os
golfinhos mortos (43 na praia do Estoril e 10 no ilhéu de Sal Rei)
E
ste “encalhe” de cetáceos é o
terceiro caso na ilha depois dos
verificados em 2003 e 2007 (es-
te último com mais de 260 mortos). E é
o segundo caso de “suicídio” destes ani-
mais marinhos em Cabo Verde. Depois
dos “suicídios” Junho (na praia de Co-
queiro, ilha de Santiago e na praia perto
de Monte Leão, ilha do Sal) no qual
morreram uma centena de baleias piloto.
Os especialistas têm dificuldade em ex-
plicar as causas destes arrojamentos
coletivos, onde se verificaram hemor-
ragia nalguns espécimes. Os biólogos
em Cabo Verde não descartam a possi-
bilidades destes animais, que seguem
sempre um líder do cardume, terem
perdido a orientação no alto mar, diri-
gindo-se para a proximidade da costa.
Outros especialistas falam em proble-
mas fisiológicos que podem prejudicar
o seu sentido de orientação ou em inter-
ferências do meio ambiente. Mas nin-
guém explica as causas para o surgi-
mento repentino dos problemas fisioló-
gicos e de desorientação.
Na edição on-line do “ASemana”, de
27 de Junho de 2010 - referindo-se aos
“suicídios” em Santa Cruz -, escrevia-
se que os arrojamentos das baleias-pi-
loto, verificados dias antes, poderiam
ter sido provocados por um navio mili-
tar norte-americano que esteve nos
nossos mares, tendo inclusive atracado
no Porto Grande. “Segundo a bióloga
do Instituto Nacional de Desenvolvi-
mento das Pescas, Vanda Marques, na
tarde do último domingo atracou no
Porto Grande, em São Vicente, o navio
de guerra americano USS John L. Hall.
Estes navios militares, diz, quase sem-
pre são escoltados por submarinos cujos
sonares desorientam a espécie”, escreve
o jornal digital, referindo ainda que não
era primeira vez que suicídios em mas-
sa acontecem logo a seguir à presença
de navios militares nas águas de Cabo
Verde. “Da última vez foram cerca de
300 animais da espécie cabeça-melão
que arrojaram na Boa Vista” (2007).
“Vanda Marques garante que o INDP já
alertou a Direção-Geral do Ambiente
para essas ‘coincidências’. Entretanto,
a nossa entrevistada admite que o suicí-
dio coletivo de baleias-piloto pode ter
outras causas: falta de alimentos, into-
xicação por algas marinhas e/ou sons
artificiais – incluindo-se aqui os sona-
res”, escrevia igualmente o jornal.
Coincidências ou não, diz o Dr. Azá-
gua, em artigo de opinião publicado na
FORCV, cientistas e pesquisadores li-
gados ao estudo de sonares de baixa e
média frequência utilizado pelos na-
vios militares, tais como os operados
pela Marinha dos Estados Unidos da
América, têm verificado que podem es-
tar ligados aos encalhes em massa, bem
como a várias outras mortes e feridos
graves entre baleias e golfinhos.
Coincidências e mais
coincidências
De acordo com o autor do texto, o “so-
nar militar envia ondas sonoras subma-
rinas intensas - essencialmente um som
muito alto, que pode manter o seu po-
der através de centenas de quilómetros.
Cientistas britânicos sugeriram recente-
mente, na publicação científica Nature,
que o sonar pode estar ligado aos inci-
dentes de mortes de baleias em praias,
devido a indícios de que essas baleias
mortas teriam sofrido descompressão”.
Provas de quão perigoso pode ser o so-
nar para os mamíferos marinhos surgi-
ram em 2000, quando as baleias de
quatro espécies diferentes encalharam
nas praias das Bahamas, após um gru-
po de batalha da Marinha EUA ter usa-
do o sonar de média frequência na área.
“A Marinha inicialmente negou a res-
ponsabilidade, mas uma investigação
do governo concluiu que o sonar po-
derá ter causado o encalhe de baleia”,
escreve.
Muitas baleias vítimas de encalhes as-
sociados aos sonares também mostram
evidência de trauma físico, incluindo o
sangramento em seu cérebro, orelhas e
tecidos internos, como aconteceu nal-
guns casos em Cabo Verde.
Coincidência ou não, o último arroja-
mento de golfinhos verificados na ilha da
Boa Vista, a 17 de Outubro, aconteceu
precisamente quando se encontrava nos
nossos mares um navio da Marinha Re-
al britânica (o “HMS Ocean”) para exer-
cícios militares na ilha de S. Nicolau.
Apesar do alerta dos biólogos do INPD
para esse fato, os arrojamentos de cetá-
ceos continuam nos nossos mares, o
que os especialistas consideram autên-
ticos desastres ecológicos.
 Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 9

sem tirar nem pôr

Calote é maior do que antes divulgado

Neves deve mais de

um milhão
ao fisco
Contrariando palavreado sobre “ética de boa governação” que alarda, José Maria Neves revela-se
“caloteiro”. Deve à Câmara da Praia prestações do IUP, Imposto Único sobre o Património, que
não paga desde 2008 – foi matéria abordada na anterior edição de Já. Mas deve mais do que isso

A
dívida fiscal de JMN, Primeiro
Ministro, é mais extensa do que a
dívida do IUP: também não pagou à
Direção-Geral das Contribuições e Impostos
(DGCI), o Imposto Único Sobre Rendimento
(IUR) dos anos fiscais de 2003, 2004, 2005 e
2007, o que perfaz 1.194.416$00 (um milhão
cento e noventa e quatro mil, quatrocentos e
dezasseis escudos).
Um chefe de Governo que foge a pagar
impostos que o seu próprio governo taxa é um
espanto: os cidadãos que cumpram a lei que os
governantes se dispensam de cumprir. Em
“atenuante” de JMN ocorre, talvez, o fato de o
próprio Diretor-Geral das Contribuições e
Impostos, José Emanuel Tavares Moreira,
militante do PAICV, dever ao Fisco nada mais,
nada menos que 521.499$00 (quinhentos e vítima do sistema somos nós e os mais fracos
vinte um mil, quatrocentos e noventa e nove que vêem, muitas vezes os seus salários e bens
escudos), relativos aos anos 2003, 2004 e 2005. penhorados por causa do não cumprimento das
É anedótico, embora choque a consciência obrigações fiscais”. Um exemplo entre
democrática ver Cabo Verde reduzido a uma centenas: Francisca Tavares, funcionária dos
espécie de TACV, viu, recentemente, parte do seu salário
“república das penhorado em virtude da sua dívida com o
bananas”, por fisco.
obra e graça de
JMN e seu Militantes da JPAI contratados
grupo.
As dívidas de
para inspetores de Finanças
JMN deixam Enquanto o primeiro-ministro foge ao fisco
estarrecidos os com a conivência de José Emanuel Moreira, a
funcionários de maioria dos funcionários de administração
O Director-Geral das fiscal estão desapontados com a gestão danosa
Contribuições e Impostos administração do responsável máximo da DGCI, que contrata
também deve ao fisco fiscal: “quem é
“enxames” de militantes da JPAI. “Não se
percebe como é possível contratar jovens afetos
à JPAI para exercerem o cargo de inspetores
das Finanças, quando existem pessoas
licenciadas ocupando funções de técnico-
verificador e há mais de cinco anos aguardam
concurso para o preenchimento das vagas de
inspetores”, denuncia fonte da DGCI refugiada
no anonimato por receio de represália.
Para silenciar os mais de 20 verificadores nesta
situação, foi aberto concurso interno, com
menos vagas para inspetores do que seriam
necessárias, uma vez que o resto estava
preenchido pelos jotas do partido, que
militantemente se dispõem a esconder da
opinião pública os calotes dos seus chefes. A
isto chegamos.

Eleições a quanto obrigas

Governo promete bolsas… com dinheiro que não tem

É o vale tudo. À falta de obra que a legitime em novo mandato, a rapaziada de Neves agarra-se à velha máxima: “com papas e bolos se enganam os tolos”

