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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS

PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL


PROFESSOR PEDRO IVO

AULA 03 – PROVA – PARTE II

Futuro (a) Aprovado (a)

Complementando o assunto PROVAS, nesta nossa aula trataremos de mais


alguns importantes temas.
São assuntos interessantíssimos, cujo conhecimento com certeza fará
diferença na hora da sua prova.
Dito isto, muita atenção!!!

Bons estudos!
*******************************************************************************************************

3.1 DO OFENDIDO – ART. 201 DO CPP

3.1.1 CONCEITO

O ofendido ou a vítima é o sujeito passivo da infração, aquele que sofreu


diretamente a violação da norma penal ou, como diz Bettiol, é a “pessoa
que é efetivamente titular daquele interesse específico e concreto que o
crime nega”.
Não se confunde ofendido com testemunha, pois enquanto esta é um
terceiro desinteressado, aquele é um terceiro interessado que pode,
inclusive, habilitar-se como assistente da acusação e compor a relação
jurídica processual.

A oitiva do ofendido ou vítima é obrigatória, nos termos do art. 201, do


CPP:

Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e


perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou
presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-
se por termo as suas declarações.

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Vê-se que da própria redação do artigo ressoa clara a obrigatoriedade


em se ouvir a vítima, tenham ou não as partes requerido.
A sua inquirição é um dever imposto ao Juiz, pois o ofendido não precisa
ser arrolado, devendo ser ouvido sempre que possível,
independentemente da iniciativa das partes.
Mas e se o ofendido é intimado e não comparece?
Neste caso, devemos aplicar a regra presente no parágrafo 1º, que deixa
claro a possibilidade de condução coercitiva da vítima. Observe:

§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem


motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da
autoridade.

O Código de Processo Penal estabelece, exemplificativamente, três


perguntas a serem feitas ao ofendido, quais sejam: As circunstâncias da
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor e as provas que possa
indicar.
Evidentemente que o Juiz não está adstrito a estas perguntas, podendo
formular tantas quantas lhe pareçam convenientes e cabíveis.

3.1.2 VALOR PROBATÓRIO

Antes de qualquer coisa, caro(a) aluno(a), me responda: O valor da


palavra do ofendido é relativo ou absoluto?
Se você imaginou que o Juiz não tem, obrigatoriamente, que aceitar o
que foi dito, devendo analisar caso a caso, com certeza você respondeu
relativo, e você está correto.
O valor probatório desse depoimento realmente é relativo, devendo o
Juiz avaliá-lo à luz das demais provas produzidas, em conformidade com
o sistema do livre convencimento.
A esse respeito, nota-se que a posição da vítima é um tanto quanto
paradoxal, pois ao lado de ter sido, muitas das vezes, um expectador
privilegiado do fato objeto da ação penal, a posição de diretamente
ofendido pela ação delituosa, no entanto, torna-o suspeito de
parcialidade, ao contrário do que acontece com a testemunha.
Mas, por outro lado, há determinados delitos, como os crimes contra os
costumes, em que, na maioria dos casos, apenas a vítima tem condições
de depor sobre os fatos dada a clandestinidade característica dessas
infrações penais. Tudo irá depender do prudente arbítrio do Juiz ao
avaliar a prova colhida.

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3.1.3 ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 11.690/2008

A lei nº 11.690/2008 modificou praticamente todo o texto relativo ao


ofendido e trouxe importantes alterações inseridas no artigo 201. Vamos
conhecê-las e estudá-las:

1. OBRIGATORIEDADE DE COMUNICAÇÃO AO OFENDIDO QUANTO A


DETERMINADOS ATOS PROCESSUAIS E SOBRE A PRISÃO OU
LIBERDADE DO ACUSADO Î Este item refere-se à obrigação de o
Magistrado determinar a comunicação tanto de uma ordem de prisão
quanto da decisão pela liberdade provisória DURANTE O PROCESSO
JUDICIAL.
Imagine então que Tício confere lesões corporais graves a Mévio.
Durante o inquérito, Tício é preso. Neste caso, Mévio terá que ser
comunicado, correto???
NÃOOOO!!! Está ERRADO, pois a regra só vale para o decorrer do
PROCESSO JUDICIAL. Observe abaixo que o dispositivo legal utiliza o
termo acusado e não indiciado.

§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos


ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data
para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a
mantenham ou modifiquem.

E como vai ocorrer esta comunicação, será que pode ser por e-mail???
CLARO QUE.....SIM!!! Observe:

§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no


endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido,
o uso de meio eletrônico.

2. RESERVA DE LUGAR EM SEPARADO PARA O OFENDIDO, ANTES E


DURANTE A REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA Î Esta regra visa ao
resguardo da integridade física e moral da vítima.

§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será


reservado espaço separado para o ofendido.

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3. ENCAMINHAMENTO DO OFENDIDO A ATENDIMENTO


MULTIDISCIPLINAR Î Sabemos que cada indivíduo responde de uma
forma diferente ao passar por uma situação traumática. Com isso, a lei
conferiu ao Juiz a POSSIBILIDADE, de acordo com cada caso, de
encaminhar o ofendido para atendimento por equipe multidisciplinar. E o
que é isso?
É o atendimento por um grupo de especialistas nas áreas de assistência
jurídica, saúde, psicossocial, dentre outras.
Mas seria justo que o ofendido sempre pagasse por esse tratamento?
Claro que não, e, exatamente por isso que a lei facultou ao Magistrado
atribuir as custas do tratamento ao Estado ou ao ofensor.

§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o


ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas
do ofensor ou do Estado.

4. APLICAÇÃO DE MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA PRESERVAR A


HONRA, IMAGEM E VIDA PRIVADA DO OFENDIDO Î Mais uma
faculdade atribuída ao Juiz que, analisando cada caso, poderá atenuar
sobremaneira o princípio da publicidade dos atos processuais. Observe:

§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da


intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo,
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados,
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu
respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.

3.2 PROVA TESTEMUNHAL

3.2.1 CONCEITO

A testemunha, em sentido próprio, é uma pessoa diversa dos sujeitos


principais do processo (podemos dizer, um terceiro desinteressado) que
é chamada em juízo para declarar, positiva ou negativamente, e sob
juramento, a respeito de fatos que estejam relacionados ao julgamento
do mérito da ação penal a partir da percepção que sobre eles (os fatos)
obteve no passado.

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O Professor Mittermaier define a testemunha como sendo "o indivíduo


chamado a depor segundo sua experiência pessoal, sobre a existência e
a natureza de um fato".
Para Malatesta, o fundamento da prova testemunhal reside "na
presunção de que os homens percebam e narrem a verdade, presunção
fundada, por sua vez, na experiência geral da humanidade, a qual
mostra que no maior número de casos, o homem é verídico.”
Finalizando, ensina Mirabete que “a testemunha é a pessoa que, perante
o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no
processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre
as suas percepções sensoriais a respeito dos fatos imputados ao
acusado”

Dos três conceitos apresentados, fique atento ao


segundo, pois ele já foi cobrado em prova e pode
confundir facilmente o candidato. Perceba que a definição
diz que no maior número de casos o homem é verídico e
acreditar nisso acaba sendo complicado devido à
realidade. Entretanto para a PROVA é a pura VERDADE!!!

