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12 de julho de 2018
Criação: Joana de Oliveira Neuenschwander
Direito Tributário I
Prof.: Werther Botelho Spagnol
As receitas podem ser definidas como ingressos definitivos de recursos financeiros que
não geram passivo para o Estado.
1
○ "Observação: a emissão de moeda, embora não seja tecnicamente
tributo, pelas características intrínsecas, pode ser considerada como
receita derivada".
"A finalidade maior da atividade tributária, sem embargo de não ser a única, é fazer
frente aos gastos advindos da implementação pelo Estado de seus fins
constitucionalmente postos. Dessa forma, a tributação é parte integrante da
atividade financeira do Estado [...]. A conexão entre ingressos e gastos públicos é de
capital importância para o equilíbrio da atividade financeira [...]". (FERRAZ, GODOI,
SPAGNOL, 2017, p. 211).
2
Se o Estado está inchado, tenho que arrecadar mais. Quanto mais inchado é o
Estado, mais ele sobrecarrega a receita. Hoje eu tenho um Estado inchado.
Despesa:
● Capital:
○ Investimento
○ Amortização da dívida pública
3
Todos os países tributam renda, patrimônio e consumo. Tributar o consumo é ruim.
Mas se eu tenho pouca renda e pouco patrimônio no país e concentrar só neles, a
arrecadação global diminui. Para eu tornar mais justa a receita, eu tenho que diminuir
primeiro a despesa. Se eu tenho uma despesa grande, eu não consigo migrar
rapidamente a tributação do consumo para renda e patrimônio.
Se a renda per capita não é alta, você não tem base suficiente em renda e
patrimônio para compensar a perda no consumo caso não tribute tanto lá.
4
pessoas políticas vão tributar conforme e nos exatos limites da competência
outorgada pelo texto maior.
Conceito de Tributo
Art. 3º CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Prestação → objeto de uma relação jurídico obrigacional. "Pelo fato de o tributo ser
uma prestação, só pode ser fruto de ato lícito, não se confundindo com penalidade
(não é sanção de ato ilícito)". (FERRAZ, GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 204).
Que não constitua sanção de ato ilícito → isto é para distinguir o tributo da multa. O
tributo não é sanção, penalidade por ato ilícito. O que gera o tributo é sempre um
fato lícito, permitido pelo direito. Ex.: possuir um carro, perceber renda, consumir. O
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Instituída em lei → princípio da separação dos poderes. Por que que o tributo precisa
ser instituído em lei? Porque o administrado tem que dar o consentimento prévio por
meio dos seus representantes. Isso que distingue a tributação atual da medieval. O
princípio da legalidade tem condão de procurar legitimar essa agressão patrimonial.
A lei vai traduzir o princípio do auto consentimento. Por meio da lei eu garanto que
5 1 "O pagamento deve ser feito em moeda ou nas formas do art. 162 do CTN". (FERRAZ, GODOI, SPAGNOL,
2017, p. 204). Art. 162. CTN - O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.
2 O Bônus do Tesouro Nacional (BTN), na prática, expressava a variação inflacionária medida pelo IPC -
Índice de Preços ao Consumidor IBGE. Era uma espécie de "moeda" que facilitava cálculos de correção
monetária, sendo que o seu valor nominal estava em paridade com o padrão monetário Cruzado Novo,
sendo que o título entrou em substituição as antigas OTNs
(https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B4nus_do_Tesouro_Nacional)
os representantes das pessoas que vão de fato pagar o tributo deem o seu
consentimento.
"A imposição tributária deve ainda respeitar o princípio da legalidade tributária (ser
instituído em lei), princípio este que deverá balizar não somente a instituição do
tributo, mas também a forma como se dará sua exigência por parte do Fisco, não
havendo discricionariedade (cobrado mediante atividade administrativa
plenamente vinculada)". (FERRAZ, GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 204).
tributo.
6
"Constata-se, pois, que o CTN acabou por considerar como elemento essencial para
a divisão dos tributos em espécie tributária a natureza do fato gerador. [...]. Segundo
o saudoso jurista (Geraldo Ataliba), o elemento decisivo para a identificação da
espécie tributária seria encontrada pela análise do fato gerador da obrigação, se
vinculado ou não a uma atividade estatal. As normas veiculadoras de tributos
descrevem hipoteticamente um fato lícito que, ocorrido em concreto, vai
desencadear o surgimento do dever tributário (obrigação de entregar dinheiro ou
equivalente aos cofres públicos). O fato lícito descrito pode guardar uma relação
com situação ou atividade do particular ou então estar relacionado com uma
atividade do Poder Público". (FERRAZ, GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 208).
Cabe ressaltar que o fato gerador não é o único critério de identificação da espécie
tributária, tendo em vista a necessidade de se considerar o destino dado
constitucionalmente ao produto da arrecadação tributária. (FERRAZ, GODOI,
SPAGNOL, 2017, p. 209).
"[...] o Código Tributário Nacional, em seu art. 4o, II, determina não ser a destinação
legal do produto da arrecadação relevante para a determinação da natureza
jurídica específica de um tributo. Não obstante, tal mandamento não se constitui em
licença para a desconsideração da destinação constitucional do produto da
arrecadação de um tributo. Como se verá, o legislador constituinte, quando da
distribuição das competências tributárias, orientou-se fundamentalmente pela
análise do gasto público a ser coberto com a imposição dos tributos". (FERRAZ,
GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 211).
Hipótese
Critério Material: descrição do fato lícito que, uma vez ocorrido em concreto,
produzirá efeitos jurídicos. Ex.: O critério material do IPTU é possuir um imóvel no
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Critério pessoal: quem pode realizar o fato gerador.
Quem realiza o fato gerador do ICMS por exemplo é o comerciante. Se eu vender
um pincel que comprei não pago ICMS. Se eu vender um carro não pago ICMS. Mas
se a Forlan vender ela vai pagar.
Mandamento
Critério pessoal: sujeito ativo e sujeito passivo
O fato gerador do tributo pode ser vinculado ou não vinculado a uma atuação do
estado. Ou seja, esse fato lícito, descrito na hipótese de incidência, ou será vinculado,
ou não vinculado. Se o fato gerador for vinculado, eu tenho taxa ou contribuição de
melhoria. Se ele for não vinculado eu tenho imposto, contribuição especial ou
empréstimo compulsório.
O fato gerador do IPTU é vinculado ou não vinculado a uma atuação estatal? Não
vinculado. O que gera o IPTU é um ato do particular, que possui o imóvel,
independente de uma atuação do Estado.
Ex.: se formos abrir um boteco, uma das primeiras providências será um alvará. Esse
alvará vai ter um tributo, que será uma taxa, decorrente do poder de polícia do
Estado. Só existe o tributo porque o Estado está te fiscalizando.
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Taxa de coleta de lixo → vem junto do IPTU. Depende do Estado atuar diretamente
em relação a você.
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Se o fato for não vinculado, tenho imposto, contribuição especial ou empréstimo
compulsório. O que vai distinguir qual deles é o critério finalístico do mandamento da
norma, o destino a ser dado ao produto da arrecadação.
Art. 16. CTN - Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
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● Empréstimo compulsório → a finalidade que justifica é despesa com
calamidade pública ou guerra externa ou em sua iminência. O que arrecadar
vai ter a finalidade com despesas com esforços de guerra.
As competências não foram distribuídas pelo gênero - tributo - mas sim por espécie.
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A competência não pode ser delegada. Só pode ser exercida
por seu titular e não pode ser delegada a outra pessoa A União
não pode delegar a tributação da renda para estados e
Indelegabilidade municípios. No máximo delega a capacidade tributária ativa,
mas nunca a competência em si. Ex.: Anuidade da OAB. A
União é competente, mas ela delega só a arrecadação. A
OAB que recebe. A competência é sempre indelegável.
A competência não caduca pelo simples fato do seu não
exercício. Se a pessoa não institui o tributo, pode instituir num
Incaducabilidade momento futuro.
Ex.: imposto sobre grandes fortunas está previsto na CF desde 1988. Não fez até
agora. Tem alguma sanção administrativa para isso? Não, porque a competência é
facultativa. Se amanhã ela quiser instituir, ela pode, porque ela nunca irá decair. A
título de grandes fortunas ela pode tributar a classe média? Não, porque a
competência não se altera.
Para eu analisar qual espécie tributária, preciso identificar uma obrigação como
tributaria. Depois, identifico a espécie. Analisar a hipótese de incidência da norma.
O imposto tem fato gerador não vinculado. Mas contribuição também é. Ai tenho
que passar ao critério finalístico. No caso do imposto, o critério finalístico é não
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expresso.
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II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
IV - produtos industrializados;
Art. 153 CF/88 - Dos impostos da União - Compete à União instituir impostos sobre:
importação, exportação, renda e proventos de qualquer natureza, produtos
industrializados, propriedade territorial rural, grandes fortunas, operações bancárias.
O primeiro problema do imposto sobre grandes fortunas é definir o que é uma grande
fortuna. Há vários parâmetros que podem ser utilizados e que são defensáveis em
maior ou menor medida. Imposto sobre grandes fortunas não é renda, é patrimônio.
Não pode confundir com renda. Tributa pessoa física. Se eu ganhar 500 mil por mês
e gastar os 500 mil, não serei tributado nunca a título de grandes fortunas.
Provavelmente, o perfil do imposto sobre grandes fortunas, caso fosse instituído, teria
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um critério temporal anual. O mesmo fato vira jurídico a cada período. Nos locais que
tributam, tem caráter continuado.
Nos outros impostos, você não tem dúvida sobre o que é uma propriedade, uma
mercadoria. Aqui tem dúvida sobre o que é grandes fortunas, sobre o fato tributado.
É a única que fala em Lei Complementar. NInguém discute, por exemplo, o que é
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renda, só se discute o quanto dela tem que ser tributado. Contudo, não temos um
conceito inequívoco de grandes fortunas.
Se o percentual for muito alto, poucas pessoas terão grandes fortunas. A base de
arrecadação fica menor.