O
Governo de Cabo Verde vai
conceder, para este ano leti-
vo, cerca de 5 mil bolsas de
estudo contra as 4 mil concedidas no
ano anterior. Arnaldo Brito, Diretor
Geral de Ensino, fez a revelação, di-
zendo ser um passo para a formação
de quadros no País. Mas fontes por
nós contatadas são críticas desta
“cartada” do Governo em período
pré-eleitoral.
“Se o País está em condições de au-
mentar o número de bolsas de estudo,
por que não o fazer? O que deixa qual-
quer um com ‘a pulga atrás da orelha’
são os expedientes do PAICV para
tentar seduzir o eleitorado… Já agora:
que publiquem os critérios de
atribuição das bolsas, para evitar atos
de apadrinhagem”, adverte uma fonte.
O anúncio do Governo embate num
condicionalismo: não havendo verba
orçamentada, como é que o executivo
pode implementar a medida? Vai pro-
por - a pouco tempo das eleições -
que a Assembleia Nacional vote or-
çamento extraordinário? E quando o
vai propor? São questões legítimas
que se colocam a quem, mesmo não
percebendo de economia, sabe per-
feitamente não poder gastar o que se
não tem.
Filomena Delgado não esconde sur-
presa. “Eu não sou contra o aumento
de bolsas de estudo, pois há benefi-
ciários e o País é que ganha. Mas não
se compreende como é que, num
momento pré-eleitoral, o Governo
faz este aumento”. O montante para
bolsas de estudo contemplado no
Orçamento de Estado - sublinha a
deputada -, é fixo e não foi alvo de
qualquer alteração.
A ex-ministra da Educação considera
que a medida está enquadrada na
mesma estratégia do perdão da dívi-
da aos antigos bolseiros. “São atos do
Governo que merecem a reflexão de
todos nós.”
O governo mentiu ao acenar com o
perdão do empréstimo aos bolseiros,
porque dele não beneficiaram quem o
havia pago: apenas os faltosos se
livraram do calote, mercê da patran-
hice de JMN que, ao invés de exaltar
o mérito, prefere premiar os in-
fratores.
Agora, o Governo ensaia nova patra-
nhice: promete dar com o dinheiro
que não tem…
10 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010
isto vimos
Indicador de Clima Económico (VE-MM3)
25
20
15
10
-5
-10
-15
2002
Conjuntura económica
INE desmen
O governo mostra sorrisos enquanto
os setores económicos sofrem com os
efeitos negativos da falta de medidas
adequadas e atempadas que o governo
devia anunciar e aplicar e não o faz.
Transformado em comité de
propaganda com vista às eleições de
2011, o executivo de José Maria Neves
foge das questões mais difíceis e
procura ludibriar os cabo-verdianos.
Mas não consegue ludibriar os
números: a Construção está no
vermelho, o Turismo está em crise.
No horizonte há nuvens negras. Mas o
governo só pensa na propaganda
2003 2004 2005 2006 2007
O
s dados relativos ao clima
económico em Cabo Verde e
à conjuntura no II trimestre,
publicados pelo Instituto Nacional de
Estatística, INE, desmentem categori-
camente o discurso otimista do gover-
no sobre a economia. Em vez de aler-
tar as pessoas para as dificuldades que
se avizinham, em vez de falar verdade,
o governo insiste em mostrar boa cara
- em pré-campanha eleitoral, José Ma-
ria Neves mente com sorrisos, tentan-
do convencer os incautos com “bonda-
des” inexistentes.
O indicador de clima económico, cuja
degradação desde finais de 2008 é evi-
denciada no gráfico seguinte, voltou a
cair no III trimestre de 2010, depois de
um pequeno sobressalto no trimestre
anterior. A evolução deste indicador re-
vela um novo abrandamento da ativi-
dade económica no 3º trimestre, nas
palavras do próprio INE.
Construção: setor está
no vermelho
O abrandamento da economia é con-
2008 2009
firmado pela evolução do indicador
de confiança nos dois setores com
maior impato no crescimento e na
criação de emprego: Construção e
Turismo.
Como revela o gráfico respetivo, o
setor da Construção continua no ver-
melho, dando seguimento à tendência
negativa que vem desde 2008. A
insuficiência da procura, as dificul-
dades de acesso ao crédito e o custo
elevado do crédito são os principais
fatores condicionantes do setor que,
ainda por cima, vê-se confrontado
com a política discriminatória do
A construção continua no vermelho
Fonte: INE
2010
governo em matéria de atribuição de
obras financiadas pelo Governo por-
tuguês.
Turismo: apenas
navegação à vista
O Turismo é o setor onde as expetati-
vas dos agentes económicos são as
mais baixas. A atividade do setor
desacelerou de novo no 3º trimestre,
depois de uma pequena melhoria no
trimestre anterior, aproximando-se
do nível mínimo registado no
primeiro trimestre do corrente ano.
 Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 11

A economia de Cabo Verde corre sérios riscos

derivados do enorme crescimento da dívida pública (mais de 15 milhões de contos nos últimos 18
meses, até Junho de 2010), do défie orçamental (deverá aproximar-se dos 15% do PIB até finais do
ano), e do desiquilíbrio acentuado das contas externas - tudo isso acompanhado por uma carga fiscal
exagerada, desemprego em grande escala, dificuldades crescentes do próprio setor financeiro

Indicador de Confiança Construção (VE-MM3)

Fonte: INE
10

-10

-20

-30

-40

-50
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

nte governo
De certa forma, este é o setor que
mais se tem ressentido da navegação
à vista que o governo erigiu como
“estratégia”. Em vão se tentam iden-
tificar medidas de fundo para estimu-
lar o setor que, no entanto, é consid-
erado como o motor (sic) da econo-
mia. Enquanto outros destinos, como
as ilhas Canárias, que conheceram
uma quebra mais importante do que a
de Cabo Verde, viram o setor recu-
perar rapidamente, graças a políticas
dos respetivos governos, no nosso
caso, o governo além de produzir
toneladas de papel com planos e mais
Governo não consegue estimular o turismo
planos, quilómetros de conferências,
simposiums e seminários, milhões de
decibéis de discursos, não foi capaz
de tomar qualquer medida de fundo
capaz de repor o destino turístico
cabo-verdiano no mapa turístico
mundial.
Números oficiais
põem a descoberto
propaganda enganosa
Nestas condições, como pode o go-
verno afirmar, como descarada-
mente o faz, que a economia está a
crescer a bom ritmo? Só se com-
preende tal palavreado no contexto
da campanha permanente a que o
governo se vem, desde há muito,
dedicando, mesmo que isso impli-
que a distorção da verdade dos fatos
e total desrespeito pela inteligência
dos cidadãos.
A verdade é esta, definida pelos
números oficiais, do INE: a econo-
mia de Cabo Verde corre riscos im-
portantes, derivados do enorme
crescimento da dívida pública (mais
de 15 milhões de contos nos últimos
18 meses, até Junho de 2010), do
Continuamos fora do mapa turístico mundial
défice orçamental (deverá aproxi-
mar-se dos 15% do PIB até finais do
ano), e do desiquilíbrio acentuado
Enquanto outros destinos,
como as ilhas Canárias,
das contas externas - tudo isso que conheceram uma
acompanhado por uma carga fiscal quebra mais importante
exagerada, desemprego em grande
escala, dificuldades crescentes do
do que a de Cabo Verde,
próprio setor financeiro. Sem medi- viram o setor recuperar
das de fundo que melhorem a capa- rapidamente, graças a
cidade concorrencial dos principais
setores da economia, nomeadamente
políticas dos respetivos
o Turismo, a situação tenderá a de- governos, no nosso caso,
gradar-se, enquanto o governo dor- o governo além de
me a sonhar com mais estradas as-
faltadas para… lugar nenhum.
produzir toneladas de
papel com planos e mais
planos, quilómetros de
conferências, simposiums
e seminários, milhões de
decibéis de discursos, não
foi capaz de tomar
qualquer medida de fundo
capaz de repor o destino
turístico cabo-verdiano no
mapa turístico mundial
12 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010

isto vimos
Manifestação contra “abandono e traição” Poder Local de novo em cheque

Do Facebook Várzea quer

para as ruas do Mindelo matrizes
Manifestação convocada é início de caminhada: “a luta” passa “por protestos pontuais,
cirúrgicos e constantes. Não podemos baixar os abraços”- dizem os de “Cordá Monte Cara”

prediais
Tudo indica que o governo está a preparar mais um
ataque ao Poder Local e esvaziar as suas competências: já
foi publicado no Boletim Oficial, de 11 de Outubro,
despacho conjunto dos Ministérios das Finanças e da
Descentralização e Ordenamento do Território que
ordena inspeção às matrizes prediais da Praia, Ribeira
Grande de Santiago e S. Domingos

P
ara esta decisão, o governo
argumenta com alegada
“ausência de um sistema se-
guro e credível de gestão fundiária,
situação tolerada em consequência
da fraca procura de solos em Cabo
e agora na gestão de três Câmaras
ventoinhas, José Maria Neves vem
à socapa ordenar uma inspeção à
matriz da Praia, Ribeira Grande e S.
Domingos.
Só que, mal avisado, o tiro pode sair

P
essoas de São Vicente criaram
no Facebook uma página desig-
nada “Cordá Monte Cara”. De
acordo com os promotores, “passa
principalmente por uma mudança de
mentalidade de todos nós. O nosso
futuro a nós pertence, estamos há já
vários anos tentando nos desculpabi-
lizar pela nossa situação, temos tido
vida difícil sim: abandonados pelo
nosso Governo e traídos pela nossa
Câmara! Compete-nos erguer e lutar!”.
Pretendem convocar manifestação para
“Cordá São Vicente”, decisão tomada
em reunião havida no dia 26. No seu
manifesto pode ler-se: “…vamos à luta
com força e contamos com o apoio po-
sitivo de todos os que amam São Vicen-
te; vamos à luta em forma de protesto,
sim, mas sobretudo vamos à luta em
forma de contribuição positiva, para
apresentar soluções, fazer valer a nossa
presença como povo desta ilha! Decidi-
mos que iremos começar a nossa cami-
nhada convocando uma manifestação
de rua, uma manifestação para que con-
tamos com o apoio de todos. Vamos ter
de sair do espaço cibernético e materia-
lizar o nosso protesto, e ir levando as
Verde para a realização de investi- pela culatra à estratégia do governo
nossas preocupações a todos quantos
mentos” e “o aumento exponencial e o partido que o sustenta, o PAICV,
nos puderem ouvir”.
da procura de terras por investidores afiançam-nos fontes ligadas à
No núcleo duro estão pessoas de diver-
estrangeiros e nacionais”. Câmara da Praia. “É que existem
sas sensibilidades, “sobretudo pessoas
Diz o executivo que “se, por um muitos podres” da gestão de Filú
desiludidas com as políticas que os su-
lado, medidas firmes começaram a que, num País normal, “davam a
cessivos governo e Câmara Municipal
ser adotadas no sentido de conferir prisão efetiva do ex-autarca da
têm tomado em relação a São Vicente”.
segurança ao património do Estado Praia”. Aliás, como é sabido, existe
O grande teste do “Cordá Monte Cara”
e regulamentar a gestão fundiária, queixa-crime sobre alegada cor-
é a reunião a ter lugar no fim de semana
acrescem, por outro lado, os confli- rupção de Felisberto Vieira e José
onde devem anunciar a data da mani-
tos de propriedade, avolumam-se as Maria Veiga, o atual ministro do
festação. No Facebook o movimento
denúncias públicas Ambiente, Agricul-
conseguiu angariar, em poucos dias,
sobre situações me- Como é sabido, existe tura e Recursos Ma-
cerca de mil seguidores.
nos claras relativas a
queixa-crime sobre rinhos – na altura,
braço direito de Filú
movimentações de
terrenos envolvendo alegada corrupção de -, e que continua en-

