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Aula 07

Medicina Legal p/ Polícia Civil - MG (Investigador)


Professor: Fatima Albuquerque Taufick

05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa


Noções de Medicina Legal para Polícia Civil/MG
LEITURA PRÉ-PROVA - Parte II
Profª. Fatima Albuquerque Taufick

AULA 07
LEITURA PRÉ-PROVA - PARTE II

LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO

I. DANO CORPORAL DE NATUREZA PENAL

Âmbito médico-jurídico de natureza penal: caracterizar, no dolo ou na culpa, um


ato ilícito contra a integridade física ou a saúde do indivíduo, como proteção da
ordem pública e social (extensão, gravidade e perenidade da lesão).
“Lesão” (médico-legal): alteração ou desordem da normalidade, de origem
externa e violenta, capaz de provocar um dano à saúde em decorrência de
culpa, dolo, acidente ou autolesão.
“Lesão” (doutrina penal + medicina legal): alteração do equilíbrio
biopsicossocial, traduzida por uma consequência de um ato violento causador,
direta ou indiretamente, de um dano à integridade física ou à saúde de alguém,
ou ainda o agravamento ou a continuidade de uma perturbação já existente.

CONCEITOS BÁSICOS:
Violência: qualquer resultado causado por meios físicos, químicos, físico-
químicos, bioquímicos, biodinâmicos ou mistos.
Causa: leva a resultados imediatos e responsáveis por determinadas lesões
(nítida relação de causa e efeito).
Concausa: conjunto de fatores (anatômicos, fisiológicos ou patológicos,
preexistentes ou supervenientes) aptos a modificar o curso natural do resultado.
Não são consequência natural do ferimento. O agente desconhecia estes fatores
ou, conhecendo-os, não tinha como evitá-los.
 Concausas Preexistentes: (ex: o portador de um baço gigante que se
rompesse com um leve soco no abdome, o que não aconteceria com um
indivíduo sem essa condição).
- Anatômicas: anomalias orgânicas (exs: inversão visceral, malformação
congênita de um órgão).
- Fisiológicas: provenientes de alterações funcionais capazes de contribuir
negativamente para o agravamento das lesões (exs: fadiga,
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convalescença, gestação, puerpério, repleção da bexiga).


- Patológicas: advindas de uma morbidade existente (exs: tuberculose,
aneurisma da aorta, hemofilia, diabetes).
Os argumentos em favor das concausas preexistentes somente se
justificariam se essa condição era desconhecida pelo agente e se a mesma
lesão fosse, por si só, incapaz de produzir o mesmo dano em uma pessoa
normal.
 Concausas Supervenientes: (ex: um pequeno ferimento que levasse à
infecção pelo tétano).

"Concausa voluntária": agravamento de determinadas lesões por negligência,


imprudência ou imperícia da vítima ou de terceiros, sendo que essas lesões, por
si sós, não apresentariam maior gravidade.
Genival França: o agente não poderia ser responsabilizado pela demora da cura
ou pelo dano consequente.

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Genival França: "lesão agravada pelo resultado" = situa-se entre a concausa


preexistente e a superveniente, cujas causas seriam contemporâneas ao evento,
e não anteriores ou posteriores a ele.

O objeto da tutela penal é a integridade biopsíquica do ser humano, não apenas


em sua acepção individual, mas no interesse social representado pela vida e pela
saúde de toda a sociedade.

1. LESÕES LEVES:
Conceito de exclusão: não apresentam nenhum dos resultados dispostos nos §§
1° e 2° do art. 129 do CP. Lesões superficiais e de pequena monta, com
comprometimento apenas de pele, tela subcutânea e pequenos vasos
sanguíneos, com pouca repercussão orgânica e rápida recuperação.
Tendência atual: "lesão corporal" ≠ "lesão insignificante" (para poupar o
Judiciário de ações penais inúteis e inconsequentes, tendo-se por fundamento o
princípio da insignificância).
Em situações de lesões corporais leves, o exame médico-legal é dispensável.

2. LESÕES GRAVES:
Ocorrência de uma das seguintes eventualidades (art. 129, § 1°):

2.1) INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE


TRINTA DIAS:
Não se refere somente às ocupações profissionais, mas a qualquer atividade
funcional habitual (podem ser sujeitos passivos o recém-nascido, o
desempregado, o estudante o idoso aposentado etc.). Não é necessário que seja
uma incapacidade total, mas que comprometa uma ocupação habitual que
incapacite a vítima (ainda que parcialmente) e afaste-a de suas atividades (física
ou psiquicamente). Basta que a vítima fique impossibilitada de exercer suas
ocupações habituais por mais de 30 dias.
2.2) PERIGO DE VIDA:
Conjunto de sinais e sintomas clinicamente demonstráveis de uma situação
concreta de morte iminente (uma ameaça imediata de êxito letal).
Ocorre quando, no decorrer de uma perturbação advinda de uma agressão à
integridade física ou à saúde, há o agravamento das condições orgânicas da
vítima a ponto de se presumir um provável desenlace fatal.
Sintomas e sinais graves e indiscutíveis de grandes repercussões sobre a vida
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orgânica, em que as funções vitais estejam indiscutivelmente ameaçadas


(probabilidade efetiva e concreta de morte).
Risco de vida ("perigo do perigo"): presunção, probabilidade remota,
prognóstico, hipótese condicionada a possíveis complicações. Deve ser imediato e
existente, nunca remoto e condicionado. Considerar também as possibilidades
estatísticas de um resultado fatal. Para o efeito jurídico-penal, há de ser atual e
contemporâneo da produção da lesão.
Em tese, há perigo de vida em:
 coma;
 asfixia;
 hemorragias agudas;
 ferimentos das grandes cavidades com graves lesões viscerais;
 fratura alta da coluna vertebral;
 traumatismo cranioencefálico com sinais e sintomas de comprometimento
do sistema nervoso central;
 choque;
 queimaduras em mais da metade da superfície corporal.

