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Índice

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UFRN
Técnico - Administrativo em Educação
Assistente em Administração
EDITAL Nº 005/2016

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Organização do texto 1.1. Propósito comunicativo 1.2. Tipos de texto (dialogal, descritivo, narrativo, injuntivo,
explicativo e argumentativo) 1.3. Gêneros discursivos 1.4. Mecanismos coesivos 1.5. Fatores de coerência textual 1.6.
Progressão temática 1.7. Paragrafação 1.8. Citação do discurso alheio 1.9. Informações implícitas 1.10. Linguagem
denotativa e linguagem conotativa.............................................................................................................................................01
2. Conhecimento linguístico 2.1. Variação linguística 2.2. Classes de palavras: usos e adequações 2.3. Convenções
da norma padrão (no âmbito da concordância, da regência, da ortografia e da acentuação gráfica) 2.4. Organização do
período simples e do período composto 2.5. Pontuação 2.6. Relações semânticas entre palavras (sinonímia, antonímia,
hiponímia e hiperonímia)............................................................................................................................................................36
3. Produção de texto (Redação) 3.1. A Prova de Redação exigirá que o candidato produza um texto argumentativo em
prosa, segundo a norma padrão da língua portuguesa escrita, com base em uma situação comunicativa determinada, em
um dos seguintes gêneros: artigo de opinião ou carta argumentativa....................................................................................97

LEGISLAÇÃO

1. Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais.........................................................................................................................................................01

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Conhecimentos Básicos em Administração: características básicas das organizações, natureza, finalidade, níveis e
departamentalização....................................................................................................................................................................01
2. Funções do processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle...............................................04
3. Conhecimentos básicos em Administração Financeira: fundamentos e técnicas; orçamento e controle de custos.10
4. Conhecimentos básicos em Administração de Materiais e logística.............................................................................13
5. Técnicas de arquivo e controle de documentos: classificação, codificação, catalogação e arquivamento de
documentos...................................................................................................................................................................................17

Didatismo e Conhecimento
Índice
6. Elementos de redação técnica: documentos oficiais, tratamento de correspondências, normas e despachos de
correspondências e uso de serviços postais................................................................................................................................18
7. Relações Humanas no Trabalho.......................................................................................................................................40
8. Qualidade na Prestação de Serviços e no atendimento ao público...............................................................................42

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma
1. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO realidade, opinando a respeito.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias
1.1. PROPÓSITO COMUNICATIVO;
em um só parágrafo.
1.2. TIPOS DE TEXTO - Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.
(DIALOGAL, DESCRITIVO,
NARRATIVO, INJUNTIVO, EXPLICATIVO Condições básicas para interpretar
E ARGUMENTATIVO);
1.3. GÊNEROS DISCURSIVOS; Fazem-se necessários:
1.4. MECANISMOS COESIVOS; - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literá-
1.5. FATORES DE COERÊNCIA TEXTUAL; rios, estrutura do texto), leitura e prática;
1.6. PROGRESSÃO TEMÁTICA; - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
1.7. PARAGRAFAÇÃO; e semântico;
1.8. CITAÇÃO DO DISCURSO ALHEIO; Observação – na semântica (significado das palavras) in-
1.9. INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS; cluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, si-
1.10 LINGUAGEM DENOTATIVA E nonímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre ou-
LINGUAGEM CONOTATIVA. tros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.

Interpretar X compreender
Interpretação de Textos
Interpretar significa
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui al- - Através do texto, infere-se que...
guns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às - É possível deduzir que...
questões relacionadas a textos. - O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir intera- Compreender significa
ção comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ). - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es-
crito.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em - o texto diz que...
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com - é sugerido pelo autor que...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutu- - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
ração do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o - o narrador afirma...
nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é
tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original
Erros de interpretação
e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente da-
quele inicial.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de er-
ros de interpretação. Os mais frequentes são:
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências di-
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto,
retas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de
acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento
recurso denomina-se intertexto.
prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpre-
tação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas
tir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias,
argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
questões apresentadas na prova. desenvolvido.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de quentemente, errando a questão.
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
diferenças entre as situações do texto. o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
mais.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que rela- (B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não literal.
ciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referên-
palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, cia em sentido não literal.
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referên-
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. cia em sentido literal.
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome Texto para a questão 2:
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes DA DISCRIÇÃO
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de Mário Quintana
adequação ao antecedente. Não te abras com teu amigo
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação Que ele um outro amigo tem.
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen-
E o amigo do teu amigo
do, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo
Possui amigos também...
adequado a cada circunstância, a saber:
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas
2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE CO-
depende das condições da frase.
- qual (neutro) idem ao anterior. MUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o
- quem (pessoa) poema, é correto afirmar que
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o ob- (A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo
jeto possuído. ruim.
- como (modo) (B) amigo que não guarda segredos não merece respeito.
- onde (lugar) (C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
quando (tempo) (D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
quanto (montante) (E) entre amigos, não devem existir segredos.

Exemplo: 3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO –


Falou tudo QUANTO queria (correto) SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENI-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apa- TENCIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à
recer o demonstrativo O ). questão.

Dicas para melhorar a interpretação de textos Casamento

- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; Há mulheres que dizem:
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura; Meu marido, se quiser pescar, pesque,
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo mas que limpe os peixes.
menos duas vezes; Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
- Inferir; ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; de vez em quando os cotovelos se esbarram,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor com- ele fala coisas como “este foi difícil”
preensão;
“prateou no ar dando rabanadas”
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
e faz o gesto com a mão.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
Fonte: atravessa a cozinha como um rio profundo.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/co- Por fim, os peixes na travessa,
mo-interpretar-textos vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
QUESTÕES somos noivo e noiva.
(Adélia Prado, Poesia Reunida)
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular (A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não gos-
os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e ra- tam que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil lim-
inhas do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a par os peixes.
menção a (B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que
(A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de
não literal. cotovelos na cozinha.

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investi-
com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes. mentos e também erros operacionais conspiraram para produzir a
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais sim- mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia
ples do cotidiano vividos com a pessoa amada. do país desde o traumático racionamento de 2001.
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
limpar, abrir e salgar o peixe.
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto
4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – acima apresentado, julgue os próximos itens.
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 esta-
considere o texto abaixo. dos do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
(...) CERTO ( ) ERRADO
A marca da solidão
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa- 7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa NISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura,
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São
na tarde quente. Paulo.”
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua
cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e estrutura sintática, houve supressão da expressão
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos a) vigilantes.
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver b) carga.
para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o c) viatura.
mundo cabe numa fresta. d) foi.
e) desviada.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro:
Tinta negra bazar, 2010. p. 47) 8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo reduzi-
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
do no qual o menino detém sua atenção é
— Carta para o 9.326!!!
(A) fresta.
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em
(B) marca.
branco, e um outro pergunta:
(C) alma.
— Quem te mandou essa carta?
(D) solidão.
— Minha irmã.
(E) penumbra.
— Mas por que não está escrito nada?
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- — Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
PE/2012) Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a tota- ções).
lidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção de O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima
mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende decorre
a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, A) da identificação numérica atribuída ao louco.
o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no
espécie de segunda revelação do mundo. hospício.
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re- D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
1987, p. 73 (com adaptações).
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
“O riso”. — Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
(...) CERTO ( ) ERRADO — O senhor tem hora?
O sujeito olha para o relógio e diz:
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- — Sim. São duas e meia.
PE/2010) — Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu — O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga
pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma expli- o aluguel do consultório...
cação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
energia no final de 2009.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao ho-
(ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Fur- mem para saber se ele
nas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do
separam Itaipu de São Paulo. dr. Pedro.

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento 11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
do aluguel. NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa
C) tem relógio e sabe esperar. claro que
D) marcou consulta e está calmo. (A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do grupo em torno da realização de um objetivo comum.
dr. Pedro. (B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização,
pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo.
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO (C) pode não haver condições de liderança em algumas equi-
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Aten- pes, caso não se estabeleçam atividades específicas para cada um
ção: As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo. de seus membros.
(D) a liderança é um dom que independe da participação dos
Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos
componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.
e realizações de grandes personagens da história e da vida so-
cial ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas 12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da
grandes líderes, capazes de influenciar outras e, assim, obter e liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
manter o poder. No contexto, inter-relação significa
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria (A) o respeito que os membros de uma equipe devem demons-
das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver con- trar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem em
sideravelmente as suas capacidades de liderança. benefício de todo o grupo.
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que (B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um grupo
aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, formam devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela organi-
uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas habili- zação a que prestam serviço.
dades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das experiên- (C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe,
cias da vida, quanto da formação voltada para essa finalidade. de modo que os mais capacitados colaborem com os de menor
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve capacidade.
duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem (D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma
atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos.
13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe
proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o com- proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo)
portamento influenciado por um escritor ou por um líder religioso A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...] (A) a presença física de um líder natural é fundamental para
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do po- que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
der de influência do líder, implica dizer que parte desse poder en- (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
contra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diver-
a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança. sos.
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que exis- (C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
te nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que houver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia
se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...] e aquele que é influenciado.
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. (D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e pos-
Gestão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administra- tas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia.
ção pública do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira
e Maria Cristina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São 14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações) FGV PROJETOS/2010)

Painel do leitor (Carta do leitor)


10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
Resgate no Chile
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o
texto, liderança Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de sal-
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser vamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de uma
desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu mina de cobre e ouro no Chile.
ambiente de trabalho. Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso,
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis da mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus
história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se torna- companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica
ram poderosos através deles. e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo à equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que só
adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que cons- enobrece esses países. E, também, dos dois médicos e dois “socor-
tituem a equipe de trabalho. ristas” que, demonstrando coragem e desprendimento, desceram
(D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos na mina para ajudar no salvamento.
quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses (Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel
grupos em torno de seus objetivos pessoais. do leitor – 17/10/2010)

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões (C) comercial e movimentado.
demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por (D) bucólico e sossegado.
ele narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos tre- (E) opressivo e agitado.
chos a seguir, EXCETO:
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” 18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
mina...”

(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO


– VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 15 a 17.
Férias na Ilha do Nanja
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas
nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensan-
do nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras* – sem fa-
lar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as pedras (Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto
soltas e as barreiras... Alegre: L&PM, 1976. p. 95.)
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto
trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim, A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista mi-
cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande ci- neiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar que o tema
dade, isto que já está sendo a negação da própria vida. apresentado é
E eu vou para a Ilha do Nanja. (A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as (B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce (C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas.
como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo
(D) a massificação do pensamento na sociedade moderna.
os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a
namorar um moço na outra janela de outra ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado) Resolução

*fissuras: fendas, rachaduras 1-)


Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do sécu-
15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA- lo 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”.
LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte,
maneira como se preparam para suas férias, a autora mostra que literalmente.
seus amigos estão
(A) serenos. RESPOSTA: “B”.
(B) descuidados.
(C) apreensivos. 2-)
(D) indiferentes. Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informação con-
(E) relaxados. tida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser arris-
cado.
16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
LHO – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar RESPOSTA: “D”.
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
3-)
(B) escapar do lugar em que está.
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora nar-
(C) reencontrar familiares queridos.
(D) praticar esportes radicais. ra um momento simples, mas que é prazeroso ao casal.
(E) dedicar-se ao trabalho.
RESPOSTA: “D”.
17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à 4-)
beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque” Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe
(último parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar numa fresta.
(A) repulsivo e populoso.
(B) sombrio e desabitado. RESPOSTA: “A”.

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) 12-)
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a
pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de
respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”.
RESPOSTA: “CERTO”.
RESPOSTA: “D”.
6-)
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos 13-)
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portan- Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendi-
to, trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva). zado da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria: influenciado.
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, RESPOSTA: “C”.
delimita a informação – como no caso do exercício).
14-)
RESPOSTA: “CERTO’. Em todas as alternativas há expressões que representam a opi-
nião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se pode
7-) esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando co-
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abando- ragem e desprendimento.
nada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se da figura
de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que consis- RESPOSTA: “B”.
te na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente da
15-)
elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). No
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras
enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de que a
– sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as
viatura foi abandonada.
pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente,
deixa-os apreensivos.
RESPOSTA: “D”.
8-)
RESPOSTA: “C”.
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece 16-)
no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
brigamos e não estamos nos falando”. própria autora!
RESPOSTA: “D”. RESPOSTA: “B”.
9-) 17-)
“O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o se- Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
nhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou horário
e se é paciente do Dr. Pedro. RESPOSTA: “D”.

RESPOSTA: “E”. 18-)


Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta ob-
10-) servar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”.
Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à con-
clusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en- RESPOSTA: “A”.
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem Tipologia Textual
a interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As únicas
RESPOSTA: “C”. tipologias existentes são: narração, descrição, dissertação ou ex-
posição, informação e injunção. É importante que não se confun-
11-) da tipo textual com gênero textual.
O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na
valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que ocor-
comum. reram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e
um narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou fictício. Possui
RESPOSTA: “A”. uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal pre-
dominante é o passado.

Didatismo e Conhecimento 6
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- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta an- Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
tes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente); ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e com-
- é um tipo de texto sequencial; portamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
- relato de fatos; na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo; também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo
- apresentação de um conflito; indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais,
- uso de verbos de ação; leis, bula de remédio, convenções, regras e eventos.
- geralmente, é mesclada de descrições;
- o diálogo direto é frequente.
Narração
Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por es-
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe
de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo
função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterio- organizados por uma narração feita por um narrador. É uma série
ridade e posterioridade. É fazer uma descrição minuciosa do obje- de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um
to ou da personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as estado para outro, segundo relações de sequencialidade e causali-
coisas acontecem ao mesmo tempo. dade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações
- expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses
visão; indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa vi-
- é um tipo de texto figurativo; vência.
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
- predomínio de atributos; dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor-
- uso de verbos de ligação; reu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o
- frequente emprego de metáforas, comparações e outras texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos
figuras de linguagem; verbos que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his-
tória que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa, in-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per-
terpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual re-
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio
quer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em
relação ao que se discute têm grande importância. O texto disserta- que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomea-
tivo é temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo ex- das) no texto narrativo pelos substantivos próprios.
plorado é o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
introdução onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do
por uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do autor enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a expressão das uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto
ideias, valores, crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de pelos advérbios de lugar.
texto que propõe a reflexão, o debate de ideias. A linguagem ex- Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
plorada é a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra-
um estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos
ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador não verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo
aparece porque o mais importante é o assunto em questão e não que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor
quem fala dele. A ausência do emissor é importante para que a “como” o fato narrado aconteceu.
ideia defendida torne algo partilhado entre muitas pessoas, sendo A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte
admitido o emprego da 1ª pessoa do plural - nós, pois esse não inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi-
descaracteriza o discurso dissertativo. mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo”
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
da narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu-
- é um tipo de texto argumentativo.
são da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese que será
é o narrador,  que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou
defendida; desenvolvimento ou argumentação; fechamento;
- predomínio da linguagem objetiva; impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
- prevalece a denotação. Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de
ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos subs-
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de persuadir o tantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto,
leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É o ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver-
tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando bos, formando uma rede: a própria história contada.
também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
texto dissertativo-argumentativo. história.

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Elementos Estruturais (I): que o menino passava de uma situação de não ser terno com o
animalzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se a
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por meio mudanças de situação. É isso que define o que se chama o compo-
de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es-
ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, tado pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si-
estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o tuação. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está
avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou
- Narrador: é quem conta a história. um porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzinho.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que al-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem- guém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da
po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte- índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a
rior, subjetivo. cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor-
tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas:
Elementos Estruturais (II): de aquisição e de privação.

Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista Existem três tipos de foco narrativo:


Acontecimento - O quê? Fato
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his-
Resultado - previsível ou imprevisível.
tória é contada em 3ª pessoa.
Final - Fechado ou Aberto.
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as
personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de
Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada
tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implica-
ção mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança
Estrutura:
à história narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses não
estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as - Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
personagens ou o fato a ser narrado. alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história,
como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
Exemplo: - Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria-
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo
Porquinho-da-índia ao clímax.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
Quando eu tinha seis anos momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
Ganhei um porquinho-da-índía. - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos
Que dor de coração me dava personagens.
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala Tipos de Personagens:
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava: Os personagens têm muita importância na construção de um
Queria era estar debaixo do fogão. texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se-
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po-
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada. dem ser apresentados direta ou indiretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou
Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110. psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona-
gens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem
Observe que, no texto acima, há um conjunto de transforma- com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que
ções de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar da situa- ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
ção de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo para a sala ou
para outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do - Em 1ª pessoa:
fogão para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria
era estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior; Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a
“não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender história e é o protagonista. Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia toso.
a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar O homem olha para os meninos.
de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra __ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
vez e estacava.” __ Está certo.
(Machado de Assis. Dom Casmurro) Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
eu estava lá e vi. Exemplo: guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um.
O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de
que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar primeiro bocado do pão.
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi-
chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de dos com o sanduíche e a bebida.
padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cru- Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos.
zada!... E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados
(...) naquela mesa.
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele. (Wander Piroli)
Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos desde muito
tempo. (...) Tipos de Discurso:
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matan-
ça dos leitões e no tiramento dos assados com couro. Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) o personagem, sem a sua interferência. Exemplo:

- Em 3ª pessoa: Caso de Desquite

Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. __ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Exemplo: Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. Agora
com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha.
“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram __ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não
de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar me pise, fico uma jararaca.
menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha __ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, __ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom?
sem máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ri- Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei-
dículo.” ro mês.
(Ilka Laurito. Sal do Lírico) __Você desempregado, quem é que fazia roça?
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo-
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom?
Festa __ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni- __ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos __ Eu arranjo.
com menos de dez anos. __ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta- cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me
mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas deixar sem nada?
desertas. __ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca,
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho- deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida e
mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e dois roupa lavada.
pãezinhos. __ Para onde foi a lavadeira?
__ Duzentos e vinte. __ Quem?
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido. __ A mulata.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz. (...)
__ Como? (Dalton Trevisan – A guerra Conjugal)

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização
de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque
Frio quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por
exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a
O menino tinha só dez anos. escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos despejado, por exemplo).
bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce- Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem.
besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?) Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri- ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme antes conseguir o dinheiro.
e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para
nada. Narrativa e Narração
__ Olho vivo – como dizia Paraná.
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é
ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas um componente narrativo que pode existir em textos que não são
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exem-
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. plo, quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigra-
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jar- ção de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto,
dim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança
Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava de situação: do não incentivo ao incentivo da imigração européia.
mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passa- Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto,
vam.
o que é narração?
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do per-
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de Ma-
sonagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recente.
nuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche essa
Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
A Morte da Porta-Estandarte
concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também esse
requisito);
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso se- - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que,
gurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e posterio-
temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciên- ridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de ganhar o animal é
cia... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambo- anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior
res? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao
não está malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo
do País... Abraçá-la no alto de uma colina... Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre perti-
(Aníbal Machado) nente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da tem-
poralidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance ma-
Sequência Narrativa: chadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador
começa contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui,
coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a ou- ao longo da leitura, as relações de anterioridade e de posteriorida-
tra. de.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: Resumindo: na narração, as três características explicadas
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um acima (transformação de situações, figuratividade e relações de
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma compe- estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas
tência para fazer algo); dessas características não é uma narração.
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
via fazer (é a mudança principal da narrativa); Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto narra-
- uma em que se constata que uma transformação se deu e em tivo:
que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral-
mente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus). - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde.

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos perso- Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
nagens. - Memorialismo
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Notícias
- Conclusão: consequências do fato. - Relatos
- História da Civilização
Caracterização Formal:
Apresentação da Narrativa:
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto nar-
rativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
a criação e o colorido do contexto estão em função da individuali- drinhos) e desenhos.
dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
Descrição
primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma in-
ferência do último através da onipresença e onisciência.
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situa-
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acon-
ção ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares
tecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja
linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O narrador apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em ima-
que usa essa técnica (característica comum no cinema moderno) gens. Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa
demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar as ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é
ações ziguezagueando no tempo e no espaço. necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do ob-
servador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma,
Exemplo - Personagens o que será importante ser analisado para um, não será para outro.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de trans-
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. mitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, ani-
Amâncio não viu a mulher chegar. mal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
- Não quer que se carpa o quintal, moço?
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es- Exemplos:
calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pas-
sado, os olhos).” (I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas
a penumbra dos ramos cobria o atalho.
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mer- Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque-
cado Aberto, p. 5O) nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos instan-
tes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo
Exemplo - Espaço qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza era estranho, suave demais, grande demais.”
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não (extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.”
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica-
Alegre: Movimento, 1981, p. 51) do, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aqui-
lo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia
com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a
Exemplo - Tempo
isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente;
raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu- se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.
lher lhe pediu que a chamasse cedo.” (Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed.
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.)
Tipologia da Narrativa Ficcional: Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:
- Romance - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
- Conto mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou-
- Crônica tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande
- Fábula medo ao pai);
- Lenda - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser conside-
- Parábola rada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato
- Anedota (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente
- Poema Épico anterior a retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
duas ocorrências é indiferente: o que o escritor quer é explicitar - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se
uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito
ações); do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi-
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas quem estado ou fenômeno.
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e,
portanto, não denota nenhuma transformação de estado; A característica fundamental de um texto descritivo é essa
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría- inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - poderíamos descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
do fim para o começo: O mestre era mais severo com ele do que anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguís-
conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes... ticas da descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pre-
térito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância
em relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados
temporal pretérito instalado no texto.
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica,
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria in-
pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são
troduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado
descritos produz determinados efeitos de sentido. anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans-
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo
certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pala- do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou
catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, Características Linguísticas:
etc.), que podem perder sua função e assim não ser compreendi-
dos. Se tomarmos uma descrição como As flores manifestavam O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconte-
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a cimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para que o relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado
texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas descritivo, não tendo transformação, é atemporal.
manifestavam todo o seu esplendor. Como, na versão original, o Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se-
pronome oblíquo as é um anafórico que retoma flores, se alterar- mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
mos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la com o de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no
anafórico elas na segunda. presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se,
Por todas essas características, diz-se que o fragmento do existir, ficar).
conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des-
que se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos, crito;
situações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de
posterioridade. Exemplo:

Características: “Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargan-
- Ao fazer a descrição enumeramos características, compara- do até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da
ções e inúmeros elementos sensoriais;
nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos
camente, ou pelas ações;
cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
- A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe-
tutivos da dissertação e da argumentação; gadas do crânio.”
- É impossível separar narração de descrição; (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
a capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza. - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: sinestesias). Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito
fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare- gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu
cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)” corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que
(Raul Pompéia – O Ateneu) lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis- nhos de azougue.”
te relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados. (José de Alencar - Senhora)

Didatismo e Conhecimento 12
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- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra espe-
rança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-fran-
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa ça, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, de
casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava sobregoverno.”
tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um
corredor comprido de onde saíam três portas; no final do corredor Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e descritivos:
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
Recursos: vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem
simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.
versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
de sentido distintos.
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno,
uma pureza de cristal. Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo-
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da cage:
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que
deslumbrava e enlouquecia qualquer um. Magro, de olhos azuis, carão moreno,
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. bem servido de pés, meão de altura,
Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito triste de facha, o mesmo de figura,
crente. nariz alto no meio, e não pequeno.

A descrição pode ser apresentada sob duas formas: Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura;
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa- bebendo em níveas mãos por taça escura
gem são apresentadas como realmente são, concretamente. Exem- de zelos infernais letal veneno.
plo:
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, om-
bros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos ne- O poeta descreve-se das características físicas para as caracte-
gros e lisos”. rísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria o mesmo,
pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto,
“A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil-
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de gui- mente identificáveis (descrição objetiva), ou suas características
lhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des-
de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
ta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto,
capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des-
Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre
te um adjetivo ou uma locução adjetiva.
a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente
do alinhamento (...).”
(Pedro Nava – Baú de Ossos) Descrição de objetos constituídos de uma só parte:

Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo- - Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfi- dência ou localização do objeto descrito.
gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres- - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação
sar seus sentimentos. Exemplo: com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao ho- (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
mem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/
couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anún- brilho, textura.
cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...” - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
(“O Ateneu”, Raul Pompéia) lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como
um todo.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
Descrição de objetos constituídos por várias partes: são de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o
dência ou localização do objeto descrito. mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-li-
partes se agrupam para formar o todo. terária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preocu-
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo pação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por ser
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textura, cor objetiva, há predominância da denotação.
e brilho.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti- Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
totalidade. gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever
aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para
Descrição de ambientes: descrever experiências, processos, etc. Exemplo:
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do Folheto de propaganda de carro
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
ma (se houver). Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje- o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran-
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant
quaisquer outros objetos. possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci-
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am- dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
biente. Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida-
de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o
Descrição de paisagens: encosto do banco traseiro rebaixado.
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás-
outra referência de caráter geral. tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica- deformação em caso de colisão.
ção do que se vê ao longe).
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos Textos descritivos literários: Na descrição literária predo-
do observador - explicação detalhada dos elementos que compõem mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações
a paisagem, de acordo com determinada ordem. conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi-
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla. sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer
tanto em prosa como em verso.
Descrição de pessoas (I):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer Dissertação
aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de
pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. Pres-
- Desenvolvimento: características psicológicas (personali- supõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza,
dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura, coerência, objetividade na exposição, um planejamento de traba-
objetivos). lho e uma habilidade de expressão. É em função da capacidade
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e
geral. psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a
dissertação no seu significado diz respeito a um tipo de texto em
Descrição de pessoas (II): que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer a finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou
aspecto de caráter geral. artístico. Exemplo:
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso- Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri-
ciadas às características psicológicas (1ª parte). meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como servir-se
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso- de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como
ciadas às características psicológicas (2ª parte). trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um príncipe discreto
geral. prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois
os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos e sub-
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma servientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordi-
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreen- nando a maioria do senado, ou grande conselho, e, afinal, por via

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
garantem-se contra futuras prestações de contas e retiram-se da - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
vida pública carregados com os despojos da nação. 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televisores.
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos recepto-
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. res instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emisso-
ras (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repetidoras (que
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a es- - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
colhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e justifi- - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
ca esse conselho. Observe-se que: texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem par- que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
ticular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do
sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder);
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu-
compõem o texto.
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte no
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
momento em que se tornam primeiros-ministros); pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo fu-
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân- tebol não é uma prova de alienação?”
cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosi-
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para dade do leitor.
primeiro-ministro). - Comparação: social e geográfica.
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à dis-
Características: tância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático; marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; século...”
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anteriori- - Narração: narrar um fato.
dade e de posterioridade dos enunciados não têm maior importân- Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma
cia - o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência, organizada e progressiva. É a parte maior e mais importante do
causalidade, coexistência, correspondência, implicação, etc. texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de reda- - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
ção. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem característi- este tipo de abordagem.
cas próprias a cada tipo de texto. - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a idéia
  principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / - Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
Conclusão. distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a favoráveis e desfavoráveis.
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento. - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou des-
Tipos: crever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
resultados.
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apre-
de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” sentar questionamento e reflexão.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, va-
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo lores, juízos.
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a dé- - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
cada colecionou, agravou vários dos históricos problemas sociais quês de uma determinada situação.
do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana, cuja es- - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
calada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.” - Exemplificação: dar exemplos.
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer se integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas as
sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça ideias anteriormente desenvolvidas.
parte desse time de vencedores desde a escolha desse momento!
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. Ex: “É - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pen-
solução no combate à insegurança.” samento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê.

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos
Direito de Trabalho recursos que permite uma segurança maior no momento de dis-
sertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes que
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de um
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia por texto dissertativo.
meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio
da exclusão. (A) Ainda temos:
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o traba-
lho automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro sunto que vai ser abordado.
fator que também leva ao desemprego de um sem número de tra- Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discu-
balhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) tido.
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
que provém dessa automatização e qualificação, obriga que seja com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de forma
feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhado- a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja,
res, de que, mesmo que as empresas sejam automatizadas, não per- razões a favor ou contra uma determinada tese.
derão eles seu mercado de trabalho. (C) Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente.
Não é uma utopia?!
Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na colheita Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go-
vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de
a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D) - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mercado - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais. - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi-
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda estão quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
desempregados?, como vimos no último concurso da prefeitura do gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso
Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição. da primeira pessoa).
(E)
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que almeja uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou mais
um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desní- frases que explicitem tal ideia.
veis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise gene- Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia
ralizada (F), pois a uma nação doente, miserável e desigual, não central) porque oculta os problemas sociais realmente graves.
compete a tão sonhada modernidade. (G) (ideia secundária)”.
Vejamos:
1º Parágrafo – Introdução Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida ur-
gentemente.
A. Tema: Desemprego no Brasil.
Contextualização: decorrência de um processo histórico pro- Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser comba-
blemático. tida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento que sofrem de problemas respiratórios:

B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que reme- - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
tem a uma análise do tema em questão. muita gente ao vício.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da - A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
realidade. criados pelo homem.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de - A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e
quem propõe soluções. hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente.
7º Parágrafo: Conclusão - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie-
F. Uma possível solução é apresentada. dade brasileira.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com moder-
nidade. O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:

Didatismo e Conhecimento 16
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Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente Exemplos:
necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enu-
merar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classi- Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
ficação ou aleatoriamente. evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um
Exemplo: significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só
muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa.
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos,
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decompo-
e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de
Televisão. sição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra
pela umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o nú- frias, a camada do solo é pouco profunda. (Melhem Adas)
mero de emissoras que dedicam parte da sua programação à veicu-
lação de programas religiosos de crenças variadas. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar,
exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais compreensí-
3- veis.
- A Santa Missa em seu lar. Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
- Terço Bizantino. coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
- Despertar da Fé. ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém san-
- Palavra de Vida. gue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém,
- Igreja da Graça no Lar. corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração
remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbô-
4- nico”.
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios socioló- Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve de-
gicos e poluição.
limitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser enfocado
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar
sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indíge-
pelos caminhos do crime.
na, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque
pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivên- - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
cia no mundo atual e vários são os tipos de lazer. história do Brasil.
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá- - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
rias categorias. indígenas.
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi-
comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apresenta- leiro.
lhes a semelhança ou dessemelhança. - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.

Exemplo: Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve


fazer a estruturação do texto.
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve-
lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente senti- A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
mento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felici-
dade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
(Arthur Schopenhauer)
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon-
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento.
tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador)
e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fa- Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
tos decorrentes). hipótese ou a tese a ser defendida.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda-
Exemplos: mentar a ideia principal que pode vir especificada através da argu-
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que mentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequên-
abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas cia, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológi-
imediatistas e lucrativas que o rodeiam. ca, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa expo-
nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade sição da ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
fria e inamistosa. maneiras expostas acima.

Didatismo e Conhecimento 17
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Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fun- simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de
damentada durante o desenvolvimento da dissertação (um pará- comunicação.
grafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga;
na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras
argumentação básica empregada no desenvolvimento. gramáticas. Definida como “arte”, “arte de escrever”, percebe-se
que subjaz à definição a ideia da sua importância para a prática da
Texto Argumentativo língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se
pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.:
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma “Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estú-
ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos pidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que
mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo,
os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
percevejos que devorais os versos belos”.
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese,
Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e
os argumentos e as estratégias argumentativas.
linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo
intencional da gramática e a melhora do desempenho linguístico
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessaria- do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome
mente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opi- do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por
nião. uma nova concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM,
Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Argumen- 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas
tum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é “fazer bri- da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguísti-
lhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “argúcia”, “arguto”. ca, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu
Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identifica- combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula.
da a tese, faz-se a pergunta por quê? Exemplo: o autor é contra a Por oportuno, uma citação apenas:
pena de morte (tese). Por que... (argumentos). “Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez aban-
Estratégias argumentativas são todos os recursos (verbais e donem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer en-
não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para im- sinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes
pressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais fa- e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício”.
cilmente, para gerar credibilidade, etc. Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima
referida suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um
A Estrutura de um Texto Argumentativo jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes
problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pon-
A argumentação Formal tuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade,
entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gra-
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Comunica- mática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-
ção em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada obra, apresenta o gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O
seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal: feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limi- Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial con-
tada; não deve conter em si mesma nenhum argumento. cessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia,
Análise da proposição ou tese: definição do sentido da propo- fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares... e
estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, re-
sição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
gências... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatís-
de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do
ticos, testemunhos, etc.
jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubi-
Conclusão. tavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na
gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de in-
Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos formatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar.
do plano-padrão da argumentação formal. Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta
dos mecanismos que presidem à construção do texto.
Gramática e desempenho Linguístico Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hi-
potética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo in- argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato
tencional da gramática não traz benefícios significativos para o na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é grama-
desempenho linguístico dos utentes de uma língua. ticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista,
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos ves-
definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises tibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
(fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de estes no vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candi-
concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. datos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou
O “desempenho linguístico”, por outro lado, é expressão técnica seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode
definida como sendo o processo de atualização da competência ser considerado bom.

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Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembran- Considerações sobre justiça e equidade
do que são os gramáticos, os linguistas - como especialistas das
línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico
funcionamento dos códigos linguísticos. Que se esperaria, de fato, nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos
se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu pro-
língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os ceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da
isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.
se vem defendendo. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reitera-
do, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmen-
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse signifi-
te desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei,
cativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente
fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inade-
- a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na
quação à realidade nacional.
realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal
língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais
gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos,
que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Verís- todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da genera-
simo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os lização desse entendimento.
nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos
maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!). arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como re- princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual
cuperar linguisticamente os alunos, como promover um melhor se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de
desempenho linguístico mediante o ensino-estudo da teoria gra- atribuições dos órgãos do Estado.
matical. O caminho é seguramente outro. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insu-
perável José Alberto dos Reis, o maior processualista português,
Gilberto Scarton ao afirmar que: “O magistrado não pode sobrepor os seus próprios
juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios: quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mes-
mo quando o caso é omisso”.
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qual-
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia cla-
quer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular prove-
ramente a tese a ser defendida.
niente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se definem as processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de for-
expressões “estudo intencional da gramática” e “desempenho lin- ma absolutamente espúria, na condição de legislador.
güístico”, citadas na tese. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria instituciona-
Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oi- lizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer
tavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos. garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e
- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação. amores do juiz de plantão.
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes in-
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipo- dicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição,
tética. ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportu-
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos. nidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresenta a con- sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcio-
clusão. nal.
A própria independência do parlamento sucumbiria integral-
A Argumentação Informal mente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração
de suas deliberações.
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civi-
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referi-
lização.
da. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscali-
- Citação da tese adversária. zar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes
- Argumentos da tese adversária. do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando
- Introdução da tese a ser defendida. a eles, a todo momento, como proceder.
- Argumentos da tese a ser defendida. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa
- Conclusão. concepção.
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem som-
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores bra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça,
Lenz, Promotor de Justiça. incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável um determinado procedimento em função de outro, como é o caso
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da lega- do que ocorre com os ingredientes de uma receita culinária, por
lidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais aperta- exemplo. São exemplos dessa modalidade:
do, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, - A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
independentemente da correspondente com a justiça social”. - O discurso manifestado mediante um manual de instruções;
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concre- - As instruções materializadas por meio de uma receita culi-
tos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao nária.
Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados
diretamente pelo povo. Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de texto
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, ade- injuntivo, didático, que tem por objetivo justamente apresentar
quando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Le- orientações ao receptor para que ele realize determinada atividade.
gislação. Como as palavras do texto serão transformadas em ações visando
Luís Alberto Thompson Flores Lenz a um objetivo, ou seja, algo deverá ser concretizado, é de suma im-
portância que nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; se trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações em
que estejam elencados os materiais a serem utilizados, bem como
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese os itens de determinados objetos que serão manipulados. Por conta
adversária. dessas características, é necessário um título objetivo. Quanto à
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argu- pontuação, frequentemente empregam-se dois pontos, vírgulas e
mento da tese adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a pontos e vírgulas. É possível separar as orientações por itens ou
pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional”. de modo coeso, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais
Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese possuem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta re-
a ser defendida. parar nas bulas de remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apre- fato de o espaço destinado aos textos instrucionais geralmente não
sentam os argumentos. ser muito extenso, recomenda-se o uso de períodos. Leia os exem-
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui plos.
o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo
da argumentação. Texto organizado em itens:

Texto Injuntivo/Instrucional Para economizar nas compras

No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orientações Quem deseja economizar ao comprar deve:
precisas no sentido de efetuar uma transformação. É marcado pela - estabelecer um valor máximo para gastar;
presença de tempos e modos verbais que apresentam um valor di- - escolher previamente aquilo que deseja comprar antes de ir à
retivo. Este tipo de texto distingue-se de uma sequencia narrativa loja ou entrar em sites de compra;
pela ausência de um sujeito responsável pelas ações a praticar e - pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se possível;
pelo caráter diretivo dos tempos e modos verbais usado e uma se- - não se deixar levar completamente pelas sugestões dos ven-
quência descritiva pela transformação desejada. dedores nem pelos apelos das propagandas;
Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma or- - optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem se esque-
dem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal cer de que o uso do cartão de crédito exige certa cautela e plane-
ação. As formas verbais específicas destas frases estão no modo jamento.
injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo. Do mais, é só ir às compras e aproveitar!

Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de montagem, re- Texto organizado em períodos:


ceitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos que incitam à
ação, impõem regras; textos que fornecem instruções. São orienta- Para economizar nas compras
dos para um comportamento futuro do destinatário.
Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça um
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orientar por es- valor máximo para gastar e então escolha previamente aquilo que
crito o modo de realizar determinados procedimentos, manipular deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites de compra. Se
instrumentos, desenvolver atividades lúdicas e desempenhar algu- possível, pesquise os preços em diferentes lojas e sites; não se dei-
mas funções profissionais, por exemplo, deu origem aos chamados xe levar completamente pelas sugestões dos vendedores nem pelos
textos injuntivos, nos quais prevalece a função apelativa da lin- apelos das propagandas e opte pela forma de pagamento mais cô-
guagem, criando-se uma relação direta com o receptor. É comum moda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito exige certa
aos textos dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o cautela e planejamento.
caderno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o caderno Do mais, aproveite as compras!
de questões, verificar o número de alternativas...). Não apresenta
caráter coercitivo, haja vista que apenas induz o interlocutor a pro- Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo assun-
ceder desta ou daquela forma. Assim, torna-se possível substituir to, o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o modo verbal

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quanto a pontuação sofreram alterações; além disso, algumas pala- Lépida
vras foram omitidas e outras acrescentadas. Isso ocorreu para que
o aspecto instrucional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, Tudo lento, parado, paralisado.
não se perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, - Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor corre-
passaria a impressão de ser um mero texto expositivo. dor daquele lugar.
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena bailarina,
Gêneros Textuais olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa.
Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no passado
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus habitantes. Todos
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir intera- muito fortes, andavam, corriam e nadavam pelos seus limpos ca-
ção comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). nais.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza do lu-
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com gar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um elixir paralisan-
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutu- te e despejou no principal rio. Após beberem a água, os habitan-
ração do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o tes ficaram muito lentos, tão lentos que não conseguiram impedir
nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é a maldade do terrível pirata. Seu povo nunca mais foi o mesmo.
tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original Lépida foi roubada em seu maior tesouro e permaneceu estagnada
e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente da- por muitos anos.
quele inicial. Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O único
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências di- entre tantos que ficou livre da maldição que passara de geração em
retas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de geração. Diferente de todos, era muito ágil e, ao crescer, saiu em
recurso denomina-se intertexto. busca de uma solução. Encontrou pelo caminho bruxas de olhar
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma inter- feroz, gigantes de três, cinco e sete cabeças, noites escuras, dias de
pretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A chuva, sol intenso. Zim tudo enfrentou.
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações,
E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de folhas, viu
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento
ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhantes. Era o mago
das questões apresentadas na prova.
que havia sido roubado pelo pirata muitos anos antes. Zim ficou
apreensivo. Mas o velho mago (que tudo sabia) deu-lhe um frasco.
Textos Ficcionais e Não Ficcionais
Nele havia um antídoto e Zim compreendeu o que deveria fazer.
Despejou o líquido no rio de sua cidade.
Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os ficcio-
nais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem coe- Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo de água
rentemente com o que se passa no enredo da história. aqui, um banho ali e eram novamente braços que se mexiam, per-
Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História em nas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança das sapatilhas cor-
Quadrinhos. de-rosa.
(Carla Caruso)
Não Ficcionais:
CRÔNICA
- Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos de
divulgação científica. Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados por
um escritor de ficção ou por uma pessoa especializada em deter-
- Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos, índi- minada área (economia, gastronomia, negócios, entre outras) que
ces, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas de emba- escreve com periodicidade para uma seção (por exemplo, todos os
lagens. domingos para o Caderno de Economia). Esses textos, conhecidos
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais. como crônicas, são curtos e em geral predominantemente narra-
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc. tivos, podendo apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo:

FICCIONAIS A luta e a lição

CONTO Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibe-


te após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta,
É um gênero textual que apresenta um único conflito, toma- o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de
do já próximo do seu desfecho. Encerra uma história com poucas oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou
personagens, e também tempo e espaço reduzido. A linguagem o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
pode ser formal ou informal. É uma obra de ficção que cria um As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda.
universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no
Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que
personagens, ponto de vista e enredo. Classicamente, diz-se que o levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume
conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a
ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem
história e tem apenas um clímax. Exemplo: sucedido a vencer desafios assim?

Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. É bom sentá-lo novamente ao lado
Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instala- Com olhos que contêm o olhar antigo
do no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, Sempre comigo um pouco atribulado
lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando E como sempre singular comigo.
nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas - se é que os Um bicho igual a mim, simples e humano
trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis Sabendo se mover e comover
que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, E a disfarçar com o meu próprio engano.
em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere
ficar na cômoda planície da segurança. O amigo: um ser que a vida não explica
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Que só se vai ao ver outro nascer
Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir E o espelho de minha alma multiplica...
mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi teme-
rário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo - e seu Vinicius de Moraes
sacrifício - é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
(Autor: Carlos Heitor Cony. HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Publicado na Folha Online)
As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos
ROMANCE surgiram no começo do século XX, na busca de novos meios de
comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primeiros au-
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literários. O tores das histórias em quadrinhos estão o suíço Rudolph Töpffer,
primeiro deles é uma composição poética popular, histórica ou lí- o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o brasileiro Ângelo
rica, transmitida pela tradição oral, sendo geralmente de autor anô- Agostini. A origem dos balões presentes nas histórias em quadri-
nimo; corresponde aproximadamente à balada medieval. E como nhos pode ser atribuída a personagens, observadas em ilustrações
forma literária moderna, o termo designa uma composição em pro- europeias desde o século XIV.
sa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou seja, em
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século
torno dos acontecimentos que são organizados em uma sequência
XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges
temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito variá-
ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras.
vel, vai depender de quem escreve, de uma boa diferenciação entre
A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no
linguagem escrita e linguagem oral e principalmente do tipo de
Brasil começou no início do século XX também. Atualmente, o
Romance.
estilo cômicos dos super-heróis americanos é o predominante, mas
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: Urbano,
vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadri-
Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à época ou Escola
Literária, o Romance pode ser: Romântico, Realista, Naturalista nhos japoneses (conhecidos como Mangá).
e Modernista. A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, assim
como de charges, requer uma construção de sentidos que, para que
POEMA ocorra, é necessário mobilizar alguns processos de significação,
como a percepção da atualidade, a representação do mundo, a ob-
Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em servação dos detalhes visuais e/ou linguísticos, a transformação de
versos e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim de- linguagem conotativa (sentido mais usual) em denotativa (sentido
signada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo pró- amplificado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em
prias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre poesia e suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos linguís-
poema. Segundo vários autores, o poema é um objeto literário com ticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, assim, sentidos
existência material concreta, a poesia tem um carácter imaterial alternativos a partir de situações extremas. Exemplo:
e transcendente. Fortemente relacionado com a música, beleza e
arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de acompa- Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:
nhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram
cantados. Só depois o texto foi separado do acompanhamento mu-
sical. Tal como na música, o ritmo tem uma grande importância.
Um poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas par-
ticulares para expressar artes, canções, poemas, poesias etc). Obra
em verso em que há poesia. Exemplo:

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho de Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado
sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele optou por para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras pá-
valorizar o desenho, mostrando todas as habilidades conquistadas ginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente
para conseguir produzi-lo. O pai, no último quadrinho, reconhece demarcados com uma borda ou tipografia diferente para marcar cla-
o empenho do filho, utilizando-se de um conector de concessão ramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. Exemplo:
(“Ainda assim”), valorizando a importância de tudo aquilo. Con-
tudo, afirma que não pagaria o valor pedido (como se dissesse: Cidade paraibana é exemplo ao País
“sim, filho, foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”).
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso “maduro” Em tempos em que estudantes escrevem receita de macarrão
em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e motor nos dois instantâneo e transcrevem hino de clube de futebol na redação do
primeiros quadrinhos e, somente depois, ficar claro para nós, lei- Exame Nacional do Ensino Médio e ainda obtém nota máxima no
tores, que toda a força argumentativa foi em prol da cobrança pelo teste, uma boa notícia vem de uma pequena cidade no interior da
desenho que ele mesmo fez. Em outras palavras, o personagem Paraíba chamada Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da
empenha-se na construção de um raciocínio em prol de uma fina- Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque
lidade absurda – o que nos faz sorrir no último quadrinho, já que nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das
é somente nele que conseguimos “completar” o sentido. Claro, se Escolas Públicas.
você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que ele tem apenas 6 O segredo é absolutamente simples, e quem explica é a pro-
anos, o que torna tudo ainda mais hilário, mas a falta deste conhe- fessora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Matemática atra-
cimento não prejudica em nada a interpretação textual. vés de atividades do cotidiano, como fazer compras na feira ou
medir ingredientes para uma receita. Com essas ações práticas, na
NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS edição de 2012 da Olimpíada, a escola conquistou nada menos do
que cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e 12
NOTÍCIA menções honrosas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia
triste com a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de
O principal objetivo da notícia é levar informação atual a um pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproximando-
público específico. A notícia conta o que ocorreu, quando, onde, -os da disciplina.
como e por quê. Para verificar se ela está bem elaborada, o emis- O que parecia ser um grande desafio tornou-se realidade e,
sor deve responder às perguntas: O quê? (fato ou fatos); Quando? hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos campeões olímpi-
(tempo); Onde? (local); Como? (de que forma) e Por quê? (cau- cos. Os estudantes paraibanos devem ser exemplo para todo o País,
sas). A notícia apresenta três partes: que anda precisando, sim, de modelos a se inspirar. O Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em in-
- Manchete (ou título principal) – resume, com objetividade, glês) – o mais sério teste internacional para avaliar o desempe-
o assunto da notícia. Essa frase curta e de impacto, em geral, apa- nho escolar e coordenado pela Organização para a Cooperação e
rece em letras grandes e destacadas. Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável com o
- Lide (ou lead) – complementa o título principal, fornecendo Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece na incômoda
as principais informações da notícia. Como a manchete, sua fun- penúltima posição entre 40 países avaliados.
ção é despertar a atenção do leitor para o texto. O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Leitura e
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e detalhado Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e perdemos para
dos fatos. países como Colômbia, Tailândia e México. Já passa da hora de
as autoridades melhorarem a gestão de nossa Educação Pública e
A notícia usa uma linguagem formal, que segue a norma culta seguir o exemplo da pequena Paulista.
da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos de ação e as frases Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/
curtas permitem fluir as ideias. É preferível a linguagem acessível editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais
e simples. Evite gírias, termos coloquiais e frases intercaladas.
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impessoal e ARTIGOS
escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função referencial, já
que esse texto visa à informação. É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas,
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informações nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte
mais relevantes, vocabulário preciso e termos específicos que o dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente
ajudem a compreender melhor os fatos. Em jornais ou revistas apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do
impressos ou on-line, e em programas de rádio ou televisão, a in- artigo (texto jornalístico).
formação transmitida pela notícia precisa ser verídica, atual e des- Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a inten-
pertar o interesse do leitor. ção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresen-
tar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões. O
EDITORIAL artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor
do texto e, por isso, são fáceis de contestar.
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo ex- O artigo deve começar com uma breve introdução, que des-
pressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, creva sucintamente o tema e refira os pontos mais importantes.
sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade. Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara sobre o assunto

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
e o conteúdo do artigo ao ler apenas a introdução. Por favor tenha NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
em mente que embora esteja familiarizado com o tema sobre o
qual está a escrever, outros leitores da podem não o estar. Assim, DIDÁTICOS
é importante clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em
vez de escrever: Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas ideias
Guano é um personagem que faz o papel de mascote do grupo fundamentais. Um texto didático é um texto conceitual, ou seja,
Lily Mu. Seria mais informativo escrever: não figurativo. Nele os termos significam exatamente aquilo que
Guano é um personagem da série de desenho animado Kappa denotam, sendo descabida a atribuição de segundos sentidos ou
Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu. valores conotativos aos termos. Num texto didático devem se ana-
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opiniões di- lisar ainda com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se
ferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de eufemismos e observar a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
de calão ou gíria, e explique o jargão. No final do artigo deve listar entender bem o texto.
as referências utilizadas, e ao longo do artigo deve citar a fonte das O entendimento do texto didático de uma determinada dis-
afirmações feitas, especialmente se estas forem controversas ou ciplina requer o conhecimento do significado exato dos termos
suscitarem dúvidas. com que ela opera. Conhecer esses termos significa conhecer um
conjunto de princípios e de conceitos sobre os quais repousa uma
CARTAS determinada ciência, certa teoria, um campo do saber. O uso da
terminologia científica dá maior rigor à exposição, pois evita as
Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a conotações e as imprecisões dos termos da linguagem cotidiana.
cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor elogiar ou criti- Por outro lado, a definição dos termos depende do nível de público
car uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários po- a que se destina.
dem referir-se às ideias de um texto, com as quais o leitor concorda Um manual de introdução à física, destinado a alunos de pri-
ou não; à maneira como o assunto foi abordado; ou à qualidade do meiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por conseguinte,
texto em si. É possível também fazer alusão a outras cartas de lei- vai definindo paulatinamente os termos específicos dessa ciência.
tores, para concordar ou não com o ponto de vista expresso nelas. Num livro de física para universitários não cabe a definição de
A linguagem da carta costuma variar conforme o perfil dos leitores termos que os alunos já deveriam saber, pois senão quem escreve
da publicação. Pode ser mais descontraída, se o público é jovem, precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é espe-
ou ter um aspecto mais formal. Esse tipo de carta apresenta forma- cialista já estudou.
to parecido com o das cartas pessoais: data, vocativo (a quem ela é
dirigida), corpo do texto, despedida e assinatura. RESUMOS

TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Resumo é uma exposição abreviada de um acontecimento. Fa-


zer um resumo significa apresentar o conteúdo de forma sintética,
Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de conhe- destacando as informações essenciais do conteúdo de um livro,
cimentos acerca do saber científico, assemelhando-se, portanto, artigo, argumento de filme, peça teatral, etc. A elaboração de um
com os demais gêneros circundantes no meio educacional como resumo exige análise e interpretação do conteúdo para que sejam
um todo, entre eles, textos didáticos e verbetes de enciclopédias. transmitidas as ideias mais importantes.
Mediante tal pressuposto, já temos a ideia do caráter condizente à Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a desenvol-
linguagem, uma vez que esta se perfaz de características marcantes ver a sua capacidade de síntese, objetividade e clareza: três fatores
- a objetividade, isentando-se de traços pessoais por parte do emis- que serão muito importantes ao longo da vida escolar. Além de ser
sor, como também por obedecer ao padrão formal da língua. Outro um ótimo instrumento de estudo da matéria para fazer um teste.
aspecto passível de destaque é o fato de que no texto científico, Resumo é sinônimo de “recapitulação”, quando, ao final de cada
às vezes, temos a oportunidade de nos deparar com determinadas capítulo de um livro é apresentado um breve texto com as ideias
terminologias e conceitos próprios da área científica a que eles se chave do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são:
referem. sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio.
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em jor-
nais, revistas, livros ou meio eletrônico, compartilham-se com RECEITAS
uma gama de interlocutores. Razão esta que incide na forma como
se estruturam, não seguindo um padrão rígido, uma vez que este se A receita tem como objetivo informar a fórmula de um pro-
interliga a vários fatores, tais como: assunto, público-alvo, emissor, duto seja ele industrial ou caseiro, contando detalhadamente sobre
momento histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e seu preparo. É uma sequência de passos para a preparação de ali-
segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, sendo repre- mentos. As receitas geralmente vêm com seus verbos no modo
sentada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos que seguem, imperativo, para dar ordens de como preparar seu prato seja ele
ocorre o desenvolvimento propriamente dito da ideia, lembrando qual for. Elas são encontradas em diversas fontes como: livros,
que tais argumentos são subsidiados em fontes verdadeiramente sites, programas (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais
passíveis de comprovação - comparações, dados estatísticos, rela- e panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos
ções de causa e efeito, dentre outras. típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas.

Didatismo e Conhecimento 24
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CATÁLOGOS saber, lacrado com pequena bola (em latim, “bulla”) de cera ou
metal, em geral, chumbo. Assim, existem Litterae Apostolicae
Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas com (carta apostólica) em forma ou não de bula e também Constitui-
descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de livro, guia ou ção Apostólica em forma de bula. Por exemplo, a carta apostólica
sumário que contém informações sobre lugares, pessoas, produtos “Munificentissimus Deus”, bem como as Constituições Apostóli-
e outros. Têm o objetivo de dar opções para uma melhor escolha. cas de criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é
do Papa Agapito I (535), conservada apenas em desenho. O mais
ÍNDICES antigo original conservado é do Papa Adeodato I (615-618).

Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pessoas, no- Bula (medicamento) - folha com informações sobre medica-
mes geográficos, acontecimentos, etc., com a indicação de sua lo- mentos. Nome que se dá ao conjunto de informações sobre um
calização no texto. medicamento que obrigatoriamente os laboratórios farmacêuticos
devem acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no
LISTAS varejo. As informações podem ser direcionadas aos usuários dos
medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos.
Enumeração de elementos selecionados do texto, tais como
datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de sua ocor- NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS
rência.
As notas explicativas servem para que o fabricante do produto
VERBETES EM GERAL esclareça ou explique aspectos da composição, nutrição, advertên-
cias a respeito do produto.
O verbete é um tipo de texto predominantemente descritivo. A
elaboração reflete o conflito seminal que define a elegância cientí- NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES
fica: a negociação constante entre síntese e exaustividade. Os pa-
drões do gênero valorizam tanto a brevidade e a abordagem direta
BILHETES
dos temas quanto o detalhamento e a completude da informação.
É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a expli-
O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pessoas,
car um conceito segundo padrões descritivos sistemáticos, deter-
para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar ou perguntar.
minados pela obra de referência da qual faz parte: mais comumen-
O bilhete é composto normalmente de: data, nome do destinatário
te, um dicionário ou uma enciclopédia. O verbete é essencialmente
antecedido de um cumprimento, mensagem, despedida e nome do
destinado a consulta, o que lhe impõe uma construção discursiva
sucinta e de acesso imediato, embora isso não incorra necessaria- remetente. Exemplo:
mente em curta extensão. Geralmente, os verbetes abordam con-
ceitos bem estabelecidos em algum paradigma acadêmico-científi- Belinha,
co, ao invés de entrar em polêmicas referentes a categorias teóricas Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo on-
discutíveis. tem à noite.
Por sua pretensão universalista e pela posição respeitável que Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudinho
ocupa no sistema de valores da cultura racionalista, espera-se que para você!
todo verbete siga as normas padrão de uso da língua escrita, em Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013
um nível elevado de formalidade. Por sua natureza sistemática e
por ser destinado à consulta, espera-se que a linguagem do verbete CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
seja também o mais objetiva possível. As consequências gramati-
cais desse princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações diver-
termos e ausência de palavras que expressem subjetividade (opi- sas. É um dos mais antigos meios de comunicação. Em uma carta
niões, impressões e sensações); no nível sintático, simplificação formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por exem-
das construções; e no nível estilístico, denotação (ausência de or- plo, se começamos a carta no tratamento em terceira pessoa deve-
namentos e figuras de linguagem). mos ir até o fim em terceira pessoa, seguindo também os pronomes
É comum a presença de terminologia especializada na cons- e formas verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas,  o
trução do verbete, embora sua frequência varie conforme o pú- formato da carta depende do seu conteúdo:
blico consumidor da obra de referência em que se insere o texto. - Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, pa-
Elementos de linguagens não verbais (especialmente pictóricos) rentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que assina a
são tradicionalmente agregados ao verbete com função de escla- carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma
recimento. maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de
BULAS comunicação dentro de uma organização. A linguagem deve ser
clara, simples, correta e objetiva. 
Bula pode referir-se a:
Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé. Refere- A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada
se não ao conteúdo e à solenidade de um documento pontifício, em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar a con-
como tal, mas à apresentação, à forma externa do documento, a cordância, a pontuação e a maneira de escrever com início, meio

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
e então o fim, contendo também um cabeçalho e se for uma carta - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
formal, deve conter pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Ex.ª etc.) e por fim a finalização da carta que deve conter somen-
te um cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta, a qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
mesma deverá ser colocada em um envelope para ser enviado ao uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
destinatário. Na parte de trás e superior do envelope deve-se conter preme informar que”, empregue a forma direta;
alguns dados muito importantes tais como: nome do destinatário, Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
endereço (rua, bairro e cidade) e por fim o CEP. Já o remetente contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
(quem vai enviar a carta), também deve inserir na carta os mesmos em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
dados que o do destinatário, que devem ser escritos na parte da Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
frente do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope um tada a posição recomendada sobre o assunto.
selo que serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada.
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos ca-
NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS sos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtí-
tulos.
REQUERIMENTOS

É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma Coesão


autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Es-
trutura: Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon-
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, toado de frases é a relação existente entre os elementos que os
da autoridade competente. constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
(grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacio- mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os
nalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade componentes do texto. Observe:
(se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do “O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente anotações, que segurava na mão.”
seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualifica-
ção civil deve ser colocado o número do registro funcional e a Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão
lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fun- entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo-
damentos legais do requerimento e os elementos probatórios de quinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na
natureza fática. segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati-
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”. vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um
- Local e data. fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
Arroz-doce da infância
OFÍCIOS
Ingredientes
O Ofício deve conter as seguintes partes: 1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão 1 pitada de sal
que o expede. Exemplos: 4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó
Of. 123/2002-MME
Aviso 123/2002-SG Preparo
Mem. 123/2002-MF Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de
sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente,
direita. Exemplo: polvilhe a canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4.
Brasília, 20 de maio de 2013 São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes
Assunto: Produtividade do órgão em 2012. e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei-
ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido,
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter-
a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica
endereço. já fizera menção.

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o - Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar
açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi- presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste
cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar, exemplo:
diverso daquele citado no rol dos ingredientes.
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada “André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários
ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento meses.”
de segmentos.
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó-
Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra grama- rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes.
tical Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudica-
(pronome, verbos ou advérbios) do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono-
me.
“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a ne-
igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ganham menos do nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que
que aqueles em cargos equivalentes.” possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que
se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este:
Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens. “O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de-
Os termos que servem para retomar outros são denominados sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban- Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela”
donar a faculdade no último ano: é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva.
Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).
ano?” - O artigo indefinido serve geralmente para introduzir infor-
São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser
pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes- precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indi-
se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os prono- car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor
mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes referencial, a um termo já mencionado.
indefinidos. Exemplos:
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala
“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro
cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.” dentro, mas nem um documento sequer.”

O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre. - Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois
termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal
um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.” forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra
retomada pelo anafórico.
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o
pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis. “Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por
causa da sua arrogância.”
“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando
roupa escura.” O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator
quanto a diretor.
O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba-
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado lha na mesma firma.”
com a fila.”
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo
O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema. amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o
qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun-
cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos Retomada por palavra lexical
servidores.” (substantivo, adjetivo ou verbo)

A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu- Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer
rar e seu complemento. por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an-
tonomásia.

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras,
mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten-
e afronta, alegre e contente. sificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação seguir, por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice
do tipo contém/está contido; e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável
do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está con- flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente:
tido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma
flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de “Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas
rosa, e esta palavra é hipônimo daquela. sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas
Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”
nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin- Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden-
cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca- te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E
racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete,
famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes- no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes
ma característica que a distingue: que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p.
“O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.” 4-7.

“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode
recente minissérie de tevê.” ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria
Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado
pela liberdade na Europa e na América. (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou-
“Ele é um hércules (=um homem muito forte). tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que
se desenrola a fala.
Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér- Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha-
cules. do de Assis:

“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho (...)


extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores, Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento
tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne- “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Claridade imorta, que toda a luz resume!”
Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi- Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III,
nar sua jornada altas horas da noite.” p. 151.

A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo
último período e o que vem antes dele. que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido
por ser facilmente presumível.
“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no
sempre o atraíram. exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado)
antes de sentiu e parou:
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros,
que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites. “Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no
peito e parou.”
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho-
mem era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam, Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que
ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor- segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de
po. Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmo- desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
nar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro
fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), “Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afi-
à Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamen- nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.”
te.”
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18. Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm
regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se- complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma
gundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos. o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
vida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen-
e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no tido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala
complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está
verbo implicar. usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co- afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga-
locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua ção entre argumentos de valor depreciativo.
regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres-
centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) - Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam
ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar-
dispenso sem dó). gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também,
ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par de.
Coesão por Conexão
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res- da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito
ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto. querido pelos alunos.”
Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo-
seja. cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro-
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es- duzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma
tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como direção argumentativa dos precedentes.
contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es- Esses operadores introduzem novos argumentos; não signifi-
sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os cam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja,
operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamen- só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis-
te.
farçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”,
Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcan-
porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da expo-
çou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamen-
sição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar
te usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumenta-
dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
tiva contrária.
escondeu o choro que tomou conta dele”.
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resul-
tado seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo - Disjunção Argumentativa: há também operadores que in-
liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sen- dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão
do o segmento introduzido por ele a conclusão do anterior. entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta-
ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja,
- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa caso contrário, ao contrário.
série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi-
dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais “Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a
forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que briga, para que ele não apanhasse.”
subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito. O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém.
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti-
culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.” - Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão
em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com- (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica
provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal-
é considerado o argumento mais forte. mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con-
clusivo quando não encabeça a oração).
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che-
gará a ser pelo menos diretor da empresa.” “Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro-
le dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral-
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo mente defensável.”
sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por
outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com- Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirma-
provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe ção exposta no primeiro período.
(por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o
menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos - Comparação: outros importantes operadores discursivos são
de valor positivo. os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade
ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como,
grau.” mais... (do) que.

Didatismo e Conhecimento 29
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“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati-
quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.” va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun-
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu- da orientação é a mais forte.
mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me- Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni-
dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por ta” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o
isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza;
sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim-
há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor- patia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um
rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida,
problema da fuga de presos”. apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa
opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire- que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção.
tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti-
“__Precisamos promover atletas das divisões de base para ca, trata-se de capacidades diferentes.”
reforçar nosso time. A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar-
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática
do time principal.” são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, argumentativa contrária.
pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar-
menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo-
estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou- ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com
tros. orientação contrária.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg- A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é
mentos na sua fala: de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos:

“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das “Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu-
divisões de base.” mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
mento mais forte).”
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro- “O exército planejou minuciosamente a operação (argumen-
moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
são tão bons quanto os das divisões de base. mento mais forte).”

- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem - Argumento Decisivo: há operadores discursivos que intro-
uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito duzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação con-
anteriormente: porque, já que, que, pois. trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se
fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais,
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori- além de tudo, além disso, ademais.
zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namo-
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu
tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga-
da guerra contra o Iraque. nhou uma bolada na loteria.”

- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam O operador discursivo introduz o que se considera a prova
uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no
orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati- entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.
vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as
concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda - Generalização ou Amplificação: existem operadores que
que, posto que, se bem que). assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.
tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu-
mentativa contrária? “O problema da erradicação da pobreza passa pela geração
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro- de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumen-
duzido pela conjunção. to de renda da população.”

“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.
mais decidido a vencer.”

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que Coesão por Justaposição
atualmente militam no nosso futebol.
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun-
não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei- ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin-
ros. cipais sequenciadores.

- Especificação ou Exemplificação: também há operadores - Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio-


que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma
afirmado anteriormente: por exemplo, como. semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi-
nantemente nas narrações).
“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas
entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres- “Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele
esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.”
cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição
toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados
Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
principalmente nas descrições).
exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno
adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”. “A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, represen-
tando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma
- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma re- ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa
tificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o
fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do
outras palavras. Exemplo: inverno.”
José de Alencar. Senhora.
“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar São Paulo, FTD, 1992, p. 77.
a viver junto com minha namorada.”
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem
O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito an- dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a se-
tes. guir, finalmente, etc.
Esses operadores servem também para marcar um esclareci-
mento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enun- “Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente,
ciado anteriormente. Exemplo: das agruras por que passam as populações civis; em seguida, dis-
correrei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmen-
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas te, exporei suas consequências para a economia mundial e, por-
corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri- tanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.”
cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conver-
O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito sação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar
antes. de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto,
Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do fazendo um parêntese, etc.
conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pes-
soas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.”
“Quando a atual oposição estava no comando do país, não
fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti-
- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for
cas iam na direção contrária do que prega atualmente. construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá in-
ferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos
O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos
antes. diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de
pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.
- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica-
ção, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes: “A reforma política é indispensável. Sem a existência da fide-
assim, desse modo, dessa maneira. lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses
e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há ba-
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se ses governamentais sólidas.”
processavam as negociações, atacou de surpresa.”
Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa
O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado de a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do
antes. primeiro período está no lugar de um porque.

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
A língua tem um grande número de conectores e sequencia- Nem me fale
dores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É pre-
ciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso Maturidade
inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafó-
ricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a O Sr. e a Sra. Amadeu
não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra Participam a V. Exa.
falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensá- O feliz nascimento
veis da oração ou do período. Analisemos este exemplo: De sua filha
Gilberta
“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de Velhice
combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”
O período compõe-se de: O netinho jogou os óculos
- As empresas Na latrina
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas.
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da
4ª Ed. Rio de Janeiro
primeira oração)
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161.
- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração su-
bordinada substantiva objetiva direta da segunda oração) Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada primeira vista, seja a ausência de elementos de coesão, quer reto-
adjetiva restritiva da terceira oração). mando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais.
No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro
escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e estações.
“esqueceu-se” de terminar a principal. Com essa informação, podemos imaginar que se trata de fla-
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos shes de cada uma das quatro grandes fases da vida: a infância, a
longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada
preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que pelas descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a
suas partes estejam bem conectadas entre si. criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por experiências
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não bas- marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o cami-
ta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido, solão que se usava para dormir); a segunda é caracterizada por
mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amores perdidos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela
amontoado injustificado. Exemplo: formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação
formal do nascimento da filha; a última, pela condescendência
“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir
restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Ja- a ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda,
neiro tem favelas.” uma frase em que falta um nexo sintático; a terceira, a participação
do nascimento de uma filha; e a quarta, uma oração completa, po-
Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o rém aparentemente desgarrada das demais.
substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segun- Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema
do e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra em seus múltiplos sentidos, apesar da falta de marcadores de coe-
são entre as partes?
cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador tam-
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indis-
bém realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quar-
pensável para a existência de um texto: a coerência.
to período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto,
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se esta-
pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A belece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreender a
coesão, portanto, é condição necessária, mas não suficiente, para outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das
produzir um texto. partes ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”,
“Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem essa unidade.
Coerência Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exem-
plo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilida-
Infância de habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido
unitário.
O camisolão Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um
O jarro conjunto de enunciados pode formar um todo coerente mesmo sem
O passarinho a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença
O oceano explícita de marcadores de relação entre as diferentes unidades lin-
A vista na casa que a gente sentava no sofá guísticas. Em outros termos, a coesão funciona apenas como um
mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta
Adolescência depende, na verdade, das relações subjacentes ao texto, da não-
contradição entre as partes, da continuidade semântica, em síntese,
Aquele amor da coerência.

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois favor da pena de morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da
possibilita que todas as suas partes sejam englobadas num único mesma forma, é incoerente defender o respeito à lei e à Constitui-
significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não ção Brasileira e ser favorável à execução de assaltantes no interior
pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes, de prisões.
lemos um texto incoerente, como este: Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas.
A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a medio- Não há coerência, por exemplo, num raciocínio como este:
cridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de uma vida
voltada para o aprimoramento intelectual. Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De marajás.
repente vejo que não sou mais uma “criancinha” dependente do O candidato a governador é funcionário público.
“papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma Portanto o candidato é um marajá.
profissão para me realizar e ser independente financeiramente.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada
rico sempre é quem vence! com certeza baseado em duas premissas particulares. Dizer que
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que
(orgs). qualquer um seja.
A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53. A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anterior-
mente também constitui incoerência. É o que se vê neste diálogo:
Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adoles-
cência e escolha profissional; relações sociais sob o capitalismo) “__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de
que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando pedágio para circular no centro da cidade?
a continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do __ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes ci-
todo e, portanto, configura um texto incoerente. dades. A degradação urbana atinge a todos nós e, por conseguin-
Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o com- te, é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante
põem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis de coerência. oferta de serviços públicos.”

Coerência Narrativa Coerência Figurativa

A coerência narrativa consiste no respeito às implicações ló- A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das figuras
gicas entre as partes do relato. Por exemplo, para que um sujeito que manifestam determinado tema. Para que o leitor possa per-
realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto, ceber o tema que está sendo veiculado por uma série de figuras
ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerên- encadeadas, estas precisam ser compatíveis umas com as outras.
cia narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta que foi a uma Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao descrever um
festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estran-
que se visse qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma geiro, depois de falar de baixela de prata, porcelana finíssima, flo-
mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma coluna e res, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso figurativo
passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas. guardanapos de papel.
Se o narrador diz que não podia enxergar nada, é incoerente dizer
que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega a Coerência Temporal
competência para a realização de um desempenho qualquer, esse
desempenho não pode ocorrer. Isso por respeito às leis da coerên- Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à su-
cia narrativa. Observe outro exemplo: cessão dos eventos e à compatibilidade dos enunciados do ponto
de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo,
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clu- dizer: “O assassino foi executado na câmara de gás e, depois,
be, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Paraná tinha condenado à morte”.
tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias
antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não Coerência Espacial
teve dúvida sobre os motivos:
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ata- A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enun-
que do Guarani.” ciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria incoeren-
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina. te, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’
mostra a mudança sofrida por um homem que vivia lá no interior e
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendi- encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital, pois
do com o que já se esperava que acontecesse. aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no
interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento está
Coerência Argumentativa sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o
A coerência argumentativa diz respeito às relações de im- tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. Em
plicação ou de adequação entre premissas e conclusões ou entre síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo
afirmações e consequências. Não é possível alguém dizer que é a lugar.

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência do Nível de Linguagem Utilizado “Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carrei-
ra universitária informações críticas a respeito da realidade pro-
A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que con- fissional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos
cerne à compatibilidade do léxico e das estruturas morfossintáti- ensinos de primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a forma-
cas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação. ção crítica de suas ideias as quais, serão a praticidade cotidiana.
Ocorre incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por Aptidões pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de
exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo ou pertencente à maneira discursiva a analisar conceituações fundamentais.”
linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta for-
mal. Tanto sabemos que isso não é permitido que, quando o faze- Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58.
mos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra, se me
permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
Fatores de Coerência
“Tendo recebido a notificação para pagamento da chama-
da taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita, para - O contexto: para uma dada unidade linguística, funcio-
expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o na como contexto a unidade linguística maior que ela: a sílaba é
IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a
valor venal do imóvel exatamente para cobrir as despesas da mu- palavra; o período, para a oração; o texto, para o período, e assim
nicipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos só- por diante.
lidos produzidos pelos moradores de nossa cidade. Francamente,
achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais um “Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napo-
gasto nas costas da gente.” li, cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, o
“Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.”
Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa
completamente do utilizado no período anterior.
À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enu-
meração desses elementos. Quando ficamos sabendo, no entanto,
Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este:
que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para
Saltou para a rua, abriu a janela do 5º andar e deixou um bilhe-
gostar de São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se
te no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há
coerente:
evidente violação da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto
talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente incluir guar-
100 motivos para gostar de São Paulo
danapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre
coerência figurativa, alguém poderia objetivar que é preconceito
considerá-los inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que, 1. Um chopps
afinal, determina se um texto é ou não coerente? 2. E dois pastel
A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos bá- (...)
sicos de verdade: adequação à realidade e conformidade lógica 5. O polpettone do Jardim de Napoli
entre os enunciados. (...)
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, ar- 30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
gumentativa, figurativa, etc. Em cada nível, temos duas espécies (...)
diversas de coerência: 43. O “Parmera”
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o (...)
texto e uma “realidade” exterior a ele. 45. O “Curíntia”
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à (..)
adequação, à não-contradição entre os enunciados do texto. 59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...)
A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se
pode ser: O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos con-
- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes vergem para um único significado: a celebração da capital do esta-
ao mundo físico, à cultura de um povo, ao conteúdo das ciências, do de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nos-
etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem so exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o
textos. O período “O homem olhou através das paredes e viu onde terceiro, a um prato que tornou conhecido o restaurante chamado
os bandidos escondiam a vítima que havia sido sequestrada” é Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de
incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens Caetano Veloso; o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times
não vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência fi- mais populares da cidade são denominados na variante linguística
gurativa extratextual. popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o con- vigorava no resto do país.
junto dos conhecimentos sobre o código linguístico necessário à - A situação de comunicação:
codificação de mensagens decodificáveis por outros usuários da
mesma língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente __A telefônica.
sem sentido por inobservância de mecanismos desse tipo: __Era hoje?

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de in- - O intertexto:
terlocução, porque deixa implícitos certos enunciados que, dentro
dela, são perfeitamente compreendidos: Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro

__ O empregado da companhia telefônica que vinha conser- __ a chuva me deixa triste...


tar o telefone está aí. __ a mim me deixa molhado.
__ Era hoje que ele viria? José Paulo Paes. Op. Cit., p 79.

Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em


- O conhecimento de mundo:
outros e, por isso, só ganham coerência nessa relação com o texto
sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextua-
31 de março / 1º de abril lidade. É o caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber
Dúvida Revolucionária que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando Pes-
soa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade
Ontem foi hoje? lírica distinta da do autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a
Ou hoje é que foi ontem? exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjeti-
vas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpre-
Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que tar a realidade pela inteligência, pois essa interpretação conduz a
significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”. No entanto, simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de
as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a Caeiro. Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando
um episódio da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chama- Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções, falando da solidão in-
do Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de nosso conhe- terior, do tédio, etc.
cimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia
1º de abril, mas sua comemoração foi mudada para 31 de março, Incoerência Proposital
para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.
Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência,
- As regras do gênero: com vistas a produzir determinado efeito de sentido, assim como
existem outros que fazem da não-coerência o próprio princípio
constitutivo da produção de sentido. Poderia alguém perguntar,
“O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos
então, se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é
escondiam a vítima que havia sido sequestrada.” aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por
inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador, e não usada
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é comple- funcionalmente para construir certo sentido.
tamente coerente no mundo criado pelas histórias de super-heróis, Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dis-
em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente semina pistas no texto, para que o leitor perceba que ela faz parte
ilimitada; pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz; de um programa intencionalmente direcionado para veicular de-
quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do tempo e terminado tema. Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa
pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permi- muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas comendo de boca
tem-lhe ver através de qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc. aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, osten-
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetiva- tando sua últimas aquisições, o enunciador certamente não está
mente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele inclui também os querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vulga-
mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto, ridade dos novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes
ficção científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso, como “Quero ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall em
etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é incoerente num 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The
determinado gênero não o é, necessariamente, em outro. party, Blake Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que
os respectivos protagonistas exibem comportamento incompatível
com a ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo
- O sentido não literal:
converge para que o espectador se solidarize com eles, por sua
ingenuidade e falta de traquejo social. Mas, se aparece num texto
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a uma figura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza
qualquer momento.” de que se trata de uma quebra de coerência proposital, com vistas
a criar determinado efeito de sentido, vai pensar que se trata de
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enun-
nessa acepção, o termo ideias não pode ser qualificado por adjeti- ciador.
vos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão
as qualidades verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujei- da realidade seu princípio constitutivo; da incoerência, um fator de
to um substantivo animado. coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não li- das maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apre-
teral, como concepções ambientalistas, o período pode ser lido da sentar paradoxos de sentido, subverter o princípio da realidade,
seguinte maneira: “As idéias ambientalistas sem atrativo estão la- mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum
tentes, mas poderão manifestar-se a qualquer momento.” com outras.

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém
mais de um exemplo do que foi abordado: 2. CONHECIMENTO LINGUÍSTICO.
2.1. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA;
Teresa
2.2. CLASSES DE PALAVRAS: USOS E
A primeira vez que vi Teresa
ADEQUAÇÕES;
Achei que ela tinha pernas estúpidas 2.3. CONVENÇÕES DA NORMA PADRÃO
Achei também que a cara parecia uma perna (NO ÂMBITO DA CONCORDÂNCIA, DA
REGÊNCIA, DA ORTOGRAFIA E DA
Quando vi Teresa de novo ACENTUAÇÃO GRÁFICA);
Achei que seus olhos eram muito mais velhos 2.4. ORGANIZAÇÃO DO PERÍODO
[que o resto do corpo SIMPLES E DO PERÍODO COMPOSTO;
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando 2.5. PONTUAÇÃO;
[que o resto do corpo nascesse) 2.6. RELAÇÕES SEMÂNTICAS ENTRE
PALAVRAS (SINONÍMIA, ANTONÍMIA,
Da terceira vez não vi mais nada
HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA).
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
[das águas.
Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
Aguilar, 1986, p. 214. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no míni- “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um
mo, que nosso conhecimento de mundo inclua o poema: velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma
matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou
O Adeus de Teresa um lavrador de pequeno campo fértil (...)”

A primeira vez que fitei Teresa, Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem
Como as plantas que arrasta a correnteza, as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer varia-
A valsa nos levou nos giros seus... ções devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que
às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evidentes,
Castro Alves recebem o nome genérico de variedades ou variações linguísticas.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus
Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles; falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se que,
que tenhamos noção da crítica do Modernismo às escolas literárias numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo sig-
precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa se- nificado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por exemplo,
ria tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que fa- os dois enunciados a seguir:
çamos uma leitura não literal; que percebamos sua lógica interna,
criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo.
absurdos em outro contexto. Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enun-
ciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas tam-
bém que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é de
gente mais “estudada”.
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar
grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas
maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de
variações linguísticas.
As variações que distinguem uma variante de outra se manifes-
tam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintá-
tico e lexical.

Variações Fônicas

São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituin-


tes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e,
ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe
com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre es-
ses casos, podemos citar:

Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem - a ausência da preposição adequada antes do pronome rela-
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. tivo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais
hoje frequentes na fala caipira. confio.
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- - a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
oral coloquial. com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia).
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam típicas - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
de pessoas de baixa extração social. se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua)
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande voz me irrita.
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extração social.
Variações Léxicas
Variações Morfológicas
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas
domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
exemplos, podemos citar: - a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da lingua- gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
gem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssi- Esse amigo é um carinha maior esforçado.
mo), uma prova hiper difícil (em vez de dificílima), um carro hiper - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
possante (em vez de possantíssimo). vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regu- a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no
lares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil,
(vir) o recado, quando ele repor (repuser). em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregula- pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que cha-
res: vareia (varia), negoceia (negocia). mamos de suéter, malha, camiseta.
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o Designações das Variantes Lexicais:
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da
cal). - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de
indicado, as noite fria, os caso mais comum. 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era
Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa;
que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.

Variações Sintáticas - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras


recém-criadas, muitas das quais mal ou nem estraram para os di-
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No cionários. A moderna linguagem da computação tem vários exem-
domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as dife- plos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos
renças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons),
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a robotizar, robotização.
de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras empresta-
ti) e ele. das de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preser-
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de vando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões lati-
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. nas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus

Didatismo e Conhecimento 37
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(literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em Tipos de Variação
liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”),
ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as va-
(“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escri- riantes linguísticas um sistema de classificação que seja simples
to”), data venia (“com sua permissão”). e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (com- caracterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comuni-
preensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sen- dade linguística. O principal problema é que os critérios adotados,
sibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de in- muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente.
formações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de As variações mais importantes, para o interesse do concurso
música). público, são os seguintes:
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não
se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido
concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particu- com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
lar entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, cor-
porativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização (frase 1)
de um personagem).
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
- Jargão: é o lexo típico de um campo profissional como a caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado?
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jar- Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um ga-
gão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser rimpeiro? Um repórter de televisão?
ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente E quem usaria a frase abaixo?
vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico cha-
ma-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
inversão de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura (frase 2)
de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a
o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas
prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em pri- vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando mui-
meira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre to, fizeram-no em condições não adequadas.
os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que ti-
direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é con- veram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam, por
siderado errado pela gramática normativa). isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura,
com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma,
- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamente de “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
marginais) que não deseja ser entendido por outros grupos ou que Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita aci-
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a ma está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros
gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmen- fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as pala-
tos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades vras e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua:
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá
ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa si-
pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavel- tuação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo).
mente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as
masculino), levar um lero (conversar). condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, geran-
do, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua.
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessiva- A elas damos o nome de variações socioculturais.
mente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir);
procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); - Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser fa-
cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscure- cilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que
cer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre,
de caçoada, troça). intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam
principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque:
um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A va-
diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou riação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também
(em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos
mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em dife-
rentes regiões do país.

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma
em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Ama-
um típico sertanejo do centro-norte de Minas: nhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô;
talvez ele não entenda o que você diz.
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet,
Mangolô!]. a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática,
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a
isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico,
d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fa- o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apar-
zer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando theid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura.
é sossego...” Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo,
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o
se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas altera- Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servo-
ções recebem o nome de variações históricas. mecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a
Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a lín- Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
gua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglo-
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. merado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM,
o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
Texto I Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tenso-
ra, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de
Antigamente bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da gira-
fa, poluição.
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fis-
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam prima- cais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras.
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados.
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh!
meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar Pow! Click!
o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais ido- Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
sos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a apa-
e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, recer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo
esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chu- geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo
pando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circula-
quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até mos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. que significado?
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramon-
tana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações
que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um
artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo enca- modo de falar compatível com determinada situação é incompatí-
petados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, vel com outra:
não: verdadeiros cromos, umas teteias.
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os me- Ô mano, ta difícil de te entendê.
ninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas,
bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratis- Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação
tas, e os cristãos não morriam: descansavam. informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em
Texto II todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem
culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sen-
Entre Palavras do, por isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afe-
tados.
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – cir- São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um
culamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio
anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria
tornar conhecimento de novas palavras e combinações de. de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
ambiente físico em que se dá um diálogo (num templo não se usa Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade, moça
os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um colega bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjetivo, mas
de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento que a fala substantivo.
implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum
escolhem-se as palavras, num relato de uma conquista amorosa Morfossintaxe do Adjetivo:
para um colega fala-se com menos preocupação).
As variações de acordo com a situação costumam ser chama- O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de
das de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto adno-
classificadas em duas grandes divisões: minal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre
o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na lin- Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
guagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe al-
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
guns deles:
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre
Estados e cidades brasileiros:
o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que
Alagoas alagoano
esse estilo melhor se manifesta.
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno Amazonas amazonense ou baré
trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas universi- Belo Horizonte belo-horizontino
tárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Lin- Brasília brasiliense
guísticos, de Fernando Tarallo. AS reticências indicam as pausas. Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica Adjetivo Pátrio Composto
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe alguns
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de eco- exemplos:
nomia, das nove da noite. África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia América américo- / Companhia américo-africana
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das pala- Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
vras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação China sino- / Acordos sino-japoneses
de uma aula de português de uma professora universitária do Rio Espanha hispano- / Mercado hispano-português
de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A linguagem falada Europa euro- / Negociações euro-americanas
culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
reticências. Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmenta- Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
ção do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe
vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido tam-
bém para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de
Flexão dos adjetivos
conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas
que... na hora de serem empregados... deixam muito a desejar... O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de Gênero dos Adjetivos
formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata-se de
um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone. Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos, clas-
CLASSES DE PALAVRAS: sificam-se em:

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra
rística do ser e se relaciona com o substantivo. para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-americano, a
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa moça norte-americana.
bondosa. Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Didatismo e Conhecimento 40
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Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femini- é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
no. Por exemplo: conflito político-social e desavença político-social.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Número dos Adjetivos Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs-
Plural dos adjetivos simples tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é analítica
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos simples.
Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins boa e boas O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superioridade
Sintético
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de
substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver quali- Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superioridade,
ficando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor, peque-
sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é originalmente um no/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/inferior.
substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará Observe que:
como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
cinza. pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
Veja outros exemplos: b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor,
Motos vinho (mas: motos verdes) pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas quali-
Paredes musgo (mas: paredes brancas). dades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por exemplo:
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos.
Adjetivo Composto
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas quali-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente,
dades de um mesmo elemento.
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemen-
to concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferioridade
forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam o
Sou menos passivo (do) que tolerante.
adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
Superlativo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é original-
mente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento,
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen,
formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo e
adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por exemplo: apresenta as seguintes modalidades:
Camisas rosa-claro. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser é in-
Ternos rosa-claro. tensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas formas:
Olhos verde-claros. Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. muito inteligente.
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adje- Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de sufi-
tivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. xos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os Observe alguns superlativos sintéticos:
dois elementos flexionados. benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
Grau do Adjetivo comum comuníssimo
cruel crudelíssimo
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade da difícil dificílimo
qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo e o doce dulcíssimo
superlativo. fácil facílimo
fiel fidelíssimo
Comparativo
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é in-
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a tensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode ser:
dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao mes- De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
mo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ou De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:

Didatismo e Conhecimento 41
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Note bem: de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos- longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
tos ao adjetivo. res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem lado, em volta
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
agilíssimo. de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva-
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen-
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís- te (=sem dúvida).
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í. de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na simplesmente, só, unicamente
Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti- de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no de designação: Eis
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
que esse processo se desenvolve.
(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
quê? (finalidade)
caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi-
ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos: Locução adverbial
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
está até bem informado. É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo Exemplo:
alheio, representando uma qualidade, característica. Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
O artista canta muito mal.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro Há locuções adverbiais que possuem advérbios correspon-
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve- dentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressa-
rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como damente.
advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te- flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única
mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al- flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é
gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, a de grau:
de modo algum, entre outras. Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - lon-
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, gíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitu-
eles se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por: cionalissimamente, etc.;
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti-
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des- nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida.
-”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente- Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número
mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa- dos substantivos.
mente, generosamente
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces-
Classificação dos Artigos
so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama- Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira
nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal.
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro- Combinação dos Artigos
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, É muito presente a combinação dos artigos definidos e inde-
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer finidos com preposições. Veja a forma assumida por essas combi-
momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia nações:

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Preposições Artigos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
o, os de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que
a ao, aos venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
na, nas num, nuns numa, numas com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência re-
pela, pelas - - solverá os problemas de Sua Senhoria.

- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o - Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de S.
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
Paulo.
crase.
Morfossintaxe
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se mani-
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
festam: com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, o ar-
tigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo a que se
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral refere. Tal função independe da função exercida pelo substantivo:
“ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas. A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do ar-
tigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois
termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo:
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amiguinhas.
toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as ami-
de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O guinhas
Pedro é o xodó da família.
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: segu-
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no plu- rou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
ral, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, Os 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou
Astecas... 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a tercei-
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para ra oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras “e”
conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o pro- e “quando” ligam, portanto, orações.
nome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes ou
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando
(qualquer classe)
termos de uma mesma oração.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Morfossintaxe da Conjunção
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem pro-
priamente uma função sintática: são conectivos.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de Classificação
aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte - Conjunções Coordenativas
anos. - Conjunções Subordinativas
- O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso. Conjunções coordenativas

- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo Dividem-se em:
(e flexões). - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto de
Este é o homem cujo amigo desapareceu. cantar e de dançar.
Este é o autor cuja obra conheço. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
não só...como também.

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposi- - PROPORCIONAIS
ção, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, to- mais, ao passo que, à proporção que.
davia, no entanto, entretanto. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.

- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. - TEMPORAIS


Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer... Quando eu sair, vou passar na locadora.
quer, já...já.
Diferença entre orações causais e explicativas
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações.
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (de- e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a
pois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
Veja os exemplos:
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro-
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. pelado”:
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
do verbo), porquanto. uma explicação do fato expresso na oração anterior.
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma
Conjunções subordinativas da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar-
cadas por vírgula.
- CAUSAIS Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
vez que, como (= porque). Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli-
Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
cativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
mais...do que, menos...do que.
porque não havia cemitério no local.”
Ela fala mais que um papagaio.
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração
- CONCESSIVAS
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mes-
mo que, apesar de, se bem que. período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato a CS Explicativa.
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar mortos em outra cidade.
cansada) b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen-
Apesar de ter chovido fui ao cinema. dentes uma da outra.

- CONFORMATIVAS Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sen-


Principais conjunções conformativas: como, segundo, confor- sações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocu-
me, consoante tor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso,
Cada um colhe conforme semeia. seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elabora-
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade. das. Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
- CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou
“tão”, “tamanho”). com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra.
Falou tanto que ficou rouco. Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló-
- FINAIS gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
Expressam ideia de finalidade, objetivo. em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro
Todos trabalham para que possam sobreviver. lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução
(=para que), interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença.
Veja os exemplos:

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
Bravo! Bis! - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
bom! Repitam!” - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da - Desculpa: Perdão!
alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh!
contexto específico. Exemplos: - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Ora!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
O significado das interjeições está vinculado à maneira como - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti- - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!,
do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
Exemplos: - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
espere!” Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem de
um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No
silêncio!” entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem variação em
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um processo
puxa: interjeição; tom da fala: euforia natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a lingua-
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! gem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Locução Interjetiva
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tris- com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me
teza, dor, etc. dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim!
Você faz o que no Brasil? Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem!
Eu? Eu negocio com madeiras.
Ah, deve ser muito interessante. Observações:
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
2) Sintetizar uma frase apelativa exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe que
Cuidado! Saia da minha frente. me desculpe.

As interjeições podem ser formadas por: - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu tom
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais podem
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! aparecer como interjeições.
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora Viva! Basta! (Verbos)
bolas! Fora! Francamente! (Advérbios)

A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da en- - A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” porque
tonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Ajudem-me!,
interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo: Silêncio!, Fique quieto!
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, que
Classificação das Interjeições exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof!
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Comumente, as interjeições expressam sentido de: - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten- homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-
ção!, Olha!, Alerta! se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos depois
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô! do “ó” vocativo.
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)

Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de pala- Flexão dos numerais
vras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Car-
Interjeições, leitura e produção de textos dinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões,
bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, quan- Os numerais ordinais variam em gênero e número:
do empregadas na língua escrita, as interjeições costumam confe- primeiro segundo milésimo
rir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso, elas primeira segunda milésima
podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como a primeiros segundos milésimos
escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até primeiras segundas milésimas
mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - particular-
mente nos diálogos - que comumente se faz uso das interjeições Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
com o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e consegui-
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e con-
ram o triplo de produção.
teúdo mais emocional do que racional fazem das interjeições pre-
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexio-
sença constante nos textos publicitários.
nam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do me-
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php dicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéri- Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
cos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em deter- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia,
minada sequência. um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É
Eu quero café duplo, e você? o que ocorre em frases como:
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] “Me empresta duzentinho...”
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! É artigo de primeiríssima qualidade!
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segun-
“fila”] da divisão de futebol)

Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os nú- Emprego dos Numerais
meros indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais, *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em
mas sim de algarismos. que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do subs-
expressa pelos números, existem mais algumas palavras conside- tantivo:
radas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordena-
ção. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena. Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Classificação dos Numerais D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
um, dois, cem mil, etc.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão *Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal
dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. até nono e o cardinal de dez em diante:
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri- Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
plo, quíntuplo, etc.
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um
Leitura dos Numerais e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente
Separando os números em centenas, de trás para frente, ob- empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez refe-
têm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, rência.
também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vír- Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importân-
gula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”. cia da solidariedade. Ambos agora participam das atividades co-
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte munitárias de seu bairro.
e seis. Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atual-
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. mente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Didatismo e Conhecimento 46
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Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subor-
dinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão
textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora,
mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de,
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou
em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

Didatismo e Conhecimento 47
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1. Combinação: A preposição não sofre alteração. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ter-
preposição a + artigos definidos o, os mos e estabelece relação de subordinação entre eles.
a + o = ao Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
preposição a + advérbio onde Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
a + onde = aonde um tratamento adequado.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou
Preposição + Artigos a função de um substantivo.
De + o(s) = do(s) Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte
De + a(s) = da(s) da família
De + um = dum Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
De + uns = duns Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
De + uma = duma
De + umas = dumas 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
Em + o(s) = no(s) preposições:
Em + a(s) = na(s) Destino = Irei para casa.
Em + um = num Modo = Chegou em casa aos gritos.
Em + uma = numa Lugar = Vou ficar em casa;
Em + uns = nuns Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Em + umas = numas
Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
A + à(s) = à(s)
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o trata-
mento.
Preposição + Pronomes Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ele(s) = dele(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + ela(s) = dela(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + este(s) = deste(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esta(s) = desta(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + esse(s) = desse(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + essa(s) = dessa(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquele(s) = daquele(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquela(s) = daquela(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isto = disto Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + isso = disso
De + aquilo = daquilo Fonte:
De + aqui = daqui http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
De + outro = doutro(s)
se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s) forma.
Em + esta(s) = nesta(s)
Em + esse(s) = nesse(s) A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + aquele(s) = naquele(s) [substituição do nome]
Em + aquela(s) = naquela(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + isto = nisto [referência ao nome]
Em + isso = nisso Essa moça morava nos meus sonhos!
Em + aquilo = naquilo [qualificação do nome]
A + aquele(s) = àquele(s)
A + aquela(s) = àquela(s) Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos,
A + aquilo = àquilo isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um con-
texto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que
Dicas sobre preposição está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunica-
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal ção. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
como um substantivo singular e feminino.
tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
A dona da casa não quis nos atender.
apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.
Como posso fazer a Joana concordar comigo?

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] Pronome Oblíquo

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plu- exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
ral). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja ou complemento nominal.
coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordân- Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
cia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
enunciado. Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função di-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa versa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o su-
escola neste ano. jeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância ade- Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acen-
quada]
tuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
[neste: pronome que determina “ano” = concordância adequa-
da]
Pronome Oblíquo Átono
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
inadequada]
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de- São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são pre-
monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. cedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me
deu um presente.
Pronomes Pessoais O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
São aqueles que substituem os substantivos, indicando dire- - 2ª pessoa do singular (tu): te
tamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou - 1ª pessoa do plural (nós): nos
“vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou - 2ª pessoa do plural (vós): vos
“elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
Pronome Reto na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exer- preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto
ce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. indireto na oração.
Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
como objetos indiretos.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (ape- Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
nas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, diretos.
uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
dos pronomes retos é assim configurado: com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los,
- 1ª pessoa do singular: eu
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas
- 2ª pessoa do singular: tu
formas nos exemplos que seguem:
- 3ª pessoa do singular: ele, ela
- 1ª pessoa do plural: nós - Trouxeste o pacote?
- 2ª pessoa do plural: vós - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 3ª pessoa do plural: eles, elas - Não contaram a novidade a vocês?
- Não, no-la contaram.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, co-
muns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na pra- -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
ça”, “Trouxeram-me até aqui”. tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
formas no, nos, na, nas. Por exemplo: O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
viram + o: viram-no - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
repõe + os = repõe-nos Eu não me vanglorio disso.
retém + a: retém-na Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
tem + as = tem-nas
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
Pronome Oblíquo Tônico Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por
preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
Guilherme já se preparou.
motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto
Ela deu a si um presente.
da oração. Possuem acentuação tônica forte.
Antônio conversou consigo mesmo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Lavamo-nos no rio.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são Eles se conheceram.
a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem Elas deram a si um dia de folga.
a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pes- A Segunda Pessoa Indireta
soais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contex-
tos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando uti-
costumam ser usados desta forma: lizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor
Não há mais nada entre mim e ti. (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser
Não há nenhuma acusação contra mim. observados no quadro seguinte:
Não vá sem mim.

Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de sur-


gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito ex-
presso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes ori-


ginou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e
convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exer-
cem a função de adjunto adverbial de companhia.
Ele carregava o documento consigo.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
“com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são refor-
çados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos
ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) acerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tratamento ceri-
monioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões,
a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à pessoa com
quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um deputado
por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo
que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Assim, os
verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a pessoa do
tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O
uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto possuído:
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou inva-
riáveis, observe:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Po- - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
dem ter outros empregos, como: - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos. Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
te indiquei.)
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus
defeitos, mas eu gosto muito dela. - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o
procuraram ontem.
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pro- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o pro-
nome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua blema.
mensagem? - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo con-
corda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações. Note que:
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em constru-
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos ções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum
termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera em cheio
átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (=
casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras,
Vou seguir seus passos.)
isso é que é sorte!
Pronomes Demonstrativos
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um
termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece,
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a
geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O casa-
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. mento seria um desastre. Todos o pressentiam.
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou dis-
curso. - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso,
No espaço: é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, en-
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro tão, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém
está perto da pessoa que fala. teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencio-
fala. nada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]

Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de menina foi a tal que ameaçou o professor?
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pro-
destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. nome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no,
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar in- etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
formações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
destinatária). Pronomes Indefinidos
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que en- São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
via a mensagem). dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
No tempo: indeterminada.
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-plantadas.
ao ano presente.
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de
um passado próximo. quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa,
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que segura-
referindo a um passado distante. mente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer
revelar. Classificam-se em:

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do Pronomes Relativos
ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo,
alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, São aqueles que representam nomes já mencionados anterior-
tudo. mente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subor-
Algo o incomoda? dinadas adjetivas.
Quem avisa amigo é. O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
grupo racial sobre outros.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser ex- (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = ora-
presso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. ção subordinada adjetiva).
São eles: cada, certo(s), certa(s). O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e in-
Cada povo tem seus costumes. troduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é
Certas pessoas exercem várias profissões. antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome de-
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora monstrativo o, a, os, as.
pronomes indefinidos adjetivos: Não sei o que você está querendo dizer.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), de- Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
mais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhu- Quem casa, quer casa.
ma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer,
qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), Observe:
toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
Menos palavras e mais ações. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Alguns se contentam pouco. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e Note que:
invariáveis. Observe: - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, mui- substantivo.
tos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
cada. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

São locuções pronominais indefinidas: - O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pro-
nomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verifi-
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem car se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias
quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual classificações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com
(= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de de-
Cada um escolheu o vinho desejado. terminadas preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio
de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste
Indefinidos Sistemáticos caso, geraria ambiguidade.)
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebe- dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
mos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido.
É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam poeta, que era a sua vocação natural.
uma totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pes-
soa, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
qualquer, que generaliza. com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das
Essas oposições de sentido são muito importantes na constru- quais.
ção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas (antecedente) (consequente)
frases seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados
imprimem às afirmações de que fazem parte: - “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prá- um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
tico. Emprestei tantos quantos foram necessários.
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes- (antecedente)
soas quaisquer. Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre prece- Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
dido de preposição. pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
É um professor a quem muito devemos. “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou
(preposição) entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”)
esteja no infinitivo ou gerúndio.
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente Eu desejo lhe perguntar algo.
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava Eu estou perguntando-lhe algo.
foi assaltada.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
que.
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no ex-
terior. dos segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu es-
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: tava fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
você agiu semana passada. eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
jogar videogame. A colocação pronominal é a posição que os pronomes pes-
soais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as,
só frase. lhe, lhes, nos e vos.
O futebol é um esporte. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na ora-
O povo gosta muito deste esporte.
ção em relação ao verbo:
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
1. próclise: pronome antes do verbo
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a 2. ênclise: pronome depois do verbo
elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conver- 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
sava, (que) ria, (que) fumava.
Próclise
Pronomes Interrogativos
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou - Palavras com sentido negativo:
indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- -se Nada me faz querer sair dessa cama.
à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interro- Não se trata de nenhuma novidade.
gativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações).
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. - Advérbios:
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas pre- Nesta casa se fala alemão.
feres.
Naquele dia me falaram que a professora não veio.
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos
passageiros desembarcaram.
- Pronomes relativos:
Sobre os pronomes: A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujei-
to na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desem- - Pronomes indefinidos:
penha função de complemento. Vamos entender, primeiramente, Quem me disse isso?
como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Ob- Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
serve as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. - Pronomes demonstrativos:
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe Isso me deixa muito feliz!
ajudar. Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exer-
- Preposição seguida de gerúndio:
cem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na
segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. indicado à pesquisa escolar.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pro-
nome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda - Conjunção subordinativa:
pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
Ajudar quem? Você (lhe).

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
Ênclise 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- adap.).
Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifado está correta-
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não mente substituído por um pronome em:
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
vai acontecer quando: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-lhes de-
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: salentado
Amem-se uns aos outros. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de co-
Sigam-me e não terão derrotas. nhecê-lo?
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
- O verbo iniciar a oração: ser-lhe
Diga-lhe que está tudo bem. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Chamaram-me para ser sócio.
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição A substituição do elemento grifado pelo pronome correspon-
“a”: dente, com os necessários ajustes, foi realizada de modo IN-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. CORRETO em:
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. A) mostrando o rio= mostrando-o.
- O verbo estiver no gerúndio: B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocu- C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
pada. D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada lhes
Despediu-se, beijando-me a face. acrescentariam.
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: 04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a al-
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no mesmo ternativa em que o pronome destacado está posicionado de acordo
instante. com a norma-padrão da língua.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. (A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
Mesóclise (C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futu-
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.
ro do presente ou no futuro do pretérito:
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alternativa
realizará)
cujo emprego do pronome está em conformidade com a norma
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma proposta
padrão da língua.
a você)
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
Questões sobre Pronome (B) Nos falaram que a diplomacia americana está abalada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012). (D) Conformado, se rendeu às punições.
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não (E) Todos querem que combata-se a corrupção.
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, 06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale a al-
a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que ternativa correta quanto à colocação pronominal, de acordo com a
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água faça em norma-padrão da língua portuguesa.
si diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de (A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que eles
repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qual- sejam sempre trazidos junto ao corpo.
quer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-sombra. (B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação de
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quan- ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
tificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria (C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos resti-
das políticas de crescimento verde sempre será a segunda opção. tuir um objeto à pessoa que o perdeu.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que abrisse
a bolsa que encontrara.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, referem- (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendência
-se, respectivamente, a natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
(A) dúvidas e preços.
(B) dúvidas e insumos básicos. 07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
(C) companhias e insumos básicos. Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
(D) companhias e preços do carbono e da água. tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
(E) políticas de crescimento e preços adequados. prazo.

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta e res- preparação. Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda
pectivamente, considerando a norma culta da língua. assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
A) a que … acaba … à adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das po-
B) com que … acabam … à líticas de crescimento verde sempre será a segunda opção.
C) de que … acabam … a
D) em que … acaba … a 2-)
E) dos quais … acaba … à A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os desa-
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013- lentado
adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e respectiva- C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de co-
mente, as lacunas do trecho. nhecê-las ?
______alguns anos, num programa de televisão, uma jovem D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
fazia referência______ violência______ o brasileiro estava sujei- sê-lo
to de forma cômica. 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
A) Fazem... a ... de que
B) Faz ...a ... que 4-)
C) Fazem ...à ... com que (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
D) Faz ...à ... que (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
E) Faz ...à ... a que (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes. 5-)
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça... (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (B) Falaram-nos que a diplomacia americana está abalada.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados (D) Conformado, rendeu-se às punições.
acima foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem (E) Todos querem que se combata a corrupção.
dada, em:
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los 6-)
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação de ter
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes de procurar a dona de uma bolsa perdida.
(D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos resti-
tuir um objeto à pessoa que o perdeu.
(E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que abrisse
10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013-
a bolsa que encontrara.
adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos esta-
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma tendência
belecimentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste-
natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
munhas vão ajudar a polícia na investigação. – de acordo com
7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
a norma-padrão, os pronomes que substituem, corretamente, os
tos de que não necessitam e acabam tendo de pagar tudo
termos em destaque são:
a prazo.
A) os comprovam … ajudá-la.
B) os comprovam …ajudar-la. 8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
C) os comprovam … ajudar-lhe. fazia referência à violência a que o brasileiro estava sujeito
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. de forma cômica.
E) lhes comprovam … ajudá-la. Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
GABARITO 9-)
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblíquo no/
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C na (fizeram-na, colocaram-no)
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe” é
para objeto indireto
RESOLUÇÃO convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe”
é para objeto indireto
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, 10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos
a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão aju-
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si dar a polícia na investigação.
diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de re- felizmente os comprovam ... ajudá-la
pente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer (advérbio)

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo Observe agora:
é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam Beleza exposta
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
também nomeiam:
O substantivo beleza designa uma qualidade.
-lugares: Alemanha, Porto Alegre...
-sentimentos: raiva, amor... Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que depen-
-estados: alegria, tristeza... dem de outros para se manifestar ou existir.
-qualidades: honestidade, sinceridade... Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser obser-
-ações: corrida, pescaria... vada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja
Morfossintaxe do substantivo bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a
palavra beleza é um substantivo abstrato.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou in- quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), via-
direto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo gem (ação), saudade (sentimento).
do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predica-
tivo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Também 3 - Substantivos Coletivos
encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
por grupos de palavras. abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Classificação dos Substantivos Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

1- Substantivos Comuns e Próprios Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi neces-
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com sário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, abelha...
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
oposição aos bairros). No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edi- (abelhas).
fícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso
significa que a palavra cidade é um substantivo comum. O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo es-
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mu- tando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
lher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. Substantivo coletivo Conjunto de:
assembleia pessoas reunidas
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie alcateia lobos
cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele acervo livros
que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular: antologia trechos literários selecionados
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. arquipélago ilhas
banda músicos
2 - Substantivos Concretos e Abstratos bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
LÂMPADA MALA batalhão soldados
cardume peixes
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existên- caravana viajantes peregrinos
cia própria, que são independentes de outros seres. São substan- cacho frutas
tivos concretos. cáfila camelos
cancioneiro canções, poesias líricas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, colmeia abelhas
independentemente de outros seres. chusma gente, pessoas
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo concílio bispos
real e do mundo imaginário. congresso parlamentares, cientistas.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasí- elenco atores de uma peça ou filme
lia, etc. esquadra navios de guerra
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. enxoval roupas
falange soldados, anjos

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
fauna animais de uma região Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
feixe lenha, capim outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro
flora vegetais de uma região é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra pa-
horda bandidos, invasores lavra.
junta médicos, bois, credores, examinadores
júri jurados Flexão dos substantivos
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
malta malfeitores ou desordeiros quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
manada búfalos, bois, elefantes, pode sofrer variações para indicar:
matilha cães de raça Plural: meninos Feminino: menina
molho chaves, verduras Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
multidão pessoas em geral Flexão de Gênero
ninhada pintos
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.) Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo
penca bananas, chaves real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros:
pinacoteca pinturas, quadros masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os subs-
quadrilha ladrões, bandidos tantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
ramalhete flores estes títulos de filmes:
rebanho ovelhas O velho e o mar
récua bestas de carga, cavalgadura Um Natal inesquecível
repertório peças teatrais, obras musicais Os reis da praia
réstia alhos ou cebolas
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir
romanceiro poesias narrativas
precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
revoada pássaros
A história sem fim
sínodo párocos
Uma cidade sem passado
talha lenha
As tartarugas ninjas
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
vara porcos
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de
seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao
Formação dos Substantivos sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher,
Substantivos Simples e Compostos poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou ra- Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma
dical. É um substantivo simples. única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o femi-
nino. Classificam-se em:
Substantivo Simples: é aquele formado por um único ele- - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra
mento. macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
+ chuva). Esse substantivo é composto. indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. e a artista.

Substantivos Primitivos e Derivados Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema
Meu limão meu limoeiro, ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma,
meu pé de jacarandá... o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de ne- em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
nhum outro dentro de língua portuguesa. emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)

Didatismo e Conhecimento 58
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Formação do Feminino dos Substantivos Biformes Comuns de Dois Gêneros:
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao mascu- Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
lino: freguês - freguesa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três a palavra motorista é um substantivo uniforme.
formas: A distinção de gênero pode ser feita através da análise do arti-
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa go ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa

Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sul- - A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gê-
tana neros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência
- Substantivos terminados em -or: pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora dos contos de carochinha.
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - con- problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a per-
sulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa / sonagem.
conde - condessa / profeta - profetisa - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográ-
fico Ana Belmonte.
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por Observe o gênero dos substantivos seguintes:
-a: elefante - elefanta
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena),
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã,
o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o
feminino: bode – cabra / boi - vaca
pernoite, o púbis.
- Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a ca-
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czari-
taplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a
na réu - ré
faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
- São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
Epicenos: terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema, o
dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o estig-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre ma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o
masculino e o feminino. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para de-
signar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epice- Gênero dos Nomes de Cidades:
nos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de espe-
cificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A histórica Ouro Preto.
Sobrecomuns: A dinâmica São Paulo.
Entregue as crianças à natureza. A acolhedora Porto Alegre.
Uma Londres imensa e triste.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um
possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se Gênero e Significação:
refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. Muitos substantivos têm uma significação no masculino e ou-
A criança chorona chamava-se Maria. tra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
Outros substantivos sobrecomuns: que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa cria- a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição
tura. de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o cisma
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Mar- (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar, descon-
cela faleceu fiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão),

Didatismo e Conhecimento 59
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o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda dos senti- Plural dos Substantivos Compostos
dos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto
em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado -A formação do plural dos substantivos compostos depende
na administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sa- da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o
cramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o es- composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são
tepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o guia grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:
(pessoa que guia outras), a guia (documento, pena grande das asas das aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário malmequer/malmequeres.
da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), O plural dos substantivos compostos cujos elementos são li-
a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, gados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a Algumas orientações são dadas a seguir:
fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
(locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (esta- substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
ção emissora), o voga (remador), a voga (moda, popularidade).
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Flexão de Número do Substantivo
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que indica
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando forma-
um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de um ser ou
grupo de seres. A característica do plural é o “s” final. dos de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
Plural dos Substantivos Simples palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
-falantes
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fazem o palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen - hifens (sem
acento, no plural). Exceção: cânon - cânones. - Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando forma-
dos de:
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: ho- substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô-
mem - homens. nia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo e cavalos-vapor
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. substantivo + substantivo que funciona como determinante do
primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
Atenção: O plural de caráter é caracteres. palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-re-
lógio, notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã,
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plu- peixe- -espada - peixes-espada.
ral, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – caracóis; hotel
- hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. - Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas ma- verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
neiras: - Casos Especiais
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis o louva-a-deus e os louva-a-deus
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
o bem-me-quer e os bem-me-queres
répteis ou reptis (pouco usada).
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas ma-
neiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de Plural das Palavras Substantivadas
“es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o lápis As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
- os lápis / o ônibus - os ônibus. gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
flexões próprias dos substantivos.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três ma- Pese bem os prós e os contras.
neiras. O aluno errou na prova dos noves.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e al-
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex guns dez.
- os látex.

Didatismo e Conhecimento 60
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Plural dos Diminutivos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, es-
posos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo. Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo-
pãe(s) + zinhos = pãezinhos lho (ó) = feixe (molho de lenha).
animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o
tren(s) + zinhos = trenzinhos leste, o oeste, a fé, etc.
colhere(s) + zinhas = colherezinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as
flore(s) + zinhas = florezinhas espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
papéi(s) + zinhos = papeizinhos bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas honras (homenagem, títulos).
funi(s) + zinhos = funizinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sen-
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos tido de plural:
pai(s) + zinhos = paizinhos Aqui morreu muito negro.
pé(s) + zinhos = pezinhos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im-
pé(s) + zitos = pezitos provisadas.
Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as varia-
que a terminação preste-se à flexão. ções de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados.
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado nor-
As Raquéis e Esteres.
mal. Por exemplo: casa
Plural dos Substantivos Estrangeiros
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando ter-
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
minam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com aumento. Por exemplo: casarão.
as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os espor-
tes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
Observe o exemplo: Pode ser:
Este jogador faz gols toda vez que joga. Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que in-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. dica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
diminuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, núme-
metafonia (plural metafônico). ro, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
(correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
Singular Plural desejo (querer).
corpo (ô) corpos (ó) O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
esforço esforços possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva
fogo fogos e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos
forno fornos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilida-
fosso fossos des de flexão que esses verbos possuem.
imposto impostos
olho olhos Estrutura das Formas Verbais
osso (ô) ossos (ó) Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresen-
ovo ovos tar os seguintes elementos:
poço poços - Radical: é a parte invariável, que expressa o significado es-
porto portos sencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
posto postos - Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a
tijolo tijolos conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª ** São impessoais, ainda:
- Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir). 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo:
- Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o Já passa das seis.
tempo e o modo do verbo. Por exemplo: 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indi-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) cando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está
- Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito
pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural): expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
possível”. Por exemplo:
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (com- Não deu para chegar mais cedo.
por, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma Dá para me arrumar uns trocados?
arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desa-
parecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe, * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
pões, põem, etc. apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas As frutas amadureceram.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos ver- Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
bos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facili- pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
dade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do
verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizo- Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
tônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos. galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Classificação dos Verbos Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (pre-
Classificam-se em:
ciso, necessário, etc.):
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bas-
de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical:
tante.)
canto cantei cantarei cantava cantasse.
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais: conjunção que.
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmen- Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fu-
te, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos mar.)
impessoais são: Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláu-
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se dia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
ou fazer (em orações temporais). Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) * Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos mor-
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) fológicos ou eufônicos. Por exemplo:
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do in-
dicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que prova-
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) velmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci. - verbo computar. Este verbo teria como formas do presente
Estava frio naquele dia. do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repu-
impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escu- diadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo
recer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-humora- computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da infor-
do”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer mática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser im-
pessoal para ser pessoal. - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irre-
gular). Observe:

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompa-
nhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo


Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito
sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo


Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do su-
jeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por prono-
me oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou
transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo:
Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: - Particípio: quando não é empregado na formação dos tem-
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos pos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma
átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática. ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes exemplo:
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são Terminados os exames, os candidatos saíram.
os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar
de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
sintáticas. Por exemplo: relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para re-
direto) - 1ª pessoa do singular presentar a escola.

Modos Verbais Tempos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre 1. Tempos do Indicativo
estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num mo-
menino. mento anterior ao atual, mas que não foi completamente termina-
do: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Formas Nominais
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momen-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que to anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as
podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advér- lições ontem à noite.
bio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substanti- antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições
vo. Por exemplo: quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as
Viver é lutar. (= vida é luta) lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: as lições amanhã.
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro. - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer
posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse di-
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas nheiro, viajaria nas férias.
do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinên-
cias, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexio- 2. Tempos do Subjuntivo
na-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
atual: É conveniente que estudes para o exame.
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas pos-
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
terior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
colocação. Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ad- ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
vérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo) num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja,
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na levará as encomendas.
forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que in-
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. dicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
levará as encomendas.

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal (1ª/2ª e 3ª conj.) Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela de-
sinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só
se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (Agente Polícia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
_____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem
(E) seja … mantêm

02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída.
(B) atemporal.
(C) contínua.
(D) hipotética.
(E) futura.

03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas
exprime possibilidade. se dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter acon-
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e tecido com a criança.
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associa- preocupados.
ção, e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
está ligado a uma nova concepção de textualidade... se perdeu mesmo assim.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar
toda a literatura do mundo... 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
– 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
no animal.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego,
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi-
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se pas- mentada.
sarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
teremos a forma: verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
A) puder. A) Existia – Haviam – Existiam
B) poderia. B) Existiam – Havia – Existiam
C) pôde. C) Existiam – Haviam – Existiam
D) poderá. D) Existiam – Havia – Existia
E) pudesse. E) Existia – Havia – Existia

06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em GABARITO


que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma-
-padrão. 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da impres- 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
são definitiva.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio. RESOLUÇÃO
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar
no feriado. 1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu mantivessem a atenção voltada para seus pertences, conservando-
superior. -os junto ao corpo.

07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale a 2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando que-
alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido da das sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder, quem expressa ação contínua (= não concluída)
encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma mensa-
3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
gem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(A) Caso a criança se havia perdido…
pergunta “débito ou crédito?”.
(B) Caso a criança perdeu… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
(C) Caso a criança se perca… segundo ideias preconcebidas.
(D) Caso a criança estivera perdida…
(E) Caso a criança se perda… 4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação
e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo vir-
08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.). tual. = verbo no futuro do pretérito
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo
futuro. 5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
A) Os consumidores são assediados pelo marketing … Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos,
B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar. vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… econômico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele)
D) … de onde vem o produto…? = poderia.
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do origi-
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em si- nal “dar” durante a conjugação, sendo considerado verbo irregular.
lêncio. Exemplo: Conjugação do verbo valer:
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar
no feriado. Modo Indicativo
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... Presente
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a eu valho
seu superior. tu vales
ele vale
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve nós valemos
uma grande perda salarial...) vós valeis
eles valem
8-)
A) Os consumidores são assediados pelo marketing = pre- Pretérito Perfeito do Indicativo
sente eu vali
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… tu valeste
= pretérito do Subjuntivo ele valeu
D) … de onde vem o produto…? = presente nós valemos
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = preté- vós valestes
rito perfeito eles valeram
9-)
(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizi- Pretérito Imperfeito do Indicativo
nhos. eu valia
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter aconte- tu valias
cido com a criança. ele valia
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontra- nós valíamos
da. vós valíeis
eles valiam
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a crian-
ça se perdeu mesmo assim.
Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
eu valera
10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma-
tu valeras
deira no animal.
ele valera
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
nós valêramos
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi- vós valêreis
mentada. eles valeram
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
existir = variável. Portanto, temos: Futuro do Presente do Indicativo
I – Existiam onze pessoas... eu valerei
II – Havia muitos ferimentos... tu valerás
III – Existia muita gente... ele valerá
nós valeremos
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações em seu vós valereis
radical ou em suas desinências, afastando-se do modelo a que per- eles valerão
tencem.
No português, para verificar se um verbo sofre alterações, bas- Futuro do Pretérito do Indicativo
ta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito do indicativo. Ex: eu valeria
faço – fiz, trago – trouxe, posso - pude. tu valerias
Não é considerada irregularidade a alteração gráfica do radi- ele valeria
cal de certos verbos para conservação da regularidade fônica. Ex: nós valeríamos
embarcar – embarco, fingir – finjo. vós valeríeis
eles valeriam
Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do indi-
cativo: Mais-que-perfeito Composto do Indicativo
Eu dou eu tinha valido
Tu dás tu tinhas valido
Ele dá ele tinha valido
Nós damos nós tínhamos valido
Vós dais vós tínheis valido
Eles dão eles tinham valido

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
Gerúndio do verbo valer = valendo Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos irre-
gulares:
Modo Subjuntivo
Presente Dizer
que eu valha Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, di-
que tu valhas zem.
que ele valha Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse, disse-
que nós valhamos mos, dissestes, disseram.
que vós valhais Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá, dire-
que eles valham mos, direis, dirão.
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Fazer
se eu valesse
Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fa-
se tu valesses
zem.
se ele valesse
Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, fizeste, fez, fizemos, fi-
se nós valêssemos
zestes, fizeram.
se vós valêsseis
se eles valessem Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará, fare-
mos, fareis, farão.
Futuro do Subjuntivo
quando eu valer Ir
quando tu valeres Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
quando ele valer Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos, fostes,
quando nós valermos foram.
quando vós valerdes Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, iremos,
quando eles valerem ireis, irão.
Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes, forem.
Imperativo
Imperativo Afirmativo Querer
-- Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos, que-
vale tu reis, querem.
valha ele Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis, quise-
valhamos nós mos, quisestes, quiseram.
valei vós Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, queiramos,
valham eles queirais, queiram.

Imperativo Negativo Ver


-- Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem.
não valhas tu Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos, vistes,
não valha ele viram.
não valhamos nós Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá, vere-
não valhais vós
mos, vereis, verão.
não valham eles
Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Infinitivo
Vir
Infinitivo Pessoal
por valer eu Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm.
por valeres tu Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, viemos,
por valer ele viestes, vieram.
por valermos nós Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, viremos,
por valerdes vós vireis, virão.
por valerem eles Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vierdes,
vierem.
Infinitivo Impessoal = valer
Particípio = Valido Vozes do Verbo

Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indi-


car se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três
as vozes verbais:

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação ex- 2- Voz Passiva Sintética
pressa pelo verbo. Por exemplo: A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na
Ele fez o trabalho. 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:
sujeito agente ação objeto (paciente) Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex- Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
pressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele. Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de
paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o signifi-
sujeito paciente ação a g e n t e
cado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz passiva
da passiva
como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz
passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pa- PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA.
ciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a no- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial-
ção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro) mente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Formação da Voz Passiva Sujeito da Ativa objeto Direto

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passiva

1- Voz Passiva Analítica Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma
verbo principal. Por exemplo: passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
A escola será pintada.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.
O trabalho é feito por ele.
- Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da pre-
posição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não have-
Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. rá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudicaram-me. /
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja ex- Fui prejudicado.
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), Saiba que:
pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, são
seguintes: chamados neutros.
O vinho é bom.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Aqui chove muito.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo)
- Há formas passivas com sentido ativo:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o
mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgi-
transformação da frase seguinte: co) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) Chamo-me Luís.
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Batizei-me na Igreja do Carmo.
Operou-se de hérnia.
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica Vacinaram-se contra a gripe.
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como au-
xiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença. Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf54.php

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões sobre Vozes dos Verbos 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁ-
RIOS CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- indistintamente as músicas produzidas no interior do país...
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma ver-
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é bal resultante será:
(A) adjunto adnominal. (A) vinham indicadas.
(B) sujeito paciente. (B) era indicado.
(C) objeto indireto. (C) eram indicadas.
(D) complemento nominal. (D) tinha indicado.
(E) agente da passiva. (E) foi indicada.

02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo - 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo- PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será: adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(A) era abatido. (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(B) fora abatido. (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro”
(C) abatera-se. (C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) foi abatido. (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa
(E) tinha abatido do Consumidor”
(E) “A empresa fez campanha para recolher”
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010)
como tais. Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo passará a entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
ser, corretamente,
(A) veio a ser entendida.
(A) perceba.
(B) teria entendido.
(B) foi percebido.
(C) fora entendida.
(C) tenham percebido.
(D) terá sido entendida.
(D) devam perceber.
(E) tê-la-ia entendido.
(E) estava percebendo.
10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIO-
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas pela NAL PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 -
multidão... ADAPTADA)
A forma verbal resultante da transposição da frase acima para ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu-
a voz ativa é: lheres.
(A) ocupava-se. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma ver-
(B) ocupavam. bal resultante será:
(C) ocupou. (A) foi empreendida.
(D) ocupa. (B) são empreendidos.
(E) ocupava. (C) foi empreendido.
(D) é empreendida.
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (E) são empreendidas.
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
(A) Quando Rodolfo surgiu... GABARITO
(B) ... adquiriu as impressoras...
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. 01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
(D) ... acolheu-o como patrono. 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
RESOLUÇÃO
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a consti- 1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said ... verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou da
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona como
resultante é: sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de agente da
a) se constituiu. passiva. O sujeito paciente é “os dados”.
b) chegou a ser constituído.
c) teria chegado a constituir. 2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi
d) chega a se constituir. abatido...
e) chegaria a ser constituído.

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda- O fonema s:
de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um na
ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios... Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substantivadas
derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent:
4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na pretender - pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão
passiva, um verbo na ativa: / inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir - submersão /
A multidão ocupava as ruas. divertir - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir -
5-) sensível / consentir - consensual
B = as impressoras foram adquiridas...
C = família numerosa é sustentada... Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados dos
D – foi acolhido como patrono... verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com verbos
terminados por tir ou meter: agredir - agressivo / imprimir - im-
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso
6-) O engajamento moral e político não chegou a constituir
/ percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão /
um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois verbos na comprometer - compromisso / submeter - submissão
voz ativa, mas com presença de preposição e, um deles, no infiniti- *quando o prefixo termina com vogal que se junta com a pala-
vo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no infinitivo (na voz passiva) vra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re +
e o verbo principal (constituir) ficará no particípio: Um desloca- surgir - ressurgir
mento da atenção intelectual de Said não chegou a ser constituído *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: fi-
pelo engajamento... casse, falasse

7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de
no interior do país. origem árabe: cetim, açucena, açúcar
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo, *os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juça-
indistintamente. ra, caçula, cachaça, cacique
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço:
8-) barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa carapuça, dentuço
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” = *nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter - de-
voz ativa tenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte -
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
marciano / infrator - infração / absorto - absorção
Consumidor” = voz passiva
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa O fonema z:
9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa... Escreve-se com S e não com Z:
A tradução completa veio a ser entendida por mim. *os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu- ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, fregue-
lheres. sia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira quase *os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamorfose.
clandestina. *as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
seste.
ORTOGRAFIA *nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”:
aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / difun-
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta dir - difusão
das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua. *os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Luisi-
As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no nho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados *após ditongos: coisa, pausa, pouso
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”:
diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal).
As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm Escreve-se com Z e não com S:
a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, macio - maciez / rico - riqueza
palácio ou passo, movimento durante o andar). *os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se ob- não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar
servar as seguintes regras: *como consoante de ligação se o radical não terminar com s:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
O fonema j: Questões sobre Ortografia

Escreve-se com G e não com J: 01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso. as frases que seguem, a única correta é:
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. a) Ele se esqueceu de que?
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo
exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. entre os presentes.
Observação: Exceção: pajem c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, lití- d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos fun-
gio, relógio, refúgio. cionários.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa
com j: ágil, agente. cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
Escreve-se com J e não com G: -padrão.
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
manjerona.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
O fonema ch: 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
Escreve-se com X e não com CH: usuários sobre o festival Sounderground.
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, Prezado Usuário
muxoxo, xucro. ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu, metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
lagartixa. começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
*depois de ditongo: frouxo, feixe. músicos que tocam em estações do metrô.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
divirta-se!
Observação: Exceção: quando a palavra de origem não de- Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher
rive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões
A) A fim ...a partir ... as
Escreve-se com CH e não com X: B) A fim ...à partir ... às
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi, C) A fim ...a partir ... às
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. D) Afim ...a partir ... às
E) Afim ...à partir ... as
As letras e e i:
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com 04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
“i”, só o ditongo interno cãibra. FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escri- frase:
tos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
portos.
- atenção para as palavras que mudam de sentido quando
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade,
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária
mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês.
(melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé), descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio.
pião (brinquedo). (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa
pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia,
tografia mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios
ilegítimos.

05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita?


A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU- RESOLUÇÃO
NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela
cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo 1-)
no tempo futuro. (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
(A) Mas elas cresceram... (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para distri-
(B) Mas elas cresciam... bui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
(C) Mas elas cresçam... (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos excessivos
(D) Mas elas crescem... nas críticas.
(E) Mas elas crescerão... (D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações
dos funcionários.
07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU- (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o tre-
cho – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e 2-)
sofredor...– está escrito corretamente no plural. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos an- (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. =
sioso e sofredores... cidadãos
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães an- (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
sioso e sofredores... certidões
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos an- (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
siosos e sofredores...
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões an- 3-) Prezado Usuário
sioso e sofredores... A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, a
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães an- partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o Sounder-
siosos e sofredores... ground, festival internacional que prestigia os músicos que tocam
08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – em estações do metrô.
FUJB/2011) Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão
a norma culta: e divirta-se!
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de
isso posso me queixar com razão. horas: há crase
B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultrapas-
sarmos os infortúnios da vida. 4-) Fiz a correção entre parênteses:
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, princi- portos.
(B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua espon-
palmente daqueles que procuram viver com dignidade e simpli-
taneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua reputação
cidade.
de pessoa cortês.
E) As dificuldades por que passamos certamente nos fazem
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa)
árvore do pátio.
09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta:
(D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência dessa má-
A) Porque essa cara?
goa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na superação
B) Não vou porque não quero.
dessa sua crise.
C) Mas por quê?
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
D) Você saiu por quê? quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão
de privilégios ilegítimos.
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI-
CO FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igual- 5-)
mente correta do termo “autópsia” é autopsia. A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
( ) Certo mendigo/caderneta/poupança
( ) Errado C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
mendigo/caderneta/poupança
GABARITO D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
=mendigo/depositou/caderneta/poupança
01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
06. E 07. C 08. E 09. A 10. C 6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas
crescerão...

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa Dois pontos
correta já indica onde estão as inadequações nos demais itens. 1- Antes de uma citação
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
8-) Fiz as correções entre parênteses:
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios, 2- Antes de um aposto
por isso posso me queixar com razão. - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes para ul- e calor à noite.
trapassarmos os infortúnios da vida.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver- 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
mos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimen- rotina de sempre.
to, principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e
simplicidade. 4- Em frases de estilo direto
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) passamos Maria perguntou:
certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios - Por que você não toma uma decisão?
da vida.
Ponto de Exclamação
9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
longe do ponto de interrogação. súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia 2- Depois de interjeições ou vocativos
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/ - Ai! Que susto!
start.htm?sid=23) - João! Há quanto tempo!
RESPOSTA: “CERTO”. Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
PONTUAÇÃO; “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem Reticências


para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar es- 1- Indica que palavras foram suprimidas.
pecificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais - Comprei lápis, canetas, cadernos...
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
portuguesa. 2- Indica interrupção violenta da frase.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
Ponto
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que - Este mal... pega doutor?
se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. - Deixa, depois, o coração falar...

