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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1
A pesquisa aqui apresentada é parte de um projeto maior que tem como objetivo definir e
compreender os diversos tipos de mobilização política dos jovens, incluindo os coletivos. O projeto
“Como os cidadãos estão se organizando? Formas, pautas, estratégias e influência das mobilizações
sociais contemporâneas” é realizado em conjunto com os seguintes membros do grupo de pesquisa
da UFPI "Democracia e Marcadores Sociais da Diferença": Prof. Dr. Bruno Mello Souza, Iara
investigação exploratória por meio de entrevistas semiestruturadas com membros de todos
os coletivos que atuam na cidade de Teresina — capital do estado do Piauí.
Para selecionar os objetos de pesquisa partiu-se da auto definição das organizações
como coletivos. A seleção do local de atuação dos sujeitos entrevistados foi feita com base
no critério de conveniência. Definida a cidade, as entrevistas começaram com os coletivos
que atuavam dentro da universidade. Os outros coletivos foram selecionados por meio de
notícias de jornais, buscas na internet e por indicação dos membros dos próprios coletivos.
Ao todos foram localizados vinte e um coletivos, dentre os quais dezesseis eram formados
por universitários que atuavam dentro de universidades, por isso foram escolhidos para a
reflexão deste trabalho.
Com o intuito de ampliar a compreensão do fenômeno, foram também investigados
todos os coletivos que possuíam páginas na rede social digital mais utilizada atualmente no
Brasil: o facebook. Na busca feita para a pesquisa, primeiramente o descritor coletivo e
coletiva2 foram digitados no espaço da busca no mês de junho de 2017. O banco de dados
foi formado por setecentos e vinte e cinco páginas de coletivos. Dentre todos esses, 23,5%
(170) foram classificados como coletivos universitários e, por isso, são retomados para a
presente reflexão.
Foram investigadas as seguintes informações retiradas das páginas de todos os
coletivos cadastrados no Facebook: nome, região, ano de criação, composição, objetivo,
tema principal, existência de interseccionalidades (se sim, com qual causa/grupo), principais
interlocutores, práticas mais comuns, conteúdo das postagens mais recentes, (observadas a
partir das últimas cinco postagens), afirmação de que há horizontalidade, autonomia,
apartidarismo, ausência de burocracia/formalização, opinião sobre política parlamentar, se o
coletivo faz críticas e, em caso afirmativo, contra quem3. A confecção do banco de dados
ocorreu no mês de junho de 2017 por uma equipe treinada para tanto.
Reunidos os dados, os conteúdos foram analisados para captar as práticas e a
relação dos coletivos universitários com partidos e instituições parlamentares (tais como o
Congresso e instituições de participação). A análise de conteúdo é uma técnica bastante
utilizada nas pesquisas qualitativas com o objetivo de verificar a frequência em que ocorrem
determinadas construções em um texto, permitindo assim sistematizar as informações
reunidas. (BARDIN, 2006).
Cavalcanti Melo, Maria Clara Paiva, Brenda Thereza Alencar Lobão Leite Félix, Geovana Azevedo da
Costa, Adriana Marina Cabello e Caroline Bandeira.
2 A busca abarcou também o termo coletiva, pois as entrevistas revelaram que alguns coletivos
que queiram consultá-las, optou-se por não citar o nome dos coletivos. Foram suprimidos também
trechos que os identifiquem.
Ressalta-se que a pesquisa capta o discurso dos coletivos a partir de entrevistas e
postagens na internet. Não houve participação de fato nas reuniões dos mesmos para
constatar as diferenças entre discurso e prática. Logo, se as análises apontam para o
distanciamento dos partidos e das instituições parlamentares, isso não significa que os
partidos estejam ausentes, ou que não haja hierarquia nas decisões dos coletivos.