3.2.2 CLASSIFICAÇÕES

Você encontrará diversas classificações e denominações para a


testemunha. Apresento aqui o que realmente importa para a sua
PROVA!!!

a) TE
ESTE EMUN NHA DIR RETAA: É a testemunha denominada de visu, ou
seja, que sabe dos fatos porque os viu diretamente, os presenciou
sensorialmente. Manzini só considerava verdadeiramente testemunha
este tipo de declarante, pois, para ele, quem não presenciou os fatos
seriam meros informantes.
A lei brasileira, no entanto, não faz tal distinção, sendo que pelo
sistema do livre convencimento é evidente que o Juiz pode valorar a
prova da forma como melhor lhe aprouver, dando, por exemplo, valor
maior à palavra da testemunha que viu do que àquelas que tomaram
conhecimento por outros meios.

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b) TESTEMUNHA INDIRETA: Meus alunos, lembram quando o Silvio


Santos (Isso mesmo, aquele do SBT) comentava sobre os filmes e
dizia: “EU NÃO VI, MAS MINHA MULHER VIU E DISSE QUE É MUITO
BOM!!!” Nesse caso, podemos dizer que ele é uma testemunha
indireta do filme, pois, indiretamente, tomava conhecimento do
conteúdo. (OK, OK, foi horrível esse exemplo, mas aposto que você
não esquece mais!!!).
Assim, trazendo para a esfera processual, testemunha indireta é
aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou, mas
soube ou ouviu dizer.
Teoricamente, em que pese tenha o magistrado liberdade na
formação de sua convicção, trata-se de testemunha mais frágil,
impondo-se, portanto, certa reserva ao magistrado na valoração de
seu depoimento.

c) TE
ESTEEMUN NHA PRÓ ÓPRIA A: É a testemunha chamada para ser ouvida
sobre o fato objeto do litígio, seja porque os tenha presenciado, seja
porque deles ouviu dizer.

d) TESTEMUNHA IMPRÓPRIA OU INSTRUMENTAL: A testemunha


imprópria, instrumentária ou fedatária é a que depõe sobre a
regularidade de um ato, ou seja, são as testemunhas que confirmam
a autenticidade de um ato processual realizado.
Depõem, portanto, sobre a regularidade de atos que presenciaram,
não sobre os fatos que constituem o objeto principal do julgamento.
É o caso, por exemplo, da testemunha que presenciou a apresentação
de um preso em flagrante (art. 304, § 2°, do CPP); a testemunha que
esteve presente na audiência em que o interrogado confessou o crime
espontaneamente, sem qualquer coação; a testemunha que
presenciou a apreensão de objeto realizada pela autoridade policial
em diligência de busca (art. 245, § 7.°, do CPP) etc.

e) TE
ESTEEMUN NHA RE EFERIDDA: Imagine que Tício, testemunha, durante
seu depoimento diz: “Eu não estava perto do local delito, mas o Mévio
havia ido pegar a bola perto do galpão e ouviu tudo”.
No caso de Mévio não estar arrolado como testemunha, é interessante
que ele seja ouvido pelo fato de ter sido REFERIDO por Tício durante
seu depoimento?
Claro que sim, e agora podemos definir que testemunha referida é
aquela que, embora não tenha sido arrolada nos momentos ordinários
(denúncia ou queixa, para acusação; resposta à acusação, para o
réu), poderá ser inquirida pelo juiz ex officio ou a requerimento das

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partes em razão de ter sido citada por outra testemunha, chamada de


referente (art. 209, § 1°, do CPP).

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir


outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as
pessoas a que as testemunhas se referirem.

De acordo com o art. 401, § 1°, do CPP, esta categoria não é


considerada para efeito de contagem do número máximo de
testemunhas admitido em cada procedimento penal.

f) TESTEMUNHA JUDICIAL: Considera-se aquela inquirida pelo juiz


independentemente de ter sido arrolada por qualquer das partes ou
de ter sido requerida a sua oitiva.
Neste caso, a inquirição ex officio fundamenta-se no poder-dever que
assiste ao magistrado de, buscando a verdade real, determinar as
providências necessárias para esclarecer as dúvidas que porventura
tiver.
Tratando desta espécie de prova testemunhal, estabelece o art. 209
do CPP que “o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
testemunhas, além das indicadas pelas partes”.
Precitada disposição guarda simetria com o art. 156 do CPP que, ao
tratar das provas em geral, viabiliza ao juiz, depois de iniciada a
instrução ou antes de proferir sentença, determinar a produção de
provas para dirimir dúvidas relevantes.

g) TE
ESTEEMUN NHA NUMER RÁRI
IA: É a testemunha que presta
compromisso ou juramento, na forma do art. 203, primeira parte, do
Código de Processo Penal.

Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa


de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo
declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua
profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com
qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as
razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa
avaliar-se de sua credibilidade.

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h) TESTEMUNHA NÃO COMPROMISSADA OU INFORMANTE:


contempladas no art. 208 do CPP, são aquelas dispensadas do
compromisso.

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203


aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14
(quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.

São os menores de 14 anos, os doentes mentais e os parentes do


imputado elencados no art. 206 do CPP (cônjuge, ascendente,
descendentes, irmão e afins na linha reta). De acordo com o art. 401, §
1.°, do CPP, esta categoria de testemunhas não será computada para
efeito de determinação do número máximo de pessoas que podem ser
arroladas pelas partes nos momentos ordinários do processo criminal.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Resumindo:

TESTEMUNHA DIRETA “EU VI OS FATOS”

TESTEMUNHA INDIRETA “EU OUVI FALAR”

TESTEMUNHA PRÓPRIA “EU VOU FALAR SOBRE O FATO EM SI


E NÃO SOBRE CIRCUSTÂNCIAS
ALHEIAS.”

TESTEMUNHA INSTRUMENTAL “FATO? QUE FATO? VIM SÓ PARA


(IMPRÓPRIA) FALAR QUE VI O ACUSADO CHEGAR
NA DELEGACIA”

TESTEMUNHA REFERIDA “POXA, QUE CHATO... AQUELE CARA


TINHA QUE DAR COM A LÍNGUA NOS
DENTES E REFERIR MEU NOME PARA
O JUIZ... AGORA VOU TER QUE
TESTEMUNHAR”

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TESTEMUNHA JUDICIAL “SEU JUIZ, SE NENHUMA DAS PARTES


ME CHAMOU, PARA QUE EU ESTOU
AQUI?? SERÁ QUE É POR CAUSA DO
TAL PRINCÍPIO DA VERDADE REAL
QUE O PROFESSOR DO PONTO
COLOCOU NA AULA 01?”

TESTEMUNHA NUMERÁRIA “PRESTAR COMPROMISSO? TOPO,


PORQUE NÃO?”

TESTEMUNHA INFORMANTE (NÃO “SEU JUIZ, POSSO ATÉ INFORMAR


COMPROMISSADA) ALGUMA COISA, MAS GARANTIR QUE
É VERDADE... AI NÃO”

3.2.3 CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR

Caro(a) aluno(a), quem pode testemunhar? Encontramos esta


importante resposta no artigo 202 do Código de Processo Penal, que
dispõe:

Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.