2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. Vírgula

Ponto e Vírgula ( ; ) Não se usa vírgula


1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma impor- *separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se
tância. diretamente entre si:
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão - entre sujeito e predicado.
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de Todos os alunos da sala foram advertidos.
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) Sujeito predicado

2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas. - entre o verbo e seus objetos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas, O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
frio e cobertor. V.T.D.I. O.D. O.I.

3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, Usa-se a vírgula:


decreto de lei, etc. - Para marcar intercalação:
- Ir ao supermercado; a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
- Pegar as crianças na escola; vem caindo de preço.
- Caminhada na praia; b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produ-
- Reunião com amigos. zindo, todavia, altas quantidades de alimentos.

Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em
querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque
dos lucros altos. tem natureza restritiva.
( ) Certo ( ) Errado
- Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. DES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesqui- se o sentido e a obediência à norma-padrão?
sadores, não lhes destinaram verba alguma. (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes?
de 1982. (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
para o evento.
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen-
enumeração): to do desportista.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. natação e canoagem.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo: 04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
- Para isolar: a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação.
possui um trânsito caótico. c) Maria, você trouxe os documentos?
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm estranha.

05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assina-


Questões sobre Pontuação
le a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo
das vírgulas.
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou
a norma-padrão da língua portuguesa.
acione o código na internet.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou a
código foi acionado.
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
dar a revelar quem era a sua dona. recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora foi encontrada.
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou a (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- às, areias do Guarujá.
dar a revelar quem era a sua dona. (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora quem a encontrou e informar um ponto de referência
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
dar a revelar quem era a sua dona. Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor-
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju- que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus-
dar a revelar quem era a sua dona. tes nas letras iniciais minúsculas.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro-
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju- grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili-
dar a revelar quem era a sua dona. zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP- e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também cen-
TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam- tros de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para reci-
po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Campeo- clagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas pela
nato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir o número saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares
de pessoas que não possuem o nome do pai em sua certidão de melhores para se viver.
nascimento. (...) (Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
a) A (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em-
b) B bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade,
c) C procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
d) D pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
e) E (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e,
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, pro-
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – curou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
pontuação. (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos,
são desconhecidos. 2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma (apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimen-
extensão de nossa personalidade. to). Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”,
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
níveis de estresse em alguns motoristas. pessoa não têm o nome do pai na certidão.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, RESPOSTA: “CERTO”.
são as principais causas da ira de trânsito.
3-)
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. =
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- mantê-la (termo deslocado)
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco- (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? =
nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí mantê-la (vocativo)
desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
agora afasta que abriu o sinal.”
para o evento.
No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên-
= mantê-la (explicação)
cia, minha filha, este é [...]”, para separar
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen-
(A) aposto.
to do desportista.
(B) vocativo.
= pode retirá-la (advérbio de tempo)
(C) adjunto adverbial.
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
(D) expressão explicativa.
natação e canoagem.
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIO- = mantê-la (enumeração)
NAL PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O 4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante:
período corretamente pontuado é: a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em con- b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação.
dições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores. c) Maria, você trouxe os documentos?
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si, d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional. e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movimen-
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem sem- tação estranha.
pre, é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
iminentes que comprometem, a sobrevivência. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberda- pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica
de, nada poderia parecer, realmente intransponível. ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
GABARITO onde o código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a
06. D 07. A 08. B 09.B criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
RESOLUÇÃO primeiro às , (X) areias do Guarujá.

1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas 6-)


(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo- O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
ra, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade, bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pro-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili-
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. zarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos ajudam

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
reciclagem(C). As escolas participantes se tornam também centros como:
de descarte de garrafas PET(D), destinadas depois para recicla-
gem(E). O programa possibilitará o retorno das bicicletas pela Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
melhores para se viver. Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível
(D), pois antecipa um termo explicativo.
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas: antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médi-
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- co – ônibus
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, porque Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de uma
você está junto; (X) com os outros motoristas cujos comportamen- sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba so-
tos, (X) são desconhecidos. mente: são os chamados monossílabos que, quando pronunciados,
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.
ser uma extensão de nossa personalidade. Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) au- uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas. no exemplo a seguir:
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
(X) são as principais causas da ira de trânsito. “Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor”.
8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo. Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais,
como átonos (que, em, de).
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequa- Os acentos
das ou faltantes:
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência em
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e
condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos espec-
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as
tadores.
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
pelo frio.
“o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara –
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência. Atlântico – pêssego – supôs
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a liber- acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com arti-
dade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível. gos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abo-
ACENTUAÇÃO GRÁFICA lido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras deri-
vadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de Müller)
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras es-
tabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algumas til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais na-
particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando esta- sais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
belecer uma relação de familiaridade e, consequentemente, colo-
cando-as em prática na linguagem escrita. Regras fundamentais:
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de
redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo Palavras oxítonas:
nos adequamos à forma padrão. Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
“em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – ar-
Regras básicas – Acentuação tônica mazém(s)
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
A acentuação tônica implica na intensidade com que são pro- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
nunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como são Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas. de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
Paroxítonas: 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: Esperamos que os garotos deem o recado!
- i, is : táxi – lápis – júri 4-) Rubens vê tudo!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum Eles veem tudo!
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos * Cuidado! Há o verbo vir:
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Ele vem à tarde!
Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas Eles vêm à tarde!
que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã,
ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando se-
guidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri-
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de -bu-in-te, sa-ir, ju-iz
“s”: água – pônei – mágoa – jóquei Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Regras especiais: Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem pre-
cedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos), As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não
nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas. serão mais acentuadas. Ex.:
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra Antes Depois
oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.: apazigúe (apaziguar) apazigue
herói, céu, dói, escarcéu. averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui
Antes Agora
assembléia assembleia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plu-
idéia ideia
ral de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir)
geléia geleia
jibóia jiboia
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
apóia (verbo apoiar) apoia
deter, abster.
paranóico paranoico
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanha-
ele retém – eles retêm
dos ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país
– Luís ele convém – eles convêm

Observação importante: Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
quando vierem depois de ditongo: Ex.: acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como:
Antes Agora A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito
bocaiúva bocaiuva perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para
feiúra feiura diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
Sauípe Sauipe indicativo). Ex:
Ela pode fazer isso agora.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido. Ex.: Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
Antes Agora
crêem creem O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da pre-
lêem leem posição por.
vôo voo - Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
enjôo enjoo estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros
casos, “por” preposição. Ex:
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos Faço isso por você.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Questões sobre Acentuação Gráfica
Repare:
1-) O menino crê em você 01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
Os meninos creem em você. – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são
2-) Elza lê bem! acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam,
Todas leem bem! respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços.

Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) flexíveis, cartório, tênis. 09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(B) inferência, provável, saída. PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo
(C) óbvio, após, países. com a mesma regra de acentuação gráfica.
(D) islâmico, cenário, propôs. (...) CERTO ( ) ERRADO
(E) república, empresária, graúda.
GABARITO
02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- 01. E 02. D 03. E 04. C 05. E
NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acentuadas 06. C 07. D 08. B 09. E
segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
e antropológico. RESOLUÇÃO
(A) Distúrbio e acórdão.
(B) Máquina e jiló. 1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada
(C) Alvará e Vândalo. em ditongo / suíços = regra do hiato
(D) Consciência e características. (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo /
(E) Órgão e órfãs. tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável
03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE – = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa- (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona
lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de acordo terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
com a mesma regra de acentuação gráfica. (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona termina-
( ) CERTO ( ) ERRADO da em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s”
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona ter-
04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS minada em ditongo / graúda = regra do hiato
GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a 2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro te-
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
mos que classificar as palavras do enunciado quanto à posição de
A) tevê – pôde – vê
sua sílaba tônica:
B) únicas – histórias – saudáveis
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antropológi-
C) indivíduo – séria – noticiários
co = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, vamos à análise
D) diário – máximo – satélite
dos itens apresentados:
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão =
05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acen- paroxítona terminada em “ão”
to gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. (B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em
(...) CERTO ( ) ERRADO “o”
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = proparo-
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- xítona
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” rece- (D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; caracte-
bem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação grá- rísticas = proparoxítona
fica. (E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e
(...) CERTO ( ) ERRADO “ã”, respectivamente.

07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES- 3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia
GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mesmas re- = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona termina-
gras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”, respectiva- da em ditongo.
mente, são RESPOSTA: “ERRADO”.
a) trajetória, inútil, café e baú.
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. 4-)
c) necessário, túnel, infindáveis e só. A) tevê – pôde – vê
d) médio, nível, raízes e você. Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito do
e) éter, hífen, propôs e saída. Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o Novo
Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” – presente do In-
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acen- dicativo; vê = monossílaba terminada em “e”
tuados graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação B) únicas – histórias – saudáveis
gráfica os vocábulos Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em
A) também e coincidência. ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo.
B) quilômetros e tivéssemos. C) indivíduo – séria – noticiários
C) jogá-la e incrível. Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = paro-
D) Escócia e nós. xítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona terminada
E) correspondência e três. em ditongo.

Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
D) diário – máximo – satélite CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = propa-
roxítona; satélite = proparoxítona. Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. Am- ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo e
bas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é tôni- outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
ca, “mais forte”). principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
RESPOSTA: “ERRADO”. caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
função de subordinado.
6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária = pa- Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
roxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona terminada pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido à mesma pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
regra. chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pes-
RESPOSTA: “CERTO”. soa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chega-
7-) Vamos classificar as palavras do enunciado: ram atrasados.
1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
2-) razoável = paroxítona terminada em “l’ Casos referentes a sujeito simples
3-) países = regra do hiato
4-) será = oxítona terminada em “a” 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo
em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
a) trajetória, inútil, café e baú.
Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = paroxí- 2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
tona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e” coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. multidão, apavorada, saiu aos gritos.
Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre = Observação:
regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá =
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnomi-
oxítona terminada em “a”.
nal no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para
c) necessário, túnel, infindáveis e só.
o plural:
Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel = paro-
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
xítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona terminada em “i
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
+ s”; só = monossílaba terminada em “o”.
d) médio, nível, raízes e você.
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona
terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
em “a”. uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o
e) éter, hífen, propôs e saída. núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue:
Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona ter- A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol-
minada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída = veram ficar.
regra do hiato.
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões apro-
8-) ximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concor-
A) também e coincidência. da com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candida-
Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência = pa- tos se inscreveram no concurso.
roxítona terminada em ditongo
B) quilômetros e tivéssemos. 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi-
C) jogá-la e incrível. dato se inscreveu no concurso de piadas.
Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada Observação:
em “l’ - No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
D) Escócia e nós. a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossíla- deverá permanecer no plural:
ba terminada em “o + s” Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
E) correspondência e três. campanha de doação de alimentos.
Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três = Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
monossílaba terminada em “e + s” de formatura.

9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”,
terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo aber- o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atua-
to “éu”. ram na Copa América.
RESPOSTA: “ERRADO”.

Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi- Casos referentes a sujeito composto
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós,
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas grama-
duas questões básicas: ticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relaciona-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, do a dois pressupostos básicos:
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também con- - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as de-
cordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / mais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
no singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum
de nós o receberá. 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
receram ao evento.
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
nós quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa-
contamos toda a verdade para ela. receu ao evento o pai e seus dois filhos.

9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela pala- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais
vra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo
essa palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo.
/ Em casa sou eu que decido tudo. 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas
10) No caso de o sujeito aparecer representado por expres- ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permane-
sões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o nu- cer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista,
meral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem: minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, mi-
50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% nha conquista, minha premiação é fruto de meu esforço.
do eleitorado apoiou a decisão.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais
Observações: termos da oração para que concordem em gênero e número com o
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcenta-
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se
gem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a deci-
flexionará à sua maneira.
são da diretoria 50% dos funcionários. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular: cordam em gênero e número com o substantivo.
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. - A pequena criança é uma gracinha.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter- - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos
funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge-
ral mostrada acima.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro- a) Um adjetivo após vários substantivos
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou
pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram concorda com o substantivo mais próximo.
das homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite. - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural mascu-
que os determinam: lino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, - Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma
para o plural.
criação de Machado de Assis. - O homem e o menino estavam perdidos.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mun-
dial. b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró-
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma ximo.
potência mundial. Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.

Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda k) Tal Qual
com o mais próximo ou vai para o plural. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Estavam feridos o pai e os filhos. consequente.
Estava ferido o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo. l) Possível
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
- coloca o substantivo no plural. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
d) Pronomes de tratamento cidade.
- sempre concordam com a 3ª pessoa.
Vossa Santidade esteve no Brasil. m) Meio
- Como advérbio: invariável.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado Estou meio (um pouco) insegura.
- Concordam com o substantivo a que se referem.
As cartas estão anexas. - Como numeral: segue a regra geral.
A bebida está inclusa. Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz. n) Só
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) - apenas, somente (advérbio): invariável.
- Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular Só consegui comprar uma passagem.
e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
- sozinho (adjetivo): variável.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido
Fonte:
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.
de artigo ou outro determinante.
htm
Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
é proibida.
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
h) Muito, pouco, caro cordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:
- Como adjetivos: seguem a regra geral. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
Comi muitas frutas durante a viagem. determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
Pouco arroz é suficiente para mim. de a suas decisões.
Os sapatos estavam caros. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a prá-
- Como advérbios: são invariáveis. tica política.
Comi muito durante a viagem. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro regi-
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. me democrático, em que se respeita tanto as liberdades individuais
Comprei caro os sapatos. quanto as coletivas.
i) Mesmo, bastante (D) As instituições fundamentais de um regime democrático
- Como advérbios: invariáveis não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único
Preciso mesmo da sua ajuda. poder central.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o
momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes
- Como pronomes: seguem a regra geral. na sociedade.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concordân-
cia verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:
j) Menos, alerta A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
- Em todas as ocasiões são invariáveis. que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
Preciso de menos comida para perder peso. tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
Estamos alerta para com suas chamadas. sua matéria-prima.

Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre deli- 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATI-
neia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultrapassar VO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
os limites da época em que vivem seus autores, gênios no domínio I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa...
das palavras, sua matéria-prima. II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifica-
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe per- ção do continente americano (2,0)...
mitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
interação com a realidade. em:
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo
mente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre am- ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
bos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual deste (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm
último e o prazer da leitura. pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui lei- (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos
tura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que ultra- quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
passa os limites de tempo e de época. (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas tam-
bém existem umas que não merecem nossa atenção.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para res-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
ponder à questão.
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em
melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a água FCC/2012) Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e
e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo que locais de peregrinação.
a ameaça dos preços do carbono e da água em si ___________dife- O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso
rença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de repente, o segmento grifado seja substituído por:
digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepa- (A) Há folheteiros que
ração. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda (B) A maior parte dos folheteiros
assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar (C) O folheteiro e sua família
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das polí- (D) O grosso dos folheteiros
ticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda opção. (E) Cada um dos folheteiros
(Carta Capital, 27.06.2012.
Adaptado) 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FCC/2012) Todas as formas verbais estão corretamente flexiona-
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacu- das em:
nas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com: (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem pre-
(A) Restam… faça… será conceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações
(B) Resta… faz… será poéticas tão originais.
(C) Restam… faz... serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído
(D) Restam… façam… serão à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
(E) Resta… fazem… será versidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa em tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos re-
que o trecho quizessem o respeito que faziam por merecer.
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a pou-
quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamente ca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado do
reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de represen-
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
tatividade.
agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser quantifica-
dos.
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
quantificado. verbal e nominal em:
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
até agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais
quantificado. humildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bási- Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
cos. seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram.

Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes 2-)
e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, este- A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
jam próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
trégua. tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, ain- sua matéria-prima. = correta
da que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costumam B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
encontrar muito mais detratores que admiradores. delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e es- ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores,
critores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos livros gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
que publicavam como pelas posições que corajosamente assumiam. C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes per-
mite criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans-
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o interação com a realidade.
segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em:
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so-
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
mente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta)
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
deste último e o prazer da leitura.
mundial de barris de petróleo)
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo da E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que consti-
matéria-prima... (Constantes aumentos) tuem leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços mun- que ultrapassa os limites de tempo e de época.
diais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) 3-) _Restam___dúvidas
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em
nale a alternativa em que a concordância das formas verbais destaca- si __faça __diferença
das está de acordo com a norma-padrão da língua. a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização será_____ a segunda opção.
subterrânea. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os trabalhado- plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/
res da área de limpeza. serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de se
contrair alguma doença. 4-)
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da ma- (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
nhã, eu já estava fazendo meu serviço. agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus funcionários. agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem quan-
tificados.
GABARITO (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
RESOLUÇÃO quantificados.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
1-) Fiz os acertos entre parênteses:
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que de-
sicos. = correta
terminam as escolhas dos governantes, para conferir legitimidade a
suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve) 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos
ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios que itens:
regem a prática política. (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (sin-
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro gular)
regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as liberda- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
des individuais quanto as coletivas. (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (plu-
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático ral)
não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens indis- (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas
criminadas de um único poder central. (plural)
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as for-
(voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as dife- mas estão no plural)
rentes opiniões existentes na sociedade.

Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) 10-) Fiz as correções:
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “folhe- (A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
terios”) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) manhã = eram
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, come-
çou = começaram
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir des-
sas criações poéticas tão originais. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocu-
à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni- pa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não
versidades do país. ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si- sejam corretas e claras.
tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos re-
quizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer. Regência Verbal
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvaloriza-
ção e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (po- Termo Regente: VERBO
dem) ser resultado do puro e simples desconhecimento.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
representatividade.
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa-
cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
8-) Fiz as correções entre parênteses:
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
prazer”, satisfazer.
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra-
seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram. dar a alguém”.
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam Saiba que:
(esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido) O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua. aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, nominal). As preposições são capazes de modificar completamente
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu- o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
mam encontrar muito mais detratores que admiradores.
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec- Cheguei ao metrô.
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram) Cheguei no metrô.
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que co-
rajosamente assumiam. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
9-) no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há” vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
permaneceria no singular muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) = cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
“sabe” permaneceria no singular Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um
mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo em frases distintas.
da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” passaria para
“refletem-se” Verbos Intransitivos
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) = Os verbos intransitivos não possuem complemento. É impor-
“pressiona” permaneceria no singular tante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos
adverbiais que costumam acompanhá-los.

Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
- Chegar, Ir - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de troduzidos pela preposição “a”:
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
ou direção são: a, para. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Fui ao teatro. - Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
Ricardo foi para a Espanha. Respondi ao meu patrão.
Adjunto Adverbial de Lugar Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
jogo. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Verbos Transitivos Diretos Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos in-
diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele- troduzidos pela preposição “com”.
cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve- Antipatizo com aquela apresentadora.
mos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, para uma minoria privilegiada.
la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquan-
to lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, ado- Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto
rar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, con- direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
denar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Veja os exemplos:
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Agradeço aos ouvintes a audiência.
socorrer, suportar, ver, visitar. Objeto Indireto Objeto Direto
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Paguei o débito ao cobrador.
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Objeto Direto Objeto Indireto
Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com par-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. ticular cuidado. Observe:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Verbos Transitivos Indiretos Informar


- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje- ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
tos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi- Informe os novos preços aos clientes.
ção para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos pre-
pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como ços)
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen- construções:
tam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: eles)
- Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
“em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
todos. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
Comparar ASPIRAR
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi- - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto. ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
Pedir ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma mos a elas)
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Pedi-lhe favores. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
Objeto Indireto Objeto Direto mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e
“lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta ASSISTIR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assis-
Saiba que: tência a, auxiliar. Por exemplo:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver su-
bentendida. - Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma Assistimos ao documentário.
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir Não assisti às últimas sessões.
entregar-lhe os catálogos em casa). Essa lei assiste ao inquilino.
- A construção “dizer para”, também muito usada popular- Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran-
mente, é igualmente considerada incorreta. sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu-
zido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto in- CHAMAR
troduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. atenção ou a presença de.
Prefiro trem a ônibus. Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um mi- - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
lhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicio-
próprio verbo (pre). nado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
Mudança de Transitividade X Mudança de Significado A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, A torcida chamou ao jogador de mercenário.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor- CUSTAR
tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escre- preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu-
ve. Dentre os principais, estão: ras não deveriam custar muito.

AGRADAR - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou


- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca- transitivo indireto.
riciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Muito custa viver tão longe da família.
quando o revê. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Intransitivo Reduzida de Infinitivo
não perde oportunidade de agradá-lo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati-
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, tude.
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Objeto Oração Subordinada Substantiva Sub-
preposição “a”. jetiva
O cantor não agradou aos presentes. Indireto Reduzida de Infinitivo
O cantor não lhes agradou.

Didatismo e Conhecimento 91
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que atri- No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
buem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. Observe: complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
Custei para entender o problema. No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
Forma correta: Custou-me entender o problema. complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos in-
diretos:
IMPLICAR - Ele se esqueceu do caderno.
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: - Eu me esqueci da chave.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes implica- - Eles se esqueceram da prova.
vam um firme propósito. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, pro-
vocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a
funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envol-
construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encon-
ver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
trá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado
de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indi-
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
reto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não traba-
lhasse arduamente. - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

PROCEDER O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto


- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimen- (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).
to, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa segunda
acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo. SIMPATIZAR
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refu- Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei
tá-las. com os jurados.
Você procede muito mal.
NAMORAR
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição” de”) É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria na-
e fazer, executar (rege complemento introduzido pela preposição “a”) mora João.
é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito. OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposi-
QUERER ção “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de,
cobiçar. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado
Querem melhor atendimento. na voz passiva: A fila não foi obedecida.
Queremos um país melhor.
VER
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar,
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.
amar.
Quero muito aos meus amigos.
Regência Nominal
Ele quer bem à linda menina.
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, ad-
Despede-se o filho que muito lhe quer.
jetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação
VISAR é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exa-
pontaria e de pôr visto, rubricar. tamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o
O homem visou o alvo. regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
O gerente não quis visar o cheque. nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes
correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela pre-
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é posição a. Veja:
transitivo indireto e rege a preposição “a”. Obedecer a algo/ a alguém.
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Obediente a algo/ a alguém.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
ESQUECER – LEMBRAR posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
- Lembrar algo – esquecer algo procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal) algum verbo cuja regência você conhece.

Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

Didatismo e Conhecimento 93
LÍNGUA PORTUGUESA
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes de sua família.
desiguais... (E) A família toda se organizou para realizar a procura à ga-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifa- rotinha.
do acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extre- 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al-
mos de sutileza. ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos texto, de acordo com as regras de regência.
troncos mais robustos. Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi-
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
não raro, quem... exposição a imagens idealizadas pela mídia.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
ra de Tunuí... mídia pode exercer sobre os jovens.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, A) dos … na
mestre e colaborador... B) nos … entre a
C) aos … para a
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). D) sobre os … pela
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... E) pelos … sob a
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da
frase acima se encontra em: 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do ver- cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
bo latino dirigere... assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- quanto à regência, verbal ou nominal.
dades... A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela mil tomadas.
justiça. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
da justiça... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar lo-
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento gotipos e negociar.
de justiça. D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
do edifício.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de a um prédio na marginal.
2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais no- a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, confor-
tável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros. me as regras de regência da norma-padrão da língua e sem altera-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente ção de sentido.
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais no- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
tável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros. dos trabalhadores domésticos.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente A) da
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais no- B) na
tável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros. C) pela
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen- D) sob a
te seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais E) sobre a
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
outros. GABARITO
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. 06. A 07. C 08. A 09. C

06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a RESOLUÇÃO


alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a respon- 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
sabilidade pelo problema. ciências ...
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se Facilitar – verbo transitivo direto
perdido. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de li-
índio na porta do prédio. gação

Didatismo e Conhecimento 94
LÍNGUA PORTUGUESA
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
direto e indireto assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
transitivo indireto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a mídia
pode exercer sobre os jovens.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos fi-
lhos do sueco. 8-)
Pedir = verbo transitivo direto e indireto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um ho-
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transi- mem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
tivo direto C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar logoti-
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação pos e negociar.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de tomadas
=verbo intransitivo do edifício.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse em
=transitivo direto um prédio na marginal.

3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par- 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos dos
tes desiguais... trabalhadores domésticos.
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, Significação das Palavras
não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes
ra de Tunuí... = transitivo direto categorias:
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio,
mestre e colaborador...=transitivo direto Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. Exem-
plo:
- Alfabeto, abecedário.
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
- Brado, grito, clamor.
Lidar = transitivo indireto
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie-
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
dades... =transitivo direto
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo
justiça. =ligação outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos diferen-
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da ciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação e certas
justiça... =transitivo direto e indireto propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com efeito, estes
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede);
de justiça. =transitivo direto uns são próprios da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés,
pertencem à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação (orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontua- A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em
ção encontra-se em tópico específico) nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, - Adversário e antagonista.
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação) - Translúcido e diáfano.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à - Semicírculo e hemiciclo.
pontuação) - Contraveneno e antídoto.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente, - Moral e ética.
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais no- - Colóquio e diálogo.
tável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. - Transformação e metamorfose.
- Oposição e antítese.
6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
perdido. palavra que também designa o emprego de sinônimos.
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio
na porta do prédio. Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de - Ordem e anarquia.
sua família. - Soberba e humildade.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela - Louvar e censurar.
garotinha. - Mal e bem.

Didatismo e Conhecimento 95
LÍNGUA PORTUGUESA
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático, rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir-
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/ mar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/ grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos: - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- Aço (substantivo) e asso (verbo). - Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside- do palato.
rada uma deficiência dos idiomas. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: de acepções.

Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser


Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
timbre ou na intensidade das vogais.
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
- Rego (substantivo) e rego (verbo).
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- Colher (verbo) e colher (substantivo). - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). - As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
- Para (verbo parar) e para (preposição). Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). nos seguintes exemplos:
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). - Comprei uma correntinha de ouro.
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o). - Fulano nadava em ouro.
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim-
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real,
na escrita. denotativo.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir). No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder,
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con- conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra-
sertar). diam da palavra).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar). Exercícios
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). 01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). erros do passado.
- Paço (palácio) e passo (andar). a) eminente, deflagração, incidiram
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). b) iminente, deflagração, reincidiram
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = c) eminente, conflagração, reincidiram
anular). d) preste, conflaglação, incidiram
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão e) prestes, flagração, recindiram
(tempo de uma reunião ou espetáculo).
02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre
diante da ....... demonstrada pelo político”.
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
a) seção - fragrante - incipiência
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). b) sessão - flagrante - insipiência
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). c) sessão - fragrante - incipiência
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). d) cessão - flagrante - incipiência
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). e) seção - flagrante - insipiência
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). 03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a
..... .
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia: a) sessão - cessão - estrangeiros
Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni- b) seção - cessão - estrangeiros
co, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever c) secção - sessão - extrangeiros
e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir d) sessão - seção - estrangeiros
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo e) seção - sessão - estrangeiros

Didatismo e Conhecimento 96
LÍNGUA PORTUGUESA
04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem po-
3. PRODUÇÃO DE TEXTO (REDAÇÃO)
lítica.
b) A catástrofe torna-se iminente.
3.1. A PROVA DE REDAÇÃO EXIGIRÁ QUE
c) Sua ascensão foi rápida. O CANDIDATO PRODUZA UM TEXTO
d) Ascenderam o fogo rapidamente. ARGUMENTATIVO EM PROSA,
e) Reacendeu o fogo do entusiasmo. SEGUNDO A NORMA PADRÃO DA
LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA,
05. Há uma alternativa errada. Assinale-a: COM BASE EM UMA SITUAÇÃO
a) cozer = cozinhar; coser = costurar COMUNICATIVA DETERMINADA, EM UM
b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país DOS SEGUINTES GÊNEROS: ARTIGO DE
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação OPINIÃO OU CARTA ARGUMENTATIVA.
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
e) chácara = sítio; xácara = verso

06. Assinale o item em que a palavra destacada está incorre-


tamente aplicada: Conceito
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros. Entende‑se por Redação Oficial o conjunto de normas e prá-
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. ticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comuni-
d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever. cações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas
e) A cessão de terras compete ao Estado. relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.
A Redação Oficial inscreve‑se na confluência de dois univer-
07. O ...... do prefeito foi ..... ontem. sos distintos: a forma rege‑se pelas ciências da linguagem (morfo-
a) mandado - caçado logia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submete‑se
b) mandato - cassado aos princípios jurídico‑administrativos impostos à União, aos Es-
c) mandato - caçado tados e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legis-
d) mandado - casçado lativo e Judiciário.
e) mandado - cassado Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Oficial
deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito des-
08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem correta- tinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e eficaz.
mente as respectivas lacunas, na frase seguinte: “Necessitando ...... Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público,
o número do cartão do PIS, ...... a data de meu nascimento.” essa modalidade de redação ou de texto subordina‑se aos princí-
a) ratificar, proscrevi pios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da
b) prescrever, discriminei administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da Consti-
c) descriminar, retifiquei tuição Federal:
d) proscrever, prescrevi
e) retificar, ratifiquei “A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
..... em astronomia.”
ralidade, publicidade e eficiência ( ... )”.
a) insipiência tachar expertos
b) insipiência taxar expertos
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir na
c) incipiência taxar espertos
produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes,
d) incipiência tachar espertos
não há como separar uma do outro. Indicam‑se, a seguir, alguns
e) insipiência taxar espertos
pressupostos de como devem ser redigidos os textos oficiais.
10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apresen-
tava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras adequadas Padrão culto do idioma
para preenchimento das lacunas são:
a) censo - lasso - cumprimento - eminentes A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma quan-
b) senso - lasso - cumprimento - iminentes to ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura gramatical das
c) senso - laço - comprimento - iminentes orações) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica etc.).
d) senso - laço - cumprimento - eminentes Por padrão culto do idioma deve‑se entender a língua referen-
e) censo - lasso - comprimento - iminentes dada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais de
comunicação. Devem‑se excluir da Redagão Oficial a erudição mi-
Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B) nuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entraves inúteis
(08.E)(09.A)(10.B) à compreensão do significado. Não faz sentido usar “perfunctório”
em lugar de “superficial” ou “doesto” em vez de “acusação” ou

Didatismo e Conhecimento 97
LÍNGUA PORTUGUESA
“calúnia”. São descabidos também as citações em língua estran- - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante.
geira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense. Os ma- Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na mi-
nuais de Redação Oficial, que vários órgãos têm feito publicar, séria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vigiando
são unânimes em desaconselhar a utilização de certas formas sa- as outras pessoas.
cramentais, protocolares e de anacronismos que ainda se leem em
documentos oficiais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 do A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador linguís-
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos tico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação verbal
registros cartorários antigos. minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem. Nes-
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, neo- se sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que intentem
logismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem suprir as deficiências cognitivas de leitores precariamente alfabeti-
como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação zados.
eletrônica. Como exceção, citam‑se as campanhas e comunicados destina-
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos dos a públicos específicos, que fazem uma aproximação com o regis-
ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito estético nem à tro linguístico do público‑alvo. Mas esse é um campo que refoge aos
originalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, cla- objetivos deste material, para se inserir nos domínios e técnicas da
reza, objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão propaganda e da persuasão.
possível com o mínimo de recursos expressivos necessários. Porta- Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de com-
rias lavradas sob forma poética, sentenças e despachos escritos em preensão de leitores precariamente equipados quanto à linguagem,
versos rimados pertencem ao “folclore” jurídico‑administrativo e fica evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade de apreen-
são práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também inacei- são de enunciados são condições inerentes à cidadania. Ninguém é
táveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, provocados por verdadeiramente cidadão se não consegue ler e compreender o que
descuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da lín- leu. O domínio do idioma é equipamento indispensável à vida em
gua‑padrão. Enumeram‑se, a seguir, alguns desses vícios: sociedade.

- Barbarismos: São desvios: Impessoalidade e Objetividade


- da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “excessão”
Ainda que possam ser subscritos por um ente público (funcioná-
em vez de exceção.
rio, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do poder público e
- da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos termos da lei
- da morfologia: “interviu” em vez de interveio.
e sobre atos nela fundamentados.
- da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de des-
Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu” enun-
percebido (não percebido, sem ser notado).
ciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opiniões. Mes-
- pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês):
mo quando o agente público manifesta‑se em primeira pessoa, em
“mise‑en‑scène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês):
formas verbais comuns como: declaro, resolvo, determino, nomeio,
“delivery” em vez de entrega em domicílio. exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é em função do cargo
que exerce que se identifica e se manifesta.
- Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões anacrôni- O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o objeto
cas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa. da informação. A impessoalidade contribui para a necessária padro-
nização, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos padrões,
- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de sem o que cada texto seria suscetível de inúmeras interpretações.
acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram in- Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O adjetivo,
corporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor pessoal
não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente. do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expressiva, que
amplia a significação (! ... ), ou o emprego de interjeições (Oh! Ah!),
- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser: que funcionam como índices do envolvimento emocional do redator
- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobra- com aquilo que está escrevendo.
ram. Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo indi-
- de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez vidual é estimulado e serve como diferencial das qualidades autorais,
de ao lucro. a função pública impõe a despersonalização do sujeito, do agente
- de colocação: “não tratava‑se” de um problema sério em vez público que emite a comunicação. São inadmissíveis, portanto, as
de não se tratava. marcas individualizadoras, as ousadias estilísticas, a linguagem me-
tafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial prima pela deno-
- Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desco- tação, pela sintaxe clara e pela economia vocabular, ainda que essa
nhecido falou‑me de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido? regularidade imponha certa “monotonia burocrática” ao discurso.
Do interlocutor?) Reafirma‑se que a intermediação entre o emissor e o recep-
tor nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do padrão
- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas culto do idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gra-
ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por máticas, dicionários e pelo uso em situações formais, acima das
cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada). diferenças individuais, regionais, de classes sociais e de níveis
de escolaridade.

Didatismo e Conhecimento 98
LÍNGUA PORTUGUESA
Formalidade e Padronização Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das cau-
sas primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamen-
As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e res- te encaminhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma
peitoso. Na tradição ibero‑americana, afeita a títulos e a tratamen- abordagem preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes
tos reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica antecedentes necessariamente antecedem os consequentes”.
por meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais.
“Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssi- Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.
mo” são vocativos que, em algumas instâncias do poder, torna-
ram‑se inevitáveis. Entenda­-se que essa solenidade tem por consi- As Comunicações Oficiais
deração o cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente.
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigato- A redação das comunicações oficiais obedece a preceitos de
riamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, pa-
construções como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é dronização e correção gramatical.
“Vossa Excelência é bondoso(a)”. Além dessas, há outras características comuns à comunica-
A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os ção oficial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de
textos oficiais procuravam revestir‑se de um tom solene e cerimo- fecho (encerramento) de uma correspondência e a forma de iden-
nioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em tificação do signatário, conforme define o Manual de Redação da
algumas peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras, Presidência da República. Outros órgãos e instituições do poder
no Brasil, da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores. público também possuem manual de redação próprio, como a Câ-
Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Oficial mara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações
é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim, Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc.
as prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres ti-
pográficos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento, Pronomes de Tratamento
memorando, aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, ser-
vem para agilizar o andamento burocrático, os despachos e o ar- A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e
quivamento. polida, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como
É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos também às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamen-
editam manuais com os modelos dos expedientes que integram tal o emprego de pronomes de tratamento, que devem ser utili-
sua rotina burocrática. A Presidência da República, a Câmara dos zados de forma correta, de acordo com o destinatário e as regras
Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, enfim, os poderes gramaticais.
Executivo, Legislativo e Judiciário têm os próprios ritos na elabo- Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pes-
ração dos textos e documentos que lhes são pertinentes. soa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em
terceira pessoa.
Concisão e Clareza
Concordância verbal:
Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”.
Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, in- Vossa Senhoria falou muito bem.
versões sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações, Vossa Excelência vai esclarecer o tema.
repetições enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas. Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião.
Atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclu-
sive ao escrever e ao ler, tornou esses recursos quase sempre obso- Concordância pronominal:
letos. Hoje, a concisão, a economia vocabular, a precisão lexical,
ou seja, a eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação Pronomes de tratamento concordam com pronomes possessi-
Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto” vos na terceira pessoa.
de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”).
Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da linguagem
altamente concentrada. Concordância nominal:
Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exór- Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se
dios” que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais, como o refere o pronome de tratamento.
exemplo risível e caricato que segue: Vossa Excelência ficou confuso. (para homem)
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher)
“Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz Vossa Senhoria está ocupado. (para homem)
que nos valhamos do ensejo para congratularmo‑nos com Vossa Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher)
Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação
de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público, Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela).
para abordar questões de tamanha complexidade, a respeito das Vossa Excelência - com quem se fala (você)
quais divergem os hermeneutas e exegetas.

Didatismo e Conhecimento 99
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego dos Pronomes de Tratamento Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado para
as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.
Presidência da República.
No envelope, deve constar do endereçamento:
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguin- Ao Senhor
tes autoridades: Fulano de Tal
Rua ABC, nº 123
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-presi- 70123-000 – Curitiba.PR
denIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vice‑go-
vernadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais generais das Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comunica-
Forças Armadas; Embaixadores; Secretários‑executivos de Minis- ções oficiais “fica dispensado o emprego do superlativo Ilustríssi-
térios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretá- mo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senho-
rios de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. ria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento
- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores; Senhor. O Manual também esclarece que “doutor não é forma de
Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e tratamento, e sim título acadêmico”. Por isso, recomenda-se em-
Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presi- pregá-lo apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
dentes das Câmaras Legislativas Municipais. concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se que “é cos-
- Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores; tume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis
Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar. em Direito e em Medicina”.
Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a
Vocativos reitores de universidade. Corresponde‑lhe o vocativo: Magnífico
Reitor.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em
chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec- comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:
tivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentís- Santíssimo Padre.
simo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo
Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os
As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Se- pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os
nhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor Senador / vocativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
/ Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhora Governadora.
Nas comunicações oficiais para as demais autoridades ecle-
Endereçamento siásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima (para arce-
bispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve-
De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no en- rendíssima (para monsenhores, cônegos e superiores religiosos);
velope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autorida- Vossa Reverência (para sacerdotes, clérigos e demais religiosos).
des tratadas por Vossa Excelência, deve ter a seguinte forma:
Fechos para Comunicações
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das comu-
Ministro de Estado da Justiça nicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de arrematar o
70064‑900 ‑ Brasília. DF texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de
quem expede a comunicação despedir‑se de seu destinatário.
A Sua Excelência o Senhor Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual Ma-
Senador Fulano de Tal nual de Redação da Presidência da República, havia 15 padrões de
Senado Federal fechos para comunicações oficiais. O Manual simplificou a lista e
70165‑900 ‑ Brasília. DF reduziu­-os a apenas dois para todas as modalidades de comunica-
ção oficial. São eles:
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o pre-
Juiz de Direito da l0ª Vara Cível sidente da República.
Rua ABC, nº 123 Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de
01010‑000 ‑ São Paulo. SP hierarquia inferior.

Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comuni- “Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a
cações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios,
às autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidência
evocação”. da República.

Didatismo e Conhecimento 100


LÍNGUA PORTUGUESA
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamen- Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
te” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Redação qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
da Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já os fechos uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
para as cartas particulares ou informais ficam a critério do remeten- pre‑me informar que”,empregue a forma direta;
te, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para encerrar Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
a correspondência de forma polida e sucinta. contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Identificação do Signatário Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresenta-
da a posição recomendada sobre o assunto.
Conforme o Manual de Redação da Presidência do República,
com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da Re- Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
pública, em todas as comunicações oficiais devem constar o nome em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assinatura. A
forma da identificação deve ser a seguinte: Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a
estrutura deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura) Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que so-
Nome licitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
Chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
(espaço para assinatura) do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
Nome sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
Ministro de Estado da Justiça segundo a seguinte fórmula:

“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, en-
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me- caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
nos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual. Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
servidor Fulano de Tal.”
Padrões e Modelos
ou
O Padrão Ofício
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia
O Manual de Redação da Presidência da República lista três do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da
tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, pos- Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de
suem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A diagra- modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
mação proposta para esses expedientes é denominada padrão ofício.
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer al-
partes: gum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá
acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero en-
o expede. Exemplos: caminhamento.

Of. 123/2002-MME - Fecho.
Aviso 123/2002-SG - Assinatura.
Mem. 123/2002-MF - Identificação do Signatário

- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à di- Forma de Diagramação
reita. Exemplo:
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte
Brasília, 20 de maio de 2011 forma de apresentação:

- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos: - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Assunto: Produtividade do órgão em 2010. - para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, po-
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. der‑se‑ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida página;
a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o en- - os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
dereço. sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
- Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: espelho”);

Didatismo e Conhecimento 101


LÍNGUA PORTUGUESA
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân- Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
cia da margem esquerda; para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adota-
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni- dos por determinado setor do serviço público.
mo 3,0 cm de largura; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; memorando em qualquer órgão deve pautar-­se pela rapidez e pela
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces-
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não sário aumento do número de comunicações, os despachos ao me-
comportar tal recurso, de uma linha em branco; morando devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o
documento; andamento da matéria tratada no memorando.
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser menciona-
e ilustrações;
do pelo cargo que ocupa. Exemplos:
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser im-
pressos em papel de tamanho A‑4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.
Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro- Obs: Modelo no final da matéria.
veitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser Exposição de Motivos
formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
documento + palavras‑chave do conteúdo. Exemplo: É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vi-
ce-presidente para:
“Of. 123 ‑ relatório produtividade ano 2010” - informá-lo de determinado assunto;
- propor alguma medida; ou
Aviso e Ofício (Comunicação Externa) - submeter a sua consideração projeto de ato normativo.

São modalidades de comunicação oficial praticamente idênti- Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
cas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclu- República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto
sivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos
hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por
autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos essa razão, chamada de interministerial.
oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do
do ofício, também com particulares. padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do pa- mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida
seguido de vírgula. Exemplos: ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da Re-
Senhora Ministra, pública, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão
Senhor Chefe de Gabinete,
ofício.
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
tes informações do remetente:
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam
- nome do órgão ou setor;
- endereço postal; também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários
- telefone e endereço de correio eletrônico. julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apon-
tar:
Obs: Modelo no final da matéria. - na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
medida ou do ato normativo proposto;
Memorando ou Comunicação Interna - no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e
O Memorando é a modalidade de comunicação entre unidades eventuais alternativas existentes para equacioná‑lo;
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- - na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata‑se, portanto, qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
de uma forma de comunicação eminentemente interna.

