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ISSN 1608-7283
Relatório Geral
sobre a Actividade
da União Europeia
2010
doi:10.2775/60968
pt Comissão Europeia
Açores (PT)
Reykjavík
Ísland
Madeira (PT)
Canarias (ES)
Guadeloupe (FR)
Martinique (FR)
Suomi Paramaribo
Finland Guyane
Norge Suriname Réunion (FR)
(FR)
Helsinki Brasil
Helsingfors
Oslo
Sverige
Stockholm Tallinn
Rossija
Eesti
Moskva
United Kingdom
Rīga
Latvija
Éire Danmark
Baile Átha Cliath
Dublin
København Lietuva
Ireland Vilnius
R. Minsk
Nederland Belarus'
London
Amsterdam Berlin
Qazaqstan
Warszawa
België Brussel
Deutschland Polska
Bruxelles
Kyïv
Belgique
Luxembourg
Paris Luxembourg
Praha Ukraїna
Česká
republika
Slovensko
Bratislava
Wien
France Schweiz Liechtenstein Budapest
Moldova
Bern
Suisse
Svizzera
Österreich Magyarország
Chişinău
Slovenija
Ljubljana Zagreb România
Hrvatska
Sakartvelo Tbilisi
Bucureşti
Bosna i Beograd Azərbaycan
San Marino Hercegovina
Portugal Monaco Srbija Haїastan
Andorra Sarajevo България Yerevan
Madrid
Italia
Crna Priština
Gora Kosovo
Bulgaria (Azər.)
Lisboa София
Roma Podgorica Sofia Iran
España
* UNSCR 1244
Skopje
Città del
Vaticano Tiranë P.J.R.M.
Ankara
Shqipëria
Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2010 Türkiye
Ελλάδα
Comissão Europeia Ellada
Αθήναι
Athinai
O Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2010 foi adoptado pela
Comissão Europeia em 16 de Fevereiro de 2011, com a referência SEC(2011) 189.
http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm
ISBN 978-92-79-17474-2
doi:10.2775/60968
Printed in Belgium
Prefácio 4
1 Na via da recuperação 6
Recuperação económica e reforço da governação 8
Apoio aos Estados-Membros em dificuldades 9
Reforço da governação económica 12
Acção climática 73
De Copenhaga a Cancun 75
Os resultados de Cancun 76
2
Ambiente 77
Biodiversidade 77
Sustentabilidade ambiental 78
Utilização sustentável dos recursos naturais e dos mares 79
Alargamento 99
CronologIA 132
Foi um ano dominado pela crise da dívida soberana que afectou a zona euro. Por
vezes, foi difícil descortinar o que iria acontecer em seguida. Por vezes, demos
tudo o que tínhamos a dar. Por vezes, tivemos de tomar medidas excepcionais.
Que tivéssemos conseguido superar as dificuldades é testemunho da determi-
nação e solidariedade que existem na União Europeia.
Aguardamos com expectativa o próximo ano, e é evidente que 2011 vai definir o
tipo de Europa que emergirá no futuro.
Uma parte fulcral da nossa nova abordagem será o novo semestre europeu que
conjuga regras orçamentais mais severas, através do reforço do pacto de estabi-
lidade e crescimento, com uma efectiva coordenação económica. Esta iniciativa,
juntamente com a adopção das propostas da Comissão sobre a governação
económica, antes do Verão, será um passo decisivo em termos de como lidamos
com as questões económicas na Europa.
4
Durante os últimos 12 meses, iniciámos o debate sobre como a Europa pode
investir melhor os seus recursos. Quero que a União Europeia se concentre em
acções que contribuam para o crescimento das nossas economias e estimulem o
emprego. Precisamos de investir o nosso dinheiro onde nos dão mais por ele. E
devemos investi-lo onde alavanque o crescimento e o êxito da nossa agenda
europeia. A qualidade da despesa deve ser, para todos nós, o critério de referência.
A Europa também deve ter um mercado único dos direitos dos cidadãos e valo-
res. Uma dimensão fundamental da nossa Europa é a construção de um espaço
de liberdade, segurança e justiça. Estamos a trabalhar arduamente para imple-
mentar o plano de acção de Estocolmo. Vamos avançar efectivamente nos
domínios do asilo e da imigração legal e ilegal.
Nunca como agora foi tão importante que a Europa se projecte do melhor modo
possível de um ponto de vista político e económico. À medida que as parcerias
estratégicas do século XXI vão emergindo, a Europa deve aproveitar a oportuni-
dade para definir o seu futuro. Estou impaciente por ver a União desempenhar
na cena mundial um papel consentâneo com o seu peso económico. Os nossos
parceiros observam-nos e esperam que nos empenhemos enquanto Europa e
não apenas como 27 países individuais. A criação do Serviço Europeu para a
Acção Externa é um grande passo em frente para propiciar a coerência da nossa
acção externa. Do G20 à agenda de desenvolvimento para os objectivos de
desenvolvimento do milénio, posso afirmar com orgulho que a Comissão está
agora a contribuir para um papel mais assertivo da União Europeia.
8
Apoio aos Estados-Membros em dificuldades
A UE tomou medidas para garantir a estabilidade financeira, em primeiro lugar «A nossa determinação é clara. Os chefes
com uma assistência financeira condicional à Grécia e depois com os mecanis- de Estado e de Governo da área do euro
mos aplicáveis à área do euro e a toda a UE. Em Maio, foi concedido à Grécia um estão prontos para fazer tudo o que for
necessário para assegurar a estabilidade
acesso específico a financiamento temporário, uma vez que este país não conse-
da área do euro no seu conjunto.» Herman
guia obter fundos nos mercados financeiros a taxas acessíveis devido aos receios
Van Rompuy, Bruxelas, 16 de Dezembro
dos investidores de que o país poderia não estar em condições de satisfazer os
seus compromissos. O acordo (2) segundo o qual os Estados-Membros [junta-
mente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu
(BCE)] disponibilizavam 110 mil milhões de euros, baseou-se em condições
rigorosas, num programa abrangente e ambicioso de reformas estruturais e num
acompanhamento contínuo. O pacote protege a Grécia da necessidade de obter
capitais nos mercados durante um período máximo de dois anos, após o qual se
espera que regresse a uma situação de financiamento pelo mercado.
A UE actuou muito rapidamente, prestando apoio financeiro sob a forma de uma De que modo a União Europeia
garantia no prazo de 10 dias a contar da apresentação do pedido. A rápida dispo- a judou a Grécia e a Irlanda
nibilização desta assistência foi ainda mais notável tendo em conta o facto de os Em Maio, a UE e o FMI colocaram
tratados da UE não preverem explicitamente instrumentos para fazer face à uma 110 mil milhões de euros à disposição da
Grécia.
situação tão extraordinária. Os dirigentes da área do euro tiveram de estabelecer
imediatamente um mecanismo de medidas financeiras de emergência que res- Em Dezembro, foram disponibilizados
peitasse plenamente a legislação tanto da UE como dos Estados-Membros. 85 mil milhões de euros à Irlanda pela UE,
Estados-Membros da área do euro, Reino
A Comissão desempenhou um papel importante na elaboração e adopção do
Unido, Suécia, Dinamarca, FMI, Tesouro
pacote de medidas, reuniu as contribuições bilaterais num empréstimo comum
Irlandês e fundos nacionais de reserva
e negociou as condições com as autoridades gregas.
de pensões.
