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Coordenador da Disciplina
Prof.
Prof.ª Aurea Suely Zavam
8ª Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.
Realização
Autor
Colaborador
Aula 02: Gramática em uso – recursos significativos para a construção do texto ......................... 37
Tópico 01: Atividades metalinguísticas e atividades Epilinguísticas ............................................... 37
Tópico 02: Questões funcionais sobre fonologia relevantes para o ensino-aprendizagem ............... 44
Tópico 03: Questões funcionais sobre classes gramaticais relevantes para o ensino-aprendizagem 50
Tópico 04: Ensino integrado dos aspectos da linguagem ................................................................. 58
Aula 03: Reflexões sobre o ensino de análise linguística no livro didático ..................................... 63
Tópico 01: O livro didático e sua importância na prática docente. ................................................... 63
Tópico 02: As diretrizes do MEC, dos PCN e do PNLD. ................................................................. 68
Tópico 03: Avaliando o livro didático de língua portuguesa ............................................................ 74
Contribuições:
Lição 01 ............................................................................................................................................ 104
Lição 02 ............................................................................................................................................ 109
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
OBJETIVO 1
Reconhecer os diferentes tipos de ensino de análise linguística, em
suas relações com as concepções de gramática e as concepções de
linguagem;
OBJETIVO 2
Analisar criticamente os objetivos do ensino-aprendizagem de língua
materna;
OBJETIVO 3
Perceber o valor dos recursos linguísticos nos processos de
significação dos textos;
OBJETIVO 4
Analisar a qualidade do material didático voltado para o ensino-
aprendizagem da análise linguística;
OBJETIVO 5
Propor exercícios de análise linguística compatíveis com objetivos de
ensino consistentes.
AUREA ZAVAM
1
especializadas. É professora do Departamento de Letras Vernáculas (DLV)
da UFC.
VALDINAR CUSTÓDIO
Para iniciar, solicitamos que você realize uma breve atividade (se quiser,
pode realizá-la mentalmente, mas pensamos que a produção escrita pode ser
mais útil como estratégia para solidificar a reflexão solicitada). Como, nesta
aula, vamos tratar (entre outras coisas) das concepções de gramática,
gostaríamos que você propusesse uma definição de gramática. O que é
gramática para você? Em sua resposta, leve em conta, caso julgue necessário,
o que você já aprendeu, em disciplinas anteriores, sobre a gramática de uma
língua.
MULTIMÍDIA
Assista ao vídeo sobre a canção Asa branca, de Luiz Gonzaga:
2
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
CURIOSIDADE
A ideia de que o português é uma língua muito difícil é um dos mitos
apresentados pelo linguista Marcos Bagno, no livro Preconceito
linguístico: o que é, como se faz (1999). Neste livro, o autor descreve oito
mitos, bastante reproduzidos pelo senso comum, os quais perpetuam
noções equivocadas sobre o fenômeno da linguagem. Bagno afirma que
3
conhecer os mitos (e combatê-los) é uma das tarefas do professor de
Língua Portuguesa.
ENUNCIADOR
1ª CONSTATAÇÃO
4
2ª CONSTATAÇÃO
5
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
6
2.1 HOLOFOTES NA NORMA: CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM, CONCEPÇÃO DE
GRAMÁTICA E TIPO DE ENSINO
PRESCRITIVO
OLHANDO DE PERTO
7
A gramática surgiu na Grécia antiga. Embora, entre as diferentes
cidades, houvesse línguas diferentes, os povos gregos tinham uma
sensação de unidade, revelada pelas “gritantes” diferenças entre suas
línguas e as línguas dos povos não gregos (os bárbaros) e pela literatura
comum partilhada entre eles.
EXEMPLO
8
Um exemplo de pensamento essencialmente normativista se encontra
a seguir. Durante o ano de 2004, uma das participantes do reality show
Big Brother Brasil, Solange, tinha um comportamento linguístico
“impróprio”. Acesse o link a seguir para ver um vídeo em que a
participante discute com uma colega.
FIF
BY R O
BY RAFINHA_...
Outras respostas
Já passou... a vez dela já foi... Ainda bem que não foi ela que entrou nesse
BBB...
Aquela, tonta.
BY UNGIDA
Outras respostas
kkk dou muitas risadas quando ela fala
bom pra divertir a gente
Paz
Disponível em:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?
qid=20100227124952AAe3326 [2].
LEITURA COMPLEMENTAR
Veja, ainda, outra fala sobre Solange, publicada no site Pura balela: o
rei da encheção de linguiça. O título da matéria é “O que aconteceu com as
celebridades do BBB4?”.
SOLANGE
9
A BBB troféu Cérebro de Ouro, narra a sua vida pós BBB no seu
“quem sou eu”.
Fonte [4]
REFLEXÃO
Deve ter ficado claro, a partir de nossa exposição, que os estudos da
Linguística apresentam um direcionamento inverso ao que propõem os
estudos gramaticais convencionais. Com base nessa informação, seria
correto admitir que os aspectos prescritivos de uma língua devem ser
desprestigiados? Coloquemos um exemplo da prática docente: questões de
concordância e regência devem ser postas de lado quando o professor
avaliar a produção textual de seus alunos? Mais à frente, proporemos uma
resposta para essa questão. Mas você já pode ficar pensando nela por
enquanto. Em seguida, continue sua leitura sobre os tipos de ensino.
10
Nem só de norma vive uma língua. O tratamento normativo da
linguagem, de natureza marcadamente subjetivista, mostrou-se como
INSTITUTO UNIVERSIDADE
proposta teórica insuficiente quando, por volta do final do século XIX e
VIRTUAL
início do século XX, a produção do conhecimento científico elegeu como
modelo o positivismo.
CURIOSIDADE
O positivismo é um “sistema criado por Auguste Comte (1798-1857)
que se propõe a ordenar as ciências experimentais, considerando-as o
modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das
especulações metafísicas ou teológicas” (Dicionário Houaiss eletrônico).
De acordo com Lyons (1987), o positivismo rejeita qualquer apelo a
entidades não-físicas. Central nessa proposta é o princípio de verificação:
nenhuma formulação tem significado a menos que possa ser verificada
pela observação ou por métodos científicos padronizados.
VERSÃO TEXTUAL
TEORIA DA COMUNICAÇÃO
11
A Teoria da Comunicação engloba estudos acadêmicos que
pesquisam os efeitos, origens e funcionamento do fenômeno da
COMUNICAÇÃO SOCIAL em seus aspectos tecnológicos, sociais,
econômicos, políticos e cognitivos. [...] Os estudos em Comunicação
Social começaram com a crescente popularização das tecnologias
midiáticas e seu uso durante as EXPERIÊNCIAS TOTALITÁRIAS da
Europa. Em sua primeira fase, concentraram suas atenções sobre as
mensagens da MÍDIA e seu efeito sobre os indivíduos; na segunda,
enfatizaram o processo de seleção, produção e divulgação das
informações através da mídia"
Disponível em:
12
Nossa Língua Portuguesa [6]
Disponível em:
OLHANDO DE PERTO
Com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), as
editoras que produzem livros didáticos de língua portuguesa e gramáticas
pedagógicas têm se preocupado em apresentar “inovações” condizentes
com as recomendações desse documento oficial. No início, as coleções
insistiam que o conteúdo era livre dos preconceitos que naturalmente se
13
estabeleciam quando predomina o ensino prescritivo; contudo, o que viu
foi uma substituição da excessiva prescrição por uma excessiva descrição
da norma padrão. Só mais recentemente, as editoras têm procurado lançar
coleções que privilegiam o ensino produtivo (sobre o qual falaremos
adiante). Ainda assim, a excessiva descrição (sem uma crítica à
Nomenclatura Gramatical Brasileira) parece permanecer. Na aula 3,
voltaremos a falar disso.
