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Outubro de 2014

Introdução

Em 2007, a Petrobras anunciou a instalação do Complexo Petroquímico do Rio de


Janeiro (Comperj), no município de Itaboraí. Nesta mesma data foi criada a iniciativa
Agenda 21 Comperj, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de
Ambiente do Estado do Rio de Janeiro.
Trazendo inovação na estratégia de relacionamento da empresa com todas as
partes interessadas, a iniciativa utiliza a Agenda 21 Local para igualar as condições de
negociação, fomentar a participação e a governança pública participativa, organizando e
mobilizando todos os setores em torno do planejamento para o desenvolvimento
sustentável da região que compõe a área de influência do empreendimento.
Para tanto, criou e fomenta processos de Agenda 21 Local nos municípios de
Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói,
Nova Friburgo, Rio Bonito, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim, Tanguá e
Teresópolis, adotando uma metodologia própria, derivada da Agenda 21 Global.
Após o convite a todos os interessados, foram feitas mais de 550 reuniões setoriais
com a participação de mais de 8 mil representantes do poder público, iniciativa privada,
terceiro setor, representantes comunitários e cidadãos em geral. Neste momento foi
lançada uma plataforma digital para dar transparência e divulgação aos trabalhos.
Além do fortalecimento de cada um desses setores em cada município, o resultado
desta etapa foi a elaboração de 56 diagnósticos e planos de ação setoriais, concluindo com
a indicação de 7 representantes por setor/município para consolidarem os 14 diagnósticos
e Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável (PLDS).
A consolidação municipal por meio do consenso, realizado em 30 oficinas em
regime de imersão (2 dias cada), gerou os subsídios para as outras duas etapas da
iniciativa – a constituição dos Fóruns Locais e a elaboração das Agendas 21 Locais.
Foram realizadas 28 oficinas, além de articulações institucionais, para facilitar a
organização, estruturação e legalização dos Fóruns de Agenda 21 Local dos 14
municípios. Neste momento, os Fóruns de Agenda 21 Locais começaram a atuar de forma
independente em seus municípios e foram então lançados 14 websites para suportar a
comunicação, transparência e visibilidade dos mesmos.
Além do trabalho técnico, foram necessárias mais 28 oficinas e diversas reuniões
para a validação e elaboração final das 14 Agendas 21 Locais, as quais foram publicadas e
lançadas em seus respectivos municípios em eventos públicos entre 2010 e 2011.
A partir deste momento, a iniciativa focou seus esforços na construção de
capacidades, comunicação e articulação institucional para fortalecer os processos de
Agenda 21 Local e posteriormente integrá-los em um Comitê Regional – trazendo
representação e visão regionais.
Desde então foram e são realizadas diversas oficinas e reuniões locais para
facilitação de construção de estratégias e planos de ação, resolução de conflitos e
capacitações específicas como liderança, organização, comunicação, governança,
políticas públicas, entre outros, além de seminários voltados ao primeiro setor para a
integração e sensibilização em relação à Agenda 21. Em âmbito regional, teve início a
realização periódica de reuniões dos coordenadores dos 14 Fóruns.
Foram também organizados cursos, oficinas, seminários, grupos de trabalho e
encontros regionais destinados a este público, em parceria com universidades e órgãos de
governos, para a construção de capacidades diversas e a articulação institucional.
No final de 2013 foram realizadas diversas oficinas locais com a participação do
primeiro setor, para a avaliação da implementação dos Planos Locais de Desenvolvimento
Sustentável. Como resultado deste trabalho, foi verificado que, das 11 Agendas 21
avaliadas, em média 50 % das ações propostas foram encaminhadas - iniciadas, em
andamento ou concluídas. Além disso, são utilizadas como referência para diversos fins.
Hoje os Fóruns de Agenda 21, em diferentes níveis, estão estabelecidos e atuantes
em seus municípios, participando da elaboração e discussão de políticas públicas e
atuações privadas, além de participarem de conselhos, audiências públicas, conferências e
outros espaços de participação. Articulados eu seu Comitê Regional, recentemente criado,
já atuam também em espaços a nível estadual e federal.
Com isso, percebe-se que os resultados esperados desta iniciativa foram e estão
sendo atingidos, tornando-a permanente no fortalecimento dos processos e no
relacionamento com as partes interessadas em busca do objetivo maior – o
desenvolvimento sustentável desta região.
Objetivos

O objetivo final da iniciativa Agenda 21 Comperj é contribuir para a promoção


do desenvolvimento sustentável de uma região composta por 14 municípios, em torno
do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – empreendimento da Petrobras.

Para isso, busca promover práticas e situações que favoreçam o alcance deste
cenário desejado, trabalhando basicamente em duas frentes: a capacitação e aumento do
capital social dos cidadãos e setores da sociedade; e a integração e organização da
sociedade, incluindo o primeiro setor, para o planejamento e desenvolvimento de ações,
posições e atitudes que favoreçam o desenvolvimento econômico, com inclusão social e
proteção ambiental desta região – da maneira mais sustentável possível.

Para tanto, utiliza-se da Agenda 21 Local como instrumento, tendo como metas
a criação, estruturação e desenvolvimento de processos de Agenda 21 Local, e sua
articulação regional, com a elaboração conjunta e a implementação de políticas públicas
e ações privadas voltadas para a sustentabilidade.

Por outro lado a iniciativa busca, por meio dos Fóruns Locais de Agenda 21,
fomentar a participação, em igualdade de condições, de todos os setores da sociedade,
em um sistema de relacionamento em rede, tanto para a empresa com os seus diversos
stakeholders, quanto entre os próprios atores locais e regionais entre si.

Com o processo de construção de capacidades e com a o envolvimento da


sociedade em geral, incluindo o primeiro setor, busca-se tanto contribuir para a
organização da sociedade quanto deixar um legado de transformação e de promoção da
cidadania e da sustentabilidade.
Para o atingimento do objetivo maior, a mobilização e organização dos
diferentes setores da sociedade e poder público, seu fortalecimento e sua integração em
Fóruns Locais de Agenda 21, estruturados, legalizados e atuantes nos 14 municípios são
focos desta iniciativa. Assim também são a elaboração, publicação e lançamento das 14
Agendas 21 Locais, com seus respectivos diagnósticos e Planos Locais de
Desenvolvimento Sustentável, construídos a partir do consenso de todas as
representações participantes.
O acompanhamento e a implementação dos planos, assim como a atuação
efetiva dos Fóruns de Agenda 21 em seus municípios são objetivos permanentes.
Desenvolvimento

I – Contextualização - o Leste Fluminense e o Complexo Petroquímico do Estado


do Rio de Janeiro (Comperj)

A Região do Leste Fluminense caracteriza-se pela falta de investimentos do


governo, baixa participação popular na definição das políticas urbanas, falta de
organismos locais representativos da sociedade civil e inexistência de diagnósticos e
planos de futuro construídos com a efetiva participação de todos os atores sociais.
Os municípios dessa região sofrem com a deficiência dos serviços públicos
essenciais, como educação, saúde, transporte e saneamento básico1. Neste contexto, há
que se buscar a adoção de medidas que possam suprir a insuficiência de instâncias de
participação e controle social.
Nessa região está sendo instalado o Comperj, o Complexo Petroquímico do
Estado do Rio de Janeiro, um empreendimento da Petrobras, localizado no município de
Itaboraí, destinado a refinar e transformar 150 mil barris diários do petróleo proveniente
da Bacia de Campos, no Norte Fluminense.
Com investimentos da ordem de R$ 15 bilhões, o Comperj é considerado hoje a
maior iniciativa brasileira no setor e um das maiores no mundo, e deve entrar em
operação em 2016. O empreendimento trará um novo dinamismo à economia do Leste
Fluminense, gerando mais emprego e renda e forçando um redesenho da configuração
urbana do território.
Este cenário levou a Petrobras a criar, em 2007, a Agenda 21 Comperj, que faz
parte do plano de relacionamento da companhia com os 14 municípios impactados
direta e indiretamente pelo novo Complexo Petroquímico. A iniciativa não faz parte do
leque de obrigações legais vinculado ao licenciamento do empreendimento, mas
suplementa as medidas obrigatórias de mitigação e compensação da Petrobras, além de
contribuir para o desenvolvimento territorial como um todo.