© AP / Reporters
Graças à acção concertada da UE foi
possível controlar os riscos decorrentes das
Em seguida, em resposta a preocupações mais vastas sobre a possibilidade de
graves dificuldades económicas da Irlanda,
contágio na área do euro, e mediante um esforço comum ainda maior e mais onde as medidas de austeridade provoca-
ambicioso por parte de todas as instituições da UE e dos Estados-Membros, ram protestos generalizados.
foram criados (no fim-de-semana de 7 a 9 de Maio) dois mecanismos temporá-
rios de apoio aos Estados-Membros. Foi disponibilizado um montante total de
500 mil milhões de euros, composto por um mecanismo de estabilização
de 60 mil milhões de euros para todos os Estados-Membros administrado
pela Comissão — o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) —
e um instrumento intergovernamental de 440 mil milhões de euros para os
Estados-Membros da área do euro — o Fundo Europeu de Estabilidade Finan-
ceira (FEEF) — gerido por uma entidade especialmente criada para o efeito (3).
Esta vetrba foi suplementada com 250 mil milhões de euros do FMI. Este pro-
grama de estabilização de três anos, sem precedentes e com acesso sujeito a
condições rigorosas, garante um apoio temporário altamente eficaz aos países
da área do euro confrontados com o aumento vertiginoso do rendimento das
suas obrigações.
9 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Características dos novos Em finais de Novembro, o Governo irlandês solicitou assistência financeira
mecanismos temporários quando o país se viu confrontado com novas dificuldades de contracção de
O Mecanismo Europeu de Estabilização empréstimos. Após intensa coordenação, o Conselho, a Comissão e o BCE acor-
Financeira (MEEF) está dotado de montante daram que se justificava a prestação de assistência à Irlanda a fim de salvaguardar
máximo de 60 mil milhões de euros e é
a estabilidade financeira na UE e na área do euro. Proporcionaram assim apoio
gerido pela Comissão Europeia, que utiliza
através do MEEF e do FEEF, sendo esta a primeira vez que o novo regime foi utili-
o orçamento da UE para obter fundos nos
mercados financeiros e os reemprestar a zado. Os ministros das Finanças formalizaram o empréstimo e as condições que
um Estado-Membro beneficiário. O Fundo lhe estão associadas no início de Dezembro (4). Os empréstimos serão concedi-
Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) pode dos com base num programa negociado com as autoridades irlandesas pela
conceder até 440 mil milhões de euros Comissão Europeia e pelo FMI, em ligação com o BCE. O programa, composto
para ajudar qualquer país da área do por três pilares, prevê: uma reestruturação do sistema bancário irlandês, o resta-
euro em risco de incumprimento do belecimento da sustentabilidade orçamental, incluindo a correcção do défice
pagamento da sua dívida pública. Trata-se
excessivo do país até 2015 e reformas estruturais destinadas a promover o cres-
de uma entidade criada para fins
cimento. A assistência europeia (incluindo empréstimos bilaterais) eleva-se a
específicos que emitirá a sua própria
dívida a fim de conceder empréstimos 45 mil milhões de euros no âmbito do pacote de 85 mil milhões de euros.
caso um país da área do euro se veja O BCE manteve as suas taxas de juro directoras a níveis historicamente baixos
confrontado com graves dificuldades
durante todo o ano, adoptando paralelamente algumas medidas excepcionais
financeiras. A dívida do fundo será
para assegurar uma repercussão eficiente das taxas de juro muito reduzidas na
garantida pelos membros da área do euro,
bem como pela Suécia e a Polónia, que se economia e, em última análise, nos preços. O programa sobre mercados de
ofereceram para participar. valores mobiliários permitiu-lhe adquirir obrigações públicas e privadas da área
do euro e assegurar a profundidade e liquidez em segmentos disfuncionais no
.
mercado de obrigações do Estado, a fim de restaurar o bom funcionamento do
mecanismo de transmissão da política monetária.
%
6
Taxa de juro de referência para empréstimos do
5 Banco Central Europeu
4 Taxa de inflação
3
2
1
0
-1
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fontes: Comissão Europeia e BCE.
© AP / Reporters
10
Simultaneamente, vários países começaram a implementar medidas de consoli-
dação para reduzir os défices orçamentais e restaurar a sustentabilidade orça-
mental no âmbito de um quadro comum proporcionado pelo Pacto de Estabili-
dade e Crescimento da UE. À solidariedade com os Estados-Membros manifestada
pela UE, deve corresponder, da parte destes, um correcto exercício das suas res-
ponsabilidades. A rigorosa condicionalidade inscrita nos mecanismos de estabi-
lização, criados durante o ano, pressupõe que os Estados beneficiários desempe-
nhem plenamente o seu papel em termos de contenção das despesas públicas e
de introdução de reformas que permitam reequilibrar as suas finanças.
O Conselho Europeu de Outubro acordou que os Estados-Membros devem criar A alteração ao Tratado proposta
um mecanismo permanente de resolução de crises a fim de salvaguardar a Será aditado o seguinte número ao
estabilidade financeira da área do euro no seu conjunto. O presidente do Conse- artigo 136.º do Tratado sobre o
lho Europeu consultou os membros do Conselho Europeu sobre uma alteração Funcionamento da União Europeia:
«3. Os Estados-Membros, cuja moeda seja
limitada do Tratado. O resultado foi o acordo obtido no Conselho Europeu de
o euro, podem criar um mecanismo de
Dezembro de que o Tratado deve ser alterado a fim de permitir a criação do
estabilidade a accionar, caso seja
Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). O objectivo é que o MEE substitua o
indispensável, para salvaguardar a
FEEF e o MEEF em 2013. Será accionado por acordo mútuo entre os Estados- estabilidade da área do euro no seu todo.
-Membros da área do euro em situações em que a estabilidade da área do euro A concessão de qualquer assistência
no seu conjunto se encontre em risco. financeira necessária ao abrigo do
mecanismo ficará sujeita a rigorosa
condicionalidade.»
CRESCIMENTO E CRISE
Crescimento do PIB, variação anual (%).