A primeira dificuldade é definir este conceito. Supondo que não vou discutir essa
questão, vou usar um valor bem alto, tipo 50 milhões. Ai qual a crítica que se faz? A
crítica é que se passa uma mensagem errada. Que não vale a pena ter grande
patrimônio no país, ou que você não deve ter grande patrimônio em pessoas físicas.
Começa a evasão, remessa para o exterior, criação de fundações.
Economicamente, estudos dizem nunca é uma tributação que vale a pena. A
experiência mostra que no primeiro ano arrecada-se muito, mas depois decai tanto
isto, como o investimento. Se eu começo a tributar pesadamente eu desestimulo o
investimento.
Tenho formas muito mais eficientes de resolver a desigualdade se eu usar a base que
já tenho: imposto de renda e transmissão patrimonial. No Brasil, você quase que
eterniza a lógica de casta. Perde no máximo 8% na transmissão ou doação. Em um
estudo comparado com outros países, isso chega até 50%. Então você pode tributar
de outros jeitos sem desincentivar o investimento.
essa função distributiva de uma forma muito mais adequada, do que se ficar focado
no patrimônio (grandes fortunas). Elimina todos esses entraves políticos, lógicos,
ideológicos que envolvem as grandes fortunas. Mantém a função social de
investimento, de geração de renda e emprego. Na opinião do professor é uma
discussão vazia ter ou não tributação sobre grandes fortunas.
Art. 153 CF/88 - tem a competência ordinária da União Federal para instituir impostos.
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Art. 154 CF/88 - competência extraordinária e residual da União - além dos 7 impostos,
ela pode instituir, mediante lei complementar: impostos não previstos no artigo
anterior e impostos extraordinários decorrentes de guerra. Não pode ser cumulativo
com outro já existente. No caso de guerra externa vale tudo, posso tributar o que eu
quiser.
Art. 155 CF/88 - competência dos estados. Os estados podem instituir apenas 3
impostos: ICMS, IPVA e ITCD (Imposto sobre transmissão de causa mortis ou doação).
O estado não tem competência extraordinária nem residual.
Art. 155. CF/88 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
Art. 156 CF/88 - outorga competência a municípios: ISS, IPTU e ITBI (Imposto sobre
transferência de propriedade imobiliária). Se você compra um apartamento, você
paga ITBI, se você herda, paga ITCD.
Direito Tributário I | 12/07/2018
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,
bem como cessão de direitos a sua aquisição;
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III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em
lei complementar.
Fatos geradores que traduzem o tripé clássico da ciência das finanças: renda,
patrimônio e consumo. Fora a tributação de aduana que é uma variação da
tributação de consumo, porém, com um referencial externo.
Nos outros países costuma juntar ISS, IPI e ICMS em um imposto chamado IVA. Imposto
sobre valor adicionado.
O Brasil não é o país do impostos. É o país das contribuições. Não se paga tanto
imposto, mas se arrecada semelhante a um país desenvolvido. A crítica passa longe
dos impostos e deveria focar muito mais nas contribuições.
Aula 4 - 12/03/2018
Contribuições Especiais
Para identificar uma contribuição especial, olho primeiro o fato gerador. Conforme o
critério material da hipótese, eu tenho o fato gerador vinculado ou não vinculado a
atividade estatal. A contribuição especial tem fato não vinculado. Mas o imposto
também não tem. Preciso, então, olhar o critério finalístico. O imposto não tem
finalidade expressa. O que arrecadado a título de imposto, gasto conforme a LOA.
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Nas contribuições especiais, tenho uma finalidade expressa na norma. Gasta com
uma despesa específica. E conforme a despesa, a finalidade posta na norma, tenho
subespécies de contribuições especiais, elencadas a seguir:
● Sociais
○ Bases:
■ Folha
■ Receita/Faturamento
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■ Lucro
■ Trabalhador
■ Importador
■ Loteria
Art. 195. CF/88 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
Seguridade social engloba um rol restrito. Educação é direito social, mas não está sob
o manto da seguridade social, por exemplo.
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Em geral tenho 2 regimes distintos: (i) assistencial e (ii) contributivo. Nos países onde
adota-se o regime assistencial, a seguridade social é mais uma conta dentro
orçamento fiscal, ela é alimentada por meio de impostos. Não tenho uma figura
tributária específica para financiar a seguridade social. A consequência é que não
tenho a figura das contribuições sociais. Quando o regime é contributivo, eu retiro a
seguridade social do orçamento fiscal, tenho um orçamento autônomo e este é
alimentado por meio de tributação específica. Em termos teóricos, qual o regime
mais justo e mais progressivo de se outorgar a seguridade social? Evidentemente que
é o primeiro. Se eu sustento a seguridade como uma conta dentro do orçamento
fiscal, que é alimentada como impostos, eu desvinculo a necessidade de uma
contribuição específica. A sociedade paga impostos e eu vou receber independente
de contribuir para isso. Além disso, conseguiria estabelecer um regime mais
progressivo. Quem tem esse regime mais assistencial são, por exemplo, Dinamarca,
Noruega. Normalmente não é possível um sistema puramente assistencial. Em geral,
temos um sistema misto.
Art. 195 CF/88: a seguridade social será financiada por toda sociedade de forma
direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos (sistema
assistencial) e das seguintes contribuições sociais (sistema contributivo). Ou seja, será
mantida por transferências do orçamento fiscal e pelo estabelecimento de
contribuições. Apenas a União é competente para a instituição de contribuições
sociais. A base para o estabelecimento das contribuições está na CF: folha,
receita/faturamento e lucro. A empresa paga contribuição social sobre a folha, sobre
o faturamento e sobre o lucro. A empresa contribui de forma pesada para o
financiamento da seguridade social. Toda a sociedade contribui, mesmo que ela
não usufrua, como é o caso da empresa. Paga entre 3 e 11,65% sobre a receita. Sobre
o lucro de 9 a 20%. Folha também paga 20%. O setor mais massacrado por esse
sistema é Banco.
Além das bases para a empresa, tenho ainda a do trabalhador, que é o potencial
segurado, potencial destinatário de saúde, assistência e previdência. Tem também
o importador. Por que está separando o importador do trabalhador? Para equilibrar
o custo econômico das mercadorias. A mercadoria importada não tem esse tanto
de imposto cobrado do empregador. Tenho que taxar para equiparar a mercadoria
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Sobre a loteria também paga-se contribuição. E, finalmente, se isso tudo ainda não
for suficiente, a União pode criar novas contribuições sociais. (Competência residual).
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Tem uma base grande para contribuição e tenho um sistema misto. Se isso não for
suficiente, manda transferir do orçamento fiscal. Então por que que de tempos em
tempos há um debate sobre reforma da previdência? Qual a justificativa que se dá?
Que a previdência é deficitária. Não tem sentido em falar em déficit. Primeira
observação é que saúde, assistência e previdência são um conjunto integrado. Posso
dizer que o sistema está deficitário, não só a previdência. A abordagem deveria ser
analisar para deixar a previdência equilibrada com as outras duas frentes da
seguridade social. Não é uma questão de déficit, é de equilibrar o sistema. Quanto
mais eu impacto a seguridade social, mais eu tenho que carregar nas contribuições
sociais, aumentar estas.
Há muito tempo que não aumenta imposto. Primeiro porque é muito mais fácil
politicamente aumentar contribuição. Contribuição a União não tem que dividir com
estados e municípios. Imposto ela tem que dividir. Na Contribuição, vai ter o ônus de
instituir, mas tem o bônus também.
correntes.
Tudo que a União arrecada nessas contribuições sociais, que em tese deveria ter que
ir para a seguridade social, ela tira 30% que fica desvinculado disso.
3
Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para prorrogar a desvinculação de receitas da União e estabelecer a
desvinculação de receitas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
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Olha o contra-senso. Se eu tenho uma propaganda oficial de que preciso reformar
essa despesa porque tenho o déficit, como que eu posso querer desvincular 30%?
Posso arrecadar uma contribuição social e gastar como se fosse imposto. Para eu
começar uma discussão sobre isso, eu tinha que primeiro não me fazer valer da DRU.
Isso não quer dizer que não seja preciso pensar na reforma da previdência. Não posso
permitir que a previdência se sobreponha à saúde e à assistência social.
Posso exercer a competência das contribuições sociais, vai recair sobre essas 6 bases
elencadas anteriormente.
Aula 5 - 19/03/2018
Direito Tributário I | 12/07/2018
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O que caracteriza uma contribuição é uma finalidade posta na norma. Dependendo
da finalidade vai se encaixar em alguma dessas categorias elencadas acima.
Começaram a ser criadas diversas contribuições ditas gerais e chegando ao STF ele
decidiu que o art. 149 traduz fonte de competência autônoma. Contraria a opinião
do professor.
São duas fontes de contribuições: as autônomas, no art. 149 (para financiar outras
Direito Tributário I | 12/07/2018
coisas que não a seguridade social, chamadas contribuições gerais, educação por
exemplo) e art. 195 (seguridade social).
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Tem-se, portanto, o entendimento de que não vai limitar as contribuições.
Contribuições estas que já estão no mesmo tamanho que o número de impostos. O
país não é o país dos impostos e sim das contribuições.
Essas contribuições se justificam quando o Estado vai atuar, vai intervir sobre o
domínio econômico. É sobre o domínio econômico e não no domínio econômico.
“No” é quando ele atua, como no caso de monopólio, por exemplo. Sobre é quando
atua regulando, induzindo a atividade.
Intervenção sobre domínio econômico não pode ser difusa, tem que ser específica
para gerar a CIDE. Cobrava de quem era agente da atividade econômica (ex.:
produção do café), não de um médico que não tinha nada a ver com isso, por
exemplo. Usava o dinheiro para divulgar o produto brasileiro no exterior, por exemplo.
Com o passar do tempo, ela passou a ser desvirtuada. CIDE combustível serve para
recuperação e expansão da malha viária. Isso não é intervenção sobre domínio
econômico, é interesse difuso, não interessa um setor específico da atividade
econômica. E quem paga é quem abastece o carro, que é quem não exerce
atividade econômica nenhuma. Seria inconstitucional. Mas foram e alteraram a CF.
Tornou a exceção válida por meio de emenda constitucional. Essa CIDE combustível
é desvirtuada. O correto é tipo aquela do café, citada anteriormente.