PARADA OBRIGATÓRIA
Uma pergunta frequente dos alunos, na atualidade, é “Pra que que
serve isso?”. Cansados de lidar com conteúdos os quais não se relacionam
com seu dia a dia, os aprendizes (hoje mais que antes) não fazem
cerimônia para demonstrar seu desinteresse quando o assunto não lhes
“diz respeito”. Levando-se em conta que essa é, muitas vezes, a tônica da
sala de aula, qual a postura do professor de língua portuguesa em relação
ao ensino descritivo? Por tratar de estruturas, ele deve ser abandonado?
Ou é possível organizar a prática pedagógica de modo que fique claro “Pra
que que serve isso”? Pense sobre o assunto; posteriormente, vamos sugerir
algumas propostas de ação.
14
8. http://www.denso-wave.com/en/
15
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
16
O ensino proveniente das concepções de linguagem como interação e
gramática internalizada é o PRODUTIVO, que pretende aumentar os recursos
linguísticos do indivíduo, sem alterar os padrões que ele já possui. Trata-se
de um trabalho que visa aumentar a gramática internalizada do indivíduo, a
partir da reflexão e automatização de novos conceitos, a fim de que esse
adquira maior condição de se adequar perfeitamente às mais variadas
situações de interação comunicativa.
OLHANDO DE PERTO
Perceba que cada vertente – prescritiva, descritiva e produtiva –
concebe o sujeito de forma distinta. Na vertente prescritiva, o sujeito,
alguém capaz de expressar bem o pensamento, é individualizado; a ele
basta ter uma intenção do que quer dizer – não é preciso levar em conta
com quem fala e como deve falar. Na vertente descritiva, o sujeito é mero
reprodutor, pois cabe a ele apenas transmitir a informação. Na vertente
produtiva, o sujeito é “ele mesmo mais o outro”, em um dado contexto,
pois o seu papel na interação é dependente de como o(s) outro(s)
participante(s) age(m).
17
deve ensinar gramática teórica ((= descritiva)) com o objetivo de
que o indivíduo aprenda a ler e escrever bem, mas se deve ensiná-
la para que o indivíduo aprenda um pouco do conhecimento
cultural, social e científico que todo cidadão deve ter.
Você já deve ter percebido que, nos três parágrafos anteriores, foram
respondidas as perguntas feitas anteriormente nas seções “Olhando de
Perto”. O viés prescritivo é importante na medida em que os textos formais
costumam seguir muitas das regras preconizadas pela gramática normativa.
E a descrição linguística tem, sim, uma função ((um “Pra que serve isso”)) ela
colabora para o refinamento da possibilidade de pensar os fenômenos à luz
dos mecanismos científico-analíticos. Nesse sentido, o conhecimento sobre a
valoração social das formas linguísticas ((normativo)) e sobre a estruturação
do sistema linguístico sistema linguístico ((descritivo)) também apresentam
funções que devem ser dominadas pelos alunos.
TEXTO 1
18
Ao caminhar pela Quinta Avenida, em Nova York, e constatar que os
negros ocupam postos nos mais elegantes estabelecimentos daquela parte
elegante da cidade, verifica-se que os Estados Unidos levaram a sério a
política de combate à segregação. Os americanos têm negros no Supremo,
na assessoria da Casa Branca e na chefia do Departamento de Estado, mas
os têm também nas lojas e nos restaurantes da moda. De certa forma, é
mais fácil nomear um negro para o Supremo. Basta uma canetada. Coisa
mais complexa e difícil, porque mexe com tolices e fantasias há muito
incrustadas na sociedade, seria a luta para facilitar-lhes o acesso a funções
aqui embaixo, que a maioria deles está apta a exercer, mas que lhes são
interditadas por barreiras que não ousam dizer seu nome.
TEXTO 2
Fala sério, a vida te reserva tantas coisas maneiras, que cara, é lance
você guardar isso – não só na memória, mas tipo assim, escrevendo
mesmo. A partir de hoje eu vou ter mais esse grande amigo na minha vida,
que é você, Diário.
[...]
TEXTO 3
19
Analisando os três textos com base na perspectiva produtiva,
constatamos que os textos (1) e (2) podem ser considerados adequados,
porque a linguagem utilizada está de acordo com o contexto de interação.
ANÁLISE TEXTO 01
No texto (1), um artigo de opinião, o autor mostra domínio do grau
formal: ele usa a pontuação de forma convencionalizada, aplica as regras
recomendadas sobre concordância e regência, usa adequadamente os
pronomes oblíquos etc. Trata-se, portanto, de um texto cujos itens
gramaticais – de acordo com a norma – são aplicados adequadamente.
ANÁLISE TEXTO 02
Também no texto 2 há adequação, só que em outra direção. A intenção
da autora Heloísa Perissé é mostrar a “voz” de uma adolescente por meio
da escrita de um diário. Nesse caso, o registro informal é o mais adequado,
devido tanto à faixa etária da personagem quanto à situação de interação
(produção de um diário). Por isso, o texto apresenta gírias e promove uma
quebra da correlação pronominal (ao “misturar” os pronomes “te” e
“você”). Percebe como o conjunto de regras gramaticais é apenas uma
possibilidade entre outras? Pode ser necessário em muitos contextos, mas
não em todos.
ANÁLISE TEXTO 03
Já o texto (3), no que diz respeito à utilização das formas linguísticas,
não está tão adequado quanto os demais. Como se trata de um artigo de
opinião, o registro formal deveria ser a tônica, mas o que se vê é a não
utilização de algumas regras as quais deveriam ser seguidas, nesse
contexto.
PARADA OBRIGATÓRIA
Você consegue apontar algumas? Faça uma lista dos problemas do
texto (3). Se achar necessário, consulte seu tutor.
OLHANDO DE PERTO
20
Observe que o uso do grau informal, muitas vezes, tem por objetivo
gerar efeito estilístico. Tanto o compositor de Asa branca quanto a
escritora do Diário de Tati utilizaram um registro menos formal com o
objetivo específico de tornar o texto mais interessante, por promover a
expressão de uma “voz” mais real, menos artificial. Essa busca pelo estilo,
que muitos consideram como característica exclusiva do universo literário,
na verdade, é mais universal do que se pensa. Basta lembrar as vezes em
que você (ou alguém que conhece) muda o tom do seu texto ou usa um
estilo menos “rigoroso” para deixar uma boa impressão no interlocutor.
ATIVIDADE 1
ATIVIDADE 2
Complete as frases abaixo com uma das formas que estão entre
parênteses, fazendo a concordância de acordo com a norma padrão. Se
houver duas possibilidades de concordância, indique-as.
21
b) [ ] duas semanas que os cientistas pesquisam a nova variedade da
bactéria E.coli. (Faz-Fazem)
OLHANDO DE PERTO
Focalizou-se, nessa atividade, o grau de formalidade. Mas a
proposição de atividades produtivas em que o aluno precise criar
enunciados pode ser feita com qualquer aspecto da linguagem: fonológico,
morfológico, sintático, semântico e textual-discursivo.