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2.3) DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO:


Debilidade: enfraquecimento, redução ou debilitação da capacidade funcional ou
de uso de um membro, sentido ou função, de caráter permanente. Considerar
o significado fisiológico (função), e não meramente anatômico.
 Membros: os quatro apêndices do corpo (superiores e inferiores);
 Sentido: faculdade pela qual percebemos as manifestações da vida de
relação;
 Função: mecanismo de atuação dos órgãos, aparelhos e sistemas.
Genival França: nem toda debilidade permanente de membro, sentido ou função
deve ser classificada como lesão grave. Se ela não chega a 3% de redução da
capacidade funcional, considerando o indivíduo como um todo, seria uma lesão
leve. No entanto, se uma debilidade permanente ultrapassa o limite teórico dos
70%, deve ser considerada como perda ou inutilização, e, consequentemente,
classificada como uma lesão gravíssima.
2.4) ACELERAÇÃO DO PARTO:
antecipação da expulsão do feto, com vida, motivada pela agressão física ou
psíquica à parturiente.
 o agente deve ter conhecimento da gravidez da vítima = lesão grave;
 se o agente ignorar esta condição = lesão leve.

3. LESÕES GRAVÍSSIMAS: (CP, art. 129, § 2º).


Devem resultar em:

3.1) INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO:


Danos permanentes e incapacitantes (ou muito restringentes), de natureza grave,
que impedem que a pessoa exerça qualquer atividade laboral (e ainda onerá-lo
pela dependência de terceiros).
Critérios para a constatação de invalidez total e permanente:
 persistência ou agravamento dos sinais e sintomas;
 constatação dos exames subsidiários;
 tempo de doença;
 insucesso terapêutico;
 local e extensão do dano.
Genival França: a lei refere-se à incapacitação para o trabalho genérico (que pode
ser exercido por qualquer pessoa, independente de especialização).
3.2) ENFERMIDADE INCURÁVEL:
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Perturbação nosológica produzida por meio violento, com repercussão sobre uma
ou mais funções orgânicas, de grave comprometimento à saúde e de caráter
permanente. "Incurável": prognóstico de certeza, e não de mera probabilidade, ou
ainda quando o processo de cura é muito lento (podendo levar vários anos) ou
incompatível com os recursos da vítima ou com os meios médicos disponíveis em
nossa realidade.
Debilidade: compromete a parte - não repercute sobre a saúde - é um resíduo.
Enfermidade incurável: compromete o todo - perturba a higidez - é um
processo.
3.3) PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO:
Mais sério do que a debilidade, acarreta dano em grau máximo em sua
funcionalidade. Pode ocorrer pela perda de membro, sentido ou função, incluindo a
permanência destes, porém sem utilidade. A debilidade, excedendo 70% do
conjunto, tem sua função considerada como perdida ou inutilizada.
Lembrar que a legislação penal enfatiza, atualmente, o significado do uso ou da
função do órgão, e não sua simples existência anatômica.

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3.4) DEFORMIDADE PERMANENTE:


Deformidade para a qual não existe reparação, de natureza permanente,
duradoura, caso não exista tratamento. Exemplos: uma cicatriz na face, a
enucleação de um olho (retirada de todo o globo ocular).
Prejuízo estético: alteração morfológica ou funcional que se destaca, mas não
causa maior vexame ou repulsa, apenas prejudica a boa aparência.
Deformidade: alteração estética grave, que reduz acentuadamente a estética
individual, acarretando humilhação e desgosto decorrentes do “enfeamento”. Seus
elementos são a localização, a qualidade e a quantidade da deformação e a
permanência. O dano estético configura-se um dano moral.
Genival França: características agravantes da deformidade = a localização, a
extensão, a cor, a profundidade, a mutilação, a retração e o afundamento.
Elementos essenciais da deformidade = a face, a qualidade e a quantidade da
deformação e a sua permanência.
Não importa a parte do corpo em que esteja localizada a deformidade, basta que
ela possa eventualmente ser vista.
Aleijão: algo repulsivo, horripilante, que pode causar asco, repugnância ou
humilhação. Seria uma irregularidade, uma monstruosidade caracterizada pela
ausência ou deformação de uma peça anatômica (um pedaço do corpo) com
significativo valor estético.
3.5) ABORTO:
Lesão corporal seguida de aborto (aborto preterintencional), qualquer que seja a
idade do feto, quando a gravidez é conhecida ou manifesta.
Genival França: expressão aborto (lei se pauta no resultado); descaracterização
do agravante no caso de o produto da concepção ser degenerado, ter inviabilizada
a possibilidade de vida própria ou já se encontrar morto.

LESÕES CORPORAIS CULPOSAS:


Causadas pela imprudência, negligência ou imperícia do agente. Não há
gradação da pena no que tange à quantidade e à qualidade do dano, tampouco
gradação da lesão em leve, grave e gravíssima, mas sim a determinação da
intensidade da culpa.
Objetivo da perícia:
1) Considerar o dano: descrever detalhadamente as lesões, com ênfase no
aspecto funcional dos segmentos ou órgãos.
2) Estabelecer a relação de causalidade (nexo causal): nexo entre a ação e seu
resultado. “Causa”: ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
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3) Caracterizar a previsibilidade do dano: estabelecer o grau de previsibilidade


do dano, levando em consideração as circunstâncias.
4) Respostas aos quesitos:1) Se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do
paciente; 2) Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa; 3) Se resultou
em incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias; 4) Se
resultou em perigo de vida; 5) Se resultou em debilidade permanente ou perda
ou inutilização de membro, sentido ou função; 6) Se resultou em incapacidade
permanente para o trabalho, enfermidade incurável ou deformidade
permanente.