21
Sociais, interventivas e corporativas → competência EXCLUSIVA da União. Só podem
ser instituídas por ela. Não repassa as contribuições para os outros entes como
acontece com os impostos.
As duas últimas são de competência ora dos estados, ora dos municípios. A
competência estadual é mais restritiva. Enquanto a da União é seguridade social, ou
direitos sociais outros, a dos estados e municípios só podem instituir contribuição
previdenciária. Manutenção de regime de previdência próprio de seus servidores.
Então estados e municípios, ao contrário da União, não tributam a sociedade em
geral, apenas seus servidores para sistema de previdência próprio. Se um município
pequeno não tem sistema de previdência, por exemplo, ele não pode instituir essa
contribuição. Estado de MG até pouco tempo atrás tributava servidor para financiar
saúde. Não poderia porque a competência da Constituição era limitada a
previdência. A competência é inalterável, não pode se expandir por legislação
infraconstitucional.
4
Súmula Vinculante 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. 22
Aula 6 - 22/03/2018
Art. 148. CF/88 - A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
Se é um tributo com fato gerador não vinculado, defino a espécie pelo critério
finalístico. Qual é o critério finalístico no empréstimo compulsório? A União, mediante
Lei Complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: para atender despesas
com calamidade pública, guerra externa. Tem 2 finalidades que justificam o exercício
da competência por parte da União.
É uma figura em desuso entre nós. Felizmente, somos um país pacífico. E nas situações
de calamidade o governo tem outras formas de tributar que não precisa devolver. A
lei que instituir esse empréstimo determinará como devolver o dinheiro.
23
O constituinte discriminou expressamente quem é o titular da competência.
Art. 77. CTN - As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial,
Direito Tributário I | 12/07/2018
Duas atuações do poder público que podem gerar taxa: ou a prestação de serviço
ou o exercício regular de poder de polícia.
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Art. 78. CTN - Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.
Toda vez que o poder público exercer o seu regular poder de polícia, ele pode cobrar
do cidadão por isso.
Ex.: Vamos abrir um boteco. Para isso, será preciso um alvará. O alvará de localização
é dado por quem tem poder de polícia para dizer se ali pode ou não funcionar um
boteco. Vou servir um tiragosto, o poder público vai exercer o poder de polícia
sanitário. Vou pagar uma taxa de polícia sanitária. Vou ter que ter alvará do corpo
de bombeiros. Então, na hora de abrir um simples botequinho, já paguei uma série
de taxas em razão do exercício regular do poder de polícia. Poder de polícia é toda
vez que o poder público dá pitaco na minha vida privada. Esse regular poder de
polícia é fato gerador de taxa de polícia. Não é taxa de polícia stricto sensu,
abrangendo só PM e PC não.
Além da taxa de polícia, o governo pode exigir a taxa de serviço. Mas para isso é
preciso alguns requisitos. Não é qualquer serviço público que pode ensejar cobrança
de taxa. Ele tem que ser específico e divisível. Específico é que eu posso identificar
quem está usufruindo. Divisível, posso quantificar quanto do serviço foi usufruído por
você. Ex.: Iluminação pública é um serviço público mas ele não é específico e muito
menos divisível. Não consigo dividir o custo daquela iluminação proporcionalmente
ao uso de cada um.
Se o serviço público for específico e divisível, ele pode ser cobrado por utilização
potencial. Ex.: Água. Consigo medir exatamente o consumo. Se ele é específico e
divisível, posso cobrar potencialmente, ou seja, não é necessário que você consuma,
Direito Tributário I | 12/07/2018
posso cobrar uma taxa mínima. Ex.: você viaja, não usa durante um mês. Mas posso
cobrar taxa mínima, pois ele estava ali disponível para você usar caso quisesse. Não
necessariamente preciso identificar o valor exato do consumo.
Não há tributação sem lei. Toda matéria tributária tem que estar na lei. Obrigação
tributária é sempre ex lege, não ex contractu.
25
Ex.: Transporte coletivo municipal. É um serviço público, específico e divisível. Quando
pega um ônibus paga uma taxa? O serviço público, para gerar uma taxa, tem que
ser prestado diretamente pelo poder público. Se ele não é prestado diretamente, eu
pago tarifa ou preço público.
A taxa é quando o serviço público é prestado diretamente pelo poder público. Tarifa
quando o serviço é cedido ou concedido a exploração/atuação do particular.
O poder público não necessariamente explora o serviço público per si. Ele pode
ceder ou conceder esse serviço para exploração do particular. Em assim
procedendo, a remuneração pelo serviço deixa de ser tributária e passa a ser
tarifária. Tributária precisa de lei para alterar, aumentar. Se ela é tarifária eu não
preciso da lei stricto sensu. O órgão regulador mexe nas condições da remuneração.
Não é porque existe um serviço público que isso pode gerar taxa. Primeiro, tem que
ser específico e divisível. Mesmo que ele seja, não necessariamente gera taxa. Há
necessidade de ser prestado diretamente pelo poder público. Caso contrário,
enquadra no regime tarifário. São muito poucas as taxas de serviço que a gente
paga. Em geral pagamos taxa de polícia, pois este não é cedido nem concedido a
exploração pelo particular, diferentemente dos serviços públicos. A maioria deles são
cedidos ou concedidos, principalmente porque tem potencial de gerar lucro. Isso é
ruim? Sim, do ponto de vista do usuário. Pois no regime tarifário posso flutuar os valores
sem autorização legislativa.
Não está na essência do serviço o regime tarifário ou tributário, está no sujeito ativo,
Direito Tributário I | 12/07/2018
Se um tributo tem fato gerador vinculado, em última análise quem realiza o fato é o
Estado. Uma outra atuação estatal que também gera tributo é a contribuição de
melhoria.
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A contribuição de melhoria tem sua origem na Inglaterra, Londres. Na época,
necessitava expandir territorialmente a cidade. E parte dessa expansão abrangeria
terrenos pantanosos, o que dificulta essa expansão. Teve que fazer grandes obras
públicas no sentido de drenar e urbanizar esses terrenos. Se eu sou dono desse terreno
que é um pântano, ele vale pouco ou quase nada. Quando o poder público drena
e urbaniza este imóvel, o imóvel valorizou não por benfeitoria custeada pelo
particular e sim pelo poder público. A conclusão do parlamento inglês era que aquilo
não era justo, então, o município responsável por aquela obra poderia tributar a mais
valia daquele imóvel. Se o imóvel valia 100 e passou a valer 1000, a lei diria quantos
por cento daquela diferença eu poderia tributar. A Alemanha importou isto. O país
estava destruído. Várias obras públicas eram de interesse geral, mas outras de
interesse específico. Estas últimas iriam gerar uma valorização imobiliária. Mas na
Alemanha não adotou a lógica da mais valia. Dividiu os custos. Não tributou o
quantum da valorização. Se preocupou em compartilhar custo, o referencial do
tributo era o custo da obra. Na Inglaterra tanto fazia o custo da obra, o referencial
do tributo era a valorização imobiliária. O ponto comum é ter uma obra pública que
acarrete uma valorização. A diferença é o critério de cobrança. O sistema inglês é
mais justo, progressivo. O alemão é mais prático.
Quando o legislador brasileiro foi importar o instituto, ele fez um critério misto.
Art. 81. CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é
instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
5 espécies tributárias. Nas 3 espécies de fato gerador não vinculado (ou seja, o fato
lícito é meu, independe de uma atuação do estado) eu discrimino quem pode
cobrar o que, pois haveria possibilidade teórica de dupla ou tripla incidência. Se o
fato gerador é vinculado a uma atuação do poder público (taxa ou contribuição de
melhoria, conforme a atuação), o constituinte não discrimina quem tributa. Só tributa
quem tem a competência administrativa para atuar.
27
Relembrando, "pela análise do fato gerador, se vinculado ou não a uma
atividade/atuação estatal, teremos (i) imposto (fato gerador não vinculado), (ii) taxa
(fato gerador vinculado à prestação de um serviço específico e divisível ou ao
exercício regular do poder de polícia) e, finalmente, (iii) contribuição de melhoria
(fato gerador vinculado à realização de obra pública de que decorra a valorização
imobiliária para o contribuinte). (FERRAZ, GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 208).
ESTUDO DIRIGIDO
28
4. Quais são as semelhanças entre as taxas e as contribuições de melhoria?
Taxa e contribuição de melhoria tem fato gerador vinculado a uma atuação estatal.
Art. 149 ao falar das espécies e o artigo 195 detalha isso. O art 195 está explicitando
o 149 ou está criando uma autonoma?
05/04/2018
● Limitações:
○ Princípios → Legalidade (art. 5/150,I) → Conceito
○ Imunidade
Art. 5º, II CF/88 - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
29
Princípio da Legalidade → princípio mais importante → é a raiz do estado de direito,
do constitucionalismo, da separação dos poderes. Embora devesse ter conteúdo
material fortíssimo, sempre foi muito mais formal do que material. Por que que a
legalidade tributária foi criada? Para o executivo não poder ao seu bel prazer
estabelecer. Se eu não tiver barreira, complica. Se preciso de lei, preciso de um
segundo poder que previamente autorize que eu exerça a tributação. Quem
autoriza o ingresso vai ser diferente de quem vai ser responsável pelo gasto. Senão o
executivo poderia sair gastando. Não são o Pimentel ou o Kalil que vão estabelecer.
São nossos representantes estaduais e municipais que vão dar a autorização. Cumpre
uma função formal muito importante no equilíbrio da separação de poderes.
30
lá para cima, aumenta a inflação. Importa para tentar regular o mercado. Se o
imposto tivesse lá em cima, até ter uma lei ia demorar muito. IOF grava o crédito. Se
a demanda está maior que a oferta, gera uma pressão inflacionária. Se tem mais
oferta que demanda, gera recessão. Então muitas vezes é do interesse do governo
juros mais altos, juros mais baixos, créditos mais fáceis ou não. Isso muitas vezes se
resolve por meio tributario. Não posso instituir por decreto. Mas uma vez instituído,
posso mexer.