1
Relatório de Impacto Ambiental (Rima) - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)
II - A metodologia da Agenda 21 Comperj

Fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria do


Estado do Ambiente (SEA-RJ), a metodologia da Agenda 21 Comperj foi elaborada
para ser implementada simultaneamente em 14 municípios do Leste Fluminense:
Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Maricá,
Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim, Tanguá e
Teresópolis (Mapa 1).

Mapa 1: área de atuação da Agenda 21 Comperj.

Inspirado na Agenda 21 Global, criada pela Organização das Nações Unidas, a


Agenda 21 Comperj foi baseada nas seguintes premissas, preconizadas pelo MMA:
 Abordagem multissetorial e sistêmica, envolvendo as dimensões econômica,
social, ambiental, cultural e política;
 Sustentabilidade progressiva e ampliada, ou seja, construção de consensos e
parcerias a partir da realidade atual para o futuro desejado;
 Planejamento estratégico participativo: a Agenda 21 não pode ser um
documento de governo, mas um projeto de toda a sociedade;
 Envolvimento constante dos atores no estabelecimento de parcerias, aberto à
participação e ao engajamento de pessoas, instituições e organizações da
sociedade;
 O processo é tão importante quanto o produto;
 Consensos para superação de entraves do atual processo de desenvolvimento.

Embora esta iniciativa seja baseada nos processos da Agenda 21 Local, sua
aplicação é orientada por uma metodologia própria, que traz inovações em relação aos
processos tradicionais. Uma delas diz respeito à forma de participação dos atores
sociais. A divisão paritária da malha social entre governo e sociedade civil, comumente
adotada em processos participativos, foi substituída pela divisão em quatro setores –
público, privado, sociedade civil organizada e a comunidade (Quadro 1). Os objetivos
principais são garantir a participação efetiva da comunidade e incluir o setor produtivo,
de forma pioneira, fortalecendo e possibilitando a real representação dos diversos
segmentos.

Quadro 1: descrição das institucionalidades que representam os quatro setores da


sociedade.

SETORES REPRESENTAÇÃO
Prefeituras, Câmaras de Vereadores, Poderes Legislativo e Judiciário, órgãos
Primeiro
e empresas públicas.

Segundo Empresas de capital privado, associações e federações do setor produtivo.

Terceiro ONGs, sindicatos, associações de classes, clubes e fundações.

Comunidade Associações de moradores, colônias de pescadores e cidadãos em geral.

A importância da participação dos setores

Embora todos os participantes tenham como objetivo principal o planejamento e


o desenvolvimento sustentável do território, os benefícios e oportunidades são próprios
para cada setor.
Para o Poder Público, é uma oportunidade para apresentar e debater propostas
com as lideranças locais, de forma transparente e ampla – além de possibilitar o
aperfeiçoamento e a implementação de políticas públicas voltadas para o
desenvolvimento sustentável, sempre por meio do diálogo com os diferentes setores e
da indicação do melhor caminho para implementá-las.
O primeiro setor encontra na Agenda 21 Local a organização, a sistematização e
a priorização das diferentes demandas da sociedade – resultantes do consenso entre os
diferentes setores e de sua própria posição –, e as propostas de ação para atendê-las. Os
Fóruns propiciam o diálogo permanente e mais direto do governo com a sociedade,
gerando inúmeras possibilidades, inclusive, de parcerias público-privadas e de trabalhos
conjuntos com os próprios cidadãos.
Para o Segundo Setor, as Agendas 21 informam as potencialidades e as
necessidades dos municípios, que podem embasar decisões estratégicas de negócios e
direcionar ações de responsabilidade socioambiental ou operacionais. Sua construção
possibilita conhecer as demandas e as necessidades locais diversas, além de explicitar
suas próprias demandas, como as de infraestrutura e de mão de obra qualificada, por
exemplo.
Nos Fóruns, o grupo encontra espaço para identificar os impactos decorrentes de
suas atividades locais e definir as ações necessárias para minimizá-los, e para alinhar
suas políticas e compromissos com o desenvolvimento sustentável local.
A Agenda 21 representa para o Terceiro Setor o diagnóstico das preocupações e
potencialidades locais, as demandas e propostas discutidas e elencadas por consenso
pela sociedade para seu território, e a possibilidade de firmar novas parcerias e
encontrar novas fontes de financiamento para seus projetos.
Participar desta iniciativa é também uma oportunidade para defender e mobilizar
outros setores para diferentes causas, além de debater e buscar soluções sustentáveis
para as demandas de grupos sociais diversos. O engajamento deste setor promove o
fortalecimento e a articulação local dos atores não governamentais da região e,
consequentemente, fomenta seu bom funcionamento.
Para a Comunidade – que tem representação direta garantida no processo – a
Agenda 21 abre oportunidades de expor, sistematizar e registrar suas diferentes
demandas e discuti-las durante elaboração dos Planos Locais de Desenvolvimento
Sustentável (PLDS); e de propor ações concretas para se chegar ao futuro desejado.
Nos Fóruns, a Comunidade tem contato com os demais setores, pode expor
diretamente suas necessidades e participar das discussões em busca da melhoria da
qualidade de vida da população. É uma oportunidade para o cidadão obter e fornecer
informações qualificadas sobre o que ocorre no município, participar, acompanhar e
monitorar as ações desenvolvidas pelo setor público e pela iniciativa privada e
contribuir para a viabilização das ações de outros setores, uma vez que conhece bem a
realidade local e é mais impactado por seus problemas.

Etapas e objetivos específicos

Para o desenvolvimento da metodologia, construída para ser executada em 5


etapas, foram estabelecidos objetivos específicos para cada etapa. Ao final da quinta
etapa, foi identificada a necessidade e a pertinência da elaboração de uma sexta etapa
para o fortalecimento dos processos de Agenda 21. Os objetivos específicos estão
discriminados nos quadros a seguir, referenciados em suas respectivas etapas.

Quadro 2a: definição dos objetivos específicos, por etapa, da iniciativa Agenda 21
Comperj (março de 2007 a setembro de 2008).

ETAPAS OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Apresentar o Comperj, a Agenda 21 e as demais ações
1 - Mobilização da planejadas para a região;
Sociedade • Identificar lideranças e atores estratégicos locais;
(março de 2007 a janeiro • Sensibilizar, convidar e mobilizar os setores, envolvendo, de
de 2008) fato, a comunidade no processo;
• Divulgar o calendário de eventos relacionados à Agenda 21.
• Fortalecer os setores, identificar seus interesses e promover o
alinhamento da visão de cada um sobre o município;
2 - Construção Coletiva • Realizar o Levantamento das Percepções Setoriais (LPS),
(janeiro a setembro de identificando preocupações e potencialidades;
2008) • Elaborar Planos de Ação Setoriais;
• Eleger sete representantes de cada setor para constituir cada um
dos Fóruns das Agendas 21 Locais.
Quadro 2b: definição dos objetivos específicos, por etapa, da iniciativa Agenda 21
Comperj (novembro de 2008 a agosto de 2011).

ETAPAS OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Integrar os setores, orientando-os para um objetivo comum: o
desenvolvimento sustentável do município;
• Obter consenso sobre os estágios dos vetores estabelecidos pelos
quatro setores;
• Obter consenso sobre as preocupações e potencialidades
3 - Consolidação elencadas pelos quatro setores;
Municipal • Identificar a vocação e construir uma visão de futuro para o
(Novembro de 2008 a município com base na realidade local, bem como oportunidades e
Junho de 2009) demandas decorrentes da implantação do Comperj e o
desenvolvimento previsto para a região;
• Elaborar propostas de ação, com base nos 24 temas estruturantes;
• Elaborar o detalhamento preliminar de propostas para
viabilização, identificando possíveis parceiros e fontes de
financiamento.
• Orientar a formação do Fórum Local, sua organização interna,
4 - Formalização dos estruturação e formalização através de projeto de lei ou decreto;
Fóruns Locais • Desenvolver o Regimento Interno do Fórum Local da Agenda;
(julho a dezembro de 2009) • Aprimorar a vocação e a visão de futuro do município;
• Realizar a análise técnica das propostas de ação.
• Criar e validar os textos de diagnósticos, referenciando-os com
dados estatísticos e informações técnicas;• Atualizar e validar as
propostas de ação;
5 - Finalização das • Levantar e produzir material visual;
Agendas
• Redigir, editar, revisar, diagramar e imprimir e divulgar a Agenda;
(janeiro de 2010 a agosto
• Desenvolver e fomentar o Fórum Local;
de 2011)
• Fortalecer a integração do Fórum com o poder público local;
• Promover a integração e fomentar o apoio mútuo entre os 14 Fóruns
locais.
Quadro 2c: definição dos objetivos específicos, por etapa, da iniciativa Agenda 21
Comperj (a partir de setembro de 2011).