UniCV de pernas para o ar
A situação da Universidade de Cabo Verde é caótica: parece estar sob o signo da desorganização,
fruto de excessiva politização, onde o partido no poder é quem dá as cartas de forma arbitrária
A inexistência de Conselho Cientifi-
co é, na opinião de docentes con-
tatados, um dos problemas mais gra-
ves. “Como é possível que outras Uni-
versidades que operam no País, já dis-
ponham desse órgão e a UniCV não o
institui”, indaga fonte bem posicionada
para quem a situação da administração
é muito complicada, decorrente de má
planificação.
Para essa fonte o concurso para recruta-
mento de novos professores é lançado
tardiamente: se as aulas começam em
Outubro, como é possível que o con-
curso seja lançado em Outubro? A si-
tuação afeta o funcionamento da Uni-
versidade, pois as aulas começaram a
11 de Outubro, e os alunos do 4º ano de
Ciências Sociais (é um exemplo) quase
que não tiveram aulas.
As salas inauguradas na semana passa-
da também não entraram a tempo em
funcionamento, fruto da manifesta de-
sorganização.
Concursos viciados versus
recrutamento por despacho
Outra situação que merece a denúncia
de vários docentes que, por medo de re-
taliação, se refugiam no anonimato, é o
recrutamento de técnicos próximos do
partido no poder ou próximos da Reito-
ria. “Têm havido concursos, mas o que
tem prevalecido é o recrutamento de
professores por via de despacho da
Reitoria - essas pessoas recrutadas têm
sempre ligação com o PAICV, o que é
ilegal”. Há docentes com receio de se
posicionar contra esse estado de coisas,
pois a maioria tem contratos a prazo e
receiam represálias.
Outras fontes da Uni-CV garantem que
a instabilidade por que tem passado a
equipa da Reitoria afeta aquela institui-
ção, presumindo-se que a situação tem
impato a nível de ensino e do sistema
organizacional. Por ora, segundo as
fontes contatadas, o que reina é o des-
potismo e apadrinhamento, estando o
mérito totalmente posto de lado.
alguns municípios Felisberto Vieira e José gavetada na Procu-
do país, nomeada- Maria Veiga, o atual radoria da Praia.
mente na cintura ur- Fontes deste jornal
bana da Praia, po- ministro do Ambiente, garantem-nos que a
dendo afetar os mu- Agricultura e Recursos intenção do governo
nicípios limítrofes”. Marinhos – na altura, é outra: “querem,
“No caso concreto com esta inspeção,
da Praia”, completa
braço direito de Filú –, justificar passar a
o governo, “têm sido e que continua gerir a matriz dos
denunciadas irregu- engavetada na Municípios”,
laridades e anoma- Procuradoria da Praia retirando este poder
lias na gestão e con- às autarquias, mais
servação dos livros matriciais, ale- uma “machadada” do Poder Central
gadas situações de alterações irreg- contra o Poder Local.
ulares das matrizes, denúncias de
situações em que terrenos antes
Entretanto, para ajudar o interesse
manifesto do governo em eventuais
inscritos no registo predial em irregularidades em matéria de ma-
trizes fundiárias, Já tem em curso
nome do Estado, do Município da
algumas averiguações muito curio-
Praia ou de particulares poderão ter
sas sobre práticas havidas na zona
passado para o nome de terceiros,
sem que tivesse ocorrido qualquer metropolitana da Praia, em que
relação jurídica a justificar o fato”. foram protagonistas Felisberto Viei-
ra e seus homens de mão. Estarão
Situação que já vem da gestão de
concluídas em tempo. E desde ago-
Jacinto Santos e depois da de
ra prometemos: vai ser bonito.
Felisberto Vieira. Dez anos depois,
 Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 13

nota$ solta$
A verdade deve ser dita

Crise a caminho
e Governo não toma medidas
Tal como Sócrates, Neves exorciza a crise com sorrisos e otimismos: nem os dias difíceis que Portugal vive, por
causa disso, o levam a arrepiar caminho - as eleições estão aí e o PAICV tem medo que lhe escapem votos.
Consequência: o eleitoralismo empurra Cabo Verde para o abismo

“
P
ortanto, temos o equilíbrio
dos fundamentais da eco-
nomia e, sobretudo, a eco-
nomia está a crescer. Apesar da crise,
Cabo Verde deverá crescer entre 6,5 e
sete por cento em 2009, o que, mesmo
assim, é ainda um crescimento robus-
to e um crescimento que resulta da
dinâmica do sector privado cabo-ver-
diano e dos fortes investimentos pú-
blicos que têm sido feitos" - extrato do
discurso do Primeiro Ministro na
inauguração do Banco Africano de
Investimento, BAI (5/2/2009). Toda a
gente sabe o que aconteceu em 2009,
apesar da fanfarronada de JMN. A
economia cresceu de forma anémica,
apenas 3% (menos de metade da pre-
visão de JMN). A crise instalou-se, o
défice público disparou, o endivida-
mento subiu em flecha, o défice das
contas externas entrou em paranóia. O
cenário não é melhor em 2010.
Antes da declaração de Fevereiro de
2010, JMN afirmara que a economia
cabo-verdiana estava blindada contra a
crise. O seu secretário de Estado da
Economia afirmava, ufano, que “a eco-
nomia estava bem e recomendava-se”.
Nunca mais se lhes ouviu comentários
do mesmo teor.
É curioso como o PM se comporta,
seguindo as pisadas do seu homólogo
e émulo português. Em Portugal, o
Primeiro Ministro Sócrates negou e
voltou a negar que o país estivesse em
crise. Insistiu num discurso de otimis-
mo, afirmando que Portugal não ne-
cessitava de medidas de austeridade, e
deixou a despesa pública aumentar
sem controlo, o mesmo acontecendo
ao endividamento externo. Até que…
a crise disse “presente, aqui estou”. E
agora? O discurso muda completa-
mente, é preciso cortar nos salários
dos funcionários públicos e nas pen-
sões, é preciso parar investimentos
que há muito se sabia impossíveis de
financiar. Portugal está a beira de ter
de receber a temível visita de uma
missão do FMI…
Neves, à imagem de
Sócrates
Em Cabo Verde a situação não é me-
lhor: o Governo enterra a cabeça na
areia, como as avestruzes. A derra-
pagem das contas públicas e do endi-
vidamento é evidente para qualquer
observador imparcial. Em vez de
reconhecer a realidade, de alertar os
cidadãos para as dificuldades que a
breve trecho se vão apresentar, gov-
erno e JMN têm um discurso de
otimismo bacoco para efeitos
eleitoralistas. A dívida pública está a
ficar fora de controlo, dentro de
pouco tempo acabaram-se os
empréstimos concessionais? Não
interessa, o País há-de resolver…
continuemos a endividar-nos alegre-
mente.
Os investimentos públicos não criam
emprego nem fazem a economia
crescer? Não interessa, continuemos
a endividar-nos para construir
estradas onde só as vacas passam.
Alguém há-de pagar depois.
As receitas fiscais crescem muito
lentamente e estão 10% abaixo do
nível de 2008? Não interessa, prome-
temos o 13º, e se for o caso até o 14º,
aos funcionários. Alguém há-de
pagar.
O fim do período de transição para a
OMC está à vista, e Cabo Verde não
está preparado para a baixa das tari-
fas aduaneiras que acontecerá - não
interessa, as empresas nacionais que
se lixem, o governo não quer falar de
coisas desagradáveis em tempo
eleitoral.
O comportamento irresponsável de
JMN pode vir a custar muito caro ao
País que, não estando preparado para
as dificuldades que se avizinham,
arrisca-se a ser apanhado de surpresa
quando a verdadeira crise bater à
porta. A oposição tende a copiar a
atitude de JMN e, em vez de dizer a
verdade aos cabo-verdianos (“vejam
que a situação é muito difícil e será
pior no futuro próximo, é preciso dar
prioridade a umas coisas e deixar de
fazer outras; estamos a viver acima
das nossas posses”), parece preferir o
silêncio que lhe custará caro quando
for Governo.
A verdade deve ser dita. O eleitorado
cabo-verdiano é suficientemente
maduro para compreender e distin-
guir as coisas.