2010-2012: previsões
10
China
EUA
UE
0 Japão
-5
-10
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
11 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
O euro: um valor sólido em períodos Reforço da governação económica
de instabilidade A crise revelou uma falta de respeito pelas regras de disciplina orçamental e a
As bases fundamentais do euro são incapacidade de assegurar que os Estados-Membros sigam políticas económicas
sólidas. Permite uma inflação baixa, um sólidas orientadas para a competitividade. Durante o ano, o Parlamento, o Conse-
bom equilíbrio na balança de transacções
lho e a Comissão trabalharam em conjunto na elaboração de uma nova arquitectura
correntes e um crescimento económico
para suprir essas deficiências prejudiciais. Acordaram no princípio da criação de:
respeitável — e é a moeda de reserva de
grande parte do mundo. O euro resistiu às um regime de supervisão mais forte, mais rigoroso e mais amplo, abrangendo
pressões de que foi alvo durante o ano, as políticas orçamentais, macroeconómicas e estruturais, bem como os desfa-
apesar de uma certa volatilidade na sua
samentos na competitividade. O regime reflectirá a interdependência que é
taxa de câmbio. Não houve crise do euro.
um elemento central da economia europeia. Prevê-se a criação de um painel
As dificuldades surgiram em
determinados Estados-Membros da área de indicadores para assegurar a identificação precoce de grandes e crescentes
do euro que não mantiveram as suas divergências, que desencadeará recomendações sobre acções correctivas —
finanças públicas em ordem ou não apoiadas por mecanismos de execução eficazes. As novas modalidades pro-
melhoraram a sua competitividade. moverão as reformas estruturais, a inovação e o comércio susceptíveis de
repor a Europa na boa via em termos de crescimento sustentável e equilibrado
e criarão empregos para o futuro;
12
Legislar para melhorar a governação económica
Em Setembro, a Comissão publicou um vasto pacote de medidas legislativas para
reforçar a governação económica na UE e na área do euro. Este pacote visa alargar e
reforçar a supervisão das políticas orçamentais, bem como das políticas macroeconó-
micas e das reformas estruturais. Prevê igualmente novos mecanismos de controlo
do cumprimento relativamente a Estados-Membros que não observem as regras.
Quatro das seis propostas dizem respeito a questões orçamentais, incluindo uma
ampla reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento, para que as sanções passem
a ser a consequência normal para países que não cumpram os seus compromissos.
Outros dois regulamentos têm como objectivo detectar e corrigir desequilíbrios
macroeconómicos emergentes na UE e na área do euro.
Um regulamento que reforça o papel preventivo do Pacto de Estabilidade e Cres-
cimento (5), a fim de garantir que os Estados-Membros desenvolvam políticas
orçamentais prudentes em conjunturas favoráveis a fim de fazerem as poupanças
necessárias para enfrentar conjunturas desfavoráveis. O acompanhamento das
finanças públicas basear-se-á na definição de políticas orçamentais prudentes e a
Comissão pode emitir um alerta em caso de desvios significativos.
Um regulamento que reforce o papel correctivo do pacto (6), de forma a que a
evolução da dívida seja acompanhada mais estreitamente e que o procedimento
relativo aos défices excessivos possa ser invocado em caso de desvios. Os Estados-
-Membros cuja dívida seja superior a 60% do PIB devem tomar medidas para a
reduzir a um ritmo satisfatório. O regulamento define que a diminuição do rácio
dívida-PIB superior a 60% é suficiente se a diferença relativamente ao limite de
referência de 60% tiver sido reduzida nos três anos anteriores a um ritmo da
ordem de 1/20 por ano. Pode ser iniciado um procedimento relativo aos défices
excessivos em caso de desvios.
Um regulamento relativo à aplicação eficaz da supervisão orçamental na área do
euro (7), apoiando as alterações do pacto com uma nova série de sanções financei-
ras graduais aplicáveis aos Estados-Membros da área do euro. Quanto às medidas
preventivas, um depósito remunerado deve ser a consequência de desvios signifi-
cativos relativamente à definição de políticas orçamentais prudentes. Quanto à
vertente correctiva, seria aplicável um depósito não remunerado de 0,2% do PIB
após a adopção de uma decisão de que um país se encontra em situação de défice
excessivo. Este seria convertido em multa em caso de incumprimento da recomen-
dação de correcção do défice excessivo. Para garantir o controlo do cumprimento,
será utilizado um «mecanismo de votação invertida» para a imposição de sanções:
isso significa que a proposta da Comissão relativa a uma sanção será considerada
adoptada excepto se for rejeitada pelo Conselho por maioria qualificada.
Uma directiva relativa aos requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais dos Esta-
dos-Membros (8) garantirá que os objectivos do pacto sejam transpostos para os
quadros orçamentais nacionais (incluindo sistemas de contabilidade, estatísticas,
práticas de previsões, regras fiscais, procedimentos orçamentais e relações fiscais
com autoridades locais ou regionais). Embora tenha em conta as preferências e
necessidades específicas dos Estados-Membros, a directiva estabelece determi-
nados requisitos que os quadros orçamentais nacionais devem respeitar a fim de
assegurar um mínimo de qualidade e coerência com as regras da UE.
Um regulamento relativo à prevenção e correcção dos desequilíbrios macroeco-
nómicos (9), que introduz o procedimento relativo aos desequilíbrios excessivos
como novo elemento do quadro de supervisão económica da UE. Esta avaliação
regular dos riscos de desequilíbrios permitirá à Comissão proceder a análises
aprofundadas sobre os Estados-Membros em risco. No caso dos Estados-Mem-
bros com desequilíbrios graves ou que possam comprometer o bom funciona-
mento da UEM, o Conselho pode adoptar recomendações e dar início ao procedi-
mento relativo aos desequilíbrios excessivos. O Estado-Membro terá então de
apresentar um plano de acção correctiva, que será aprovado pelo Conselho, que
fixará os prazos de execução das medidas correctivas. Um Estado-Membro da
área do euro que repetidamente se abstenha de adoptar medidas correctivas
expor-se-á a sanções.
13 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Um regulamento relativo às medidas de execução para corrigir os desequilí-
brios macroeconómicos excessivos na área do euro (10), nos termos do qual um
Estado-Membro da área do euro que repetidamente não dê cumprimento às
recomendações do Conselho para corrigir desequilíbrios excessivos terá de
pagar uma multa anual correspondente a 0,1% do seu PIB. A multa só pode ser
evitada por maioria qualificada de votos («votação invertida», ver supra),
exclusivamente com os votos dos Estados-Membros da área do euro.
14
Como as medidas de emergência da UE evitaram o colapso
Em 2009, os países da UE-27 mobilizaram 9,3% do seu produto interno bruto
para salvar o sistema bancário do colapso durante a crise financeira.
Ao longo do ano, a Comissão continuou a autorizar auxílios estatais nacionais
aos bancos, sempre que considerou que a medida era uma solução adequada
para uma perturbação grave da economia nacional. Este apoio temporário aos
bancos permite-lhes garantir níveis adequados de crédito às empresas na eco-
nomia real e contribui para estabilizar os mercados financeiros mediante o resta-
belecimento da confiança. As condições associadas asseguram simultanea-
mente que não se verifiquem distorções da concorrência.