O artigo 202 do CPP deixa claro que toda pessoa é capaz de ser
testemunha. Isso significa que pode testemunhar em juízo qualquer
indivíduo que tenha condições de perceber os acontecimentos ao seu
redor e narrar o resultado destas suas percepções, independente de sua
integridade mental, idade e condições físicas.
Assim, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, pode ser arrolado
o interdito, o inimputável, o surdo, o mudo etc.
É claro que o valor que será dado a cada depoimento será atribuído pelo
Magistrado com base no princípio da livre convicção, devendo ser
considerado com reservas, por exemplo, o depoimento de uma criança
de pouca idade ou de um portador de deficiência mental.

3.2.4 COMPROMISSO DA TESTEMUNHA

Por compromisso sugere o Código de Processo Penal, no art. 203, o


instituto que importa em advertência à testemunha quanto à sua
obrigação de falar a verdade. Em nome deste pensamento é que se
construiu o entendimento no sentido de que apenas a testemunha

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compromissada poderia responder pelo crime de falso testemunho (art.


342 do Código Penal).

Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa


de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado,
devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua
residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é
parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas
quais possa avaliar-se de sua credibilidade.

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade


como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
juízo arbitral.

Entretanto, diante do exposto, podemos chegar a situações absurdas.


Imagine que Tício, testemunha não compromissada, mente cada palavra
de seu depoimento e, devido a isto, um inocente fica preso durante dez
anos. Neste caso, frente aos atuais conceitos de ética e moralidade, tal
situação é aceitável?
Claro que a resposta é negativa e, exatamente por isso, a jurisprudência
vem firmando entendimento de que TODAS as testemunhas tem o dever
de falar a verdade, aproximando em muito a testemunha compromissada
da não compromissada. Observe os julgados:

Apelação criminal. Falso testemunho. Recurso defensivo.


Atipicidade de conduta por ausência de compromisso.
Impossibilidade.

Existem duas orientações quanto à necessidade do compromisso


da testemunha: para uma, não comete o crime a testemunha não
compromissada, para outra corrente, a testemunha informante
pode cometer o referido delito.

Compartilho do segundo posicionamento e entendo que a


testemunha informante (não compromissada) pode incorrer no
crime de falso testemunho, pois, este surge da desobediência ao
dever de afirmar a verdade, "que não deriva do compromisso" (TJ-
RJ - RT ,392:116 - 2004). Desprovimento do recurso.

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HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA


JUSTIÇA: FALSO TESTEMUNHO, ART. 342 DO CÓDIGO PENAL.
Testemunha que não prestou compromisso em processo por ser
prima da parte, mas que foi advertida de que suas declarações
poderiam caracterizar ilícito penal.
A formalidade do compromisso não mais integra o tipo do crime
de falso testemunho, diversamente do que ocorria no primeiro
Código da República, Decreto 847, de 11-10-1890.
Quem não a é obrigado pela lei a depor como testemunha, mas
que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo Juiz, mesmo sem ter
prestado compromisso pode ficar sujeito às penas do crime de
falso testemunho. Precedente: HC 66.511-0, I Turma.
"Habeas Corpus" conhecido, mas indeferido. (STF, H.C. nº
69.358-0-RS, Rel. Min. Paulo Brossard).

3.2.5 TESTEMUNHAS NÃO SUJEITAS A COMPROMISSO

A regra dentro de nosso país é a obrigatoriedade de compromisso por


parte das testemunhas.
Entretanto, o artigo 208 do CPP dispõe:

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203


aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14
(quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de


depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

Do exposto, podemos resumir que as seguintes pessoas não prestarão


compromisso:

1- DOENTES MENTAIS;

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2- MENORES DE 14 ANOS;
3- PAR
RENTEES DO RÉÉU EN NUMEERADDOS NO AR RT. 2066 DOO CPPP:
ASCENDENTES, DESCENDENTES, IRMÃO E CÔNJUGE, AINDA
QU
UE SE
EPARADDO JUUDICIIAL
LMEENTE, E, PO
OR FIM,, OS
S AFINS EM
M
LIN
NHA RE
ETA (S
SOG
GROO, SO
OGRRA ETC).

A doutrina majoritária defende ser taxativo o rol acima apresentado, ou


seja, não cabem novas hipóteses. Este entendimento tem sido seguido
de maneira rígida pelos tribunais e isso acarreta a necessidade de alguns
apontamentos importantes:

1. Mévia é ex-cônjuge do réu, agora dele divorciado. Ela está sujeita


ao compromisso?
A resposta é positiva. Isso porque, dentre as pessoas citadas no art. 206
do Código como dispensadas do compromisso está o “desquitado”. Ora,
ao desquite sucedeu a separação judicial e não o divórcio. Além disso,
esse último instituto dissolve completamente o vínculo conjugal, ao
contrário do primeiro, não se justificando, pois, a dispensa do
compromisso ao divorciado.

2. O companheiro do(a) réu(ré): Com a equiparação pela Constituição


Federal, caso caracterizada a União Estável, não há que se falar em
obrigatoriedade do compromisso..

3. Amigo íntimo e inimigo capital do réu: Não estão dispensados do


compromisso, pois a lei é silente. Como já vimos a lista é TAXATIVA.

4. Parentes da vítima: Como não estão na lista do artigo 208, estão


sujeitos a compromisso também. Mas professor, não cabe analogia à
regra do art. 206? Não, pois a lista é TAXATIVA (Já guardou ou repito
mais uma vez?)

5. Depoimento que importa em auto-incriminação: Embora nada


disponha o Código de Processo Penal a respeito, a jurisprudência tem
entendido, majoritariamente, que, embora sujeito a compromisso, “nos
termos de precedentes do STF, o crime de falso testemunho não se
configura quando com a declaração da verdade o depoente assume o
risco de ser incriminado (HC 73.035/DF, DJ 19.12.96, p. 51.766)” (STJ,
HC 20.924/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, em 07.04.2003).

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6. Tios, primo, sobrinhos e cunhados do réu: sujeitos, normalmente, a


compromisso. Todos, afinal, são parentes colaterais – os dois primeiros
legítimos, o terceiro por afinidade –, não incluídos no âmbito do art. 206,
referido no art. 208 do CPP.
Do exposto podemos resumir:

DOENTES MENTAIS *********************

MENORES DE 14 ANOS *********************

ASCENDENTES *********************

DESCENDENTES *********************

AMIGO ÍNTIMO *********************

CÔNJUGE *********************

SEPARADO *********************
JUDICIALMENTE

DIVORCIADO *********************

AFINS EM LINHA RETA *********************

IRMÃO *********************

INIMIGO CAPITAL *********************

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PARENTES DA VÍTIMA *********************

TIOS / PRIMOS / *********************


SOBRINHO / CUNHADO

DEPOIMENTO QUE *********************


IMPORTA EM AUTO-
INCRIMINAÇÃO

3.2.6 CARACTERÍSTICAS

A prova testemunhal possui várias características, dentre as quais


destaco para sua PROVA:

A) ORALIDADE: A prova testemunhal deve ser colhida mediante uma


narrativa verbal prestada em contato direto com o juiz, as partes e seus
representantes, apenas transportando-a por termo aos autos.
O depoimento será oral, nos termos do art. 204 do CPP.

Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo


permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto,
breve consulta a apontamentos.

Há, porém, algumas regras, que excetuam ou mitigam a regra da


oralidade estrita, as quais consistem:

1 - Possibilidade de realizar a testemunha breve consulta a


apontamentos (nome de uma rua ou de uma localidade,
sobrenome de uma pessoa, marca de um carro, um
itinerário percorrido etc.).