Estudo do INE é demolidor

Economia informal atesta não-desenvolvimento

A economia paralela (informal e subterrânea) toma conta do mercado: os números são avassaladores e mostram que a tal “economia de
desenvolvimento médio”, alardeada pelo governo, é apenas uma falácia

E studo do Instituto Nacional de

Estatística (INE) cabo-verdiano
é demolidor da propaganda governa-
mental assente na bandeira de “Cabo
Verde - país de desenvolvimento
médio”: não fora o setor informal da
economia, que ocupa 32 mil pessoas,
mais de 10 porcento da população
ativa, o drama do desemprego seria
ainda mais avassalador, com o espetro
da fome a pairar sobre as famílias.
O estudo, silenciado pelo governo -
que oculta também os números reais
do desemprego - revela que o rendi-
mento mensal per capita desta ativi-
dade situa-se na ordem dos 22,341
mil escudos, sendo que 68,2 por cento
trabalham por conta própria e 90 por
cento encontram nesta atividade o
emprego principal. E 31,8 por cento
dos que se ocupam no setor trabalham
por conta de outrem, auferem salário
médio de 11,8 mil escudos mensais
laborando em média cerca de 45
horas semanais.
Decorrente da inexistência de estraté-
gia clara que aposte no desenvolvi-
mento da economia, e não no folclore
das “grandes obras”, e na ausência de
linhas de crédito que apostem no
desenvolvimento do tecido empresar-
ial e na criação de emprego com dire-
itos, os indicadores do estudo
mostram que o setor informal é prati-
camente auto-suficiente, fornecendo-
se a si próprio, dispensando a inter-
relação com a economia formal, mas
causando-lhe dano em termos de con-
corrência, na medida em que a “infor-
malidade” impossibilita o controlo
efetivo dos montantes sobre os quais
incide a fiscalidade, quando ela
exista.
Um Governo sem norte
Se na economia formal a iniquidade e
desrespeito pelos direitos sociais são
constante que os sindicatos denunci-
am, na economia informal só 6,1 por
cento dos trabalhadores beneficiam
de proteção social institucional.
As mulheres, na ordem dos 52,5 por-
cento, estão em maioria num setor
cuja atividade se centra no comércio e
oferece trabalho precário e sem dire-
itos, tornando os seus trabalhadores
vulneráveis às flutuações da relação
oferta/procura decorrentes da in-
flação.
Dez anos de governação tambarina
não produziram mais riqueza e mais
emprego para o País. Pelo contrário,
trouxeram precariedade, o empobrec-
imento das empresas e a miséria das
famílias em contraste com o discurso
altissonante do PAICV.
Se à economia informal se juntar a
subterrânea (onde pontificam o tráfi-
co de estupefacientes, de armas, a
prostituição e a atividade cambial
ilícita a eles ligada), cujos dados são
difíceis de apurar mas cuja importân-
cia no tecido social se percebe, con-
cluímos que o desemprego real (que a
economia informal e a subterrânea
mitigam) atinge taxa elevadíssima: 70
a 80 por cento. A “informalidade” é a
escapatória, mas não produz, antes
pelo contrário, uma “economia de
desenvolvimento médio”
14 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010

Mugabe em “desgrace” Chama-se Grace Mugabe, tem 41 anos,

coisas do mundo é casada com Robert Mugabe, 82. Grace anda há cinco anos de affaire com
Gideon Gone, 50 anos e Governador do Banco Central do Zimbabwe. Robert,
marido enganado, foi o último a saber do escândalo que há muito anima
Harare: os serviços secretos esconderam-lhe o “arranjinho”. Robert ficou
furioso ao descobrir que até o seu mais fiel guarda-costas, Cain Chademana,
conhecia a traição de Grace. Cain apareceu assassinado.

Portugal: Presidenciais 2011 Brasil

Dilma
Planalto no feminino
Era tão certo como o destino: Dilma ganhou. Haverá continuidades

Entre Alegre e Cavaco, C relativamente a Lula. Mas haverá certamente distâncias que irão
incomodar alguns políticos-papagaios de todo o mundo
omo no banquete de Baltazar:
pesado, contado, dividido – feito
forças efetiva no plano interno
brasileiro, como dependerá das

o deserto…
o escrutínio, Dilma ganhou. Sucede a
Lula da Silva e é a primeira Presidente
do Brasil. A vantagem sobre Serra foi
larga: 56 contra 44 por cento dos
votos. Entre Dilma Rousseff e o derro-
tado tucano mediaram 12 milhões de
votos, com uma abstenção de 20 por
cento, um recorde.
Desde a noite de domingo, Dilma
A pré-campanha para as eleições presidenciais parece não estar a mobilizar tornou-se a décima sétima mulher no
os portugueses. Esquerda e direita órfãs de candidatos estão fora de jogo. E mundo de hoje a conduzir os destinos
de um país – uma lista onde se inclui a
o Presidente nem precisa de fazer as malas, Belém continuará sua residência Rainha de Inglaterra (com poucos
nos próximos cinco anos poderes), as presidentes da Índia e da
Finlândia, mas se exclui a todo-
poderosa Angel Markel que, embora
evoluções a surgirem no concerto
internacional. E internamente, a não
existirem clivagens no PT, Dilma terá
mãos mais livres que o seu antecessor,
porquanto a oposição perdeu a maioria
no Congresso e no Senado brasileiros,
ainda que detenha oito dos principais
estados do Brasil – entre eles, São
Paulo, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Goiás. Por isso, e mesmo assim, tal
como aconteceu com Lula, Dilma irá
com “navegação à vista”. Para já,
esperemos pela formação do seu
Governo, para ter ideias mais
definidas.
Quase certo: Dilma Rousseff represen-

A
máxima “há candidatos para
todos os gostos” parece não
se aplicar às presidenciais
portuguesas. Da esquerda à direita –
dicotomia pouco entendível no uni-
verso político cabo-verdiano, até por
nem sempre ser aferível onde está
uma e outra… – grassa o desconforto
e mesmo o descontentamento pelo
precário naipe de candidatos a sufrá-
gio, embora nenhum seja ainda for-
malmente detentor dessa circunstân-
cia. Ou seja, nenhum entregou no
Tribunal Constitucional as neces-
sárias 7.500 assinaturas que farão
deles candidatos “de fato” às eleições
de Janeiro.
Cavaco Silva, o atual Presidente,
anunciou na passada semana a inten-
ção de se recandidatar. Nada de novo,
porque mesmo ávido de tabus – o pro-
fessor procura sempre criar na opinião
pública o manto expetante das “figu-
ras providenciais”… –, era previsível
que o fizesse, nas circunstâncias em
que o fez e nas condições por ele
avançadas. Cavaco vai a votos, mas
não faz campanha… porque “o País
atravessa uma profunda crise”.
Pudera, depois de um ano inteiro em
deslocações oficiais pelo país pagas
pelo erário público, espera a Aníbal
Cavaco Silva uma alegre caminhada
para a reeleição. E, desde logo, as-
segurada pela falta de comparência da
esquerda sob uma candidatura única.
Manuel Alegre, o histórico deputa-
do/poeta do PS – a quem nunca se co-
nheceu outra atividade que não fosse mas e das arengas ideológicas, surge
a de amesendado do Orçamento –, o patusco Defensor Moura, deputado
não está a conseguir fazer o pleno da do partido do governo, aparente-
esquerda, pese o apoio formal do mente descontente por o seu “bril-
Bloco, que no parlamento esgrime hantismo” nunca ter sido aproveitado
contra o governo de Sócrates, mas pelos camaradas, verbalizado na
que nas presidenciais com ele sobe lengalenga de o espaço do centro
ao palanque no apoio à candidatura político “não estar representado” nas
do poeta Alegre. candidaturas em presença.
Com um setor da direita que não se
Candidatos pulverizam revê em Cavaco – mais por razões de
eleitorado forma do que de substância, onde
Ainda à esquerda, Francisco Lopes sobressai a promulgação presidencial
(dirigente e candidato oficial do das leis do casamento entre pessoas
PCP), procura suster a do mesmo sexo e a lei
implosão da base elei- Depois de um ano das uniões de fato –,
toral dos comunistas, inteiro em mas que não tem cor-
muito dividida entre a
inutilidade do voto ex-
agem de avançar com
deslocações oficiais candidato próprio, e
presso e a divisão por pelo país, pagas pelo uma esquerda anti-
outras candidaturas, erário público, espera sistémica que não
nomeadamente a de
Fernando Nobre, o
a Aníbal Cavaco Silva apoia Alegre por pre-
tender “um candidato
médico fundador da uma alegre que levasse o protesto
Assistência Médica caminhada para a social às presidenci-
Internacional (AMI) reeleição ais” – mas que tam-
que, não sendo nem de bém “não os teve no
esquerda nem de direita - antes pelo sítio” para avançar -, as próximas
contrário, parece estar a reunir à sua
volta número importante de descon-
eleições de Janeiro podem vir a regis-
tar a maior taxa de abstenção desde
tentes da política. Mas pairam sobre que os Presidentes são eleitos demo-
ele suspeitas de simpatias monárqui- craticamente. Será sinal claro do des-
cas, coisa “pouco abonatória” para contentamento dos portugueses rela-
uma esquerda – o seu tendencial elei- tivamente a uma classe política que,
torado – que ainda não exorcizou os da esquerda à direita, colocou a País
fantasmas do assalto ao Palácio de no abismo e frustrou ambições legíti-
Inverno… mas a uma vida digna e ao desen-
À margem das dicotomias, dos trau- volvimento económico e social.
tão só Primeiro Ministro da Alemanha,
tem mais poderes que Isabel II e do
que Prathiba Patil, que preside em
Nova Dehli.
Ex-guerrilheira, que combateu uma
ditadura de militares, Dilma Rousseff
de imediato incendiou o imaginário de
futurologistas mascarados de comenta-
dores políticos que, logo-logo, previ-
ram o seu distanciamento das políticas
de Lula, ou o regresso de Lula em
2014. O que vai ser a gestão de Dilma
dependerá muito, tal como aconteceu
com Lula da Silva, da correlação de
Abidjan volta ao bom caminho
C om inevitável segunda volta,
Costa do Marfim está em pro-
cesso eleitoral para a Presidência da
República. Na primeira volta apre-
sentaram-se 14 candidatos. À hora de
fecho da nossa edição, não há resul-
tados conhecidos - só quarta-feira
(dia de fecho) os haverá. O escrutínio
decorreu sem incidentes e grande
afluência às urnas. Três nomes fortes
ta continuidades e, talvez, com menos
demagogia e mais autoritarismo. Para
prosseguir a política Sul-Sul, que Lula
ensaiou com relativo êxito e a afir-
mação do Brasil como potência no
continente americano e no Mundo.
Curiosidade, com importância para
Cabo Verde: qual será a política de
Dilma para a Lusofonia e CPLP, sendo
de prever que algum do “porreirismo”
lulista tenha os dias contados, ajudan-
do ao desfazer de feira de alguns
políticos-papagaios, para mais em
época de fim de poleiro.
sobressaem entre 14 candidatos: o
presidente cessante, Laurent Gbag-
bo; Alassane Ouattara, ex-primeiro
ministro; e Henri Konan Bédié, ex-
-presidente deposto pelo golpe mili-
tar de 1999. Depois de 10 con-
turbados anos (com guerra civil e
seis adiamentos eleitorais), Abidjan
regressa à normalidade democrática,
esperando-se que as eleições unifi-
quem o país dividido entre o norte,
maioritariamente muçulmano, nas
mãos de rebeldes, e o sul, sobretudo
cristão, dirigido pelo governo. Ape-
sar destas dificuldades, o ato eleitoral
foi exemplar para outros países afri-
canos em termos de recenseamento e
campanhas eleitorais. Lição a reter.