22
Mas poucos se interessam em mostrar aos aprendizes que, quando eles não
dominarem uma regra, eles devem procurar novas formulações do
enunciado em que a tal regra não precise ser utilizada. Esse seria um caso
típico de “saída pela esquerda”, como dizia o personagem de desenho
animado Leão da Montanha.
23
PRESCRITIVO
◾ Caracterização - Privilegia a norma padrão. Em sua versão mais
“radical”, faz distinções entre o certo e o errado.
◾ Concepção de Linguagem - Linguagem como expressão do
pensamento: só sabe escrever e falar bem aquele que pensa bem.
◾ Concepção de Gramática - Gramática normativa: conjunto de regras
que determinam o que é correto, tanto para a fala quanto para a escrita.
◾ Importância - Desconsiderando-se a postura taxativa, o domínio de
boa parte das regras da norma padrão é necessário para a produção e a
compreensão de textos formais.
DESCRITIVO
◾ Caracterização - Privilegia a descrição da estrutura da língua. O
importante é entender como a língua se organiza para transmitir informações.
◾ Concepção de Linguagem - Linguagem como instrumento de
comunicação: é necessário dominar o código para se comunicar.
◾ Concepção de Gramática - Gramática descritiva: exposição da
estrutura dos diversos estratos gramaticais, contemplando qualquer variedade
linguística.
◾ Importância - A análise da estrutura linguística pode ser útil para a
formulação de uma mente voltada para a análise científica dos fenômenos.
PRODUTIVO
◾ Caracterização - Privilegia o aumento do repertório linguístico do
aluno. O contato com situações diversificadas (e a reflexão sobre elas)
possibilita o pleno desempenho linguístico em diferentes contextos.
◾ Concepção de Linguagem - Linguagem como forma de interação: o
importante é saber como utilizar a linguagem para agir sobre os outros.
◾ Concepção de Gramática - Gramática internalizada: conjunto de
regras que o sujeito domina e que efetivamente utiliza para produzir e
compreender textos.
◾ Importância - O viés produtivo preocupa-se em acrescentar
conhecimentos e habilidades sem desconsiderar o que o aluno já sabe, e por
isso contribui para a ação transformadora do ato de educar.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
A seguir, são apresentados quatro exercícios retirados do livro Curso
de gramática aplicada aos textos (Ulisses Infante, Scipione, 2001). Para
cada exercício, você deve:
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ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
CURIOSIDADE
O pesquisador Marcos Baltar (2004) sugere que, para além da
competência comunicativa, há uma competência discursiva. Esse conceito
mantém a ideia de que é importante o desenvolvimento das habilidades de
fala/escuta e leitura/escrita, mas reforça a tese de que o desempenho dos
sujeitos é fundamentalmente social, de modo que depende de
imposições/possibilidades decorrentes das relações sociais. A partir dessa
ideia, vê-se que o papel do contexto social é bastante relevante. Nesta aula,
deste ponto em diante, utilizaremos o termo “competência discursiva”, em
que se inclui a competência comunicativa tal como enunciada
anteriormente.
26
substantivo é perceber o valor fundamental das coisas, seres, sentimentos
(entidades, enfim) para a apreensão do conteúdo de um texto. Mais
importante que classificar o sujeito como indeterminado é saber diferenciar
o sentido entre as construções “Roubaram minha carteira” ((em que, na
maior parte das vezes, o sujeito não sabe, de fato, quem praticou a ação)) e
“Falaram mal de você” ((em que, em certos contextos, o sujeito sabe quem
praticou a ação, mas opta por não revelar)) .
VERSÃO TEXTUAL
Não se menciona que a decisão por explicitar ou não o agente pode estar
relacionada a intenções discursivas. Por exemplo, se um garoto precisa
informar a sua mãe que quebrou um vaso muito apreciado por ela, ele pode
preferir a voz passiva à ativa, já que, com o uso da voz passiva, a sua
responsabilidade fica atenuada.
27
Para o momento, importa destacar que o ensino-aprendizagem de
gramática continua a versar sobre as regularidades, mas essas regularidades
devem estar conectadas a intenções que se pretende transmitir, explícita ou
implicitamente. As classificações e definições só têm sentido se, a partir
delas, o aluno for capaz de aumentar seu leque de usos aplicáveis em textos.
Mais uma vez, o texto é o ponto de partida e de chegada.
28
A variação social tem a ver com a identidade do falante, decorrente de
seu pertencimento a diversos grupos socioculturais. São exemplos de fatores
intervenientes na constituição desses grupos:
A CLASSE SOCIAL
Observemos, no plano fonético, as variantes [frauta] e [flauta], esta
associada à classe economicamente privilegiada e aquela, à classe
desfavorecida;
A IDADE
No plano lexical, lembremo-nos das gírias, que denotam um falar
específico da faixa etária jovem;
O SEXO
No plano morfológico, atentemos para a maior frequência de uso dos
diminutivos pelos sexo feminino (“lindinha”, “cheirosinho”, “maridinho”).
CURIOSIDADE
Na obra A língua na sala de aula (2004), organizada pelas
pesquisadoras Nukácia Araújo e Aurea Zavam, encontramos a importante
distinção entre norma padrão e norma culta. A primeira engloba o
conjunto de regras prescritas pelos manuais e compêndios gramaticais; a
segunda, o conjunto de regras efetivamente utilizadas pelos falantes
plenamente escolarizados de uma comunidade, especialmente nas
interações formais. Por exemplo, a recomendação de que não se deve
29
iniciar frase com pronome oblíquo faz parte da norma padrão, mas os
falantes cultos do português brasileiro não aplicam essa regra quando
usam a linguagem; em vez de “Passe-me a manteiga”, usa-se “Me passa a
manteiga”. Trata-se, portanto, de uma regra da norma padrão que não é
atualizada pela norma culta.
VERSÃO TEXTUAL
EXEMPLO DE ATIVIDADE
Encontraram-se, trinta anos depois, numa festa. Ela sorriu e disse: “Como
vai?”
— Vocês já se conhecem? — perguntou a dona da casa.
Ele não disse: “Nos conhecemos. No sentido bíblico, inclusive. Foi o amor
da minha vida. Quase me matei por ela. Sou capaz de morrer agora. Ah,
vida, vida”.
30
Disse:
— Já.
— Faz horas, né? — disse ela.
Sentou-se ao lado dela. Estava emocionado. Mal conseguia dizer:
— Trinta anos...
— Xiii! Nem fala. Estou me sentindo uma velha.
E acrescentou:
— Caquética.
Curioso, ela engordara, claro. Tinha rugas. Mas o que realmente mudara
foi a sua voz. Ou será que ela sempre tivera aquela voz estridente?
Impossível. Ele se lembrava de tudo dela. Tudo. O amor da sua vida. Ela
agora lhe cutucava o braço.
— Tu tá um broto, hein?
— Que fim você levou? Quer dizer...
— Nem me fala, meu filho. Sabe que eu já sou avó?
— Não!
Ele não conseguia esconder o horror na sua voz. Mas ela tomou como um
elogio. Gritou: “Haroldo”, chamando o marido, que veio sorrindo. Ela
apresentou: “Este aqui é um velho amigo...” Mas não disse o nome. Meu
Deus, ela esqueceu o meu nome! Ela instruiu o marido:
— Mostra o retrato do Gustavinho.
E para ele:
— Tu vai ver que mimo de neto.