2 – Opção conferida ao Presidente da República e seu vice,


Presidente do Senado, da Câmara dos Deputados e do
Supremo Tribunal Federal entre a prestação de depoimento
oral ou escrito. Neste último caso, conforme dispõe o art.
221, § 1°, do CPP, as perguntas formuladas pelas partes e
pelo magistrado serão enviadas por ofício e, do mesmo

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modo, as respostas devolvidas ao juízo. Por analogia,


idêntica possibilidade deve ser conferida aos Presidentes
dos demais Tribunais Superiores (Superior Tribunal de
Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior do
Trabalho e Superior Tribunal Militar).

Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República,


os senadores e deputados federais, os ministros de
Estado, os governadores de Estados e Territórios, os
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e
dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros
e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados,
do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo
serão inquiridos em local, dia e hora previamente
ajustados entre eles e o juiz.
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão
optar pela prestação de depoimento por escrito,
caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e
deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício.
(grifo nosso)

3 – Testemunha surda, ou muda, ou surda-muda, à qual as


perguntas e/ou respostas serão feitas por escrito, perante o
juiz, por razões óbvias.

Art. 223. [...]


Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-
mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.

4 – Testemunha em crime de abuso de autoridade, que


poderá optar pela prestação de depoimento por escrito,
conforme estabelece o art. 14, § 1.°, da Lei 4.898/1965.

B) OBJETIVIDADE: A testemunha fala apenas sobre os fatos


percebidos por seus sentidos e objeto da demanda, sem emitir sua
opinião pessoal. A exceção é admitida quando a reprodução exigir
necessariamente um juízo de valor. Ex. a testemunha afirma que o
causador do acidente automobilístico dirigia em velocidade incompatível

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com o local, comportando-se de forma perigosa. Tal apreciação subjetiva


é indestacável da narrativa, devendo, portanto, ser mantida pelo juiz.

C)) RETTROSP PECTIVI IDADE: A testemunha é chamada para reproduzir


fatos passados, acontecimentos pretéritos conhecidos, e nunca para
fazer previsões para o futuro. A testemunha depõe sobre o que assistiu e
por isso é sempre retrospectivo. Exemplo: Tício está sofrendo um
processo e arrola como testemunha Meviolino, cartomante renomado da
região. Durante seu depoimento, Meviolino, após uma inquirição, fecha
os olhos e grita: “MENTALIZEI QUE A OFENDIDA VAI FICAR
COMPLETAMENTE CURADA!!!”. Isso servirá para algo? Claro que não.

D) JUDICIALIDADE: Tecnicamente, só é prova testemunhal aquela


produzida em juízo.

E) INDIV VIDUALI IDADE: Cada testemunha presta o seu depoimento


isolada de outra.

Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,


de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das
outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso
testemunho.

F) OBRIIGAATOR RIED DADE DE COMPAAREECIMENNTO: Uma vez


regularmente notificada para depor, a testemunha tem a obrigação de
comparecer a juízo sob pena de condução coercitiva, pagamento das
despesas da condução, multa e, até mesmo, processo criminal por
desobediência (arts. 218 e 219 do CPP).

Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de


comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à
autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja
conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da
força pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa
prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de
desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da
diligência.

Esta regra, contudo, não é absoluta, admitindo exceções, as quais


consistem:

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• Pessoas que, em razão de doença ou idade, estiverem


impossibilitadas de comparecer ao Juízo, caso em que deve o juiz
deslocar-se e ouvi-las no lugar onde estiverem (art. 220 do CPP).

Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por


velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde
estiverem.

• Presidente e Vice-Presidente da República, os senadores e deputados


federais, os ministros de Estado, os governadores de Estado, os
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados estaduais, os membros do Poder Judiciário,
os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados,
do Distrito Federal bem como os do Tribunal Marítimo, aos quais
confere a lei (art. 221, caput, do CPP), o direito de agendar,
previamente, o dia, a hora e o local em que deverão ser ouvidos.
Observe-se que idêntica prerrogativa possuem os membros do
Ministério Público (art. 40, I, da Lei 8.625/1993).
Ademais, quanto ao Presidente da República e seu vice, bem como
Presidentes do Senado, Câmara dos Deputados e Supremo Tribunal
Federal (aqui se incluindo, por analogia, os Presidentes dos demais
Tribunais Superiores), poderão eles, ainda, optar pela prestação de
depoimento escrito, nos termos do art. 221, §1.°, do CPP que já
tratamos.

G) OBBRIGGATTORI
IEDADDE DA PRE ESTA AÇÃO DE DEPO
OIM
MENTO: Caro
aluno, TESTEMUNHA tem direito ao silêncio?
A resposta é negativa, pois poderá ser enquadrada esta conduta no
crime de falso testemunho, que se caracteriza quando o indivíduo fizer
afirmação falsa, calar ou negar a verdade sobre fatos de que tenha
ciência.
Assim, podemos dizer que comparecendo a juízo, tem a testemunha
obrigação de depor, não podendo se eximir deste dever que lhe é
imposto por lei. Observe:

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de


depor.

Entretanto, existem exceções que retiram essa obrigação da testemunha


em depor. São elas:

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• Pessoas referidas no art. 206, 2.ª parte, do CPP:

Art. 206. [...] Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o


ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo,
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

OBSERVAÇÃO: Esta exceção tem caráter relativo, pois caso o Juiz


entenda ser a testemunha a única fonte de prova, poderá não aceitar a
recusa.

• Pessoas do art. 207 do CPP:

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de


função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho

Exemplos: padre, psicólogo, psiquiatra, advogado etc., em relação,


evidentemente, aos fatos que souberam em decorrência da confiança
inspirada pela atividade que exercem.
Observe-se que o dever de depor sob pena de falso testemunho não
existe para a vítima, visto que, regulamentada em capítulo à parte, não
lhe é aplicável a regra do art. 206, atinente, exclusivamente, à prova
testemunhal.
Assim, caso venha a silenciar, estará a vítima colaborando para
absolvição do réu, nada impedindo que, mais tarde, venha seu silêncio a
ser interpretado como retratação tácita a eventual depoimento
incriminador que tenha prestado anteriormente, podendo responder,
então, por denunciação caluniosa ou falsa comunicação de crime, se for o
caso.
Também não existe, como já vimos, dever de depor ao réu que tem,
constitucionalmente, assegurado o direito ao silêncio, corolário do
princípio nemo tenetur se detegere.

Do exposto, resumimos:

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ORALIDADE A prova testemunhal deve ser colhida


mediante uma narrativa verbal

OBJETIVIDADE A testemunha fala apenas sobre os fatos


percebidos por seus sentidos e objeto da
demanda, sem emitir sua opinião
pessoal.

RETROSPECTIVIDADE A testemunha não é a “MÃE DINAH”, ou


seja, deve falar de fatos pretéritos.

JUDICIALIDADE Só é prova testemunhal aquela produzida


em juízo.

INDIVIDUALIDADE Cada testemunha presta o seu


depoimento isolada de outra.

OBRIGATORIEDADE DE Se notificada, a testemunha tem a


COMPARECIMENTO obrigação de comparecer a juízo sob
pena de condução coercitiva.