polichinelo
Malandrices
O governo de Zé Maria Neves evolui em
compasso binário: Zé Maria (Neves) &
Zé Maria (Veiga), qual deles mais Zé Maria.
Um e outro, os dois juntos, produzem
“maravilhas” e puxam, um atrelado ao outro,
a carroça tambarina para a beira do
precipício. Inocêncio de Sousa anda
perturbado: o protagonismo de ZMV,
alimentado por ZMN, embaça o seu. Por isso,
o até há bem pouco todo-poderoso
agora desconfia. Se ZMV roeu a
corda a Filu, não será ele
também capaz de roer-lhe a
corda e meter areia na
engrenagem montada para a
sua promoção a candidato
amarelo à Presidência da
República? Em certos meios, já
se cochicha que Inocêncio se
dispõe a engendrar um trinómio
de fintados (Aristides +
Hopffer +
Inocêncio) contra
o binómio
malandreco.
Ainda irá a
tempo?
boka bedjo
Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 15
Aviso à navegação:
polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
Manhosices Ratices
Momento 1 - José Maria Veiga disputou a Felisberto Vieira a primazia em
“habilidades” nos “bons velhos tempos” da Câmara Municipal da Praia, ao
ponto do “insuspeito” Filu desconfiar das suas manhosices. Resultado, com
J osé Maria Veiga, que teve a
habilidade de surripiar eletricidade
à Electra, um caso ocorrido lá para os
a pulga atrás da orelha, mandou JM Veiga dar uma curva e dispensou-o da lados do Palmarejo e abafado mal foi
sua equipa: ao que então constou, Filu acusou-o de graves “irregularidades”. descoberto, meteu-se à espreita das
Momento 2 - Lá no alto do Poder, Neves assumiu que os inimigos habilidades alheias. E viu: Neves
(JM Veiga) dos meus inimigos (Filu) meus amigos são e arregimentou inaugurar em Porto Mosquito uma
Veiga para a carroça do Governo. No entanto, o mundo tambarina dá rede de abastecimento de água… sem
muitas voltas e JMN, para acautelar-se das arremetidas de Filu e da água. Pondo-se em bicos de pés, JM
possibilidade deste se apresentar como alternativa a si, Veiga cogitou que seria capaz de
chamou Filu, derrotado na Praia, a seu “conselheiro”: fazer melhor. Vai daí: decidiu
Filu meteu as alegadas “irregularidades” de JM desenvolver o regadio na
Veiga no saco e promoveu-o a santinho. Ribeira Grande de Santiago.
Momento 3 – O domesticado Filu espreitou a Num rasgo de génio, fez
oportunidade e lançou-se contra Rui Semedo construir depósitos de água…
(apoiado por Neves) na estrutura do PAICV em sem água, próximo de Águas
Santiago-Sul. Ganhou e deixou Neves com pedra Verdes. Qual mágico, ele teve o
no sapato e na vesícula. Marcando à zona, Neves condão de inovar: promoveu o
fez avançar JM Veiga para Santiago Norte – para regadio a seco, uma originalidade
manhoso, manhoso e meio, terá pensado “Sua tambarina. Ave-maria, tal
Excelência”. A “estrela negra” coisa nunca antes
ficou mais negra em se houvera
Santiago: Filu e JM visto. A
Veiga, um para o continuar
outro. Assim se faz assim, ainda
política por vai a
aquelas bandas. Nobel.
!?!
!!
kasu-bodi
Em campanha para se
apresentar como candidato à
Presidência da República,
Manuel Inocêncio de Sousa,
participou num encontro
debate em Carnaxide, Oeiras,
Portugal, no dia 1 de
Novembro, Dia de Todos os
Santos. Mau prenúncio para a
candidatura. Escreve Mons.
Arnaldo Beltrami:
“O Dia de Todos os Santos
celebra todos os que
morreram em estado de
graça e não foram
canonizados. O Dia de Todos
os Mortos celebra todos os
que morreram e não são
lembrados na oração.”
16 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010

em jogo
Se a Associação pagar os árbitros… Luso-cabo-verdiano não tem dúvidas

Supertaça “Mundinho”
é sábado na Várzea
Nani: “Sou um dos
melhores do Mundo”
N o último sábado marcou um dos
golos mais caricatos na sua carreira
e somou mais um ao serviço do Man-
O luso-cabo-verdiano sabe o que tem
de fazer no Manchester United: “Jogo
no melhor clube do mundo e tenho o
chester United de Inglaterra. O interna- papel de ser decisivo em todos os desa-
cional português nascido na ilha do Sal, fios, ou seja, tenho de marcar golos e
Nani, não tem dúvidas das suas capaci- fazer assistências”.
dades e considera que atualmente já é um Nani assegura que está pronto para os
dos “melhores jogadores do mundo”. embates decisivos do United, o que pa-
“Estou próximo de atingir o máximo ra ele é razão acrescida para jogar o seu
das minhas capacidades. Agora, posso futebol: “Não tenho medo dos grandes
dizer que sou um dos melhores jogado- jogos, que são os mais espetaculares e
res do mundo”, realçou Nani, em decla- onde apresentamos um futebol de alta
rações à imprensa inglesa. qualidade”.
O Sporting da Praia e o Boavista da Praia disputam a 6 de Novembro a “Supertaça
Mundinho”, no Estádio da Várzea, marcando assim o início da época futebolística
em Santiago-Sul Baixa na Seleção de Cabo Verde

M
arcado inicialmente para
30 de Outubro, o jogo foi
adiado para este final de
semana por solicitação do Sporting, o
Campeão regional, mas por razões
diferentes das alegadas pela Associa-
ção e que o nosso jornal reportou na
semana passada.
Conforme apurou Já no decorrer da
semana, os argumentos apresentados
pelos dirigentes da Associação foram
falaciosos: “nós pedimos o adiamento
sim, mas para dar tempo à Associação
de se organizar melhor antes de se ini-
ciar o campeonato regional.
É que, segundo as nossas fontes, à
Associação Regional de Futebol
Santiago Sul (ARFSS) até foi feito
um favor. “Como é que vamos iniciar
uma época desportiva quando apenas
dois clubes se inscreveram (no uni-
verso de 20), quando ainda não foram
apresentadas as contas da última
gerência, não se pagou a arbitragem e
nem sequer existe um calendário de
jogos”, questiona a fonte, estranhando
o facto de na imprensa se tentar passar Marco Soares fraturou tíbia
e pára 4 semanas
a ideia de serem os sportinguistas os
responsáveis por este adiamento.
Até ao fecho desta edição, não foi
possível declaração da ARFSS, ape-
sar de solicitada para o feito, no-
meadamente quanto à liquidação da
dívida aos árbitros, uma das con-
dições para a realização da Supertaça
deste sábado.

Partida marcada para 16 de Novembro

Cabo Verde x Guiné-Bissau O internacional cabo-verdiano e
capitão da União de Leiria, de
Portugal, fraturou a tíbia da perna
casos, um edema.
Assim, Marco Soares ficou internado
no Hospital Distrital de Águeda, ten-

joga-se em Lisboa esquerda, no domingo, no encontro

C om os jogos de qualificação para
o CAN 2012 a serem retomados
só em Março do próximo ano, as
seleções de futebol de Cabo Verde e da
Guiné-Bissau vão disputar, a 16 de
Novembro, um jogo amigável no está-
dio do Restelo, em Lisboa.
Segundo apurou a redação do Já, esta
partida frente à Guiné-Bissau deverá
ser uma oportunidade para o técnico
Lúcio Antunes testar outros jogadores
cabo-verdianos que militam em clubes
europeus e que ainda não foram
chamados a vestirem a camisola da
seleção.
Recorde-se, Cabo Verde lidera o
Grupo A, com quatro pontos em dois
jogos, mercê da vitória caseira frente
ao Mali e ao empate arrancado em
Harare, contra o Zimbabwe.
No Grupo J, a Guiné-Bissau conta três
pontos em duas partidas, após a vitória
na jornada inaugural frente ao Quénia
(1-0) e à derrota, na jornada seguinte,
com Angola, em Luanda, por idêntico
resultado.
da Liga Sagres em que os leirienses
perderam por duas bolas a uma.
Marco Soares lesionou-se no en-
contro com o Sporting e foi de ime-
diato transportado para Águeda,
onde o esperava o médico José
Martel, elemento da equipa clínica
dos leirienses. O jogador foi obser-
vado mas os médicos entenderam
que seria melhor esperar mais uns
dias para fazer a intervenção cirúr-
gica, uma vez que a zona da fratura
apresentava, como é normal nestes
do sido operado na quarta-feira de
manhã (ontem), começando depois
um período de recuperação que po-
derá demorar entre três e quatro
meses.
Se tudo correr como o programado,
Marco Soares poderá regressar ainda
a tempo de defrontar a Libéria em
Março, no jogo de qualificação para o
CAN 2012, a disputar na capital
cabo-verdiana. Para já não vai poder
disputar o jogo de preparação contra a
Guiné-Bissau, marcado para o dia 16
de Novembro, em Lisboa.

