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8500 - APELAÇÃO
APELANTE: UNIÃO FEDERAL (e outro)
APELADO: JESSICA TELES SANTANA (e outros)
ADVOGADO: DIOGO DE CALASANS MELO ANDRADE
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO - 2ª TURMA
RELATÓRIO
O juiz de primeiro grau julgou procedentes os pedidos da lide para determinar que as rés
possibilitem o acesso e a finalização das inscrições dos autores, de forma que lhes sejam
oportunizadas as etapas seguintes até a formalização dos respectivos contratos, caso preencham
os demais requisitos legais (Portaria Normativa MEC nº 08/2015).
O FNDE defende sua ilegitimidade no feito, ao argumento de que a pretensão da ação dos
estudantes versa exclusivamente sobre ato do MEC que não teria disponibilizado a abertura do
sistema "FIES Seleção". Afirma que a matéria tratada na demanda é de responsabilidade jurídica
exclusiva da União, na medida em que, de acordo com o disposto no artigo 2° da Portaria
Normativa MEC n° 08, de 02.07.2015, compete à Secretaria de Educação Superior do Ministério
da Educação - SESU-MEC a gestão do processo seletivo dos estudantes a serem financiados
com recursos do FIES. Defende, ainda, que não deve ser condenada em honorários advocatícios,
em razão da ausência de responsabilidade no feito.
É o relatório.
Peço a inclusão do feito em pauta para julgamento.
/14
VOTO
Trata-se a questão dos autos de ação declaratória de obrigação de fazer requerendo inclusão dos
autores no sistema do FIES, cuja inscrição restou impossibilitada por problemas constatados na
fase inicial de inscrição.
Sendo certo que o FNDE é o gerenciador do Fundo e o ente administrativo que operacionaliza a
concessão do financiamento estudantil, nos termos da Lei nº 10.260/2001, conclui-se que o
FNDE é parte legítima para figurar o polo passivo da demanda.
Quanto à União, tem-se, conforme documentação dos autos, que o problema se deu na fase
inicial de inscrição, cujo gerenciamento do sistema é feito pelo próprio MEC, conforme Portaria
08/2015 - MEC, revelando-se clara a legitimidade da União da lide, como bem apontou o MM.
Magistrado de primeiro grau. Observe-se a redação do art. 2º da mencionada norma:
"Art. 2º A seleção de estudantes a que se refere o art. 1º dar-se-á por meio de processo seletivo
que será realizado em sistema informatizado próprio, doravante denominado Sistema de Seleção
do Fies - FiesSeleção, gerenciado pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da
Educação - SESu-MEC"
Ademais, registre-se entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça: "A União Federal
detém legitimidade para figurar no polo passivo de lide que versa sobre o FIES. Precedentes"
(AgRg no REsp 1202818/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em
25/09/2012, DJe 04/10/2012).
Restou comprovado pelos documentos dos autos que os autores tinham efetuado a matrícula e
que suas inscrições foram solicitadas no prazo estipulado pelo Edital nº 21, de 24 de julho de
2015, que trata do cronograma das inscrições (id 441223). Os autores tentaram efetivar o
cadastro para obtenção do financiamento, porém por falhas no sistema não conseguiram efetivar
a inscrição, prevista nos arts. 9º e 10 da Portaria nº 08/2015:
Parágrafo único. O endereço eletrônico de que trata o caput ficará disponível para inscrição dos
estudantes em período especificado no Edital SESu.
Art. 10. Ao se inscrever no processo seletivo do Fies de que trata esta Portaria, o estudante
deverá informar o seu número no Cadastro de Pessoa Física - CPF e prestar todas as
informações solicitadas pelo FiesSeleção."
Neste ponto, ressalte-se que embora a União afirme que o problema se deu por descumprimento
dos requisitos impostos pelo art. 8º da Portaria nº 08/2015, não aponta nem comprova qual das
condições não foi cumprida pelos autores. Veja-se o que dispõe o dispositivo:
"Art. 8º Poderá se inscrever no processo seletivo do Fies referente ao segundo semestre de 2015
o estudante que, cumulativamente, atenda as seguintes condições:
II - tenha participado do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem a partir da edição de 2010 e
obtido média aritmética das notas nas provas igual ou superior a quatrocentos e cinquenta pontos
e nota na redação superior a zero; e
III - renda familiar mensal bruta per capita de até dois e meio salários mínimos.
§ 2º O estudante de que trata o parágrafo anterior, na hipótese de não ter realizado o Enem a
partir do ano de 2010, estará dispensando do cumprimento do disposto no inciso II do caput e
concorrerá às vagas reservadas nos termos do § 5º do art. 7º.
§ 3º O estudante que tenha concluído o ensino médio anteriormente ao ano de 2010 e que não
tenha participado das edições do Enem a partir do referido ano estará dispensado do
cumprimento do disposto no inciso II do caput e concorrerá às vagas reservadas nos termos do §
5º do art. 7º.