Ciente de que os discursos e práticas dos coletivos estão relacionados com
percepções sociais acerca da política, foram levantados dados do Latinobarômetro sobre
confiança no Congresso e nos partidos nos anos de 2010, 2013 e 2015.4
O Congresso foi escolhido por se tratar de uma instituição central na democracia
representativa, já que nele atuam os representantes na esfera federal. Além do Congresso,
auferiu-se a confiança nos partidos, considerando o distanciamento dos partidos apontado
pelos coletivos.
Os dados do Latinobarômetro são analisados de forma comparativa: os jovens
universitários (aqueles que estão estudando, mas ainda não completaram o ensino superior)
são comparados com os jovens em geral; também são comparados os dados por gerações
(compara-se jovens de 16 a 29 anos, com adultos de 29 a 59 anos e idosos com mais de 60
anos)5 e por período (anos de 2010, 2013 e 2015).6 Dessa forma, foi possível perceber se a
confiança nas instituições parlamentares difere entre os jovens universitários e jovens em
geral, entre gerações e entre períodos.
4 O Latinobarômetro reúne um amplo estudo sobre opinião pública. São aplicados anualmente por
volta de 20.000 questionários nos países da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia,
Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá,
Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, com exceção de Cuba). A série
histórica anual disponível no site do projeto se inicia no ano de 1995. São disponibilizados os dados
até o ano de 2015, excetuando os anos de 1999 e 2012.
5 A separação etária obedece aos critérios do IBGE, embora a distinção das gerações não sejam
possíveis apenas pelo critério etário, desconsiderando o contexto cultural e as vivências dos sujeitos.
6 O ano de 2010 foi escolhido como ponto de partida para a análise temporal pois a pesquisa no
facebook indicou que a maior parte dos coletivos foram criando entre os anos de 2012 a 2016
(65,5%) com pico em 2016 (16,7%).
universidades, também é um tema central, conforme demonstra o Gráfico 1:
feminismo 40.4%
movimentos estudantis e grupos de partidos 15.2%
LGBTT 12.9%
racismo 11.7%
arte, cultura e/ou comunicação 7.0%
meio ambiente/natureza/causa animal/saúde 4.1%
acesso/uso das cidades/periferia 2.3%
classe social/categoria profissional 1.8%
anarquista 1.2%
anticapitalista 0.6%
juventude 0.6%
outros 2.3%
7 O Estatuto da Igualdade Racial, Lei nº 12.288, foi promulgado em julho de 2010; o Estatuto das
Pessoas com Deficiência, Lei nº 13.146, em 2015; leis que visam o combate à violência contra a
mulher, como a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) data de 2006 e a recente Lei do Feminicídio (Lei
nº 13.104 de 9 de março) de 2015. No tocante aos direitos LGBTTs (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transgêneros), houve avanços proporcionados pelo poder judiciário como, por exemplo, o
reconhecimento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) da equiparação da união homossexual à
heterossexual, em 2011.
deveriam ser debatidas e combatidas. A internet permite que os jovens que defendem menos
preconceitos e inclusão possam se manifestar, além de possibilitar que esses mesmos e outros
jovens formem suas identidades.
A principal prática dos coletivos universitários com páginas no facebook (42,7%
deles) é a promoção de palestras, encontros, cursos e rodas de conversa em que são
discutidos textos e questões cotidianas vivenciadas pelo grupo ou noticiadas pela mídia.
Trata-se de um importante espaço de reafirmação de identidade e divulgação de questões
emergentes. As rodas de conversas seriam diferentes dos debates pelo seu caráter mais
informal, sem conflitos e sem a necessidade de regras que determinem quem tem a fala ou
em quanto tempo deve ser feita a réplica. Os coletivos inventam nomes para distanciar suas
práticas daquelas regidas por normas formais e hierárquicas. Além de ensinarem e
aprenderem sobre o tema, os universitários organizam protestos e convocam seus pares
para manifestações públicas.