ETAPAS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Promover a integração e a troca de experiências entre os 14 Fóruns das


Agendas 21 Locais, através de Grupos de Trabalho Intermunicipais, website
e reuniões de coordenadores;
• Buscar sinergias, visão e representação regional dos processos de Agenda
21 Locais;
• Orientar e capacitar para o planejamento estratégico e o desenvolvimento
6 - Fortalecimento dos
dos 14 Fóruns das Agendas 21 Locais;
Processos Locais
• Valorizar o capital social dos membros dos Fóruns das Agendas 21 Locais
(a partir de setembro de
e aprimorar o desenvolvimento dos processos locais através de cursos de
2011)
capacitação em cidadania, desenvolvimento sustentável, organização,
gestão, liderança e controle social;
• Contribuir para a integração dos Fóruns das Agendas 21 Locais com os
primeiros setores municipais e estadual, no que tange ao apoio, à valorização
dos Fóruns e à incorporação dos PLDS em planos de governo, e a
consequente transformação em políticas públicas.

III. Execução

Para desenvolver a Agenda 21 Comperj, a Petrobras contratou inicialmente, por


meio de licitação, quatro ONGs com experiências em processos de Agenda 21 para
operacionalizar as três primeiras etapas. A companhia também designou empregados
próprios para coordenar e acompanhar a execução e dar continuidade às demais etapas,
que passaram a contar ainda com o apoio de consultorias especializadas. Até julho de
2013, foram investidos diretamente nesta iniciativa mais de R$ 9 milhões.
A primeira das seis etapas, chamada de Mobilização da Sociedade, teve a
finalidade de comunicar e convidar os diversos setores dos 14 municípios a participar
do processo de Construção Coletiva das Agendas 21. Todos os municípios receberam a
visita das Caravanas da Petrobras, que anunciavam o empreendimento e a iniciativa,
com participação aberta a todos os interessados, atingindo milhares de pessoas.
Desde esta fase, foi criado um website na internet, (www.agenda21comperj.com.br)
para divulgar as datas das reuniões em cada município e, posteriormente, os resultados
de cada fase, de modo a garantir transparência ao processo.
A partir do momento em que os cidadãos conseguiram identificar de qual setor
faziam parte no processo, foi iniciada a segunda etapa, de Construção Coletiva. Durante
este processo, o público-alvo já dividido por município, foi integrado a seus respectivos
setores para iniciar o levantamento dos problemas, preocupações e potencialidades
locais, de forma consensual.
Para nivelar o conhecimento sobre território e desenvolvimento sustentável, foi
necessário trazer o conteúdo da Agenda 21 Global, que conta com 40 capítulos, para a
realidade local. Foram então criados os chamados vetores qualitativos, por meio dos
quais os participantes analisaram como cada um dos capítulos do documento global se
aplicava à realizada de seu município, gerando uma escala de avaliação relacionada às
questões abordadas nos respectivos capítulos.
Posteriormente, foram elencados os problemas, preocupações atuais e futuras e
as potencialidades locais, em relação a cada um dos 40 capítulos. Em cada apontamento
foram sugeridas ações para resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade. As
discussões, orientadas pelo consenso, geraram um diagnóstico e um conjunto de ações
para cada um dos quatro setores de cada município. O resultado foi o fortalecimento e a
integração dos setores locais e a obtenção de visões setoriais comuns.
O fato de a Agenda 21 abordar diversos assuntos em mais de um capítulo levou
a uma organização temática para a terceira fase, de Consolidação Municipal, também
utilizada por instituições em geral. Os assuntos foram divididos em cinco Ordens e 24
Temas, referentes aos 40 capítulos da Agenda 21 Global. Para cada tema, foram
elencados dados oficiais, indicadores e informações disponíveis, que serviram de
referência para discussões e consensos.
Em oficinas com regime de imersão, para proporcionar a integração entre os
quatro setores – ação nunca antes realizada na maioria dos 14 municípios – foram
surgindo diagnósticos setoriais por consenso, depois transformados em um único
documento.
Num momento seguinte, foram elencadas as vocações de cada município e as
visões de futuro desejadas, que possibilitaram a elaboração de propostas para o território
e a definição de seus respectivos níveis de prioridade (alta, média ou baixa). As
propostas reuniram um conjunto de ações com o objetivo de eliminar preocupações e
promover o melhor aproveitamento das potencialidades identificadas. Essas ações foram
classificadas em linhas de atuação para facilitar o entendimento, possibilitar sua
identificação de acordo com a atividade demandada para sua execução,
independentemente do tema, ou ainda proporcionar leituras com focos diversos.

Quadro 3: organização dos temas trabalhados em relação aos capítulos da Agenda 21


Global.