Impende consignar que o Juízo a quo registrou que é de conhecimento público a série de
inconsistências relacionadas ao sistema mantido pelo FNDE, o SisFIES, destinado à contratação
e aditamento dos contratos de financiamento estudantil, inclusive havendo considerável
quantitativo de ações judiciais a respeito da notória indisponibilidade do referido sistema.
Portanto, não merece reparos sentença que reconheceu o direito dos autores ao acesso e à
finalização das inscrições, conferindo oportunidade de participação nas etapas seguintes até a
formalização dos respectivos contratos, caso preenchidos os demais requisitos legais (Portaria
Normativa MEC nº 08/2015).
Neste ponto, tendo em vista a alegação dos apelados de descumprimento de decisão judicial,
importante esclarecer que as decisões liminares e a sentença garantiram aos 30 (trinta) autores
apenas acesso e finalização das inscrições para possibilitar a formalização dos contratos, apenas
no caso de cumprimento de todos os requisitos e observado número de vagas disponibilizadas,
nos termos da já mencionada portaria.
Embora a sentença tenha julgado procedente o pedido da exordial, restou claro que a
formalização do contrato depende do implemento das outras condições impostas, que não são
objetos de apreciação desta lide. É o que se depreende do seguinte trecho da sentença:
"(...) Enfatizo que, por ocasião da apreciação da antecipação dos efeitos da tutela, considerei os
termos das legislações referentes ao Processo Seletivo 2015/2 e determinei o cumprimento da
medida impondo aos réus que possibilitassem, por meio do sistema adequado, o acesso e a
finalização das inscrições dos autores, de forma que lhes fossem oportunizadas as etapas
seguintes até a formalização dos respectivos contratos, caso preenchessem os demais requisitos
legais (id 458565). (grifos no original)
O fundamento da providência é que os alunos não poderiam ter suas inscrições barradas se
estavam no prazo legalmente conferido pelo Edital 21 para concorrerem às vagas inerentes ao
Sistema. Seria assim como se lhes impedissem a inscrição em um concurso público, mesmo
todos preenchendo os requisitos objetivos e estando no prazo de inscrição.
No entanto, como as próprias normas do Sistema esclarecem, o passo a passo até a contratação
final não depende apenas da vontade e da presença desses requisitos, sendo necessário a todos,
indiscriminadamente, concorrerem e amoldarem-se às condições do Sistema, por meio da
instituição de ensino que escolheram. Dessa maneira, por óbvio, não há garantia de que todos os
pretensos alunos do país têm o direito subjetivo de contratação, só porque suas inscrições foram
deferidas, mas tão somente àqueles que obtiveram melhores notas, tudo isso já tendo sido por
mim anteriormente esgotado, impondo constatar, neste momento, que os melhores alunos,
inseridos no número de vagas previamente oferecido e posteriormente alargado, já tiveram suas
contratações efetuadas, como informou a União. Os que não o foram é porque esbarraram em
outros obstáculos legais numa fase posterior do procedimento, que se demonstra complexo como
já esclarecido alhures. (grifei)
Tudo isso porque ocorre uma limitação dos valores destinados à instituição de ensino, nos termos
da Lei nº 10.260/2001:
Por fim, quanto às quarenta contratações posteriores, a União informa que se referem à
contratação do Processo Seletivo 2016/1, e que fogem ao objeto desta lide.
§ 1º A nota de que trata o caput considerará a média aritmética das notas obtidas nas provas do
Enem em cuja edição o estudante tenha obtido a maior média.
[...]
Art. 15. O estudante será pré-selecionado observada a ordem de sua classificação e o limite de
vagas disponíveis.
Parágrafo único As vagas referidas no § 5º do art. 7º para as quais não houver estudantes pré-
selecionados serão ofertadas aos estudantes classificados na ordem prevista no art. 13.
Art. 16. O resultado do processo seletivo de que trata esta Portaria será divulgado em uma única
chamada pelo MEC em data estabelecida no Edital SESu, observado o limite de vagas ofertadas
por curso, turno e local de oferta.
Art. 17. A pré-seleção dos estudantes assegura apenas a expectativa de direito às vagas para as
quais se inscreveram no processo seletivo do Fies referente ao segundo semestre de 2015,
estando a contratação do financiamento condicionada à conclusão de sua inscrição no Sistema
Informatizado do Fies - Sisfies e ao cumprimento das demais regras e procedimentos constantes
da Portaria Normativa MEC nº 10, de 2010.
Art. 18. Os estudantes pré-selecionados nos termos do art. 15 deverão acessar o Sisfies, no
endereço eletrônico http://sisfiesportal.mec.gov.br e concluir sua inscrição para contratação do
financiamento no referido sistema em prazo estabelecido no Edital SESu.
§ 1º Após a conclusão da inscrição no Sisfies de que trata o caput, os prazos de validação junto à
CPSA e de comparecimento junto ao agente financeiro para formalização da contratação do
financiamento obedecerão o disposto no art. 4º da Portaria Normativa MEC nº 10, de 2010.