Nesse contexto, haveria espaço para interpretação na matéria tributária? Se lei deve
descrever detalhadamente todos os aspectos, haveria espaço para interpretação
ou teria que sempre me render a literalidade do texto?
Ex 3.: Festa de Formatura. Pedem uma doação ao professor. Professor vai doar 100
Direito Tributário I | 12/07/2018
mil reais. Vai gerar ITCD. Verifico que a legislação do ITCD diz que doações até 50 mil
reais a alíquota é 5%. Acima desse valor, 10%. Dá 50 mil esse mês e mês seguinte dá
mais 50 mil. Ao invés de 10%, pagou 5%. Ninguém me obriga a doar e ninguém me
obriga a doar de uma vez só. Mas o fiscal poderia alegar que a intenção era doar
100 mil.
São exemplos para demonstrar que a legalidade em si é uma garantia que vai ter
maior ou menor força consoante a sua interpretação e a sua força na interpretação
31
do tributo em si. Seria uma ilusão dizer que não há espaço para interpretação no
direito Tributário, mas acaba ficando inevitável. A legalidade não resolve
adequadamente sem uma carga interpretativa. Pensando nisso, o legislador
complementar passou a estabelecer determinados critérios de interpretação que,
sendo purista, não deveriam existir.
I - a analogia;
IV - a eqüidade.
Art. 109. CTN - Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa
da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas
não para definição dos respectivos efeitos tributários.
Direito Tributário I | 12/07/2018
Art. 110. CTN - A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou
implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas
Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar
competências tributárias.
"FInalmente, registre-se que o art. 110 do CTN muitas vezes é tomado pelo que em
verdade não é. O art. 110 não dispõe que o legislador tributário está sempre impedido
32
de alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de
direito privado. Essa vedação existirá se uma norma constitucional houver utilizado
estes institutos, conceitos e formas para atribuir competência tributária a um ente
político [...]" FERRAZ, GODOI, SPAGNOL, 2017, p. 365).
Interpretação civilista → 110 → tem que ficar preso no conceito e forma no direito
privado.
Determina quando se pode e quando não pode ir além do direito privado. São
comandos destinados a interpretação no nível pré-legislativo.
No caso do ICMS a interpretação tem que ser civilista sob pena de alterar a
distribuição de competência.
No caso da doação dos 100 mil reais do terceiro exemplo → pode interpretar
economicamente ou não? Na opinião do professor, claro que pode, pois não está
Direito Tributário I | 12/07/2018
33
Tenho a força da legalidade que em termos teóricos, abstratos e ideais não haveria
espaço para a interpretação. A não interpretação inclusive seria uma garantia ao
administrado. Mas em algumas situações é preciso.
09/04/2018
2 Textos grupo facebook - um texto que diz que o CTN nada inovou porque simulação
sempre foi vício no negócio jurídico ou que na realidade o sentido era realmente dar
uma abrangência da teoria americana do business proposal, ou seja, o abuso de
formas.
34
Art. 108 - veda analogia, etc
Era assim que se entendia o direito tributário antigamente, o positivismo tinha uma
força muito grande. Antes tinha um princípio da legalidade de forma absoluta.
Depois evoluiu ou involuiu no sentido que a CF que dá o sentido da lei com o famoso
Controle de Constitucionalidade. Hoje princípios supraconstitucionais dão sentido à
própria CF. Quanto mais espaço, maior a insegurança jurídica.
A grande inovação foi que pela primeira vez o CTN abriu espaço para não mais o
legislador, mas a autoridade fiscal interpretar o fato subjacente.
35
você quer recibo ou não. O fato gerador tributário na relação é renda do dentista.
Se é sem recibo, consequentemente esse fato gerador vai ser sonegado da
autoridade fiscal. Ou seja, tenho sonegação quando no mundo fenomênico há de
fato a ocorrência do fato gerador e ele não é informado, ele é sonegado da
autoridade fiscal. A sonegação é sempre um ilícito tributário.
Tenho que pagar alguma coisa quando surge uma obrigação tributária, a obrigação
de entregar dinheiro aos cofres públicos. Essa obrigação surge com a ocorrência do
fato gerador. Se ele ocorre e eu não informo ao fisco, sonego. Se eu evito que este
fato ocorra, planejo os meus negócios para isto, é elisão fiscal.
Ex.: Doação de 100 mil reais para a festa de formatura. Fato gerador de ITCD. O fato
é quando eu efetivo a doação. Se eu doar 100 e pagar 5%, eu soneguei. E se eu doar
50 e 50 mil, fiz o fato gerador ocorrer de duas vezes. No passado, ou o legislador se
antecipava ao fato e escrevia na norma que doação fracionada ao mesmo titular
se tributa pelo valor total ou não havia nada que poderia fazer. A extensão da
inovação do parágrafo único do artigo 116 é que a autoridade fiscal, vendo isto aqui,
poderia desconsiderar o meu formato, não porque eu soneguei, mas porque abusei
das formas do direito privado, abusei do meu planejamento tributário, tendo em vista
que minha intenção na verdade era doar 100. Isto era impensável antes do
parágrafo único do artigo 116.
Ex.: Fazenda da aula anterior. Para evitar o imposto um entra com a fazenda e o
outro com o capital e depois faz a cisão. O que entrou com a fazenda sai com o
dinheiro e viceversa. Antes não havia o que ser feito. Agora o fiscal pode dizer que
nunca quis ser sócio, queria a compra e venda e abusou do formato do direito
privado para evitar tributação? Imagina que fez isso tudo e ficou sócio 2 meses. É
tempo suficiente para eu brigar ou vou entender que minha intenção sempre foi uma
compra e venda? Qual que é o tempo razoável para isto deixar de ser questionável
Direito Tributário I | 12/07/2018
ou não? Nos extremos é fácil, 1 dia ou 10 anos. Mas e 2, 3, 5 meses? Uma crítica que
se faz ao artigo 116 é que ele eliminou a segurança jurídica na estruturação dos
negócios.
36
que é próprio da empresa. Ela está com problema de capital de giro. Pode ir ao
banco e conseguir ou vender parte do patrimônio para se capitalizar. Um negócio
comum é vender para um investidor que vai alugar para ela. Só que a lei por razões
que o professor desconhece diz que a alíquota de pessoa jurídica deste imposto é
27,5% e a de pessoa física é 15%. O que vai fazer é tirar o imóvel da pessoa jurídica e
passar para a pessoa física. Reduz o capital e depois volta com o capital de novo.
Primeira pergunta: há alguma ilegalidade aqui? Não é proibido fazer redução de
capital. Uma vez reduzido o capital, posso aumentar ele de novo? Sim. Não há
alguma ilegalidade. Há sonegação? Não. O fato gerador ocorreu na venda da
pessoa física para o investidor e pagou os 15%. Agora, esse negócio é legítimo ou
ilegítimo? A capacidade contributiva real do negócio era da empresa que por um
negócio jurídico alternativo passou para a pessoa física. Mas a capacidade
contributiva não é garantia do contribuinte?! Vou interpretar conforme o interesse do
estado?
Há vários regimes de apuração de imposto de renda sobre lucro real (pega uma
contabilidade detalhada, todas as suas despesas e receitas tributárias) ou presumido
(arbitra como seria o seu lucro). Vai fazer conta e vai optar pelo que gerar menos
tributo. Por que que aqui nesse caso pode?
Ex.: Quer doar os 100 mil. Ao invés de dar 50 e 50, vai fazer um contrato de mútuo e
vai renunciar ao direito de ação. Que que adianta ter um direito se não vou poder
fazer a execução forçada daquele direito? A vontade aparente é empréstimo. O
negócio simulado é o contrato de mútuo. A vontade real é a doação e o negócio
dissimulado também.
O CTN está autorizando a autoridade fiscal a fazer. Ela não vai desconsiderar quando
ela achar legítimo ou ilegítimo, mas sim quando ela identificar a simulação. No
37
exemplo do galpão, existe um contrato simulado? O instrumento jurídico traduz
exatamente a vontade: reduzir capital e depois aumentar ele de novo.
16/04/2018
Correção exercício
Ex.: Empresa A que tem lucro e é uma empresa industrial. Empresa B que tem prejuízo
e é uma empresa varejista.
A comprou cotas da B e 1 mês depois B incorporou A. Fusão vira uma terceira coisa.
Na incorporação uma só sobrevive. B que ficou, mas passou a atuar com a mesma
estrutura e objeto de A.
Ex 2.: Tenho uma empresa que é uma indústria de cosméticos e ela vende o produto
dela por 150. E a legislação do PIS/COFINS que incide sobre o faturamento, supondo
uma alíquota de 10%. Pagaria 15 reais. A legislação no caso de cosméticos, incide
unicamente na indústria e não tributa no varejo (alíquota 0). Se fizer uma cisão, fazer
duas empresas, uma para a produção e outra para distribuição. Supondo que o
custo de produção é 100. Vende por 100 para a empresa de distribuição, e aí ao
invés de pagar 15 vai pagar 10.
Direito Tributário I | 12/07/2018
Voltando ao primeiro exemplo. O Fisco fiscalizou a empresa e falou que não poderia.
Mas tem que justificar. A CF garante a livre iniciativa. A empresa visa o lucro. O direito
visa a vitalidade da atividade econômica.
38
omito, sonego. Na elisão, visa evitar a ocorrência do fato gerador ou mitigar seu
efeito.
Esquecendo a parte tributária, não há nada que diz que a empresa menor não possa
incorporar a maior e que diz que eu não possa mudar meu negócio. Mas estaria
havendo abuso de formas, negócios jurídicos alternativos, que fogem da
normalidade, que seria A incorporar B já que ele tem mais dinheiro e vão atuar no
campo de A.
Essencialmente os dois exemplos são iguais, nos dois casos eu só fiz a operação para
eu economizar tributo.
39
Na opinião do professor, podia até escrever na testa que está fazendo isso para
economizar imposto. Mas não há vício na opinião dele. Não há proibição da menor
incorporar a maior. Estaria estendendo o sentido a favor do Estado. Não posso
confundir interesse de caixa com interesse público, isto é, tenho que arrecadar nos
limites da lei.