O Haroldo pegou a carteira. Ela esqueceu o meu nome. E eu me lembro de
tudo! A cicatriz do apêndice. O apartamento na André da Rocha. “Vou te
amar sempre, sempre”! Tudo!
O Haroldo tirou o retrato da carteira. Ele pegou o retrato. O Gustavinho
olhava assustado para a câmara.
— Não é um amor? — perguntou ela.
Ele devolveu o retrato para o Haroldo. Disse:
— Não.
— Como, “não”?
— Não achei, pronto.
E saiu atrás de um uísque.
Veríssimo, Luis Fernando. COMÉDIAS DA VIDA PRIVADA: 101 crônicas
escolhidas. 15. ed. Porto Alegre: L&PM, 1995. p. 71-72.
31
julgado o item como falso) ou em que os comportamentos deles se
diferenciam (caso tenha julgado o item como verdadeiro).
ORIENTAÇÃO 01
ORIENTAÇÃO 02
ORIENTAÇÃO 03
PRECONCEITO LINGUÍSTICO
32
escolarizados. Usos não condizentes com a norma padrão (como,
por exemplo, as regras de formação do modo imperativo), mas
que são utilizados por falantes plenamente escolarizados, não são
passíveis de preconceito.
33
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
1º OBJETIVO
Levar o aluno a dominar a norma culta e/ou ensinar a modalidade
escrita da língua;
2º OBJETIVO
Levar o aluno ao conhecimento da instituição social que é a língua;
3º OBJETIVO
Ensinar o aluno a pensar cientificamente.
34
Finalmente, o ensino descritivo, ao possibilitar a reflexão sobre o
sistema da língua, o que demanda estabelecer definições, classificações e
relações de valor entre termos, estimula o pensamento científico. A
compreensão dos fenômenos à luz da ciência se dá por nomeação, localização
e comparação. Logo, estudar o sistema da língua pode ser útil para formar
uma “mente científica”.
FÓRUM
Leia o conteúdo dos dois links a seguir. No primeiro, há uma
reportagem da revista Istoé [1] sobre o livro didático Por uma vida
melhor. [2]
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Nukácia M.; ZAVAM, Aurea. (Org.). A LÍNGUA NA SALA DE
AULA: questões práticas para um ensino produtivo. Fortaleza: Perfil
Cidadão, 2004.
35
CASEVITZ, Michel; CHARPIN, François. A herança greco-latina. In:
BAGNO, M. (Org.). NORMA LINGUÍSTICA. São Paulo: Loyola, 2001, p.
23-53.
36
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 02: GRAMÁTICA EM USO – RECURSOS SIGNIFICATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DO TEXTO
VERSÃO TEXTUAL
Contudo, obras desse tipo têm como objetivo a descrição científica dos
fenômenos, sem que haja uma preocupação direta com o fazer pedagógico.
Claro que são recursos muito valorosos para a formação teórica do professor,
mas a prática docente em língua portuguesa ainda carece de material
suficiente para que daí surja uma proposta sistemática de ensino-
aprendizagem de gramática, a qual contemple abordagens produtivas sobre a
maior parte dos fenômenos gramaticais.
Essa proposta, na verdade, não existe (ainda). Mas isso não significa que
o professor não possa promover um ensino funcional de análise linguística.
O conhecimento sólido da teoria aliado à capacidade de “raciocinar
funcionalmente” sobre os fenômenos da linguagem pode colaborar para
sanar a falta que uma proposta mais sistemática faz. Com isso em mente,
pretendemos, nesta aula, explicitar alguns aspectos funcionais atinentes aos
estratos gramaticais. Destacaremos, aqui, os aspectos fonológico. Intentamos
mostrar que os elementos desses estratos (e também dos estratos sintático e
semântico) podem ser analisados sob o foco de seus usos nos textos. Não
vamos, aqui, mostrar todas as possibilidades (até porque isso é impossível).
37
conhecer possibilidades para depois formular suas próprias ações em
busca do aprendizado efetivo de seus alunos.
METALINGUAGEM E EPILINGUAGEM
JAKOBSON
EXPLICAÇÃO 1
38
• FUTURO - Em referência a fatos ainda não realizados e subdividido
em futuro do presente e futuro do pretérito: cantarei (futuro do presente),
cantaria (futuro do pretérito).
EXPLICAÇÃO 2
• Falar de hábitos
39
EXPLICAÇÃO 1: disponível em BECHARA, Evanildo. Moderna
gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999, p. 221;
PARADA OBRIGATÓRIA
A Gramática Funcional é a teoria da Linguística que investiga as
relações entre usos da linguagem e formas gramaticais. Uma das teses
dessa teoria é a de que as formas estão a serviço dos usos, e não o
contrário. Com isso, procura-se descrever os elementos gramaticais
presentes em textos, mostrando-se a frequência e os sentidos veiculados. A
Gramática Funcional traz grandes contribuições ao destacar as limitações
da classificação gramatical tradicional. A descrição do presente do
indicativo conforme a explicação 2 é um exemplo disso. Em outros
momentos desta aula, procuraremos confrontar a análise funcional
(epilinguística) com as limitações da análise tradicional.
Enquanto a metalinguagem
a epilinguagem
40
Da mesma forma que temos explicações metalinguísticas e explicações
epilinguísticas, temos as ATIVIDADES METALINGUÍSTICAS e as
ATIVIDADES EPILINGUÍSTICAS. Estas são formuladas para que o aprendiz
reflita sobre o uso de recursos expressivos em função das atividades
linguísticas em que esteja engajado; aquelas levam à construção de noções
com as quais se torna possível categorizar tais recursos. Observemos os dois
exemplos de atividade a seguir:
ATIVIDADE 1
ATIVIDADE 2
41
Disponível em:
http://diariodosul.com.br/cadernos/enchente/9.htm. Acesso em:
09 fev. 2006.
DICA
Na aula anterior, mencionamos que o tratamento pedagógico da
linguagem requer uma abordagem cíclica, explicitada pelo tripé
USO→REFLEXÃO→USO. A atividade 2 exemplifica essa abordagem:
parte-se de um uso (a função caracterizadora que alguns substantivos
podem assumir), o qual gera uma reflexão; a partir dessa reflexão, é
possível acrescentar novos conhecimentos, que devem ser postos em uso
novamente (no caso, a partir da formulação de um parágrafo em que a
função destacada deve estar presente).
42
Ambos os tipos de atividade são fundamentais para o desenvolvimento
da competência discursiva. Contudo, destacamos que, em um processo de
produção de conhecimento, para que as atividades metalinguísticas tenham
alguma significância, é preciso que as atividades epilinguísticas as tenham
antecedido, especialmente porque as gramáticas existentes (que tratam da
metalinguagem) são insuficientes para dar conta de muitas reflexões
epilinguísticas que podem (e devem) ser feitas. Um estudo que integre
metalinguagem e epilinguagem permite aos sujeitos retomar suas intuições
sobre a linguagem, aumentá-las, torná-las conscientes e produzir, a partir
delas, conhecimentos sobre a linguagem que se usa e que os outros usam.
43
ESTÁGIO ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 02: GRAMÁTICA EM USO – RECURSOS SIGNIFICATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DO TEXTO
EXEMPLOS
(1) “Porém isto não é o que se VER na realidade.”
(3) “Acredito que num país como o Brasil, que a maioria da população
tem a renda muito baixa, que mal DA para se ter um pouco de cada
necessidade”
(4) “O que você construiu de forma boa e DESCENTE para sua vida é
que lhe tráz felicidade”
44
(6) “O dinheiro pode contribuir plenamente na vida de uma pessoa,
pois sempre abre oportunidade EXELENTES trazendo felicidade para
qualquer pessoa”
(9) “Será que você ainda acha que o dinheiro não CONTRIBUE para a
felicidade?