Didatismo e Conhecimento 102


LÍNGUA PORTUGUESA
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efei-
modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março tos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição
de 2010. de motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério da providência proposta: por que deve ser adotada e como resol-
ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de verá o problema.
201_. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, rever-
- Síntese do problema ou da situação que reclama providên- são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exone-
cias; ração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é
- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição
medida proposta; de motivos. Ressalte-se que:
- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar: - a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; dispensa o encaminhamento do parecer completo;
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo; - o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
- outras possibilidades de resolução do problema. pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
- Custos. Mencionar: comentários a serem alí incluídos.
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá‑la; Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, conci-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá‑la; são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão
- valor a ser despendido em moeda corrente; culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da
se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser
tramitar em regime de urgência). Mencionar: encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário
- se o problema configura calamidade pública; ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou
- por que é indispensável a vigência imediata; em parte.
- se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
nham sido previstos; Mensagem
- se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
prevista. É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medi- Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
da proposta possa vir a tê-lo) do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto; da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
- Síntese do parecer do órgão jurídico. da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida propo- veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
sa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3. de interesse dos poderes públicos e da Nação.
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o final.
exame ou se reformule a proposta. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso
O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de Nacional têm as seguintes finalidades:
motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição
de ato normativo tem como finalidade: - Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
- permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca tar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou complementar
resolver; são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur-
- ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- gência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o pro-
blema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição jeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do
cutivo (v. 10.4.3.) Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da
- conferir perfeita transparência aos atos propostos. Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secretário
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas (Constituição, art. 64, caput).
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem pla-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e cré-
e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação ditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem‑se
profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção aos membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são

Didatismo e Conhecimento 103


LÍNGUA PORTUGUESA
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual so- (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados
bre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art.
57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve con-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvi- ter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e soli-
do no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame citação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
técnico, jurídico e econômico‑financeiro das matérias objeto das 84, XI).
proposições por elas encaminhadas. O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presi-
Tais exames materializam‑se em pareceres dos diversos ór- dência da República. Esta mensagem difere das demais porque vai
gãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da Ad- encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de
vocacia Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises livro.
necessárias constam da exposição de motivos do órgão onde se
geraram, exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de - Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos):
encaminhamento ao Congresso. Esta mensagem é dirigida aos membros do Congresso Nacional,
encaminhada por Aviso ao Primeiro ­Secretário da Casa onde se
- Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumpri- originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
mento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da Re- lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
pública encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus mem- nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de
bros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, jun- sanção.
tando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação
de Documentação da Presidência da República. - Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado
Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a
- Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e
Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determina-
as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Ofi-
dos cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do
cial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação
TCU, Presidentes e diretores do Banco Central, Procurador‑Geral
se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
da República, Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista
que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela
- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a
com regular frequência mensagens com:
indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente assinado,
- encaminhamento de atos internacionais que acarretam encar-
acompanha a mensagem.
gos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
- Pedido de autorização para o presidente ou o vice‑presi- - pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às opera-
dente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias: ções e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art.
Trata‑se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 155, § 2º, IV);
83), e a autorização é da competência privativa do Congresso Na- - proposta de fixação de limites globais para o montante da
cional. dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, - pedido de autorização para operações financeiras externas
quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni- (Constituição, art. 52, V); e outros.
cação a cada Casa do Congresso, enviando‑lhes mensagens idên-
ticas. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
- convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-
- Encaminhamento de atos de concessão e renovação de tuição, art. 57, § 6º);
concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter - pedido de autorização para exonerar o Procurador‑Geral da
tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII República (art. 52, XI, e 128, § 2º);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a - pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensa- - pedido de autorização ou referendo para celebrara paz
gem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § (Constituição, art. 84, XX);
1º do art. 223 já define o prazo da tramitação. - justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa- prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);
gem o correspondente processo administrativo. - pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
tituição, art. 137);
- Encaminhamento das contas referentes ao exercício ante- - relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
rior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacio- - proposta de modificação de projetas de leis financeiras
nal as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. (Constituição, art. 166, § 5º);

Didatismo e Conhecimento 104


LÍNGUA PORTUGUESA
- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Correio Eletrônico
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, O correio eletrônico (“e‑mail”), por seu baixo custo e cele-
§ 8º); ridade, transformou‑se na principal forma de comunicação para
- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- transmissão de documentos.
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
As mensagens contêm: flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua
- a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon- estrutura. Entretanto, deve‑se evitar o uso de linguagem incompa-
talmente, no início da margem esquerda: tível com uma comunicação oficial.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa-
Mensagem nº gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
mental tanto do destinatário quanto do remetente.
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda: preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que enca-
minha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, conteúdo.
Sempre que disponível, deve‑se utilizar recurso de confirma-
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensa-
- o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e gem pedido de confirmação de recebimento.
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa
República, não traz identificação de seu signatário. ser aceita como documento original, é necessário existir certifica-
ção digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabe-
Obs: Modelo no final da matéria. lecida em lei.
Telegrama
Apostila
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro-
É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens,
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex etc. Por
evitando‑se assim a expedição de um novo título ou documento.
se tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
Estrutura:
e tecnologicamente superada, deve restringir‑se o uso do telegra-
- Título: APOSTILA, centralizado.
ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento,
eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o caso,
deve pautar‑se pela concisão. onde o documento foi publicado.
Não há padrão rígido, devendo‑se seguir a forma e a estrutura - Local e data.
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu - Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que cons-
sítio na Internet. tatou a necessidade de efetuar a apostila.

Obs: Modelo no final da matéria. Não deve receber numeração, sendo que, em caso de docu-
mento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no
Fax verso do documento.
Em caso de publicação do ato administrativo originário, a
O fax (forma abreviada já consagrada de fac‑símile) é uma apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato, núme-
forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao de- ro, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao oficial no qual
senvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de men- o ato administrativo foi originalmente publicado, a fim de que se
sagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo preserve a data de validade.
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele Obs: Modelo no final da matéria.
segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve‑se fazê‑lo com cópia xe- ATA
rox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos,
se deteriora rapidamente. É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia.
que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o Estrutura:
documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formu- - Título ‑ ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequencial-
lário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada. mente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em cai-
xa‑alta.

Didatismo e Conhecimento 105


LÍNGUA PORTUGUESA
- Texto, incluindo: Preâmbulo ‑ registro da situação espacial A declaração documenta uma informação prestada por autori-
e temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de dade ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato
suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for ou o conhecimento da situação declarada deve serem razão do car-
o caso; Fecho ‑ termo de encerramento com indicação, se neces- go que ocupa ou da função que exerce.
sário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de Declarações que possuam características específicas podem
nova reunião etc. receber uma qualificação, a exemplo da “declaração funcional”.
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à
reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exi- Obs: Modelo no final da matéria.
gências regimentais do órgão.
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, deve‑se, Despacho
em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação
correta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição
erros constatados após a redação, usa‑se a expressão “Em tempo” que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode
ao final da ATA, com o registro das informações corretas. ter caráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:
- Nome do órgão principal e secundário.
Obs: Modelo no final da matéria. - Número do processo.
- Data.
Carta - Texto.
- Assinatura e função ou cargo da autoridade.
É a forma de correspondência emitida por particular, ou au-
toridade com objetivo particular, não se confundindo com o me- O despacho pode constituir‑se de uma palavra, de uma expres-
morando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência são ou de um texto mais longo.
externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião
ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual res- Obs: Modelo no final da matéria.
ponde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por
deputados, deve‑se usar a carta, não o memorando ou ofício, por Ordem de Serviço
estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de
sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Depu- É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou pon-
tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas tuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da Ad-
como titular de função oficial específica (presidente de comissão ministração. Estrutura:
ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura: - Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.
- Local e data. - Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade
- Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, car- que expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação perti-
go e endereço. nente ou por força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra
- Vocativo. “resolve”.
- Texto. - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido
- Fecho. em itens, incisos, alíneas etc.
- Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo. - Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da
função.
Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerá‑las.
Nesse caso, a numeração poderá apoiar­-se no padrão básico de A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui
diagramação. caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente, a
O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência otimização e a racionalização de serviços.
oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cor-
dialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou Obs: Modelo no final da matéria.
igualdade de posição entre os correspondentes.
Parecer
Obs: Modelo no final da matéria.
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de
Declaração órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para
análise e competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios
É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo para tomada de decisão. Estrutura:
sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura: - Número de ordem (quando necessário).
- Título: DECLARAÇÃO, centralizado. - Número do processo de origem.
- Texto: exposição do fato ou situação declarada, com fina- - Ementa (resumo do assunto).
lidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua - Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução);
relação com a Câmara nos casos mais formais. Parecer (desenvolvimento com razões e justificativas); Fecho opi-
- Local e data. nativo (conclusão).
- Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autori- - Local e data.
dade, função ou cargo. - Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.

Didatismo e Conhecimento 106


LÍNGUA PORTUGUESA
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, deve‑se aten-
Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, definido tar para os seguintes procedimentos:
no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. - abster‑se de transcrever a competência formal das unidades
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos administrativas já descritas nas normas internas;
itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o fim - relatar apenas as principais atividades do órgão;
de melhor organizar o assunto, imprimindo‑lhe clareza e didatis- - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas
mo. unidades administrativas que lhe são subordinadas;
- priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas
Obs: Modelo no final da matéria. realizadas e problemas abrangentes que foram solucionados;
- destacar propostas que não puderam ser concretizadas, iden-
Portaria tificando as causas e indicando as prioridades para os próximos
anos;
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece re- - gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível, ao
gras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organiza- máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, Departamen-
ção e do funcionamento de serviços dentro de sua esfera de com- to ou unidade equivalente.
petência. Estrutura:
- Título: PORTARIA, numeração e data. Obs: Modelo no final da matéria.
- Ementa: síntese do assunto.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade Requerimento (Petição)
que expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da
palavra “resolve”. É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Es-
em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens. trutura:
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja,
cargo. da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
Certas portarias contêm considerandos, com as razões que (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacio-
justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles. nalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade
A ementa justifica‑se em portarias de natureza normativa. (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do
Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de nomea- processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente
ção e exoneração, por exemplo, suprime­-se a ementa. seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualifica-
ção civil deve ser colocado o número do registro funcional e a
Obs: Modelo no final da matéria. lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fun-
damentos legais do requerimento e os elementos probatórios de
Relatório natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento - Local e data.
de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do de- - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
senvolvimento de serviços específicos num determinado período.
Estrutura: Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindica-
- Título ‑ RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE... ção ou manifestação, o documento utilizado será um abaixo‑assi-
- Texto ‑ registro em tópicos das principais atividades desen- nado, com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver
volvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e totais, identificação das assinaturas.
com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos A Constituição Federal assegura a todos, independentemente
do período abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvi- do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos
do, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apre- em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art.
sentados como anexos. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumen-
- Local e data. taliza por meio de requerimento. No que concerne especificamente
- Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es). aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabe-
lece que o requerimento deve ser dirigido à autoridade competente
No caso de Relatório de Viagem, aconselha‑se registrar uma para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daquela a que esti-
descrição sucinta da participação do servidor no evento (seminá- ver imediatamente subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art.
rio, curso, missão oficial e outras), indicando o período e o tre- 105).
cho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem
deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento efetivo das Obs: Modelo no final da matéria.
informações tratadas no evento para os trabalhos legislativos e ad-
ministrativos da Casa.

Didatismo e Conhecimento 107


LÍNGUA PORTUGUESA
Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos
progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obede-
cerem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sen-
tido, “protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o
produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma
posição de arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência

Didatismo e Conhecimento 108


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 109


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 110


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 111


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 112


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

Didatismo e Conhecimento 113


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

Didatismo e Conhecimento 114


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

Didatismo e Conhecimento 115


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 116


LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de


passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem processos
administrativos no âmbito da Câmara dos Deputados e assinadas
pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório
CÂMARA DOS DEPUTADOS
ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
.................................................................................. ....

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, ............................ de de 201...

Nome
Função ou Cargo

Didatismo e Conhecimento 117


LÍNGUA PORTUGUESA
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. ���������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

Questões

01. Analise:
1. Atendendo à solicitação contida no expediente acima referido, vimos encaminhar a V. Sª. as informações referentes ao andamento
dos serviços sob responsabilidade deste setor.
2. Esclarecemos que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para o cumprimento dos prazos estipulados e o atingimento
das metas estabelecidas.

A redação do documento acima indica tratar-se


(A) do encaminhamento de uma ata.
(B) do início de um requerimento.
(C) de trecho do corpo de um ofício.
(D) da introdução de um relatório.
(E) do fecho de um memorando.

02. A redação inteiramente apropriada e correta de um documento oficial é:


(A) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas reivindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos em vosso gabinete para
discutir nossos problemas salariais.
(B) O texto ora aprovado em sessão extraordinária prevê a redistribuição de pessoal especializado em serviços gerais para os departa-
mentos que foram recentemente criados.

Didatismo e Conhecimento 118


LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Estou encaminhando a presença de V. Sª. este jovem, muito
inteligente e esperto, que lhe vai resolver os problemas do sistema
de informatização de seu gabinete.
(D) Quando se procurou resolver os problemas de pessoal aqui
neste departamento, faltaram um número grande de servidores para
os andamentos do serviço.
(E) Do nosso ponto de vista pessoal, fica difícil vos informar de
quais providências vão ser tomadas para resolver essa confusão que
foi criado pelos manifestantes.

03. A frase cuja redação está inteiramente correta e apropriada


para uma correspondência oficial é:
(A) É com muito prazer que encaminho à V. Exª. Os convites
para a reunião de gala deste Conselho, em que se fará homenagens
a todos os ilustres membros dessa diretoria, importantíssima na exe-
cução dos nossos serviços.
(B) Por determinação hoje de nosso Excelentíssimo Chefe do
Setor, nos dirigimos a todos os de vosso gabinete, para informar
de que as medidas de austeridade recomendadas por V. Sa. já está
sendo tomadas, para evitar-se os atrasos dos prazos.
(C) Estamos encaminhando a V. Sa. os resultados a que che-
garam nossos analistas sobre as condições de funcionamento deste
setor, bem como as providências a serem tomadas para a consecução
dos serviços e o cumprimento dos prazos estipulados.
(D) As ordens expressas a todos os funcionários é de que se
possa estar tomando as medidas mais do que importantes para tornar
nosso departamento mais eficiente, na agilização dos trâmites legais
dos documentos que passam por aqui.
(E) Peço com todo o respeito a V. Exª., que tomeis providências
cabíveis para vir novos funcionários para esse nosso setor, que se
encontra em condições difíceis de agilizar todos os documentos que
precisamos enviar.

04. A respeito dos padrões de redação de um ofício, é INCOR-


RETO afirmar que:
(A) Deve conter o número do expediente, seguido da sigla do
órgão que o expede.
(B) Deve conter, no início, com alinhamento à direita, o local de
onde é expedido e a data em que foi assinado.
(C) Deverá constar, resumidamente, o teor do assunto do do-
cumento.
(D) O texto deve ser redigido em linguagem clara e direta, res-
peitando-se a formalidade que deve haver nos expedientes oficiais.
(E) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez, como por
exemplo: Agradeço a V. Sª. a atenção dispensada.

05. Haveria coerência com as ideias do texto e respeitaria as


normas de redação de documentos oficiais se o texto apresentado
fosse incluído como parágrafo inicial em um ofício complementado
pelo parágrafo final e os fechos apresentados a seguir.
Solicita-se, portanto, a divulgação desses dados junto aos ór-
gãos competentes.

Atenciosamente,
Pedro Santos

Pedro Santos
Secretário do Conselho

Resposta 01-C / 02-B / 03-C / 04-E / 05-C (correta)

Didatismo e Conhecimento 119


LEGISLAÇÃO
LEGISLAÇÃO
I - a nacionalidade brasileira;
LEI 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 II - o gozo dos direitos políticos;
- REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO, DAS IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES
VI - aptidão física e mental.
PÚBLICAS FEDERAIS § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
outros requisitos estabelecidos em lei.
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi-
to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
Mensagem de veto cento) das vagas oferecidas no concurso.
Produção de efeito § 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e
Dispõe sobre o regime jurídico tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
Partes mantidas pelo
dos servidores públicos civis técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
Congresso Nacional
da União, das autarquias e das procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
(Vide Lei nº 12.702, de 2012)
fundações públicas federais.
(Vide Lei nº 12.855, de 2013)
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante
(Vide Lei nº 13.135, de 2015)
ato da autoridade competente de cada Poder.
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº   8.112, DE
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
11 DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 
13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - nomeação;
II - promoção;
Título I III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo Único IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Das Disposições Preliminares V - readaptação;
VI - reversão;
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores VII - aproveitamento;
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime VIII - reintegração;
especial, e das fundações públicas federais. IX - recondução.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmen- Seção II


te investida em cargo público. Da Nomeação

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e respon- Art. 9o A nomeação far-se-á:


sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de
cometidas a um servidor. provimento efetivo ou de carreira;
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra- II - em comissão, inclusive na condição de interino, para
sileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimen- cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
to pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo 10.12.97)
ou em comissão. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in-
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os terinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri-
casos previstos em lei. buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.
Título II (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Do Provimento, Vacância, Remoção,
Redistribuição e Substituição Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
Capítulo I de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso
Do Provimento público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
Seção I Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de-
Disposições Gerais senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo pú- na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação
blico: dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 1
LEGISLAÇÃO
Seção III § 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
Do Concurso Público for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- § 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o
e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publica-
isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº ção. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97) (Regulamento)
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, exercício serão registrados no assentamento individual do servi-
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. dor.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresen-
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assen-
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. tamento individual.
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício,
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
Seção IV de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela
Da Posse e do Exercício Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máxi-
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados mo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a re-
os atos de ofício previstos em lei.
tomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu-
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova
blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 10.12.97)
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publica-
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será conta-
ção do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e
do a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e
V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII,
alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo será
contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
9.527, de 10.12.97) no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada
nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito ho-
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. ras diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse 17.12.91)
não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe- o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
ção médica oficial. interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul- 10.12.97)
gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba-
lho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do 17.12.91)
cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para car-
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em go de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re- período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19)
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não I - assiduidade;
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o II - disciplina;
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) III - capacidade de iniciativa;

Didatismo e Conhecimento 2
LEGISLAÇÃO
IV - produtividade; Seção VIII
V- responsabilidade. Da Reversão
§ 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- (Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000)
batório, será submetida à homologação da autoridade competente
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor apo-
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei sentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da 4.9.2001)
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insub-
V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 sistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa- II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisó-
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção,
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so-
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi-
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provi-
6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar 4.9.2001)
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei 45, de 4.9.2001)
nº 9.527, de 10.12.97) § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os tante de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº
afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hi- 2.225-45, de 4.9.2001)
pótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) siderado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção V § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o
Da Estabilidade servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor-
rência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empos- 4.9.2001)
sado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-
serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposen-
(prazo 3 anos - vide EMC nº 19) tadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive
com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de à aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- 4.9.2001)
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
Seção VI
menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº
Da Transferência
2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção VII
Da Readaptação Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001)
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em tado 70 (setenta) anos de idade.
inspeção médica.
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando Seção IX
será aposentado. Da Reintegração
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins,
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalên- Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável
cia de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrên- transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad-
cia de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

Didatismo e Conhecimento 3
LEGISLAÇÃO
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante 10.12.97)
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou I - a juízo da autoridade competente;
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. II - a pedido do próprio servidor.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção X
Da Recondução Capítulo III
Da Remoção e da Redistribuição
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
anteriormente ocupado e decorrerá de: Seção I
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; Da Remoção
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30. de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de
sede.
Seção XI Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
Da Disponibilidade e do Aproveitamento por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- nº 9.527, de 10.12.97)
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determi- III -  a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
nará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em
teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
Pública Federal.
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União,
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon-
cado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi-
de 10.12.97)
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assenta-
10.12.97)
mento funcional, condicionada à comprovação por junta médica
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. que o número de interessados for superior ao número de vagas,
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
Capítulo II em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Da Vacância 10.12.97)

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: Seção II


I - exoneração; Da Redistribuição
II - demissão;
III - promoção; Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provi-
IV -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) mento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pes-
V -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) soal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
VI - readaptação; apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes
VII - aposentadoria; preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - posse em outro cargo inacumulável; I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
IX - falecimento. 10.12.97)
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do de 10.12.97)
servidor, ou de ofício. III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluí-
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple-
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em xidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
exercício no prazo estabelecido. V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 4
LEGISLAÇÃO
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fina- § 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo
lidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
9.527, de 10.12.97) § 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acor-
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- do com o estabelecido no § 1o do art. 93.
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou § 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de caráter permanente, é irredutível.
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará me- § 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
diante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en- § 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão rio mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será co-
locado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, título de remuneração, importância superior à soma dos valores
de 10.12.97) percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis- âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribu-
central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou nal Federal.
entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as van-
9.527, de 10.12.97) tagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.

Capítulo IV Art. 43.  (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei
Da Substituição nº 9.624, de 2.4.98)

Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de dire- Art. 44. O servidor perderá:


ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou enti- II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atra-
dade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de horário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabe-
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, lecida pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do 10.12.97)
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- Parágrafo  único. As faltas justificadas decorrentes de caso
les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
de 10.12.97) chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su- Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide
efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação Decreto nº 1.502, de 1995)(Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Decreto nº 2.065, de 1996) (Regulamento)(Regulamento)
§ 1o  Mediante autorização do servidor, poderá haver consig-
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. administração e com reposição de custos, na forma definida em
regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
Título III § 2o  O total de consignações facultativas de que trata o §
Dos Direitos e Vantagens 1 não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
o

Capítulo I mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente


Do Vencimento e da Remuneração para:  (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
de cargo público, com valor fixado em lei. II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 431, de crédito.  (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
de 2008).  (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servi-
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. dor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo

Didatismo e Conhecimento 5
LEGISLAÇÃO
máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte- Subseção I
ressado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Da Ajuda de Custo
4.9.2001)
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao cor- Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
respondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em ca-
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês ráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime- qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete-
diatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum- § 1o Correm por conta da administração as despesas de trans-
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a gagem e bens pessoais.
data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225- § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são asse-
45, de 4.9.2001) gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, § 3o  Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re-
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas- moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36.
sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medi- do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.

Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de pres- afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
tação de alimentos resultante de decisão judicial.
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo
Capítulo II servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu-
Das Vantagens dança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art.
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando ca-
as seguintes vantagens: bível.
I - indenizações;
II - gratificações; Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
III - adicionais. quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra-
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou zo de 30 (trinta) dias.
provento para qualquer efeito.
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci- Subseção II
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Das Diárias

Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em cará-
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrés- ter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional
cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun- ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a inde-
damento. nizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimen-
tação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.
Seção I (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Das Indenizações § 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as des-
I - ajuda de custo; pesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei
II - diárias; nº 9.527, de 10.12.97)
III - transporte. § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi-
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslo-
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos car dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana
I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regu-
serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº larmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas
11.355, de 2006) com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,

Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO
entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território 11.355, de 2006)
nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comis-
prazo de 5 (cinco) dias. são relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as Art. 60-C.  (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
Art. 60-D.  O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a
Subseção III 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, fun-
Da Indenização de Transporte ção comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (In-
cluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor § 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vin-
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- te e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (In-
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições cluído pela Lei nº 11.784, de 2008
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. § 2o  Independentemente do valor do cargo em comissão ou
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
Subseção IV os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e
Do Auxílio-Moradia oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel,
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel
o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído
de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empre-
pela Lei nº 11.355, de 2006)
sa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa
pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Seção II
Das Gratificações e Adicionais
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nes-
2006)
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi- ta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições,
dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel 10.12.97)
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) I  -  retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou II - gratificação natalina;
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exer- III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
cer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação 4.9.2001)
de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigo-
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) sas ou penosas;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VI - adicional noturno;
V  -  o servidor tenha se mudado do local de residência para VII - adicional de férias;
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Di- VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
reção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Na- IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído
tureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
pela Lei nº 11.355, de 2006)
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- Subseção I
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em Da Retribuição pelo Exercício de
relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído Função de Direção, Chefia e Assessoramento
pela Lei nº 11.355, de 2006) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
nº 11.355, de 2006) exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afasta-
dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre
e em serviço não penoso e não perigoso.
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas,
exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situa-
provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem ções estabelecidas em legislação específica.
os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o
da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Pro- Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
visória nº 2.225-45, de 4.9.2001) dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos ser- fixados em regulamento.
vidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001) Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle
Subseção II permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
Da Gratificação Natalina passem o nível máximo previsto na legislação própria.
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo se-
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze rão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem-
bro, por mês de exercício no respectivo ano. Subseção V
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias Do Adicional por Serviço Extraordinário
será considerada como mês integral.
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés-
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de
dezembro de cada ano. trabalho.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata- atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a máximo de 2 (duas) horas por jornada.
remuneração do mês da exoneração.
Subseção VI
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cál- Do Adicional Noturno
culo de qualquer vantagem pecuniária.
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreen-
Subseção III dido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
Do Adicional por Tempo de Serviço dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos
Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de e trinta segundos.
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999) Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Subseção IV prevista no art. 73.
Dos Adicionais de Insalubridade,
Periculosidade ou Atividades Penosas Subseção VII
Do Adicional de Férias
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tó- Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi-
xicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
sobre o vencimento do cargo efetivo. terço) da remuneração do período das férias.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di-
de periculosidade deverá optar por um deles. reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram que trata este artigo.
causa a sua concessão.

Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servido-


res em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
perigosos.

Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO
Subseção VIII Capítulo III
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Das Férias
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem
Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces-
é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
11.314 de 2006)  (Regulamento) específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Férias
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvi- de Ministro - Vide)
mento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da ad- § 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigi-
ministração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) dos 12 (doze) meses de exercício.
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa- § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur- § 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314 pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
de 2006)
III - participar da logística de preparação e de realização de Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coor- até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observan-
denação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando do-se o disposto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro - Vide)
tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições § 1° e § 2°  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratificação de Lei nº 8.216, de 13.8.91)
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
nº 8.216, de 13.8.91)
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Fede-
Lei nº 11.314 de 2006)
ral quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
9.525, de 10.12.97)
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex-
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori- Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) qualquer hipótese a acumulação.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por mo-
2006) tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratan- júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço
do de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Férias de Ministro - Vide)
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando Parágrafo único. O restante do período interrompido será go-
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. zado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso so-
mente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput Capítulo IV
deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo Das Licenças
de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação
de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de tra- Seção I
balho, na forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº Disposições Gerais
11.314 de 2006)
§ 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei- I - por motivo de doença em pessoa da família;
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da III - para o serviço militar;
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) IV - para atividade política;
V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO
VI - para tratar de interesses particulares; Seção IV
VII - para desempenho de mandato classista. Da Licença para o Serviço Militar
§ 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta concedida licença, na forma e condições previstas na  legislação
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) específica.
§ 2o(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício
período da licença prevista no inciso I deste artigo. do cargo.

Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do tér- Seção V


mino de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação. Da Licença para Atividade Política

Seção II Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,


Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante com- assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
provação por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei nº partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
11.907, de 2009) Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea- § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho- seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
rário, na forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes Seção VI
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Da Licença para Capacitação
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servi-
neração.  (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) dor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício
§ 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três me-
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (In- ses, para participar de curso de capacitação profissional. (Redação
cluído pela Lei nº 12.269, de 2010) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e Art. 88.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Art. 90. (VETADO).

Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acom- Seção VII
panhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro pon- Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
to do território nacional, para o exterior ou para o exercício de
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remune- ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es-
ração. tágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou compa- prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação
nheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qual-
nicípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Re-
da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde dação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. (Re-
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO
Seção VIII § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou ser-
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista vidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so-
muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe- ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na-
deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre- cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento
sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado ce-
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar ser- dido condicionado a autorização específica do Ministério do Pla-
viços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso nejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação
VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e de cargo em comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº
observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, 10.470, de 25.6.2002)
de 2005)  (Regulamento) § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos
(dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º
12.998, de 2014) e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) (Vide
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, Decreto nº 5.375, de 2005)
8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 1o  Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos Seção II
para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela
Lei nº 12.998, de 2014) Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se
§ 2o  A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser reno-
as seguintes disposições:
vada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
afastado do cargo;
Capítulo V
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
Dos Afastamentos
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
Seção I III - investido no mandato de vereador:
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta-
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Re- § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
dação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento)(Vide para a seguridade social como se em exercício estivesse.
Decreto nº 4.493, de 3.12.2002)  (Regulamento) § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confian- poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di-
ça; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) versa daquela onde exerce o mandato.
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela
Lei nº 8.270, de 17.12.91) Seção III
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en- Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estu-
ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº do ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República,
8.270, de 17.12.91) Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supre-
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou mo Tribunal Federal.
sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis-
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em nova ausência.
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despe- § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será
sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular
pela Lei nº 11.355, de 2006) antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli- carreira diplomática.
ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro § 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de
órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro pró- que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
prio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo Capítulo VI
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar- Das Concessões
se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
2000) Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
do serviço:  (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de 2013)
Seção IV I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Gra- to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
duação Stricto Sensu no País (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Administração, a) casamento;
e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudan-
instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar
de 2009) e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
§ 1o  Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade defini- § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
rá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
capacitação e os critérios para participação em programas de pós- peitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e
graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela § 2o Também será concedido horário especial ao servidor por-
Lei nº 11.907, de 2009) tador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
médica oficial, independentemente de compensação de horário.
§ 2o  Os afastamentos para realização de programas de mestra-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de de-
3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in-
ficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de
cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado
horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527,
por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licen-
de 10.12.97)
ça capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos
§ 4o  Será igualmente concedido horário especial, vinculado
anteriores à data da solicitação de afastamento. (Incluído pela Lei
à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)
nº 11.907, de 2009) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos
§ 3o  Os afastamentos para realização de programas de pós- I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de 11.501, de 2007)
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares da administração é assegurada, na localidade da nova residência
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, em qualquer época, independentemente de vaga.
de 2010) Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônju-
§ 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos ge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com
suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afasta- autorização judicial.
mento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5o  Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo Capítulo VII
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência Do Tempo de Serviço
previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade,
na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
de 2009)
§ 6o  Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justifi- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
cou seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de tos e sessenta e cinco dias.
caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 7o  Aplica-se à participação em programa de pós-graduação Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97,
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em
nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) virtude de:

Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO
I - férias; § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta-
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão do apenas para nova aposentadoria.
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis- § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
trito Federal; Forças Armadas em operações de guerra.
III - exercício de cargo ou função de governo ou administra- § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
ção, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
Presidente da República; órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
IV - participação em programa de treinamento regularmen- e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
te instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no mista e empresa pública.
País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009) Capítulo VIII
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, muni- Do Direito de Petição
cipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por mereci-
mento; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afas-
tamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade compe-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
VIII - licença: estiver imediatamente subordinado o requerente.
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden-
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada do ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsidera-
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para
efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
11.094, de 2005) I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Reda- § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva-
f) por convocação para o serviço militar; mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade
X - participação em competição desportiva nacional ou con- a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
vocação para integrar representação desportiva nacional, no País
ou no exterior, conforme disposto em lei específica; Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconside-
XI - afastamento para servir em organismo internacional de ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação
que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº
9.527, de 10.12.97) 12.300, de 2010)

Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi-
disponibilidade: vo, a juízo da autoridade competente.
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municí- Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de recon-
pios e Distrito Federal; sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família ato impugnado.
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de Art. 110. O direito de requerer prescreve:
2010) I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele- patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quan-
no serviço público federal; do outro prazo for fixado em lei.
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre- Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data
vidência Social; da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes-
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; sado, quando o ato não for publicado.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando ca-
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) bíveis, interrompem a prescrição.

Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser IV - opor resistência injustificada ao andamento de documen-
relevada pela administração. to e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada da repartição;
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
procurador por ele constituído. previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res-
ponsabilidade ou de seu subordinado;
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
tempo, quando eivados de ilegalidade. associação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
Título IV trem, em detrimento da dignidade da função pública;
Do Regime Disciplinar X - participar de gerência ou administração de sociedade pri-
Capítulo I vada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, ex-
Dos Deveres ceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação
dada pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 116. São deveres do servidor: XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
II - ser leal às instituições a que servir; ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
III - observar as normas legais e regulamentares; companheiro;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
mente ilegais; qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
V - atender com presteza: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, geiro;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XV - proceder de forma desidiosa;
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. serviços ou atividades particulares;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
de 2011) XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando so-
VII - zelar pela economia do material e a conservação do pa- licitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
trimônio público; Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do caput
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei
IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis- nº 11.784, de 2008
trativa; I - participação nos conselhos de administração e fiscal de
X - ser assíduo e pontual ao serviço; empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po- constituída para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela
der. Lei nº 11.784, de 2008
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
sentando ampla defesa.
Capítulo III
Capítulo II Da Acumulação
Das Proibições
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
2.225-45, de 4.9.2001) § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
autorização do chefe imediato; sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, Estados, dos Territórios e dos Municípios.
qualquer documento ou objeto da repartição; § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
III - recusar fé a documentos públicos; da à comprovação da compatibilidade de horários.

Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
nerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº autoridade competente para apuração de informação concernente à
9.527, de 10.12.97) prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain-
da que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação Capítulo V
coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Das Penalidades
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
neração devida pela participação em conselhos de administração Art. 127. São penalidades disciplinares:
e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, I - advertência;
suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou II - suspensão;
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par- III - demissão;
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
legislação específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº V - destituição de cargo em comissão;
2.225-45, de 4.9.2001) VI - destituição de função comissionada.

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu- Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de ho- atenuantes e os antecedentes funcionais.
rário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autori- Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencio-
nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
Capítulo IV
violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX,
Das Responsabilidades
e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamen-
tação ou norma interna, que não justifique imposição de penalida-
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativa-
de mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou das faltas punidas com advertência e de violação das demais proi-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
ou a terceiros. são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser-
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe-
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a pena-
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores lidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança re- 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração,
cebida. ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e con- Art.  131. As penalidades de advertência e de suspensão te-
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. rão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cin-
co) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
função. efeitos retroativos.

Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
cumular-se, sendo independentes entre si. I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será III - inassiduidade habitual;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do IV - improbidade administrativa;
fato ou sua autoria. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na reparti-
ção;

Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO
VI - insubordinação grave em serviço; funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sal- que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. (In-
vo em legítima defesa própria ou de outrem; cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; § 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo dis-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do ciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, conta-
cargo; dos da data de publicação do ato que constituir a comissão, admiti-
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na- da a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
cional; o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
XI - corrupção; § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú- artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente,
blicas; as disposições dos
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime- do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, a demissão.
contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro-
cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por
cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas se- não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
guintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este arti-
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea- go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em
mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da destituição de cargo em comissão.
apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis-
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo
ação penal cabível.
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingres-
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
so, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato prazo de 5 (cinco) anos.
que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promo- ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
verá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar
defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude durante o período de doze meses.
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
nº 9.527, de 10.12.97) 9.527, de 10.12.97)
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defe- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
sa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automa- período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
ticamente em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído pela trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su-
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo- perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze
sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará re- Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono ticidade.
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior Parágrafo  único. Quando o fato narrado não configurar evi-
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva-
julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) da, por falta de objeto.

Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: Art. 145. Da sindicância poderá resultar:


I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas I - arquivamento do processo;
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de
Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de até 30 (trinta) dias;
aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respec- III - instauração de processo disciplinar.
tivo Poder, órgão, ou entidade; Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata- excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual perío-
mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se do, a critério da autoridade superior.
tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração
tratar de destituição de cargo em comissão. de processo disciplinar.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: Capítulo II
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
Do Afastamento Preventivo
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
cargo em comissão;
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
venha a influir na apuração da irregularidade, a  autoridade instau-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
fato se tornou conhecido.
prejuízo da remuneração.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
às infrações disciplinares capituladas também como crime. Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida concluído o processo.
por autoridade competente.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a Capítulo III
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. Do Processo Disciplinar

Título V Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado


Do Processo Administrativo Disciplinar a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no
Capítulo I exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
Disposições Gerais ções do cargo em que se encontre investido.

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, composta de três servidores estáveis designados pela autoridade com-
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- petente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre
gurada ao acusado ampla defesa. eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo supe-
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) rior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior
§ 2o(Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autori- § 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo
dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularida- bros.
de, mediante competência específica para tal finalidade, delegada § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli- inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu- güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
nais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
9.527, de 10.12.97) ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.

Didatismo e Conhecimento 17
LEGISLAÇÃO
Parágrafo  único. As reuniões e as audiências das comissões Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
terão caráter reservado. termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes § 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in-
fases: firmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
missão; Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, de- promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
fesa e relatório; mentos previstos nos arts. 157 e 158.
III - julgamento. § 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato § 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter-
prazo, quando as circunstâncias o exigirem. ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo in- -las, por intermédio do presidente da comissão.
tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
ponto, até a entrega do relatório final. Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
deverão detalhar as deliberações adotadas. submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
menos um médico psiquiatra.
Seção I Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será proces-
Do Inquérito sado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a ex-
pedição do laudo pericial.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio
do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utili- Art.  161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
zação dos meios e recursos admitidos em direito. indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputa-
dos e das respectivas provas.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disci- § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre-
plinar, como peça informativa da instrução. sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a au- § 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
toridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério de 20 (vinte) dias.
Público, independentemente da imediata instauração do processo § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para
disciplinar. diligências reputadas indispensáveis.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a toma- da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
da de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabí- termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessá- assinatura de (2) duas testemunhas.
rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação
dos fatos. Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabi-
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular do, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e
quesitos, quando se tratar de prova pericial. em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- conhecido, para apresentar defesa.
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
interesse para o esclarecimento dos fatos. será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
citado, não apresentar defesa no prazo legal.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante § 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- e devolverá o prazo para a defesa.
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado-
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a ex- ra do processo designará um servidor como defensor dativo, que
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível,
repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Re-
para inquirição. dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 18
LEGISLAÇÃO
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e men- ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclu-
cionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção. são do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o pará-
à responsabilidade do servidor. grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão se for o caso.
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para ou indiciado;
julgamento. II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri-
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
Seção II missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Do Julgamento
Seção III
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimen- Da Revisão do Processo
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
competente, que decidirá em igual prazo. circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, inadequação da penalidade aplicada.
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da § 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
pena mais grave. servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do
§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de processo.
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori- § 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
dades de que trata o inciso I do art. 141. será requerida pelo respectivo curador.
§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au-
toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen- Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído requerente.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
quando contrário às provas dos autos. ainda não apreciados no processo originário.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
responsabilidade. a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
onde se originou o processo disciplinar.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori- Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente
dade que determinou a instauração do processo ou outra de hierar- providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
do processo. arrolar.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
IV do Título IV. conclusão dos trabalhos.

Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
duais do servidor. processo disciplinar.

Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para nalidade, nos termos do art. 141.
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
autoridade julgadora poderá determinar diligências.

Didatismo e Conhecimento 19
LEGISLAÇÃO
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem b) auxílio-natalidade;
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos c) salário-família;
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, d) licença para tratamento de saúde;
que será convertida em exoneração. e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar f) licença por acidente em serviço;
agravamento de penalidade. g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
Título VI satisfatórias;
Da Seguridade Social do Servidor II - quanto ao dependente:
Capítulo I a) pensão vitalícia e temporária;
Disposições Gerais b) auxílio-funeral;
c) auxílio-reclusão;
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o d) assistência à saúde.
servidor e sua família. § 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na admi- servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
nistração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito § 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da as- dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
sistência à saúde.(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial Capítulo II
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual Dos Benefícios
coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se- Seção I
guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento
Da Aposentadoria
ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
mencionado regime de previdência.(Incluído pela Lei nº 10.667,
Art. 186. O servidor será aposentado:  (Vide art. 40 da Cons-
de 14.5.2003)
tituição)
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
proporcionais nos demais casos;
pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan- II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.  (Incluído tos proporcionais ao tempo de serviço;
pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) III - voluntariamente:
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos (trinta) se mulher, com proventos integrais;
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma-
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro-
vencimento.(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) ventos integrais;
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e com- d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
preende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguin- 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
tes finalidades: de serviço.
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, in- § 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incu-
validez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e ráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa,
reclusão; alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia
III - assistência à saúde. grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avança-
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições dos do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunode-
desta Lei. ficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na
medicina especializada.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do ser- § 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insa-
vidor compreendem: lubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71,
I - quanto ao servidor: a aposentadoria de que trata o inciso III, «a» e «c», observará o
a) aposentadoria; disposto em lei específica.

Didatismo e Conhecimento 20
LEGISLAÇÃO
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à jun- Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa-
ta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im- termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos
nº 9.527, de 10.12.97) de serviço efetivo.

Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de- Seção II


clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em Do Auxílio-Natalidade
que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
ativo. Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci-
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
a partir da data da publicação do respectivo ato. § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
quatro) meses. público, quando a parturiente não for servidora.
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condi-
ções de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será Seção III
aposentado. Do Salário-Família
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao
de prorrogação da licença. inativo, por dependente econômico.
§ 4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão consi- Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos
deradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejado- para efeito de percepção do salário-família:
ra da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
11.907, de 2009) até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
§ 5o  A critério da Administração, o servidor em licença para quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con- II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº inativo;
11.907, de 2009) III - a mãe e o pai sem economia própria.

Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob- Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da apo-
em atividade. sentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer be-
nefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
dos dependentes.
Art. 190.  O servidor aposentado com provento proporcional Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias es- madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
pecificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
provento integral, calculado com base no fundamento legal de nem servirá de base para qualquer contribuição,  inclusive para a
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, Previdência Social.
de 2009)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o proven- não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
to não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
Seção IV
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Licença para Tratamento de Saúde

Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação na- prejuízo da remuneração a que fizer jus.
talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.

Didatismo e Conhecimento 21
LEGISLAÇÃO
Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será con- Seção V
cedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade
11.907, de 2009)
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
encontrar internado. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação partir do parto.
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
§ 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produ- to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
zirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos hu- reassumirá o exercício.
manos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, § 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
de 2009) terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
§ 4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias
no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta- Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5o  A perícia oficial para concessão da licença de que trata Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia ofi- meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
cial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia. períodos de meia hora.
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
Art. 204.  A licença para tratamento de saúde inferior a 15 de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa)
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí- dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de
Lei nº 11.907, de 2009) criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
artigo será de 30 (trinta) dias.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões Seção VI
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual- Da Licença por Acidente em Serviço
quer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servi-
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgâni- dor acidentado em serviço.
cas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou men-
Art. 206-A.  O servidor será submetido a exames médicos pe- tal sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediata-
riódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (In- mente, com as atribuições do cargo exercido.
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento). Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
Parágrafo único.  Para os fins do disposto no caput, a União e I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela dor no exercício do cargo;
Lei nº 12.998, de 2014) II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór- versa.
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído
pela Lei nº 12.998, de 2014) Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce- tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada,
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- à conta de recursos públicos.
quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médi-
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistên- ca oficial constitui medida de exceção e somente será admissível
cia à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que pos- quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú-
suam autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma blica.
do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº
12.998, de 2014)

Didatismo e Conhecimento 22
LEGISLAÇÃO
Seção VII Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
Da Pensão prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5
(cinco) anos.
Art. 215.  Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóte- Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior
ses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução
o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Constitui- de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for oferecida.
ção Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 220.  Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada
pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014) I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela
(Vigência)  (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 217. São beneficiários das pensões:  II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro-
I - o cônjuge;(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial
c) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.
d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presu-
fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial- mida do servidor, nos seguintes casos:
mente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) acidente não caracterizado como em serviço;
c) Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
ou em missão de segurança.
III - o companheiro ou companheira que comprove união está-
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em
vel como entidade familiar;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin-
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
tes requisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015)
b) seja inválido;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
c)(Vide Lei nº 13.135, de 2015)  (Vigência) I - o seu falecimento;
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regu- II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
lamento;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) concessão da pensão ao cônjuge;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene-
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que
inciso IV.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os períodos
§ 1o  A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso
incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos VII;  (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
§ 2o  A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.(Re- V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
dação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3o  O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me- VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên- a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
cia econômica, na forma estabelecida em regulamento.(Incluído a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
pela Lei nº 13.135, de 2015) o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se
o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos
Art. 218.  Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários 13.135, de 2015)
habilitados.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
§ 1o  (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
§ 2o  (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
§ 3o  (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído
pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 23
LEGISLAÇÃO
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; § 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos § 2o (VETADO).
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) ras, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) que houver custeado o funeral.
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será inde-
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e nizado, observado o disposto no artigo anterior.
três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de trans-
§ 1o  A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja porte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou
preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por fundação pública.
deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia-
ção das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Seção IX
§ 2o  Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no Do Auxílio-Reclusão
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos
do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu-
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independente- são, nos seguintes valores:
mente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união está- de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
vel. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) competente, enquanto perdurar a prisão;
§ 3o  Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu-
de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determi-
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano
ne a perda de cargo.
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon-
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer,
terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os
§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Mi-
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
nistro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado
que condicional.
o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido
§ 3o  Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos de-
§ 4o  O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previ- pendentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº
dência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social 13.135, de 2015)
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contri-
buições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do Capítulo III
caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Da Assistência à Saúde
Art. 223.  Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou inati-
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada vo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
pela Lei nº 13.135, de 2015) odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta-
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na mes- ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio,
ma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. 189. ativo ou inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
Art. 225.  Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa- § 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendi-
Seção VIII mento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
Do Auxílio-Funeral declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor fa- § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
lecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a
da remuneração ou provento. contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que cons-

Didatismo e Conhecimento 24
LEGISLAÇÃO
tituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo operacionais;
disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) decoração e elogio.
§ 3o  Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a: Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias
(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do ven-
I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação de ser- cimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o
viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados prazo vencido em dia em que não haja expediente.
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
eximir-se do cumprimento de seus deveres.
autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que
os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto- da Constituição Federal, o direito à livre associação  sindical e os
gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substi-
também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de tuto processual;
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de final do mandato, exceto se a pedido;
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) em assembléia geral da categoria.
III -  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) d)   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) e)(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendi-
do pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
constem do seu assentamento individual.
Capítulo IV Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
Do Custeio companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.