EIXOS CAPÍTULOS DA
TEMAS
ESTRUTURANTES AGENDA 21 GLOBAL

Recursos Naturais 10, 11, 12, 13 e 16


Recursos Hídricos 17 e 18
Ordem Ambiental
Biodiversidade 15
Mudanças Climáticas 9, 15 e 18
Habitação 7
Saneamento 18 e 21
Ordem Física
Mobilidade e Transporte 5
Segurança 3, 23, 25, 26 e 27
Educação, Educação Ambiental e Cultura 36
Grupos Principais 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 29
Ordem Social Saúde 6
Esporte e Lazer 23, 24, 25, 26, 27 e 36
Padrões de Consumo 4
Geração de Trabalho, Renda e Inclusão Social 3
Agricultura e Pesca 3, 14 e 32
Ordem Econômica Indústria e Comércio 3 e 30
Turismo 3 e 36
Geração de Resíduos 19, 20 e 22
Ciência e Tecnologia 31 e 35
Meios de Recursos Financeiros 2, 33, 34 e 37
Implementação Mobilização e Comunicação 8 e 40
Gestão Ambiental 1, 8, 28, 38, 39 e 40
Para cada proposta foi elaborada uma ou mais fichas de detalhamento, identificando
os mecanismos para sua implementação, possíveis parceiros, fontes de financiamento,
especialistas e colaboradores que podem ser consultados, entre outras informações
importantes, para colocar cada proposta em prática. As fichas têm ainda a função de servir
de referência para a elaboração de projetos, além de registrar o histórico do processo de
implementação de cada proposta.
Com os setores já integrados, os municípios foram orientados a criar os Fóruns
Locais de Agenda 21, auxiliados pela realização de oficinas que ajudaram a promover o
entendimento do que é um Fórum de Agenda 21, qual seu papel e de como se dá sua
organização e funcionamento. Nesta etapa, chamada de Formalização dos Fóruns Locais,
foram construídas as estruturas internas necessárias ao funcionamento dos Fóruns e
escolhidas as pessoas com o perfil mais adequado para desempenhar diferentes funções
neste processo.
Por último, foram construídos os regimentos internos e os projetos de lei que seriam
encaminhados para publicação via decreto do prefeito ou lei da Câmara de Vereadores.
Durante esta etapa, dois outros importantes trabalhos técnicos ganharam forma: a análise
técnica das propostas de ações elaboradas e seu retorno aos grupos quando necessário, e a
ampliação do site do projeto na internet, com a construção de uma área para cada Fórum
Local e de uma plataforma interna para comunicação e geração de conhecimento entre os
participantes.
A última etapa planejada da Agenda 21 Comperj foi a Finalização das Agendas,
com a elaboração e lançamento das respectivas publicações, que exigiram um grande
levantamento de informações históricas e registros fotográficos para complementar o Plano
Local de Desenvolvimento Sustentável a ser inserido em cada documento. As preocupações
e potencialidades indicadas por consenso nas reuniões foram suplementadas por
informações técnicas obtidas de diversas fontes, como institutos de pesquisa, prefeituras e
agências governamentais.
A integração entre os saberes técnico e popular foi conduzida cuidadosamente por
meio da construção dos textos das Agendas a partir do contato constante com os Fóruns. O
conteúdo reproduz, destacando em itálico, as opiniões obtidas por consenso, exatamente
como elas foram externadas. Após o trabalho ser validado por cada Fórum Local, as
agendas foram impressas e os eventos de lançamento, organizados.
Com as cerimônias de entrega das publicações para a sociedade – que aconteceram
em eventos locais de lançamento com a presença de diversos atores importantes de cada
município, e de representantes do poder público – e os 14 Fóruns em funcionamento, a
iniciativa estaria concluída. Mas o sucesso da iniciativa e a necessidade de garantir apoio
contínuo para o desenvolvimento dos Fóruns Locais levaram à criação de mais uma etapa: a
de Fortalecimento dos Processos Locais.
Diversas atividades foram então planejadas, como o acompanhamento e consultoria
para os Fóruns Locais, capacitação das lideranças envolvidas (incluindo um curso de
extensão universitária em parceria com a Universidade Federal Fluminense - UFF),
orientação para a revisão de regimentos e construção de planos de ação para cada Fórum
Local, além do fortalecimento dos processos de comunicação dos mesmos. A integração
regional dos 14 processos e agendas locais foi intensificada por meio da construção de redes
intermunicipais temáticas.
O portal www.agenda21comperj.com.br foi totalmente reformulado e ganhou 14
sites independentes – um para cada Fórum Local. A linha editorial passou a contar com
matérias e reportagens que fazem a ligação entre o desenvolvimento sustentável, as ações
elaboradas pelos municípios e os Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável, além de
continuar produzindo material informativo e de divulgar as iniciativas dos Fóruns.
No final de 2012, foi realizado na cidade do Rio de Janeiro o primeiro encontro dos
14 Fóruns de Agendas 21 Locais, em que todos os membros desses processos foram
convidados a participar. Na ocasião, foi anunciado que a Petrobras mantinha um processo
interno contínuo de desenvolvimento da iniciativa para garantir o relacionamento da
companhia com estas instâncias e contribuir ativamente para o fortalecimento das mesmas.
Em 2013 houve reforço da equipe da Agenda 21 Comperj na Petrobras e elaboração
de um novo planejamento. Diversas ações foram colocadas em prática, como a realização
de reuniões e seminários com os primeiros setores dos 14 municípios, para integrar e
conscientizar, principalmente os novos gestores, da importância e utilidade das Agendas 21.
Outros trabalhos específicos também foram desenvolvidos em alguns Fóruns
Locais. No âmbito regional, com a integração dos 14 Fóruns, foram organizadas reuniões
de coordenadores e oficinas sobre a elaboração de Planos Plurianuais, além de iniciada a
estruturação de um Comitê Regional das Agendas 21 Locais, a ser formalmente criado em
1º de agosto de 2013.
A pauta de trabalhos também incluiu a atualização dos PLDS, com a identificação
das ações que já foram realizadas, que estão em andamento ou em planos de governo, ou
ainda aquelas que não foram atendidas de alguma forma. Neste mesmo documento, serão
anexados a divulgação dos trabalhos e os indicadores que mostram a evolução das questões
apontadas. Outras diversas ações de menor porte, mas de igual importância para o
relacionamento institucional e a formação de parcerias, também foram realizadas, assim
como o aprimoramento contínuo do conteúdo dos 15 sites em funcionamento na internet.
O planejamento de 2014 inclui a continuidade da construção de capacidades, com
aprofundamento e especialização nos diferentes temas, orientação e trabalhos específicos
junto aos Fóruns Locais, continuidade da integração com os processos locais, definição de
estratégias para promover mais engajamento do Segundo Setor, fortalecimento do Comitê
Regional das Agendas 21 Locais e fomento e articulação para ampliação do uso dos PLDS.
Até o início de abril deste ano, o foco de trabalho foi dado para o desenvolvimento do
ComARC, integração dos processos locais e trabalhos específicos para o desenvolvimento
de alguns Fóruns Locais.

O processo permanente de avaliação da iniciativa

Um processo de Agenda 21 Local é a construção participativa do consenso possível


entre interesses diversos, com o objetivo comum de promover a qualidade de vida e a
justiça social, sem perder de vista os limites impostos pelo planeta e tendo um futuro
sustentável como horizonte comum. Após a mobilização da sociedade, com a identificação
e convite a todos os interessados para participar do processo, houve a fase chamada setorial.
A inovação metodológica de iniciar o trabalho dividindo os segmentos sociais foi bem-
sucedida, propiciando uma boa definição dos interesses e o alinhamento interno dos setores
que, depois, foram devidamente representados.
Cada setor de cada município elaborou seu próprio diagnóstico, identificando
Potencialidades, Preocupações e Estágios e, depois, promoveu o debate das ações
necessárias para aproveitar as Potencialidades levantadas e prevenir ou resolver as
Preocupações identificadas.
Com isso, cada setor pôde, em alguns municípios pela primeira vez, reunir seus
representantes e debater interesses e visões diversos, fortalecendo-se antes de integrar-se
aos demais. Só depois, passaram a discutir o Plano Local de Desenvolvimento Sustentável.
O primeiro resultado de conteúdo reúne diagnóstico e ações de consenso setorial, enquanto
o resultado secundário, mas igualmente importante, promoveu a integração e o
fortalecimento dos setores (dentro de cada setor).
Embora tenha sido uma etapa dispendiosa, o processo educativo foi inigualável,
reunindo os mais de 8 mil participantes, que passaram a conhecer a realidade de seus
municípios e a entender como o desenvolvimento sustentável se aplica em suas cidades.
Ao longo da etapa Consolidação Municipal, alcançou-se o resultado desejado na
obtenção de consenso entre os quatro setores, com vistas à construção de diagnósticos e
planos de ação para o município, a partir de uma visão construída em comum. Contudo, a
própria união dos setores para debater as questões municipais, a sinergia e a visão de que é
possível conciliar interesses através do diálogo já são resultados e legados de suma
importância.

Fotos 1 a 4: reuniões e oficinas em âmbito setorial e municipal, em cada um dos 14


municípios.

O processo de constituição dos Fóruns Locais também foi bem-sucedido, levando-


se em conta que sua consolidação requer uma boa compreensão do que é representatividade
e exige tempo para que esta se desenvolva. O aprendizado obtido pelos envolvidos neste
processo, com relação à participação, moderação, estruturação legal e liderança, entre
outros, deixa um legado tão importante quanto às leis que regularizaram os Fóruns ou as
estruturas internas constituídas nesta etapa.
Os materiais produzidos e analisados tecnicamente foram comparados com os dados
disponíveis, discutidos e validados pelos Fóruns Locais. Esse processo levou à identificação
e à sistematização das diferentes demandas da sociedade, compiladas em um mapeamento
detalhado do cenário local, contemplando anseios, propostas e visões de consenso dos
quatro setores dos municípios abrangidos.
Com a sociedade local representada nos Fóruns de maneira paritária e a partir de um
objetivo comum, foi possível construir os Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável e
as Agendas 21 Locais. Todo esse processo culminou no lançamento público das Agendas
21 Locais, realizado em cada um dos 14 municípios.

Figura 1: capas das Agendas 21 publicadas entre os meses de dezembro de 2010 e


agosto de 2011.

