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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR

DESEMBARGADOR RELATOR GUILHERME G.


STRENGER, DA 11ª CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo nº 0002007-22.2016.8.26.0125

EMBARGANTE: IGOR APARECIDO DE OLIVEIRA


PINTO

IGOR APARECIDO DE OLIVEIRA PINTO, já devidamente


qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado e
procurador, que a esta subscreve nos autos supramencionados,
com fundamento no Art. 609, parágrafo único do CPP, não se
conformando, data vênia, com o respeitável acórdão, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência opor,
tempestivamente, o presente:

EMBARGOS INFRINGENTES
Requer, com a devida vênia, que seja o presente recebido e seja
ordenado o seu processamento, reconhecendo os seus
fundamentos, conforme expostos pelo desembargador vencido
em seu voto, com os fatos e fundamentos que se seguem.

DOS FATOS
O Embargante foi processado e condenado, nos termos do
acórdão proferido pela 11ª Câmara Criminal do Egrégio
Tribunal de Justiça que, por maioria de votos, reformou a
sentença de primeira instância proferia, mantendo
parcialmente a sentença proferida em primeira instância.

Na ocasião do julgamento, o Excelentíssimo Desembargador


Xavier de Souza, discordou do entendimento da maioria e
entendeu que o caso era de absolvição, estes foram os seus
argumentos:

“Cuida-se de apelação interposta por IGOR APARECIDO DE


OLIVEIRA PINTO contra a sentença de fls. 569/574, que, na 2ª
Vara Judicial da Comarca de Capivari, julgou procedente ação
penal, condenando-o a cumprir, em regime inicial fechado (vedado
o recurso em liberdade), a pena de cinco anos de reclusão e a
pagar quinhentos dias-multa, no piso, por infração ao disposto no
artigo 33, caput, da Lei 11.343/06, em razão de fato ocorrido no
dia 13 de setembro de 2016, por volta das 15h30min, no intersecção
das Ruas Justiça e Honestidade, Bairro Santa Tereza D'Ávila, na
cidade e Comarca de Capivari, quando trazia consigo, para fins
de tráfico, (i) 41 (quarenta e uma) porções de cocaína, que
totalizavam 23g (vinte e três gramas); (ii) 17 (dezessete) porções
de crack, que totalizavam 10g (dez gramas); (iii) 13 (treze)
porções de maconha, que totalizavam 12g (doze gramas),
substâncias que causam dependência física e psíquica, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.

Sustenta, em resumo, o apelante,


preliminarmente, que houve cerceamento do direito de defesa,
ocasionado pela juntada tardia de inquérito policial em que figura
como vítima de lesão corporal praticada por um dos guardas
municipais, que é testemunha de acusação. No mérito, alega que as
provas são frágeis para a condenação. Busca a absolvição ou,
subsidiariamente, a redução da pena, o abrandamento do regime
prisional e a substituição da reprimenda carcerária por restritivas
de direitos.

O recurso foi regularmente processado,


manifestando-se a Procuradoria-Geral de Justiça pelo
desprovimento.

É o relatório.

Respeitado o entendimento da maioria da Turma Julgadora, dela


ouso divergir.

A análise da matéria preliminar está


prejudicada, em face da solução de mérito absolutória.
Na fase extrajudicial o acusado disse que é usuário de maconha.
Narrou que saiu da casa de sua avó, no bairro engenho velho, e
atravessou a mata existente no bairro Santa Tereza D'Ávila, para
comprar maconha. Alegou que encontrou um garoto fumando
maconha e lhe perguntou se ele possuía tal entorpecente para
venda. A resposta foi afirmativa e passou a fumar a maconha que
o garoto estava consumindo naquele momento. O menor saiu para
buscar o entorpecente que havia solicitado para compra. Nesse
intervalo viu uma motocicleta da guarda civil e saiu correndo. Entrou
numa casa e foi pulando diversos muros até ser detido no quintal
de uma das residências. Foi algemado e levado até um monte de
entulho, onde os guardas encontraram drogas. Afirmou não ser
traficante e não saber a quem pertenciam as drogas encontradas.
Negou ter dispensado a droga, dizendo que apenas correu, porque
estava “no local errado, na hora errada” (fls. 52/53).

Em juízo, o réu apresentou, na essência


o mesmo discurso, repetindo que foi ao local apenas para comprar
maconha, sendo então abordado por guardas municipais.

