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PREEXISTENTE
Introdução
A frase que antecede norteia as reflexões que serão apresentadas e desenvolvidas no
corpo deste artigo, artigo este que pretende elucidar algumas das razões de práticas
urbanísticas - executando um recorte sobre as ditas higienistas - surgidas no século XIX
ainda se sustentarem na sociedade contemporânea e o arquiteto enquanto ator ou
interventor de tais práticas.
Dada a proposta deste trabalho, escolheu-se as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro
para abertura de um panorama sobre a população susceptível ao degredo de sua
habitação ou lugar de ocupação em função da razão mercadológica do uso da terra.
Tendo ainda como aporte a abordagem foucaultiana sobre questões da sociedade.
O higienismo contemporâneo
O prefeito atual da cidade de São Paulo, João Dória Junior, foi eleito em 2016 no
primeiro turno, mediante campanha eleitoral que manifestava explícito apoio à
privatização nos setores referente a administração de espaços públicos e saúde, e
implementação de programas de embelezamento urbano como o Cidade Linda. Logo ao
início de seu mandato realizar ações, no mínimo, passíveis de questionamentos como a
limpeza da Cracolândia e a cobertura dos grafites que estampavam a cidade, foram
afirmativas de sua política higienista – aqui não mais com nenhum intuito sanitarista,
mas com apelo estético e moral.
As ações são questionadas por Guerra no fragmento de crônica seguinte:
O que é mais triste não é ver o novo-velho prefeito resgatar práticas tão
antigas e obsoletas – no mínimo, serão ineficazes, pois ele apenas está
oferecendo aos pichadores paredes brancas para que exerçam seu ofício –,
mas ver tanta gente boa e inteligente sendo levada de roldão pelo marketing
político e pelo press-release que nos oferta hoje a grande imprensa. Essas
pessoas pararam de pensar? Ou apenas se venderam por uma promessa de
cidade mais limpa, higienizada e harmônica? (GUERRA, Abílio. Crônicas de
andarilho 11. Minha Cidade, São Paulo, ano 17, n. 198.04, Vitruvius, jan.
2017)
A resposta para as questões de Guerra, sob a óptica de Foucault, estão nas relações que
o Estado estabelece com as práticas neoliberalistas, como já elucidado neste artigo, que
é quando a arte de governar se traduz na habilidade de gerir, de modo empresarial, essa
cidade.
Voltando o olhar para a Cidade Maravilhosa – nomenclatura adquirida coincidentemente
com a reforma de Pereira Passos - o caso é intrinsecamente institucionalizado com
políticas justificadas enquanto públicas, não distante das justificativas do século XX.
Meu Porto Maravilha, é o programa de intervenção urbana para a antiga zona portuária
do Rio de Janeiro, que tinha a prerrogativa de reavivar os usos e ocupações daquela
região e ainda trazer equipamentos que trouxessem maior mobilidade à população.
Bem, é inegável a nova dinâmica agregada à localidade, porém é necessário dizer que é
uma dinâmica completamente diferente das dinâmicas preexistentes. O novo usuário é o
turista, um usuário flutuante que não desenvolve relações a longo prazo com a cidade,
muitas vezes. O transporte público ali é caro e não integrado com os outros modais,
caracterizando assim um usuário muito específico que não é o mesmo do cotidiano
carioca. Tais argumentos apenas exemplificam algumas das práticas que não
contemplam as ocupações originais, configurando assim, o processo de gentrificação,
muito característico nas cidades turísticas, já que o turismo é um importante fator na
economia de tais cidades.
Das biopolíticas, conclui-se que fazem parte de um arcabouço tão bem estruturados do
processo de governamentalidade neoliberal que acabam por serem responsáveis no
início de um ciclo especulativo (promove) e ao final dele (alimenta), não tratando
portanto, da real discrepância social. O sujeito anormal ocupante do espaço é mera peça
nessa estrutura, sua relação com o lugar e o uso por ele apropriado é comportamento
motivador de queixas das classes mais privilegiadas, quando essas partem do
pressuposto que pessoas alinhadas a normatividade, com poder de consumo daquela
terra são as únicas beneficiárias possíveis da urbes.
Conclusão
Do objeto de estudo, não se pretendeu conclusões, e sim levantar provocativas para
reflexão na área de atuação do profissional arquiteto. Enquanto que a elaboração do
presente artigo almejou pôr em prática os conhecimentos teóricos, bem como análises
críticas com base em tais referenciais teóricos, adquiridos durante o curso de
Arquitetura Brasileira II na Universidade Federal de Ouro Preto no primeiro período do
semestre de 2017 sob a ministração da professora doutora Patrícia Junqueira.
No decorrer do semestre, questões acerca da produção nacional e o papel do profissional
da arquitetura fizeram com que o olhar do estudante se voltasse para o protagonista de
tal produção, o indivíduo e a contextualização do mesmo na sociedade em voga.
Portanto admitir que as práticas correntes nem sempre serão as mais adequadas e terão
as soluções para os embates da profissão, é força motriz para a busca de novas e
diferentes proposições.
Referências
http://www.fna.org.br/parabens-arquitetosas-e-urbanistas/
https://www.academia.edu/34257384/MORADORES_DE_RUA_GOVERNAMENTAL
IDADE_NEOLIBERAL_E_PRODU%C3%87%C3%83O_DO_ESPA
%C3%87O_UM_PROCEDIMENTO_GENEAL
%C3%93GICO_EM_BELO_HORIZONTE_E_BOGOT%C3%81
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/17.198/6385
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Doria