A etapa de Fortalecimento dos Fóruns, ainda em andamento de forma contínua,


resulta no desenvolvimento dos Fóruns Locais e de seus membros por meio de
capacitações, oficinas, orientações e articulações. A promoção das Agendas 21 publicadas
também fez parte do foco desta etapa, gerando a implementação das ações previstas nas
Agendas pelo poder público, instituições do Terceiro Setor e empresas, inclusive a
Petrobras.
Oficinas locais geraram 14 Planos de Ação para os Fóruns das Agendas 21 Locais,
além de trabalhar a resolução de conflitos e a aproximação com o Primeiro Setor. Reuniões
trimestrais de coordenadores dos Fóruns e 7 Grupos de Trabalho Intermunicipais criados
promoveram a integração regional dos processos e o alinhamento e desenvolvimento de
conhecimentos diversos.
As mudanças de primeiro setor, decorrente de eleições municipais, demandaram a
realização de seminários promovidos pela Agenda 21 Comperj em cada município, em
parceria com a Associação Estadual dos Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj) e do
Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com objetivo de sensibilizar e envolver os novos
gestores com a Agenda 21. Estas ações possibilitaram maior entendimento da importância
desse processo para a gestão pública, desdobrando em maior apoio aos Fóruns Locais,
maior participação no processo e maior atenção aos PLDS por parte dos poderes públicos
locais.

Fotos 5 a 8: seminários locais para promover o melhor entendimento das Agendas 21 e dos
Fóruns de Agenda 21 por parte dos poderes executivo e legislativo recém-eleitos.
A construção de capacidades

Além dos trabalhos específicos em forma de oficinas e seminários para o


desenvolvimento dos processos, a iniciativa se preocupou com o desenvolvimento do
capital social dos envolvidos e cidadãos afins nesta região.
Um Programa de Construção de Capacidades foi estruturado com dois focos: o
desenvolvimento de ações de capacitação próprias e em parceria, e também com a
busca, seleção e indicação contínua de capacitações presenciais e on-line gratuitas de
instituições estaduais e nacionais – das quais muitos envolvidos participaram.
As capacitações próprias, como o Curso de Formação de Lideranças, com foco
em Saneamento Ambiental e o Seminário Governança e Desenvolvimento Sustentável,
ambos fruto de parceria com a UFF e com a Controladoria Geral da União (CGU),
proporcionaram um rico aprendizado aos participantes.
No primeiro, um dos resultados foi o levantamento de todos os Conselhos
Municipais existentes nesses 14 municípios, seus membros, atividades e nível de
funcionamento e atuação. Também houve um desdobramento dos conceitos aprendidos
para os cidadãos interessados, realizado em todos os municípios pelos próprios
membros dos Fóruns.
Já no segundo, a parceria se estendeu para o Departamento de Participação
Social da Secretaria Nacional de Articulação Social (SNAS), o Instituto Brasileiro de
Administração Municipal (Ibam), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e o Ministério das Cidades. Desdobramentos importantes, como a decisão dos
Fóruns em realizar uma conferência livre de meio ambiente, também ocorreram.
Além disso, foram realizadas oficinas temáticas, sobre assuntos relacionados ao
planejamento estratégico e desenvolvimento territorial, orientando os participantes
quanto à participação da sociedade na tomada de decisões e no subsídio do poder
público local na implementação de políticas públicas. Em diversas oportunidades, os
membros dos Fóruns capacitados fizeram a replicação local do conteúdo obtido, para os
cidadãos interessados.
Uma destas foi a oficina sobre a elaboração dos planos plurianuais municipais,
de desdobrando na inclusão de propostas dos PLDS em diversos planos plurianuais
nesses municípios.
Fotos 9 a 12: representantes dos Fóruns das Agendas 21 Locais participam dos eventos e
atividades desenvolvidas dentro do Programa de Construção de Capacidades.

Visando tanto a construção de capacidades, quanto à integração regional, foram


realizados encontros com todos os membros das 14 Agendas 21 fomentadas pela iniciativa.
Em 2012, o I Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Locais promoveu uma bem-
sucedida troca de experiências e a discussão do papel e do engajamento de cada setor nesse
processo. Diversos atores importantes no cenário do desenvolvimento territorial e
sustentável foram chamados para embasar as discussões de como avançar – ONU-Habitat,
UFRJ, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca e outros
movimentos de mobilização social existentes no país.
No ano seguinte, o II Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Locais se focou no
alinhamento de informações. Foram apresentadas pela Petrobras, em primeira mão, os
planos e estágio de evolução das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Também foram apresentado pela Petrobras os novos parâmetros existentes nos programas
de seleção pública que dão um peso maior às ações que derivam destas Agendas 21, e o
sistema de recomendação de propostas de projetos pelos Fóruns Locais, além dos projetos
comtemplados na região que derivaram dos PLDS.
Já o Governo do Estado apresentou as ações previstas para a região, além de se
comprometer com a interlocução com as Agendas 21 Comperj. A última apresentação do
evento foi a dos resultados do acompanhamento dos PLDS feito por cada Fórum Local,
seguida da posse do ComARC, ambos a serem comentado a seguir.

Fotos 13 e 14: o I Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Locais contou com a participação dos
membros das Agendas 21 Locais de 14 municípios, especialistas e colaboradores que atuam
neste território.

Fotos 15 e 16: o II Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Locais foi marcado pela
apresentação do acompanhamento dos PLDS e a posse dos membros do ComARC.

A articulação regional

A articulação com entidades e instâncias de desenvolvimento regional – e a própria


integração regional proporcionada pela iniciativa – são fatores que contribuem
significativamente para o processo. Como exemplo, podem ser citadas as atividades do Grupo
de Trabalho de Bacias Hidrográficas, que integraram representantes dos Comitês de Bacias
(Lagos São João, Piabanha e Dois Rios) e do Subcomitê Leste da Baía de Guanabara,
favorecendo a troca de experiências com os membros dos Fóruns, enriquecendo discussões e
propondo encaminhamentos para seus municípios. O desafio de desenvolver o processo
concomitantemente em 14 municípios possibilitou o amadurecimento conjunto do grupo e a
atenção necessária à integração e à visão regional.
Embora os processos já estivessem com uma grande integração, a necessidade de
diálogo em nível regional com instâncias de âmbito regional como o Consórcio Intermunicipal
de Desenvolvimento do Leste Fluminense (Conleste), e de âmbito estadual e regional,
demandaram uma instância regional para os processos de Agenda 21 Locais.
Planejado de maneira participativa desde maio de 2012, o Comitê das Agendas 21
Locais na Região do Conleste (ComARC) já caminha para dar início às ações de promoção do
desenvolvimento sustentável na região. Com o objetivo de representar os interesses da
sociedade articulada por meio dos 14 Fóruns das Agendas 21 Locais da região, propondo a
implementação de políticas públicas e ações voltadas para o desenvolvimento sustentável deste
território, este Comitê busca ter uma visão regional integrada sobre o desenvolvimento deste
território.
Após formalmente criado, o grupo iniciou a construção de um plano de ação e de
Grupos de Trabalho para elaborar as atividades prioritárias de estruturação: planejamento
estratégico, elaboração de projetos e comunicação.
A primeira grande conquista deste grupo foi um assento no Fórum Comperj2. Durante
solenidade realizada em agosto de 2013 no Palácio Guanabara, ficou decidido que as Agendas
21 Locais irão subsidiar os planos territoriais dos municípios do entorno do complexo
petroquímico, com suas propostas nas áreas de habitação, mobilidade urbana, saneamento,
saúde, educação e meio ambiente, que foram formuladas pela sociedade civil.

Fotos 17 e 18: em agosto de 2013, o ComARC conquistou um assento no Fórum Comperj, em


solenidade realizada no Palácio Guanabara.
2
Criado através do decreto estadual nº 40.916/2007, e instituído em caráter permanente, o Fórum
Comperj tem a função de reunir as demandas, o planejamento e a execução das políticas públicas de
interesse comum relativas à sustentabilidade da região leste fluminense.
Outro desdobramento do grupo, realizado mesmo antes de sua estruturação e de
forma totalmente independente da iniciativa Agenda 21 Comperj, foi a organização da I
Conferência Livre de Meio Ambiente das Agendas 21 Locais do Estado do Rio de Janeiro.
Assuntos como a implementação de aterros sanitários, a desativação de lixões e o trabalho de
coleta seletiva solidária, entre outros, fazem parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) e foram bastante discutidos pelos participantes. Foram encaminhadas 25 propostas
para a IV Conferência Nacional de Meio Ambiente, relacionadas ao desenvolvimento de
canais de comunicação, capacitação de agentes ambientais, incentivo a mudança nos padrões
de consumo e a elaboração de planos municipais de gestão dos resíduos sólidos.