Desta forma, não há como prosperar a alegação de que há descumprimento de decisão judicial.
Ocorre, conforme dados dos autos, que alguns dos autores não finalizaram seus contratos, pois
estão aguardando em lista de espera, que possui critérios de classificação e desempate.
O FIES se trata de política pública de financiamento estudantil que tem regras para participação e
classificação, sendo indevido nesta lide, em que se discute apenas falha na fase de inscrição de
alguns candidatos, garantir a efetiva formalização do contrato, em detrimento de candidatos que
tiveram pontuação maior e sem observância ao número de vagas no FIES conferido a cada
Instituição de Ensino.
Neste contexto, afasta-se também a argumentação da União de que a sentença viola a questão
relacionada à disponibilidade orçamentária e financeira do Fundo, já que não há determinação de
formalização de contratos além dos oferecidos oficialmente.
Destarte, deve ficar devidamente esclarecido que a sentença deve ser mantida em seus termos
para assegurar aos autores apenas o acesso e a finalização das inscrições, de forma que lhes
sejam oportunizadas as etapas seguintes até a formalização dos respectivos contratos, caso
preencham os demais requisitos legais previsto na Portaria Normativa MEC nº 08/2015, inclusive
no tocante ao número de vagas disponibilizadas.
Honorários mantidos.
II. O Juiz de primeiro grau julgou procedentes os pedidos da lide para determinar que as rés
possibilitem o acesso e a finalização das inscrições dos autores, de forma que lhes sejam
oportunizadas as etapas seguintes até a formalização dos respectivos contratos, caso preencham
os demais requisitos legais (Portaria Normativa MEC nº 08/2015). Honorários fixados em R$
1.000,00 (mil reais) para cada ré.
III. O FNDE defende sua ilegitimidade no feito, ao argumento de que a pretensão da ação dos
estudantes versa exclusivamente sobre ato do MEC que não teria disponibilizado a abertura do
sistema "FIES Seleção", nos termos do artigo 2° da Portaria Normativa MEC n° 08, de
02.07.2015. Defende, ainda, que não deve ser condenada em honorários advocatícios, em razão
da ausência de responsabilidade no feito.
IV. Já a União, em seu recurso de apelação, pugna pelo reconhecimento de sua ilegitimidade
passiva, ao argumento de que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
agente operador do programa, é o responsável por todos os procedimentos operacionais
efetuados no âmbito do Fies, por força do disposto no inciso II do art. 3º da Lei n.º 10.260, de
2001. No mérito, afirma: a) que o processo seletivo do FiesSeleção é composto por fases
sucessivas que resultam na pré-seleção do estudante inscrito e que somente poderiam se
inscrever no processo seletivo do FIES referente ao semestre 2015.2 o estudante que,
cumulativamente, atendesse as condições previstas no artigo 8º da Portaria Normativa MEC; b)
ser indevida a autorização de inscrições de candidatos que não tenham preenchidos todos esses
critérios; e c) que as inscrições no FIES sempre estiveram condicionadas à disponibilidade
orçamentária e financeira do Fundo, razão pela qual a inscrição no programa gera apenas
expectativa de direito à obtenção do financiamento aos estudantes que atendam aos requisitos
legais, em razão do que dispunha a redação vigente do art. 2º, § 3º da Portaria Normativa MEC nº
10, de 30 de abril de 2010. Requer, ao fim, a inversão da sucumbência ou que reste fixada a
atribuição quanto à formalização dos contratos ao FNDE.
VI. Sendo certo que o FNDE é o gerenciador do Fundo e o ente administrativo que operacionaliza
a concessão do financiamento estudantil, nos termos da Lei nº 10.260/2001, conclui-se que o
FNDE é parte legítima para figurar o polo passivo da demanda.
VII. Conforme documentação dos autos, o problema se deu na fase inicial de inscrição, cujo
gerenciamento do sistema é feito pelo próprio MEC, conforme Portaria 08/2015 - MEC, revelando-
se clara a legitimidade da União da lide, como bem apontou o MM. Magistrado de primeiro grau
VIII. Registre-se, ainda, entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça: "A União
Federal detém legitimidade para figurar no polo passivo de lide que versa sobre o FIES.
Precedentes" (AgRg no REsp 1202818/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado
em 25/09/2012, DJe 04/10/2012).
IX. Restou comprovado, pelos documentos dos autos, que os autores tinham efetuado a matrícula
e que suas inscrições foram solicitadas no prazo estipulado pelo Edital nº 21, de 24 de julho de
2015, que trata do cronograma das inscrições (id 441223). Os autores tentaram efetivar o
cadastro para obtenção do financiamento, porém por falhas no sistema não conseguiram efetivar
a inscrição, prevista nos arts. 9º e 10 da Portaria nº 08/2015.
X. Embora a União afirme que o problema se deu por descumprimento dos requisitos impostos
pelo art. 8º da Portaria nº 08/2015, não aponta nem comprova qual das condições não foi
cumprida pelos autores.