LESÕES CORPORAIS SEGUIDAS DE MORTE (art. 129, § 3º do CP):


O agente age com dolo no que tange às lesões corporais (dolo no antecedente),
mas o resultado da morte é culposo (culpa no consequente). Elementos do tipo:
uma lesão corporal dolosa - um resultado morte não desejado – a previsibilidade
do evento como improvável.

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As lesões devem ser causa eficiente de morte e as circunstâncias devem


demonstrar que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-
lo.

PERÍCIA DA DOR: a mensuração e o diagnóstico da dor são bastante


subjetivos.
Antigamente: analisar a mímica, os batimentos cardíacos, o pulso e a pressão
arterial do paciente.
Atualmente: sinais da dor.
SINAL de MANKOF PULSO / COMPRESSÃO LOCAL
SINAL de LEVI PUPILA / COMPRESSÃO LOCAL
SINAL de MÜLLER CÍRCULO / COMPRESSÃO LOCAL - SIMULAÇÃO
SINAL de IMBERT PULSO / DOR PERNA E BRAÇO
Sinais físicos: manifestações subjetivas do fenômeno doloroso (modificação do
humor, expressão dolorosa, proteção da região sofrida e forma, consistência e
modificações do local doloroso).
Os meios mais atuais de mensuração da dor utilizam estímulos térmicos,
elétricos e químicos.
Imagem infravermelha no diagnóstico da dor: bom método de medir a
termogênese no sistema biológico (não identifica nem quantifica o fenômeno
“dor”, mas permite demonstrar a existência de uma perturbação fisiológica
capaz de explicar a emissão de sensações dolorosas).

EXAME COMPLEMENTAR: quando o 1° exame pericial for incompleto ou houver


dúvida sobre a condição necessária para configurar a “incapacidade para as
ocupações habituais por mais de 30 dias”. Finalidade:avaliar situações em que
as lesões corporais não foram ou não puderam ser bem classificada.

II. DANO CORPORAL DE NATUREZA CÍVEL: busca reparar a perda


econômica imediata, a cessação do lucro ou do ganho em face da incapacidade
temporária ou definitiva e a depreciação que a vítima sofre em suas relações
sociais e profissionais, em função das ofensas físicas ou psíquicas. Perícia deve
avaliar não somente o dano corporal, mas as consequências deste na vida
relacional da vítima.
Responsabilidade civil = tese da responsabilidade sem culpa (o causador do
dano somente se escusa da obrigação de indenizar se excluído o nexo de
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causalidade).
Elemento central = dano (alteração ou perturbação da integridade física ou
psíquica de outrem, em que seja possível a responsabilização civil).
Dano pessoal patrimonial ou econômico e extrapatrimonial ou existencial.
O dano patrimonial ou econômico: prejuízos materiais da vítima (dano
emergente e lucro cessante).
O dano extrapatrimonial ou existencial ("prejuízos particulares") dor física,
injúria, sofrimento moral, dano estético, comprometimento da reputação e da
dignidade pessoal, expectativas/prejuízos futuros e de afirmação pessoal.
Deve-se avaliar o dano corporal no que tange à incapacidade temporária, à
incapacidade permanente, ao dano estético, ao prejuízo de afirmação pessoal e
ao prejuízo futuro, consignando-se o nexo de causalidade e o estado anterior da
vítima.

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DANO CORPORAL DE NATUREZA CÍVEL:


INCAPACIDADE Tempo em que o indivíduo se mantém impossibilitado de
TEMPORÁRIA exercer suas atividades habituais por motivo de doença ou
(alterações acidente, necessitando de tratamento ou convalescença.
temporárias de um A incapacidade pode ser total ou parcial, genérica ou
déficit funcional) profissional e se traduz pelo tempo necessário para a
realização do tratamento clínico, cirúrgico ou reparador.
QUANTUM Apreciação na parte da discussão e qualificado em 1 a 5,
DOLORIS considerando-se a análise e a valorização da história clínica,
os atos médicos realizados e a repercussão proveniente dos
sofrimentos físicos, psíquicos e morais.
INCAPACIDADE Caracteriza o dano como de prejuízo permanente, traduzido
PERMANENTE por um estado de natureza deficitária sob o aspecto
(alterações anatomofuncional ou psicossensorial, no âmbito genérico ou
permanentes das profissional.
integridades física Pode ser total ou parcial, genérica ou específica.
e psíquica) Considerar indicação de assistência de terceiro.

DANO ESTÉTICO Considera a lesão e sua localização e permanência, e os


fatores extrínsecos relacionados às condições pessoais da
vítima (maior ou menor dano).
Genival França: classificação de 1 a 7 (insignificante, leve,
moderado, médio, suficientemente importante, importante e
muito importante).
Doutrina civil: considera a localização da lesão, o sexo, o
estado civil, a capacidade de contrair matrimônio, a profissão,
a incapacidade para o ofício ou profissão, a diminuição do
valor de um tipo determinado de trabalho, o status social, a
idade, a beleza anterior, a cor da pele, a possibilidade de
correção e se o dano se mostra de forma estática ou
dinâmica.
Genival França: o dano estético seria considerado um dano de
natureza existencial, mas quando esse dano estético passa a
interferir no rendimento econômico do indivíduo, transforma-
se, então, em um dano patrimonial.
PREJUÍZO DE Controverso na doutrina (ou não seria considerado parâmetro
AFIRMAÇÃO de avaliação médico-pericial ou a perícia deve avaliar a perda
PESSOAL que o dano acarreta para os incapacitados, no que se refere a
(prejuízo das seus hábitos e habilidades antes da agressão).
atividades
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desportivas e de
lazer)
PREJUÍZO Não deve ser hipotético, mas certo.
FUTURO É possível avaliá-lo caso o dano seja quantitativa e
qualitativamente mensurável por meio de critérios
diagnósticos e prognósticos confiáveis.
INCAPACIDADE Repercussão do dano (temporário ou permanente) no
PARA AS exercício das atividades profissionais.
ATIVIDADES
PROFISSIONAIS
PREJUÍZO Diminuição ou perda da atividade sexual, sem se considerar a
SEXUAL capacidade de fertilização.