OBRIGATORIEDADE DE Testemunha não tem direito ao silêncio.


DEPOIMENTO

3.2.7 A CONTRADITA E A ARGUIÇÃO DE DEFEITO

Imaginemos que Tício é réu em um processo penal. Em determinado


momento, quando do depoimento de uma testemunha considerada “chave”
pela acusação, percebe que o depoente é o padre da igreja que freqüenta, o
qual recentemente ouvira sua “confissão”. Neste caso, como Tício poderá
impedir que aquela testemunha se pronuncie sobre o ocorrido? Será que
depois de arroladas não há meio cabível para tal situação?
Existem no ordenamento jurídico institutos capazes de impedir o
depoimento de uma testemunha. Tais instrumentos recebem o nome de
contradita e argüição de defeito e nada mais são que formas processuais
adequadas para argüir a suspeição ou a inidoneidade da testemunha.
Mas e se Tício tivesse arrolado a testemunha (o citado padre), pode ele
impedir sua participação no processo?
A resposta é positiva, pois a testemunha poderá ser contraditada ou argüida
por qualquer das partes, inclusive pela parte que a arrolou.

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Veja-se a respeito o art. 214:

Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão


contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos,
que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz
fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da
testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá
compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. .

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,


ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas
pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e
deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a
que se refere o art. 206.

Vamos agora tratar destes dois institutos:

3.2.7.1 CONTRADITA

A contradita encontra relação direta com a testemunha, mas nos


aspectos relacionados com situações legais. Aqui não se contesta o que
foi dito e sim quem vai dizer, com base nos preceitos da lei. Assim,
podemos resumir que a contradita deve ser utilizada:

1. EM RELAÇÃO À TESTEMUNHA QUE NÃO DEVA PRESTAR


COMPROMISSO (ART. 208 DO CPP): São os doentes
mentais, os menores de quatorze anos e as pessoas
enumeradas no art. 206 do CPP (cônjuge, ascendentes,
descendentes, irmãos e afins em linha reta do réu). Acolhida,

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em relação a eles, a contradita, o efeito é serem dispensados


do compromisso.

2. EM RELAÇÃO À PESSOA QUE SEJA PROIBIDA DE DEPOR


(ART. 207 DO CPP): São aquelas que têm ciência do fato
em razão da função, profissão, ofício ou ministério como o
advogado, o padre, o psicólogo, etc. Acolhida, neste caso, a
impugnação, o efeito é ser excluída a testemunha, vale dizer,
não deve ser tomado o seu depoimento pelo juiz.

Mas em que momento do processo será possível a contradita?


A contradita deve ser levantada logo após a qualificação da testemunha,
podendo ser argüida até o momento imediatamente anterior ao início do
depoimento. Iniciado este, estará preclusa a faculdade de contraditar a
testemunha.
Perceba, caro(a) aluno(a), que feita a contradita, surgirá para o
Magistrado as seguintes opções:

1. No caso do artigo 206 Î Consultará com a própria


testemunha se ela deseja ser ouvida.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a
fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a
mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova
do fato e de suas circunstâncias.

2. No caso do artigo 207 Î Excluirá a testemunha.


Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.

3. No caso do artigo 208 Î Ouvirá a testemunha sem


compromisso.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o
art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores
de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o
art. 206.

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4. Demais hipóteses Î Prossegue-se normalmente o


depoimento, valorando o mesmo (valor da prova) de
acordo com as circunstâncias da situação.

3.2.7.2 ARGUIÇÃO DE DEFEITO

Existem determinadas situações que não estão claramente presentes nos


supracitados artigos do CPP, mas que podem tornar a testemunha
indigna de fé ou suspeita de parcialidade.
Exemplos de casos que justificariam essa forma de impugnação
consistiriam na amizade íntima ou na inimizade capital com qualquer dos
envolvidos no fato delituoso, o parentesco com a vítima, a circunstância
de responder a processo criminal por fato análogo etc.
Temos aqui, diferenciando da contradita, casos que não impedem
necessariamente o depoimento das testemunhas (pois não abrangidas
pelo art. 207 do CPP) e tampouco a prestação de compromisso (pois não
referidas no art. 208 do CPP), mas que devem ser consignados no termo
de audiência para que possam ser considerados pelo juiz ao proferir a
sentença.
Do exposto, podemos esquematizar:

Pessoas proibidas Exemplo:


de depor. Padre / Pastor
(ART. 207) Advogado

CONTRADITA

Pessoas que Exemplo:


deverão depor, Menores de 14
mas sem anos / Doentes
Não quero a compromisso. Mentais / Art.
testemunha. (ART. 208) 206
Tem solução?

ARGUIÇÃO Pessoas com Exemplo:


interesse ou Parentes da
DE DEFEITO
ligação direta vítima /
com o processo Inimigo Íntimo
ou com uma das
partes. Indícios
de parcialidade.

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3.2.8 NÚMERO MÁXIMO DE TESTEMUNHAS

O número de testemunhas varia com o tipo de procedimento.


Vamos compreender:

Como regra geral:

Para a Acusação Î O número é definido segundo a quantidade de fatos


imputados, independentemente de quantos sejam os acusados.
Para exemplificar, no procedimento comum ordinário, o Ministério Público pode
arrolar até oito testemunhas para apuração de um crime de roubo, não tendo
relevância aqui se a denúncia atribui o delito a um ou vários agentes.
Diferentemente, se a denúncia estiver imputando dois crimes de roubo ao
mesmo ou vários agentes, o número de testemunhas será de, no máximo,
dezesseis.

Para a DefesaÎ Leva-se em consideração não apenas o número de fatos,


como também o número de réus.
Exemplo: Dois réus acusados da prática de um roubo terão o direito de arrolar,
cada um, oito testemunhas, totalizando dezesseis, ainda que possuam o
mesmo defensor. O mesmo número será facultado para o caso de um só réu
responder por dois crimes de roubo. No entanto, se dois réus respondem a
dois crimes de roubo, o número máximo permitido será de trinta e duas
testemunhas, isto é, oito para cada fato atribuído a cada réu.

Agora, o mais IMPORTANTE PARA SUA PROVA:

NÃO SE COMPUTARÃO NO NÚMERO MÁXIMO


PERMITIDO AS TESTEMUNHAS REFERIDAS, AS NÃO
COMPROMISSADAS, AS JUDICIAIS E AS QUE NADA
SOUBEREM QUE IMPORTE À DECISÃO DA CAUSA.

Para finalizar este tema, segue um quadro resumo com o número de


testemunhas atribuído a cada rito procedimental. Observe:

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CONHECER PARA ENTENDER

NÚMERO DE TESTEMUNHAS

a) OITO TESTEMUNHAS:

I) Procedimento comum ordinário (art. 401, § 1o).


II) Procedimento do júri (art. 406, §§ 2o e 3o).
III) Procedimento dos crimes de responsabilidade de funcionário público (art.
518).
IV) Procedimento dos crimes contra a honra (art. 519).
V) Procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial (art. 524).
VI) Procedimento dos crimes de competência dos tribunais regionais federais
e tribunais superiores (Lei nº. 8.038/90, art. 9º).
VII) Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima
igual ou superior a 4 anos.

b) CINCO TESTEMUNHAS:

I) Procedimento comum sumário (art. 532).