olhem para elas
Saúde bucal na nha terra
Higiene dos aparelhos
ortodônticos fixos
Zarina Santos
Graduanda em Odontologia
S
ó Cristo conseguiria higienizar
corretamente a boca se usasse
aparelho fixo. A presença de
braquetes (peças colocadas nos den-
tes), bandas (anéis cimentados nos
dentes), fios, elásticos e muitos
outros acessórios aumentam as áreas
de retenção de alimentos, propícios
para nichos de bactérias.
Escova
Com todos esses acessórios próprios
de quem usa aparelho fixo, a vida útil
de uma escova é menor do que aque-
la que serve a quem tenha dentição
normal. Assim sendo, a escova de
quem tenha aparelho deve ser jogada
fora mais cedo.
O formato de uma escova para este
caso não pode ser igual às comuns.
Existem para isso escovas específi-
cas: escovas chamadas bitufo ou
unitufo, que permitem limpar entre
os braquetes. Outras com cerdas
Como escolher uma boa escova de dentes
“
E sta é, com certeza, a melhor. Até
brilha no escuro… Esta não
machuca a sua gengiva; esta elimina
todas as bactérias da sua boca”.
Diariamente somos bombardeados
com publicidade deste género. Ao
chegar a um super mercado, temos
cores, formatos, tamanhos variados: a
grande questão é levantada – afinal,
que escova comprar?
Primeiro: a melhor escova, depende do
caso, da individualidade - a cavidade
bucal de cada um é diferente. Se a
capacidade motora de um adulto de 21
anos é diferente de uma pessoa de 60
anos, também as necessidades de uma
criança são totalmente diferentes de
recortadas em forma de V, facilitando
o contato das cerdas com o dente e as
fileiras de fio ortodôntico.
Técnica
Obviamente, em tais circunstâncias,
a escovagem dos dentes deve demor-
ar mais tempo e a atenção deve ser
redobrada. Movimentos como se
estivesse “varrendo”, no sentido gen-
giva para os dentes, ao mesmo tempo
massajando a gengiva, são os mais
adequados. Já o vai-vem (escovação
horizontal) deve ser evitada: machu-
ca a gengiva e provoca erosão (cavi-
dades) nos dentes.
Se, para pacientes normais, o uso de
fio dental é indispensável, nestes
casos ele anda colado à escova den-
tal: deve usar-se o passa-fio (agulhin-
ha de plástico), que ajuda a passar o
fio entre os dentes. O uso de boche-
chos com soluções fluoretadas uma
vez ao dia, de preferência à noite,
antes de dormir, auxilia na proteção
do esmalte dos dentes e inibe a
aderência de placa bacteriana. Essa
solução não deve ser engolida.
um adolescente com aparelho fixo.
Segundo: já aqui disse uma vez - a
melhor dica para escolher é começar
por ver as escovas mais baratas.
Ninguém vai querer comprar uma
escova cara e depois jogá-la, fora pas-
sados pelo menos 3 meses de uso.
Aconselho tudo, menos ganhar amor a
uma escova.
Terceiro: não adianta ser barata e não
ter cerdas macias também. As macias
não amachucam a gengiva. Muitos
pacientes pensam que as escovas mais
duras têm maior eficácia na limpeza
porque esfregam os dentes com mais
força. É lenda, minha gente. Usando
uma macia com a técnica certa, a eficá-
Alimentação
Pastilhas elásticas, drops, chupetas e
outros alimentos pegajosos devem
ser evitados: todo o mundo sabe que
eles “são amigos da cárie”, além de
duplicarem as chances de cárie para
quem usa estes aparelhos, pois
removê-los dos dentes chega a ser
missão quase impossível. Mancarra,
pipocas, torresmas danificam o apa-
relho pelo impacto; frutas, como a
maçã, devem ser cortadas em
pedaços.
Manchas nos dentes
podem ser provocadas
pelo aparelho fixo?
Nup! A culpa é da preguiça ou da
falta de higiene que permite o acú-
mulo de placa em redor dos braque-
tes (peças coladas aos dentes), o que
permite um aumento de bactérias
nesta região e estas, ao produzirem
ácidos, deterioram a superfície do
esmalte, provocando manchas bran-
cas ou marrons e, posteriormente,
cáries.
cia é a mesma, não desgasta os dentes
e nem amachuca a gengiva.
Quarto: o tamanho adequado para cada
boca - a cabeça deve ser capaz de
alcançar todos os dentes sem amachu-
car e ter um cabo compatível com o
tamanho da mão;
Quinto: as escovas eléctricas e as esco-
vas “normais” não têm diferença; as
primeiras só são mais vantajosas nos
casos em que o paciente tenha proble-
mas motores, ou quando usadas por ou-
tras pessoas para escovar os dentes de
pessoas acamadas ou especiais. Fora
disso, a diferença reside no preço - são
mais caras.
Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 17
Esparguete,
que delícia!
N ão é apenas delicioso. Fornece, também e principalmente, energia,
por ser fonte de carboidratos.
Apesar da fama de que engorda, os grandes vilões do ganho de peso são
os molhos que o acompanham. Cada 100g do esparguete à bolonhesa
confere 86,79 calorias; do branco, 128,87. Os cerca de 20g de queijo
parmesão ralado para finalizar acrescentam mais 91,20. É preciso men-
cionar que um prato com apenas pasta (com aproximadamente 200g)
contém 282.
As dicas dos nutricionistas vão no sentido de apostar no molho, com
39,58 calorias em cada 100g, ou de começar as refeições com saladas, até
mesmo as que levam macarrão, que contribuem para a sensação de
saciedade. As melhores opções da iguaria são as integrais, de grão duro
ou com grãos como de soja ou quinoa, porque apresentam boa quanti-
dade de fibras e proteínas.
Mas se, mesmo correndo o risco de engordar, não abre mão de degustar
uma bella pasta, Já traz esta semana as seguintes receitas.
Ingredientes:
Almôndegas
• 250 g de carne de vaca moída
• 250 g de carne de porco moída
• 1 ovo
• 1 cebola picada
• 1 colher de sobremesa de orégão seco
• 3 colheres de sopa de farinha de rosca
• 250 g de queijo parmesão ralado
• 500 g de espaguete
• sal e pimenta a gosto
Molho
• 1 colher de sopa de óleo
• 1 colher de sopa de manteiga
• 1 colher de café de açúcar
• 1 cebola média, picadinha
• 1 garrafa de 700 g de molho de tomate triturado
• a mesma quantidade em água quente
• 1 xícara de leite morno
Para as almôndegas:
Numa tigela grande coloque todos os ingredientes e misture tudo. Acerte
o sal e faça as bolinhas
Molho:
Numa panela grande e funda, coloque o óleo, a manteiga, o açúcar e a
cebola picadinha, deixe murchar a cebola, então acrescente o molho de
tomate triturado, a água quente e a xícara de leite.
Quando estiver a ferver, adicione as almôndegas ao molho, e chocalhe a
panela de leve para as almôndegas se ajeitarem sem desmanchar as bolin-
has. Deixe cozinhar durante 20 minutos em panela fechada.
Cozinhe o esparguete em água fervente
Sirva as almôndegas e o molho por cima do esparguete.
18 • Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010
cachupada
Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: Ás de Ouros, que significa
Harmonia e Prosperidade.
Amor: Tente conviver mais com os seus amigos
e faça esforços para travar novos conhecimentos.
Saúde: Período propício a uma consulta de
oftalmologia. Não descure a sua visão.
Dinheiro: Evite faltar a reuniões de trabalho. A
sua presença será importante para desenvolver
um projecto. Está preparado para realizar os
projectos a que se propõe, e para chegar onde
está já superou muitas provas.
Número da Sorte: 65
Números da Semana: 10, 4, 5, 45, 2, 6
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Cultivo a harmonia na
minha vida.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: A Torre, que significa
Convicções Erradas, Colapso.
Amor: Cuidado para não magoar os
sentimentos de uma pessoa que lhe é querida.
Meça as suas palavras. Convide um amigo para
uma saída especial. Dance, vá ao cinema,
aproveite aquilo que a vida tem para lhe dar.
Saúde: Tendência para andar um pouco
descontrolado. Tente relaxar.
Dinheiro: O seu esforço no trabalho poderá vir
a ser recompensado. Acredite mais nas suas
potencialidades.
Número da Sorte: 16
Números da Semana: 3, 36, 6, 9, 8, 5
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Estou sempre a tempo de
recomeçar.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: A Lua, que significa Falsas
Ilusões.
Amor: Poderá ter de enfrentar um
desentendimento com um amigo muito especial.
Mantenha a calma!
Saúde: Controle as suas emoções e procure ser
racional. Não se preocupe tanto com aquele
problema que o tem vindo a afectar. Vai perceber
que afinal não era nada assim tão grave.
Dinheiro: O seu orçamento poderá sofrer um
acréscimo significativo. Porém, seja contido nos
gastos.
Número da Sorte: 18
Números da Semana: 2, 4, 1, 15, 14, 18
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Evito criar falsas ilusões
concentrando-me no presente.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: 5 de Paus, que significa
Fracasso.
Amor: Modere as suas palavras pois pode
magoar a pessoa amada. Seja mais cuidadoso.
Saúde: Procure não exagerar no exercício físico,
pois poderá magoar os seus músculos.
Dinheiro: É possível que durante esta semana se
sinta um pouco desmotivado. Trace objectivos
para o seu trabalho, vai ver que conseguirá obter
melhores resultados.
Número da Sorte: 27
Números da Semana: 10, 20, 3, 9, 41, 44
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Faço de cada fracasso o
ponto de partida para um novo sucesso.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: Rainha de Copas, que
significa Amiga Sincera.
Amor: Lute pelo seu verdadeiro amor, não se
deixe influenciar por terceiros. Não se deixe
dominar pela insegurança. Converse mais com o
seu companheiro e tenha mais confiança nele.
Saúde: Vigie a sua tensão arterial e controle
muito bem a sua alimentação.
Dinheiro: Procure não ser muito impulsivo nas
suas compras, pois poderá gastar mais do que as
suas possibilidades.
Número da Sorte: 49
Números da Semana: 6, 9, 7, 40, 30, 20
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: A sinceridade é o pilar
básico de qualquer relação.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: Valete de Espadas, que
significa Vigilante e Atento.
Amor: Seja mais carinhoso com a sua cara-metade.
Os actos de ternura são importantes para revigorar
a relação.
Saúde: Evite enervar-se em excesso. As
preocupações podem trazer sérios problemas ao
nível cardiovascular. Poderá sentir-se mais
cansado do que o habitual. Tente tomar um banho
relaxante.
Dinheiro: Cuidado com os gastos supérfluos. Seja
mais comedido para não ter surpresas desagradáveis.
Número da Sorte: 61
Números da Semana: 22, 5, 41, 14, 12, 21
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Estou vigilante, zelo por tudo
o que amo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: Rainha de Paus, que significa
Poder Material e que pode ser Amorosa ou Fria.
Amor: Confie mais na pessoa que tem a seu
lado. A confiança e o respeito são essenciais
numa relação.
Saúde: Tendência para apanhar uma grande
constipação. Agasalhe-se bem.
Dinheiro: Não se deixe abater por uma maré
menos positiva nesta área da sua vida. Analise as
suas poupanças. Poderá sentir necessidade de
mudar de emprego ou de actividade profissional.
Pense bem no que é melhor para si.
Número da Sorte: 35
Números da Semana: 9, 6, 3, 2, 25, 45
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Tenho o poder sobre as
minhas emoções.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: O Eremita, que significa
Procura, Solidão.
Amor: O encontro com um desconhecido e uma
insinuante troca de olhares podem ser o ponto de
partida para algo muito prometedor. A felicidade e a
paixão poderão marcar a sua semana. Aproveite
muito bem esta fase.
Saúde: Cuidado com as correntes de ar; durante
esta semana poderá constipar-se facilmente.
Dinheiro: Poderá precisar da ajuda de um colega para
finalizar uma tarefa importante. Não tema pedir apoio.
Número da Sorte: 9
Números da Semana: 2, 25, 14, 17, 18, 19
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: As respostas que procuro estão
dentro de mim.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
O menino Zezinho
O pai do Zezinho ficou apavorado quando o menino lhe
De 7 a 13 de Novembro
mostrou o boletim com as notas escolares.
– Na minha época as notas baixas eram punidas com uma
boa surra.
– Boa pai! Que tal apanharmos o professor à saída
Sagitário
amanhã?
21-11 a 20-12
Carta Dominante: A Justiça, que significa Justiça.
Amor: Poderá encontrar um amigo que já não
•••
via há muito tempo. Coloque a conversa em dia.
Saúde: Procure não abusar em refeições muito Na escola, Zezinho está a chorar e a professora diz:
condimentadas.
Dinheiro: Não influencie as ideias dos outros. – Não chore, Zezinho! Quando somos pequenos, choramos
Permita que cada um pondere por si. Aceite
críticas construtivas feitas por alguém que tem
muito e acabamos por ficar feios ao crescer.
mais experiência. Não as encare como algo – Então, professora, quando a senhora era pequena deveria
negativo, mas sim como forma de melhorar o
seu desempenho ser uma grande chorona, hein!
Número da Sorte: 8
Números da Semana: 6, 45, 40, 20, 30, 4 •••
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Procuro que a justiça
fundamente os meus actos. Na escola, a professora explica:
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19 – Se eu digo "fui bonita" é passado. Se digo, «sou bonita»,
o que é Zezinho?
Capricórnio – É mentira.....
21-12 a 20-1
Carta Dominante: 6 de Copas, que significa •••
Nostalgia.
Amor: Período marcado pela harmonia familiar.
Organize um serão divertido em sua casa.
A professora tenta ensinar matemática ao Zezinho.
Poderá viver momentos confusos e agitados a - Se eu te der 4 chocolates hoje e mais 3 amanhã, tu vais
nível amoroso. Não se descontrole e tente
encontrar solução para os seus problemas. ficar com...com.... com....
Saúde: Tendência para problemas de estômago. E o Zezinho:
Cuide de si.
Dinheiro: Semana propícia ao investimento. - Contente!
Aconselhe-se com o seu gestor de conta. A sua
vida profissional vai exigir de si um desgaste
redobrado de energias.
•••
Número da Sorte: 42
Números da Semana: 1, 5, 45, 4, 7, 6 O Zezinho foi com o seu amigo ao médico e este
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Recordo-me apenas das perguntou-lhe:
coisas positivas. - O que querem? Ao que o Zezinho respondeu:
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
- Doutor, eu engoli um berlinde!
Aquário - E o seu amigo, o que quer?
- Está só a esperar o berlinde. Era dele!
21-1 a 18-2
Carta Dominante: 9 de Espadas, que significa
Mau Pressentimento.
•••
Amor: Esteja alerta, o amor poderá surgir em
qualquer lugar. Deixe-se ser amado. A mãe ao filho:
Saúde: Pratique uma actividade física que lhe dê
bastante prazer. - Zezinho, o que estás a estudar?
Dinheiro: A sua vida profissional tende a
melhorar significativamente. Continue a
- Geografia, mãe.
demonstrar o seu dinamismo. Não adie decisões - Então diz-me: onde fica Angola?
importantes e urgentes. Seja firme.
Número da Sorte: 59 - Na pagina 83, mãe.
Números da Semana: 5, 6, 16, 14, 15, 40
Dia mais favorável: sábado •••
Lema da Semana: Estou seguro de que consigo
lidar com todos os desafios que a vida me traga.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21 A professora aponta para o mapa e diz:
- Hoje vamos até à África do Sul...
Diz o Zezinho:
Peixes - Ó professora, espere só um
19-2 a 20-3 bocadinho que eu tenho de
Carta Dominante: O Imperador, que significa avisar a minha mãe!
Concretização.
Amor: Período favorável à conquista. Encha-se •••
de coragem e diga aquilo que sente. Siga em
frente e lute para alcançar os seus objectivos.
Saúde: Cuidado com alergias, pois o seu sistema Na escola, a professora pergunta ao
respiratório poderá estar muito frágil.
Dinheiro: Seja ousado e não hesite em revelar Zezinho:
as suas ideias criativas. Poderá ser útil para o seu - Zezinho, eu tenho sete laranjas
desenvolvimento profissional.
Número da Sorte: 4 nesta mão e oito na outra. O que
Números da Semana: 20, 10, 3, 6, 45, 44
Dia mais favorável: segunda-feira
é que eu tenho?
Lema da Semana: Tenho o poder e o - Mãos grandes!...
conhecimento necessários para concretizar os
meus projectos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Quinta-feira 4 Novembro 2010 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Chucha; Molesta.
2 – Revelem; Escavar.
3 – Laço apertado; Anel de metal ou
de madeira.
4 – Este objecto; Elemento de
formação de palavras, de origem
grega que exprime a ideia de
“corrente”; Pref designando
“intensidade”.
5 – Encaram; Goste de.
6 – Errai; Embarcações de recreio, de
motor ou de velas.
7 – Flanco; Frente.
Ajuricaba obriga Sérgio a beijar Sônia 8 – Até; Pau-ferro; Apêndices.
9 – Opiniões; Sorri.
A juricaba obriga Sérgio a beijar Sônia na sua frente. Ele dá-lhe um bei-
jinho e consegue ir embora. Guilherme e Diana divertem-se no com-
putador, quando Arminda chega e briga com a estudante. Nicolau e Karina
10 – Balbúrdia; Querida.
11 – Ignorante; Decorrera.