DEPENDÊNCIA Um terceiro pode ser necessário para o apoio à vítima de


DE TERCEIRA diminuição acentuada ou perda da autonomia física ou
PESSOA psíquica.

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PERDA DE Prejuízo eventual e hipotético, um dano projetado no futuro


CHANCE DE (diferente do “prejuízo futuro”, que seria um dano certo).
CURA OU DE
SOBREVIDA
OUTRAS Incapacidade ou minusvalia para os atos essenciais da vida
MODALIDADES cotidiana, para as atividades afetivas e familiares, para as
DE PREJUÍZO atividades escolares ou de formação, para as atividades
profissionais, dentre outras.

NEXO DE Relação entre dano e agressão.


CAUSALIDADE Teoria mais aceita: causalidade adequada ("decorrência
natural e razoável das coisas" ou "resultado mais provável"),
que afasta as causas fortuitas e de força maior devido ao seu
caráter de anormalidade, imprevisibilidade e atipia.
Necessário que:
 a lesão tenha sido produzida por determinado
traumatismo;
 a lesão tenha uma etiologia traumática;
 haja correlação entre o local do traumatismo e a sede da
lesão;
 haja relação de temporalidade;
 exista uma lógica anatomoclínica de sinais e sintomas
típicos;
 seja excluída a preexistência de danos referentes ao
traumatismo;
 inexista uma causa estranha à ação traumática.
ESTADO Condições físicas e psíquicas da pessoa anteriormente à
ANTERIOR DA agressão.
VÍTIMA Genival França: tendência atual de considerar a avaliação de
dano corporal nas questões cíveis de forma personalizada.

TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL

Estuda a morte e o morto, e suas repercussões na esfera jurídico-social.


Morte: cessação total e permanente das funções vitais.
Morte encefálica: coma irreversível, ausência de reflexos, cessação da
respiração natural, falta de estímulos e respostas intensas e EEG isoelétrico por
+ de 6 horas. 05608175760

Critérios para o conceito de morte propostos por França:


1. Ausência total de resposta cerebral, com perda da consciência (EEG plano
com intervalo de no mínimo 24 horas) - Não se aplica a: menores de 2 anos,
hipotermia, drogas depressoras do SNC, encefalites e distúrbios metabólicos
ou endócrinos;
2. Abolição dos reflexos cefálicos, hipotonia muscular, pupilas fixas e não
reagentes à luz;
3. Ausência de respiração espontânea por 5 minutos, após hiperventilação
com oxigênio 100%, seguida da introdução de um cateter na traqueia, com
fluxo de 6 litros de O2 por minuto;
4. Causa do coma conhecida;
5. Estruturas vitais do encéfalo lesadas irreversivelmente.

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Exames Complementares:
 Eletroencefalograma: ausência de atividade elétrica.
 Potencial evocado: exame de eleição, prático, quando houver pendências
legais ou necessidade de diagnóstico precoce.
 Angiografia de quatro vasos encefálicos: ausência de fluxo sanguíneo.
 Ultrassonografia: ausência de circulação sanguínea das carótidas.

Diagnóstico de morte encefálica: estabelecido pela observação clínica, pela


documentação da cessação da função cerebral por um período mínimo de 6
horas e pela ausência de atividade elétrica cerebral ou de perfusão sanguínea
cerebral (esses critérios dispensam a necessidade de reavaliações clínicas).

Resolução do CFM:
Critérios para o diagnóstico de morte encefálica: coma aperceptivo, ausência
de atividade motora supraespinhal e apneia, confirmados por exames
complementares (ausência de atividade elétrica, atividade metabólica ou
perfusão sanguínea cerebral).

DESTINOS DO CADÁVER:
Inumação simples: sepultamento.
Inumação com necropsia: obrigatória em casos de morte violenta.
Cremação: transformação do cadáver em cinzas, com o uso de fornos elétricos
especiais com alta temperatura. Não deve ser realizada em mortes violentas.

ATESTADO DE ÓBITO: traz a confirmação e a definição da causa da morte e


estabelece o fim da personalidade civil. Só podem atestar o óbito o médico que
assistiu o paciente durante a doença, o médico-substituto e os médicos dos
Serviços de Medicina Legal e de Verificação de Óbito. É vedado ao médico
atestar o óbito de pessoa a quem não tenha dado assistência.

SERVIÇOS DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO (SVO): atestam o falecimento dos que


não contaram com assistência médica ou quando a morte é do interesse da
saúde pública. Também registram e estimam a estatística dos tipos de morte
natural.
Nas mortes violentas, a responsabilidade é dos Institutos Médico-Legais.
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TIPO DE MORTE QUEM FORNECE A DECLARAÇÃO DE ÓBITO


Morte natural sem assistência
os médicos do SVO
médica em localidades com SVO
Morte natural sem assistência os médicos do serviço público de saúde mais
médica em localidades sem SVO próximo do local onde ocorreu o evento
o médico que prestava assistência ao paciente
Morte com assistência médica
(em alguns casos, pelo SVO)
Morte fetal os médicos que prestaram assistência à mãe
os serviços médico-legais (obrigatoriamente),
Mortes violentas ou não naturais
qualquer que tenha sido o tempo decorrido
em localidades com IML
entre o evento violento e a morte
qualquer médico ou outro profissional investido
Mortes violentas ou não naturais
pela autoridade judicial ou policial na função
em localidades sem IML
de perito legista eventual (ad hoc)

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DIAGNÓSTICO DA MORTE: cessação dos fenômenos vitais (parada das


funções cerebral, respiratória e circulatória). Os fenômenos transformativos no
cadáver são sinal de certeza de morte.