XI. Impende consignar que o Juízo a quo registrou que é de conhecimento público a série de
inconsistências relacionadas ao sistema mantido pelo FNDE, o SisFIES, destinado à contratação
e aditamento dos contratos de financiamento estudantil, inclusive havendo considerável
quantitativo de ações judiciais a respeito da notória indisponibilidade do referido sistema.
XIII. Tendo em vista a alegação dos apelados de descumprimento de decisão judicial, importante
esclarecer que as decisões liminares e a sentença garantiram aos 30 (trinta) autores apenas
acesso e finalização das inscrições para possibilitar a formalização dos contratos, apenas no caso
de cumprimento de todos os requisitos e observado número de vagas disponibilizadas, nos
termos da já mencionada portaria.
XIV. Ainda que a sentença tenha julgado procedente o pedido da exordial, restou claro que a
formalização do contrato depende do implemento das outras condições impostas, que não são
objetos de apreciação desta lide
XV. Ocorre, conforme dados dos autos, que alguns dos autores não finalizaram seus contratos,
pois estão aguardando em lista de espera, que possui critérios de classificação e desempate.
XVI. O FIES se trata de política pública de financiamento estudantil que tem regras para
participação e classificação, sendo indevido nesta lide, em que se discute apenas falha na fase
de inscrição de alguns candidatos, garantir a efetiva formalização do contrato, em detrimento de
candidatos que tiveram pontuação maior e sem observância ao número de vagas no FIES
conferido a cada Instituição de Ensino.
XVII. Neste contexto, afasta-se também a argumentação da União de que a sentença viola a
questão relacionada à disponibilidade orçamentária e financeira do Fundo, já que não há
determinação de formalização de contratos além dos oferecidos oficialmente.
XVIII. A sentença deve ser mantida em seus termos para assegurar aos autores apenas o acesso
e a finalização das inscrições, de forma que lhes sejam oportunizadas as etapas seguintes até a
formalização dos respectivos contratos, caso preencham os demais requisitos legais previsto na
Portaria Normativa MEC nº 08/2015, inclusive no tocante ao número de vagas disponibilizadas.
[14]
RELATÓRIO
Houve contrarrazões.
Éo relatório.
JDGM
Quanto à preliminar de ilegitimidade passiva do FNDE, entendo não merecer acolhida. Isso
porque, de acordo com a Lei nº 12.202/2010, foi implementado o SisFIES e a sua respectiva
gestão pelo FNDE, na qualidade de agente operador e de administradora dos ativos e passivos.
Desse modo, como agente operador, não resta dúvida de que cabe ao FNDE possibilitar aos
estudantes a realização dos procedimentos de forma clara e simplificada através do SisFIES,
sendo sua a responsabilidade por falhas apresentadas no sistema.
1. Sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral, determinando que a CEF e o
FNDE procedessem à regularização do contrato de financiamento estudantil da autora, bem como
que a Faculdade de Medicina Nova Esperança -FAMENE, ressarcisse à referida autora os
valores despendidos a título de pagamento de mensalidades e matrícula, no importe de R$
54.570,46 (cinquenta e quatro mil, quinhentos e setenta reais e quarenta e seis centavos).
2. Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam rejeitada, tendo em vista que o art. 3°, II, da Lei
n° 10.260/01, com a redação dada pela Lei nº 12.202/10, dispõe que a gestão do FIES caberá ao
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, na qualidade de agente operador e de
administradora dos ativos e passivos, conforme regulamento e normas baixadas pelo CMN.
3. Do que há nos autos, é possível verificar que a autora não conseguia concluir a solicitação de
aditamento de seu contrato devido a problemas técnicos apresentados pelo sistema informatizado
do FIES.
4. Apesar de o FNDE atribuir à CEF o erro relativo à não formalização do contrato de aditamento
da autora, é dele a responsabilidade pela disponibilização do sistema FIES, para fins de
operacionalização pela CEF, no que se reporta ao referido aditamento.
(TRF5, AC 576508, 3ª T, Rel. Élio Wanderley de Siqueira Filho, unânime, DJE 12/01/2015)
Sobre a legislação que rege o caso em análise, segue trecho da Portaria Normativa nº 2, de 31
de março de 2008, do Ministério da Educação, a qual regulamenta o FIES, assim como trechos
da Lei nº 10.260/2001:
[...]
§2º Na hipótese da matrícula ocorrer antes do início do semestre, o aditamento terá efeito a partir
do primeiro dia útil do semestre a ser financiado.
Lei nº 10.260/2001:
[...]
I - prazo: não poderá ser superior à duração regular do curso, abrangendo todo o período em que
o Fies custear os encargos educacionais a que se refere o art. 4o desta Lei, inclusive o período
de suspensão temporária, ressalvado o disposto no § 3o deste artigo; (Redação dada pela Lei
nº 11.552, de 2007).