encontram-se e se beijam. Tito conta a Newton, Clorís, Virgílio e Iara que o Verticais:
empréstimo vai estar disponível no dia seguinte. Virgílio tenta disfarçar a 1 – Expulsa; Moeda açoriana
frustração. Arminda fica irritada ao ver Diana a beber um copo de sumo na correspondente a um escudo.
sala, enquanto ela esperava-a para conversar. Diana deixa Arminda a falar 2 – Vazios; Edificar.
sozinha e, sarcástica, diz que tem tarefas para cumprir. Arminda deixa claro 3 – Sincero; Lura; Ião.
a Diana que está de castigo e que Elza vai levá-la e buscá-la no colégio. 4 – Sova; Essa coisa.
5 – “Césio” (s.q.); Imóvel.
Sérgio conta a André que foi obrigado a beijar Sônia. Ajuricaba diz a
6 – Gostara de; Osar.
Virgínia que vai descobrir o que há de errado no namoro de Sônia e Sérgio.
7 – Sanais; Pedra de moinho.
Nicolau e Karina fazem amor no motel. Karina diz a Nicolau que o casa- 8 – Sem tardança; Retranca franjada
mento de Tito e Filomena vai ficar abalado se uma notícia sobre o golpe do das bestas. AMADAS. 11 – ASNO; ROLARA.
baú sair no jornal. Querêncio diz a Filomena que não vai desenhar os con- 9 – Simpatia; Nome pessoal 7 – ALA; ROSTO. 8 – TE; ITU; ASAS. 9 – AVISOS; F; RI. 10 – CAOS;
vites, pois não concorda com o casamento. Filomena vai-se embora triste. masculino; Oferece. ARGOLA. 4 – ISTO; REO; AB. 5 – OLHAM; AME. 6 – PECAI; IATES.
Joca revela a Arminda que tudo indica que quem tentou matá-lo foi o pro- 10 – Espécie de paio feito de lombo e Horizontais: 1 – BONECA; LESA. 2 – ACUSEM: OCAR. 3 – NO; M;
fessor Flores. Joca afirma que sabe o que vai fazer e beija Arminda. Diana entremeado de presunto; Lavrar. Soluções:
liga a Guilherme e ele diz que ela tem que obedecer Arminda. Léia chega 11 – Referentes à Arábia; Imposto de
em casa, vê Arminda e as duas trocam farpas. Iara diz a Virgílio que precisa transmissão.
de dinheiro para pagar a parcela da casa que comprou para a mãe. Joca vai
até a casa de Mário, um antigo amigo que mora na favela.