Fases evolutivas da morte:


a) morte aparente: suspensão aparente de algumas funções vitais, caracterizada
pela Tríade de Thoinot (imobilidade, ausência aparente de respiração e
ausência de circulação);
b) morte relativa: abolição efetiva e duradoura de algumas funções vitais
(recuperação de algumas é possível);
c) morte intermediária: suspensão de algumas atividades vitais (recuperação
não é mais possível);
d) morte absoluta: suspensão total e definitiva de todas as atividades vitais.

Fenômenos post mortem: mudanças físicas, químicas ou estruturais, naturais


ou artificiais:

I. FENÔMENOS ABIÓTICOS, AVITAIS OU VITAIS NEGATIVOS


(imediatos e consecutivos)
A. Fenômenos abióticos imediatos B. Fenômenos abióticos consecutivos ou
(cessação das funções vitais): mediatos (fenômenos cadavéricos):
A.1) Perda da consciência B.1) Desidratação cadavérica
A.2) Perda da sensibilidade  decréscimo de peso;
A.3) Abolição da motilidade e do  apergaminhamento da pele;
tônus muscular (face hipocrática ou  dessecamento das mucosas dos lábios;
máscara da morte).  globos oculares (mancha negra da
A.4) Cessação da respiração esclera: Sinal de Sommer e Larcher).
A.5) Cessação da circulação
A.6) Cessação de atividade cerebral B.2) Esfriamento cadavérico (algor
mortis): o cadáver tende a equilibrar sua
temperatura com a do meio ambiente.

B.3) Manchas de hipóstase cutâneas


(livor mortis): chamadas de "hipóstases
viscerais" (quando em órgãos internos).

B.4) Rigidez cadavérica (rigor mortis):


posição "atlética" do cadáver.
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Lei de Nysten: a rigidez se inicia em face,


mandíbula e pescoço, depois membros
superiores e tronco, e, finalmente,
membros inferiores. Desaparecem na
mesma ordem, quando se inicia a fase de
putrefação.

B.5) Espasmo cadavérico: rigidez


abrupta, generalizada e violenta.

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II. FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS


(contribuem para a decomposição cadavérica: temperatura, aeração, higroscopia do
ar, peso do corpo, condições físicas, idade do morto, causa da morte e ação de
bactérias e insetos necrófagos).

1. Fenômenos transformativos 2. Fenômenos transformativos


destrutivos: conservadores:
1a) Autólise (destruição celular 2a) Mumificação (processo natural,
rápida e intensa). artificial ou misto). Cadáver com peso
diminuído, pele dura, seca, enegrecida e
1b) Putrefação (decomposição enrugada, cabeça diminuída de volume,
fermentativa da matéria orgânica por traços da fisionomia apagados, músculos,
ação de germes e fenômenos tendões e vísceras destruídas e
decorrentes. Início no intestino e transformadas em pó, dentes e unhas bem
visualizada pela mancha verde conservados.
abdominal).
- período cromático ou de coloração 2b) Saponificação ou adipocera
(mancha verde abdominal). (transformação em substância amarelo-
- período gasoso ou enfisematoso escura de consistência untuosa, mole e
(gases de putrefação internos - quebradiça, com aspecto de cera ou sabão).
enfisema putrefativo - e bolhas na
epiderme). O cadáver assume a 2c) Calcificação (petrificação ou calcificação
posição de lutador. Circulação do corpo, mais frequente em fetos mortos e
póstuma de Brouardel. retidos na cavidade uterina - litopédio ou
- período coliquativo ou de "criança de pedra").
liquefação (dissolução pútrida).
- período de esqueletização (os 2d) Corificação (rara, em cadáveres com
ossos praticamente soltos, presos decomposição preservada por urnas
apenas por alguns ligamentos metálicas hermeticamente fechadas). Pele
articulares) com cor e aspecto de couro.

1c) Maceração (feto no útero, do 6º 2e) Congelação


ao 9º mês de gravidez). Pode ser
séptica ou asséptica. 2f) Fossilização

CRONOTANATOGNOSE: intervalo de tempo constatado nas diversas fases do


cadáver e o momento em o óbito se verificou.
• Esfriamento do cadáver: Em clima temperado: nas três primeiras horas, a
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temperatura diminui em 0,5°C/hora; a partir da 4ª hora, diminui em