II - juros, capitalizados mensalmente, a serem estipulados pelo CMN; (Redação dada pela
Lei nº 12.431, de 2011).
b) 30% (trinta por cento) por operação contratada, sobre parcela não garantida por fundos
instituídos na forma do inciso III do caput do art. 7º da Lei nº 12.087, de 11 de novembro de 2009
, para as instituições de ensino inadimplentes com as obrigações tributárias federais; e
(Redação dada pela Lei nº 12.712, de 2012)
c) 15% (quinze por cento) por operação contratada, sobre parcela não garantida por fundos
instituídos na forma do inciso III do caput do art. 7º da Lei nº 12.087, de 11 de novembro de 2009
, para as instituições de ensino adimplentes com as obrigações tributárias
VII - comprovação de idoneidade cadastral do(s) fiador(es) na assinatura dos contratos e termos
aditivos, observando o disposto no § 9o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.801,
de 2013).
VIII - possibilidade de utilização pelo estudante do Fundo de que trata o inciso III do art. 7º da Lei
nº 12.087, de 11 de novembro de 2009, cabendo ao Ministério da Educação dispor sobre as
condições de sua ocorrência de forma exclusiva ou concomitante com as garantias
§ 1o Ao longo do período de utilização do financiamento, inclusive no período de carência, o
estudante financiado fica obrigado a pagar os juros incidentes sobre o financiamento, na forma
regulamentada pelo agente operador. (Redação dada pela Lei nº 12.202, de 2010)
[...]
Portanto, constatou-se que o estudante não conseguiu realizar o aditamento de seu contrato de
financiamento estudantil no período relativo ao semestre 2015.1, unicamente em virtude de
problemas técnicos alheios a qualquer conduta por ela praticada.
Desse modo, não pode ser o autor prejudicado no seu direito à educação quando o FIES deve ter
como escopo garantir o direito à educação, à formação profissional às pessoas que não têm
condições financeiras de arcar com seus estudos em uma universidade privada e que não
conseguiram ingressar em universidades públicas.
Diante do exposto, afasto a preliminar suscitada para, no mérito, negar provimento às apelações,
mantendo a sentença em todos os seus termos.
Écomo voto.
3. Restou comprovado nos autos que o estudante não conseguiu realizar o aditamento de seu
contrato de financiamento estudantil no período relativo ao semestre 2015.1, unicamente em
virtude de problemas técnicos alheios a qualquer conduta por ele praticada, não podendo ser
prejudicado no seu direito à educação.
Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, não
acolher a preliminar e, no mérito, negar provimento às apelações, nos termos do voto do relator,
na forma do relatório e notas taquigráficas constantes nos autos, que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.
PROCESSO Nº: 0801697-33.2015.4.05.8500 - APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA
JUIZ FEDERAL TITULAR
APELANTE: FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAO - FNDE (e outro)
APELADO: CAROLINE RAMOS BARRETO
ADVOGADO: Edgard De Faro Rollemberg Filho (e outros)
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal ÉLIO SIQUEIRA FILHO - 1ª Turma
JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA (1° GRAU): Ronivon De Aragão
RELATÓRIO
Apelação do FNDE alegando, em preliminar, a falta de interesse de agir superveniente, haja vista
a aceitação da modalidade da fiança. No mérito, requer a reforma da sentença no que tange ao
valor dos honorários advocatícios, em R$ 2.000,00, que reputa exorbitantes tendo em vista que o
valor arbitrado à causa foi de R$ 1.000,00. Afirma, ainda, que deve ser levado em consideração o
disposto no art. 20, § 4º, do CPC.
A CAIXA interpôs apelação, requerendo a reforma da sentença para seja acolhida a sua
ilegitimidade passiva ad causam. No mérito, defende que com a alteração da Lei nº 10.206/01,
com redação dada pela Lei nº 12.202110, passou do Agente Operador e Financeiro, a ter
autonomia somente como Agente Financeiro, de modo que, a maioria das operações passaram a
ser realizadas pelo FNDE. As questões de aditamento, suspensão e dilação de prazo para
financiamento, transferência, garantia etc. passou a ser feita exclusivamente pelo FNDE. Requer
a título de prequestionamento a manifestação acerca do art. 5º, inciso XXXV, e 93, inciso IX, da
CF; e art. 165, 282, III, 295, parágrafo único, inciso I, 458 e 267, inciso VI, do CPC.
Contrarrazões da apelada à apelação do FNDE em face dos recursos interpostos pugnando pela
manutenção da sentença tendo em vista a ausência de interesse de agir, fazendo-se necessária
a confirmação do pedido de antecipação da tutela. No mérito defende que os honorários
arbitrados não são exorbitantes eis que o MM. Juiz singular, o fez nos termos dos §§ 3º e 4º, do
art. 20, do CPC, sobre o valor da causa de R$ 349.200,00 (trezentos e quarenta e nove mil e
duzentos reais).
É o relatório.