Fotos 19 a 22: a Conferência Livre de Meio Ambiente das Agendas 21 Locais do Estado do Rio
de Janeiro foi o primeiro evento organizado pelo ComARC.

Em maio de 2014 a Prefeitura de Itaboraí, em parceria com o Conleste e o


ComARC, organizou o I Simpósio Cidade Para Todos – Ações e Projetos de Acessibilidade
na Região do Conleste um seminário sobre acessibilidade, onde serão apresentadas as
propostas das Agendas 21 em âmbito regional sobre o tema, discutido em diferentes
capítulos e abordagens.
Comunicação para a sustentabilidade

A comunicação digital para a sustentabilidade, que vem evoluindo ao longo dos


anos, democratiza o acesso ao histórico de todas as etapas e de seus respectivos
produtos, aos Fóruns e suas atividades e também aos arquivos digitais completos das
Agendas 21 de cada município. Além de democratizar e dar transparência às atividades
de cada Fórum Local, o portal na internet proporciona a troca de experiências entre eles,
criando uma sinergia para seu desenvolvimento.
Nessa homepage, são vinculadas informações úteis, com linguagem acessível e
abordagem motivadora, promovendo boas práticas aplicáveis e garantindo visibilidade
aos processos de Agenda 21 Local. Para contribuir com esse trabalho, a iniciativa
Agenda 21 Comperj envia newsletters periodicamente para uma base de mais de 8 mil
e-mails cadastrados da região. Os acessos variam entre 10 e 20 mil, unitários, por mês.
A independência e identidade própria dos 14 websites dos Fóruns Locais,
patrocinados pela Petrobras, geraram maior conforto e identidade aos processos locais.
O acompanhamento dos PLDS e do desenvolvimento de suas propostas feito pelos
Fóruns Locais podem ser acessados por todos os cidadãos, ampliando a participação e
controle social no território.

Figuras 2 e 3: imagens da homepage da Agenda 21 Comperj e a descrição do estágio


atual do Fórum da Agenda 21 Local de Cachoeiras de Macacu.
Implementação das propostas das Agendas 21 Locais

Desde o lançamento das Agendas 21, houve um grande interesse da população,


instituições e empresas na avaliação da efetividade dos PLDS. É muito comum que, em
processos de Agenda 21 desenvolvidos no Brasil, após a publicação das propostas, as
mesmas fiquem sem serem implementadas, engavetadas ou colocadas em uma
prateleira.
Muito comum também é a extinção do processo após a publicação. Por isso,
buscando dar efetividade às propostas publicadas, e à continuidade do desenvolvimento
do capital social e do controle social na região por estes grupos já formados, a Petrobras
resolveu continuar investindo na iniciativa. Os grupos se mantêm ativos, e cada vez
mais atuantes e articulados no território. Já a implementação das propostas, precisava
ser verificada.
Inspirado na Pesquisa de Informações Básicas Municipais3 elaborada pelo
IBGE, foi criada uma metodologia para que os membros dos Fóruns das Agendas 21
Locais pudessem avaliar a efetividade das políticas públicas municipais. O momento
escolhido para o desenvolvimento deste trabalho foi no primeiro ano de mandato dos
novos gestores, presentes na grande maioria destes municípios.
Este acompanhamento foi realizado por cada Fórum Local, sendo facilitado pela
Agenda 21 Comperj. Em oficinas programadas, as propostas do PLDS de cada
município foram verificadas em relação ao seu andamento, e classificadas nas seguintes
categorias: as que não sofreram intervenção; as iniciadas, mas que ainda não alcançaram
50% de andamento; as em andamento, superando os 50% e as concluídas.
Todo o trabalho foi realizado com a participação de técnicos e representantes das
Prefeituras Municipais e demais entidades setoriais, visando à legitimidade e
transparência do acompanhamento dos planos de ação.
Até o presente momento, dos 14 municípios que fazem parte da Agenda 21
Comperj, apenas os municípios de Guapimirim, Maricá e Teresópolis não realizaram
esta atividade – planejada para ocorrer até o final de 2014.

3
A Pesquisa de Informações Básicas Municipais efetua, periodicamente, uma análise da estrutura, a dinâmica e o
funcionamento das diferentes políticas e setores que envolvem o governo municipal e a municipalidade. Como
fruto do esforço permanente de atualização da pesquisa, os dados que compõem sua base de informações
constituem um conjunto relevante de indicadores de avaliação e monitoramento das cidades brasileiras.
Fotos 23 a 26: os Fóruns das Agendas 21 Locais avaliaram a implementação dos PLDS

Tomando como referência os trabalhos desenvolvidos nos municípios de


Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Itaboraí, Magé, Niterói, Nova Friburgo, Rio
Bonito, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim e Tanguá, foi observado que neste
território, 50% das ações sugeridas (2.644) foram encaminhadas. Isto é, 30% (1.587)
foram iniciadas, 15% (791) encontram-se em estágio relativamente adiantado e 5%
(266) concluído. As ações que ainda não sofreram nenhuma intervenção somam 40%
(2.102) e apenas 10% (498) não obtiveram informações precisas a respeito.

Gráfico 1: andamento da implementação das ações propostas nos PLDS em uma visão
regional.
A análise individual dos municípios indica Niterói com a maior proporção de ações
encaminhadas (66,60%), seguido de Silva Jardim (59,21%) e Rio Bonito (58,52%). Vale a
pena destacar que Tanguá (9,81%), Rio Bonito (8,52%) e Magé (6,39%) foram os três
municípios que apresentaram as maiores proporções de ações concluídas em seus PLDS
(Gráfico 2). O detalhamento deste trabalho nos municípios pode ser visualizado em
http://agenda21comperj.com.br/filtro-agenda21.

Gráfico 2: andamento da implementação das ações propostas nos PLDS, por município.

A continuidade da iniciativa

Para o período de junho a dezembro de 2014, ainda estão previstos: a continuidade


das capacitações e aumento do capital social do território por meio do Programa de
Construção de Capacidades, o apoio estratégico e operacional ao desenvolvimento e
funcionamento do ComARC, a continuidade da facilitação do acompanhamento da
implementação dos PLDS, possíveis revisões completas dos PLDS, trabalhos específicos
para maior desenvolvimento de alguns Fóruns Locais, a ampliação das estratégias de
comunicação da iniciativa e dos Fóruns Locais, entre outras.
Além da continuidade do fortalecimento de todos os processos locais e do
regional, está prevista a continuidade do relacionamento permanente das áreas de
implantação do empreendimento do Comperj com os Fóruns de Agenda 21 Local e o
ComARC.
Resumo das atividades desenvolvidas

As principais atividades desenvolvidas dentro de cada etapa estão relacionadas


no quadro abaixo. As atividades planejadas e ainda não realizadas não estão
apresentadas aqui.

Quadro 4a: atividades realizadas por etapa da iniciativa Agenda 21 Comperj (entre
março de 2007 a agosto de 2011).

ETAPAS ATIVIDADES
1 - Mobilização da
Sociedade 14 Caravanas Comperj nos municípios, apresentando o
(Março de 2007 a janeiro de empreendimento e a iniciativa Agenda 21 Comperj.
2008)

2 - Construção Coletiva
566 reuniões setoriais ordinárias e extraordinárias.
(Janeiro a setembro de 2008)

3 - Consolidação
Municipal 30 oficinas em regime de imersão (2 dias cada) para
(Novembro de 2008 a junho consolidar os diagnósticos setoriais
de 2009)
28 oficinas e diversas visitas técnicas realizadas para
orientar os Fóruns das Agendas 21 Locais a se
4 - Formalização dos
organizarem.
Fóruns Locais
Análise técnica dos diagnósticos e propostas de ação para a
(Julho a dezembro de 2009)
consolidação dos Planos Locais de Desenvolvimento
Sustentável.