Em termos globais, entre Outubro de 2008 e Julho de 2010, a Comissão aprovou
medidas de crise dos Estados-Membros para o sector bancário num volume global
máximo de 4 589 mil milhões de euros. Os regimes de garantias e as intervenções
ad hoc representaram mais de três quartos deste volume, elevando-se a
3 485 mil milhões de euros. Entre Agosto de 2008 e Julho de 2010, a Comissão
aprovou medidas de recapitalização no montante de 546 mil milhões de euros. No
mesmo período, a Comissão aprovou intervenções relativas a activos depreciados
e medidas relativas à liquidez num montante total de 558 mil milhões de euros.
A expansão orçamental desempenhou um papel crucial na manutenção de um «O trabalho sobre o Pacto de Estabilidade
nível aceitável de actividade e crescimento económicos. Contudo, para aprovei- não é apenas uma questão de aplicar
tar plenamente a vantagem competitiva da Europa, é fundamental que os Esta- medidas punitivas aos Estados-Membros
ou de rectificar erros passados... Não
dos-Membros implementem agora reformas estruturais para apoiar a procura
devemos perder de vista o desafio mais
privada e o crescimento da inovação.
vasto que consiste em melhorar a taxa de
A vigência do quadro excepcional em matéria de auxílios estatais adoptado no crescimento estrutural e sustentável da
início da crise, destinado a aliviar parte das pressões sobre a economia real, foi Europa e o seu desempenho económico
geral. Esta foi a tónica da estratégia
prorrogada por mais um ano por decisão da Comissão em Dezembro, com novas
«Europa 2020». A resposta aos que
condições associadas. Logo que o crescimento se confirme, devem ser imple-
receiam que a contenção orçamental irá
mentadas estratégias de saída, a fim de que todos os Estados-Membros reduzam reduzir as taxas de crescimento
o seu apoio, embora de um modo diferenciado que reflicta as suas diferentes económico está em concentrar melhor a
circunstâncias económicas e orçamentais. É um facto reconhecido que as econo- atenção nos factores estruturais
mias dos Estados-Membros não irão recuperar o seu dinamismo ou vantagem subjacentes que prejudicam o nosso
competitiva se confiarem excessivamente no apoio dos seus governos. O acordo desempenho económico e corrigi-los.»
é que, a partir de 2011, quando se espera que a recuperação económica tenha Alocução de Herman Van Rompuy no
Parlamento Europeu, 24 de Novembro
ganho terreno, a actuação orçamental em todos os Estados-Membros se torne
mais restritiva, a fim de promover o crescimento sustentável.
15 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
A f in a n ç a e a c o nco r r ê nci a ao s e r v i ço d o s cida dão s
A crise económica revelou lacunas significativas no quadro regula-
mentar e de supervisão do sector financeiro. Foram implementadas
grandes e profundas reformas a fim de garantir que o sector finan-
ceiro seja um parceiro fiável no futuro crescimento da prosperidade
da UE e de proteger os cidadãos e as empresas que depositaram a
sua confiança nos bancos.
Para que a UE permaneça competitiva, é necessário que defenda um sector
financeiro forte, um sector em que os bancos, não os contribuintes, paguem
antecipadamente para cobrir os custos dos seus próprios riscos de insucesso.
Finanças públicas sólidas e mercados financeiros responsáveis proporcionam a
confiança e o poder económico necessários para um crescimento sustentável.
16
No âmbito da nova estrutura:
17 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
A Comissão iniciou também uma vasta série de acções para manter o ritmo da
reforma do sector financeiro e ampliar o seu âmbito. Estas propostas e consultas
incluem:
Limitar os bónus dos gestores Um princípio fundamental da reforma do sistema financeiro da UE era introduzir
bancários no sistema uma maior quantidade de capital e capital de melhor qualidade.
Ao abrigo das novas regras acordadas em O reforço dos requisitos relativos a recursos próprios deve assegurar que uma
Dezembro (14), os gestores bancários empresa tenha em devida conta os riscos inerentes à sua carteira de negociação,
receberão um máximo de um quarto dos
de modo a que esta reflicta potenciais prejuízos. A reforma procura também
seus bónus em pagamentos imediatos em
garantir normas de liquidez mínima, rácios de alavancagem eficazes, sanções em
numerário, sendo o montante restante
diferido ou detido sob a forma de acções matéria de fundos próprios aplicáveis aos bancos com políticas de remuneração
durante um período mínimo de três anos. irresponsáveis e requisitos adequados relativos aos recursos próprios no que diz
As regras prevêem também que as respeito aos instrumentos financeiros complexos que contribuíram para a crise
autoridades reguladoras nacionais financeira. As reformas dos requisitos relativos aos fundos próprios não se limi-
rescindam bónus pagos a quadros tam à Europa. No âmbito do Comité de Basileia de Supervisão Bancária, a União
superiores que incorreram em riscos que Europeia está a negociar com parceiros internacionais. Estas reformas estão a ser
se revelou resultarem em perdas para as
implementadas na UE através de alterações (17) à Directiva «Requisitos de Fundos
empresas financeiras. As regras procuram
Próprios».
também estabelecer uma ligação directa
entre salário fixo e remuneração. Na globalidade, estas medidas contribuem para manter os mercados da UE
atractivos e para assegurar que a economia europeia disponha de meios para
promover o crescimento. Mas a regulamentação financeira destina-se também a
melhorar a vida quotidiana dos cidadãos europeus, a simplificar o seu dia-a-dia
e a proporcionar-lhes a transparência e a segurança que têm o direito de esperar
da Europa.
18
A política da concorrência a modelar as respostas
A política da concorrência e, em particular, a aplicação coerente e previsível das
regras em matéria de auxílios estatais desempenharam um papel importante na
resposta à crise. As medidas extraordinárias de emergência adoptadas no início
da crise foram bem sucedidas uma vez que foram capazes de restabelecer a
estabilidade financeira e de apoiar a recuperação económica. A política em
matéria de auxílios estatais contribuiu para modelar as respostas dos governos
face à crise e também para evitar o colapso do sistema financeiro. Tal permitiu
evitar uma corrida aos subsídios entre os Estados-Membros, reduziu as distor-
ções na concorrência e limitou os incentivos a uma excessiva assunção de riscos.
As decisões da Comissão facilitaram o acesso ao crédito e proporcionaram um
mecanismo para a coordenação das medidas de emergência dos Estados-Mem-
bros em prol das instituições financeiras.
19 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
A concorrência incentiva as empresas a adaptar as suas estratégias comerciais, a
inovar e a criar melhores produtos e serviços. Por seu turno, tal resulta para os
consumidores numa maior escolha, melhor qualidade e preços mais baixos.
A aplicação de uma política de concorrência a nível comunitário assegura que,
independentemente do local em que estão implantadas, as empresas têm
acesso às mesmas oportunidades em toda a Europa. A política de concorrência
promove a inovação e o crescimento, mantendo os mercados abertos e concor-
renciais, para que as empresas tenham a oportunidade de prosperar e os consu-
midores possam colher os benefícios.