Os guardas municipais Leandro Augusto


e Fernando Sebuske apresentaram relatos que se apresentaram
coesos e harmônicos. Declararam que estavam em ação conjunta
com a Polícia Militar quando se depararam com o acusado. Ele,
ao notar a aproximação dos agentes públicos, correu e dispensou
uma sacola plástica em um entulho. Dentro dela havia entorpecentes
e uma arma de plástico.
Rotineiramente se tem invocado que as palavras de policiais ou de
guardas municipais são suficientes para a edição de decreto
condenatório, principalmente quando os relatos vêm marcados pela
coerência e são confirmados pelas provas remanescentes.

Na hipótese em exame, porém, há um


fator que, a meu ver, impede seja mantida a condenação.

O guarda municipal Fernando Sebruske


está sendo processado criminalmente por ter supostamente
praticado lesão corporal contra Igor no dia 29 de julho de 2015.

Pouco mais de um ano depois, esse


mesmo agente, durante a tramitação do inquérito policial que
apurava a notícia da lesão corporal, foi um dos responsáveis
pela prisão em flagrante de Igor pelo evento aqui retratado.
Por mais que os episódios não estejam
relacionados entre si e que não haja comprovadamente notícia da
intenção do guarda municipal Fernando de incriminar injustamente
pessoa inocente, o fato de o réu ter sido preso em flagrante por um
agente que era, ao tempo da ação, investigado pela prática de
suposta crime contra o acusado, retira a isenção que deve nortear a
prova oral.

Não se está aqui afirmando que


Fernando tenha mentido nestes autos ou que tenha efetivamente
cometido a lesão corporal contra o réu. Longe disso. O que se
está afirmando é que não é possível rotular a prova oral de
isenta, imparcial.
Em outras palavras, entendo que é
temerária a manutenção da condenação com apoio em relato de
pessoa que está sendo processada por suposto ato cometido
contra o réu, pouco mais de um ano antes do fato aqui apurado. De
modo que, sempre respeitado o entendimento da maioria da Turma
Julgadora, a absolvição é medida que se impõe.

Por tais motivos, pelo meu voto, dava


provimento ao recurso para absolver o réu, com apoio no artigo 386,
inciso VII, do Código de Processo Penal, expedindo-se alvará de
soltura clausulado.”
Apesar do não provimento inteiro do recurso, sustenta-se que o
voto divergente considerou que o Acusado deve ser absolvido.

DO DIREITO
Excelência, respeitado o entendimento da maioria dos
Excelentíssimos desembargadores, a defesa acompanha o
raciocínio do voto divergente, pelos seguintes motivos:

1º Em seu depoimento em fl. 421 dos autos, o guarda


Fernando Sebuske, que no atual momento vem sendo
investigado por uma possível coronhada que deu no réu no
passado conforme o inquérito juntado pela defesa em fls. 458-
554, Alegou na audiência que não conhecia o réu que estava
sendo acusado e nunca teve nenhum desentendimento com ele.
Fato que comprova seu testemunho mentiroso. Apesar de tudo,
os arquivos da audiência gravada, ainda não foram
disponibilizados nos autos para poder ouvir seu testemunho
fraudulento. O qual peço que urgentemente seja juntado e
analisado pela Colenda Câmara. E caso comprovado o falso
testemunho, que o caso seja encaminhado ao órgão do
Ministério Público, para que se apure as providências
necessárias.

2º Fernando Sebuske, está sendo ainda investigado pelo


crime que cometeu contra o réu. Este mero advogado que vos
fala não possui acesso ao sistema para saber se foi feita alguma
denúncia já no momento ou se há algum processo correndo em
sigilo. Caso sim, requeiro que o mesmo princípio da presunção
da inocência, estabelecido em nossa Carta Magna em seu art. 5º
inciso LVII, seja aplicado para ambos, tanto para o guarda
munipal Sebuske quanto para o réu Igor.

3º Ambos os guardas em seus depoimentos, que não foram


disponibilizados nos autos, disseram que o réu jogou o pacote
com drogas justamente em um entulho, cujo qual é comum
serem encontrados drogas. Ambos perguntados pela defesa não
souberam informar o que comprovaria que o pacote que foi
encontrado era realmente do réu.
4º Excelências, este mero advogado que busca justiça, apenas
lhes pede a devida apuração minuciosa que o caso merece, e crê
que Vossas Excelências o farão.

DOS PEDIDOS
Por todas estas razões elencadas, requer:

a) o conhecimento e provimento dos Embargos Infringentes,


para acolher integralmente o voto vencido e, assim,
reformar a sentença produzida em primeira instância.
b) Caso comprovado o falso testemunho de Fernando
Sebuske, que o Ministério Público seja notificado para
que possa tomar as devidas providências.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Sorocaba, 04 de fevereiro de 2019.

Felipe Muzel Gomes

OAB/SP nº 356.678
 

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