Art. 231.  (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
  onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercí-
Título VII cio, em caráter permanente.
Capítulo Único
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público Título IX
Capítulo Único
Das Disposições Transitórias e Finais
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos
Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº
1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Pú-
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) blicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto
Título VIII os contratados por prazo determinado, cujos contratos não poderão
Capítulo Único ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.
Das Disposições Gerais § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no re-
gime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte data de sua publicação.
e oito de outubro. § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não in-
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcio- enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou en-
nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: tidades na forma da lei.

Didatismo e Conhecimento 25
LEGISLAÇÃO
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam ex-
tintas na data da vigência desta Lei. Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
§ 4o (VETADO). com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente.
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilida- 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais
de no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade disposições em contrário.
brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e
órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos 102 da República.
o

de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos. FERNANDO COLLOR


§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, Jarbas Passarinho
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucio- Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.12.1990 e
nais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e con- republicado em 18.3.1998
forme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados me-  
diante indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo  Presidência da República
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, Casa Civil
de 10.12.97) Subchefia para Assuntos Jurídicos
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.°
no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando consi- 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime
derados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
das fundações públicas federais”.
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
anuênio. Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 “
a 90. Art. 87 ......................................................................................
.......................................
Art. 246. (VETADO). § 1° ...........................................................................................
.......................................
Art. 247.  Para efeito do disposto no § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não goza-
Título VI desta Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência dos pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia,
Social, correspondente ao período de contribuição por parte dos em favor de seus beneficiários da pensão.
servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Redação dada pela
Lei nº 8.162, de 8.1.91)  Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen-
tadoria com provento integral será aposentado:
Art.  248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente su-
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem perior àquela em que se encontra posicionado;
do servidor. II - quando ocupante da última classe da carreira, com a re-
muneração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os esse e o padrão da classe imediatamente anterior.
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per-
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che-
conforme regulamento próprio. fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por perío-
do de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados,
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, poderá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta- do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos período mínimo de 2 (dois) anos.
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou- § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será
dispositivo.  (Mantido pelo Congresso Nacional) incorporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.

Didatismo e Conhecimento 26
LEGISLAÇÃO
§ 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
62, ressalvado o direito de opção.

Art. 231. ...................................................................................


........................................
§ 1° ...........................................................................................
.......................................
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral
do Tesouro Nacional.

Art. 240. ...................................................................................


........................................
a) ..............................................................................................
.......................................
b) ..............................................................................................
.......................................
c) ..............................................................................................
.......................................
d) de negociação coletiva;
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça
do Trabalho, nos termos da Constituição Federal.

Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,


dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta-
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou-
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele
dispositivo.”
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência
e 103° da República.
MAURO BENEVIDES
Este texto não substitui o publicado no DOU de 19.4.1991

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Para solucionar a questão do relacionamento empregado
1. CONHECIMENTOS BÁSICOS EM x empregador, Taylor propõe quatro “grandes princípios”: 1) O
ADMINISTRAÇÃO: CARACTERÍSTICAS desenvolvimento de uma verdadeira ciência do trabalho, em que
seria necessária uma investigação científica para se chegar a uma
BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES, jornada de trabalho justa. Neste caso, o empregador saberia qual a
NATUREZA, FINALIDADE, NÍVEIS E quantidade de trabalho ideal a ser realizada pelo trabalhador, e este
DEPARTAMENTALIZAÇÃO. receberia uma alta taxa de pagamento, já que este busca a “maxi-
mização de seus ganhos”; 2) A seleção científica e o desenvolvi-
mento progressivo do trabalhador. Aqui caberia à administração da
organização desenvolver os trabalhadores, buscando garantir que
O aprofundamento da Revolução Industrial a partir da segun- estes se tornem altamente produtivos, ou seja, de “primeira linha”;
da metade do século XIX gerou inúmeras consequências para a
3) A conexão da ciência do trabalho e trabalhadores cientificamen-
sociedade, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
te selecionados e treinados; 4) A constante e íntima cooperação de
e aumento da complexidade das organizações empresariais. O apa-
gestores e trabalhadores. Esta cooperação eliminaria os conflitos,
recimento exponencial de novas tecnologias, invenções, inovações
já que os gestores e operários estariam cientes de suas responsabi-
técnicas e sociais, e a tendência de concentração do capital, ocasio-
lidades e funções.
nou o surgimento de grandes fábricas responsáveis por empregar
O trabalho de Taylor visou resolver a problemática da depen-
- em um só local – centenas e às vezes milhares de seres humanos
que só tinham a força de trabalho a oferecer aos detentores dos dência do capital frente ao trabalho vivo. Para isso, a administra-
meios de produção. ção deveria entender, sistematizar e normatizar a execução das ta-
Dentro desse contexto de grandes mudanças econômicas, so- refas dentro da organização, visando a máxima produtividade por
ciais e demográficas, muitos estudiosos e profissionais começaram meio das ferramentas adequadas.
a perceber o quão difícil se tornava a organização e o controle O Taylorismo, esclarecendo que este se caracteriza como uma
dessas grandes empresas, as quais precisavam lidar com diversas forma de controle do capital sobre os processos de trabalho, atra-
variáveis, ao mesmo tempo em que buscavam garantir o lucro ne- vés do controle de todos os tempos e movimentos do trabalhador,
cessário à manutenção do empreendimento e a remuneração do ou seja, do trabalho vivo.
capital investido. No início do século XX, grandes empresários, A Teoria Clássica da Administração de Henri Fayol surgia
como Ford, Rockefeller dentre outros, estavam com bastantes logo depois dos primeiros estudos e resultados de Taylor realiza-
problemas em seus conglomerados, principalmente no que tange dos nos Estados Unidos. Pode-se dizer que o ponto de partida foi
à gestão dos empregados. Dessa forma, foram nas duas primeiras em 1916, com a primeira publicação do trabalho de Fayol, inti-
décadas do século passado que apareceram os acadêmicos e “pe- tulado Administration Industrielle et Générale – Prévoyance, Or-
ritos da indústria”, os quais apresentaram-se oferecendo ajuda aos ganisation, Comandement, Coordination, Controle. Assim como a
empresários americanos e europeus. Administração Científica, a Teoria Clássica se caracterizava tam-
Como havia a necessidade de produção em massa, devido à bém pela busca da eficiência organizacional, porém com um foco
demanda sempre crescente e a exploração de novos mercados, a diferenciado: a estrutura da organização e as funções gerenciais.
relação empregado x empregador parecia ser a mais complexa. Os Fayol estabeleceu a definição de gerência, como compreen-
principais problemas podem ser assim enumerados: 1) altíssimas dendo cinco elementos: 1) Planejar, diz respeito ao “olhar para
taxas de rotatividade da mão-de-obra; 2) pressão por produtivi- o futuro”, preparando-se para ele. Sobre essa função, a gerência
dade por meio de atitudes muitas vezes agressivas e injustas; 3) deveria levar em conta os objetivos de cada unidade e alinha-
baixa qualificação dos empregados; 4) necessidade de adaptação mento aos objetivos organizacionais; utilizar previsões de curto e
às novas tecnologias, como a linha de montagem; 5) modelos de longo prazo; ter flexibilidade para adaptações do plano; ser capaz
remuneração capazes de gerar motivação e produtividade. de prognosticar os cursos das ações. 2) Organizar, referindo-se a
Surge, então, neste momento, no despontar do século XX, elaboração de uma estrutura material e humana onde as ativida-
os primeiros trabalhos de cunho científico na administração. Os des poderão ser desenvolvidas de forma otimizada. 3) Comando,
expoentes dessa fase científica foram dois engenheiros: Frederick que significa manter as pessoas em atividade, buscando, através
Winslow Taylor, responsável pelo desenvolvimento da Escola da da liderança e relacionamento, o melhor desempenho dos cola-
Administração Científica, e Henri Fayol, criador da Teoria Clássi- boradores. 4) Coordenação, em que o gestor busca harmonizar e
ca. Dessa forma, a chamada Abordagem Clássica da Administra- unificar todos os esforços e atividades, a fim de que os objetivos
ção é formada pelas duas abordagens construídas por esses dois das unidades estejam alinhados com os objetivos estratégicos da
engenheiros pesquisadores. organização. 5) Controle, responsável pela verificação do desem-
Os trabalhos de Taylor podem ser considerados como a pri- penho de todos os elementos anteriores. O controle deve se certifi-
meira tentativa de fundar uma “ciência da administração”. O pes- car que as atividades estão sendo realizadas de acordo com o plano
quisador era engenheiro, e teve a possibilidade de atuar em vários estabelecido.
cargos dentro uma fábrica, desde operário até engenheiro-chefe.
Após alguns anos como empregado, Taylor passou a trabalhar Fayol também desenvolveu alguns princípios gerais da admi-
como consultor, aperfeiçoando suas pesquisas e ideias sobre ges- nistração, os quais são a base de sua teoria. São alguns deles: divi-
tão. O aspecto fundamental de sua teoria é a busca do aumento da são do trabalho (a especialização torna o indivíduo mais produti-
eficiência da organização, por meio da racionalização do trabalho vo); unidade de comando, em que Fayol estabelece que o empre-
e da obtenção de métodos mais eficientes de controle dos traba- gado deve ter somente um chefe, para evitar conflitos de comando;
lhadores. remuneração, como importante fator de motivação; cadeia escalar,

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
em que se diz que a hierarquia é necessária, porém a comunicação • Organização funcional.
lateral também é importante, desde que os superiores sejam infor- Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão do tra-
mados a respeito daquilo que está sendo tratado; espírito de equi- balho.
pe, equidade e justiça na condução da empresa; ordem material, Status de função. Fonte de conflito. (mesma linha hierárquica,
social e estabilidade de pessoal, para minimização dos custos com importância do trabalho)
desenvolvimento da equipe.
Apesar das criticas à visão minimalista do ser humano (homo • Organização do estado-maior.
economicus) ou talvez a uma “falta de humanidade” dos princí- Fundamentada na especialização.
pios tayloristas, que levariam o homem a comportar-se como uma Posição de aconselhamento – não possuem autoridade na or-
máquina, as contribuições de Taylor e Fayol foram de essencial ganização.
importância para o desenvolvimento posterior da administração, Podem ser integradas na organização em linha.
servindo de base para várias áreas, tais como a engenharia indus-
trial, gestão de processos, qualidade, modelos de gestão e aperfei- FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FORMAL
çoamento das funções gerenciais. • Problemas de coordenação - deficiências na comunicação
devido ao fator tempo, espaço e as divisões naturais da estrutura .
ORGANIZAÇÃO FORMAL • Tempo - pouco contato entre turnos e pessoas, problemas são
deixados para o outro turno, vagas trocas de informações.
Hierarquia oficial como ela se apresenta no papel. Piramidal. • Espaço - unidades podem estar amplamente separadas, quan-
to maior a separação maior dificuldade de coordenação. Distância
Status espacial tende a levar distância social.
•Diferença entre operários e pessoal do escritório. • Divisões da estrutura - funções diferentes, vários departa-
•Status medido pela opulência do escritório. Cada um em sua mentos na mesma linha horizontal – difícil o membros de um nível
posição. apreciar o trabalho de outro nível.
•Pessoas do mesmo departamento, juntas. A organização formal não pode ser eliminada; é inevitável e
essencial, pois nenhuma organização pode ser compreendida sem
Autoridade e Poder:
o conhecimento da organização formal, é quase impossível tam-
• de cima para baixo
bém compreendê-la apenas nessa base.
Vantagem da grande empresa - resolver os problemas huma-
Ordens para baixo e informações para cima.
nos - solução de problemas, esquemas de participação, benéficos,
As informações sempre são relativas à produção e nunca em
etc, dando segurança aos trabalhadores.
relação aos problemas humanos e ressentimentos.
Desvantagem – sua natureza impessoal, dificuldade de comu-
Informações relativas a assuntos pessoais circulam em forma
de cochichos. (não oficiais) nicação.
Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técnicos. Li- A estrutura de uma firma e sua organização influenciam o
mitam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e formais. comportamento dos indivíduos e grupos. Assim como os atos in-
Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, absenteís- dividuais só podem ser compreendidos em relação ao grupo e o
mo, etc. comportamento de grupo só pode ser compreendido num contexto
de um grupo maior ao qual pertencem.
Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado de Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o conheci-
civilidade e disciplina superficial. mento das estruturas maiores. O grupo sofre influências de fatores
Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo. vindos de fora do mesmo.

Promoção DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que adotem É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
seu ponto de vista. “Escolhidas” do gerente. tura organizacional da empresa.
Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um
Características das organizações formais critério específico de homogeneidade, das atividades e correspon-
1. deliberadamente impessoal; dente recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos)
2. baseada em relações ideais; em unidades organizacionais.
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natureza huma- Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organiza-
na. (a competição leva a máxima eficiência, luta de cada um por si ções decidem sobre a configuração organizacional que será usada
leva a servir aos melhores interesses do grupo, homem unidade iso- para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
lada que podem ser deslocadas de um trabalho para o outro...) iguala determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se De-
o bem da organização com o bem dos indivíduos que a compõem. partamentalização.
Formas de Departamentalizar:
Estrutura de trabalho 1- Função
• Organização em linha. 2- Produto ou serviço
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na autoridade – 3- Território
função definida (cada um tem um chefe e é responsável por chefiar). 4- Cliente
Quanto maior o nível de estrutura maior a distância social. 5- Processo

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
6- Projeto Desvantagens:
7- Matricial • Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí re-
8- Mista sultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento.
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações atividade nos vários grupos de produtos.
usam uma abordagem da contingência à Departamentalização: • Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se tor-
isto é, a maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em nam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da empresa.
algumas das maiores organizações. A maioria usa a abordagem
funcional na cúpula e outras nos níveis mais baixos. DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL
Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geo-
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES gráfica. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares
A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou onde estão localizadas as operações. Uma empresa de grande porte
atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional. pode agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como
Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes fi- a região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as
cam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabi- filiais de bancos são estabelecidas desta maneira.
lidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim As vantagens e desvantagens da Departamentalização terri-
por diante. torial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as neces-
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula. sidades singulares de sua área, mas exige coordenação e controle
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional são: da administração de cúpula em cada região.
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais
• Cria eficiência através dos princípios da especialização. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE
• Centraliza a perícia da organização. A Departamentalização de cliente consiste em agrupar as
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi- atividades de tal modo que elas focalizem um determinado uso
nistração. do produto ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de colegas. principalmente no grupamento de atividade de vendas ou serviços.
• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma seção
produtos. para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção para gestan-
tes ou uma seção de roupas masculinas sociais, sem mencionar os
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor- departamentos para bebês e crianças. Em cada caso, o esforço de
dagem funcional. vendas pode concentrar-se nos atributos e necessidades especificas
• Entre elas podemos dizer: do cliente.
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente na A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a
cúpula. adaptabilidade uma determinada clientela.
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita. As desvantagens são:
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é • Dificuldade de coordenação.
limitado. • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude.
• Muita especialização do trabalho. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU
EQUIPAMENTO
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO É o agrupamento de atividades que se centralizam nos pro-
É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos cessos de produção ou equipamento. É encontrada com mais fre-
produtos ou serviços da empresa. quência em produção. As atividades de uma fábrica podem ser
Exemplos de Departamentalização de produto: grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e
1- Lojas de departamentos acabamento, cada qual em seu departamento.
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mer- Você perceberá uma modificação deste agrupamento organi-
cury e Lincoln Continental. zacional quando comprar um hamburguer em um restaurante de
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, serviço rápido. Note que algumas pessoas estão assando a carne,
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. outras estão fritando as batatas, e outras preparando a bebida.
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização Usualmente há um anotador de pedidos que também recebe o pa-
de produtos são: gamento e compõe o pedido.
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos Vantagens:
ou serviços. • Maior especialização de recursos alocados.
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto • Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
torna-se melhor. técnicas.
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro.
• Facilita a coordenação de resultados. Desvantagens:
• Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo • Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
de produto. cesso.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO Fatores de integração são:
Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez • Necessidade de coordenação.
que o projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as
pessoas são deslocadas para outras atividades. DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA
Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a es-
(como administrador de projeto), um contador sênior, e três contado- trutura que mais se adapte à sua realidade organizacional.
res juniores para uma auditoria que está sendo feita para um cliente.
Uma empresa manufatureira, um especialista em produção,
um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados
para, sob a chefia de um administrador de projeto, completar o
projeto de controle de poluição.
2. FUNÇÕES DO PROCESSO
Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria ADMINISTRATIVO: PLANEJAMENTO,
designado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE.
membros para a atividade específica do projeto.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ
A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto,
com uma exceção principal. No caso da Departamentalização de Planejamento
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha
sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do A partir de agora falaremos sobre o princípio do Planejamento
administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos e tudo o que ocorre em função dele.
funcionais, dando a impressão de uma matriz. Se prestarmos atenção, “Planejar” é algo muito comum em
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- nossa rotina. Planejamos nosso dia, nossos compromissos, nossas
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- compras, nossas prioridades, nossas ações, enfim, o planejamento
mente encontrada em organização de orientação técnica, como a está presente em quase toda situação.
Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, enge- Nas organizações também não poderia ser diferente, inclusi-
nheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos ou pro- ve, planejamento dentro da gestão é elemento vital.
gramas sofisticados. Também é usada por empresas com projetos Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está
de construção complexos. relacionada com tudo aquilo que a organização pretende fazer,
Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de executar, alcançar.
atividades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a Podemos considerar o planejamento como “o ato de determi-
organização a responder rapidamente à mudança. São abordagens nar as metas da organização e os meios para alcançá-las”.
orientadas para a tecnologia. Dentro do conceito Planejamento, encontramos alguns princí-
Desvantagens: Pode haver choques resultantes das prioridades. pios, abaixo uma conceituação feita por Djalma de Oliveira, para
melhor entendermos esses princípios.
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- Princípio da precedência: corresponde a uma função adminis-
lizar, pode-se seguir certos princípios: trativa que vem antes das outras (organização, direção e controle).
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso Na realidade é difícil separar e sequenciar as funções administrati-
de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. vas, mas pode-se considerar que, de maneira geral, o planejamento
• Principio do maior interesse – o departamento que tem maior “do que é e como vai ser feito” aparece na ponta do processo.
interesse pela atividade deve supervisioná-la. Como consequência, o planejamento assume uma situação de
• Principio da separação e do controle – As atividades do con- maior importância no processo administrativo.
trole devem estar separadas das atividades controladas.
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a con- Princípio da contribuição aos objetivos: o planejamento deve,
corrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no sempre, visar aos objetivos máximos da empresa. No processo de
mesmo departamento. planejamento devem-se hierarquizar os objetivos estabelecidos e
Outro critério básico para departamentalização está baseado procurar alcançá-los em sua totalidade, tendo em vista a interliga-
na diferenciação e na integração, os princípios são: ção entre eles.
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades Princípio da universalidade: prevê que abrange toda a organi-
diferentes devem ficar em departamentos separados. A diferencia- zação e pode provocar mudança em todas suas esferas.
ção ocorre quando:
• O fator humano é diferente, Princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade: O pla-
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, nejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar
• Os ambientes externos são diferentes, as deficiências. Através desses aspectos, o planejamento procura
• Os objetivos e as estratégias são diferentes. proporcionar a empresa uma situação de eficiência, eficácia e efe-
tividade.
A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,
maior razão para ficarem no mesmo departamento.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Partes do Planejamento nas organizações, podemos identificar elementos que influenciam
tal comportamento. Entre as principais variáveis estudadas neste
Planejamento dos fins – especificação do estado futuro de- campo da administração, podemos citar temas como motivação,
sejado: a visão, missão, os propósitos, os objetivos, os objetivos liderança, trabalho em equipe, cultura e clima organizacional.
setoriais, os desafios e as metas
Planejamento dos meios - proposição de caminhos para a Motivação
empresa chegar ao estado futuro desejado Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a im-
Planejamento organizacional – esquematização dos requisi- pulsiona à ação. Existe uma influência tanto individual como pelo
tos organizacionais para poder realizar os meios propostos contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados
Planejamento dos recursos – dimensionamento de recursos tendem a ter um melhor desempenho, o que faz com que a organi-
humanos, tecnológicos e materiais. Estabelece-se programas, pro- zação invista em estímulos para promover essa motivação.
jetos e planos de ação necessários ao alcance do futuro desejado. A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida,
Planejamento da implantação e do controle – corresponde
a solução inovadora para que se pudesse compreender melhor o
à atividade de planejar o acompanhamento da implantação do em-
comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo
preendimento
ora persegue objetivos que atendem a uma necessidade, ora busca
Na prática, podem-se distinguir três tipos de planejamento: satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento.
Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo
Planejamento Estratégico – é conceituado como um processo no mesmo momento. O problema das diferenças individuais as-
gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser se- sume importância preponderante quando falamos de motivação.
guido pela empresa com o seu ambiente. O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se
Relaciona-se a objetivos de longo prazo e com maneiras e e alcançar seus objetivos. Podemos identificar os seguintes tipos
ações par alcançá-los, que afetam a empresa como um todo. de motivação:

Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de curto pra- • Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tarefas
zo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente uma por ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações para que
parte da empresa. essa pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de motivação,
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de re- baseada na hierarquia e normalmente utilizando as punições como
sultados, e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com fator principal de motivação. Trata-se de “fazer o ordenado para
decomposição dos objetivos e políticas estabelecidas no planeja- não ser punido”, “cumprir ordens”.
mento estratégico.
Planejamento Operacional  – pode ser considerado como a • Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque ou-
formalização, principalmente através de documentos escrito das tras pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para
metodologias de desenvolvimento e implantações estabelecidas. acompanhar um grupo e cumprir as expectativas de outras pessoas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou Aqui, estamos falando de “fazer o que os outros fazem para ser
planos operacionais. aceito, fazer parte do grupo”.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto
de partes homogêneas do planejamento tático, e devem conter com • Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa
detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implan- própria, em função de objetivos que escolheu. A automotivação é a
tação; os procedimentos básicos a serem adotados; os produtos ou convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos das suas ações.
resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsá-
É “fazer o que creio ser adequado aos meus objetivos”.
veis pela sua execução e implantação.
Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência,
Em resumo:
por exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação mais
O PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO cuida do relacio- indicada. O sucesso de uma ação coletiva pode depender da con-
namento e da integração interna da organização (atribuição de Re- formidade das ações individuais à orientação do grupo. Por outro
cursos Humanos e de Finanças). lado, uma pessoa pode ser fortemente auto motivada a objetivos
O PLANEJAMENTO OPERACIONAL cuida das operações destrutivos, como uma ambição excessiva.
da empresa (atribuição de Compras, Vendas e Produção). O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de motivação;
pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com orientação
Organização clara, sólida e coerente.
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma neces-
Comportamento organizacional sidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um
As organizações possuem aspectos formais, tais como organogra- estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse
ma, normas, relatórios, logotipo, símbolos, relações definidas de chefia. estado de tensão leva o indivíduo a um comportamento ou ação,
As pessoas, porém, são complexas, pouco previsíveis, e seus capaz de descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto e do dese-
comportamentos são influenciados por uma infinidade de variáveis. quilíbrio. Se o comportamento ‘for eficaz o indivíduo encontrará a
É este o objeto de estudo do comportamento organizacional: a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provo-
dinâmica da organização e suas influências sobre o comportamen- cada por ela’. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado
to humano. Com o estudo sistemático do comportamento humano de equilíbrio anterior e à sua forma de ajustamento ao ambiente.

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo contra- Teoria ERC de Alderfer:
rio, são forças dinâmicas e persistentes que provocam compor- Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow,
tamentos. Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), criando três categorias: Existência (necessidades fisiológicas e de
os comportamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o
satisfação, de certas necessidades. E quando uma necessidade é componente externo da estima (social) e o componente interno da
satisfeita ela não é mais motivadora de comportamento já que não estima (autoestima) incluindo nessa categoria as necessidades so-
causa tensão ou desconforto. ciais e o componente externo da estima) e Crescimento (incluindo
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).
da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando
a satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satisfa- Teoria dos dois fatores de Herzberg:
ção é transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessida-
pelo surgimento da necessidade encontra uma barreira ou obstá- de humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e os fatores moti-
culo para a sua liberação. Não encontrando a saída normal, a ten- vacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínse-
são represada no organismo procura um meio indireto de saída, cos ou exteriores ao trabalho. Para Herzberg, eles podem causar a
seja por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos,
emocional, apatia, indiferença etc.) seja por via fisiológica (ten- não necessariamente causarão a motivação. Exemplos: segurança,
são nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.). status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de tra-
Outras vezes, a necessidade não é satisfeita nem frustrada, mas é balho, supervisão, política e administração da empresa. Os fatores
transferida ou compensada. Isto se dá quando a satisfação de outra motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho. Estes
necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade que fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: cres-
não pode ser satisfeita. cimento, progresso, responsabilidade, o próprio trabalho, o reco-
A satisfação de alguma necessidade é temporal e passageira, ou nhecimento e a realização.
seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes neces-
sidades. O comportamento é quase um processo de resolução de pro- Teoria da determinação de metas:
blemas, de satisfação de necessidade, à medida que elas vão surgindo. Considera que a determinação de metas motiva os trabalha-
O conceito de motivação – ao nível individual – conduz ao de dores. A equipe deve participar na definição das metas (construção
clima organizacional – ao nível da organização. Os seres humanos conjunta), que devem ser claras, desafiadoras mas alcançáveis.
estão continuamente engajados no ajustamento a uma variedade
de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter Teoria da equidade:
um equilíbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado Também conhecida como teoria da comparação social. A mo-
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à satisfa- tivação seria influenciada fortemente pela percepção de igualdade
ção das necessidades de pertencer a um grupo social de estima e e justiça existente no ambiente profissional .
de autorrealização. É a frustração dessas necessidades que causa
muitos dos problemas de ajustamento. Como a satisfação dessas Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:
necessidades superiores depende muito de outras pessoas, particu- Construída em função da relação entre três variáveis: Valên-
larmente daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se cia, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes a um de-
importante para a administração compreender a natureza do ajus- terminado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em
tamento e do desajustamento das pessoas. direção a resultados particulares. Pode-se traduzi-la como a prefe-
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões – rência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência po-
varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo de sitiva atrai o comportamento em sua direção, valência zero é indi-
um momento para outro. Varia dentro de um continuum e pode ser ferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não bus-
definido em vários graus, mas do que em tipos. Um bom ajusta- car. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui
mento denota “saúde mental”. Uma das maneiras de se definir saú- a determinado evento, em função da relação entre o esforço que
de mental é descrever as características de pessoas mentalmente vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.
sadias. As características básicas de saúde mental são: Força, ou instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas; o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o objetivo.
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da vida. Teorias X e Y:
Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de
veremos abaixo: motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X apresentava
uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os in-
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: divíduos são naturalmente preguiçosos, não gostam de trabalhar,
Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hie- precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a
rárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, contento os trabalhos. A teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos
necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilida-
de autorrealização. des e irão contribuir criativamente para o processo se tiverem sufi-
cientes oportunidades de participação.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Liderança A liderança situacional depende da relação entre líder, lidera-
Liderança é uma habilidade que o indivíduo tem para influen- dos e situação, não estando sujeita a um único estilo.
ciar os outros, levando-os a fazerem aquilo que ele deseja.
A Liderança é necessária em todos os tipos de organização Avaliação de Desempenho: objetivos, métodos, vantagens
humana, principalmente nas empresas, onde uma boa liderança e desvantagens.
pode gerar satisfação num grupo de pessoas envolvidas pelo líder, A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de
assim como uma má liderança pode gerar separação do grupo não Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do
atingindo o mesmo objetivo da organização. desempenho do profissional em função das atividades que reali-
Liderança é uma questão de redução de incertezas do grupo, za, das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu
pois o indivíduo que passa a contribuir mais com orientações e potencial de desenvolvimento. O objetivo final da Avaliação de
assistência ao grupo (auxiliando para tomada de decisões eficazes) Desempenho é contribuir para o desenvolvimento das pessoas na
tem maiores possibilidades de ser considerado seu líder. Assim, a organização.
Liderança é uma questão de tomada de decisões do grupo. A Avaliação do Desempenho é um procedimento que avalia
A Liderança é uma influência interpessoal, a influência envol- e estimula o potencial dos funcionários na empresa. Seu caráter é
ve conceitos como poder e autoridade, abrangendo todas as ma- fundamentalmente orientador, uma vez que redireciona os desvios,
neiras pelas quais se introduzem mudanças no comportamento de aponta para as dificuldades e promove incentivos em relação aos
pessoas ou de grupos de pessoas. A importância da Liderança, so- pontos fortes.
bretudo nas empresas, é bastante visível nos dias de hoje, pois se a
liderança é uma influência interpessoal, que modifica o comporta- Avaliação de desempenho é um momento formal no qual o
mento, esta, deve ser dirigida à aumentar a satisfação na conquista funcionário recebe uma nota ou um conceito que classificará seu
de determinada meta e na diminuição dos riscos. desempenho em determinado período. Ocorre a comparação entre
O líder apresenta traços marcantes pôr meio dos quais pode os resultados alcançados e os esperados e identificam-se as causas
influenciar o comportamento das pessoas, passando para elas parte para eventuais dissonâncias.
das suas ações, a maneira de agir em determinada situação, como
lidar com pessoas temperamentais, enfim alguns líderes possuem Os objetivos fundamentais da avaliação de desempenho:
Permitir condições de medição do potencial humano no senti-
traços tão marcantes que pode até influenciar a missões importan-
do de determinar plena aplicação.
tes como religião ou uma missão militar.
Permitir o tratamento dos Recursos Humanos como um re-
Hoje em dia o espírito de Liderança é muito valorizado, tanto
curso básico da organização e cuja produtividade pode ser desen-
no âmbito profissional como no pessoal, ser Líder não é ser o “che-
volvida indefinidamente, dependendo, obviamente, da forma de
fe” ou o “gerente”, é muito diferente disto. Os Líderes autênticos
administração.
são pessoas que já absorveram a verdade fundamental da existên-
Fornecer oportunidades de crescimento e condições de efetiva
cia: que não é possível fugir das contradições inerentes à vida.
participação a todos os membros da organização, tendo em vista,
A mente de Liderança é ampla. O comportamento de Liderança
de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, os objetivos
envolve funções como planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, individuais. Definir o grau de contribuição de cada funcionário
controlar, recompensar, estimular, punir etc., deve ajudar o grupo para a organização;
a satisfazer suas necessidades. Um líder inato pode ser facilmente Identificar funcionários que necessitam de treinamento;
reconhecido perante o grupo, pois sua capacidade de coordenar, Dar suporte para a tomada de decisão acerca de promoção,
direcionar, conduzir o grupo a atingir seus objetivos ficam eviden- remuneração, remanejamento, atribuição de novas responsabilida-
tes e o tornam uma espécie de guia representativo do grupo. des, dispensa e identificação de talentos;
A liderança está baseada no prestígio pessoal do administra- Promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos
dor e na aceitação pelos dirigidos ou subordinados. Três fatores, Empregados;
pelo menos, influem no poder de liderança de um administrador: Estimular a produtividade.
· posição hierárquica (status) - decorrente de sua função de
autoridade (direito de mandar e de se fazer obedecer); APLICAÇÃO
·competência funcional - resultante de seus conhecimentos A Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação do
gerais e especializados (cultura geral e técnica). comportamento das pessoas nos cargos que ocupam. Apesar de ser
·personalidade dinâmica - produto de suas características e uma responsabilidade de linha é uma função de Staff, em algumas
qualidades pessoais (aspecto físico, temperamento, caráter, etc.). empresas, a avaliação do desempenho pode ser um encargo do su-
Os estilos de liderança determinam o tipo de relação dos líde- pervisor direto do próprio empregado, ou ainda de uma comissão
res com os grupos, dependendo da diversidade da situação e das de avaliação, dependendo dos objetivos da avaliação. A avaliação
diversas forças que afetam a conduta dos liderados. com o empregado avaliado constitui o ponto principal do sistema:
A liderança autocrática é aquela em que as decisões são to- a comunicação que serve de retroação e que reduz as distâncias
madas unicamente pelo líder, sem a participação da equipe. entre o superior e o subordinado.
A liderança liberal é aquela que praticamente não conta com
a participação do líder. BENEFÍCIOS
Na liderança democrática, o líder participa e estimula na Quando um programa de avaliação é bem planejado, coorde-
equipe os comportamentos desejados, mas a equipe possui relativa nado e desenvolvido, traz benefícios a curto, médio e longo prazo.
autonomia para, com apoio do líder, decidir.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Benefícios para o chefe: Abaixo uma síntese das principais técnicas e métodos de avalia-
• melhor avaliar o desempenho e o comportamento dos subor- ção de desempenho tradicionais, com suas vantagens e desvantagens:
dinados, contando com uma avaliação que elimina a subjetividade. a) Relatório: considerado o procedimento mais simples de
• propor medidas e providências no sentido de melhorar o pa- avaliação de desempenho. Têm lugar quando os chefes são solici-
drão de comportamento de seus subordinados. tados a dar seu parecer sobre a eficiência de cada empregado sob
•comunicar-se com seus subordinados, fazendo-os compreen- sua responsabilidade.
der a mecânica da avaliação do desempenho como um sistema Vantagens: rapidez, favorece a livre expressão e deixam docu-
objetivo. mentada a opinião emitida.
Desvantagens: são incompletos, favorecem o subjetivismo,
Benefícios para o subordinado: podem deixar dúvida quanto ao significado dos termos emprega-
• aprendem quais são os aspectos de comportamento e de de- dos e dificultam a tabulação dos dados obtidos.
sempenho que a empresa mais valoriza em seus funcionários. b) Escalas gráficas: É um formulário de dupla entrada, no
• fica conhecendo quais as expectativas de seu chefe a respeito qual as linhas representam os fatores que estão sendo avaliados
de seu desempenho e seus pontos fortes e fracos, segundo a ava- e as colunas o grau de avaliação. Os fatores correspondem às ca-
liação do chefe. racterísticas que se deseja avaliar em cada funcionário e devem
• conhece as providências tomadas por seu chefe quanto à ser definidos de maneira clara, sintética e objetiva. Os graus de
melhoria de seu desempenho (programa de treinamento, estágios, variação indicam quão satisfatório é o desempenho do empregado
etc.) e as que ele próprio deverá tomar (auto correção, maior ca- em relação a cada um dos fatores.
pricho, mais atenção no trabalho, cursos por conta própria, etc.). Vantagens: método simples, não exige treinamento intenso
• condições para fazer avaliação e crítica para o seu próprio dos avaliadores, fácil tabulação, apresenta mais objetividade que
desenvolvimento e controle. os relatórios.
Desvantagens: Apenas classifica os funcionários em bons,
Benefícios para a organização: médios ou fracos, sem oferecer maiores esclarecimentos acerca
• mais condições para avaliar seu potencial humano a curto, das necessidades de treinamento e potencial de desenvolvimento.
médio e longo prazo e definir a contribuição de cada empregado.
c) Pesquisa de campo: é desenvolvida com base em entrevis-
• identificação dos empregados que necessitam de reciclagem e/
tas feitas por especialistas em gestão de pessoas aos supervisores.
ou aperfeiçoamento em determinadas áreas de atividade e selecionar
A partir delas avalia-se o desempenho dos subordinados e procu-
os empregados com condições de promoção ou transferências.
ra-se identificar as causas do desempenho deficiente, bem como
• pode dinamizar sua política de recursos humanos, ofere-
propor ações corretivas.
cendo oportunidades aos empregados (não só de promoções, mas
Vantagens: é um método bastante abrangente, pois conduz a
principalmente de crescimento e desenvolvimento pessoal), esti-
avaliação a um entrosamento com treinamento, planos de carreira
mulando a produtividade e melhorando o relacionamento humano
e outros processos de gestão de pessoas.
no trabalho.
Desvantagem: custo elevado para manutenção dos especialis-
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO tas que realizam as entrevistas e lentidão do procedimento.
A avaliação de desempenho humano pode ser efetuada por in- d) Método da Escolha Forçada: Desenvolvido durante a
termédio de técnicas que podem variar intensamente, não de uma Segunda Guerra Mundial para a escolha de oficiais a serem pro-
organização para outra, mas dentro da mesma organização quer se movidos. Esse método, aplicado experimentalmente, possibilitou
trate de níveis diferentes de pessoal ou áreas de atividades diver- resultados amplamente satisfatórios, sendo posteriormente adap-
sas. Geralmente a sistemática avaliação de desempenho humano tado e implantado em várias empresas. Ele consiste em avaliar o
atende a determinados objetivos, traçados com base uma política desempenho dos indivíduos por intermédio das frases descritivas
de RH. Assim, como as políticas de RH variam conforme a orga- de determinadas alternativas de tipos de desempenho individual.
nização, não é de se estranhar que cada organização desenvolva a Em cada bloco, ou conjunto composto de duas, quatro ou mais
sua própria sistemática para medir a conduta de seus empregados. frases, o avaliador deve escolher obrigatoriamente apenas uma ou
Como, de maneira geral, a aplicação do pessoal é definida confor- duas que mais se aplicam ao desempenho do avaliado.
me o nível e as posições dos cargos, geralmente as organizações a) Dentro de cada bloco há duas frases de significado positivo
utilizam mais de uma avaliação de desempenho. E relativamente e duas de significado negativo. O avaliador escolhe a frase que
comum encontrar organizações que desenvolvem sistemáticas es- mais se aplica e a que menos se aplica ao desempenho do avaliado.
pecíficas conforme o nível e as áreas de distribuição de seu pes- b) Em cada bloco há quatro frases de significado apenas posi-
soal. Cada sistemática atende a determinados objetivos específicos tivo. São escolhidas as frases que mais se aplicam ao desempenho
e a determinadas características das várias categorias de pessoal. do avaliado. No formulário com blocos de significados positivo e
A quem diga que a avaliação de desempenho no fundo não passa negativo, o avaliador localiza as frases que possivelmente contam
de uma boa sistemática de comunicações, atuando no sentido ho- pontos, podendo assim, distorcer o resultado da avaliação. No en-
rizontal e vertical da organização. As avaliações de desempenho tanto, no formulário com blocos de significado apenas positivo,
para serem eficazes devem basear-se inteiramente nos resultados a presença de frases com um único sentido dificulta a avaliação
das atividades do homem no trabalho e nunca apenas em suas ca- dirigida, levando o avaliador a refletir e ponderar sobre cada bloco,
racterísticas de personalidade. escolhendo a frase mais descritiva do desempenho do avaliado.
As frases são selecionadas por meio de um procedimento es-
tatístico que visa verificar a adequação do funcionário à empresa.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Vantagem: Coordenar
1. Propicia resultados mais confiáveis e isentos de influencias É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar to-
subjetivas e pessoais, pois elimina o efeito da estereotipação (hallo dos os atos e todos os esforços coletivos através da qual se esta-
effect); belece um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar
2. Sua aplicação e simples e não exige preparo intenso ou so- recursos e processos. Dois tipos de Coordenação:
fisticado dos avaliadores. •Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas
Desvantagem: sempre dentro de uma rigorosa observância das linhas de comando
1. Sua elaboração e montagem são complexas, exigindo um (ou escalões hierárquicos estabelecidos).
planejamento muito cuidadoso e demorado; •Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras pes-
2. É um método fundamentalmente comparativo e discrimina- soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas pes-
tivo e apresenta resultados globais; Discrimina apenas empregados soas. Essa coordenação possibilita a comunicação entre as pessoas
bons, médios e fracos, sem informações maiores; de vários departamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco
3. Quando utilizado para fins de desenvolvimento de RH ne- Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de comando ou
cessita de uma complementação de informações de necessidade de hierarquia.
treinamento, potencial de desenvolvimento etc.
4. Deixa o avaliador sem noção alguma do resultado da ava- Controle
liação que faz a respeito de seus subordinados. A administração assim como suas funções sofreram cons-
e) Comparação binária: método em que cada indivíduo do tantes mudanças, muito visíveis no último século. Com a chegada
grupo é comparado com cada um dos outros elementos do grupo de novas tecnologias, novas formas de produção, vendas, logística
em relação a diversos fatores de desempenho. e mudanças na parte contábil e financeira as teorias assim como a
Vantagem: aplicação simples. prática precisaram adaptar-se a uma nova realidade administrativa.
Desvantagens: muito baseado em comparação, esclarece pou- Das  funções da administração  de Henri Fayol (precursor
co a respeito dos comportamentos que caracterizam as diferenças dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que são demonstra-
individuais no trabalho. das como PO3C: A primeira delas é:
f) Autoavaliação: é o método pelo qual o empregado avalia Planejar, isso significa que você terá que criar planos para
seu próprio desempenho. Pode assumir a forma de relatórios, esca-
o futuro de sua organização. Nesse momento começamos a pro-
las gráficas e até frases descritivas. Só apresenta validade quando
gramar o que estava no planejamento com o objetivo, claro, de
aplicado a grupos com notório grau de maturidade profissional.
colocar em prática o que está no papel, e é durante esse passo da
g) Incidentes críticos: consiste no destaque de características
programação que vemos a estrutura organizacional, a situação da
ou comportamentos extremos (incidentes críticos), que são desem-
empresa e das pessoas que compõe ela.
penhos altamente positivos ou negativos. O método não leva em
A segunda função da administração é Organizar. Afinal, qual
conta o desempenho normal, preocupa-se apenas com os excep-
o sentido de ser uma pessoa organizada? É aquela que sabe onde,
cionais, sejam eles bons ou ruins. Assim, os pontos fortes e fracos
de cada funcionários são levantados a partir de seus incidentes fisicamente, se encontra o que é necessário no momento certo,
críticos. que transforma o ambiente/local de trabalho dela em um ambiente
h) Avaliação 360º: Nos métodos de avaliação tradicionais o de fácil entendimento para qualquer um encontrar o que precisa?
funcionário é avaliado apenas pelo seu chefe imediato. Quando Também, mas no sentido que Fayol define é que as empresas são
muito, ocorre também uma autoavaliação. Já a avaliação 360 graus feitas de pessoas e estrutura física, essa função administrativa uti-
inclui, além da autoavaliação, a avaliação dos pares, subordina- liza da parte material e social da empresa.
dos e superiores. O funcionário costuma ser avaliado também por A terceira função é Comandar. Essa função serve para orien-
pessoas externas à organização, como os clientes, fornecedores e tar a organização, dirigir também. Se a empresa está rumo a um
parceiros. caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir,
Direção se for preciso, ou orientar a organização para traçar o objetivo, às
Podemos dividir essa função em duas subfunções: vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orien-
tá-la e dirigi-la.
Comandar A quarta função é Coordenar. Sem dúvidas, essa é uma fun-
É a função administrativa que consiste basicamente em: ção primordial para motivar as pessoas que estão em um ambiente
de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto ao que tem
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que, relação em se esforçarem com o objetivo de cumprirem metas e,
com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador
conseguidos. da empresa.
E por último, a quinta função administrativa é Controlar.
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá menos
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder: desempenho que uma. Segundo Fayol, essas cinco funções admi-
•Poder de decisão. nistrativas conduzem a uma administração eficaz das atividades
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas. da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Coman-
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte do e Coordenação formaram uma só função, a de Direção. Então
do próprio poder. as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar,
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás Dirigir e Controlar).
determinações feitas. Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Planejamento - consiste em definir objetivos para traçar me- Nenhuma reforma, nenhuma melhoria é possível sem disponi-
tas, assim identificando forças, fraquezas, oportunidades e amea- bilidades ou sem crédito.
ças. Interpretam-se dados, analisam-se recursos. O planejamento
ocorre com base em muito estudo, muita pesquisa, antes da im- Função de Segurança
plantação de qualquer coisa, ele pode durar meses ou até anos. Sua missão é a de proteger os bens e as pessoas contra o roubo,
Organização - significa preparar processos a fim de obter os o incêndio, a inundação, acidentes pessoais, controlar as greves, os
resultados planejados. atentados e todos os obstáculos de ordem social que possam com-
Direção - neste procedimento decisões são necessárias, para que prometer o progresso e mesmo a vida da empresa.
os objetivos relacionados no planejamento continuem alinhados.
Controle - aqui é possível vislumbrar todo o processo de pla- É, de modo geral, toda medida que dá à empresa e ao pessoal
nejar, organizar e direcionar. Liderar e discernir se o resultado foi a segurança e a tranquilidade que tanto precisam.
o almejado. Assim é possível recomeçar um novo ciclo com mais
planejamento e suas etapas subsequentes. Função Contábil
Constitui o órgão de visão das empresas e deve revelar a qual-
quer momento a posição e o rumo do Negócio. Deve dar informa-
ções exatas, claras e precisas sobre a situação econômica e finan-
ceira da empresa.
3. CONHECIMENTOS BÁSICOS EM
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: Uma boa contabilidade, simples e clara, que dê idéia exata das
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS; condições da empresa é poderoso meio de direção.
ORÇAMENTO E CONTROLE DE CUSTOS.
Esta função foi denominada “Contábil” por Henry Fayol. En-
tretanto como ela abrange atos e fatos de natureza não contábil,
alguns especialistas da matéria passaram a denominá-la de “Fun-
AS FUNÇÕES ESSENCIAIS DAS EMPRESAS ção Burocrática”.