Ex 3.: A com muito dinheiro, B com pouco dinheiro, mas com mesmo ramo de
atuação. B era uma marca antiga conhecida. Fazia sentido autônomo que B
incorporasse A porque embora fosse menos lucrativa, tinha a força da marca. Tinha
o ganho tributário mas tinha um propósito outro. Nesse caso tem menos risco.
23/04/2018
Vimos a legalidade sob o foco da incidência da norma. Mas a CF também traz regras
específicas em razão da vigência e da aplicação da norma tributária.
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou; (Anterioridade)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Garantia/prazo
nonagesimal)
Direito Tributário I | 12/07/2018
40
Uma vez que todos os critérios hipoteticamente previstos na norma ocorrem no
mundo fenomênico, tenho um fato gerador que produzirá efeitos conforme o
mandamento da norma. O fato gerador sempre produzirá efeitos de acordo com a
norma em vigor quando da época do fato gerador. Ex.: O fato gerador do imposto
de renda se aperfeiçoou em 31 de dezembro. Se eu realizei o fato gerador do
imposto de renda, tenho que cumprir uma obrigação tributária de pagar o tributo
consoante o mandamento da norma. A declaração deste ano terá como base a
legislação de 2017. Mesmo eu declarando este ano, o fato gerador ocorreu em 2017
e a lei não retroage. A norma tributária jamais retroage.
A regra geral para a garantia da não surpresa é que a lei que institui o tributo tem
que ser publicada no exercício anterior resguardado sempre o intervalo mínimo de
90 dias. Não chega a ser o princípio da anualidade, mas pelo menos garante esse
intervalo.
41
Em relação a não surpresa, tenho 3 grupos de exceção, dispersos na CF.
Correção da prova
LO tributa em 20% o pagamento efetuado pela PJ às pessoas físicas que lhe prestem
serviço. LC tributa uma alíquota de 15% o total da remuneração paga pela pessoa
jurídica aos profissionais liberais. O escopo da segunda é reduzida em relação a
primeira.
contribuição de melhoria.
2. Primeiro passo para saber se há exercício válido ou não da competência.
Identificar qual espécie tributária. Fato gerador é pagamento pela empresa.
Fato não vinculado. Contribuição social stricto sensu. Art. 195. À época, a
competência para tributar era folha, faturamento e lucro. Folha - salário. A
Competência estava sendo exercida sobre o total independente de um
contrato de trabalho. Extrapolação pelo legislador ordinário da competência
outorgada constitucionalmente. Conceito de direito tem que ser utilizado da
forma devida quando se trata de competência. Não admite interpretação
42
tributária. No segundo caso, uma LC substituindo a LO instituiu nova
contribuição social a cargo do empregador, mas o escopo era diferente. A
alíquota diminui. Apenas para autônomos. A segunda também era
inconstitucional? Não. Para instituir contribuições sociais não tenho apenas a
competência originária, tem competência residual. 195, IV e 154, I.
Competência ordinária para tributar as bases pré-estabelecidas e
competência residual para ir além.
26/04/2018
Princípios materiais
Se antes as limitações tinham um perfil mais de regra, estes agora tocam mais a
legitimidade material da incidência do tributo.
Não basta o postulado geral de que somos todos iguais perante a lei. O constituinte
aprofundou.
43
Não vai discriminar arbitrariamente em termos do tributo. Para ser efetivo, tenho que
discriminar, mas tenho que discriminar conforme os valores e o sistema jurídico
vigente.
Ex.: Um profissional ganha 200 mil e um sujeito que recebe um salário mínimo. Ambos
têm o mesmo carro. Eles pagam o mesmo IPVA, pois está tributando o bem. Para
discriminar teria que tributar a renda. Discrimina pela capacidade contributiva
medida por meio do fato gerador do tributo.
Sempre que possível, pois há situações em que não é possível, como o exemplo
acima. Calibra a alíquota base conforme o bem e não conforme a pessoa.
Princípio da igualdade não quer dizer que todo mundo vai pagar o mesmo tributo.
Direito Tributário I | 12/07/2018
44
Princípio da igualdade trava no sentido que não pode discriminar por meio do tributo,
não posso querer arrecadar progressivamente por critérios outros que não sejam a
capacidade contributiva.
Não vai discriminar de acordo com gênero, raça, e sim de acordo com a
capacidade contributiva.
Toda vez que a União privilegia a contribuição ao invés do imposto, também está
contribuindo para um sistema mais regressivo. Ela faz isso porque não precisa distribuir
produto da arrecadação para estados e municípios.
Ex 1.: Sujeito sem renda, em situação de rua que, por alguma razão, ganhe uma BMW
em uma raspadinha. Ele pode se furtar do pagamento do IPVA alegando que não
tem capacidade contributiva, não tem renda?
Ex 2.: Senhora idosa, sem parentes, professora aposentada, mas que por herança
mora em uma casa em um bairro muito valorizada. Demonstrando que sua única
fonte de renda é oriunda da sua aposentadoria, ela pode se furtar do pagamento
Direito Tributário I | 12/07/2018
do IPTU?
Ex 3.: Filho precisa de um tratamento de saúde não coberto pelo SUS. Demonstra que
a fonte de renda e o patrimônio não são suficientes para bancar o pagamento. Você
pode pedir isenção do Imposto de Renda alegando estas despesas com o
dependente?
45
Os fatos geradores não guardam nenhuma relação com a situação financeira
pessoal, mas a situação impede de cumprir a obrigação tributária.
3 planos:
Quando for aplicar a igualdade com base na capacidade contributiva, tem que
analisar este tríplice enfoque. No absoluto, em tese, já posso fazer controle de
constitucionalidade, pois pode estar desrespeitando o princípio da igualdade e a
capacidade contributiva.
46
Na visão do professor, na ausência da capacidade relativa E potencial, pode fazer
controle da incidência no caso concreto, suportando no caso concreto, em
determinadas situações, exonerações.
Parte da tributação pode e deve ser estruturada de forma progressiva. Ex.: Imposto
de renda. Faixas de rendas tributadas com alíquotas distintas, mais para aqueles que
tem maior capacidade contributiva. A crítica é que a progressividade existe mas que
ela não é suficiente.
Art. 156, § 1º → o IPTU poderá ser progressivo em razão do valor do imóvel. Foi
emendado (EC 29/2000). Na opinião do professor, foi positivo. Deixou claro que a
progressividade pode atingir o patrimônio. Agora a alíquota também pode ser
progressiva no patrimônio.
Renda e patrimônio. Dentro do patrimônio tenho vários tributos que alcançam essas
grandezas.
47
Quando que não posso fazer a progressividade? Quando o tributo não incide sobre
renda ou patrimônio. Tenho outra técnica? Sim. A seletividade. Me utilizo dela
quando o fato gerador não permite a tributação progressiva. Exemplo típico é a
tributação sobre consumo. Mexo nas alíquotas conforme a essencialidade do
consumo. Então, por exemplo, bens de primeira necessidade, supostamente devem
ter alíquotas inferiores do que bens supérfluos ou que não possam ser enquadrados
como de primeira necessidade. Outra forma de analisar a legislação. Muitas vezes,
no imposto sobre consumo, se a seletividade é bem feita, me aproximo mais da
igualdade do que pela progressividade.
Qual que é a alíquota ótima? Não é pela alíquota. É pela fonte do imposto, ou seja,
a melhor baliza é você identificar se a tributação inviabiliza ela própria. A alíquota de
IPI do cigarro é acima de 100%, mas nem por isso é confiscatória, senão ninguém
fumaria.
Direito Tributário I | 12/07/2018
48
não apenas em relação a capacidade do contribuinte, mas a situação geográfica
do contribuinte dentro da federação. Ex.: MG não pode, com o objetivo de prestigiar
a indústria mineira, tributar diferente uma indústria daqui e uma de SP.
03/05/2018
Imunidades
O Estado de Minas percebe renda. Mas ele não paga imposto de renda, porque ele
tem uma imunidade, que delimitando negativamente o universo de competência
da União, retira a renda dos estados.
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Art. 153 - União tem competência para tributar a renda.
Ex.: Pago imposto de renda para o município? Não. Posso dizer que sou imune ao
imposto de renda municipal? Não, porque o município não tem competência para
tributar a renda e a imunidade é uma delimitação de competência.
Ex.: Estagiário: recebe 1 salário mínimo não paga imposto de renda, porque não
atinge a base de tributação. Não atinge em razão de uma isenção. Não existe
imunidade sobre o salário mínimo. Se amanhã o salário mínimo for de 10 mil reais, ele
não está isento. Não paga imposto de renda porque tem isenção.
O Estado de Minas não paga imposto de renda porque a União não tem
competência para tributar a renda do estado.
Direito Tributário I | 12/07/2018
50
Isenção não é uma limitação ao poder de tributar porque ela pressupõe justamente
o contrário, pressupõe a competência. É uma renúncia legal do poder de tributar,
porque em tese poderia tributar. Legislador entendeu que o valor não era significativo
no caso do imposto. As isenções são dadas ora para indução de atividade
econômica, ora por ausência de capacidade contributiva.
Ex.: Quando a FIAT veio se instalar em Minas, ela teve isenção. Porque normalmente
ela se instalaria em SP.
prosperar porque era ilegítima. Tira patrimônio do país para favorecer um estado.
Começou a se constituir um conceito que o estado não poderia tributar União. Então
se estabeleceu uma segunda limitação, da capacidade contributiva. O poder
público não tem na essência capacidade contributiva, pois está é a transferência do
privado para o público. Não tem sentido comprometer um gasto público para
financiar outro. Nesse sentido, construiu a gênese do conceito da imunidade
intragovernamental recíproca. Está presente na Constituição de 1988.
51
Limitação ao poder de tributar válida para União, Estado e Municípios que não
podem exercer a sua competência aos demais entes da federação.
Uma coisa é administração direta e outra indireta. Essa imunidade se estende ou não
a administração indireta? A resposta está na CF/88.
Professor discordou. Quando diz que era estendida ao patrimônio, renda ou serviços,
não significa que tem que se ater a finalidade. Não estava desenvolvendo uma
atividade econômica, não tinha capacidade tributária. Poderia servir para expansão
futura, por exemplo. Não tem sentido a interpretação que estava sendo dada pelo
município. STF deu ganho à UFMG.