Embora não seja compartilhado entre todos os coletivos, 3% dos coletivos
universitários declararam a ausência de hierarquias ou de lideranças em suas organizações,
assim como o apartidarismo. Essas características também apareceram nas entrevistas:
mais da metade dos dezesseis entrevistados destacou o distanciamento dos partidos e a
ausência de liderança nas decisões. Um exemplo típico de coletivo universitário que destaca
tais características é assim descrito no facebook:
49.1% 48.4%
40.3%
32.9% 31.5% 33.0%
27.4%
16.1%
8.2% 9.7%
1.6% 1.8%
Fonte: A autora, 2018, a partir dos dados do Latinobarômetro (2010, 2013 e 2015).
Conforme o gráfico 2, em 2010 apenas 8,2% dos jovens que ainda estão estudando,
mas não concluíram o ensino superior, tinham muito confiança no Congresso; em 2013 esse
percentual baixou para 1,6%; em 2015 houve ligeira melhora em relação à confiança no
Congresso passando para 1,8%. Maiores oscilações são observadas quando os
universitários responderam que tem alguma confiança no Congresso: nesse item, 2013
apresenta o mais baixo índice (9,7%). O que mais chama atenção no gráfico 2 é a crescente
pouca confiança no Congresso: era de 31,5% em 2010; 40,3% em 2013 e 49,1% em 2015.
A total desconfiança no Congresso teve seu pico em 2013 (época das Manifestações de
Junho de 2013), no entanto, os índices baixaram para 33% em 2015.
Os dados sobre a confiança no Congresso são um retrato da percepção dos jovens
em relação à política parlamentar. A baixa confiança não é a explicação para o crescimento
dos coletivos, mas certamente, a multiplicação de organizações que discursivamente negam
a política parlamente tem relação com os índices de desconfiança em relação à arena
parlamentar.
A desconfiança em relação ao Congresso não é sentida apenas entre os jovens
universitários. Conforme os dados do Latinobarômeteo, entre os jovens de 16 a 25 anos,
incluindo todas as escolaridades, os percentuais são semelhantes: em 2010 eram 8,6%
aqueles que tinham com muita confiança no Congresso; em 2013, o percentual caiu para
5,3%; em 2015 baixou para 3%. Quando se compara as gerações, percebe-se que essa
desconfiança é geral e mais acentuada entre os jovens: os idosos são os que têm mais
confiança no Congresso, embora, assim como nos jovens e adultos, a desconfiança venha
aumentando. Resultados semelhantes podem ser constatados quando se analisa a
confiança dos jovens universitários nos partidos políticos:
52.2%
49.3%
45.7%
43.4%
37.0%
25.3%
21.1%
11.1%
4.2% 6.2% 4.4%
0.0%
Fonte: A autora, 2018, a partir dos dados do Latinobarômetro (2010, 2013 e 2015).
Os jovens universitários confiam mais nos partidos do que no Congresso, talvez por
uma proximidade maior com os partidos. Os dados do gráfico 2 demostram que a
porcentagem de jovens universitários que confiavam muito nos partidos não se alterou
substancialmente entre os anos de 2010, 2013 e 2015, permanecendo baixa entre 4 e 6%.
Houve maior variação entre aqueles que com alguma confiança nos partidos: o índice caiu
bastante em 2013 (11,1%) com um significativo aumento em 2015 (43,4%). Mas, o que
chama a atenção no gráfico é o fato de ninguém ter expressado que não tem confiança
nenhum nos partidos em 2015, dados bem distantes de 2010, em que 49,3% dos
universitários jovens tinham nenhuma confiança nos partidos, ou em 2013, com 37% de
respostas atribuindo nenhuma confiança aos partidos. Novamente, quando se compara
entre gerações, os idosos têm mais confiança nos partidos.
Os dados do Latinobarômetro mostram como em 2013 a desconfiança nos partidos e
no Congresso foi maior que nos outros períodos. Não por acaso o ano de 2013 foi marcado
pelas manifestações pautadas no alargamento e efetivação de direitos, tais como o direito
ao transporte público e gratuito (VOMMARO, 2015).
