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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0020381-60.2013.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTES: ETOILE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA. E PEUGEOT
CITROËN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA.
RECORRIDA: ANA MARIA COELHO NUNES
JUIZ PROLATOR: MICHELLINE SOARES BITTENCOURT TRINDADE LUZ
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS. RESPONSABILIDADE CIVIL.


VEÍCULO QUE APRESENTOU VÍCIO DE FABRICAÇÃO NO
CÂMBIO E NO MOTOR NO PERÍODO DE GARANTIA.
PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO OPORTUNAMENTE.
SENTENÇA QUE CONDENOU, EM REGIME DE
SOLIDARIEDADE, AMBAS AS EMPRESAS REQUERIDAS AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. AUTORA QUE, NO ENTANTO, NÃO FAZ PROVA DOS
DANOS MATERIAIS INFORMADOS, INVIABILIZANDO O
RESSARCIMENTO. PROVIMENTO DOS RECURSOS PARA
EXCLUIR A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR OS DANOS
MATERIAIS, REFORMANDO O JULGAMENTO REALIZADO NO
PRIMEIRO GRAU. Não sendo presumíveis, os danos materiais devem
ser inequivocamente comprovados. Sem prova dos prejuízos
experimentados – ônus de quem alega –, exclui-se a obrigação de
indenizar.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que as Recorrentes, ETOILE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA. E
PEUGEOT CITROËN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA., pretendem a reforma da
sentença lançada nos autos que: “Condeno as Rés, de forma solidária, a compensarem os
danos morais sofridos pela autora, pagando-lhe o correspondente a R$ 2.000,00 (dois mil
reais), corrigidos monetariamente desde a data de arbitramento e acrescido de juros legais
desde o evento danoso. Condeno-as, ainda, a indenizarem a autora nos valores gastos com o
aluguel de outro carro, no total de R$ 16.440,00 (dezesseis mil, quatrocentos e quarenta
reais), corrigidos desde o desembolso e com juros de mora desde a citação”.

Presentes as condições de admissibilidade dos recursos, conheço-os,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

Não procedem as preliminares reiteradas pelos Recorrentes.

Os dados probatórios existentes, mormente as diversas ordens de serviço


acostadas aos autos, são suficientes para elucidação dos fatos e deslinde da causa, não
1
havendo, assim, complexidade factual e probatória de grandes proporções de modo a impedir
sua apreciação pelo Sistema dos Juizados Especiais. Ademais, não se tem notícia da
preservação do estado fático do produto discutido, o que exclui a possibilidade de êxito de
qualquer perícia que fosse realizada agora, reafirmando-se, consequentemente, a competência
do juizado especial cível escolhido para o julgamento do litígio.

Vale lembrar que, com o ônus probatório inerente, cabia aos Recorrentes
municiarem o juízo de elementos de convencimento sobre a inexistência do vício apontado,
até mesmo através de parecer técnico1, na forma autorizada pelo art. 35 da Lei nº 9.099/95 2,
providência que não adotou.

No mérito, assiste razão em parte aos Recorrentes, senão vejamos:

Em matéria de vício de fabricação de produto, todos aqueles enquadrados


no conceito de fornecedor, na forma prevista no art. 3º, do Código de Defesa do Consumidor,
onde se acomodam as figuras do fabricante e comerciante, são solidariamente responsáveis
pela reparação dos problemas surgidos, segundo regra inserta no art. 18, caput , do CDC.

Assim, apresentando-se o produto com vício de fabricação, admite-se que o


fornecedor acionado pelo consumidor busque consertá-lo usando o sistema de garantia
contratado. No entanto, nos precisos termos do parágrafo primeiro do art. 18 do CDC, “não
sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.”

Na situação em exame, restou provado que o veículo descrito nos autos,


fabricado e comercializados pelos Recorrentes, apresentou vício de fabricação no câmbio e
no motor, não obtendo o devido reparo, não obstante as diversas vezes em que fora levado a
conserto junto à concessionária credenciada pela Ré.

A recusa das partes recorrentes em assumirem a responsabilidade civil


pertinente não pode ser aceita porque se encontra desprovida de prova convincente da
relevância, quando tinham o ônus de evidenciar a ocorrência de causa excludente da
obrigação derivada da inexecução contratual ligada ao defeito inerente ao produto, sendo,
portanto, acertada a decisão do MM. Julgador que atuou no primeiro grau ao reconhecer a
ocorrência do vício e ordenar o conserto do veículo.