II) Procedimento dos crimes falimentares (Lei nº. 11.101/05, art. 185 c/c art.
532 do CPP).
III) Procedimento dos juizados especiais criminais (analogia com o art. 532).
IV) Procedimento previsto na lei de drogas (Lei nº. 11.343/06, arts. 54 e 55 §
1o).
V) Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima
inferior a 4 anos.

c) TRÊS TESTEMUNHAS:

I) Procedimento do crime de abuso de autoridade (Lei nº. 4.898/65, art. 2º,


parágrafo único).

3.2.9 FALSO TESTEMUNHO

Já tratamos, de forma geral, deste tema na aula anterior. Agora vamos


relembrar alguns pontos e, posteriormente, esmiuçar a matéria.
O Código de Processo Penal, no Capítulo "Das Testemunhas", exige "a
promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado", ou seja,

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a testemunha prestará o compromisso de dizer somente o que é verídico


(CPP. Art. 203).
Mas como no direito não pode haver determinação sem a correspondente
punição, o Código Penal, em seu artigo 342, define o delito de falso
testemunho:

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade,


como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral:

Pena - reclusão, de 1(um) a 3(três) anos, e multa.

Agora, caro(a) concurseiro(a), eu pergunto: São todas as testemunhas que


ao mentirem incidirão no tipo penal acima apresentado?
Para responder a este questionamento, temos que relembrar que existem
três tipos principais de pessoas relativas à testemunha. A primeira é a
pessoa que tem obrigação de depor (CPP. Art. 206), a segunda é a pessoa
proibida de depor (CPP. art. 207) e a terceira são as pessoas que podem
recusar prestar depoimento, mas se prestarem não estarão sujeitas ao
compromisso (CPP. Art. 206).
Com relação às testemunhas que prestam o compromisso, não há dúvida
que poderão responder pelo crime de falso testemunho, mas e as que não
prestam? Poderão mentir deliberadamente e, em alguns casos, condenar
um inocente sem nenhuma penalização?
É claro que a resposta só pode ser negativa, pois, conforme já vimos, a
jurisprudência majoritária vem entendendo que o crime de falso
testemunho independe de ter sido a testemunha compromissada ou não, já
que o art. 342 do CP, ao tipificá-lo, não exige esta circunstância como
elementar.
Isso ocorre porque o compromisso não tem sido mais considerado,
propriamente, como a obrigação de falar a verdade, relegado, isto sim, à
condição de sinal incorporado ao depoimento para que o juiz, no momento
da prolação da sentença, possa valorá-lo adequadamente.

3.2.9.1 PROVIDÊNCIAS JUDICIAIS EM CASO DE FALSO


TESTEMUNHO

Reza o Art. 211 do CPP:

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Art. 211 Se o juiz, ao pronunciar sentença final,


reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa,
calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração de
inquérito.

Quando o falso testemunho ocorre em uma audiência, o CPP determina


que o juiz encaminhe cópia do depoimento falso à autoridade policial ou
ao Ministério Público a fim de ser instaurado o inquérito.
Perceba que o Código estabelece essa obrigação ao magistrado no
momento em que “pronunciar a sentença final”. Mas, e se antes da
sentença final ocorre a retratação da testemunha? Segundo
entendimento dominante, se a testemunha se retrata o crime de falso
testemunho deixa de ser punível.
E se a retratação ocorre depois de proferida a sentença final? Segundo a
jurisprudência dominante, uma vez proferida a decisão de primeiro grau,
esgota-se a possibilidade de elisão do crime de falso pela
retratação posterior, ainda que se trate de decisão não transitada em
julgado.
Observação: Alguns autores e até mesmo alguns tribunais entendem a
possibilidade da ação referente ao delito de falso testemunho ter início
somente após a sentença final. Esse não é o entendimento adotado pelas
bancas de PROVA, pois as bancas seguem o STF e o STJ, observe:

Não é imprescindível a sentença, no feito principal,


para o início da ação penal por crime de falso
testemunho, ainda que se faça a ressalva de que a
decisão sobre o perjúrio não deve preceder à do feito
principal (STJ, HC 73.059/SP, DJ 29.06.2007).

3.2.10 PRECATÓRIAS

Imaginemos que Caio reside em São Paulo e foi arrolado como testemunha
no Rio de Janeiro. Caio terá que se deslocar para a Cidade Maravilhosa a
fim de prestar o depoimento?
Se não, como vai ser feito, através de MSN, Orkut, Twitter...?
Claro que não, será utilizada a carta precatória, cabendo a oitiva ao juiz de
sua residência. Tal disposição encontra amparo no CPP:

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Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será


inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para
esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as
partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução
criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento,
mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta
aos autos.

O artigo 222, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Penal, expressamente


prevê que a expedição da precatória não tem o condão de suspender o
curso da instrução criminal e que, findo o prazo assinado para o
cumprimento da deprecata, poderá ser dado prosseguimento ao feito,
inclusive com a realização do julgamento.
Mas e se o depoimento por precatória não chegar até o julgamento e o
indivíduo for condenado, poderá ensejar tal fato a nulidade processual?
A resposta nos é dada pelo STF que entende pelo não cabimento de
qualquer nulidade:

A expedição da precatória não suspenderá a


instrução criminal, ou seja, é possível a prolação de
sentença antes da devolução da precatória, sem que
tal ato importe em cerceamento de defesa (STF, AI
747.537, DJ 01.02.2010).

Finalizando, é importante citar que, nos termos do parágrafo 2º do art. 222,


uma vez devolvida a precatória, necessariamente esta será juntada aos
autos.

3.2.10.1 INTIMAÇÃO DAS PARTES

No final do artigo 222 fica clara a necessidade da intimação das partes


para a expedição da precatória. Agora pergunto, será necessária também
a intimação quanto à data da realização da audiência no juízo
deprecado?
A resposta é negativa, ou seja, É SUFICIENTE A INTIMAÇÃO COM
RELAÇÃO À EXPEDIÇÃO DA PRECATÓRIA. Tal entendimento, diante dos
diversos questionamentos, encontra-se sumulado pelo STJ. Observe:

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SÚMULA DO STJ Nº 273: INTIMADA A DEFESA DA EXPEDIÇÃO DA


CARTA PRECATÓRIA, TORNA-SE DESNECESSÁRIA INTIMAÇÃO DA
DATA DA AUDIÊNCIA NO JUÍZO DEPRECADO.

Mas e se as partes não forem intimadas, ocasionará nulidade processual?


Aqui a resposta é encontrada na súmula 155 do STF, que assenta o
entendimento de que gera nulidade relativa, ou seja, só anula se for
arguido a falha processual em momento oportuno. Veja:

SÚMULA DO STF Nº 155: É RELATIVA A NULIDADE DO PROCESSO


CRIMINAL POR FALTA DE INTIMAÇÃO DA EXPEDIÇÃO DE
PRECATÓRIA PARA INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHA.

3.2.10.2 VIDEOCONFERÊNCIA

Ainda no artigo 222 temos importante regra instituída no parágrafo


3º:

§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva


de testemunha poderá ser realizada por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real,
permitida a presença do defensor e podendo ser
realizada, inclusive, durante a realização da audiência de
instrução e julgamento.