(12) “No entanto não podemos viver sem dinheiro, pois tudo gira
ENTORNO dele.”
EXERCITANDO
Você é capaz de reconhecer os “fatos fonológicos” que estão por trás
dos problemas presentes nas ocorrências (8) a (12)? Procure descrevê-los.
Caso ache necessário, discuta suas respostas com seu tutor.
45
esse tipo de problema (por saltar imediatamente aos olhos) é um forte fator
para o julgamento que se faz sobre a qualidade do texto, compreenderemos
que não importa qual o momento escolar em que o aluno deveria dominar
esses aspectos; se ele apresenta esse tipo de dificuldade, o professor precisa
agir para ajudá-lo.
OLHANDO DE PERTO
Nesta disciplina, já foi dito, mais de uma vez, que o texto é o ponto de
partida e o ponto de chegada. Isso implica que o mais importante, no que
diz respeito ao desenvolvimento da escrita, é a capacidade de produzir
textos coerentes. A qualidade do “sentido” do texto, portanto, é
fundamental. Contudo, isso não quer dizer que outros aspectos – como,
por exemplo, a adequação ortográfica em textos escritos formais – não
tenham seu valor. Não custa lembrar: devemos preparar nossos alunos
para se comunicarem bem em qualquer situação. Em situações formais, o
uso adequado das convenções de escrita tem grande peso quanto à
apreciação que os outros fazem. Portanto, “A César o que é de César”.
VERSÃO TEXTUAL
46
Ela _____ um beijo a quem lhe pede.
Ela OFERECE um beijo a quem lhe pede.
EXERCITANDO
Você seria capaz de enunciar a "regra" que está por trás desse
exercício? Se achar necessário, discuta a pertinência de sua sugestão com
seu tutor.
ROTACISMO
Cabe ao professor a tarefa de mostrar aos alunos que usos desse tipo são
fortemente julgados como incorretos; logo, os falantes são considerados
incapazes (e, no mais das vezes, burros). Nós já sabemos que tal julgamento
é fruto do preconceito e da ignorância, mas isso ainda é muito predominante.
Daí ser necessário que os falantes evitem ocorrências desse tipo,
substituindo-as por formas aceitas pela norma culta.
CHAT
A Fonologia também tem muito a dizer sobre a conversação informal
mediada por computador. Seria interessante propor um trabalho com os
alunos sobre isso. Veja as seguintes ocorrências:
47
O ABC DO INTERNETÊS
O ABC do internetês
VC: você
BLZ: beleza
KD: cadê
NET: Internet
TB: também
TAH: tá
FLW: falou
FMZ: firmeza
TDO: tudo
QDO: quando
PQ: porque
EAI: oi
QNT: quando
ALG: alguém
ANS: anos
AXO: acho
Q: que
ND: nada
Ñ: não
NAUM: não
A V: a ver
XAU: thcau
ATT: atualizar
ADD: adicionar
ACC: aceitar
BJS: beijos
ABS: abraços
48
Revista Lingua Portuguesa - 2/2009 - Edição 40
49
ESTÁGIO ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 02: GRAMÁTICA EM USO – RECURSOS SIGNIFICATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DO TEXTO
TÓPICO 03: QUESTÕES FUNCIONAIS SOBRE CLASSES GRAMATICAIS RELEVANTES PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM
MÓRFICO (FORMAL)
Caracterização da estrutura da palavra; cabem, aqui a descrição dos
tipos de morfema (lexical e/ou gramatical) e o reconhecimento da
necessidade de flexão (variável ou invariável);
SINTÁTICO
Papel do vocábulo na oração, em relação aos outros termos; o
vocábulo pode ser núcleo, determinante ou conector.
SEMÂNTICO
Significado que os vocábulos pertencentes àquela classe gramatical
podem exprimir.
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
PRONOME
ARTIGO
NUMERAL
VERBO
ADVÉRBIO
CONECTIVO
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
50
Funcional (função ou papel da oração): Palavra que funciona como
especificador do núcleo de uma expressão (ao qual atribui um estado ou
qualidade)
PRONOME
ARTIGO
NUMERAL
VERBO
ADVÉRBIO
PARADA OBRIGATÓRIA
No quadro apresentado, não aparece a interjeição. Isso decorre de
uma posição quase unânime entre os estudiosos: a interjeição não é uma
classe gramatical, porque os "vocábulos" que fazem parte dessa suposta
classe não podem ser descritos com base nos três critérios apresentados.
52
(aspecto sintático) são habilidades necessárias ao bom
desempenho em textos formais. Já o aspecto semântico seria, de
maneira geral (o que aliás, é bastante óbvio), o foco quando se
trata de investigar os usos no texto. Nesse sentido, o ensino
produtivo das classes gramaticais deve ir além da mera
constatação de uma potencial significação para um vocábulo que
pertence a uma dada classe. Vamos, a seguir, ilustrar com dois
exemplos, o verbo e o pronome.
ASPECTO
53
J. K. Rowling. HARRY POTTER E A PEDRA
FILOSOFAL. São Paulo: Rocco, 2000.
ABA 1
Imperativo
ABA 2
Locução verbal
OLHANDO DE PERTO
A análise dos usos das formas verbais pode fornecer uma reflexão
interessante sobre o registro coloquial. Observe o quadro a seguir:
Ele deixará o material na sua casa Ele vai deixar o material na sua
amanhã. casa amanhã.
• Se eu passasse no vestibular,
comemorava com um grande
churrasco.
54
O estudo da funcionalidade das formas verbais provê várias situações
que evidenciam a importância do conhecimento gramatical para os processos
de compreensão/produção textual.
VEJA, 8 fev.2006.
55
PARADA OBRIGATÓRIA
De acordo com a norma culta, o pronome “mesmo” também
apresenta a função de se referir a uma porção textual de maior extensão,
mas não a função de se referir a um substantivo. Por isso, o exemplo 1 é
considerado adequado e o exemplo 2, inadequado.
56
Texto sem indicação da fonte de onde foi
retirado.
57
ESTÁGIO ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 02: GRAMÁTICA EM USO – RECURSOS SIGNIFICATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DO TEXTO
EXEMPLO
Vamos ver um exemplo em detalhe? Consideremos a classe
gramatical do substantivo. Uma função primordial dessa classe de
palavras, no texto, é estabelecer os referentes que garantem o
reconhecimento do tópico discursivo (ou seja, do assunto do texto). Então,
uma abordagem didática poderia começar mostrando os princípios da
continuidade e da progressão, que fazem parte de qualquer texto.
58
No texto seguinte, foram empregadas três pseudopalavras (palavras
inventadas) no lugar das palavras originais. Leia-o e descubra o significado
dessas pseudopalavras.
59
“hierarquia” semântica garante a resposta correta: Roberto Carlos é um
cantor; (estabeleça a relação hierárquica
PARADA OBRIGATÓRIA
Hiperônimo pode ser definido como o tipo de conjunto a que
determinado elemento pertence. Por exemplo: carro pertence ao conjunto
dos automóveis, logo automóvel é um hiperônimo de carro; dentista
pertence ao conjunto de profissionais, logo profissional é hiperônimo de
dentista.