20
Rec u pe r aç ão m u ndi a l e co o pe r aç ão in t e r n aci o n a l
A União Europeia funciona no contexto de um mundo globalizado.
Uma das principais missões da UE neste contexto mais vasto é
modelar as respostas globais no interesse dos seus Estados-Mem-
bros e cidadãos. As recessões económicas no passado conduziram a
círculos viciosos de proteccionismo, corrida aos subsídios e pior
ainda. Repor a economia mundial na via do crescimento e da pros-
peridade exige liderança mundial e acção multilateral. Nesta maté-
ria, a UE não pode agir sozinha e não pode elaborar uma agenda de
reforma da regulamentação isoladamente.
A UE assumiu um papel de liderança na promoção de respostas internacionais à
crise. Teve uma posição proeminente nos debates no âmbito do G20, o fórum por
excelência para a cooperação económica internacional, no qual a UE é representada
pelo presidente da Comissão, José Manuel Barroso, e pelo presidente do Conselho
Europeu, Herman Van Rompuy. Em reuniões sucessivas, a UE defendeu a realização
de esforços globais para colmatar as lacunas da regulamentação e supervisão finan-
ceiras a nível internacional. Assumiu um papel de liderança na promoção de novas
regras em matéria de fundos próprios dos bancos. Manteve a pressão para que
sejam tomadas medidas eficazes para erradicar os défices e reduzir a dívida, estimu-
lando simultaneamente as perspectivas de crescimento. E pressionou fortemente
no sentido de um acordo global sobre contribuições e impostos bancários. Além
disso, para assegurar que o comércio possa continuar a desempenhar o seu papel
na recuperação económica, a União Europeia desempenhou um papel-pivô no
acompanhamento da conformidade das grandes economias face aos seus compro-
missos, assumidos no âmbito do G20, de não criar novos entraves ao comércio livre.
21 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Basileia III Na cimeira do G20 realizada em Seul, a UE assegurou um importante compromisso
«Basileia III» é um vasto conjunto de de luta contra o proteccionismo sob todas as suas formas. A Comissão também apre-
medidas de reforma desenvolvido pelo sentou uma série de relatórios relativos ao proteccionismo, designando e envergo-
Comité de Basileia de Supervisão Bancária nhando os infractores, como parte integrante de um esforço concertado para manter
para reforçar a regulamentação, a
as economias abertas e prevenir a intensificação dos efeitos da crise. A comunicação
supervisão e a gestão dos riscos do sector
«Comércio, Crescimento e Questões Mundiais» (22) de Novembro definiu uma agenda
bancário. Visa melhorar a capacidade do
sector bancário para absorver os choques,
de política comercial assertiva para os próximos cinco anos, como a vertente externa
aperfeiçoar a gestão dos riscos e a da aposta da UE para revitalizar a economia europeia, complementando iniciativas
governação e reforçar a transparência dos importantes realizadas no decurso do ano relativas ao mercado interno, à indústria e
bancos. Visa a regulamentação quer a à inovação. Propõe uma estratégia para reduzir os obstáculos ao comércio, abrir os
nível de bancos individuais quer do mercados mundiais e obter condições justas para as empresas europeias. O objectivo
sistema em todo o sector. As reformas geral é garantir que os benefícios do comércio cheguem aos cidadãos europeus —
Basileia III fazem parte das iniciativas
sob a forma de um crescimento económico mais forte, de mais emprego e de uma
globais para reforçar o sistema de
maior escolha dos consumidores a preços mais baixos.
regulamentação financeira que foram
aprovadas pelos dirigentes do G20 e cuja
execução está prevista para 2012.
A e s t r at é g i a « E u r o pa 2020»:
c r e s ci m en t o in t e l i g en t e, s u s t en táv e l e inc lu s i v o
Finanças públicas sólidas, uma supervisão financeira mais rigorosa e
mercados mundiais abertos são meios para atingir um fim: crescimento
que gere emprego na UE. As medidas estruturais ao abrigo da estraté-
gia «Europa 2020» incidem nas causas subjacentes à crise. Fazem parte
da estratégia abrangente da UE destinada a criar uma via de cresci-
mento mais sustentável e dinâmica que permita elevados níveis de
emprego, produtividade e coesão social. O objectivo é o crescimento
inteligente, o crescimento sustentável e o crescimento inclusivo.
Para prevenir os riscos decorrentes de finanças públicas em dificulda-
des, do abalo da confiança das empresas e da ameaça de desemprego,
a UE propôs uma série de medidas ao longo de 2010 para revigorar a
economia, libertar o potencial de crescimento da UE, estimular o inves-
timento e actualizar as competências. A UE coloca a ênfase num baixo
consumo de energia, na redução das emissões de carbono, na requalifi-
cação da sua população, no aproveitamento de todo o potencial de um
mercado único digital, na investigação e desenvolvimento e nas tecno-
logias avançadas. Esta é a forma como a Europa reforçará a sua compe-
titividade e produtividade e promoverá a coesão social e a convergên-
cia económica.
O crescimento inteligente, sustentável e inclusivo é o objectivo da estratégia
«Europa 2020». O crescimento inteligente diz respeito à promoção dos conheci-
mentos, da inovação, da educação e da sociedade digital. O crescimento susten-
tável significa tornar a produção mais eficiente em termos de recursos, aumen-
© Virginia Mayo / AP / Reporters
A estratégia «Europa 2020» proporciona um quadro coerente para a União mobi- ESTABILIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESEMPREGO
lizar todos os seus instrumentos e políticas a fim de assegurar as reformas estru- NA UE
Desemprego (%) nos 27 países da UE.
turais de que a Europa necessita. Define cinco objectivos específicos a atingir até
2010-2012: previsões.
2020. Incentiva um maior envolvimento dos Estados-Membros na realização
desses objectivos, uma vez que a noção de propriedade é essencial para o
10
sucesso da estratégia. Os objectivos específicos são amplificados por uma série
de iniciativas emblemáticas e por orientações integradas em matéria de políticas 8
aumentará a confiança na Internet reforçando a segurança e protegendo a priva- Plataforma Europeia contra a Pobreza
cidade dos cidadãos e das empresas e terá um efeito de alavanca nos investi- e a Exclusão Social
mentos em investigação e inovação no domínio das TIC.