O legislador inseriu no CPP importante instrumento de colheita de


prova oral, possibilitando ao próprio Magistrado que conduz o
processo penal, inclusive no curso da audiência de instrução e
julgamento, questionar fatos do processo à testemunha que esteja
fora de sua jurisdição. Este dispositivo busca evitar situações em que
um Juiz, que muitas vezes não tem nem conhecimento dos autos,
inquira testemunha pelo simples fato de ela estar em sua área de
jurisdição.

Do exposto, podemos esquematizar:

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JUÍZO DEPRECANTE JUÍZO DEPRECADO

TESTEMUNHA
PROCESSO EM NO RIO DE
SÃO PAULO
JANEIRO

DEMOROU PARA
DEVOLVER Î
PROSSEGUE
NORMALMENTE O
PROCESSO!
MAS NÃO TEM COMO
SER MAIS RÁPIDO?
SIM, POR
VIDEOCONFERÊNCIA.

3.2.11 TESTEMUNHO DOS MILITARES, FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E


PRESOS

• MILITARES Î Deverão ser requisitados à autoridade superior. Se o


requisitado não comparecer, nova solicitação deve ser feita. Se
novamente não atender o superior, será intimado para que apresente
o subordinado sob pena de desobediência.

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Art. 221[...]
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.

• FUNCIONÁRIO PÚBLICO Î Deverá ser intimado pessoalmente


como qualquer outro indivíduo, devendo, entretanto, haver
comunicação concomitante ao Chefe da Repartição. Caso este não
seja informado, o intimado não precisará comparecer.

Art. 221[...]
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218,
devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente
comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com
indicação do dia e da hora marcados.

• PRESO Î Será intimado pessoalmente, mas o diretor do


estabelecimento deverá ser comunicado.

3.2.12 FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS PELAS PARTES

Este é um importante ponto a ser tratado, principalmente para quem


estudou processo penal antes do advento da Lei nº 11.690/2008. Isto
porque, até bem pouco tempo, adotava-se no nosso país o chamado
sistema PRESIDENCIALISTA, no qual só o Juiz poderia se dirigir à
testemunha. Desta forma, as partes formulavam as perguntas, passavam
para o Magistrado e este questionava o depoente.
Bom, no que este procedimento importa para você??? EM ABSOLUTAMENTE
NADA, pois não é mais válido... Mas como no Direito nada é absoluto, serve
em um aspecto, para que você, caro(a) aluno(a), tome muito cuidado com
questões de concursos anteriores que tratem do tema. Nestas questões,
esta regra “ultrapassada” poderá estar constando como correta.
Hoje em dia, as partes se dirigem diretamente à testemunha em um
sistema denominado “cross examination”. Observe o preceituado no
artigo 212 do CPP:

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes


diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou
importarem na repetição de outra já respondida.

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Mas o fato de se dirigirem diretamente à testemunha quer dizer que o juiz


terá que aceitar qualquer pergunta?

Como fica claro no texto legal, nem todas as perguntas precisarão ser
aceitas pelo Magistrado.
Exemplo: Imagine que Tício faz uma pergunta à Mévia, testemunha, no
seguinte teor: “E, ai... Vai fazer alguma coisa esta noite?”. Como não tem
relação com a causa, pode não ser admitida.
Outra situação é a que Mévio, promotor público, começa a perguntar para
a testemunha: “ELE MATOU? TEM CERTEZA? MATOU OU NÃO MATOU? ELE
MATOU? OUTRA PERGUNTA...ELE MATOU?...MAIS UMA...ELE MATOU, OU
NÃO?”. Promotor chato!!! Perguntas repetidas que já foram respondidas
não são admitidas.
E, por fim, Caio, advogado da defesa, pergunta: “ Mévia, você sabe que
seu filho está com sérios problemas e está na dependência deste
julgamento para se livrar. Dito isto, você não pode afirmar que viu o
indivíduo com roupa preta naquele galpão?” Este é um exemplo claro de
pergunta que não pode ser aceita, pois induz uma resposta.

3.2.13 PROCEDIMENTOS

Finalizando o assunto, vamos traçar os principais procedimentos,


colocando-os em uma ordem lógica a fim de concatenar as idéias. Observe:

a) Comparecendo para depor, será a testemunha identificada.


b) Identificada, deverá prestar compromisso, salvo as exceções tipificadas
em lei, e será advertida da possibilidade de incidir no delito de falso
testemunho.
c) Em seguida, as partes poderão fazer uso da argüição de defeito e,
ainda, contraditar a testemunha.
d) Posteriormente, as testemunhas, serão inquiridas pelo juiz.
e) Após, será o momento das perguntas efetuadas pelas partes dentro do
sistema cross examination. As partes reperguntarão diretamente à
testemunha (direct e cross examination – pergunta direta por quem arrolou
e cruzada pela parte contrária), sem intermediação judicial, mas sob sua
fiscalização, facultando-se ao juiz, na dúvida sobre algum ponto obscuro ou
a ser esclarecido, formular outras perguntas, como último passo.
f) Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação,
temor ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo
que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por

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videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a


retirada do réu, prosseguindo na inquirição com a presença do seu
defensor.

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FUTURO(A) APROVADO(A), MUITO BOM!!! AQUI
VOCÊ ACABA DE FINALIZAR MAIS UM IMPORTANTE
TEMA RUMO À TÃO SONHADA APROVAÇÃO. SE A
PROVA ESTÁ CHEGANDO, VOCÊ TAMBÉM ESTÁ
ADQUIRINDO MAIS E MAIS CONHECIMENTO E É ISSO
QUE FARÁ A DIFERENÇA NO DIA DE COLOCAR O
ESFORÇO EM PRÁTICA. DITO ISTO, RESPIRE FUNDO,
RECARREGUE AS SUAS ENERGIAS E VAMOS À LUTA
COM MAIS UM ASSUNTO!!! BONS ESTUDOS!!!

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3.3 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

O Código de Processo Penal, em seus artigos 226 ao 228, trata do


reconhecimento de pessoas e coisas, isto é, regula o procedimento adequado
para o reconhecimento do acusado, do ofendido, da testemunha e de objetos.
Segundo o Professor Fernando Capez, “É meio processual de prova,
eminentemente formal, pelo qual alguém é chamado para verificar e confirmar
a identidade de uma pessoa ou coisa que lhe é apresentada com outra que viu
no passado”.

3.3.1 RECONHECIMENTO DE PESSOAS

Dispõe o CPP:

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o


reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:

1. A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a


descrever a pessoa que deva ser reconhecida Î Imaginemos que
Mévio comparece para fazer um reconhecimento e diz: O acusado
tinha 1,54, cabelos pretos e olhos pretos. No momento do
reconhecimento, aponta para um indivíduo de 1,94, cabelos ruivos e
olhos verdes. Neste caso, como houve uma descrição prévia que não
condiz com o reconhecimento, este poderá não ser aceito.

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2. A pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se


possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la Î
Existe muita divergência jurisprudencial quanto à expressão “se
possível”. Uns entendem que o “se possível” está se referindo à
necessidade de semelhança. Outros, quanto à obrigação de colocar o
indivíduo a ser reconhecido ao lado de outras pessoas. Para a prova,
devemos adotar o entendimento do STJ, o qual não reconhece
ilegalidade quando o réu é colocado sozinho para ser reconhecido.
Observe:

STJ, HC 7.802/RJ 1998/0057686-0

PROCESSUAL PENAL. HC. RECONHECIMENTO. RÉU POSTO


SOZINHO. PRISÃO PREVENTIVA. MANUTENÇÃO.
DESNECESSIDADE DE NOVA FUNDAMENTAÇÃO. DECRETO
NÃO JUNTADO AOS AUTOS. CONDIÇÕES PESSOAIS
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.