52
Judiciário decidiu coerente com isso. Pela razão da capacidade tributária. Faz parte
do patrimônio do ente público. Não faz sentido tirar de um e dar para outro.
Ex.: Igreja São José - parte do terreno edificado destinado a culto, parte destinado a
exploração de um estacionamento. A exploração de um estacionamento é uma
atividade econômica. Nesse caso, a imunidade não se estenderia em tese, mas há
a alínea C.
Art. 150, VI, c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação
e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Direito Tributário I | 12/07/2018
53
Educação e assistência → são dever do próprio poder público. Se o particular está a
oferecer, está exonerando o poder público de atividades que seriam de sua
competência. É de interesse público que instituições complementem esse dever que
seria do Estado.
Posso exercer essa atividade com fins lucrativos ou não. Se for sem finalidade
lucrativa. A PUC cobra mensalidade mas é uma instituição sem fins lucrativos,
consequentemente está imunizada. Instituição sem fins lucrativos não é que dá
prejuízo por óbvio.
A lei complementar (art. 14 do CTN) estabelece 3 requisitos para que possa entender
uma instituição com ou sem finalidade lucrativa:
O estacionamento da Igreja está sob o manto da alínea C e como tal basta que não
Direito Tributário I | 12/07/2018
distribua lucro.
É uma imunidade. Não tem que discutir se está certo ou errado, querer revogar,
reformar a lei.
54
As genéricas traduzem direitos fundamentais, não podem ser revogadas. As
específicas algumas podem ser.
Por que que imunizei isto? A CF é de 88. Nesta época não tinha internet. Não tinha
como prever que livros, jornais e periódicos poderiam ser consumidos por outros meios
diferentes do papel impresso. Por óbvio, deveria estender ao meio eletrônico. Mas o
estado e município mais uma vez não concordaram. Supremo mais uma vez decidiu
o óbvio, que deve ser estendido.
55
infraconstitucional da imunidade. Porque a imunidade pressupõe justamente a
ausência de competência. Se não tenho competência para tributar, não vou ter
competência legislativa para estabelecer algo diferente.
11/05/2018
Art. 195 → as 3 bases que poderiam ser tributadas eram folha, faturamento e lucro. O
art. 145 ainda dá uma competência residual. Se a União quisesse expandir o
financiamento da seguridade social, poderia ir além de folha, faturamento e lucro.
Teria que ser lei complementar e não retributar fato já tributado por outras
competências.
Lucro é a diferença entre o que entra e o que sai. Quando é positivo, é lucro. Senão,
prejuízo.
Direito Tributário I | 12/07/2018
56
Art. 154, I → competência residual
A Lei 9.718 alterou a alíquota e a base. Passou a tributar também essas não
operacionais. Alargou o conceito de faturamento e aumentou a alíquota de 2 para
3.
Há algum problema com a Lei Complementar 70? Não, porque estou exercendo
minha competência originária para tributar uma base originalmente prevista na
Constituição. Havia necessidade de Lei complementar? Não, pois é originária a
competência. Não está tratando de competência residual. Estou tributando uma
base que está originalmente prevista no texto. Mas se eu institui por LC não tem
problema, estou até dando mais legitimidade. É formalmente lei complementar, mas
materialmente lei ordinária.
Formalmente poderia alterar a lei complementar, pois não precisava ser lei
complementar. Mas materialmente extrapolou a competência ordinaria, porque
ordinariamente se permitia tributar apenas o faturamento e ela foi além do conceito.
Só poderia ir além se estivesse exercendo uma competência residual.
O legislador não pode ao seu bel prazer alterar os conceitos de direito privado.
A 9.718 não se limitou a alterar a alíquota de 2 para 3. Permitiu que 1% (ou seja, ⅓)
que foi produzido por aumento, fosse eventualmente compensado com a CSLL que
a pessoa jurídica eventualmente ofereça.
Se tenho lucro, tenho CSLL a pagar e usar para anular um aumento. Agora se eu sou
deficitário, não tenho CSLL a pagar e paga um imposto maior sobre o faturamento.
Direito Tributário I | 12/07/2018
Uma empresa sem lucro paga mais. Tributa menos quem tem mais capacidade
contributiva.
Imunidades
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Teoria Geral das exonerações vai além das imunidades.
Agora vamos estudar as específicas, que dizem respeito a fatos e situações genéricos
a uma cesta de tributos. São imunidades pertinentes a incidência de tributos
isoladamente.
Sempre uma imunidade posta na CF vai tentar resguardar determinados valores que
o constituinte entendeu como relevantes.
Exportação
Atividade Empresarial
Contribuicoes sociais
58
○ Art. 155, § 2º , X, a
■ Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao
seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem
mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas
operações e prestações anteriores;
○ Art 156, § 3º , II
■ Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: § 3º Em
relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo,
cabe à lei complementar: II - excluir da sua incidência
exportações de serviços para o exterior.
● Empresarial:
○ Art. 156, § 2º , I
■ Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: § 2º O
imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de
bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou
direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de
pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens
ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
● Específicas:
○ Art 155, X, b
■ Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem
Direito Tributário I | 12/07/2018
○ Art 155, X, c
■ Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: X - não incidirá: c) sobre o ouro, nas hipóteses
definidas no art. 153, § 5º;
○ Art 155, X, d
59
■ Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: X - não incidirá: d) nas prestações de serviço de
comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de
sons e imagens de recepção livre e gratuita;
● Contribuições sociais:
○ Art 195, § 7º
■ Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: § 7º São isentas de contribuição para a
seguridade social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei.
60
país onera exportação. O valor é o bom funcionamento da atividade
econômica.
2. O ITR não incidirá sobre pequenas terras rurais quando as explore o proprietário
economicamente apenas com a força familia → Agricultura de subsistência.
O valor defendido é social.
1. ICMS não incide sobre operações que destinem a mercadorias para o exterior,
nem em serviços para o exterior. Essa imunidade aparentemente quer estar
em linha com a imunidade do IPI. Só que o professor acha que ela foi muito
mal posta, pois estendeu além do que deveria. O correto seria que na
exportação de produtos não tivesse IPI nem ICMS, pois estaria incentivando
exportação e gerando riqueza. Mas em produtos primários, se não tenho
concorrência, não está agregando valor, está diminuindo o lucro. Imunizou
integralmente o ICMS em qualquer exportação, seja ela agregando valor ou
não.
2. ICMS: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
→ fundamental para evitar distinção entre estados produtores e consumidores.
Objetivo que aquele estado que produz energia e petróleo não privilegie seus
produtores frente ao estado que não tem essa produção.
3. ICMS: não incide sobre o ouro enquanto ativo financeiro. Tira da mina e vira
uma barra de ouro garantida pelo Banco Central, ela vira ativo financeiro. Se
incidisse era a mesma coisa de incidir sobre dinheiro. Incide quando ele é barra
de ouro tarimbada pelo Banco Central.
4. ICMS: na prestação dos serviços de comunicação, radiodifusão sonora e de
imagens e de recepção livre → Não incidiria ICMS porque é de graça a TV
aberta, a rádio. Não tem base tributável. Imunizaram a TV gratuita como um
jeito de às avessas ficar claro que, se há cobrança pelo serviço, a tributação
pode incidir.
empresariais.
2. Não incide ISS na exportação de serviços para o exterior. Mesma linha da
imunidade do IPI e do ICMS. A exportação deve ser estimulada e não
onerada.
61
1. Art. 149, §2, I → as contribuições sociais e de intervenção do domínio
econômico não incidirão sobre receitas decorrentes de exportação. Está na
mesma linha de IPI, ICMS, ISS. Quando exporta tem PIS/ COFINS, está
imunizando.
2. Art. 195, §7 → redação imprecisa → são isentas de contribuição as entidades
beneficentes de assistência social. São imunes, não isentas.
17/05/2018
ocorre.
Exemplo: Um restaurante ele paga ISS ou ICMS? Embora em termos teóricos sejam
competências distintas, muitas vezes, na prática, há uma confusão de atividades,
com o estado pretendendo tributar o ICMS e o município o ISS.
62
Exemplo: Comprava programa em disquete e instalava no computador. O programa
vinha num meio físico, a juízo do estado justificava ICMS. Mas o conteúdo que era
relevante em termos de preço justificava o ISS.
Ex.: Instituição sem fins lucrativos é imune. Mas a CF não fala o que é instituição sem
fins lucrativos. Vem uma lei complementar regulando essa limitação e dizendo o que
devo entender como instituição sem fins lucrativos para fruição dessa imunidade.
Renda
Quem tem competência para tributar renda? União. O que é renda? O conceito de
renda é uma evolução histórica, sempre variou historicamente.
Para entender o que é renda, preciso ter três conceitos claros. Não posso confundir
renda com patrimônio, nem com faturamento.
63
oriundo de propriedade em sentido estático. (Ex.: aluguel, colheita de café). Tudo
que era oriundo de propriedade em sentido estático podia ser alcançado por renda.
Nessa época, salário não era renda. Fortuna da loteria não era renda. Não decorriam
de propriedade em sentido estático. O salário estava associado a mera subsistência.
A propriedade no sentido dinâmico também não gerava renda.
A segunda etapa de evolução foi que a renda poderia advir do capital, do trabalho
ou da combinação de ambos. Não apenas a propriedade no sentido estático, mas
todo o meu capital, mais o trabalho, isoladamente ou combinados, poderiam gerar
rendas. Mas havia coisas que estavam excluídas. Ex.: Pensão não seria renda. A
esposa falece. Ela não é propriedade, não é relativa a trabalho do marido e sim da
esposa.
Hoje passa a não interessar a origem. Por meio da renda vou tentar abocanhar o
acréscimo patrimonial. Desimporta se é uma renda em sentido estrito, abarca
Direito Tributário I | 12/07/2018
64
Uma das coisas mais difíceis é de fato na prática precisar esse acréscimo para que
ele não se confunda com patrimônio ou com faturamento.
A melhor forma, em tese, de saber se teve acréscimo é medir o que tinha antes e
depois. O que tinha quando começou e quando encerrou as atividades, quando
começou a trabalhar e quando aposentou, mas isso seria inviável. Convencionou-se
que a apuração do fato gerador seria anual. Esse acréscimo, que é o fato gerador
do imposto de renda, será medido anualmente.