28 oficinas e diversas reuniões para validação das Agendas.


5 - Finalização das 5 reuniões de coordenadores dos Fóruns Locais.
Agendas Trabalhos técnicos e especializados diversos para
(Janeiro de 2010 a agosto de elaboração e publicação das 14 Agendas.
2011) Produção de 15 vídeos e 14 folders informativos
14 eventos de lançamento de Agenda 21 Local
Quadro 4b: atividades realizadas por etapa da iniciativa Agenda 21 Comperj (entre
setembro de 2011 a junho de 2014). As atividades planejadas de junho a dezembro de 2014
não estão relacionadas neste quadro.

ETAPA ATIVIDADES

14 oficinas locais para a criação dos Planos de Ação dos


Fóruns das Agendas 21 Locais.

15 reuniões de coordenadores dos Fóruns das Agendas 21


Locais.

Curso de formação de lideranças, com foco em saneamento


ambiental (parceria com a UFF, CGU e Ministério das
Cidades), em três encontros presenciais.

I Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Comperj com mais


de 250 participantes membros dos Fóruns Locais.
6 - Fortalecimento dos
14 seminários com o poder público local.
Processos Locais
(Setembro de 2011 a junho de Seminário “Governança e Desenvolvimento Sustentável”, em
parceria com a UFF, CGU, IBGE e SNAS.
2014)
Oficina regional sobre Plano Plurianual (PPA), em parceria
com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.

22 oficinas para o acompanhamento dos PLDS.

Facilitação e fomento da criação do Comitê das Agendas 21 na


Região do Conleste (ComARC).

Capacitação regional em planejamento estratégico para


desenvolvimento de processos de Agenda 21 Local, com duas
oficinas gerais e 14 oficinas locais.

II Encontro dos Fóruns das Agendas 21 Comperj.

Diversas oficinas, reuniões, articulações e capacitações locais


específicas.

Acompanhamento, monitoramento e orientação à distância.


Desafios e Lições Aprendidas

Um processo de Agenda 21 Local é a construção participativa do consenso


possível entre interesses diversos, com o objetivo comum de promover a qualidade de
vida e a justiça social, sem perder de vista os limites impostos pelo planeta e tendo um
futuro sustentável como horizonte comum. Processos participativos são sempre muito
complexos. A ordem de grandeza deste projeto – 14 municípios envolvidos e mais de
oito mil participantes diretos – se por um lado o tornava mais estimulante, por outro
aumentava os desafios para o sucesso da iniciativa.

O primeiro deles foi o fato de se tratar de um projeto iniciado pela Petrobras


tendo como elemento definidor do território de atuação os municípios influenciados
pela implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em geral,
processos de Agenda 21 Local são iniciados pelo poder público municipal ou por
organizações da sociedade civil, sendo, por vezes mais difícil obter a adesão do
Segundo Setor.

Além disso, empresas do porte da Petrobras despertam resistências e


expectativas muitas vezes desmedidas. No entanto, a atenção dedicada ao projeto,
coordenado e acompanhado pela Petrobras, e a transparência na condução dos processos
minimizaram posturas negativas e foram decisivas para conseguir o comprometimento
de todos os participantes.

A inovação metodológica de iniciar o trabalho dividindo os segmentos sociais


foi bem-sucedida, propiciando que os interesses ficassem bem definidos e alinhados
internamente nos setores e, depois, igualmente representados. Embora o sistema
simplificado de indicadores – os Vetores Qualitativos – precise ser aperfeiçoado, ficou
clara sua utilidade para que todos tomassem conhecimento do conteúdo da Agenda 21.
No entanto, a complexidade de alguns temas e a falta de correspondência de outros com
a realidade local dificultaram a compreensão de alguns participantes.

O tempo dedicado às etapas iniciais constituiu uma limitação para uma melhor
identificação de lideranças representativas, para que novas pessoas se incorporassem ao
processo e para a capacitação dos participantes em tantos e tão variados temas. Estes
percalços foram trabalhados nas etapas seguintes. Outra questão foi o equilíbrio
delicado entre usar a mesma metodologia para todos os municípios e fazer as
adaptações necessárias às diferentes realidades encontradas.
Quanto mais o processo evoluía, mais as diferenças se acentuavam. Mesmo
assim, foi possível alcançar um resultado que reflete as peculiaridades de cada
município e o grau de maturidade de cada grupo mantendo uma estrutura semelhante e
apoiando a todos da mesma forma. A construção do consenso em torno das
preocupações, potencialidades e ações identificadas foi bem-sucedida graças à
concordância em torno de objetivos comuns, ao estabelecimento de regras claras e à
ação de facilitadores experientes. A consolidação dos Fóruns requer uma boa
compreensão do que é representatividade e tempo para que esta se desenvolva. O debate
sobre o Regimento Interno foi um momento rico e determinante para a sustentabilidade
dos Fóruns. Assim, foi encaminhado sem pressa, com foco nos valores que cada grupo
desejava adotar e por meio do desenvolvimento de critérios para a tomada de decisão.

A criação de um portal com um site para cada município, com notícias


atualizadas, divulgação de oportunidades, editais e boas práticas, biblioteca, vídeos e
ferramentas de interatividade, como o chat, traz inúmeras possibilidades de
comunicação, funcionando como uma vitrine do projeto e uma janela dos Fóruns para o
mundo. Além de democratizar e dar transparência às atividades de cada Fórum Local, o
portal proporciona a troca de experiências entre eles, criando uma sinergia para seu
desenvolvimento. As limitações de acesso à internet na região são uma barreira que
esperamos seja superada em breve.

A integração entre os saberes técnico e popular é um dos aspectos mais


gratificantes do processo e foi conduzida cuidadosamente com a construção dos textos
das Agendas a partir do contato constante com os Fóruns. As preocupações e
potencialidades indicadas por consenso nas reuniões foram suplementadas por
informações técnicas obtidas de diversas fontes, como institutos de pesquisa, prefeituras
e agências governamentais diversas. O processo de consulta continuou durante a etapa
de finalização da Agenda.

Sempre que as informações coletadas divergiam da percepção dos participantes


e quando incongruências ou questões técnicas eram identificadas, os consultores se
dedicavam a dirimir as dúvidas, por telefone, e-mail ou em reuniões presenciais. Os
Fóruns também se empenharam em qualificar o trabalho realizado, que foi aprimorado
progressivamente. A evolução deste processo pode ser verificada nos documentos
postados no site de cada município na internet.
Ao longo do processo foram necessárias diversas adaptações, naturais em
processos participativos, já que estes, por sua natureza, não ocorrem exatamente de
acordo com o planejado. Todos os envolvidos aprenderam a flexibilizar suas
expectativas e atitudes em prol do bem comum.

Uma das grandes adaptações feitas em relação à metodologia tradicional de


Agenda 21 foi a criação de uma fase específica para a estruturação dos Fóruns de
Agenda 21, onde foi necessário trabalhar tanto o entendimento dos participantes de
como um Fórum se organiza e se estrutura, quanto a própria postura e papel dos
mesmos dentro da governança e trabalho coletivo de um Fórum. Além disso, foram
necessárias intervenções tanto para que esta estrutura fosse consolidada, quanto para
fomentar a participação ativa do primeiro setor nesta etapa do processo.

Em geral, processos de Agenda 21 Local são iniciados pelo poder público


municipal ou por organizações da sociedade civil – o que, muitas vezes, dificulta obter a
adesão do Segundo Setor. Nesta iniciativa, o fomentador do processo é a Petrobras, algo
até então inédito e desafiador, dadas as resistências e expectativas muitas vezes
desmedidas que empresas deste porte despertam quando se inserem em um território.
No entanto, a atenção e o esforço dedicados a esta iniciativa, coordenado e
acompanhado diretamente pela companhia, e a transparência na condução dos processos
minimizaram posturas negativas e foram decisivas para contar com o comprometimento
de todos os participantes.
O processo de Agenda 21 como estratégia de relacionamento empresarial com
os stakeholders, sem que seja medida obrigatória, compensatória ou mitigadora, é uma
solução criativa tanto para a Petrobras quanto para os 14 municípios envolvidos, pois
propicia o espaço de diálogo que equipara grandes e pequenos atores sociais para
debater questões de interesse comum.
Neste contexto, passa a ter relevância quem não teria voz isoladamente, mesmo
sendo um grupo social legítimo, e a participar da construção de um futuro desejado,
mas, na maioria das vezes, não pensado e planejado. É uma proposta inovadora e
replicável de gestão territorial, em maior ou menor nível, que viabiliza e prioriza a
participação coletiva em sua organização e desenvolvimento.
Resultados

Os objetivos de cada etapa foram atingidos ao longo da aplicação da metodologia.