Nos outros dois itens (3º e 4º), as relações entre os substantivos se dão
não por hierarquia propriamente dita, mas por pertencimento ao mesmo
campo semântico. No 3º, o substantivo que preenche a lacuna está
relacionado à “chave”; no 4º, a “alunos”. Trata-se, aqui, não de retomada de
um termo, mas da apresentação percebida por meio de relações de
inferência: mais uma estratégia de coesão que conta com a participação do
substantivo.
HABILIDADE 1
HABILIDADE 2
60
Perceber a função dos diferentes tipos de substantivo (singular X
plural; comum X próprio; concreto X abstrato; genérico X específico) no
texto;
HABILIDADE 3
REFLEXÃO
Se quisermos, a abordagem das classes gramaticais envolvidas nas
relações de coesão referencial pode ser ainda mais abrangente. Percebe
que os pronomes também fazem parte do processo? Seria, então, possível,
elaborar um plano didático que partisse da coesão para chegar à
gramática? Se quiser, converse com seu tutor sobre isso.
DESAFIO
Nesta aula, não tratamos do ensino funcional da sintaxe. Mas, pelo
que falamos aqui, é possível perceber fenômenos sintáticos passíveis de
um tratamento "textual": as estratégias de explicitação/apagamento do
sujeito; a ordem dos termos na frase; os usos da vírgula; valor semântico
das orações... São muitas as possibilidades. Converse com seu tutor sobre
algumas delas.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Em cada enunciado da atividade em anexo, destacou-se um vocábulo,
o qual você deve analisar. Identifique a classe gramatical do vocábulo e
indique que sentido o termo confere ao enunciado. Em sua classificação,
forneça as especificações; por exemplo, se tratar de um substantivo,
indique se é próprio ou comum, primitivo ou derivado etc.
FÓRUM
O trecho seguinte foi transcrito de um artigo produzido pelo linguísta
Carlos Franchi (2006, p. 63-64).
61
1) Nessa citação, Franchi revela uma posição contrária ao ensino de
gramática? Em seu comentário, faça remissão a algum trecho desta aula.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS: língua portuguesa.Brasília: Ministério
da Educação / Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
62
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 03: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO
VERSÃO TEXTUAL
Para que possamos nos sair bem nessa tarefa de avaliador, vamos
inicialmente procurar entender como se deu a consolidação do LD em nossas
escolas. Para tanto, precisamos voltar um pouquinho no tempo a fim de
retomar, ainda que brevemente, a história do LD na educação de nosso país.
Em seguida, vamos rever os critérios adotados para a avaliação do LD e a
proposta dos PCN e do PNLD, a fim de, munidos desses conhecimentos,
podermos proceder à análise de um dos nossos instrumentos de trabalho.
Vamos lá?
PARADA OBRIGATÓRIA
A professora Eloísa Höfling, da Unicamp, historia o percurso do
PNLD, ao discutir a implementação desse programa de política
educacional. Para a pesquisadora, a participação de grupos editoriais
privados no processo decisório de seleção e adoção de livros didáticos
compromete os objetivos e o alcance do PNLD. O artigo "Notas para
discussão quanto à implementação de programas de governo: em foco o
Programa Nacional do Livro Didático". Confira! [2] (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.)
PARADA OBRIGATÓRIA
Quer saber mais sobre os
programas de distribuição de
livros didáticos? Para o Guia
PNLD 2011 (Ensino Fundamental)
[4], Para o Guia PNLC 2012
(Ensino Médio) [5].
64
Fonte [3]
VERSÃO TEXTUAL
65
para a mudança no ensino e para estatuto que o livro didático goza hoje na
sala de aula.
MEC-USAID
PARADA OBRIGATÓRIA
Considerando as concepções de gramática e tipos de ensino que
discutimos nos tópicos 2 e 3 da aula 1, qual a concepção e o tipo de ensino
que, na sua opinião, norteavam a escola dessa época (anos 60-70)? Que
consequências trouxe para o ensino da língua portuguesa? Essas
consequências ainda são observadas nos livros didáticos que usamos hoje?
Pense sobre essas questões. Você vai voltar a elas quando for fazer análise
de um livro didático.
OLHANDO DE PERTO
“O que dá a um livro o seu caráter e qualidade didático-pedagógicos é,
mais que uma forma própria de organização interna, o uso adequado à
situação particular de cada escola; e os bons resultados também
dependem diretamente desse uso. Podemos exigir – e obter – bastante de
um livro, desde que conheçamos bem nossas necessidades e sejamos
capazes de entender os limites do LD e ir além deles.” (GUIA DE LIVROS
DIDÁTICOS - PNLD 2012, p. 13 – grifo do original)
66
Para, então, que você se sinta mais seguro diante dessa tarefa, vamos
conversar um pouco sobre os critérios balizadores do processo de avaliação,
escolha e aquisição do livro didático de língua portuguesa, assunto de nosso
próximo tópico.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO 1
Leia o artigo, de Ângela Dionísio,"Livros didáticos de Português
formam professores?". Identifique os "encontros e desencontros" a que
autora se reporta ao tratar da parceria entre professor e livro didático. Em
um quadro esquemático, aponte, em coluna própria, tanto os encontros
quanto os desencontros. Em seguida, teça um comentário sobre a
conclusão a que você chegou após conceber seu quadro. Poste o texto final,
incluindo o quadro, em seu portfólio. Não se esqueça de, em um
cabeçalho, indicar o artigo a que se refere o texto que você elaborou.
(disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol1b.pdf [6]
(Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)).
67
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 03: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO
VERSÃO TEXTUAL
Por outro lado, não ser distribuído às escolas não significa que esse tipo
de material não possa ser utilizado em sala de aula. O professor pode, e deve,
lançar mão desses outros materiais, sobretudo porque o livro didático não é
o único instrumento auxiliar da atividade docente, ainda que seja muito
importante no processo ensino-aprendizagem.
PNBE
DICA
Você conhece o Portal do Professor?
68
Criado por meio de uma parceria do MEC com o
Ministério da Ciência e Tecnologia, o Portal do
Professor é um espaço público que se destina a
armazenar ferramentas midiáticas para serem usadas
em sala de aula, bem como a apoiar professores no uso
INSTITUTO
das tecnologias da informação e comunicação (TIC)
UNIVERSIDADE
que estão, cada vez mais, conquistando espaço no
VIRTUAL
ambiente escolar.
DICA
Você pode conferir esses critérios na íntegra acessando o link [2]: ou
consultando a página 84 do Guia PNLD 2012.
69
(Guia do Livro Didático - PNLD, 2011, p. 23).
NORMAS URBANAS
ABA 1
Considerar, no processo de construção dos sentidos de um texto, as
relações que se estabelecem entre a linguagem verbal e outras linguagens
(do rádio, da televisão, do cinema, da publicidade, do computador, por
exemplo);
ABA 2
Sistematizar os conhecimentos construídos, com base na observação
do uso efetivo da língua;
70
ABA 3
Privilegiar, em função do uso como objeto de reflexão, as abordagens
discursivo-enunciativas da língua, sem se ater ao nível da frase.