Ex.: Tenho uma empresa que sou o único dono. Posso ir a Paris para passear e usar o
cartão da empresa. Mas não posso considerar essa despesa dedutível.
Pelo fato de ter um objeto social, posso determinar com precisão o que vai ser
considerado como despesa dedutível e o que será considerado despesa não
Direito Tributário I | 12/07/2018
Empresa começou com 100, teve 100 de receita e 30 de despesas. Fiquei com 170
ao final. O imposto de renda incidirá sobre 170-100, ou seja, em 70.
Se no ano seguinte terminar com 100. Significa que teve um prejuízo de 70. Não paga
imposto de renda porque não teve acréscimo patrimonial.
65
Posso considerar o período anual de forma estanque ou mera antecipação. Em tese
o imposto de renda não pode alcançar o patrimônio. O último patrimônio tributável
era de 170. Se estou com 120 depois dos 100, ganhei 20 em relação a 100, mas
continuo perdendo 50 em relação ao meu último patrimônio tributável. Em países
civilizados, pode aproveitar o prejuízo fiscal do ano anterior e trazer para o ano fiscal
atual.
No Brasil não pode trazer esses 70. Pode trazer só ⅓ dele em cada ano e prescreve
em 5 anos.
A alíquota do Brasil pode até ser menor do que na Alemanha, por exemplo, mas lá
aproveita prejuizo, deduz as coisas, então incide sobre uma base menor.
Comecei com 170 e terminei com 100. Perdi 70. Se no outro ano, tiver 120, ganhei 20
em relação ao início do ano, mas em relação ao 170 continuo perdendo. Em países
civilizados vai permitir que compense esses 70. Por exemplo, deduzo 20 dos 120, e aí
está com 100, não paga. Vou compensando. Ainda ficou com 50, vai usando. No
Brasil prescreve e ainda limita a utilização. Posso usar ⅓ por vez.
A Pessoa Física é muito pior. Não tem nem capital inicial, nem objeto social. Tem
entrada e saída, mas não tem uma baliza técnica para dizer o que é dedutível ou
não.
Direito Tributário I | 12/07/2018
Ex.: professor é advogado. Precisa de um terno para advogar. Mas não deduz o gasto
com terno do imposto de renda, muito embora, fundamental para a percepção da
renda. Mas deduz despesa com filho. O que que a despesa do meu filho tem a ver
com a percepção da minha renda? Nada. Na PJ tem um parâmetro para saber o
que considera dedutível, sabe o que é essencial para percepção da renda. Na PF
não tem esse parâmetro, por isso que fica político. Não mede a dedutividade pela
66
essencialidade com relação a percepção da renda. O que vai orientar são
parâmetros outros que não os objetivos.
Exemplo: a CF diz que lazer é um direito fundamental. Por que que não pode deduzir
uma despesa de férias? Lazer é um direito meu. Na Alemanha deduz.
Tinha que deduzir educação integralmente. Saúde idem. E assim por adiante. Tudo
que fosse direito fundamental meu, eu poderia deduzir por serem despesas essenciais
a minha dignidade. A política de dedução é que empresta maior ou menor grau ao
Imposto de Renda.
CF fala que o imposto de renda tem que ser progressivo. Pressupõe mais de uma
alíquota.
7,5%; 15%; 22,5% e 27,5% → são as 4 alíquotas. Em tese super progressivo. O nosso
problema é que sai de um limite de isenção de 1900 reais. O limite de isenção deveria
ser muito maior. 1900 não é suficiente para entender que saiu da barreira de
subsistência.
Direito Tributário I | 12/07/2018
O teto para pagar alíquota máxima é 4.600 reais. Então uma pessoa que ganha 4600
e outra que ganha 100 mil reais pagam a mesma coisa.
67
Se for tornar progressivo, vai diminuir a arrecadação, porque tem muito mais gente
que teria que isentar e que ficaria na alíquota baixa. Se tornar mais progressivo, vai
arrecadar menos e teria que aumentar a arrecadação no consumo.
Tanto pessoa física quanto jurídica, o imposto de renda trata de entender o que
considerar tributável e o que vai considerar dedutível e como você vai apurar isso.
Quais que são as normas gerais postas em relação ao IR? Fato gerador sempre
acréscimo patrimonial e desimporta a origem desse acréscimo. Qualquer acréscimo
é tributável. O desafio para analisar a qualidade desse fato gerador é que
independente da origem, seja de fato acréscimo e eu não tribute patrimônio ou
faturamento como se renda fosse.
Se vou tributar o consumo, quero tributar o consumidor. A primeira coisa que deve-se
ter em mente que não é uma tributação sobre a produção. A lógica é tributar o
consumo. O alvo da tributação é o consumidor final. A capacidade contributiva que
Direito Tributário I | 12/07/2018
68
Em uma relação abstrata, tenho um produtor, que vai vender para o atacadista, que
vai vender para o varejista, que vai vender para o consumidor final.
Produtor vendeu por 100 para o atacadista, que vendeu por 200 para o varejista, que
vendeu por 300 para o consumidor final, que encerra a cadeia.
P → A → V → CF
A maioria dos países não confia na tributação exclusiva no varejo e fazem tributação
plurifásica, como o Brasil, União Europeia, países do Mercosul. O problema não é fazer
incidência plurifásica, mas tem que evitar o efeito cascata.
69
O melhor jeito de evitar o efeito cascata é incidência monofásica no varejo. A melhor
forma do ponto de vista da fiscalização é a plurifásica, mas ela é inflacionária. Então,
todos os países que adotam incidência plurifásica, adotam em contrapartida o
princípio da não cumulatividade. A CF consagra no art. 155, parag 2, I a não
cumulatividade do ICMS e 153, parag 3, II a não cumulatividade do IPI.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2º
O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo
mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;
No exemplo começou com 100 (10). Quando o atacadista vai vender para o
varejista, 10% sobre 200 é 20, mas pode deduzir os 10 que incidiram na etapa anterior.
20 - 10 = 10. Quando o varejista vai vender para o consumidor final, pode deduzir o
imposto incidente que é 20. Deduz 20, não 10, porque 10 foi o pago. Então será 30 -
20 = 10. Ao todo, recolheu 30, da mesma forma que se fosse uma incidência única
no varejo.
Isso vale para o comércio. Mas o produtor comprou mil itens para fabricar a bicicleta.
Tem que apurar todos os créditos que dele tem direito pela aquisição para juntar com
o débito que ele tem o dever de recolher na venda.
Direito Tributário I | 12/07/2018
O produtor adquiriu uma série de itens, mas nem todos são utilizados diretamente
para fabricar a bicicleta.
Ex.: Comprei borracha e alumínio para fazer a bicicleta. Mas comprei também uma
mesa, cadeira, café para os trabalhadores. Dentro desses mil itens, vários são
utilizados diretamente para produzir a bicicleta. Outros tantos são utilizados para
manter a fábrica em funcionamento. Vou me creditar de tudo, ou só dos itens que
diretamente foram consumidos no processo produtivo?
70
Na União Europeia, a lógica é que o produtor nunca é consumidor final de nada. Se
ele não tivesse produzindo bicicleta ele não ia consumir a mesa. Tudo que eles
compram eles podem creditar, sendo ou não pertinente a produção de bicicleta.
Então, se creditaria da borracha e do alumínio, e tudo que comprou para uso e
consumo, ativo imobilizado. O francês produtor não compra nada com ICMS porque
ele credita tudo.
Chama crédito financeiro ou físico. O país adota o crédito financeiro, quer dizer que
credita todas as minhas entradas, independente de utilizá-las ou não no processo
produtivo. Se adota o físico, a fábrica também atua como consumidor final naquilo
que não é diretamente utilizado no processo produtivo. Essa mesma fabrica francesa
é muito menos burocrática, porque qualquer nota fiscal do que ela comprou, ela
soma. No Brasil tem que separar o que usou no processo produtivo para saber se tem
crédito.
Lei Complementar 87/96. Diz que pode deduzir integralmente o ICMS na aquisição
de produtos que direta ou indiretamente foram consumidos no processo produtivo.
Entra a discussão naqueles produtos que são necessários ao processo mas não
agregam valor ao produto. É fácil perceber que usei diretamente a borracha e que
não usei o cafezinho. Mas e aqueles produtores que ficam entre a borracha e o cafe?
Direito Tributário I | 12/07/2018
Ex.: Produtor foi autuado por creditar ar condicionado. Mas era aparelho de ar
condicionado da estufa de pintura, da montadora de veículos. Precisava do ar
condicionado para não trincar a pintura. Mas entre o fiscal autuar e o julgamento
dizendo que poderia creditar, o cliente suportou o ônus, o honorário do advogado.
No crédito financeiro não teria essa discussão. O que gerou essa autuação foi a
complexidade da legislação ao estatuir o crédito físico ao invés do financeiro.
71
Custo Brasil não é necessariamente alíquota. É muito a complexidade da legislação
e o custo indireto.
Não posso dizer que não tenho uma não cumulatividade ampla, pois quando adoto
o crédito físico ao invés de financeiro, vai onerando as etapas. Não basta olhar
alíquota apenas, tem que ver a estrutura, o que pode deduzir ou não.
O imposto não é sobre o consumo? Então o fato gerador tinha que ser na entrada, e
não na saída. Na União Europeia é assim, no B. No Brasil é no A, na saída. No Brasil
tem estado que predominantemente produz e estado que predominantemente
consome. Em SP produz mais do que consome, então mais interessante na saída. Para
um Estado muito pouco industrializado, seria mais interessante ser na entrada, não na
saída. As normas determinaram que o fato gerador é na saída e isso potencializa o
desequilíbrio econômico regional. Nas operações dentro do mesmo estado não é um
problema.
A FIAT está em MG. Se ela vende um carro para uma concessionária no ES, a alíquota
é 7%. Se ela vende um carro para uma concessionaria em SP, a alíquota é 12%.
72
A alíquota interna não pode ser menor do que a maior alíquota interestadual. Então
poderia ser 15%. O objetivo é evitar que o produto custe mais barato no estado
produtor. A preocupação é ter neutralidade.