1,0°C/hora, até que se completem as 12 horas iniciais post mortem.
• Livores de hipóstase: surgem 2 a 3 horas após a morte e fixam-se em +-
12 horas.
Rigidez cadavérica: inicia-se na mandíbula e na nuca (1ª e 2ª horas);
membros superiores (2ª a 4ª horas); tórax e abdome (4ª a 6ª horas);
membros inferiores (6ª a 8ª horas). O desaparecimento do rigor surge +- 36
a 48 horas após a morte e se desencadeia na mesma ordem (Lei de Nysten).
Genival França: faz referência, por observação própria, ao desaparecimento
da rigidez depois de 24 horas, com o início da putrefação.
• Perda de peso.
• Mancha verde abdominal: mais frequente na fossa ilíaca direita
(localização do ceco). Surge, em média, 24 a 36 h depois da morte.
Genival França: relata também o surgimento da mancha, em nosso meio,
entre 20 e 24 horas após a morte, salientando experiência própria de
aparecimento em até 18 horas depois do óbito.
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• Cristais no sangue putrefeito: surgem depois do 3º dia de morte e podem


permanecer no sangue putrefeito até 35 dias depois da morte (cristais de
Westenhöffer-Rocha-Valverde).
• Crioscopia do sangue: ponto crioscópico afasta-se com o tempo de morte.
Crioscopia normal do sangue = -0,57°C.
• Crescimento dos pelos da barba.
• Conteúdo estomacal.
• Conteúdo vesical.
• Fundo de olho: paralisação da circulação dos vasos da retina.
• Líquido cefalorraquidiano.
• Fenômenos da sobrevivência.
• Fauna cadavérica (biotanatologia): entomologia médico-legal - estudo e
aplicação de insetos e outros artrópodes no diagnóstico da estimativa do
tempo de morte.

CALENDÁRIO DA MORTE:
Corpo flácido, quente e sem livores menos de 2 h
Rigidez da nuca e mandíbula, esboço de livores e esvaziamento das de 2 a 4 h
papilas oculares no fundo de olho
Rigidez dos membros superiores, da nuca e da mandíbula, livores de 4 a 6 h
relativamente acentuados e anel isquêmico de 1/2 do diâmetro papilar
no fundo de olho
Rigidez generalizada, manchas de hipóstase, não surgimento da mais de 8 e
mancha verde abdominal e desaparecimento das artérias do fundo de menos de 16 h
olho
Rigidez generalizada, manchas de hipóstase, esboço de mancha verde mais de 16 e
abdominal e reforço da fragmentação venosa e desaparecimento das menos de 24 h
artérias do fundo de olho
Presença de mancha verde abdominal, início de flacidez e papilas e de 24 a 48 h
máculas não localizáveis no fundo de olho
Extensão da mancha verde abdominal e fundo de olho reconhecível só de 48 a 72 h
na periferia
Fundo de olho irreconhecível de 72 a 96 h
Desaparecimento das partes moles do corpo e presença de insetos de 2 a 3 anos
Esqueletização completa mais de 3 anos
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Morte natural: oriunda de um estado mórbido.


Morte violenta: ação externa ou interna (homicídio, suicídio, acidente).
Morte de causa suspeita: duvidosa, sem evidência de causa natural ou
violenta.
Morte súbita: rápida, inesperada e imediata, em um indivíduo com bom estado
de saúde aparente, devido a causas internas ou patológicas (90% são de origem
cardíaca, em adultos).
Morte agônica ou tardia: se arrasta por dias ou semanas.
Sobrevivência: tempo desde o dano até a morte efetiva.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS LESÕES IN VITAM OU POST MORTEM:


EM VIDA POST MORTEM
"reações vitais" (infiltração hemorrágica, "lesões brancas", sem hemorragias
coagulação do sangue, retratibilidade dos
tecidos, presença e tonalidade das equimoses)

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hemorragia incoagulabilidade do sangue (Sinal de


Donné)
coagulação do sangue
feridas com bordas afastadas
equimoses
escoriação com arrancamento da epiderme,
desnudamento da derme, coagulação da linfa e
formação de crosta
embolias e evolução dos calos de fratura
queimaduras com reações vitais (eritema, queimaduras sem reação vital (bolhas
bolhas com albumina e leucócitos, orla vermelha com ar ou com líquido sem leucócitos ou
ao redor e pequenas hemorragias cutâneas) albumina)

• Prova de Verderau.
• Prova histológica.
• Microscopia eletrônica.
• Prova histoquímica.
• Métodos bioquímicos (agonoquimia).

Comoriência: se duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se


podendo provar quem faleceu primeiro, presume-se que tiveram mortes
simultâneas.
Premoriência: prova de que um indivíduo morreu antes do outro (nosso
ordenamento admite a premoriência provada).

Necropsia médico-legal: procedimentos para evidenciar uma causa mortis.


Subsidia a administração da Justiça ao evidenciar a causa jurídica (homicídio,
suicídio, acidente), o tempo estimado da morte (cronotanatodiagnose), a
identificação do morto, etc. A necropsia médico-legal é exame obrigatório em
todos os casos de morte violenta ou de causa suspeita.

Embalsamamento: conservação temporária do cadáver, realizada por médico


por meio da introdução de líquidos conservadores nos vasos do cadáver.

Exumação: realizada em caráter excepcional e por imperiosos motivos.


Desenterramento do cadáver para atender a uma solicitação da Justiça na
averiguaço de uma causa de morte despercebida, no esclarecimento de um
detalhe, em prol de uma identificação, etc.
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SEXOLOGIA MÉDICO-LEGAL

Trata das questões médico-biológicas e perícias relacionadas a delitos


perpetrados contra a dignidade e a liberdade sexual.
Violência sexual (OMS): uso intencional da força ou o poder físico, de fato ou
como ameaça, contra uma pessoa ou um grupo ou comunidade, que cause ou
tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos do
desenvolvimento ou privações.

CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL


ESTUPRO
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.

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Toda pessoa constrangida mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção


carnal ou a praticar ou deixar que lhe pratique outro ato libidinoso será vítima de
estupro. O sujeito ativo e o passivo podem ser o homem ou a mulher.

As condutas antes descritas como "atentado violento ao pudor" e "estupro"


foram unificadas no Código Penal, constituindo um único e novo conceito legal
de crime de estupro. Não houve abolitio criminis quanto à conduta antes
tipificada como atentado violento ao pudor, mas, simplesmente, passou a ser
tipificada como estupro na nova redação do art. 213.