1
“Os litigantes poderão optar pela designação de assistentes técnicos (é mera faculdade), os quais elaborarão unilateralmente os
seus estudos para posterior juntada ao processo dos respectivos documentos. Mas não há qualquer relação de dependência entre a
indicação de perito para prestar esclarecimentos em audiência e a produção de provas unilaterais. Pelo contrário, se as partes
desejarem, inclusive no momento da propositura da ação, já poderão perfeitamente instruir o processo com o referido documento, o
qual será analisado oportunamente pelo julgador, em conjunto com todo o elenco probatório. Se for caso, será inclusive cotejado
com as informações do perito, em audiência (Joel Dias Figueira Júnior, in Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Comentário à Lei
nº 9.099/95, pág. 256)
2

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
apresentação de parecer técnico.
2
Também se mostra incensurável a condenação ao pagamento de
indenização pelos inegáveis danos morais sofridos pela Recorrida.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em exame, a Recorrida não precisava fazer prova da ocorrência


efetiva dos danos morais relacionados aos fatos apurados. Os danos dessa natureza se
presumem pelos próprios fatos descritos, além do descaso em se solucionar o problema,
manifestado diversas vezes, levando-a a ficar privada do uso de bem necessário à vida
moderna, não havendo como negar que sofreu angústia e aborrecimento na busca de uma
solução, tendo a esfera íntima agredida ante a atividade negligente dos fornecedores
envolvidos.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento do juiz que atuou no primeiro
grau que, próximo dos fatos, pautado pelo bom senso e atentando para o binômio
razoabilidade e proporcionalidade, respeita o caráter compensatório e inibitório-punitivo da
indenização, que dever trazer reparação indireta ao sofrimento do ofendido e incutir temor no
ofensor para que não dê mais causa a eventos semelhantes.

In casu, entendo que o MM. Juiz a quo respeitou as balizas assinaladas,


tendo fixado indenização em valor moderado, que, assim, não caracteriza enriquecimento
sem causa da parte recorrida e não provoca abalo financeiro aos Recorrente ante as aparentes
estabilidades econômicas.

No entanto, embora pudessem, ainda, ser condenados ao pagamento de


indenização pelos danos materiais decorrentes do evento ocorrido, não vejo como compelir
os Recorrentes a fazê-lo diante da ausência de qualquer prova da sua ocorrência na forma
asseverada pela Recorrida.

Indenizar dano que repercute no patrimônio significa restituir prejuízo


concreto, efetivo, envolvendo o que se perdeu (dano emergente) ou o que se deixou de ganhar
(lucro cessante) em relação direta e imediata com o evento. Sua incidência, ao contrário do
dano moral, não se presume, carecendo de prova inequívoca da ocorrência, sendo ônus de
quem alega (art. 333, I, do CPC).

In casu, não há qualquer prova de que a Recorrida tenha realizado despesas


com o aluguel de veículo, especialmente no importe de R$ 16.440,00, não sendo admissível o
arbitramento de indenização por estimativa na espécie, onde, pela sua natureza, é
imprescindível a comprovação do montante do prejuízo suportado pelo suposto ofendido,
ausente nos autos.

3
Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR
PROVIMENTO ao recurso interposto pelas Recorrentes, ETOILE DISTRIBUIDORA DE
VEÍCULOS LTDA. E PEUGEOT CITROËN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA.,
para, reformando a sentença hostilizada, excluir a sua condenação ao pagamento de
indenização por danos materiais em favor da Recorrida, ANA MARIA COELHO NUNES.

Não se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, ao recorrido, mas ao recorrente integralmente vencido, deixo de condenar o
Recorrido ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Salvador, Sala das Sessões, 16 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0020381-60.2013.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTES: ETOILE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA. E PEUGEOT
CITROËN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA.
RECORRIDA: ANA MARIA COELHO NUNES
JUIZ PROLATOR: MICHELLINE SOARES BITTENCOURT TRINDADE LUZ
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS. RESPONSABILIDADE CIVIL.


VEÍCULO QUE APRESENTOU VÍCIO DE FABRICAÇÃO NO
CÂMBIO E NO MOTOR NO PERÍODO DE GARANTIA.
PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO OPORTUNAMENTE.
SENTENÇA QUE CONDENOU, EM REGIME DE
SOLIDARIEDADE, AMBAS AS EMPRESAS REQUERIDAS AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. AUTORA QUE, NO ENTANTO, NÃO FAZ PROVA DOS
DANOS MATERIAIS INFORMADOS, INVIABILIZANDO O
RESSARCIMENTO. PROVIMENTO DOS RECURSOS PARA
EXCLUIR A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR OS DANOS
MATERIAIS, REFORMANDO O JULGAMENTO REALIZADO NO
PRIMEIRO GRAU. Não sendo presumíveis, os danos materiais devem
ser inequivocamente comprovados. Sem prova dos prejuízos
experimentados – ônus de quem alega –, exclui-se a obrigação de
indenizar.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelas
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Recorrentes, ETOILE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA. E PEUGEOT
CITROËN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA., para, reformando a sentença
hostilizada, excluir a sua condenação ao pagamento de indenização por danos materiais
em favor da Recorrida, ANA MARIA COELHO NUNES. Não se destinando a regra
inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei 9.099/95, ao recorrido, mas ao
recorrente integralmente vencido, deixo de condenar o Recorrido ao pagamento de
custas e honorários advocatícios.

Salvador, Sala das Sessões, 16 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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