A relação entre o surgimento dos coletivos e as Manifestações de Junho de 2013,
assim como as ocupações estudantis ocorridas em 2016, apareceu em cinco entrevistas.
Segundo os entrevistados, nesses espaços os estudantes entraram em contato com o
conceito e a ideia de coletivos. Justamente em um período de alta descrença no parlamento
e nos partidos, os coletivos se colocam como alternativa de atividade política. O
distanciamento dos partidos e o exercício da política sem mediações institucionais já era
apontado como características dos jovens que se manifestaram em Junho de 2013
(TATAGIBA, 2014).
A descrença dos jovens em relação à política dentre os coletivos pesquisados –
todos à esquerda – têm relação com a decepção com o Partido dos Trabalhadores. Havia
uma crença de que o PT faria reformas estruturais, pautados no interesse dos
trabalhadores, e isso não se concretizou como era esperado por parte da esquerda. A crítica
ao PT é comum entre os coletivos, afinal: “[o] PT que era aquele partido que a gente sabe
como é, a gente meio que se sentiu traído por esse governo.” O PT teria se distanciado das
suas bases e escolhido firmar alianças com partidos distantes ideologicamente. Conforme
outro entrevistado, o PT “[...] não chamou o povo pra lutar contra o golpe e o que se observa
agora, inclusive alianças entre os setores maiores do Partido dos Trabalhadores e outros
partidos.”
A defesa implícita da democracia deliberativa e da democracia direta aparece nas
entrevistas. Conforme a democracia deliberativa, as decisões devem ser tomadas após a
exposição de argumentos justificados e todos os cidadãos devem ter liberdade e igualdade
de exposição (GUTMANN; THOMPSON, 2007).
Os coletivos permitiriam a participação dos seus membros, ao contrário dos partidos
e instituições parlamentares que engessam o comportamento das pessoas ao dirigir sua
atuação segundo normas burocráticas e com base nas decisões autoritárias da liderança,
afinal: “Tem partidos que lhe instrui para ter uma forma de se expressar mais dirigista.
Porque o que a gente tem que fazer é coletivizar o conhecimento e fazer com que várias
pessoas se sintam empoderadas para poder falar.” É como se os partidos contaminassem
as discussões e decisões por sobreporem seus interesses aos do grupo. Por isso também a
recusa à declaração de lideranças, mesmo que se saiba quem são elas: assumir a liderança
significa ir contra o caráter participativo do coletivo.
Além da democracia deliberativa, o discurso dos membros do coletivo remete à
democracia direta, forma de decisão que não prescinde de representação, embora possa
haver práticas representativas. Um dos entrevistados pontua a necessidade de atuação
política de forma direta, nos seguintes termos: “Existe uma outra forma da gente construir
uma forma plural, independente, sem depender de partido, sem depender dessa galera.
Existe um outro caminho, um terceiro caminho. Mesmo que não seja uma forma eleitoral, é
mais direta mesmo.” Assim como já apontado por outro estudo (cf. VOMMARO, 2015), os
coletivos pontuam a democracia direta ao recusar intermediários, hierarquias e líderes na
prática política.
Esse tipo de coletivo Os coletivos dicursivamente distanciam de partidos políticos,
assim como não acreditam nas Instituições de Participação ou na aproximação dos
movimentos sociais com o Estado. A bandeira de participar das decisões públicas, cara aos
novos movimentos sociais que lutavam durante a redemocratização (cf. SADER, 1988) não
aparece nas pautas dos coletivos. Até a interação socioestatal, apontada pela literatura mais
recente (cf. ABERS e VON BÜLOW, 2011) é criticada pelos coletivos.