DOS REGISTROS
OLHANDO DE PERTO
O Guia de Livros Didáticos PNLD 2012 (p. 16-17) lembra que um bom
LD deve desempenhar as seguintes funções:
FUNÇÃO I
71
Apresentar qualidade, correção e atualização das informações
científicas e gerais que transmite;
FUNÇÃO II
FUNÇÃO III
FUNÇÃO IV
DÚVIDA
Exibir, na capa do livro, carimbo com expressões como "Aprovado
pelo PNLD" ou "De acordo com os PCN" assegura à obra coerência entre
pressupostos teóricos e práticas metodológicas? O que o professor deve
fazer para certificar-se de que o livro selecionado realmente favorece o
trabalho com o ensino produtivo, isto é, o trabalho com a língua em
contextos de usos efetivos e reais?
DICA
Você já ouviu falar do LIVRES?
72
Para conhecer esse projeto, acesse o link [4].
73
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 03: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO
PARADA OBRIGATÓRIA
O Manual do Professor é uma peça chave para o uso adequado e
satisfatório do livro didático. Um manual eficiente deve deixar clara a
proposta didático-pedagógica que apresenta, descrever a organização
interna da obra e orientar o professor em relação ao seu uso. Além disso,
deve explicitar os fundamentos teóricos que os norteia e, ainda, indicar e
74
discutir, no caso de exercícios e atividades, as respostas esperadas. É com
um bom Manual do Professor que o LD cumpre mais adequadamente sua
função de formação pedagógica específica. (GUIA PNLD, 2012, p. 19)
LIVROS DIDÁTICOS
ENSINO DE GRAMÁTICA
Advérbio, locução adverbiais e orações adverbiais
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Expressões adverbiais, indicadoras de circunstâncias.
ENSINO DE GRAMÁTICA
ANÁLISE LINGUÍSTICA
HABILIDADE ESPERADA
ENSINO DE GRAMÁTICA
ANÁLISE LINGUÍSTICA
75
◾ Perceber que as circunstâncias podem ser sinalizadas – por meio dos
adjuntos adverbiais e de outros recursos – constituindo-se expectativas de
leitura e matizes de sentido relevantes para a compreensão global (ex.: o uso de
Na verdade, indicando a posição do locutor);
◾ Em diferentes gêneros. Há usos específicos desses recursos para atender a
propósitos distintos (ex.: notícia e fábula)
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. v. 3. 4. ed. São Paulo: Atual, 2004,
p. 289
É fácil perceber que este exercício proposto trabalha com frases soltas e
com conteúdos distintos ( (ambiguidade e concordância nominal)) , sem
promover a contextualização dos enunciados nem a sistematização do que
está sendo focalizado, como vemos, principalmente, nas questões 1 e 3.
76
refeição que ela tem para oferecer. Essa frustração é justificada porque mãe e
filhotes estariam em “sintonias” diferentes. Essa incompatibilidade,
provocada pelo fato de um interlocutor não perceber a intenção do outro,
deixa, então, de servir a possíveis reflexões que o aluno poderia fazer sobre a
quebra de expectativa dos interlocutores, uma das situações problemáticas
no circuito da comunicação, como lembra Moura Neves, 2003.
OLHANDO DE PERTO
Não podemos deixar de ressaltar que esta mesma obra de Cereja e
Magalhães apresenta também pontos positivos, conforme se depreende da
resenha apresentada aos educadores no Guia PNLD (cf. avaliação no Guia
PNLD 2012, p. 59 a 63).
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO 2
Agora é a sua vez!
DICA
Quer participar de uma discussão na web sobre o livro didático?
77
Leia o texto “No meio do caminho tinha um equívoco: gramática, tudo
ou nada” (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), de
Irandé Antunes.
VER AS PERGUNTAS
FÓRUM
78
Sendo o livro didático hoje imprescindível ao processo ensino-
aprendizagem, de que meios o professor pode lançar mão para que esse
material se torne um apoio efetivo a sua forma de conceber o ensino da
língua e ao projeto político-pedagógico da escola? Reflita sobre essa
questão e coloque suas reflexões no fórum. Interaja com seus colegas
comentando as respostas que eles derem.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São
Paulo: Parábola Editorial, 2003.
79
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
80
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
PARADA OBRIGATÓRIA
O professor Jean-Paul Bronckart, em visita ao Brasil no ano passado,
ao proferir a conferência “Gêneros de texto e desenvolvimento”, alertou
sobre as posições extremistas no ensino da língua: “Antes era ensinar
81
gramática sem se preocupar com o texto. Hoje há uma forte concentração
no ensino da produção de texto e se minimizou o ensino da gramática. É
improdutivo. Não se pode passar de um extremismo a outro. O sucesso do
ensino depende da capacidade de articular o ensino da língua ao ensino do
texto”.
82
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
83
língua (culta/não padrão) e dos fatores que condicionam as variedades
linguísticas (de idade, de região, de nível socioeconômico, entre outros).
Para que possamos entender melhor o que está sendo proposto, vejamos
a seguir uma atividade elaborada para trabalhar com o gênero receita e o
emprego do modo verbal imperativo.
EXEMPLO 1
Leia o texto (Adaptada de uma atividade elaborada por alunos do
Curso de Letras da UFC para a disciplina 'Gêneros Textuais e Ensino') a
seguir:
TEXTO I
Ingredientes:
Preparo:
1. Responda:
84
a) O texto acima pertence a que gênero? Que características permitem
reconhecê-lo como tal?
TEXTO II
RECEITA DA FELICIDADE
Ingredientes:
◾ 1 xícara de serenidade
◾ 3 colheres de sopa de paciência
◾ 2 xícaras de caridade
◾ 4 colheres de compreensão
◾ 1 dose de respeito
◾ a mesma medida de tolerância
◾ 1 dúzia de amor
◾ 1/2 litro de carinho
◾ 3 copos de alegria
◾ 1 kg. de fé
◾ 2 kg. de pensamento positivo
◾ 1 pitada de inteligência
◾ e muita humildade para semear.
Preparo:
Rendimento:
Fonte [1]
85
g) Em relação à linguagem empregada, que diferença há entre os dois
textos?
Observe:
Texto I
Texto II
Veja:
Responda:
86
Vem pra caixa você também, vem!
Agora compare:
(i) Desce já daí, menino, que você pode cair. (uma mãe da região
sudeste falando para seu filho)
(ii) Desça já daí, menino, que você pode cair. (uma mãe da região
nordeste falando para seu filho)
3. Conclua:
POSSÍVEIS RESPOSTAS
d) Receita (culinária).
87
f) No texto I, há predominância de substantivos concretos; no texto II,
de substantivos abstratos.
2. a) você
b) Não
OLHANDO DE PERTO
Sobre a variação no uso do imperativo no português brasileiro, leia o
artigo "O uso do modo imperativo em revistas em quadrinhos do Menino
Maluquinho" [2] (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.), de Jeferson Alves.
DICAS
Quer conhecer outra proposta de trabalho com a gramática a partir de
um gênero textual específico?
Os gêneros que podem ser explorados em sala de aula não são somente
os que se apresentam impressos, em livros, jornais ou revistas. Há uma
variedade de gêneros na web, ainda que nem sempre saibamos como nomeá-
los, que possibilitam trabalhos bem interessantes em sala de aula. Quer ver
como isso é possível? Veja, então, o exemplo a seguir.
88
EXEMPLO 2 (ESTA ATIVIDADE TAMBÉM PODE SER APLICADA EM SALA DE
AULA, DESDE QUE SE TENHA ACESSO À INTERNET PARA QUE OS ALUNOS
POSSAM ASSISTIR AO VÍDEO INDICADO)
1. Respondam oralmente:
g) Que relação este vídeo pode ter com uma aula de língua
portuguesa?