VOTO
Quanto ao valor arbitrado a título de honorários advocatícios, este não foram arbitrados de forma
exorbitante. O valor atribuído à causa pela parte autora não foi de R$ 1.000,00, como afirma a
apelante de sim de R$ 349.200,00. Este foram arbitrados em R$ 2.000,00 para cada um dos
vencidos, no termos do art.20, § 4º, do CPC, ou seja, não se mostrando de nenhuma forma
excessivos.
Incorreu em equívoco o FNDE ao afirmar que a parte autora deu valor à causa de R4 1.000,00.
Quanto ao recurso interposta pela Caixa, não vislumbro a alegada ilegitimidade passiva ad
causam.
Não obstante o contrato de financiamento tenha sido assinado em 17/01/14, quando o FNDE já
se encontrava na condição de agente operador do sistema, detém a Caixa legitimidade ad
causam para figurar na demanda, eis que na condição de agente financeiro, consoante dispõe a
Lei nº 12.202/10, e sendo a questão posta em debate atinente à garantia contratual, qual seja a
possibilidade ou não de alteração do fiador, com nítida possibilidade de repercussão na questão
financeira da avença, possui a apelante legitimidade, para figurar na demanda.
1. Remessa oficial e apelação cível interposta pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL contra
sentença que julgou procedentes os pedidos formulados na inicial para determinar que a CEF
proceda à revisão de contrato de financiamento estudantil vinculado ao FIES, a fim de que: a)
incidam juros à taxa efetiva de 3,4% ao ano sobre o saldo devedor do contrato, a contar de
10/03/2010, b) seja afastada a capitalização mensal de juros; c) sejam calculados separadamente
os juros mensais a fim de que sobre eles incida apenas a correção monetária; d) seja aplicada a
carência de 18 (dezoito) meses para o início do pagamento das prestações devidas, a contar do
primeiro dia do mês seguinte ao término do curso.
3. É verdade que bem antes da sentença (cerca de um ano e meio antes de sua prolação) o
papel de agente operador do FIES, inclusive para os contratos firmados até o dia 14/01/2010,
deixou de ser exercido pela CEF e passou a ser desempenhado pelo FNDE, conforme alterações
legislativas anteriormente mencionadas. Deve-se admitir, ainda, que, desde aquela data
(30/06/2013), o FNDE, passou a ter interesse jurídico em defender a validade dos contratos de
financiamento estudantil passados e futuros. Do contrário, não teria qualquer sentido a norma que
atribuiu ao FNDE a responsabilidade pela operacionalização dos contratos firmados até
14/01/2010.
4. O fato de a Caixa Econômica Federal ter deixado de cumular o papel de agente operador e
agente financeiro do FIES, passando daquela data em diante apenas à condição de agente
financeiro, não retira dessa empresa pública a legitimidade para as ações judiciais que tenham
por objeto a validade de cláusulas dos contratos do FIES celebrados sob sua interveniência,
assim como não se exclui sua legitimidade para promover a cobrança das dívidas resultantes do
inadimplemento desses contratos.
6. Disposições do art. 6º e art. 6º-E da Lei n.º 10.260/2001, o primeiro com a redação dada pela
Lei n.º 12.202/2010 e o segundo incluído pela Lei n.º 12.513/2011, confirmam essas conclusões
ao estabeleceram que o agente financeiro promoverá a cobrança das parcelas vencidas e ao
fixarem que os prejuízos resultantes da inadimplência serão suportados pela instituição de ensino
e pelo FIES.
7. Caso em que, ainda que não fosse o caso de acolher a preliminar de ilegitimidade passiva da
Caixa Econômica Federal, a partir de 1/7/2013, com base nas alterações da Lei n.º 10.202/2010,
caberia ao magistrado determinar que a parte autora promovesse a citação do FNDE para que a
referida entidade passasse a integrar a lide na condição de litisconsorte passivo necessário,
concedendo-lhe a oportunidade de apresentar defesa e requerer a produção de provas.
8. Sentença anulada, a fim de assegurar a participação na lide de todos os sujeitos interessados
juridicamente no desfecho da causa e garantir ao FNDE o exercício do contraditório e da ampla
defesa.
Desse modo, uma vez constada a legitimidade da Caixa para o feito, não deve ser acolhido o
pedido de responsabilidade pela obrigação de fazer,tendo em vista que o seu cumprimento se
dará dentro dos limites das atribuições de cada instituição.
É como voto.
1. Trata-se de apelações interpostas pelo FNDE e pela Caixa Econômica Federal, em face da
sentença proferida que julgou procedente o pedido para determinar fosse liberada a renovação do
contrato da apelada, relativamente ao primeiro semestre de 2015, possibilitando a alteração da
modalidade de fiança convencional para a solidária.
3. Equivocada a apelação do FNDE, para a redução da verba honorária, eis que o apelado não
atribuiu à causa o valor de R$1.000,00, e sim de R$ 349.200,00. Não se vislumbra excesso no
valor de R$ 2.000,00, para cada um dos réus, haja vista o comando do art. 20, § 4º, do CPC/73.