23 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
© Jamie Grill / Blend Images / Corbis
24
O desempenho da Europa em matéria de inovação deve ser melhorado ao longo Sucessos no apoio à investigação
de toda a cadeia de fornecimento, desde a investigação até ao retalho, nomeada- europeia
mente através de parcerias de inovação. É por essa razão que a Comissão propôs Em Dezembro, o programa de Acções
— e o Conselho Europeu aprovou — a União da Inovação (26). Trata-se da pri- Marie Curie financiou o seu 50 000.º
investigador desde o lançamento do
meira estratégia abrangente em matéria de inovação. Visa melhorar as condições
programa em 1996. Para concretizar uma
do financiamento e o respectivo acesso para a investigação e inovação na Europa,
união inovadora, a Europa tem
a fim de assegurar que as ideias inovadoras possam ser transformadas em produ- necessidade de investigadores de craveira
tos e serviços que gerem crescimento e postos de trabalho. Centra-se em domí- mundial que sejam capazes de enfrentar
nios que são motivo de grande preocupação para os cidadãos, como as alterações os desafios tanto presentes como futuros,
climáticas, a eficiência energética e uma vida saudável. Olha para a inovação não pelo que a UE está empenhada em
apenas em termos de tecnologia, mas também em relação aos modelos empre- inspirar, motivar, formar e conservar esses
sariais, à concepção, à marca e aos serviços com valor acrescentado para os utili- investigadores. Ao apoiar a mobilidade
dos investigadores entre uma vasta gama
zadores. Além disso, a iniciativa emblemática inclui a inovação social e do sector
de disciplinas, tanto na indústria como no
público, bem como a inovação comercial, com vista a envolver todos os interve-
meio académico, as Acções Marie Curie
nientes e todas as regiões no ciclo da inovação. O objectivo é que a Europa tenha contribuem para o objectivo da União
um desempenho científico de craveira mundial, com uma estreita cooperação Europeia de criar um mercado de trabalho
entre os sectores público e privado. A atenção está também centrada em contri- sólido para investigadores altamente
buir para que as ideias cheguem rapidamente ao mercado, eliminando pontos de qualificados, criativos e com espírito
estrangulamento como o registo de patentes oneroso, a fragmentação dos mer- empresarial.
cados, a lentidão na normalização e a escassez de competências. A realização do
objectivo de um investimento de 3% do PIB da UE em I&D até 2020 poderia criar
3,7 milhões de empregos e permitir um aumento do PIB anual em 795 mil milhões
de euros até 2025. Isso significa que a Europa teria necessidade de, pelo menos,
mais um milhão de investigadores na próxima década.
25 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
O Processo de Bolonha A Juventude em Movimento (27), iniciativa lançada em Setembro, reúne medi-
Esta iniciativa conjunta de mais de das da UE e nacionais destinadas a melhorar as perspectivas de emprego dos
40 países tem por objectivo a criação de jovens, estudantes e estagiários. Visa melhorar a qualidade de todos os níveis de
um Espaço Europeu do Ensino Superior, ensino e formação e oferecer maiores oportunidades aos jovens para estudarem
no qual os estudantes possam escolher
e se formarem no estrangeiro. Proporcionará uma maior mobilidade aos partici-
entre um leque amplo e transparente de
pantes em programas universitários e de investigação, promoverá o espírito
cursos de elevada qualidade e beneficiar
de procedimentos de reconhecimento
empresarial entre jovens profissionais e incentivará o reconhecimento da apren-
fáceis. dizagem informal. As acções incluem um portal europeu do Emprego melho-
rado, uma maior ajuda para os serviços públicos de emprego apoiarem jovens e
um projecto-piloto que permite a jovens empresários passar até seis meses
junto de um empresário experiente numa empresa de pequena dimensão nou-
tro Estado-Membro da UE.
Em Junho, a Comissão propôs uma visão decenal para melhorar o ensino e a for-
mação profissional e o Conselho Europeu aprovou novos objectivos em matéria
de educação. O Espaço Europeu do Ensino Superior foi lançado em Março e visa
tornar o ensino superior europeu mais compatível, comparável, competitivo e
aliciante.
A política industrial a ajudar as Em Outubro, a Comissão insistiu, na sua comunicação «Uma política industrial
empresas de menor dimensão integrada para a era da globalização» (28), que deve ser dado à indústria um
A Comissão ajudou mais de papel central para que a Europa permaneça um líder económico mundial. Esta
100 000 empresas a obter um empréstimo iniciativa emblemática define uma estratégia que visa impulsionar o crescimento
ou um investimento em capital de risco
e o emprego mediante a manutenção e o apoio a uma base industrial forte,
através do seu Programa Espírito
diversificada e competitiva na Europa que ofereça postos de trabalho bem
Empresarial e Inovação. No total, a UE
afectou mais de 1,1 mil milhões de euros remunerados, ao mesmo tempo que se torna menos dependente do carbono.
para facilitar o acesso a empréstimos e Num contexto de intensificação do processo de globalização, esta nova aborda-
capitais próprios a empresas de menor
gem abandona o conceito obsoleto de sectores e indústrias nacionais em favor
dimensão.
de uma resposta política europeia coordenada. Tal requer uma visão de toda a
cadeia de valor, desde a infra-estrutura e matérias-primas até ao serviço pós-
-venda. Coloca a criação e o crescimento de pequenas e médias empresas no
centro da política industrial e aproveita a transição para uma economia susten-
tável como uma oportunidade para reforçar a competitividade.
26
No total, a UE afectou mais de 1,1 mil milhões de euros para facilitar o acesso aos
empréstimos e ao financiamento de capitais próprios às empresas de menor
dimensão, especialmente empresas novas e jovens e às pessoas que queiram
criar a sua própria empresa. O Banco Europeu de Investimento também prestou
assistência especial às empresas de menor dimensão, com a concessão acelerada
de crédito resultando numa quase plena utilização dos 30 mil milhões de euros
afectados ao período de 2008-2011. A tónica é nos transportes não poluentes,
nas energias renováveis e na investigação conexa.
20
2009
2010
2011: previsão
15
10
0
Áustria
s
Luxemburgo
Dinamarca
Chipre
Malta
Alemanha
eca
Eslovénia
Roménia
Finlândia
Reino Unido
Suécia
Itália
Bélgica
Bulgária
Polónia
EU-27
Hungria
Portugal
Irlanda
Hungria
Eslováquia
Grécia
Estónia
Lituânia
Letónia
Espanha
Países Baixo
República Ch
27 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Exportações A Agenda para Novas Qualificações e Novos Empregos incentivará um cresci-
A Rede Empresarial Europeia proporciona mento inclusivo mediante um aumento da taxa de emprego com mais e melho-
às empresas europeias de menor res postos de trabalho. É seu objectivo ajudar as pessoas de todas as idades a
dimensão um acesso mais fácil aos antecipar e gerir a mudança, dotando-as das aptidões e competências adequa-
mercados de exportação. Com 589
das. O seu âmbito inclui também a modernização dos mercados do trabalho e
organizações parceiras abrangendo
dos sistemas de segurança social e visa garantir que os benefícios decorrentes
47 países, está a alargar o seu âmbito, em
especial na Ásia: dispõe actualmente de
do crescimento cheguem a todas as partes da UE. Entre os mecanismos específi-
15 pontos de contacto na China e na cos previstos contam-se as reformas do mercado de trabalho destinadas a
Coreia do Sul, com pontos de contacto melhorar a flexigurança, um contrato único em vez de diferentes modelos de
adicionais planeados na China e no Japão. contratos temporários e permanentes, um novo impulso à aprendizagem ao
longo da vida, incentivos adicionais para as empresas que investem na formação
e uma melhor prospectiva sobre futuras necessidades em termos de competên-
cias. Propõe uma interface partilhada (a classificação europeia de competências,
aptidões e profissões) com vista a aproximar mais estreitamente os mundos do
emprego, do ensino e da formação.