E quando a FIAT faz venda direta? Vende direto para o consumidor final? Qual que
era a regra? Aplicava alíquota interna. Mas veio a lei complementar e disse que teria
que implementar essa diferença entre a alíquota estadual e interna e dividiria o
diferencial entre o produtor e o consumidor. Recolheria 7% para MG, 4% para ES e os
outros 4% para Minas. Se vendesse para contribuinte, seria 7% para MG e 8% para o
ES.
Se há alguém que só intermedia, não adquiriu, não incide o ICMS nesse intermediário.
Alíquota interna não pode ser menor. Cabe ao estado de destino o diferencial entre
a interna e a interestadual. Permite mitigar um pouco a lógica da saída.
Direito Tributário I | 12/07/2018
Bastava que se adotasse a regra da entrada, que é mais lógica porque o ICMS é
sobre o consumo. Se o ICMS fosse Federal também não teria esse problema. Se tivesse
uma Lei só, federal, sumia. E o custo para as empresas diminuiria sem que você
nominalmente precisasse diminuir a alíquota. Não federaliza não é por causa da
receita, porque poderia federalizar e a União repassar os valores arrecadados. Não
federaliza porque os estados perderiam o poder de fazer guerra fiscal. SP não teria
problema em federalizar. Mas um estado menos desenvolvido, não poderia mais
fazer guerra fiscal e não atrairia investimento.
73
Na tributação do consumo do Brasil, tenho IPI e ICMS. A diferença do IPI para o ICMS
é que ele só incide na etapa da industrialização. Enquanto o ICMS incide em todas
as etapas.
05/06/2018
Não tem um ISS para o Brasil, tem tantos quantos forem os municípios.
No fato gerador, já tem uma peculiaridade. Único caso onde o fato gerador não é
uma inferência natural do conteúdo semântico, da outorga de competência (como
renda, transmissão patrimonial).
Art. 156, III CF - Compete aos municípios instituir impostos sobre serviços de qualquer
natureza, não compreendidos no ICMS e definidos em lei complementar. O fato
gerador não é apenas a prestação de serviços, e sim aquela definido em lei
complementar. Exercício da competência totalmente dependente da lei
complementar. É ela que vai definir a materialidade do fato gerador do ISS.
74
Restaurante paga ICMS pois não está listado no ISS.
Sujeito ativo é quem? Município. Mas não é simples assim. Pela imaterialidade tenho
dificuldade de identificar.
Mas não é simples assim no ISS, pois o serviço é imaterial. Precisa de uma conexão
territorial. Difícil estabelecer conexão territorial em prestação. Ex.: Advogado com
escritório em BH. Pegou uma causa em Ipatinga. Primeira fase foi em Ipatinga,
segunda fase no TJ em BH, terceira fase em Brasília no STJ. A conexão territorial não
basta.
Ex.: Construtora com sede em BH. Sou contratado por uma empresa de Nova Lima
para fazer uma obra em Rio Acima.
75
que não fosse por força da hermenêutica. A crítica que se fazia era que
gerava guerra fiscal. Pois tinha uma regra clara que o ISS incide no
município do prestador e os municípios têm alíquotas diferentes. Não há
nenhuma ilegalidade em escolher um município com a alíquota menor,
desde que de fato a sede seja lá.
2. Lei Complementar 116 → tentou resolver a situação mudando, ao invés de
punir apenas quem fraudasse fingindo estar em um município sem estar. Lista
diversos itens. Além de atualizar a lista de serviços passíveis de tributação do
ISS, alterou a regra de ouro do decreto 406. Dividiu: até o item 22, o ISS incide
no estabelecimento do tomador, do 23 em diante, no do prestador.
Estabelecimento prestador é um só, mas tomador pode ser múltiplo. Ai volta a
dar margem para os exemplos citados anteriormente.
3. Lei Complementar 157 (É a que está valendo) → mas alterou muito pouco a
116.
Correção do Exercício 3
76
1. Imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar, pois delimita
negativamente a competência outorgada ao ente. Tem que dizer como ela
limita pois o princípio também limita.
2. O fundo é imune ou não? Professor acha que é e a jurisprudência acha que
não é. Para entender que ele é imune, tem que entrar pela linha de instituições
de assistência (generalidade e gratuidade). O Fisco obviamente quer restringir.
Fisco dizia que fundos não têm generalidade nem gratuidade. Generalidade
o STF derrubou, pois obviamente eu posso ter um fundo de servidores do BB,
em que todo servidor de lÁ pode participar. Mas o STF derrubou a imunidade
desses fundos pela gratuidade. No fundo, tem um patrocinador que coloca 1
real e o participante coloca 1. Tudo que o patrocinador põe é gratuito, não
exige nada em troca. Então há assistencialismo, na opinião do professor. Ex.:
O funcionário 1 real e a CEMIG coloca 1 real. A CEMIG não exige nada em
troca para colocar. A jurisprudência entendeu que por haver contribuição do
beneficiário não haveria gratuidade. Mas professor não concorda.
3. Fundo de Servidores da Assembleia Legislativa. Supondo que o patrimônio
desse fundo era 10. 5 foi posto pelo patrocinador, Estado. Esse fundo foi extinto.
A Lei disse que devolve os 5 para o Estado e 5 para o servidor. E aí como que
subdivide esses 5? 2 foram contribuição incentivada, 2 não incentivadas e 1
foi rendimento de aplicação. 2 era dedutível do IR. 2 não eram dedutíveis e 1
era a lucratividade. Se eu recebi 5, pago IR sobre 5, 2 ou 3? Separação de
renda, patrimônio, faturamento. Patrimônio é tudo que tenho depois da
incidência. A legislação da época dava uma isenção. A partir do momento
que passou, já virou patrimônio. No resgate, é devolução do patrimônio, então
só incidiria sobre o rendimento da aplicação. Tudo que estava no fundo já era
patrimônio meu. Para o professor então pagaria sobre o 1 só.
07/06/2018
Sistema Tributário
77
No Brasil, temos 2 formas de atacar o patrimônio por meio do tributo: estática e
dinâmica.
Não constava da redação original, mas foi emendada para permitir a tributação
Direito Tributário I | 12/07/2018
progressiva.
A propriedade urbana é alcançada pelos municípios por meio do IPTU. Não se limita
a propriedade, mas posse e domínio útil.
78
Ex.: A Vale explora uma concessão de uma ferrovia. Na praça da estação tem uma
linha de trem. A PBH pretende tributar a Vale em relação àquela linha de trem.
Quando o CTN procurou estender a materialidade da propriedade, era com objetivo
de regular a posse informal, não a posse qualquer. O STF tinha entendido que o IPTU
não podia alcançar qualquer tipo de posse. Mas tem mudado.
O IPTU é tributo fiscal e extrafiscal. Importante para política urbana, pode ser usado
progressivamente em razão do valor do imóvel mas também em razão de seu
aproveitamento. Ex.: lotes vagos onde, da perspectiva do município, deve ser
incentivada a construção.
ITR vem tributar a propriedade rural. O ITR se distingue bastante do IPTU, leva mais em
conta a função social. A base de cálculo guarda muito mais proximidade com a
utilização da propriedade, não com o valor do imóvel. O cálculo é mais complicado.
O terceiro tributo que vem a incidir sobre a propriedade no sentido estático é o IPVA.
IPVA, de competência dos estados, é imposto sobre propriedade dos veículos
automotores. A base de cálculo é o valor. A discussão era se o valor ia alcançar
embarcações e aeronaves. O STF julgou que vai se restringir aos veículos automotores
de circulação terrestre. Uma das razões é que o registro de aeronave/embarcação
vai direto para União, iria conflitar em termos de competência. Outro era que o
espírito da CF era tributar apenas veículos terrestres.
O discurso diz que somos um país regressivo porque tributamos mais o consumo. A
grande base para fazer a progressividade seria a renda, mas, em um país como um
nosso, não tem como, pois a renda é baixa.
79
A propriedade, principalmente no sentido dinâmico, tem espaço para aumentar a
incidência. Em alguns países, chega até uns 50%. Aqui no Brasil, resolução do Senado
limita a alíquota máxima em 8%. Isso permite que o patrimônio se transfira de geração
em geração com pouca perda.
Hoje tramita no Congresso um projeto que permite que essa alíquota chegue a 20%.
Igualmente no caso do ITBI, o custo cartorário não é alto no Brasil e poderia ter um
espaço para ser mais alto em busca da progressividade.
A hipótese vai indicar o fato gerador do tributo, se ele é vinculado ou não a uma
atuação do Estado. Depois analisa o critério finalístico do mandamento.
As espécies de fato gerador vinculado não têm relevância fiscal. Elas estão somente
repondo os custos da atuação direta do Estado em relação do contribuinte. O que
têm relevância fiscal, quando estamos falando de atividade financeira, são os não
vinculados. O empréstimo compulsório está em desuso. Então, na realidade, a
relevância recai sobre os impostos e as contribuições. O Brasil é o país das
contribuições.
A CF estabeleceu competência para 13, mas na prática tem 12 pois a União não
estabeleceu o de grandes fortunas.
80
Sobre a renda, tenho o imposto de renda, que é de competência da União. Do ponto
de vista da alíquota, as alíquotas não são tão pesadas. Mas a crítica é que ele não
é só alíquota, é a composição da base tributária. A base que é pesada. O Brasil é
ineficiente e regressivo, pois não deduz nada. Tanto na pessoa física como na jurídica.
Na jurídica ainda tem a contribuição social sobre o lucro.
Sempre tenho que estudar se a incidência está sendo potencializada ou não por uma
contribuição.
A base que talvez tivesse mais espaço para mexer seria o patrimônio. Tenho espaço
tanto em termo de alíquota quanto em termos de base. Tenho espaço do ponto de
vista do ingresso. Mas o retorno que vemos é pouco.
Vimos que a CF com uma mão outorga a competência, com a outra limita o
exercício dessa mesma competência. Primeiro aspecto é que estabelece princípios
formais e materiais. Formal é fácil de aplicar. Dificuldade na aplicação dos princípios
ditos materiais.
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