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OS TRÊS ESTILOS POLÍTICOS

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Prof. Erinaldo Barbosa da Silva/UFVJM

No livro de Carlos Matus são desenvolvidas técnicas de planejamento estratégico,


precedidas por uma interessante análise de três estilos de fazer política com seus respectivos
estágios de ação e meios utilizados para alcançar os objetivos.

ESTILO CHIMPANZÉ

O antropólogo holandês Franz B.M. de Wall na obra intitulada Chimpanzee Politic, Power and Sex
Amrong Apes estuda a vida dos chipanzés identificando uma luta permanente pelo poder de
liderar o grupo fazendo alianças circunstanciais e rompendo-as com muita freqüência. Verificou
ser muito comum dois chipanzés se aliarem para derrotar um terceiro que detém o poder. Logo
após a vitória, a aliança se desfaz e uma nova conspiração ocorre para derrotar o novo líder. Este
estilo se caracteriza por:
a) individualismo extremo
b) alto grau de rivalidade individual
c) supervalorização da força e da agressão como critério de superioridade e de eleição do líder
d) geração de um sistema altamente competitivo com ameaças constantes
e) projeto social inexistente
f) reconciliação como uma maneira de reparar danos causados ao derrotado e diminuir a oposição
g) clima de alta tensão na comunidade dirigida. . A frase: "O projeto é o chefe e o chefe é o
projeto" sintetiza este perfil, como a mais primitiva forma de fazer política.
Os ditadores representam, na sua grande maioria, um estilo com esta predominância em que a
busca desenfreada pela postura pessoal, a auto-idolatria e a megalomania nas obras materiais
são uma constante, ao lado do desprezo pelo povo. Não hesitam em lançar mão da violência para
reprimir qualquer manifestação em contrário, chegando até aos genocídios cruéis.
Exemplos marcantes deste estilo existem inúmeros, especialmente na América Latina ou no
Brasil, tais como Augusto Pinochet no Chile, Alberto Fujimori no Peru ou os generais que se
sucederam na ditadura militar da Argentina ou do Brasil entre 1964 e 1985.

ESTILO MAQUIAVEL

Neste estilo, o fim justifica os meios empregados. Existe um projeto de grupo. O chefe não é o
projeto, mas o projeto parece impossível sem este chefe.
Não existem amigos, no máximo aliados. Todos os outros são oponentes, portanto, inimigos que
devem ser vencidos. Este estilo se caracteriza por:
a) projetos conflitivos;
b) o outro é ameaça permanente;
c)o projeto é superior em relação ao indivíduo e também em relação ao chefe;
d) o uso da violência é aceito na defesa de objetivos considerados superiores;
e) total subordinação dos meios aos fins;
f) o poder é fonte de privilégios.

ESTILO GANDHI

Os valores morais e a ética estão em primeiro plano e se reconhecem os direitos dos


adversários que não devem ser tratados como inimigos. O líder não reclama poderes especiais e
é líder porque representa o consenso e tem o respeito de todos. Os objetivos não devem ser
alcançados por quaisquer meios. Os adversários não devem ser vencidos e sim reconhecidos
como companheiros com os quais se deve conviver. Suas estratégias privilegiam a persuasão, o
diálogo, a negociação cooperativa, a elevação da cultura do trabalho em comum, a diminuição das
desigualdades sociais. Ao invés de derrotar o oponente, busca conquistá-lo.
Gandhi é a máxima expressão deste estilo. Sua força é antes de tudo moral, encarnando a
honestidade e a coerência entre a palavra e a ação.
As características deste estilo são:
a) credibilidade da palavra sustentada pelo exemplo pessoal do líder:
b) baixa rivalidade individual;
c) baixo nível de ameaça;
d) inexistência de mentira ou violência;
e) abolição do conceito de inimigo;
f) o projeto social é valorizado;
g) cooperação elevada;
h) respeito amplo aos diretos humanos.
Segundo o autor, apesar de ideal, é quase impossível na Terra um estilo político Gandhi puro. "O
mais comum é a convivência simultânea dos três estilos em doses diferentes, sendo portanto
desejável que o estilo seja predominantemente Gandhi, com muito pouco de Maquiavel e quase
nada de Chimpanzé”. Neste caso, a ideologia e os valores morais se sobrepõem aos interesses
individuais e aos benefícios materiais.
De forma sintética, Matus afirma que a perspectiva do cientista clássico, baseada na
práxis vertical, possui como características principais: o determinismo108; a desconsideração das
subjetividades; a compartimentalização vertical das ciências; a explicação única da realidade
através de diagnóstico; a consideração da sociedade como um objeto sem atores109 ou como um
sistema manipulável. Para os deterministas, o homem não tem a liberdade de criar o seu futuro.
Matus (2000) entende que a rigidez dessas idéias é infensa à complexidade e nebulosidade da
práxis social. Em contraponto, propõe a perspectiva do ator que protagoniza o jogo social,
baseada na práxis horizontal, ou seja, propõe uma teoria da ação social.

Entendendo o jogo social como a arena onde ocorre a prática política e se exercita o
governo, constata-se que ele se apresenta como um meio conflitivo, competitivo e/ou cooperativo.
A perspectiva proposta pretende enfatizar a relação entre sujeitos e os problemas da interação
social; a legitimação das incertezas, da subjetividade e da criatividade; a explicação da realidade a
partir da observação dos vários atores participantes do jogo; a substituição do conceito de
diagnóstico pelo conceito de análise situacional, a identificação de problemas sociais, que são
sempre “quase-estruturados”, ou seja, relativos a um jogador, podendo, ao mesmo tempo,
representar uma ameaça para alguns atores e, por outro lado, uma oportunidade para outros
(MATUS, 2000).

No espaço social, assim, não haveria uma ordem determinística, sendo o lugar de um
jogo aberto e criativo. Desse modo, pode o homem, com algumas restrições, criar o seu futuro,
mesmo que não possa escolher as circunstâncias dessa ação criadora, ou seja, o contexto. Matus
(2000) acrescenta que a ação social é orientada e motivada por um sentido (racional ou passional)
e executada mediante uma causalidade. As relações causais são independentes de nossa
vontade, já as conexões de sentido representam o porquê da ação, ou seja,a vontade e o motivo
dos atores; logo, para compreender a realidade, é necessário compreender tanto as causas como
os sentidos. Interessam, assim, à teoria da ação social, os valores, as tradições, o juízo analítico e
o juízo intuitivo, diferentemente das considerações da ação instrumental, própria das ciências
naturais. Dessa forma, nas ciências sociais seria de suma importância identificar quem atua e por
que atua, considerando que os resultados dependem, em parte, do ator que os produz e dos
atores afetados. Dever-se-ia levar em conta que os valores e as motivações estão por trás da
ação.
Matus estabelece uma diferenciação entre o chamado “cálculo paramétrico” e o
“cálculo interativo”. O “cálculo paramétrico” seria o cálculo da continuidade, que estabelece uma
projeção única sobre o futuro, não havendo criatividade, nem incerteza. Ao contrário, o “cálculo
interativo” seria um conceito relevante para o entendimento da ação social, sendo um modo
distinto de explorar o futuro.

Bibliografia

Matus, Carlos. Estratégias Políticas: Chimpanzé, Maquiavel e Gandhi , São Paulo, Fundap,
2007, 294 páginas, 2ª impressão

Gonçalves, Raquel Garcia. Modelos Emergentes de Planejamento: Elaboração e Difusão: Um


estudo de Planejamento Estratégico Situacional, Tese de Doutorado, UFRJ, 2005.

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