4. Ilegitimidade passiva da Caixa rejeitada. Não obstante o contrato de financiamento tenha sido
assinado em 17/01/14, quando o FNDE já se encontrava na condição de agente operador do
sistema, detém a Caixa legitimidade ad causam para figurar na demanda, eis que, na condição de
agente financeiro, consoante dispõe a Lei nº 12.202/10, e sendo a questão posta em debate
atinente à garantia contratual, qual seja, a possibilidade ou não de alteração do fiador, com nítida
possibilidade de repercussão na questão financeira da avença, possui a apelante legitimidade
para figurar na demanda.
ACÓRDÃO
Decide a Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, negar provimento às
apelações e à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes
dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.
PROCESSO Nº: 0802553-42.2015.4.05.8000 - APELAÇÃO
JUIZ FEDERAL TITULAR
APELANTE: FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAO - FNDE
APELADO: CYNTHIA LEITE MENDONCA LIMA
ADVOGADO: Larissa Valente De Lima Barroso Maia
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal ÉLIO DE SIQUEIRA FILHO - 1ª Turma
MAGISTRADO CONVOCADO: Desembargador(a) Federal Gustavo De Paiva Gadelha
JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA (1° GRAU): André Luís Maia Tobias Granja
RELATÓRIO
Pugna, o FNDE, em suas razões de apelação, que seja acolhida a preliminar de falta de interesse
de agir, tendo em vista a ausência de irregularidade contida no contrato da apelante; e, a sua
ilegitimidade passiva ad causam, tendo em vista que as próximas etapas para o aditamento do
segundo semestre de 2015, cabe à CPSA, e apelada, de acordo com os arts. 1º e 2º, da Portaria
MEC de 23 de novembro de 2011. Imputa à apelada a irregularidade constante em seu endereço
eletrônico, e no número de telefone celular cadastrado. Aduz, ainda, a impossibilidade de a
apelante sofrer prejuízos, eis que os recursos para financiamento de toda a graduação estão
garantidos desde a sua inscrição no SisFIES, e pelo fato de que os repasses das mensalidades
em aberto são realizados retroativamente à Instituição de Ensino, tão logo formalizados os
aditamentos.
Éo relatório.
Compulsando os autos, verifico que a pretensão deduzida restou atendida pela apelante em face
do cumprimento da ordem que determinou a antecipação dos efeitos da tutela. Entretanto, a
satisfação da pretensão em sede de antecipação não configura a falta de interesse processual.
Este permanece haja vista o caráter precário do deferimento da medida, que necessita de seu
aperfeiçoamento que se dará pela confirmação ou não, da ordem através de seu julgamento de
forma exauriente.
Devo consignar que a providência requerida pela autora, ora apelada é da competência do FNDE,
qual seja a liberação do aditamento de seu contrato, a fim de que, munida do Comprovante de
Conclusão da Solicitação de Aditamento, possa finalizar o aditamento simplificado de seu
contrato relativo ao semestre de 2015.1. A apelada não deduziu qualquer pleito de regularização
de matricula, esse sim de competência da CPSA -Comissão Permanente de Supervisão e
Acompanhamento do FIES (CPSA). Não há assim que se falar em ilegitimidade passiva ad
causam.
3. Na hipótese vertente, verifica-se que o autor firmou o contrato de abertura de crédito para
financiamento integral do seu curso de Medicina em maio de 2010, cuja duração é de 12
semestres, embora a sua claúsula terceira refira-se a um prazo de duração de 08 meses. Não
obstante a referida divergência, a avença celebrada assegura ao autor o financiamento do curso
até a sua conclusão, não havendo razão para que antes do final do prazo para o seu término, a
liberação dos recursos seja suspensa e a matrícula negada.
4. O direito à educação está assegurado pela Constituição Federal/88, em seu art. 205, e a
existência do crédito educativo é uma das formas de se garantir ao aluno hiipossuficiente o
exercício deste direito, não podendo vir ele a ser tolhido do seu exercício por implicações
burocráticas ou incorreções do sistema de financiamento a que ele não deu causa.
5. Resta, ainda, consignado na Portaria Normativa nº 10, de 30.04.2010, expedida pelo Ministério
da Educação, a vedação da cobrança, pelas Instituições de ensino superior - IES, do pagamento
da matrícula e das parcelas das semestralidades do aluno que tenha efetivado a sua inscrição no
SisFIES.
2. Ab initio, registre-se que o FNDE é parte legítima para figurar o polo passivo da
demanda, porque é o ente administrativo que operacionaliza, na prática, a concessão do
financiamento estudantil.
3. É cediço que o FIES - Fundo de Financiamento Estudantil, tem como objetivo proporcionar ao
estudante, que não dispõe de recursos financeiros, o acesso ao ensino superior em
estabelecimentos particulares. Na hipótese em tela, contudo, não houve o devido cumprimento a
tal finalidade, dado que, conforme narrado na peça inaugural do processo, a autora encontrou-se
impossibilitada de proceder ao aditamento do semestre 2014.2, seja por desencontros de
informações com a faculdade seja por problemas no sistema do FIES.