28
Política regional
No âmbito da política de coesão, já foram afectados 93 mil milhões de euros (27%
do financiamento da UE reservado para 2007-2013) a projectos de investimento
no emprego e no crescimento na Europa, com progressos especialmente avança-
dos em sectores-chave como a I&D e a inovação e resultados positivos decorren-
tes da formação e desenvolvimento profissional oferecidos pelo Fundo Social
Europeu aos que procuram emprego. No âmbito do Fundo Europeu de Desenvol-
vimento Regional, do Fundo Social Europeu e do Fundo de Coesão, a UE investirá
347 mil milhões de euros nos 27 Estados-Membros no período de 2007-2013.
A política de coesão da UE contribuiu para o crescimento e a prosperidade e para
a promoção de um desenvolvimento equilibrado em toda a União, tanto através
de investimentos directos como de benefícios comerciais indirectos. Contribuiu
ainda para atenuar o impacto da crise nos trabalhadores e nas pequenas empre-
sas. A Comissão apelou (30) para um alinhamento ainda maior desta com a estra-
tégia «Europa 2020», a fim de contribuir para enfrentar os novos desafios decor-
rentes da substancial evolução económica e social verificada nos últimos anos.
As recomendações incluíam condições mais rigorosas, maiores incentivos e
maior concentração nos resultados.
A nível regional, os cidadãos beneficiaram de acções como o desenvolvimento
da estratégia da UE para a região do Danúbio, apresentada em Dezembro, que
procura melhorar as condições ambientais e desenvolver o enorme potencial
económico da região, bem como superar as disparidades em termos sociais e de
infra-estruturas que ainda persistem devido ao passado desta região dividida.
A estratégia contribuirá para erradicar este legado desigual, promovendo opor-
tunidades para os seus cidadãos através de uma melhoria do comércio, das
redes de transporte e de energia, da promoção da inovação em empresas de
menor dimensão e de actividades culturais e educativas.
A acção emblemática Eficiência dos Recursos só será lançada no início de 2011, Emprego no sector verde
mas estão já em curso acções conexas. Por exemplo, os transportes sustentáveis As indústrias verdes já empregam
estão a ser promovidos através de: financiamentos anteriores no âmbito da rede directamente cerca de 3,4 milhões de
transeuropeia de transportes, de uma reforma mais rápida do «céu único europeu», pessoas e representam cerca de 2,2% do
PIB da Europa. Cada emprego directo nas
da implementação do Espaço Europeu de Transporte Marítimo sem barreiras, a fim
eco-indústrias da Europa cria entre 1,3 e
de promover o transporte por via marítima, de uma maior competitividade global
1,9 empregos indirectos. Prevê-se que o
mediante uma produtividade mais elevada e da simplificação do acesso aos fundos mercado global de tecnologias ambientais
estruturais. Algumas destas questões serão abordadas de forma mais pormenori- aumente anualmente cerca de 10 % no
zada no capítulo 2. Em Dezembro, o Conselho congratulou-se com a iniciativa futuro. Podiam assim ser criados mais
emblemática Eficiência dos Recursos (31) e especialmente com os progressos realiza- cerca de 3 milhões de postos de trabalho
dos no sentido de uma abordagem do ciclo de vida sustentável, a combinação de verdes na UE.
medidas que será necessária para tornar a utilização europeia de materiais mais
sustentável.
© Nestor Bachmann / DPA / Reporters
29 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Relançamento do mercado único
A melhoria do mercado único é um pilar da estratégia «Europa 2020» e uma
condição prévia para o seu sucesso. Em Outubro, a Comissão definiu os seus
planos (32) para reforçar o mercado único com medidas destinadas a estimular o
crescimento e a promover os direitos dos cidadãos. A fim de fomentar o desen-
volvimento, a competitividade e o progresso social, apresentou propostas para
melhorar o funcionamento do mercado único e simplificar a vida das empresas,
dos consumidores e dos trabalhadores. O Acto para o Mercado Único é um vasto
plano de dois anos para o período de 2011-2012 concebido para relançar o
crescimento e a criação de emprego na UE. É composto por 50 iniciativas relacio-
nadas com a economia, a governação e o público em geral. Entre as prioridades-
-chave contam-se:
O prémio Mercado Único Para as empresas: a Europa dispõe de um enorme potencial para o desenvol-
Em Dezembro de 2010, o prémio Mercado vimento do empreendedorismo social. Nos últimos anos, foram desenvolvidas
Único foi atribuído à ONG muitas iniciativas por indivíduos, fundações e empresas a fim de melhorar o
«Grenzoffensive». Este prémio realça a acesso das pessoas mais necessitadas aos alimentos, à habitação, aos cuidados
importância dos princípios da livre de saúde, ao emprego e a serviços bancários. A fim de promover mais acções
circulação subjacentes ao mercado único
transfronteiras, a Comissão proporá estatutos europeus para essas organiza-
da UE. A ONG «Grenzoffensive» foi
ções servirem e promoverem a economia social. A Comissão incentivará tam-
galardoada pelos seus trabalhos em prol
da redução ao mínimo dos obstáculos bém investimentos a mais longo prazo, incluindo investimentos éticos,
administrativos para os trabalhadores e explorando opções para um regime de rotulagem específico.
pequenas e médias empresas que
Para os consumidores: actualmente, o mercado em linha apresenta um nível
trabalham transfronteiras nas regiões
de desempenho muito baixo. Por essa razão, a Comissão proporá normas em
vizinhas da Baviera (Alemanha), Alta
Áustria e Boémia Meridional (República 2011 que visam assegurar que os criadores e artistas possam vender as suas
Checa). obras em toda a Europa com um balcão único para fins de autorização, permi-
tindo-lhes assim colher os frutos do seu trabalho. A aplicação plena da Direc-
tiva «Serviços e regras actualizadas aplicáveis ao comércio eletrónico» farão
também a diferença.
30
Em Dezembro, o Conselho aprovou (34) esta abordagem e, em particular, a tónica
nas preocupações das empresas e dos cidadãos que os impedem de tirar pleno
partido das vantagens do mercado único. Congratulou-se com a comunicação
da Comissão e sublinhou que o mercado único deverá centrar-se no reforço da
competitividade e do crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, bem
como na recuperação e reforço da confiança dos cidadãos e consumidores,
colocando-os no centro do mercado único, e da confiança das empresas no seu
acesso ao mercado único.