A perícia é indispensável porque o estupro é crime que deixa vestígios.

ATO LIBIDINOSO: qualquer prática que busque satisfazer o apetite sexual,


completa ou incompleta (conjunção carnal, coito ectópico, masturbação, tocar
partes genitais, contemplação lasciva, contatos voluptuosos).
CONJUNÇÃO CARNAL: introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade
vaginal, com ou sem ejaculação. Sexo oral, anal e vestibular/vulvar não são
conjunção carnal.

Estupro de vulnerável: vítimas são os menores de 14 anos ou os portadores


de enfermidade ou deficiência mental que não possuam o devido discernimento
para a prática do ato ou que não possam oferecer resistência, por qualquer
outro motivo (ainda que seja a vítima maior de idade, sã e capaz). A violência
pode ser efetiva (física ou psíquica) ou presumida (menores de 14 anos,
alienados, débeis mentais ou impedidos de resistir).
Sinais para o diagnóstico da conjunção carnal:
 Rotura do hímen.
 Presença de gravidez.
 Contaminação por DST profunda.
 Presença de esperma na cavidade vaginal.
 Constatação de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 na cavidade
vaginal.
 Comprovação da presença de espermatozóide no canal vaginal.
 Exames subsidiários (exame das vestes da vítima).

HÍMEN: membrana incompleta com estrutura mucosa que separa a vulva da


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vagina, inserindo-se nos limites do conduto vaginal com a vulva. Sua borda livre
pode se apresentar regular, irregular ou recortada, com reentrâncias: entalhes e
chanfraduras (entalhes são simétricos e chegam próximo à borda de inserção,
chanfraduras são superficiais e correm em extensão). Importante diferenciá-los
das roturas himenais!
O hímen, ao se distender além do limite de sua resistência, rompe-se em sua
borda livre ou em qualquer outra parte. O hímen complacente é capaz de
permitir penetração sem se romper.
Causa das roturas: coito ou outros motivos (traumatismos, manobra digital,
corpos estranhos, imprudência médica).
Diferenças entre rotura e entalhe:
ROTURA ENTALHE
profundidade completa na orla,
estendendo-se à inserção na parede não se estendem até as bordas da vagina
vaginal

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as bordas se encaixam e apresentam as bordas não se encaixam e se constituem


tecido cicatricial do mesmo tecido do hímen
disposição assimétrica e
disposição frequentemente simétrica e pouca
profundidade completa na orla
penetração na orla himenal
himenal
as bordas são pálidas à luz as bordas são avermelhadas à luz
ultravioleta ultravioleta (maior irrigação)
sangramento ou sinais de supuração sem sinais de cicatrização recente ou de
(se rotura recente) infecção

Carúnculas mirtiformes: retalhos cicatriciais de hímen roto pelo coito ou pelo


parto, que se retraem e formam trabéculos.

ATO LIBIDINOSO DIVERSO DA CONJUNÇÃO CARNAL:


• Coito anal: sinal mais importante = esperma no canal retal (detecção do
espermatozoide). Também: fosfatase ácida e glicoproteína P30 (PSA).
Se houver violência: equimoses e sufusões (rágades) da margem do ânus,
escoriações, sangramentos, esgarçamentos, edemas, dor ao toque retal,
Sinal de Wilson Johnston (rotura triangular com base na margem do
ânus e vértice no períneo, na união dos quadrantes inferiores) e rotura de
pregas anais.
Importante diferenciar rágades (traumáticas, agudas e múltiplas) de
fissuras anais (crônicas, únicas e em geral preexistentes).
• Coito oral: detecção de sêmen ou glicoproteína P30 ou PSA na secreção
oral, manifestações tardias de DST na mucosa bucal.
• Coito vestibular (vulvar ou interfemoral): contato do pênis com a vulva,
o vestíbulo e o períneo, com ou sem ejaculação.
• Penetração de objetos.

TRANSTORNOS SEXUAIS E DA IDENTIDADE SEXUAL


1. ANAFRODISIA: deteriorização e diminuição do instinto sexual masculino.
2. FRIGIDEZ: diminuição do desejo sexual feminino.
3. ANORGASMIA: ausência de orgasmo no homem.
4. EROTISMO: desejo sexual aumentado. Satiríase (no homem) e
Ninfomania (na mulher).
5. AUTOEROTISMO: coito sem parceiro, satisfação sexual em se imaginar um
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objeto ou uma pessoa, sem parceiro nem masturbação (coito psíquico de


Hammond).
6. EROTOMANIA: afixação em uma pessoa (paixão doentia mórbida).
7. FROTTEURISMO: encostar ou se esfregar em pessoas em aglomerações.
8. EXIBICIONISMO: vontade incontrolável e obsessiva de mostrar os órgãos
genitais em público.
9. NARCISISMO: admiração excessiva pelo próprio corpo ou personalidade.
10. MIXOSCOPIA: prazer erótico em presenciar o coito de terceiros.
11. FETICHISMO: fixação em determinada parte do corpo ou objetos.
12. LUBRICIDADE SENIL: manifestação sexual exacerbada nos idosos, em
geral relacionada a doenças. Satisfação sexual com toques e atos
obscenos, com a exibição dos genitais ou com relatos eróticos.
13. PLURALISMO: sexo com três ou mais pessoas, de ambos os sexos.
14. SWAPPING: troca de parceiros heterossexuais.
15. GERONTOFILIA : atração sexual de jovens por idosos.