I. Não se reconhece ilegalidade no posicionamento


do réu sozinho para o reconhecimento, pois o art.
226, inc. II, do CPP, determina que o agente será
colocado ao lado de outras pessoas que com ele
tiverem qualquer semelhança "se possível", sendo
tal determinação, portanto, recomendável mas não
essencial.

3. Se houver razão para recear que a pessoa chamada para o


reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não
diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
autoridade providenciará para que esta não veja aquela Î Regra
importante que visa preservar a testemunha e, consequentemente, a
lisura do ato. Observe, entretanto, que o parágrafo único do art. 226
dispõe:

Art. 226
[...]
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de
julgamento.

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4. Do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito


pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas presenciais Î Tudo de
relevante que ocorrer durante o reconhecimento deverá constar em
um auto. Situações do tipo: “É aquele...não, não...acho que é aquele
outro” devem ser registradas a fim de impedir futuras discussões que
podem diminuir o valor da prova.

3.3.1.1 RECONHECIMENTO POR FOTOGRAFIA

Tem sido admitido como meio de prova pela jurisprudência. Observe:

STF - HABEAS CORPUS: HC 86052 SP


RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. AÇÃO PENAL. IRREGULARIDADE.

1. O impetrante não conseguiu demonstrar a existência de qualquer vício


no auto de reconhecimento fotográfico. Ademais, na espécie, o acusado
foi reconhecido judicialmente em audiência na qual esteve presente.

2. HC indeferido.

STJ - HABEAS CORPUS: HC 40870 SP

"HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO.


DOCUMENTO DE ORIGEM LEGAL. CONDENAÇÃO FUNDADA EM OUTROS
ELEMENTOS DE PROVA. RECONHECIMENTO PESSOAL. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.

'Induvidoso o valor do reconhecimento fotográfico, levado a efeito com


estrita observância das disposições cabíveis do artigo 226 do Código de
Processo Penal, nenhuma objeção há de ser feita à validade do processo,
mormente se o reconhecimento se reproduz em Juízo, ante a presença do
imputado na instrução criminal.'" Ordem denegada.

3.3.2 RECONHECIMENTO DE COISAS

Com relação ao reconhecimento de coisas, serão aplicadas as mesmas


regras, quando cabíveis, que dizem respeito ao reconhecimento de pessoas.
Observe:

Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as


cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.

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3.3.4 SEPARAÇÃO DE PESSOAS

Finalizando este tema, dispõe o Código de Processo Penal que se várias


forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer
comunicação entre elas.

3.4 ACAREAÇÕES

Caro(a) aluno(a), imagine a seguinte situação: Tícia não foi à festa de um


amigo, mas seu namorado Mévio foi.
No dia seguinte, Tícia resolve procurar saber, através de amigas, como Mévio
se comportou.
Uma amiga diz para Tícia que o viu com uma loira, outra diz que o viu com
uma morena, e uma terceira jura de pé junto que ele estava sozinho o tempo
todo.
Diante desta intrigante situação, Tícia resolve colocar frente a frente as três
amigas e o namorado, a fim de extrair a verdade. O que temos??? UMA
ACAREAÇÃO!!!
Acareação (também denominada de confrontação ou acareamento) é um meio
de prova previsto expressamente no Código de Processo Penal, disciplinado
nos arts. 229 e 230 e também referido no art. 6º., VI, segunda parte.
A palavra vem do verbo acarear que significa, segundo Aurélio, "pôr cara a
cara, ou frente a frente" e consiste em submeter testemunhas, acusados e
vítimas a novas inquirições, desta vez em relação a pontos divergentes
detectados em seus anteriores depoimentos e que digam respeito a fatos e
circunstâncias relevantes para a causa, ou seja, que possam, em tese,
concorrer diretamente para a condenação ou absolvição do acusado e, no caso
de condenação, para a maior ou menor gravidade penal.
Pressupõe, portanto, um anterior depoimento de uma daquelas pessoas, bem
como a constatação de contradições, no todo ou em parte, das respectivas
declarações.

3.4.1 SUJEITOS DA ACAREAÇÃO

Segundo o CPP, em seu artigo 229, podem ser acareados os acusados, as


testemunhas e os ofendidos. Observe:

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Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre


acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou
testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,
sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que
expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato
de acareação.

Sendo assim, de acordo com o CPP, temos as seguintes possibilidades de


acareação:

1. ACUSADO X TESTEMUNHA
2. TESTEMUNHA X TESTEMUNHA
3. TESTEMUNHA X OFENDIDO
4. OFENDIDO X OFENDIDO
5. ACUSADO X ACUSADO
6. ACUSADO X OFENDIDO

NÃO HÁ COMO OBRIGAR O ACUSADO A SUBMETER-SE


AO PROCEDIMENTO DA ACAREAÇÃO. NADA IMPEDE,
CONTUDO, QUE SEJAM OS RECUSANTES OBRIGADOS
A FAZER-SE PRESENTE.

3.4.2 ACAREAÇÃO ATRAVÉS DE CARTA PRECATÓRIA

Observe como o código trata do tema:

Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações


divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a
conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que
explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á
precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha
ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da
testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como
o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência,
ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma

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estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se


realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o
juiz a entenda conveniente.

Se um dos sujeitos da acareação (e não somente a testemunha, como deixa


entrever o art. 230) não estiver na comarca do juízo processante, ou seja,
encontrar-se ausente do local onde tramita a ação penal, a outra pessoa
que está presente na comarca será notificada e informada da divergência
detectada nos dois depoimentos, lavrando-se um auto de tudo o que
ocorrer.
Se persistir a discordância, deverá ser expedida carta precatória à
autoridade do lugar onde se encontre o outro sujeito, devendo ser
transcritas as duas declarações nos pontos em que divergirem, bem como o
texto daquele auto, complementando-se a diligência com a ouvida no Juízo
deprecado do depoente ausente.
Observa-se que esta diligência não se realizará quando significar
injustificada dilação processual, mas, contrariamente, apenas será
produzida quando a autoridade a entenda conveniente e necessária para a
descoberta da verdade real.
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É isso ai, pessoal!

Mais um importante passo dado rumo à tão sonhada aprovação. Agora é


manter o ritmo e prosseguir firme nos estudos para em breve colocar tudo em
prática.
Na próxima aula finalizaremos o tema e veremos exercícios que versarão sobre
as PROVAS.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e
será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.
José Saramago

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma


testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o
tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos,
poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não
tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
complementar a inquirição.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros
do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União,
dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas,
formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por
ofício.
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo,
porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados.
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida
pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha
poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do

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defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência


de instrução e julgamento.
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de
pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a
pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao
lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a
verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela
autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase
da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas
estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento
de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se
qualquer comunicação entre elas.
DA ACAREAÇÃO
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os
pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de
outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da
divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a
discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a
testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da
testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do
referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha
ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta
diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e
o juiz a entenda conveniente.

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