5. Definida a finalidade e a natureza das astreintes, fácil é de ver-se seu descabimento quando
em jogo o cumprimento de obrigação pelo Estado, principalmente quando o cumprimento exige
recursos financeiros nem sempre existentes. Houvesse, na hipótese, a demonstração de que o
descumprimento decorre de má vontade do administrador, pensar-se-ia defensável a tese da
aplicação de multa ao desidioso. Mas disso não se cogita. O administrador tem seu agir
integralmente balizado por dispositivos legais, mercê da natureza fechada do princípio da
legalidade em Direito Administrativo. Assim, nem sempre basta o desejo do administrador para
que se cumpra a obrigação. Entendimento da Egrégia Segunda Turma deste TRF-5ª Região.
Quanto ao mérito, também não merece reforma a sentença. Da análise dos autos, resta claro
pelos documentos acostados que a apelada encontrou dificuldades de ordem técnica para a
realização do aditamento de seu contrato de financiamento estudantil referente ao primeiro
semestre de 2015, e que tais dificuldades decorreram de problemas de ordem técnica do sistema
Informatizado - SisFIES.
Há nos autos, extensa documentação que atesta o problema, tendo a apelante, inclusive, juntado
o print de uma comunicação de alcance geral do FIES/FNDE, dando conta da notícia da dilação
do prazo para o aditamento dos contratos para o semestre de 2015.1, Id nº 4058000.625380. Há
também nos autos prova de que a apelada, informou através do envio de e-mails, o problema que
estava enfrentando, a fim de obter a solução do problema.
Ademais, o que se percebe que o FNDE tenta imputar à apelada a responsabilidade pela não
realização do aditamento, em face da existência de erros no preenchimento de sua ficha
cadastral, argumento que de forma nenhuma deve ser acolhido como razão para impedir que o
aluno deixe de se matricular. Tal conduta vai de encontra ao disposto no art. 205, da CF, que
dispõe que educação é direito de todos e dever do Estado, devendo ser a todos assegurada.
Com razão o MM. Juiz prolator da sentença ao dirimir tal questão cujo trecho da sentença ora
transcrevo:
6. Outrossim, entendo que a tese alegada pela FNDE de que a autora não preencheu os dados
cadastrais corretamente, de modo que esta teria sido a razão da inocorrência da validação do
aditamento, não possa prosperar. Pois, como pode ser evidenciado no doc. 625378, a estudante
forneceu o número de telefone corretamente, haja vista que na data de solicitação do documento,
a qual foi 24 de maio de 2015, ainda não era obrigatória a presença do dígito "9" nos números de
telefone do Estado de Alagoas, só ocorrendo a partir do dia 10 de junho, após o prazo de 10 dias
de adaptação da nova exigência (cf. doc. 699037).
1. Agravo de Instrumento manejado pelo particular, em face da decisão que indeferiu o pedido de
antecipação dos efeitos da tutela, objetivando a realização de sua matrícula no curso de
enfermagem da Universidade Estácio de Sá para o semestre 2015.2, a garantia de regularização
do aditamento do contrato do FIES dos semestres 2014.1 e 2015.1 e sua exclusão do cadastro
de devedores dos órgãos de proteção ao crédito.
2. Assiste razão ao juiz sentenciante ao reconhecer o erro do próprio FNDE quando da efetivação
do Cadastro Eletrônico (SisFIES) da autora, o que inviabilizou o aditamento contratual junto à
caixa e, consequentemente, impediu que a aluna realizasse a sua matrícula no Curso de
Medicina.
3. Resta claro o equívoco perpetrado pelo recorrente, no tocante ao registro no FIES, quanto à
duração do curso e número de semestres financiados, circunstância que impôs óbice à realização
do aditivo do contrato da aluna.
3. Não deve ser acolhida a alegação de ilegitimidade passiva. A apelada não deduziu qualquer
pleito de regularização de matrícula, de competência da CPSA - Comissão Permanente de
Supervisão e Acompanhamento do FIES (CPSA). Ademais, desde a Lei nº 12.202/10, o FIES é
operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.
4. A apelada encontrou dificuldades de ordem técnica para realizar o aditamento de seu contrato
de financiamento estudantil referente ao primeiro semestre de 2015, e que tais dificuldades
decorreram de problemas de ordem técnica do sistema Informatizado - SisFIES.
5. Não pode o FNDE imputar ao estudante a responsabilidade pelo não aditamento de seu
contrato sob o argumento de erro de preenchimento de seu cadastro. Tal conduta vai de encontro
ao disposto no art.205, da CF, que dispõe que educação é direito de todos e dever do Estado,
devendo ser a todos assegurada.
6. Apelação improvida.
Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanimidade, negar
provimento à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas
constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.