Podemos citar, entre os principais deles, por etapa:
Etapa 1 – Engajamento de 1.589 representantes do poder público, 900 da iniciativa
privada, 850 do Terceiro Setor e 5.038 munícipes em geral para a segunda etapa, além de
informar a um público mais amplo sobre a implantação do empreendimento e a Agenda 21
Comperj.
Etapa 2 – Fortalecimento e integração de cada setor em cada município e a
elaboração de 56 Planos e Diagnósticos Setoriais, além da difusão do conhecimento sobre o
município entre os participantes. Escolha de 292 representantes para a próxima etapa.
Etapa 3 – Elaboração de 14 diagnósticos e planos de ação municipais, referentes a
24 temas, por meio de consenso. Integração entre os setores a nível municipal.
Etapa 4 – Criação, organização, estruturação e legalização dos 14 Fóruns de Agenda
21 Local, com elaboração de leis, regimentos internos e definições organizacionais e de
gestão. Lançamento do portal www.agenda21comperj.com.br.
Etapa 5 – Elaboração, validação, publicação e lançamento das 14 Agendas 21
Locais, com seus Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável e Diagnósticos em 24
temas. Produção de 15 vídeos e material impresso de divulgação, além do lançamento dos
14 websites para os Fóruns Locais. Início da integração entre os 14 processos locais.
Etapa 6 – Construção de capacidades, mediante a realização de diversos cursos,
seminários, encontros, grupos de trabalho e oficinas locais e regionais. Desenvolvimento da
integração dos Fóruns Locais em um Comitê Regional das Agendas 21 Locais, com troca
de experiências, visão e representação regionais. Maior envolvimento das prefeituras nos
processos locais e maior inserção das propostas das Agendas 21 do desenho das políticas
públicas. Fortalecimento institucional dos Fóruns Locais e replicação de capacidades
desenvolvidas para a sociedade em geral. Verificação do andamento da implementação das
ações previstas nos PLDS em 11 municípios, com média de 50% de ações propostas
encaminhadas (2.102 não realizadas; 1.587 iniciadas (<50%); 791 em andamento (>50%);
266 concluídas; 498 não respondidas).
Com isso, os objetivos atingidos no estabelecimento de processos de Agenda 21
Locais efetivos nesses municípios, e o aumento do capital e organização social na região
são resultados estruturantes e transformadores.
Os Fóruns Locais são hoje referências em seus municípios em sustentabilidade,
meio ambiente e desenvolvimento local. Exercem papel importante na promoção da
cidadania e na viabilização da gestão participativa e do controle social em seus municípios.
São autônomos e se posicionam como espaços democráticos, além de se integrarem a
outros coletivos – Comitês de Bacias Hidrográficas, diversos Conselhos Municipais e
Estaduais, Grupos Gestores de Unidades de Conservação e outros coletivos – que
promovem o debate e o exercício da cidadania e da governança participativa em suas
localidades. Nesses últimos anos, vêm realizando diversas ações nos municípios, que
podem ser conhecidas na área de notícias do site de cada um deles.
A utilização desses espaços tanto pelos poderes públicos locais para discussão de
políticas e ações públicas, quanto pela sociedade e terceiro setor para a participação na
governança pública local, é algo cada vez mais visto nesses municípios, e que promovem
uma integração muitas vezes jamais vista nessas localidades. Claro que existem Fóruns que
ainda precisam se estruturar melhor, ou mesmo contribuir para a formação de lideranças
onde o capital social local não é tão desenvolvido.
A recente criação do Comitê Regional das Agendas 21 – coletivo que congrega os
14 processos, já mostra resultados, com a realização de eventos, a conquista de cadeiras em
espaços importantes como o Fórum Comperj do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e a
sua interlocução com o Consórcio dos Municípios do Leste Fluminense – Conleste. A visão
regional proporcionada por esta integração, com os subsídios dos estudos e discussões feitos
pela sociedade, já começam a serem utilizados como referência. Os Planos Locais foram
definidos como subsídios para a elaboração do Plano Estratégico Regional a ser elaborado
pelo Governo do Estado.
Já as Agendas 21 Locais são uma solução criativa para oxigenar as gestões públicas
municipais. Os diagnósticos elaborados pelos participantes da Agenda 21 Comperj
compõem o retrato mais atualizado da realidade de cada município, servindo de subsídio
para a revisão de Planos Diretores, bem como para a elaboração de planos estratégicos
locais e regionais e de diversos outros estudos e processos educativos locais. São hoje guias
para implementação de políticas públicas e investimentos privados, para atuação das
organizações da sociedade civil e para os próprios cidadãos.
Desde que foram lançadas, diversas ações dos PLDS foram implementadas por
diferentes atores (média e 50% encaminhadas), conforme pode ser verificado nas notícias e
na plataforma de acompanhamento de implementação de cada proposta, contidos no site
www.agenda21comperj.com.br. A publicação e divulgação deste acompanhamento
permitem um maior controle social por parte de toda a sociedade, e mostram na prática que
uma Agenda 21 Local pode ser viável e implementável no país.
Em se falando das pessoas, de seu capital social e de sua organização como
sociedade interessada no presente e futuro de suas cidades e região, a iniciativa promoveu e
continua a promover o seu desenvolvimento. A formação e desenvolvimento de diversas
lideranças ao logo do processo, seja por meio deste em si, seja por meio das diversas
capacitações realizadas, já possibilita uma nova realidade na região. A replicação do
conhecimento, e os trabalhos de sensibilização para o restante da sociedade, desenvolvidos
pelos próprios participantes, tem um efeito multiplicador na região. Os websites, com
conteúdos sobre a região e sustentabilidade – com 10 a 20 mil acessos mensais, contribuem
para a difusão do conhecimento e a sensibilização de toda a sociedade.
Tudo isso faz com que esses municípios, seja por meio do poder público, seja por
meio do setor produtivo, ou ainda por meio dos próprios cidadãos organizados ou não,
sejam impulsionados a buscar um desenvolvimento mais sustentável, de modo a trazer mais
qualidade de vida para os seus habitantes e ao próprio meio ambiente no presente e no
futuro.
A adoção de mecanismos dentro da Petrobras para reconhecimento dos processos
de Agenda 21 estabelecidos como, por exemplo, o envolvimento dos Fóruns nos projetos
patrocinados na região e o diferencial dado na seleção pública para as propostas que estejam
alinhadas aos Planos Locais e sejam recomendadas pelos Fóruns Locais; assim como o
estabelecimento do processo de relacionamento permanente das áreas de implantação do
empreendimento com os Fóruns Locais, são iniciativas que só puderam ocorrer após ser
verificada a efetividade e legitimidade dos processos de Agenda 21 estabelecidos – ou seja.
O comprometimento da Petrobras com a continuidade do fortalecimento dos
processos criados também mostra que a iniciativa está sendo benéfica e relevante para todos
os envolvidos, assim como bem sucedida, dentro dos limites do que se é possível fazer ao
longo do tempo.
Entendida pelos próprios participantes e parceiros como uma experiência de
Agenda 21 de sucesso, e ainda avançando além do escopo tradicional de uma Agenda 21
devido à grande necessidade de controle social nesta região, esta iniciativa pode ser
replicada – ação já requerida por diferentes municípios no país, com menor ou maior grau
de complexidade e investimento. Contudo, é sabida a necessidade de se avançar ainda mais,
pois o desafio do desenvolvimento sustentável é algo complexo e requer esforços contínuos
e permanentes.

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