89
Com acento agudo Com acento circunflexo
Oxítona: Oxítona:
Paroxítona: Paroxítona:
Proparoxítona: Proparoxítona:
DESAFIO
A exemplo da proposta apresentada para trabalhar o vídeo "A revolta
da letra i" e com base no artigo de Carnin, Macagnan e Kurtz (2008),
elabore uma atividade para o vídeo "Assalto a língua portuguesa",
disponível em:
http://www.youtube.com/embed/xKPigUEkCqU
OBSERVAÇÃO
Ao trabalhar com os gêneros, o professor deve evitar o que chamamos
"didatização do gênero", isto é, a focalização somente nos aspectos
formais, aqueles mais prototípicos, ligados à estruturação do gênero. O
professor não deve deixar de explorar a dinamicidade e plasticidade dos
gêneros bem como seus contextos de produção e circulação.
90
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
91
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
TÓPICO 03: O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA A PARTIR DE TEXTOS PRODUZIDOS POR ALUNOS
VERSÃO TEXTUAL
92
O texto em análise é um artigo de opinião e representa, portanto, o
discurso da esfera jornalística. Devemos inicialmente verificar se a
organização do texto e a linguagem empregada atendem satisfatoriamente à
situação de interação determinada (um articulista que escreve para
determinado jornal para se posicionar a respeito de um assunto de ordem
cotidiana) e consequentemente às características do gênero.
1º PROBLEMA
"sem se adequar a legislação" (l.04-05) / "se adequarem as regras do
Patrimônio da União" (l. 09);
2º PROBLEMA
"ultrapassando os limites. Onde o juiz federal, sentenciou..." (l.07-08)
CONTRIBUIÇÃO
93
Para trabalhar com a regência verbal, clique aqui
EXEMPLO 1
EXEMPLO 2
EXEMPLO 3
DÚVIDA
Nesse fragmento, o pronome "onde" está retomando algum termo
com ideia de lugar?
94
Acontece que os pronomes relativos, como já dissemos, têm uma
importante função no estabelecimento da coesão referencial. Basta observar
os exemplos (1), (2) e (3), nos quais o pronome "onde" ajuda a construir a
articulação entre as informações que estão sendo apresentadas e faz, dessa
forma, o texto progredir.
CONTRIBUIÇÃO
Para trabalhar com a diferença entre o uso culto e o uso não
padrão do pronome relativo "onde",clique aqui
EXERCITANDO
Pesquise e encontre outros exemplos de uso inadequado do pronome
relativo "onde".
96
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
• Você deve contar o acontecido ao patrão, mas não pode parecer como
culpado, pois tem medo de que ele o demita.
Que frase você utilizaria para dar essa notícia ao seu patrão?
97
Relato II: Lu, o Décio te traiu.
(b) Encontrei um guarda, perguntei a ele onde ficava a rua e ele não
sabia dizer a rua que eu procurava.
(c) Quando encontrei um guarda, perguntei onde que ficava a rua que
eu procurava, então ele respondeu não saber.
98
II. O horário de verão não representa economia de energia no
Nordeste. (oração subordinada concessiva da oração principal)
99
EXEMPLO 3 (PARA TRABALHAR RELAÇÕES SEMÂNTICAS E
ESTRUTURAÇÃO DE PERÍODOS)
→ as orações A e B do trecho I:
ITEM 1)
100
ITEM 2)
ITEM 3)
101
conhecimento sobre as regras de funcionamento da língua, bem como a
compreensão sobre seu uso e função, é imprescindível. Ainda que o aluno
não decore essas regras nem saiba fazer uma exposição sobre elas, a reflexão
sobre seus usos leva à gramática internalizada de que falamos na aula 1.
LEITURA COMPLEMENTAR
Luís Fernando Veríssimo, na crônica "O gigolô de palavras" [1], trata,
de forma bem-humorada, da relação do escritor com a gramática e encerra
seu texto com essas palavras: A Gramática precisa apanhar todos os dias
para saber quem é que manda.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Escolha 2 exemplares de um mesmo gênero textual. Identifique
fenômenos linguísticos recorrentes nesse gênero textual. Elabore, então,
uma atividade para trabalhar com esses textos de modo a contemplar
questões sobre o gênero e sobre a gramática nesses textos.
FÓRUM
Vamos trocar ideias sobre o ensino de análise linguística nas escolas?
LEITURA COMPLEMENTAR
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
REFERÊNCIAS
ALVES, Jeferson da Silva. O uso do modo imperativo em revistas em
quadrinhos do Menino Maluquinho. Letra Magna, Revista Eletrônica
de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e
Literatura, ano 5, n. 10, 1º sem. 2010.
103
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
LIÇÃO 1
CONTRIBUIÇÃO
104
Compartilhar. V.t. d. e t.d. e i. 1. Ter ou tomar parte em; participar de;
partilhar, compartir: Compartilhando a sorte do marido, com ele partiu
para o degredo; Compartilha sua riqueza com os amigos. T. i.2. Ter ou
tomar parte: participar; compartir: Compartilhar da alegria de alguém.
As abreviaturas significam:
CLIQUE AQUI
EXEMPLO 1: IMPLICAR
EXEMPLO 2: ASSISTIR
Seu amigo pode implicar com a sua opinião, mas não com a regência!
Mas os gramáticos implicam com ela: o padrão seria "Assisti A um filme
genial". No caso do verbo assistir, o seu uso sem preposição já está de tal
forma disseminado que a mudança já se consagrou. Mesmo assim, em
textos mais formais (ou que valem nota, como um exame de vestibular, por
exemplo), o melhor é você mostrar que domina as variedades da língua e
usar a preposição.
EXEMPLO 3: IR
105
Quando é importante dominar a regência padrão? Pelo que foi mostrado
até aqui, você já deve ter percebido que o domínio da regência padrão é
essencial em situações de comunicação formal (principalmente, as que
envolvem a escrita). Em textos que escrevemos para sujeitos que dominam a
norma culta, o ideal é que utilizemos as regras de regência como recomenda
a gramática. Isso vale, por exemplo, quando escrevemos algum texto para ser
publicado em jornal; ou quando escrevemos representando um grupo (um
aluno que escreve em nome da sua escola); ou, ainda, em avaliações de
produção textual que solicitam um texto formal.
a) simpatizar
b) compartilhar
c) conviver
d) apavorar-se
e) identificar-se
f) adequar-se
g) ter acesso
h) ter horror
i) ter confiança
j) ser contrário
k) dar contribuição
l) estar certo
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preposição antes do pronome relativo seja um fato normal mesmo na
variedade culta informal, a gramática assim recomenda escrever:
DÚVIDA
Uma outra coisa deve ser observada em relação à regência: o acento
indicativo da crase. O que isso significa?
EXERCÍCIO
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ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 04: PROPOSTAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
LIÇÃO 2
VARIEDADES DA LÍNGUA
Observe:
DÚVIDA
Você sabe por que isso acontece?
EXEMPLO
Observe:
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ii. "Eu quero uma casa no campo/ onde eu possa compor muitos rocks
rurais" (Zé Rodrix / Tavito)
(d) Ideal para longas caminhadas, a orla permite uma visão da bela Baía
Norte e conta com uma ciclovia onde bicicletas e patins disputam o espaço
democraticamente.
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(e) Há vários lugares no mundo onde se vive muito bem.
(f) Fez várias declarações de amor, onde fica evidente o desejo de reatar
o namoro.
Veja o exemplo:
Reescritura:
EXERCÍCIO
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