Até o advento de Henry Fayol, supunha-se que existiam inú- São elementos desta função:
meras funções nas empresas. a) o serviço de Registro de Atos e Fatos Administrativos
b) o serviço de Documentação compreendendo: arquivo, bi-
Deve-se a Fayol a descoberta de que existem apenas seis fun- blioteca, filmoteca, etc.;
ções essenciais, quer se trate de empresas grandes ou pequenas, c) o serviço de Apuração e Demonstração dos Resultados;
simples ou complexas, públicas ou privadas. Todas as demais divi- d) o serviço de Estatística.
sões e nomenclaturas são apenas elementos dessas funções. Função Administrativa
Cabe a esta função o encargo de formular o programa geral da
Função Técnica empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esfor-
Toda e qualquer organização tem uma determinada finalidade. ços, de harmonizar os atos.
Trata esta função dos fins da empresa. Assim, numa empresa fabril a
finalidade é a transformação das matérias-primas em produtos. Por- Compõe-se esta função de seis elementos os quais obedecem
tanto, numa fábrica a Função Técnica se localiza no setor de produção. a uma ordem inalterável, a saber: a) Previsão; b) Planejamento; c)
Organização; d)Comando; e) Coordenação; f) Controle.
Numa empresa de transportes a Função Técnica é a remoção
de coisas e pessoas. Numa escola, o ensino. a) Previsão
A Previsão consiste em perscrutar o futuro e prever com apro-
Função Financeira ximação os acontecimentos  do porvir.
Tem por finalidade prover a empresa dos meios monetários
imprescindíveis à liquidação dos compromissos assumidos; ao pa- A máxima - “governar é prever”- dá uma ideia da importância
gamento dos salários e encargos do pessoal; dos recursos necessá- que se atribui à previsão no mundo dos negócios e é verdade que
rios à expansão dos negócios; etc.. se a previsão não é todo o governo é dele pelo menos uma parte
essencial.
Nada se faz sem sua intervenção. A moeda é necessária para
o pagamento de salários, para a aquisição de imóveis, utensílios e A sua base se assenta no seguinte: “Tudo que foi constante no
matérias-primas, para o pagamento de dividendos, para realização passado, sob determinadas circunstâncias, é provável no futuro,
de melhorias. É indispensável uma hábil gestão financeira a fim de sob idênticas circunstâncias.”
tirar o melhor partido possível das disponibilidades e evitar aplica-
ções imprudentes de capital. Toda tendência, ascendente ou descendente, registrada no pas-
sado, é provável no futuro, a menos que ocorram novas circunstân-
Muitas empresas que poderiam ter tido vida próspera, morre- cias, que alterem aquelas tendências.
ram porque em determinado momento lhes faltou dinheiro.

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Por conseguinte, conhecendo-se o passado e observando as Na ordenação dos elementos componentes da empresa proce-
circunstâncias do presente, poderemos prever o futuro de maneira dem-se dois critérios:
bastante aproximada.
1) coordenando os elementos que estão no mesmo nível, de
b) Planejamento modo que ambos,
Planejar é elaborara o programa de ação, o programa de traba- 2)  desenvolvendo um trabalho simultâneo ou sucessivo, con-
lho. É uma decorrência da Previsão. corram para a obtenção do resultado desejado e;
3) subordinando uns a outros os elementos que se encontram
Efetuadas as previsões, conhecidas as tendências e a capacida- em níveis diferentes, submetendo-os a uma adequada hierarquia.
de de consumo do mercado, estará a empresa em condições, então,
de organizar o programa de trabalho os quais se exteriorizam em f) Controle
forma de orçamentos, de gráficos, de esquemas, de mapas, de or- Fiscalizar ou controlar é, finalmente, verificar se tudo se reali-
dens específicas ou de caráter geral, aplicáveis a todos os setores za conforme o programa adotado. Tal atividade tem por finalidade
da organização. assinalar as falhas e os erros, a fim de que possam ser corrigidos
ou evitados. Estende-se a toda organização da empresa e ao seu
c) Organização funcionamento, abrangendo, pois, as coisas, as pessoas e os atos.
Organizar uma empresa é dotá-la de todos os elementos ne- Todas as funções da empresa caem sob a atividade de controle, de
cessários ao seu funcionamento: maquinismos, utensílios, matérias modo que a fiscalização se faz sob o ponto de vista administrativo
-primas, pessoal habilitado (atualmente chamaríamos com grande de todas as funções.
ênfase de “sistemas”, que não são nada mais nada menos que as
denominadas “combinações” de Fayol, ou seja, as maneiras como Sob o ponto de vista Administrativo, é preciso assegurar-se
esses elementos podem ser ordenados). que o programa existe, que é aplicado e que está em dia, que o
organismo social está completo, que os quadros sinópticos do pes-
Por duas divisões se podem distribuir todos esses elementos: soal são usados, que o comando é exercido segundo os princípios,
1) o organismo material, compreendendo todos os bens materiais que as conferências de coordenação se realizam etc.
em que está investido o capital da empresa e; 2) o organismo so-
cial, que compreende o conjunto de pessoas encarregadas da exe- Do ponto de vista Comercial, é necessário assegurar-se que os
cução das várias tarefas realizadas na empresa. materiais entrados e saídos são exatamente considerados no que toca
à quantidade, à qualidade e ao preço; que os inventários são bem
d) Comando feitos, que os contratos e acordos são perfeitamente cumpridos.
Uma vez constituído o corpo social, é mister fazê-lo funcio- Do ponto de vista Técnico, é preciso observar a marcha das
nar. Esta é a missão compreendida na função de comando. Esta operações, seus resultados, suas desigualdades, o estado de conser-
missão se reparte entre os diversos chefes da empresa, cabendo vação das máquinas, o funcionamento do pessoal.
a cada um os encargos e a responsabilidade de sua unidade. Para Do ponto de vista Financeiro, o controle estende-se aos livros e
cada chefe a finalidade de mando é obter, no interesse da empresa, à caixa, aos recursos e às necessidades, ao emprego dos fundos, etc..
o maior proveito possível dos agentes que formam sua unidade. A
arte de mandar repousa sobre certas qualidades pessoais e sobre Do ponto de vista da Segurança, é necessário assegurar-se que
conhecimentos dos princípios gerais de administração. os meios adotados para proteger os bens e as pessoas estão em bom
O chefe encarregado de um comando deve: estado de funcionamento e cumprirão sua função no momento da
1º)  Ter um conhecimento profundo de seu pessoal; necessidade.
2º)  Eliminar os incapazes;
3º)  Bem conhecer os convênios que regem as relações entre a Finalmente do ponto de vista da Contabilidade, é preciso cons-
empresa e seus agentes; tatar que os documentos necessários chegam rapidamente, que eles
4º)  Dar bom exemplo; proporcionam uma visão clara da situação da empresa, que o contro-
5º)  Fazer inspeções periódicas do corpo social; le encontra nos livros, nas estatísticas e nos diagramas bons elemen-
6º)  Reunir seus principais colaboradores em conferências tos de verificação e que não existe nenhum elemento de estatística
onde se preparam a Unidade de Direção  e a convergência dos inútil, além de atender plenamente as exigências legais.
esforços;
7º)  Não se deixar absorver pelos detalhes; Fonte:canizarestreinamentos.blogspot.com.br/p/funcoes-es-
8º) Incentivar no pessoal a atividade, a iniciativa e o devota- senciais.html
mento.
Pessoal
e) Coordenação As empresas públicas são motivadas pela capacidade de cum-
Coordenar é estabelecer a harmonia entre todos os atos de prir seu dever de fornecer serviços ou produtos de qualidade à
uma empresa, de modo a facilitar seu funcionamento e garantir- sociedade. Os funcionários do setor público diferentemente das
lhe bom êxito. Melhor seria substituir o verbo por sua forma pri- empresas privadas são contratados a partir de concursos públi-
mitiva: ordenar, visto que tal atividade se encaminha a por ordem cos. Com as grandes transformações e reforma na Administração
(na melhor ordem possível) os diversos agentes da produção, de Pública foram criadas políticas de gestão de pessoas que visam
modo a obter aquela harmonia capaz de eliminar os atritos entre os motivar os funcionários, prepará-los por meios de treinamentos
vários órgãos da empresa, permitindo-lhe funcionamento perfeito esperando assim obter um melhor desempenho no serviço ofere-
e , consequentemente, elevado rendimento. cido ao cidadão e a coletividade. A área de gestão de pessoas tem

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
a responsabilidade de exercer práticas de gerenciamento, planeja- preencher, e a função do recrutamento é a de suprir a seleção de
mento, avaliação e recompensas, criando e mantendo um ambiente pessoal de grau de relevância básico e primordial para o seu fun-
profissional e positivo na organização. Embora esta política esteja cionamento adequado.
presente na Administração Pública, nem todas as áreas e órgãos Um gerente deve ter em mente de forma muito clara que
públicos exercem políticas de gestão de pessoas. empregados e empresa têm interesses obviamente desiguais, di-
A gestão de pessoas não pode ficar distanciada da missão da vergentes e até antagônicos. Isso pode ser considerado natural.
organização. Para tanto, torna-se necessário um comportamento Enquanto o interesse pessoal do empregado é prioritariamente
dos dirigentes, no tocante de saber cumprir a missão organizacio- receber da mesma empresa o máximo possível de contrapartida
nal através do trabalho e da atividade em conjunto. pelo seu trabalho, em termos de remuneração e segurança (salá-
As organizações privadas atuam em um mercado globalizado rio, benefícios, estabilidade, entre outros), a empresa preocupa-se
extremamente competitivo, por isso, buscar a satisfação dos clien- muito mais em fazer cumprir os seus objetivos de produtividade,
tes é palavra de ordem. A estratégia que a empresa adotar seja por qualidade e lucratividade acima de tudo (MARRAS, 2000).
meio da diferenciação (alta qualidade), baixo custo ou por uma A admissão de pessoas começa com o recrutamento. O re-
estratégia combinada de diferenciação e baixo custo e a forma que crutamento pode ser interno e externo, no interno normalmente
organizar seus recursos para conquistar os clientes pode trazer ocorre a promoção e/ou transferência de pessoas da própria or-
vantagens competitivas. ganização para a vaga que se encontra em aberto, propiciando
A sociedade evoluiu e os clientes ficaram mais exigentes. As motivação e possibilidade de ascensão dentro de uma única em-
novas formas de gestão experimentadas e aperfeiçoadas no setor pri- presa, enquanto que o externo seria a captação de candidatos que
vado, também foram inseridas no setor público devido à demanda da se encontram no mercado de recursos humanos para participarem
sociedade por serviços de qualidade e atuação voltada para o alcance do processo seletivo. Diferente do recrutamento interno, o externo
de resultados. A prática da melhor relação custo-benefício não satis- se utiliza de algumas técnicas para atrair os candidatos, são elas,
faz os cidadãos se os resultados almejados não forem alcançados ou anúncios em jornais; agências de recrutamento; contatos com es-
se não atenderem necessidades legítimas da população. colas, universidades e organizações; cartazes ou anúncios em lo-
Os usuários dos serviços públicos são os clientes do governo, cais visíveis; apresentação de candidatos por indicações de funcio-
e os órgão e entidades da administração pública devem adequar os nários; consulta aos arquivos dos funcionários; cadastros on-line;
serviços públicos às necessidades dos cidadãos para apresentar um e banco de dados. Uma tendência da atualidade é o recrutamento
bom desempenho. on-line, já existem inúmeras páginas voltadas à oferta e à busca de
A gestão privada apoia-se na redução de custos para aumentar novos horizontes.
sua margem de lucro, mas não pode deixar de seguir princípios éticos. O processo de captação externa deve ser iniciado a partir da
A gestão pública também deve seguir os princípios de transparência, identificação da necessidade de uma competência à empresa, a qual
ética, eficiência, eficácia e descentralização para lidar com a escassez deve ser analisada já que a mesma pode estar disponível dentro
de recursos em todas as esferas e para aproximar-se do usuário. do público interno (ZACCARELLI; TEIXEIRA; HANASHIRO,
Para lidar com essa realidade, o poder público pode contar 2008). O processo de seleção é precedido pelo de recrutamento
com o uso de tecnologias da informação, modernização da estrutu- com a função de identificar o candidato mais apto a desenvolver as
ra normativa, organizacional e de pessoal. atividades propostas pelo cargo em questão, já competência é um
Mudança organizacional não é tarefa fácil no setor privado, não conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes transformadas
haveria de ser no setor público. No entanto, se o servidor público em resultados.
e a sociedade puderem entender o significado do que é público, as O primeiro passo no processo de agregar pessoas é o recruta-
organizações públicas poderão repensar seus objetivos e rever suas mento, ou seja, é a divulgação das oportunidades disponibilizadas
estruturas e processos para o alcance do desempenho desejado. pelas empresas para que as pessoas que possuam o perfil possam
As organizações privadas constituem seu quadro de colabo- se encaminhar para a seleção.
radores por meio das ações estabelecidas pela Administração de Cabe à empresa divulgar o processo seletivo de recrutamento
recursos humanos e departamento de pessoal. no local, o qual aquele candidato possa ser encontrado mais facil-
Uma organização não conseguiria sobreviver somente com os mente, reduzindo os custos.
seus recursos materiais, como máquinas, equipamentos e instala- É válido ressaltar que encontrar um candidato talentoso que
ções. Uma vez que o capital humano ou intelectual pode garantir preencha os requisitos estabelecidos pela empresa exigirá técnica e
o sucesso da mesma. Através de seu trabalho, de suas ideias, de conhecimentos de marketing. Ademais, não há um método perfeito
sua inteligência e de seu entusiasmo estimulado no meio organi- para contratar pessoas, mas há um modo que adapte as melhores
zacional e social. condições para selecionar aqueles requisitos necessários.
Os indivíduos e as organizações estão engajados em um contí- Portanto pode-se concluir que dentre todas as ferramentas uti-
nuo e interativo processo de atrair uns aos outros. Da mesma forma lizadas para critérios de agregar pessoas, tais como os testes de
como os indivíduos atraem e selecionam as organizações, infor- personalidade, entrevistas de seleção, provas de conhecimento ou
mando-se e formando opiniões a respeito deles para decidir sobre capacidade, comportamento e análise de conhecimento de cada
o interesse de admiti-los ou não. participante é de inteira responsabilidade da empresa em visar re-
Há um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair sultado satisfatório com valores tangíveis.
candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar car- A seleção se configura como a escolha certa da pessoa certa
gos dentro da organização. É inicialmente um sistema de informa- para o lugar certo, ou seja, seria a busca, entre os candidatos que
ção, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado foram recrutados, daqueles que são mais adequados aos cargos dis-
de recursos humanos as oportunidades de emprego que pretende poníveis, com o objetivo de manter ou de aumentar a eficiência ou

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
o desempenho do pessoal, bem como a eficácia. A seleção seria um
processo decisório entre os requisitos do cargo a ser preenchido e
4. CONHECIMENTOS BÁSICOS EM
o perfil das características dos candidatos que foram selecionados,
e a partir destas considerações tenta-se encontrar o candidato que ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
mais se aproxime do “ideal de qualificações”. Se não houvesse as E LOGÍSTICA
diferenças individuais e se todas as pessoas fossem iguais e reunis-
sem as mesmas condições para aprender a trabalhar, a seleção de
pessoas seria totalmente desnecessária. A Administração de Recursos Materiais é definida como sen-
Acontece que a variabilidade humana é enorme: as diferenças do um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empre-
individuais entre as pessoas, tanto no plano físico (como estatura, sa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas
peso, compleição física, força, acuidade visual e auditiva, resistên- unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das
cia a fadiga, etc.) como no plano psicológico (como temperamen- respectivas atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito
to, caráter, inteligência, aptidões, habilidades mentais, etc.) levam de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a arma-
os seres humanos a se comportar diferentemente, a perceber situa- zenagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos
ções de maneira diversa e a se desempenhar de maneira distinta, requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc.
com maior ou menor sucesso nas organizações. A Administração de Materiais destina-se a dotar a administra-
Podem-se definir três modelos de escolha do candidato ou ção dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescin-
processo decisório, seria o Modelo de Colocação (onde só há uma
díveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na
vaga e um único candidato para preenchê-la), o Modelo de Seleção
quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
(onde há uma vaga e vários candidatos para preencher esta) e o
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de mate-
Modelo de Classificação (onde existem várias vagas para respecti-
riais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento
vamente vários candidatos).
oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades
A entrevista pessoal é uma das ferramentas que mais influên-
imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimen-
cia a tomada de decisão. Ocorre um reconhecimento por parte do
entrevistador a saber se o candidato tem potencial e perfil da em- to após esse momento poderá levar a falta do material necessário ao
presa. Quando bem utilizada pelo gestor de recursos humanos no- atendimento de determinada necessidade da administração.
vos talentos são descobertos. São tarefas da Administração de Materiais: Controle da produ-
O Mercado seria o espaço onde ocorre a oferta e a procura ção; Controle de estoque; Compras; Recepção; Inspeção das entradas;
dos produtos, englobando assim, o Mercado de trabalho que se Armazenamento; Movimentação; Inspeção de saída e Distribuição.
constitui das ofertas de trabalho oferecidas pelas organizações, e
também por estas. O Mercado de Trabalho esta em situação de pro- CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS.
cura quando as empresas estão frente a uma escassez de pessoal,
isto é, as pessoas são insuficientes para o preenchimento das vagas Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten-
em aberto, enquanto que na situação de oferta as oportunidades dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza-
são menores que as vagas, estando as organizações diante de um ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de
recurso fácil e abundante, que são o grande número de pessoas em atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção,
busca de um emprego. Hoje, também ocorre toda uma evolução do aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for-
perfil do profissional, porque anteriormente o grande número de mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação
empregos se relacionavam as indústrias e atualmente se localiza de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o
na economia informal. serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature-
O processo de demissão pode ocorrer quando um funcionário za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.),
pede para sair da empresa (é o chamado “pedido de demissão”), ou ou do tipo de demanda, estocagem, etc.
quando o empregador demite o funcionário. Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma,
Quando um funcionário pede demissão, tem direito de receber dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu-
saldo do salário, indenização das férias integrais não gozadas e são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que
proporcionais, mais 1/3 sobre as mesmas e 13º proporcional aos seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica-
meses de trabalho. Caso não cumpra o aviso prévio, o mesmo de- ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material
verá pagar indenização a empresa, salvo em casos de acordo. ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode-
Quando um empregador demite funcionário e o contrato é por tempo rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si.
determinado, o empregador paga uma indenização para o empregado. Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo
segundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a seme-
Demissão sem justa causa: demissão normal em que o empre- lhança, sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e
gado sai da empresa com todos os seus direitos assegurados. alteração na qualidade.
Um sistema de classificação e codificação de materiais é fun-
Direitos do Trabalhador: aviso prévio, saldo do salário, inde- damental para que existam procedimentos de armazenagem ade-
nização de férias (não gozadas e proporcionais, acrescidas de 1/3 quados, um controle eficiente dos estoques e uma operacionaliza-
sobre as mesmas), 13º salário proporcional e 40% do FGTS, se- ção correta do estoque.
guro-desemprego, mais adicional de um salário mensal, caso seja O objetivo da classificação de materiais é definir uma cata-
dispensado 30 dias antes da data-base da categoria; logação, simplificação, especificação, normalização, padronização
Demissão com justa causa: o empregador tem motivos para e codificação de todos os materiais componentes do estoque da
demitir o funcionário sem que ele possa receber a remuneração. empresa.

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
O sistema de classificação é primordial para qualquer Depar- O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida-
tamento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da em-
correto do almoxarifado. presa não faltam, depende de uma boa classificação dos materiais.
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: Deve considerar os atributos para classificação de materiais:
Abrangência, a Flexibilidade e Praticidade.
Catalogação Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
de materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um con- Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
junto de dados relativos aos itens identificados, codificados e ca- de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
dastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas mento do estoque;
da empresa. Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diver- Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
sidade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simpli- Materiais Permanentes e de Consumo
ficarmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos A classificação de um bem como permanente ou de consumo
as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos é, predominantemente, uma classificação contábil, pois é referente
com capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para à Natureza de Despesa, no âmbito do Sistema Integrado de Admi-
que haja a normalização. Ao requisitar uma quantidade desse ma- nistração Financeira do Governo Federal (SIAFI). De modo geral,
terial, o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número podemos traçar as seguintes definições:
de folhas e formato), o que facilitará sobremaneira não somente
sua aquisição, como também o desempenho daqueles que se ser- Material de Consumo
vem do material, pois a não simplificação (padronização) pode • É aquele que, em razão de seu uso corrente, perde normalmen-
confundir o usuário do material, se este um dia apresentar uma te sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos.
forma e outro dia outra forma de maneira totalmente diferente.
Material Permanente
Especificação • É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde sua
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do identidade física, mesmo quando incorporado a outro bem, e/ou
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor apresenta uma durabilidade superior a dois anos.
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda,
material a ser requisitado. através do artigo 3º de sua Portaria nº 448/2002, apresenta 5(cin-
co) condições excludentes para a classificação de um bem como
Normalização permanente. De acordo com essa norma, é material de consumo
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili- aquele que se enquadrar em um ou mais dos seguintes quesitos:
zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização “Art. 3º - Na classificação da despesa serão adotados os se-
e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar guintes parâmetros excludentes, tomados em conjunto, para a
e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- identificação do material permanente:
logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida I - Durabilidade, quando o material em uso normal perde ou
e formato. tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo má-
ximo de dois anos;
Codificação II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modificação,
É a apresentação de cada item através de um código, com as por ser quebradiço ou deformável, caracterizando-se pela irrecu-
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou perabilidade e/ou perda de sua identidade;
letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armaze- III - Perecibilidade, quando sujeito a modificações (químicas
nados no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. ou físicas) ou que se deteriora ou perde sua característica normal
Em função de uma boa classificação do material, poderemos partir de uso;
para a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as infor- IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorporação a ou-
mações necessárias, suficientes e desejadas por meios de números tro bem, não podendo ser retirado sem prejuízo das características
e/ou letras. Os sistemas de codificação mais comumente usados do principal; e
são: o alfabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, V - Transformabilidade, quando adquirido para fim de trans-
passou-se a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfa- formação.”
numérico e numérico, também chamado “decimal”. A escolha do
sistema utilizado deve estar voltada para obtenção de uma codifi- Existe uma redação mais atual destes critérios é apresentada
cação clara e precisa que não gere confusão e evite interpretações pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (Porta-
duvidosas a respeito do material. Este processo ficou conhecido ria Conjunta STN/SOF nº 01/11): “Um material é considerado de
como “código alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codi- consumo caso atenda um, e pelo menos um, dos critérios a seguir:
ficação está a de afastar todos os elementos de confusão que por- - Critério da Durabilidade (...);
ventura se apresentarem na pronta identificação de um material. - Critério da Fragilidade (...);

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
- Critério da Perecibilidade (...);
- Critério da Incorporabilidade (...);
- Critério da Transformabilidade (...)”

Usualmente, este conteúdo é cobrado de forma simples em concursos. De qualquer modo, vale a pena decorar os (cinco) critérios acima.

A curva de experiência ABC, também conhecida como Análise de Pareto, ou Regra 80/20, é um estudo que foi desenvolvido por Joseph
Moses Juran, um importante consultor da área da qualidade que identificou que 80% dos problemas são geralmente causados por 20% dos
fatores. O nome “Pareto” vem de uma homenagem ao economista italiano Vilfredo Pareto, que em seu estudo observou que 80% da riqueza
da Itália estava na mão de 20% da população. E boa parte do entendimento da Curva ABC se deve à análise desenvolvida por Pareto.

A Curva ABC recebeu este nome em decorrência da metodologia utilizada, veja a explicação detalhada abaixo:

Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, correspondendo a 20% do total;


Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário, correspondendo a 30% do total;
Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, correspondendo a 50% do total.
Aqui é importante ressaltar que os parâmetros descritos acima não podem ser encarados como uma regra matematicamente fixa e exata.
Estes itens podem variar de organização para organização nos percentuais descritos. Por isso, é preciso muita atenção na hora de realizar a
análise.
- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser trabalhados com uma atenção especial pela administração. Os dados aqui
classificados correspondem, em média, a 80% do valor monetário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são orientativos
e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os segun-
dos em importância. Os dados aqui classificados correspondem em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo 30% dos
itens estudados (esses valores são orientativos e não são regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem custo de
manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, somente 5% do valor
monetário total representam esta classe, porém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são orientativos e não são regra).
A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de priori-
dades, para a programação da produção.
Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes, desneces-
sária. É conveniente que os itens mais importantes, segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes. Assim, econo-
miza-se tempo e recursos.
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada um
deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.

2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com esses dados
obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário.

3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los em ordem decrescente de valor, como mostra a tabela
a seguir:

Custo total Ordem


Item Quant. Média em estoque (A) Custo unitário (B)
(A x B)
Unidades R$/unid. R$
Apontador 5 2.000,00 10.000,00 3º
Bola 10 70,00 700,00 10º
Caixa 1 800,00 800,00 9º
Dado 100 50,00 5.000,00 5º
Esquadro 5000 1,50 7.500,00 4º
Faca 800 100,00 80.000,00 1º
Giz 40 4,00 160,00 11º
Herói 50 20,00 1.000,00 8º
Isqueiro 4 30,00 120,00 12º

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Jarro 240 150,00 36.000,00 2º
Key 300 7,50 2.250,00 6º
Livro 2000 0,60 1.200,00 7º
TOTAL 144.730,00

4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumulado
e os percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total.

Quant. Custo
Custo total Custo total Percentuais
Ordem Item Média em unitário
(A x B) acumulado %
estoque (A) (B)
Unidades R$/unid. R$
1º Faca 800 100,00 80.000,00 80.000,00 55,3
2º Jarro 240 150,00 36.000,00 116.000,00 80,1
3º Apontador 5 2.000,00 10.000,00 126.000,00 87,1
4º Esquadro 5000 1,50 7.500,00 133.500,00 92,2
5º Dado 100 50,00 5.000,00 138.500,00 95,7
6º Key 300 7,50 2.250,00 140.750,00 97,3
7º Livro 2000 0,60 1.200,00 141.950,00 98,1
8º Herói 50 20,00 1.000,00 142.950,00 98,8
9º Caixa 1 800,00 800,00 143.750,00 99,3
10º Bola 10 70,00 700,00 144.450,00 99,8
11º Giz 40 4,00 160,00 144.610,00 99,9
12º Isqueiro 4 30,00 120,00 144.730,00 100,0
TOTAL 144.730,00

5º) Construir a curva ABC


Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total
acumulado.

6º) Análise dos resultados

Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A (ape-
nas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C (sete
itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais rentável
para a empresa do nosso exemplo.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em
conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se
5. TÉCNICAS DE ARQUIVO E CONTROLE
obter o material.
Os materiais são classificados em materiais:
DE DOCUMENTOS: CLASSIFICAÇÃO,
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com si- CODIFICAÇÃO, CATALOGAÇÃO E
milares na empresa; ARQUIVAMENTO DE DOCUMENTOS.
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa,
com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na
empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção. Arquivologia
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados
como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais A arquivística ou arquivologia é uma ciência que estuda as
e podem colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem
empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. observados durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos.
Os materiais classificados como “Y” são também imprescindíveis É a Ciência e disciplina que objetiva gerenciar todas as informa-
para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmen- ções que possam ser registradas em documentos de arquivos. Para
te substituídos em curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aque- tanto, utiliza-se de princípios, normas, técnicas e procedimentos
les que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à diversos, que são aplicados nos processos de composição, coleta,
segurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da organi- análise, identificação, organização, processamento, desenvolvi-
zação e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são mento, utilização, publicação, fornecimento, circulação, armaze-
fáceis de serem encontrados. namento e recuperação de informações.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas O arquivista é um profissional de nível superior, com for-
as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? mação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado.
Pode ser adquirido com facilidade? Existem similares? O material Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros
de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições
ou seu similar podem ser encontrados facilmente?
culturais etc. É o responsável pelo gerenciamento da informação,
Ainda em relação aos tipos de materiais temos;
gestão documental, conservação, preservação e disseminação da
Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja
informação contida nos documentos. Também tem por função a
demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou
risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um
devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, por- todo. Ocupa-se, ainda, da recuperação da informação e da elabo-
tanto, sujeitos ao controle de obsolescência. ração de instrumentos de pesquisa, observando as três idades dos
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- arquivos: corrente, intermediária e permanente.
mento, ou seja, é um material não de estoque. O arquivista atua desenvolvendo planejamentos, estudos e
Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classifica- técnicas de organização sistemática e conservação de arquivos, na
dos por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisi- elaboração de projetos e na implantação de instituições e sistemas
ção e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: arquivísticos, no gerenciamento da informação e na programação e
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- organização de atividades culturais que envolvam informação do-
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no cumental produzida pelos arquivos públicos e privados. Uma gran-
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- de dificuldade é que muitas organizações não se preocupam com
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos do seus arquivos, desconhecendo ou desqualificando o trabalho deste
ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único profissional, delegando a outros profissionais as atividades espe-
fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte especial, ou cíficas do arquivista. Isto provoca problemas quanto à qualidade
difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves burocráti- do serviço e de tudo o que, direta ou indiretamente, depende dela.
cos, liberação de verbas ou financiamentos externos. Arquivo é um conjunto de documentos criados ou recebidos
Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente li- por uma organização, firma ou indivíduo, que os mantém ordena-
gada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mer- damente como fonte de informação para a execução de suas ati-
cado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do vidades. Os documentos preservados pelo arquivo podem ser de
mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais vários tipos e em vários suportes. As entidades mantenedoras de
em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desen- arquivos podem ser públicas (Federal, Estadual Distrital, Munici-
volvendo fornecedores nacionais. pal), institucionais, comerciais e pessoais.
Um documento (do latim documentum, derivado de docere “en-
A principal meta de uma empresa é obter o maior lucro sobre o
sinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que comprove
capital investido em instalações, equipamentos e em estoques. Mas
a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação etc.
com frequência, a empresa não consegue responder rapidamente a
No meio jurídico, documentos são frequentemente sinônimos de atos,
aumentos bruscos da demanda, havendo necessidade de estoques de cartas ou escritos que carregam um valor probatório.
produtos acabados para atender a esses aumentos; em outras oca- Documento arquivístico: Informação registrada, independen-
siões, a entrega de matérias-primas não acompanha as necessidades te da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da
da produção, pelo que também se justificam seus estoques. atividade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, con-
texto e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade.

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a Polidez - É o resultado final de uma redação, apresentando-se
partir da segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão um texto agradável para ser lido e no tratamento respeitoso, digno
revolucionário quanto o desenvolvimento da concepção teórica e e apropriado do emissor. Devem ser evitadas a ironia, as gírias e
dos desdobramentos práticos da gestão. a irreverência.

PRINCÍPIOS: Os atos administrativos são compostos pelos seguintes ele-


mentos:
Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da
diferença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias. 1. Competência - É a condição primeira para a validade do ato
São eles: administrativo. Nenhum ato pode ser realizado validamente sem
que o agente disponha de poder legal para praticá-lo.
Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento,
relativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos de- 2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atingir. Não
vem ser organizados em obediência à competência e às atividades se compreende ato administrativo sem fim público.
da instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção,
acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos originários de 3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o ato adminis-
uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva in- trativo constitui elemento vinculado e indispensável à sua perfei-
dividualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não ção. A inexistência da forma induz à inexistência do ato adminis-
devendo ser mesclados a outros de origem distinta. trativo. A forma normal do ato administrativo é a escrita, embora
atos existam consubstanciados em ordens verbais, e até mesmo
Princípio da Organicidade: As relações administrativas or- em sinais convencionais, como ocorre com as instruções momen-
gânicas se refletem nos conjuntos documentais. A organicidade tâneas de superior a inferior hierárquico, com as determinações
é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, da polícia em casos de urgência e com a sinalização do trânsito.
funções e atividades da entidade produtora/acumuladora em suas No entanto, a rigor, o ato escrito em forma legal não se exporá à
relações internas e externas.
invalidade.
Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo
4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito ou de
ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu caráter úni-
fato que determina ou autoriza a realização do ato administrati-
co, em função do contexto em que foram produzidos.
vo. O motivo como elemento integrante da perfeição do ato, pode
vir expresso em lei, como pode ser deixado a critério do adminis-
Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos de
trador. Em se tratando de motivo vinculado pela lei, o agente da
arquivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, aliena-
administração, ao praticar o ato, fica na obrigação de justificar a
ção, destruição não autorizada ou adição indevida.
existência do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos
Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma formação invalidável por ausência da motivação.
progressiva, natural e orgânica.
A redação oficial é a maneira de redigir as correspondências, 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação, a mo-
processos e documentos afetos à administração pública. dificação ou a comprovação de situações jurídicas concernentes a
Assim, a correta redação dos atos administrativos é necessária pessoas, coisas ou atividades sujeitas à atuação do Poder Público.
e algumas características devem ser observadas na elaboração dos Neste sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por
textos oficiais. Tais como: meio dele a administração manifesta o seu poder e a sua vontade
Objetividade e clareza - Dar a impressão exata das palavras, ou atesta simplesmente situações pré-existentes.
visando facilitar a compreensão da informação, evitando o supér-
fluo, a linguagem técnica.
A linguagem culta deve nortear a formalidade do texto.
Correção - Uso das regras gramaticais, segundo os padrões e 6. ELEMENTOS DE REDAÇÃO TÉCNICA:
normas do idioma. DOCUMENTOS OFICIAIS, TRATAMENTO
Impessoalidade - O emissor do documento não é a pessoa que
DE CORRESPONDÊNCIAS, NORMAS E
o assina, mas a Instituição que ele representa.
As comunicações oficiais devem tratar os assuntos públicos
DESPACHOS DE CORRESPONDÊNCIAS E
de forma impessoal, ou seja, sem impressões pessoais sobre o as- USO DE SERVIÇOS POSTAIS.
sunto tratado.
Esta recomendação não tem relação direta com a pessoa gra-
matical do verbo relativo ao emissor que tanto pode ser empregado
na 1ª pessoa do singular (ex: Comunico, Solicito), quanto na 1ª do Conceito
plural (ex: Comunicamos, Solicitamos).
Entendese por Redação Oficial o conjunto de normas e prá-
Concisão - Consiste em apresentar uma ideia com poucas ticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comuni-
palavras, sem, no entanto, comprometer a clareza. Uma redação cações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas
concisa evita-se adjetivação desnecessária, períodos extensos e relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.
redundância.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
A Redação Oficial inscrevese na confluência de dois universos - Barbarismos: São desvios:
distintos: a forma regese pelas ciências da linguagem (morfolo- - da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “excessão”
gia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submetese aos em vez de exceção.
princípios jurídicoadministrativos impostos à União, aos Estados - da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legislativo - da morfologia: “interviu” em vez de interveio.
e Judiciário. - da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de des-
Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Oficial percebido (não percebido, sem ser notado).
deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito des- - pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês):
tinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e eficaz. “miseenscène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês): “de-
Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público, livery” em vez de entrega em domicílio.
essa modalidade de redação ou de texto subordinase aos princí-
pios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da - Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões anacrôni-
administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da Cons- cas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa.
tituição Federal:
- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram in-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- corporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente.
moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”.
- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser:
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir na - de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobra-
produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes, ram.
não há como separar uma do outro. Indicamse, a seguir, alguns - de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez
pressupostos de como devem ser redigidos os textos oficiais. de ao lucro.
- de colocação: “não tratavase” de um problema sério em vez
Padrão culto do idioma
de não se tratava.
A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma quan-
- Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desco-
to ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura gramatical das
nhecido faloume de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido?
orações) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica etc.).
Do interlocutor?)
Por padrão culto do idioma devese entender a língua referen-
dada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais de
- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas
comunicação. Devemse excluir da Redagão Oficial a erudição mi-
nuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entraves inúteis ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por
à compreensão do significado. Não faz sentido usar “perfunctório” cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada).
em lugar de “superficial” ou “doesto” em vez de “acusação” ou
“calúnia”. São descabidos também as citações em língua estran- - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante.
geira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense. Os ma- Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na
nuais de Redação Oficial, que vários órgãos têm feito publicar, miséria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vi-
são unânimes em desaconselhar a utilização de certas formas sa- giando as outras pessoas.
cramentais, protocolares e de anacronismos que ainda se leem em
documentos oficiais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 do A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador linguís-
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos tico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação ver-
registros cartorários antigos. bal minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem.
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, neo- Nesse sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que in-
logismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem tentem suprir as deficiências cognitivas de leitores precariamente
como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação alfabetizados.
eletrônica. Como exceção, citamse as campanhas e comunicados desti-
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos nados a públicos específicos, que fazem uma aproximação com
ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito estético nem à o registro linguístico do públicoalvo. Mas esse é um campo que
originalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, cla- refoge aos objetivos deste material, para se inserir nos domínios e
reza, objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão técnicas da propaganda e da persuasão.
possível com o mínimo de recursos expressivos necessários. Por- Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de com-
tarias lavradas sob forma poética, sentenças e despachos escritos preensão de leitores precariamente equipados quanto à lingua-
em versos rimados pertencem ao “folclore” jurídicoadministrativo gem, fica evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade
e são práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também inacei- de apreensão de enunciados são condições inerentes à cidadania.
táveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, provocados por Ninguém é verdadeiramente cidadão se não consegue ler e com-
descuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da lín- preender o que leu. O domínio do idioma é equipamento indispen-
guapadrão. Enumeramse, a seguir, alguns desses vícios: sável à vida em sociedade.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Impessoalidade e Objetividade pográficos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento,
memorando, aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, ser-
Ainda que possam ser subscritos por um ente público (fun- vem para agilizar o andamento burocrático, os despachos e o ar-
cionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do poder quivamento.
público e é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos
termos da lei e sobre atos nela fundamentados. editam manuais com os modelos dos expedientes que integram
Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu” sua rotina burocrática. A Presidência da República, a Câmara
enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opi- dos Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, enfim, os
niões. Mesmo quando o agente público manifestase em primeira poderes Executivo, Legislativo e Judiciário têm os próprios ritos
pessoa, em formas verbais comuns como: declaro, resolvo, deter- na elaboração dos textos e documentos que lhes são pertinentes.
mino, nomeio, exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é
em função do cargo que exerce que se identifica e se manifesta. Concisão e Clareza
O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o objeto
da informação. A impessoalidade contribui para a necessária padro- Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”.
nização, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos padrões, Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, in-
sem o que cada texto seria suscetível de inúmeras interpretações. versões sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações,
Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O adje- repetições enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas.
tivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor Atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclu-
pessoal do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expres- sive ao escrever e ao ler, tornou esses recursos quase sempre obso-
siva, que amplia a significação (! ... ), ou o emprego de interjeições letos. Hoje, a concisão, a economia vocabular, a precisão lexical,
(Oh! Ah!), que funcionam como índices do envolvimento emocio- ou seja, a eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação
nal do redator com aquilo que está escrevendo. Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto”
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João
individual é estimulado e serve como diferencial das qualidades Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da linguagem
autorais, a função pública impõe a despersonalização do sujeito, altamente concentrada.
do agente público que emite a comunicação. São inadmissíveis, Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exór-
portanto, as marcas individualizadoras, as ousadias estilísticas, a dios” que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais, como o
linguagem metafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial exemplo risível e caricato que segue:
prima pela denotação, pela sintaxe clara e pela economia vocabu-
lar, ainda que essa regularidade imponha certa “monotonia buro- “Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz
crática” ao discurso. que nos valhamos do ensejo para congratularmonos com Vossa
Reafirmase que a intermediação entre o emissor e o receptor Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação
nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do padrão culto de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público,
do idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gramáticas, para abordar questões de tamanha complexidade, a respeito das
dicionários e pelo uso em situações formais, acima das diferenças quais divergem os hermeneutas e exegetas.
individuais, regionais, de classes sociais e de níveis de escolaridade. Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das cau-
sas primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamen-
Formalidade e Padronização te encaminhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma
abordagem preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes
As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e res- antecedentes necessariamente antecedem os consequentes”.
peitoso. Na tradição iberoamericana, afeita a títulos e a tratamentos
reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica por Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.
meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais. “Ex-
celentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssimo” As Comunicações Oficiais
são vocativos que, em algumas instâncias do poder, tornaramse
inevitáveis. Entenda-se que essa solenidade tem por consideração A redação das comunicações oficiais obedece a preceitos de
o cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente. objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, pa-
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigato- dronização e correção gramatical.
riamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns Além dessas, há outras características comuns à comunica-
construções como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é ção oficial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de
“Vossa Excelência é bondoso(a)”. fecho (encerramento) de uma correspondência e a forma de iden-
A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os tificação do signatário, conforme define o Manual de Redação da
textos oficiais procuravam revestirse de um tom solene e cerimo- Presidência da República. Outros órgãos e instituições do poder
nioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em público também possuem manual de redação próprio, como a Câ-
algumas peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras, mara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações
no Brasil, da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores. Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc.
Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Oficial
é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim,
as prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres ti-

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Pronomes de Tratamento As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Se-
nhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor Senador /
A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e poli- Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro
da, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como também / Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhora Governadora.
às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamental o empre-
go de pronomes de tratamento, que devem ser utilizados de forma Endereçamento
correta, de acordo com o destinatário e as regras gramaticais.
Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pes- De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no en-
soa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em velope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autorida-
terceira pessoa. des tratadas por Vossa Excelência, deve ter a seguinte forma:

Concordância verbal: A Sua Excelência o Senhor


Vossa Senhoria falou muito bem. Fulano de Tal
Vossa Excelência vai esclarecer o tema. Ministro de Estado da Justiça
Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião. 70064900 Brasília. DF

Concordância pronominal: A Sua Excelência o Senhor


Pronomes de tratamento concordam com pronomes possessi- Senador Fulano de Tal
vos na terceira pessoa. Senado Federal
Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”). 70165900 Brasília. DF

Concordância nominal: A Sua Excelência o Senhor


Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se Fulano de Tal
refere o pronome de tratamento. Juiz de Direito da l0ª Vara Cível
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem) Rua ABC, nº 123
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher) 01010000 São Paulo. SP
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem)
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher) Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comuni-
cações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD)
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela). às autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que
Vossa Excelência - com quem se fala (você) se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
evocação”.
Emprego dos Pronomes de Tratamento
Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado para
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
Presidência da República. Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.

Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguin- No envelope, deve constar do endereçamento:
tes autoridades: Ao Senhor
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-presi- Fulano de Tal
denIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vicego- Rua ABC, nº 123
vernadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais generais das 70123-000 – Curitiba.PR
Forças Armadas; Embaixadores; Secretáriosexecutivos de Minis- Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comu-
térios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretá- nicações oficiais “fica dispensado o emprego do superlativo Ilus-
rios de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. tríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores; Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e tratamento Senhor. O Manual também esclarece que “doutor não
Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presi- é forma de tratamento, e sim título acadêmico”. Por isso, reco-
dentes das Câmaras Legislativas Municipais. menda-se empregá-lo apenas em comunicações dirigidas a pessoas
- Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores; que tenham concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se
Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar. que “é costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
bacharéis em Direito e em Medicina”.
Vocativos
Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos reitores de universidade. Correspondelhe o vocativo: Magnífico Reitor.
chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
tivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentís- Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em
simo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:
Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. Santíssimo Padre.

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os Padrões e Modelos
pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os
vocativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou O Padrão Ofício
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
Nas comunicações oficiais para as demais autoridades ecle- tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes,
siásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima (para arce- possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A
bispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve- diagramação proposta para esses expedientes é denominada pa-
rendíssima (para monsenhores, cônegos e superiores religiosos); drão ofício.
Vossa Reverência (para sacerdotes, clérigos e demais religiosos). O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes
partes:
Fechos para Comunicações
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das comu- que o expede. Exemplos:
nicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de arrematar o
texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de Of. 123/2002-MME
quem expede a comunicação despedirse de seu destinatário. Aviso 123/2002-SG
Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual Mem. 123/2002-MF
Manual de Redação da Presidência da República, havia 15 pa-
drões de fechos para comunicações oficiais. O Manual simplificou - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
a lista e reduziu-os a apenas dois para todas as modalidades de direita. Exemplo:
comunicação oficial. São eles:
Brasília, 20 de maio de 2011
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o
presidente da República. - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior.
Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a
autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios,
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério
a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidên-
endereço.
cia da República.
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamen-
te” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Reda- - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
ção da Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já os de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
fechos para as cartas particulares ou informais ficam a critério do
remetente, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
encerrar a correspondência de forma polida e sucinta. qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
Identificação do Signatário preme informar que”,empregue a forma direta;
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Repúbli- contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
ca, com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
República, em todas as comunicações oficiais devem constar o Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assina- tada a posição recomendada sobre o assunto.
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos ca-
(espaço para assinatura) sos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtí-
Nome tulos.
Chefe da SecretariaGeral da Presidência da República Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a
estrutura deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura) Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
Nome solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
Ministro de Estado da Justiça sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual. segundo a seguinte fórmula:

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do documento + palavraschave do conteúdo. Exemplo:
servidor Fulano de Tal.”
“Of. 123 relatório produtividade ano 2010”
ou
Aviso e Ofício (Comunicação Externa)
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia
do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da São modalidades de comunicação oficial praticamente
Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.” exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode- assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, no caso do ofício, também com particulares.
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do pa-
encaminhamento. drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário,
seguido de vírgula. Exemplos:
- Fecho.
- Assinatura. Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
- Identificação do Signatário Senhora Ministra,
Senhor Chefe de Gabinete,
Forma de Diagramação
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte tes informações do remetente:
forma de apresentação: - nome do órgão ou setor;
- endereço postal;
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo - telefone e endereço de correio eletrônico.
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
- para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, Obs: Modelo no final da matéria.
poderseão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número Memorando ou Comunicação Interna
da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres- O Memorando é a modalidade de comunicação entre
sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar
e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Tratase,
espelho”); portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân- Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
cia da margem esquerda; para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adota-
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni- dos por determinado setor do serviço público.
mo 3,0 cm de largura; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces-
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não sário aumento do número de comunicações, os despachos ao me-
comportar tal recurso, de uma linha em branco; morando devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o
documento; andamento da matéria tratada no memorando.
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser menciona-
e ilustrações; do pelo cargo que ocupa. Exemplos:
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser im-
pressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.
Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem Obs: Modelo no final da matéria.
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
veitamento de trechos para casos análogos;

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exposição de Motivos - se o problema configura calamidade pública;
- por que é indispensável a vigência imediata;
É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice- - se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
presidente para: nham sido previstos;
- informá-lo de determinado assunto; - se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
- propor alguma medida; ou prevista.
- submeter a sua consideração projeto de ato normativo. - Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medi-
da proposta possa vir a tê-lo)
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da - Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;
República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto - Síntese do parecer do órgão jurídico.
tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos
deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por Com base em avaliação do ato normativo ou da medida propo-
essa razão, chamada de interministerial. sa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.
Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar-
padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas for- retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil,
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu- a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o
sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida exame ou se reformule a proposta.
ou submeta projeto de ato normativo. O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples- motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição
mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da Re- de ato normativo tem como finalidade:
pública, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão - permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
ofício. resolver;
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre- - ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro-
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou blema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição
a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam também do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe-
a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários julgados
cutivo (v. 10.4.3.)
pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
- conferir perfeita transparência aos atos propostos.
- na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
medida ou do ato normativo proposto;
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e
da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um
eventuais alternativas existentes para equacionálo;
todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providên-
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. cia ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e
suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fica, assim,
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte reservado à demonstração da necessidade da providência proposta:
modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março por que deve ser adotada e como resolverá o problema.
de 2010. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, rever-
ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exone-
201_. ração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é
necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição
- Síntese do problema ou da situação que reclama providências; de motivos. Ressalte-se que:
- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na - a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não
medida proposta; dispensa o encaminhamento do parecer completo;
- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar: - o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo; comentários a serem alí incluídos.
- outras possibilidades de resolução do problema.
- Custos. Mencionar: Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, conci-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeála; são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeála; é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da
- valor a ser despendido em moeda corrente; República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário
se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou
tramitar em regime de urgência). Mencionar: em parte.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Mensagem da República, Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista
que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente assinado,
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato acompanha a mensagem.
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião - Pedido de autorização para o presidente ou o vicepresiden-
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias: Tra-
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar tase de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional.
de interesse dos poderes públicos e da Nação. O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunica-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação ção a cada Casa do Congresso, enviandolhes mensagens idênticas.
final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso - Encaminhamento de atos de concessão e renovação de
Nacional têm as seguintes finalidades: concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter
tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
tar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou complementar outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensa-
gência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o pro- gem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
jeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação.
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do gem o correspondente processo administrativo.
Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da
Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secretário - Encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação rior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após
(Constituição, art. 64, caput). a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacio-
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem pla- nal as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art.
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e cré- 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
ditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigemse (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados
aos membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual so-
bre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve con-
forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso ter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e soli-
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. citação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. 84, XI).
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvi- O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidên-
do no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame cia da República. Esta mensagem difere das demais porque vai en-
técnico, jurídico e econômicofinanceiro das matérias objeto das cadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de livro.
proposições por elas encaminhadas.
Tais exames materializamse em pareceres dos diversos órgãos - Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos):
interessados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia Esta mensagem é dirigida aos membros do Congresso Nacional, en-
Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises neces- caminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se origi-
sárias constam da exposição de motivos do órgão onde se geraram, naram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se
exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de encami- restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o
nhamento ao Congresso. Presidente da República terá aposto o despacho de sanção.

- Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumpri- - Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado
mento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da Re- Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a
pública encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus mem- decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e
bros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, jun- as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Ofi-
tando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação cial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação
de Documentação da Presidência da República. se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

- Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao - Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo
Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determina- com regular frequência mensagens com:
dos cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do - encaminhamento de atos internacionais que acarretam encar-
TCU, Presidentes e diretores do Banco Central, ProcuradorGeral gos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às opera- eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
ções e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
155, § 2º, IV); deve pautarse pela concisão.
- proposta de fixação de limites globais para o montante da Não há padrão rígido, devendose seguir a forma e a estrutura
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu
- pedido de autorização para operações financeiras externas sítio na Internet.
(Constituição, art. 52, V); e outros.
Obs: Modelo no final da matéria.
Entre as mensagens menos comuns estão as de:
- convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti- Fax
tuição, art. 57, § 6º);
- pedido de autorização para exonerar o ProcuradorGeral da O fax (forma abreviada já consagrada de facsímile) é uma
República (art. 52, XI, e 128, § 2º); forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao de-
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi- senvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de men-
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX); sagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
(Constituição, art. 84, XX); documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
- justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º); Se necessário o arquivamento, devese fazêlo com cópia xerox
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se
tituição, art. 137); deteriora rapidamente.
- relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
- proposta de modificação de projetas de leis financeiras documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formu-
(Constituição, art. 166, § 5º); lário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada.
- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re- Correio Eletrônico
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
§ 8º); O correio eletrônico (“email”), por seu baixo custo e celerida-
- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- de, transformouse na principal forma de comunicação para trans-
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc. missão de documentos.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
As mensagens contêm: flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es-
- a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon- trutura. Entretanto, devese evitar o uso de linguagem incompatível
talmente, no início da margem esquerda: com uma comunicação oficial.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa-
Mensagem nº gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
mental tanto do destinatário quanto do remetente.
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda: preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que enca-
minha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, conteúdo.
Sempre que disponível, devese utilizar recurso de confirma-
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensa-
- o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e gem pedido de confirmação de recebimento.
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa
República, não traz identificação de seu signatário. ser aceita como documento original, é necessário existir certifica-
ção digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabe-
Obs: Modelo no final da matéria. lecida em lei.

Telegrama Apostila

Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro- É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens,
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex etc. Por evitandose assim a expedição de um novo título ou documento.
se tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos Estrutura:
e tecnologicamente superada, deve restringirse o uso do telegrama
apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
- Título: APOSTILA, centralizado. - Local e data.
- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento, - Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, car-
atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o caso, go e endereço.
onde o documento foi publicado. - Vocativo.
- Local e data. - Texto.
- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que cons- - Fecho.
tatou a necessidade de efetuar a apostila. - Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.

Não deve receber numeração, sendo que, em caso de docu- Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerálas.
mento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no Nesse caso, a numeração poderá apoiar-se no padrão básico de
verso do documento. diagramação.
Em caso de publicação do ato administrativo originário, a O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência
apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato, núme- oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cor-
ro, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao oficial no qual dialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou
o ato administrativo foi originalmente publicado, a fim de que se igualdade de posição entre os correspondentes.
preserve a data de validade.
Obs: Modelo no final da matéria.
Obs: Modelo no final da matéria.
Declaração
ATA
É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo
É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:
e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia. - Título: DECLARAÇÃO, centralizado.
Estrutura: - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com fina-
- Título ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequencial- lidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua
relação com a Câmara nos casos mais formais.
mente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em cai-
- Local e data.
xaalta.
- Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autori-
- Texto, incluindo: Preâmbulo registro da situação espacial
dade, função ou cargo.
e temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de
suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for
A declaração documenta uma informação prestada por autori-
o caso; Fecho termo de encerramento com indicação, se neces-
dade ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato
sário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de ou o conhecimento da situação declarada deve serem razão do car-
nova reunião etc. go que ocupa ou da função que exerce.
Declarações que possuam características específicas podem
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à receber uma qualificação, a exemplo da “declaração funcional”.
reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exi-
gências regimentais do órgão. Obs: Modelo no final da matéria.
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, devese, em
caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação corre- Despacho
ta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de erros
constatados após a redação, usase a expressão “Em tempo” ao final É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição
da ATA, com o registro das informações corretas. que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode
ter caráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:
Obs: Modelo no final da matéria. - Nome do órgão principal e secundário.
- Número do processo.
Carta - Data.
- Texto.
É a forma de correspondência emitida por particular, ou - Assinatura e função ou cargo da autoridade.
autoridade com objetivo particular, não se confundindo com o me-
morando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência O despacho pode constituirse de uma palavra, de uma expres-
externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião são ou de um texto mais longo.
ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual res-
ponde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por Obs: Modelo no final da matéria.
deputados, devese usar a carta, não o memorando ou ofício, por
estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de Ordem de Serviço
sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Depu-
tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou
como titular de função oficial específica (presidente de comissão pontuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da
ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura: Administração. Estrutura:

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data. Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de nomea-
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade ção e exoneração, por exemplo, suprime-se a ementa.
que expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação perti-
nente ou por força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra Obs: Modelo no final da matéria.
“resolve”.
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido Relatório
em itens, incisos, alíneas etc.
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento
função. de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do
desenvolvimento de serviços específicos num determinado
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui período. Estrutura:
caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente, a - Título RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
otimização e a racionalização de serviços. - Texto registro em tópicos das principais atividades desen-
volvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e totais,
Obs: Modelo no final da matéria. com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos
do período abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvi-
Parecer do, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apre-
sentados como anexos.
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de - Local e data.
órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para - Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es).
análise e competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios
para tomada de decisão. Estrutura: No caso de Relatório de Viagem, aconselhase registrar uma
- Número de ordem (quando necessário). descrição sucinta da participação do servidor no evento (seminá-
- Número do processo de origem. rio, curso, missão oficial e outras), indicando o período e o tre-
- Ementa (resumo do assunto). cho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem
- Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução); deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento efetivo das
Parecer (desenvolvimento com razões e justificativas); Fecho opi- informações tratadas no evento para os trabalhos legislativos e ad-
nativo (conclusão). ministrativos da Casa.
- Local e data. Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, devese aten-
- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. tar para os seguintes procedimentos:
- absterse de transcrever a competência formal das unidades
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o administrativas já descritas nas normas internas;
Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, definido - relatar apenas as principais atividades do órgão;
no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos unidades administrativas que lhe são subordinadas;
itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o fim - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas
de melhor organizar o assunto, imprimindolhe clareza e didatismo. realizadas e problemas abrangentes que foram solucionados;
- destacar propostas que não puderam ser concretizadas, iden-
Obs: Modelo no final da matéria. tificando as causas e indicando as prioridades para os próximos
anos;
Portaria - gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível, ao
máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, Departamen-
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece regras, to ou unidade equivalente.
baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organização e do
funcionamento de serviços dentro de sua esfera de competência. Obs: Modelo no final da matéria.
Estrutura:
- Título: PORTARIA, numeração e data. Requerimento (Petição)
- Ementa: síntese do assunto.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
que expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor.
palavra “resolve”. Estrutura:
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja,
em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens. da autoridade competente.
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do - Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
cargo. (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacio-
nalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade
Certas portarias contêm considerandos, com as razões que (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do
justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles. processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente
A ementa justificase em portarias de natureza normativa. seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
civil deve ser colocado o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais
do requerimento e os elementos probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixoassinado, com
estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defe-
sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por meio
de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o requerimento
deve ser dirigido à autoridade competente para decidilo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado
o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

Obs: Modelo no final da matéria.

Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos
progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obedece-
rem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sen-
tido, “protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o
produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma
posição de arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência.

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Exposição de Motivos de Caráter Informativo

5 cm

EM nº 00146/1991-MRE

5 cm Brasília, 24 de maio de 2011

3 cm 1,5 cm

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

2,5 cm
O Presidente George Bush anunciou, no último dia 13, significativa
mudança da posição norte-americana nas negociações que se realizam – na
Conferência do Desarmamento, em Genebra – de uma convenção multilateral de
proscrição total das armas químicas. Ao renunciar à manutenção de cerca de dois
por cento de seu arsenal químico até a adesão à convenção de todos os países em
condições de produzir armas químicas, os Estados Unidos reaproximaram sua
postura da maioria dos quarenta países participantes do processo negociador,
inclusive o Brasil, abrindo possibilidades concretas de que o tratado a ser
concluído e assinado em prazo de cerca de um ano. (...)
1 cm
2,5 cm
Atenciosamente,
2,5 cm

(Nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições


de passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem
processos administrativos no âmbito da Câmara dos
Deputados e assinadas pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral,
para parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de
segurança e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório
CÂMARA DOS DEPUTADOS
ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
.................................................................................. ....

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, ............................ de de 201...

Nome
Função ou Cargo

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. ���������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

Questões

01. Analise:

1. Atendendo à solicitação contida no expediente acima referido, vimos encaminhar a V. Sª. as informações referentes ao andamento
dos serviços sob responsabilidade deste setor.
2. Esclarecemos que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para o cumprimento dos prazos estipulados e o atingimento
das metas estabelecidas.

A redação do documento acima indica tratar-se


(A) do encaminhamento de uma ata.
(B) do início de um requerimento.
(C) de trecho do corpo de um ofício.
(D) da introdução de um relatório.
(E) do fecho de um memorando.

02. A redação inteiramente apropriada e correta de um documento oficial é:


(A) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas reivindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos em vosso gabinete para
discutir nossos problemas salariais.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
(B) O texto ora aprovado em sessão extraordinária prevê a Pedro Santos
redistribuição de pessoal especializado em serviços gerais para os Secretário do Conselho
departamentos que foram recentemente criados.
(C) Estou encaminhando a presença de V. Sª. este jovem, mui- Resposta 01-C / 02-B / 03-C / 04-E / 05-C (correta)
to inteligente e esperto, que lhe vai resolver os problemas do siste-
ma de informatização de seu gabinete.
(D) Quando se procurou resolver os problemas de pessoal
aqui neste departamento, faltaram um número grande de servido- 7. RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO
res para os andamentos do serviço.
(E) Do nosso ponto de vista pessoal, fica difícil vos informar
de quais providências vão ser tomadas para resolver essa confusão
que foi criado pelos manifestantes. Se você quer atingir êxito nas atividades que irá desenvolver
no ambiente empresarial precisa saber que em todo momento irá
03. A frase cuja redação está inteiramente correta e apropriada lidar com pessoas. Seres humanos com opiniões, reações e cren-
para uma correspondência oficial é: ças diferentes, mas que precisam conviver diariamente e executar
(A) É com muito prazer que encaminho à V. Exª. Os convites tarefas que poderão ser divididas por duas ou mais pessoas em
para a reunião de gala deste Conselho, em que se fará homenagens diversas situações de trabalho.
a todos os ilustres membros dessa diretoria, importantíssima na
execução dos nossos serviços. A convivência humana é difícil e desafiante, porque cada um
(B) Por determinação hoje de nosso Excelentíssimo Chefe do reage de maneira diferente quando está inserido em um grupo de
Setor, nos dirigimos a todos os de vosso gabinete, para informar trabalho. Profissionais competentes individualmente podem ren-
de que as medidas de austeridade recomendadas por V. Sa. já está der muito abaixo de sua capacidade por influência do grupo e das
sendo tomadas, para evitar-se os atrasos dos prazos. situações de trabalho.
(C) Estamos encaminhando a V. Sa. os resultados a que che-
garam nossos analistas sobre as condições de funcionamento deste “Pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se
setor, bem como as providências a serem tomadas para a consecu- como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais en-
ção dos serviços e o cumprimento dos prazos estipulados. tram em contato: comunicam-se, simpatizam, e sentem atrações,
(D) As ordens expressas a todos os funcionários é de que se antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram
possa estar tomando as medidas mais do que importantes para tor- em conflito, competem, colaboram, desenvolvem afeto. O proces-
nar nosso departamento mais eficiente, na agilização dos trâmites so de interação humana é constituído através dessas reações volun-
legais dos documentos que passam por aqui. tárias ou involuntárias, intencionais ou não- intencionais.”
(E) Peço com todo o respeito a V. Exª., que tomeis providên- É importante deixar claro que você precisa dominar os conhe-
cias cabíveis para vir novos funcionários para esse nosso setor, que cimentos técnicos necessários, ou seja, é indispensável ser compe-
se encontra em condições difíceis de agilizar todos os documentos tente em sua área específica de atividade. A grande questão é como
que precisamos enviar. saber trabalhar bem com os outros para que seu desempenho seja
satisfatório, produtivo e consiga colocar em prática todo conhe-
04. A respeito dos padrões de redação de um ofício, é INCOR- cimento em prol do crescimento da empresa com desempenho e
RETO afirmar que: serviços de alta qualidade.
(A) Deve conter o número do expediente, seguido da sigla do Se você é aquele tipo de pessoa que gosta de resolver tudo
órgão que o expede. sozinho e não gosta de interagir e trabalhar com pessoas não se de-
(B) Deve conter, no início, com alinhamento à direita, o local sespere, porque a competência interpessoal pode ser desenvolvida.
de onde é expedido e a data em que foi assinado. E para que isso aconteça, destacamos algumas dicas valiosas que
(C) Deverá constar, resumidamente, o teor do assunto do do- podem colaborar na convivência com pessoas diferentes e evitar
cumento. problemas desnecessários:
(D) O texto deve ser redigido em linguagem clara e direta, res-
peitando-se a formalidade que deve haver nos expedientes oficiais. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
(E) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez, como por Abordagem Humanística da Administração
exemplo: Agradeço a V. Sª. a atenção dispensada. Abordagem Humanística ocorre com o aparecimento da Teo-
ria das Relações Humanas, nos EUA, a partir da década de 1930.
05. Haveria coerência com as ideias do texto e respeitaria as Surgiu graças ao desenvolvimento das ciências sociais, nota-
normas de redação de documentos oficiais se o texto apresentado damente da Psicologia e, em particular, a Psicologia do Trabalho,
fosse incluído como parágrafo inicial em um ofício complementa- que por sua vez, desenvolveu-se em duas etapas:
do pelo parágrafo final e os fechos apresentados a seguir. 1. A análise do trabalho ;
2. A adaptação do trabalhador ao trabalho e vice versa.
Solicita-se, portanto, a divulgação desses dados junto aos ór- Sobre a TRH:
gãos competentes. Surgiu nos EUA, como consequência das conclusões da Expe-
riência Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores.
Atenciosamente, Foi um movimento de reação e oposição à Teoria Clássica da
Pedro Santos Administração.

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Buscou Humanizar e democratizar a Administração
Segundo ELTON GEORGE MAYO:
O trabalho é uma atividade tipicamente grupal.
O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social.
A tarefa básica da Administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar...
O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”, de receber adequada comunicação.
A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos grupos primários da sociedade...

ABORDAGEM CLÁSSICA ABORDAGEM HUMANÍSTICA

Organização como uma máquina Organização como grupo de pessoas


Ênfase nas tarefas Ênfase nas pessoas
Inspirada na Engenharia Inspirada na Psicologia
Autoridade Centralizada Autoridade Delegada
Especialidade Técnica Autonomia do empregado
Divisão de regras e regulamentos Abertura por confiança
Separação entre linha e staff Dinâmica grupal e interpessoal
Eficiência para a produtividade Cooperação para a produtividade

A TRH mostra o esmagamento do homem pelo impetuoso desenvolvimento da civilização industrializada.


A cooperação humana não é o resultado das determinações legais ou da lógica organizacional.

Deficiências e atualidades das Relações Humanas

Muito se tem falado sobre as deficiências nas Relações Humanas no ambiente de trabalho. Profissionais despreparados para atuar num
mercado competitivo e altamente exigente apresentam-se diariamente tanto aos empresários em busca de emprego, como também aos
clientes no comércio varejista brasileiro.
 
A baixa escolaridade, a falta de bons modos e de traquejo social tem contribuído para isso. O fenômeno da globalização trouxe mudan-
ças significativas tanto para as pessoas quanto para as corporações. No meio organizacional, hoje, se observam investimentos destinados
não apenas às novas tecnologias, como também em ações voltadas ao desenvolvimento do capital humano e das atitudes comportamentais.
Mas por que motivo as empresas voltaram suas atenções para as competências relacionadas ao comportamento dos profissionais? A
resposta surge da necessidade de encontrar um diferencial significativo para o negócio. E essa busca culmina nas pessoas.
O desenvolvimento de competências comportamentais passou a ser trabalhado, na prática, em treinamentos dinâmicos que abordam
as relações humanas e aplicam técnicas de sensibilização, onde o colaborador faz uma reflexão sobre seus relacionamentos pessoais e
profissionais, e uma análise em relação às escolhas feitas todos os dias e que nortearão suas vidas, tanto na organização como fora dela. O
assunto “relações humanas” está vinculado ao Respeito Pessoal – que compreende promover o relacionamento profissional baseado na ética,
respeito e reconhecimento das diferenças de cada pessoa.
Com esses treinamentos os resultados se evidenciam na melhoria no desempenho das pessoas; aumento do orgulho pessoal em perten-
cer à empresa; crescimento da satisfação dos colaboradores; maior retenção de talentos; aumento na participação no mercado; progresso na
qualidade dos serviços e atendimento; melhoria da imagem institucional; expansão dos negócios da empresa; aumento da eficácia organiza-
cional; equipes mais inspiradas para superação de metas e a motivação das pessoas em busca de objetivos.

Lembramos abaixo alguns aspectos dos treinamentos comportamentais e as regras de boa convivência funcional e que devem ser traba-
lhadas com superiores, subordinados e colegas:

Mandamentos das Relações Humanas na Empresa


Respeite o seu colega de trabalho. Pratique a empatia!
Dê atenção com quem fala com você. Evite interromper a palavra; espere sua vez.
Controle suas reações agressivas. Esqueça a indelicadeza e ironia.
Sempre que precisar resolver algum problema procure seu chefe imediato. Não pule hierarquia!
Conheça melhor as pessoas com quem irá trabalhar com o intuito de compreendê-los e se adaptar as suas características individuais
O sorriso nos lábios desarma qualquer pessoas: conquiste-as! Lembre-se que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14
para sorrir.
Seja prestativo na medida certa para não ser mal interpretado.
Procure as causas da sua antipatia, afim de vencê-las e não contaminar seu ambiente de trabalho.
Quando estiver participando de discussões em grupo, defina bem o sentido das palavras para evitar duplo sentido e mal-entendidos.
Seja cauteloso ao criticar. Fale o que pensa sem magoar as pessoas que estão ao seu redor.
Respeitar o chefe imediato, colegas, subordinados e clientes - Quem respeita, sempre será respeitado.

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Não cortar a palavra de quem fala - Falar pouco e com segu- QUALIDADE
rança agrada mais aos clientes e colegas. O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpreta-
Ser claro na comunicação - Falar somente o necessário. Saber ções. As mais expressivas se referem, por um lado, à definição
ouvir é uma arte! de qualidade como busca da satisfação do cliente, e, por outro, à
Cuidar para não ferir o outro com reações agressivas – Con- busca da excelência para todas as atividades de um processo.
trolar emoções é fundamental. Na mesma vertente, a qualidade é também considerada como
Procurar a causa das antipatias para vencê-las – Conhecer a si fator de transformação no modo como a organização se relaciona
mesmo e procurar ser compatível com colegas e chefia são básicos com seus clientes, agregando valor aos serviços a ele destinados.
para o trabalho harmonioso e rentável. Em face dessa diversidade de significados, cabe às organiza-
Nunca dizer categoricamente: “Não concordo! Você está er- ções identificar os atributos ou indicadores de qualidade dos seus
rado” - Dizer a mesma coisa com outros termos. A maneira como produtos e serviços do ponto de vista dos seus usuários. Entre es-
você diz é mais importante do que aquilo que você diz. tes, podem ser destacados a eficiência, a eficácia, a ética profissio-
Aprender a enaltecer as qualidades positivas das pessoas, atra- nal, a agilidade no atendimento, entre outros.
vés do elogio – Esta é a melhor arma para quem quer conquistar e No Brasil, a questão da qualidade na área pública vem sendo
cativar amigos. abordada pelo Programa de Qualidade no Serviço Público que tem
Usar normas de etiqueta social, aplicando-as corretamente, por objetivos elevar o padrão dos serviços prestados e tornar o
como: dizer obrigado, por favor, com licença, etc. cidadão mais exigente em relação a esses serviços. Para tanto, o
Ter sempre um semblante alegre e sorridente - O sorriso con- Programa visa a transformação das organizações e entidades públi-
tagia favoravelmente o ambiente. A simpatia atrai amizades. cas no sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços ao
Mostrar interesse pelos outros - As pessoas gostam de receber público, retirando o foco dos processos burocráticos.
atenção. Amigos sim; íntimos não! O programa estabelece que o cidadão como principal foco de
Dar importância ao outro, por mais humilde que seja - Valori- atenção de qualquer órgão público federal. Define padrões de qua-
zar cada pessoa é uma questão de respeito. lidade do atendimento e prevê a avaliação de satisfação do usuário
Lembrar sempre que ninguém nasce sabendo - Aprender é por todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
descobrir as suas próprias ignorâncias; dialogar é uma arte! direta, indireta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão.
Gostar do que faz é gostar de si. Gostar do outro e amar seu Nesse sentido considera-se que o serviço público deve ter as
trabalho são ingredientes de sucesso nas relações humanas. seguintes características:
-Adequado: realizado na forma prevista em lei devendo aten-
der ao interesse público;
-Eficiente: alcança o melhor resultado com menor consumo
8. QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE de recursos;
SERVIÇOS E NO ATENDIMENTO -Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segurança, o
AO PÚBLICO patrimônio ou os direitos materiais e imateriais do cidadão-usuário;
-Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo obriga-
tório o planejamento e a adoção de medidas de prevenção para
evitar a descontinuidade.
ATENDIMENTO E QUALIDADE
Usuários/ Clientes
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma organização:
A globalização, os desafios do desenvolvimento tecnológico •externos - recebem serviços ou produtos na sua versão final.
e cultural e a competição entre as organizações trazem como con- •internos –fazem parte da organização, de seus setores, grupos
sequência o interesse pela qualidade de seus produtos e serviços. e atividades.
Esse interesse não se restringe às empresas privadas e se es- Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da organi-
tende, também, ao setor público. zação devem responder o seguinte:
Assim, vemos que Os empresários buscam aperfeiçoar o de- -Com que pessoas mantenho contato enquanto trabalho?
sempenho em suas áreas de atuação (produtos ou serviços) e o -Quem recebe o resultado do meu trabalho?
relacionamento com os seus clientes. -Qual o nível de satisfação das pessoas que dependem do re-
O setor público enfrenta os desafios de melhorar a qualidade sultado dos serviços executados por mim?
de seus serviços, aumentar a satisfação dos usuários e instituir um
atendimento de excelência ao público. Princípios para o bom atendimento na gestão da qualidade
Os clientes e usuários das organizações públicas e privadas 1. Foco no Cliente. Nas empresas privadas, a importância
também se mostram mais exigentes na escolha de serviços e pro- dada a esse princípio se deve principalmente ao fato de que o su-
dutos de melhor qualidade. Assim, a relação com estes clientes e cesso da venda (lucro financeiro) depende da satisfação do cliente
usuários passa ser um novo foco de preocupação e demanda esfor- com a qualidade do produto e também com o tratamento recebido
ços para sua melhoria. e com o resultado da própria negociação.
No setor público, este princípio se relaciona sobretudo aos con-
ceitos de cidadania, participação, transparência e controle social.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Para cumprir este princípio é necessário ter atenção com dois ou seja, a mensagem do processo de comunicação. Ao mesmo tem-
aspectos: po, para que a comunicação ocorra, não basta transmitir ou receber
-verificar se o que é estabelecido como qualidade atende a to- bem as mensagens. É preciso, sobretudo, que haja troca de enten-
dos os usuários, inclusive aos mais exigentes; dimentos. Para tanto, as palavras são importantes, mas também o
-fazer bem feito o serviço e, depois, checar os passos necessá- são as emoções, as ideias, as informações não-verbais.
rios para a sua execução.
Deve se lembrar que tais atitudes levam em conta tanto o atendi- Comunicação verbal e não verbal
mento do usuário quanto as atividades e rotinas que envolvem o serviço. A comunicação verbal realiza-se oralmente ou por meio da
escrita. São exemplos de comunicações orais: ordens, pedidos, de-
2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade bates, discussões, tanto face-a-face quanto por telefone, rádio, te-
do usuário. Este princípio se relaciona à dimensão da validade, levisão ou outro meio eletrônico. Cartas, jornais, impressos, revis-
isto é, o serviço ou produto deve ser exatamente como o usuário tas, cartazes, entre outros, fazem parte das comunicações escritas.
espera, deseja ou necessita que ele seja. A comunicação não-verbal realiza-se por meio de gestos e ex-
pressões faciais e corporais que podem reforçar ou contradizer o
3. Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade mantido que está sendo dito. Cruzar os braços e as pernas, por exemplo, é
ao longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade. um gesto que pode ser interpretado como posição de defesa.
A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por
algumas ações que imprimem qualidade ao atendimento, tais como: Colocar a mão no queixo, coçar a cabeça ou espreguiçar-se
-identificar as necessidades dos usuários; na cadeira podem indicar falta de interesse no que a outra pessoa
-cuidar da comunicação (verbal e escrita); tem a dizer.
-evitar informações conflitantes; Também são gestos interpretados como forma de demonstrar
-atenuar a burocracia; desinteresse durante a comunicação: ajeitar papéis que se encon-
-cumprir prazos e horários; trem sobre a mesa, guardar papéis na gaveta, responder perguntas
-desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade; com irritação ou deixar de respondê-las.
-divulgar os diferenciais da organização; A linguagem é um código utilizado pelos indivíduos para pro-
cessar pensamentos, ideias e diálogos interiores, ou comunicar-se
-imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
com outros. A linguagem pode ser representada por uma língua ou
-fazer uso da empatia;
pela não-verbalização.
-analisar as reclamações;
É importante observar que algumas palavras assumem dife-
-acatar as boas sugestões.
rentes significados para cada pessoa.
Palavras como amor, solidariedade, fraternidade, igualdade,
Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser
entre outras, servem de rótulos para experiências universais, mas
percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles: têm significados particulares para cada indivíduo. A realidade
competência, presteza, cortesia, paciência, respeito. subjetiva de cada pessoa é formada pelo seu sistema de valores,
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, des- pelas suas crenças, pelos seus objetivos pessoais e pela sua visão
respeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o de mundo. Daí a importância de checarmos a linguagem utilizada
atendente intolerável, na percepção dos usuários. No conjunto no processo de comunicação e adaptarmos nossa mensagem ao
dessas ações deve ainda ser ressaltada a empatia como um fator vocabulário, aos interesses e às necessidades da pessoa a quem
crucial para a excelência no atendimento ao público. A utilização transmitimos alguma informação.
adequada dessa ferramenta no momento em que as pessoas estão
interagindo é fundamental. No bom atendimento é importante a Barreiras e ruídos
utilização de frases como “Bom-dia”, “Boa-tarde”, “Sente-se por No atendimento é preciso cuidado para evitar ruídos na comu-
favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que, ditas com suavi- nicação, ou seja, é necessário reconhecer os elementos que podem
dade e cordialidade, podem levar o usuário a perceber o tratamento complicar ou impedir o perfeito entendimento das mensagens. Às
diferenciado que algumas organizações já conseguem oferecer ao vezes, uma pessoa fala e a outra não entende exatamente o que foi
seu público-alvo. dito. Ou, então, tendo em vista a subjetividade presente na mensa-
gem, muitas vezes, o emissor tem uma compreensão diferente da
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO que foi captada pelo receptor.
São elementos do processo de comunicação: Além dessas dificuldades, existem outras que interferem no
• emissor – o que emite ou envia a mensagem processo de comunicação, entre elas, as barreiras tecnológicas,
• receptor – o que recebe a mensagem psicológicas e de linguagem. Essas barreiras são verdadeiros ruí-
• mensagem – 0 que se quer comunicar dos na comunicação.
• canal – o meio de comunicação pelo qual se transmite a men- As barreiras tecnológicas resultam de defeitos ou interferên-
sagem cias dos canais de comunicação. São de natureza material, ou seja,
• ruídos –tudo aquilo que pode atrapalhar a comunicação . resultam de problemas técnicos, como o do telefone com ruído.
As barreiras de linguagem podem ocorrer em razão das gírias,
O processo de comunicação é o centro de todas as atividades regionalismos, dificuldades de verbalização, dificuldades ao escre-
humanas. No entanto, além de usar palavras corretas e adequadas ver, gagueira, entre outros. As barreiras psicológicas provêm das
ao contexto, o emissor deve transmitir à outra pessoa, o receptor, diferenças individuais e podem ter origem em aspectos do compor-
informações, ideias, percepções, intenções, desejos e sentimentos, tamento humano, tais como:

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
-seletividade: o emissor só ouve o que é do seu interesse ou o verá apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer o
que coincida com a sua opinião; número do telefone direto de alguém capaz de resolver o problema
-egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o ponto de rapidamente, indicar o e-mail ou o número do fax do responsável
vista do outro ou corta a palavra do outro, demonstrando resistên- procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de que alguém
cia para ouvir; confirmará a recepção do pedido ou chamada;
-timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra pode • não negar informações: nenhuma informação deve ser nega-
causar gagueira ou voz baixa, quase inaudível; da, mas há que se identificar o interlocutor antes de a fornecer, para
-preconceito: a percepção indevida das diferenças sociocultu- confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequada a
rais, raciais, religiosas, hierárquicas, entre outras; seguinte frase: Vamos anotar esses dados e depois entraremos em
-descaso: indiferença às necessidades do outro. contato com o senhor.
• não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tempo,
ATENDIMENTO TELEFÔNICO ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar que
Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando feedback,
se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utiliza- mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor;
ção de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto, • sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra que
que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada;
para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se- • ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastrófi-
jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos- ca: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas;
sam receber bom atendimento ao telefone. • manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni-
Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para cação, não se estabelece o contato visual, é necessário que o aten-
o atendimento telefônico: dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante
• não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo. alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, de-
É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a pois, peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque
ligação em seguida; poucos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de outro lado da linha;
• ter as informações à mão: um atendente deve conservar a in-
se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
formação importante perto de si e ter sempre à mão as informações
• atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapidez de
atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
resposta e demonstra o profissionalismo do atendente;
• agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou
• estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga:
“boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve
atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im- vai retornar a chamada.
portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no
esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que atendimento telefônico:
ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple- -receptividade - demonstrar paciência e disposição para servir,
mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa. como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos usuá-
rios como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da mes-
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal ma forma é necessário evitar que interlocutor espere por respostas;
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que -atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, dizer
o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas deman- palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, anotar a
das de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da mensagem do interlocutor);
língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores im- -empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pronun-
portantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fun- ciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões
damental que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
compromisso e credibilidade. -concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar dis-
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, trair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desviando-se do
procedimentos para a excelência no atendimento telefônico: tema da conversa, bem como evitar comer ou beber enquanto se fala);
• identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gosta -comportamento ético na conversação – o que envolve tam-
de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atendente bém evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. Por
outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a tratar ATENDIMENTO PRESENCIAL
o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o inter- Nessa modalidade de atendimento devem ser incorporados
locutor se sinta importante; alguns princípios relativos ao atendimento telefônico, além de ou-
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que aten- tros específicos a serem abordados a seguir.
de ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, com- Por se tratar de uma modalidade de comunicação de grande
prometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta rápida. impacto junto ao usuário, o atendente deve sempre demonstrar
Por exemplo: não deve dizer “Não sei”, mas “Vou imediatamente simpatia, competência e profissionalismo e ter atenção com as ex-
saber” ou “Daremos uma resposta logo que seja possível”. Se não pressões do rosto, da voz, dos gestos, do vocabulário e de aparên-
for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o atendente de- cia. E da mesma forma, considerar os seguintes princípios.

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS / Assistente em administração
Princípios para a qualidade ao atendimento presencial: O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao
cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa-
• Competência - O usuário espera que cada pessoa que o aten- tia. Está relacionada a:
da detenha informações detalhadas sobre o funcionamento da or- -presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando
ganização e do setor que ele procurou. prontamente a solicitação do usuário;
• Legitimidade - O usuário deve ser atendido com ética, res- -cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cordiali-
peito, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e colabo- dade;
ração. -flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre-
• Disponibilidade - O atendente representa, para o usuário, a vistas.
imagem da organização. Assim, deve haver empenho para que o
usuário não se sinta abandonado, desamparado, sem assistência. O
atendimento deve ocorrer de forma personalizada, atingindo-se a
satisfação do cliente.
• Flexibilidade - O atendente deve procurar identificar cla-
ramente as necessidades do usuário e esforçar-se para ajudá-lo,
orientá-lo, conduzi-lo a quem possa ajudá-lo adequadamente.

Para que o cliente ou usuário possa se sentir bem atendido,


existem, também, algumas estratégias verbais, não-verbais e am-
bientais.

Estratégias verbais
-Reconhecer, o mais breve possível, a presença das pessoas;
-pedir desculpas se houver demora no atendimento;
-se possível, tratar o usuário pelo nome;
-Demonstrar que quer identificar e entender as necessidades
do usuário;
-Escutar atentamente, analisar bem a informação, apresentar
questões;

Estratégias não-verbais
-Olhar para a pessoa diretamente e demonstrar atenção;
-Prender a atenção do receptor;
-Não escrever enquanto estiver falando com o usuário;
-Prestar atenção à comunicação não-verbal;

Estratégias ambientais
-Manter o ambiente de trabalho organizado e limpo;
-Assegurar acomodações adequadas para o usuário;
-Evitar pilhas de papel, processos e documentos desorganiza-
dos sobre a mesa.

Atendimento e tratamento
O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de
uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo
com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma,
uma relação entre o atendente, a organização e o cliente.
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a:
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tec-
nológicos adequados;
• confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele-
cidos previamente;
• credibilidade – honestidade no serviço proposto;
• segurança – sigilo das informações pessoais;
• facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal
de contato;
• comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
viços.

Didatismo e Conhecimento 45

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