Há uma generalização por parte de algumas intepretações do discurso de alguns atores como
se fossem validos para todos os manifestantes. Nesse sentido, conforme Gonh (2018, p. 122) em
reação às Junho de 2013 eles “fazem parte de novas formas de associativismo urbano entre jovens
escolarizados, com origem predominante em camadas médias, conectados por redes digitais. Pesquisas
indicam que a maioria deles é organizada horizontalmente, atuando em coletivos ou novíssimos
movimentos sociais. São críticos das formas tradicionais da política, tal como se apresentam na
atualidade, especialmente por meio de partidos e sindicatos “. A conclusão de que se tratavam de
movimentos autônomos e apartidários parte principalmente da análise do MPL, o movimento que
impulsionou as passeatas e de coletivos com discurso anarquista. Mas os manifestantes que estiveram
nas Jornadas de Junho não se resumiam a organizações políticas anarquistas: a diversidade de atores é
uma das características do movimento. Logo, não é possível atribuir o antipartidarismo ou autonomia a
todos os manifestantes, com base no discurso de perto deles. A desconfiança nas instituições políticas
é um traço quase univer-
sal entre os jovens.
A decepção com a política leva esses jovens a recriarem práticas consideradas mais
genuínas, pautada por causas, com base na democracia direta e deliberativa, sem a
necessidade de orientações de líderes hierarquicamente superiores. Conforme apontou
Gohn (2017), os jovens se identificam com os coletivos por se distanciarem das formas que
repudiam: partidárias, centralizadas, hierárquicas e burocráticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os coletivos universitários vêm ganhando espaço nas universidades e nas redes
sociais digitais para se referir à união de pessoas em torno de um objetivo comum. O
discurso deles expressa a novidade e o distanciamento em relação à política parlamentar
partidária. Os coletivos promoveriam uma participação mais genuína e inclusiva, pautada
pela fluidez e horizontalidade.
O distanciamento dos jovens em relação à política parlamentar, incluindo partidos e
instituições parlamentares, pode ter implicações para o fortalecimento das instituições
democráticas. As instituições parlamentares poderiam ser aprimoradas pela luta dos
movimentos sociais, em especial dos jovens universitários. No entanto, quando os ativistas
se distanciam dessas instituições, diminuem a possibilidade de mudanças. Ademais, a
desconfiança em relação aos partidos e ao Congresso pode aumentar a possibilidade de
rompimento com essas duas instituições centrais para a democracia.
As posições antipartidárias ou apartidárias podem inclusive impulsionar projetos
como a Escola sem Partido e tantos outros posicionamentos que retiram de cena as
discussões ideológicas e as práticas políticas. Mesmo não sendo o objetivo dos coletivos, o
discurso presente em toda a sociedade (conforme os dados do Latinobarômetro) e
replicados/alimentos pelos coletivos pode levar a um esvaziamento da luta política,
associada a partidos.
Ademais, as lutas do coletivo expressam questões identitárias que são vistas de
forma interseccional (é comum a existência de vários coletivos feministas e antirracistas, por
exemplo). No entanto, nota-se que a perspectiva da classe social e transformações mais
profundas aparecem de forma minoritária entre as pautas dos coletivos. Isso não poderia ser
diferente, já que a luta classista é organizada por partidos políticos. O distanciamento dos
partidos e a pulverização de coletivos com pautas identitárias podem dificultar mudanças
mais profundas, exatamente em um momento em que elas são tão necessárias.
Isso não significa que os jovens estejam apáticos diante da forma como os
governantes estão decidindo. Pelo contrário, a presente pesquisa mostra como é intensa a
mobilização da juventude. No entanto, os próprios jovens devem pensar nas causas e
consequências da atividade política que nega as instituições políticas democráticas.
É esse o caminho apontado pela presente reflexão: mais pesquisas que analisem as
mobilizações feitas pela juventude. Considera-se que por meio dessas e de mais análises
será possível compreender melhor a crise pelo qual o país vem passando, bem como
pensar em alternativas de ação.
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