SIC • Passione Boa Mesa Farmácias

de serviço
Casinha Velha Praia
Degustações tertulianas 05/11 – Farmácia Santo
António
06/11 – Farmácia
Africana
07/11 – Farmácia
Avenida
08/11 – Farmácia Santa
Jessica manda prender Agostina Isabel
09/11 – Farmácia
B ete recusa em acreditar que Saulo possa ter roubado a própria empre-
sa. Gerson não aceita a proposta de Saulo. Clô sofre com a família que
está contra ela. Jéssica acusa a madrasta pelo que aconteceu entre ela e
Universal
10/11 – Farmácia 2000
Agostina e tenta expulsá-la da sua casa. Berilo confessa a Jackie que está
11/11 - Farmácia
penalizado com a situação de Clô. Totó consola Adamo, que sofre por causa
de Francesca.
Gerson conta a Bete sobre a proposta de Saulo e as humilhações de Melina
U ma das referências gastronómi-
cas da Cidade Velha, Ribeira
Grande de Santiago, é, sem dúvida, a
montanha, nove “eleitos” por simpáti-
co convite da Alita, degustaram
sabores de Ricardo Silva, chef por-
Moderna
12/11 – Farmácia Central
contra Diana. Mauro entrega os balancetes da empresa para o auditor de Casinha Velha - o simpático restau- tuguês que reside na Alemanha.
Cavarzere. Kelly incentiva Fátima a lutar para ficar com Sinval. Lorena rante da Alita, famoso pela Sopa de Foi variado o repasto: do “Cardinal”
destrata Stela. Fátima chega com Agnello, Kelly e Alfredo no velódromo. Peixe e a Cachupa, iguarias de fazer (aperitivo de baixo teor alcoólico) à S. Vicente
Boca ameaça Danilo. Mônica manda os seguranças tirarem Fátima do veló- água na boca… entrada, uma “Busqueta Tradicional”,
05/11 – Farmácia
dromo e as duas se desentendem. Telma avisa a Lorena que Stela foi emb- Mas esta pequena catedral de saberes passando pelo “Carpaccio de Vitela
ora e a estudante avista Agnello. Sinval procura Fátima. e sabores, situada no Calhau, na praça com Molho de Atum”, a “Esparguete à Avenida
Totó pensa em Felícia e procura-a. Adamo preocupa-se com Agnello ao de onde emerge o edifício da Câmara, Pescador”, os “Rolinhos de Fiambre 06/11 – Farmácia Leão
saber que ele esteve com Stela. Antero pensa em levar Benedetto para tra- reserva-nos outras surpresas. É que, com Queijo di Terra Provincial” e, 07/11 – Farmácia Nena
balhar como jardineiro na sua casa. Brígida vai ao quarto de Diógenes e fica por várias vezes, o restaurante foi para rematar, “Tiramisu à Chefe”.
08/11 – Farmácia Higiene
nervosa ao se deparar com Antero. Fortunato apresenta Mimi e Benedetto a palco de inesquecíveis experimen- Degustações à parte, a tertúlia fez-se
Candê. Berilo visita Agostina. Fred ouve Mauro acusando Saulo de estar a tações gourmet. E, mais uma vez, noite dentro num clima de empatias, 09/11 – Farmácia Jovem
roubar a metalúrgica. Totó leva Felícia para jantar na cantina onde Clara tra- aconteceu. Foi no passado domingo conversas e cumplicidades. E todos 10/11 - Farmácia Mindelo
balha. que, embalados pelo vento suave da ficamos gratos à Alita!
 Já SEMANÁRIO GRATUITO

bai-bai
Quinta-feira 4 Novembro 2010
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com

Bebé Ao marcar o seu primeiro golo oficial pelo Manchester, na passada

semana, frente ao Wolverhampton, com a dança crioula junto à
linha de fundo enquanto sorria à plateia para comemorar o tento,
fidju di Cabo Verde Bebé (ou Tiago Correia de seu nome próprio) demonstrou não ter
esquecido as suas raízes cabo-verdianas - aquele tique de dança em
jeito de funaná, alegre, movimentado e brincalhão: como se fosse o
culminar de suprema ambição, à maneira calejada de um povo que
luta no duro por um futuro melhor, fazendo-o a sorrir perante a
adversidade. Talvez, na altura da comemoração, Tiago se tivesse lem-
brado de quando, então menino de rua deixado à sua sorte num bair-
ro pobre em Agualva, Cacém, dava pontapés em latas que serviam da
redondinha, e convivia de perto, muito perto, com a marginalidade.

De menino de rua
a estrela da bola de uma sociedade pretensamente do a vida de marginal. De es- bom nível, cinco golos em 11

D
o passado de Bebé
rezam pouco as cróni-
cas de vida. Sabe-se
apenas que o nominho
se deve à “intervenção” do irmão
Ricardo, dois anos mais velho:
Tiago Correia estava deitado no
berço, quando Ricardo decidiu
chamar-lhe, carinhosamente, “be-
bé” por se ter esquecido momenta-
neamente do seu nome ou porque
acharia mais simpático dirigir-se
dessa forma ao codé da família.
Seria premonição para todo o sem-
pre.
Receou a cadeia
O futuro do menino Tiago poderia
ter sido igual ao de muitas outras
crianças das famílias de segunda
geração, cabo-verdianas, moçam-
bicanas, angolanas ou guineenses
que pululam e crescem em «gue-
tos» dos arredores de Lisboa, os
preconceituosamente chamados
«bairros problemáticos», no limbo
desenvolvida e solidária que deixa
crescer estas sementes de violência
em seu redor. Salvou-o da queda
no mundo marginal (ele próprio
chegou a dizer ao padre director da
instituição que o acolheu que se
não fora esse “milagre”, nos dias
de hoje poderia estar preso) a
Comissão de Protecção de Me-
nores ao tirá-lo, com apenas dez
anos de idade, da casa da avó, Ilda
Romana - já que os pais se desin-
teressaram precocemente da sua
sorte - encaminhando-o para a
Casa do Gaiato de Santo Antão,
Loures.
Na Casa, criada com amor pelo
Padre Américo, onde cerca de 80
crianças (muitas delas de origem
cabo-verdiana) como o Tiago
aprendem a valorizar-se e a dar um
novo rumo à vida, correu atrás do
seu sonho de futebolista, fazendo
alarde do jeito natural para
driblador… ele que havia já finta-
calonado para a seleção portugue-
sa dos Sem Abrigo, que disputou
um Mundial em Milão, Itália (on-
de Portugal foi vice-campeão),
passou pelos juniores do Loures e
do Estrela da Amadora, até que,
aos 17 anos, subiu à equipa princi-
pal do clube da Reboleira para dis-
putar a II divisão. Ganhava então
1300 euros por mês (cerca de 130
contos CV). Olheiros do Gui-
marães caíram em cima daquele
menino fisicamente robusto e com
um poder de drible notável, a dar
ares de um outro futebolista, Nani,
agora seu colega no Manchester
United - curiosamente, outro filho
dos bairros pobres da Amadora e
também descendente de cabo-ver-
dianos.
O Mercedes que aguarda
na garagem
O desejado salto para a cidade-
berço só aconteceu com o contri-
Conseguido o
estrelato, Bebé
tornou-se o ídolo da
instituição que o
acolheu, orgulhosa do
sucesso do seu
pupilo, agora visitada
por supostos
familiares da nova
estrela do futebol
mundial,
proclamando o seu
estatuto de “irmão
do cabo-verdiano”
buto do seu empresário Luís Alves,
que lhe ofereceu um Mercedes
topo de gama, que continua na
garagem do futebolista, a aguardar
que Bebé obtenha a carta de con-
dução. Uma pré-temporada de
jogos de preparação, e as indi-
cações dadas por Carlos Queirós a
Ferguson, o treinador dos Red
Devils, serviram para despertar o
interesse do Manchester, que apre-
sentou uma proposta das arábias: 9
milhões de euros (900 mil contos
CV).
Conseguido o estrelato, Bebé
tornou-se o ídolo da instituição que
o acolheu, orgulhosa do sucesso do
seu pupilo, agora visitada por
supostos familiares da nova estrela
do futebol mundial, proclamando o
seu estatuto de “irmão do cabo-ver-
diano”. Mas podem tirar “cava-
linho da chuva”: para quebrar a sua
solidão, Tiago apenas pensa levar
para Manchester os seus avós ca-
bo-verdianos. Precisamente aque-
les que carregaram a cruz de lutar
pela sua sobrevivência. Um final
feliz de um enredo digno de conto
de fadas. Uma atitude digna de um
menino que se fez homem.