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16. CROMOINVERSÃO: atração sexual obsessiva por pessoas de cor


diferente.
17. RIPAROFILIA: atração sexual por pessoas com pouca higiene.
18. DOLISMO: atração sexual por bonecas.
19. DONJUANISMO: autoafirmação por meio da exibição de conquistas
amorosas.
20. TRAVESTISMO: transtorno da identidade sexual (gratificação sexual em
usar roupas e acessórios do sexo oposto).
21. ANDROMIMETOFILIA (atração de homens por mulheres com trajes e
representação sexual de homem, adotando o pervertido o comportamento
de mulher) e GINEMIMETOFILIA (o inverso).
22. UROLAGNIA: excitação sexual relacionada a urina.
23. COPROFILIA: excitação sexual relacionada a fezes.
24. CLISMAFILIA: prazer sexual com líquidos no reto.
25. COPROLALIA: prazer sexual em proferir ou ouvir palavras obscenas.
26. EDIPISMO: ato sexual com parentes próximos.
27. BESTIALISMO: ato sexual com animais domésticos.
28. ONANISMO: impulso obsessivo à excitação dos órgãos genitais.
29. VAMPIRISMO: satisfação sexual com sangue (mordeduras).
30. NECROFILIA: atos sexuais com cadáveres.
31. SADISMO (algolagnia ativa): prazer sexual com sofrimento do parceiro.
32. MASOQUISMO (algolagnia passiva): prazer sexual com sofrimento físico
ou moral próprio.
33. PEDOFILIA: predileção sexual por crianças ou menores pré-púberes.
34. PIGMALIANISMO: obsessão sexual por estátuas.
35. HOMOSSEXUALISMO: masculino (uranismo, pederastia) ou feminino
(safismo, lesbianismo ou tribadismo). Deve, atualmente, ser considerado
como uma opção sexual do indivíduo, e não como um caso estritamente
médico, como outrora.

Distinção entre homossexualismo e intersexualismo, transexualismo e


travestismo:
Intersexualismo (sexo dúbio) = genitália externa e/ou interna são
indiferenciadas.
Transexualismo (síndrome de disforia sexual) = o indivíduo é inconformado
com seu estado sexual e não admite a prática da homossexualidade.
Travestismo = prazer no uso de roupas e imitação de atitudes do sexo
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oposto.

CRIMES CONTRA A VIDA

ABORTO
Aborto criminoso: morte intencional do ovo (produto normal da concepção até o
momento do parto). A legislação penal não faz distinção entre ovo, embrião ou
feto (será crime de aborto sempre que ocorrer intencionalmente a morte do
concepto ou sua expulsão violenta seguida de morte).
Tipos de aborto:
ESPONTÂNEO/NATURAL: involuntário - inviabilidade natural e morte do concepto
decorrente da própria natureza.
PROVOCADO: intencional - morte do feto por ato da vontade humana (própria
gestante e/ou terceiro). Pode ser legal ou criminoso.

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Conceitos referentes aos tipos de aborto:


ABORTO TERAPÊUTICO: realizado pelo médico para salvar a vida da gestante.
ABORTO SENTIMENTAL (piedoso ou moral): permitido em casos de estupro.
ABORTO EUGÊNICO: fetos defeituosos ou com possibilidades de o serem (não é
permitido pelo ordenamento, em regra).
ABORTO SOCIAL: por motivos econômicos ou sociais (não permitido).
ABORTO POR MOTIVO DE HONRA: para "manutenção da honra" (não permitido).

Anencefalia: rara malformação fetal congênita decorrente de defeito no


fechamento do tubo neural durante o estágio embriológico, ocasionando
ausência parcial do encéfalo e da calota craniana, com presença de algum
resíduo de tronco encefálico. A vida extrauterina é inviável.
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal, decidiu, com efeito vinculante, pela
possibilidade de interrupção da gravidez em casos de anencefalia fetal (não
tipifica crime de aborto).

INFANTICÍDIO: Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,


durante o parto ou logo após. A condição biopsicossocial do estado puerperal foi
considerada um fator atenuante.

Exame pericial: evidenciar os elementos constituintes do delito.


 estados de natimorto, de feto nascente, de infante nascido ou de recém-
nascido (diagnóstico do tempo de vida);
 vida extrauterina (diagnóstico do nascimento com vida);
 causa jurídica de morte do infante (diagnóstico do mecanismo de morte);
 estado psíquico da mulher (diagnóstico do chamado estado puerperal);
 comprovação de parto pregresso (diagnóstico do puerpério ou do parto
recente ou antigo da autora).

NATIMORTO: feto morto durante o período perinatal.


FETO NASCENTE: infanticídio durante o parto: o feto nascente apresenta todas
as características do infante nascido, exceto a respiração.
INFANTE NASCIDO: nasceu, respirou, mas não recebeu nenhum cuidado. O
infante nascido tem que ter respirado: se não respirou, a morte ocorreu durante
o parto ou intra-útero (trata-se, então, de feto nascente ou natimorto).
RECÉM-NASCIDO: vestígios comprobatórios da vida intrauterina.
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Provas de vida extrauterina: diagnóstico de vida independente por meio da


comprovação da respiração, por meio das docimasias (diagnóstico de uma
possível respiração ou de seus efeitos) e provas ocasionais.
Docimasias pulmonares:
A docimasia hidrostática pulmonar de Galeno é a mais prática, mais simples
e mais usada. É também a mais antiga e uma das mais seguras. Baseia-se na
densidade do pulmão que respirou e do que não respirou.
Docimasias extrapulmonares: várias, com destaque para a docimasia
hematoarteriovenosa (possível em casos de espostejamento, quando se tem
somente um membro para a perícia).
Provas ocasionais: podem ser de grande relevância para a confirmação de vida
extrauterina. As mais frequentes giram em torno da presença de lesões
variadas, de corpos estranhos nas vias respiratórias, de substâncias alimentares
no tubo digestivo e de outros indícios de recém-nascimento.

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