Não existe uma solução única para a criação de uma UE que esteja preparada
para o sucesso no século XXI. O reforço da estabilidade orçamental e financeira é
vital, tal como a visão constante da estratégia «Europa 2020». Mas o sucesso
provém da mobilização de todos os muitos recursos e facetas da UE para cons-
truir uma forma nova e sustentável de crescimento. A UE desenvolveu com vigor
e precisão renovados as suas políticas relativas ao mercado interno, à concorrên-
cia e à coesão. Ajudou os Estados-Membros não participantes na área do euro
(Letónia, Hungria e Roménia) com apoio às suas balanças de pagamentos.
E desenvolveu e explorou novas formas de cooperação entre as instituições da
UE. Em 2010, a UE actuou com uma nova coerência a fim de proporcionar uma
abordagem genuinamente abrangente.
© União Europeia
Mario Monti, antigo comissário responsável
pelo pelouro do Mercado Interno
e Concorrência.
31 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Os instrumentos da UE já estão a ter um impacto positivo
O Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização, que apoia trabalhadores
despedidos na sequência da globalização e da crise económica, concedeu
52,3 milhões de euros em 2009 para ajudar cerca de 11 000 trabalhadores em
oito países. Foram aprovados pagamentos para a Irlanda, Espanha, Dinamarca,
Países Baixos e Portugal e as regras de acesso foram facilitadas. O Fundo co-
-financia a assistência na procura de emprego, a formação e reciclagem e o apoio
à criação de empresas. Tem uma taxa de sucesso elevada na ajuda para encon-
trar novos empregos.
O instrumento de microfinanciamento europeu «Progress» (35), acordado em
Março, está a ajudar as pessoas a permanecer nos empregos ou a arranjar novos
empregos. Concede empréstimos às pessoas que perderam os seus empregos e
que desejam criar a sua própria pequena empresa mas que não preenchem as
condições convencionais para acesso ao crédito. O seu orçamento inicial é de
100 milhões de euros, que poderá produzir um efeito de alavanca de mais de
500 milhões de euros em cooperação com instituições financeiras internacionais
como o Banco Europeu de Investimento.
Verificou-se uma melhoria nas perspectivas de luta contra os atrasos de paga-
mento nas transacções comerciais quando o Parlamento Europeu votou, em
Outubro, a favor de uma nova directiva que proporcionará uma melhor protec-
ção dos credores, em especial das numerosas pequenas empresas que depen-
dem de pagamentos atempados para salvaguardar os seus fluxos de tesouraria.
As autoridades públicas terão de efectuar os pagamentos num prazo de 30 dias
ou senão pagar uma taxa de juro de 8% — dando origem a um montante adicio-
nal de 180 mil milhões de euros de liquidez ao dispor das empresas.
Para facilitar o acesso das pequenas empresas ao financiamento, a UE criou o seu
programa Espírito Empresarial e Inovação e o seu fórum sobre o financiamento
das PME reuniu os bancos, as associações empresariais e outras partes interessa-
das a fim de debater a forma de melhorar os fluxos de financiamentos para as
empresas.
As regras que regem os fundos estruturais e de Coesão foram simplificadas em
Junho, facilitando o acesso ao financiamento — particularmente importante
numa altura em que a pressão sobre os orçamentos públicos torna mais difícil
aos governos e regiões proporcionar financiamentos de contrapartida. A acele-
ração da execução de projectos no terreno mediante a redução da burocracia
também ajuda as economias nacionais e regionais a recuperar.
32
notas
(1) Comunicação da Comissão «Europa 2020 — Estratégia de crescimento inteligente, (19) Orientações relativas às restrições verticais (JO C 130 de 19 de Maio de 2010, p. 1).
sustentável e inclusivo» [COM(2010) 2020]. (20) Proposta de Regulamento relativo aos auxílios estatais destinados a facilitar o
(2) Declaração dos chefes de Estado e de Governo da área do euro (PCE 86/10 de encerramento de minas de carvão não competitivas [COM(2010) 372].
7.5.2010) (http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/
(21) Plano de acção plurianual para o desenvolvimento (http://www.g20.utoronto.
ec/114296.pdf ).
ca/2010/g20seoul-development.pdf ).
(3) Conclusões do Conselho Extraordinário Assuntos Económicos e Financeiros, 9 e 10 de
(22) Comunicação da Comissão «Comércio, crescimento e questões internacionais»
Maio de 2010 (http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/
[COM(2010) 612].
en/ecofin/114324.pdf )
(23) Decisão 2010/707/UE do Conselho relativa às orientações para as políticas de
(4) Conselho do Eurogrupo/Ecofin de 6 e 7 de Dezembro.
emprego dos Estados-Membros (JO L 308 de 24.11.2010, p. 46).
(5) Comunicação da Comissão «Reforçar a coordenação da política económica»
(24) Comunicação da Comissão «Uma agenda digital para a Europa» [COM(2010) 245].
[COM(2010) 250].
(25) Recomendação 2010/572/UE da Comissão sobre o acesso regulamentado às redes de
(6) Proposta de Regulamento relativo à aceleração e clarificação da aplicação do
acesso da próxima geração (NGA) (JO L 251 de 25.9.2010, p. 35).
procedimento relativo aos défices excessivos [COM(2010) 522].
Proposta de decisão que estabelece o primeiro programa da política do espectro
(7) Proposta de Regulamento relativo à aplicação eficaz da supervisão orçamental na radioeléctrico [COM(2010) 471].
área do euro [COM(2010) 524]. Comunicação da Comissão «Banda larga europeia: investir no crescimento induzido pelas
(8) Proposta de Directiva que estabelece requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais tecnologias digitais» [COM(2010) 472].
dos Estados-Membros [COM(2010) 523]. (26) Comunicação da Comissão «Iniciativa emblemática no quadro da estratégia ‘Europa
(9) Proposta de Regulamento sobre a prevenção e correcção dos desequilíbrios 2020’» — «União da Inovação» [COM(2010) 546].
macroeconómicos [COM(2010) 527]. (27) Comunicação da Comissão «Juventude em Movimento — Uma iniciativa para
(10) Proposta de Regulamento relativo às medidas de execução para corrigir os explorar o potencial dos jovens e garantir um crescimento inteligente, sustentável e
desequilíbrios macroeconómicos excessivos na área do euro [COM(2010) 525]. inclusivo na União Europeia» [COM(2010) 477].
(11) Proposta de Regulamento relativa à supervisão macroprudencial comunitária do (28) Comunicação da Comissão «Uma política industrial integrada para a era da globalização
sistema financeiro e que cria um Comité Europeu do Risco Sistémico — Competitividade e sustentabilidade em primeiro plano» [COM(2010) 614].
[COM(2009) 499]. (29) Comunicação da Comissão intitulada «A Europa, primeiro destino turístico no mundo
(12) Directiva relativa a gestores de fundos de investimento alternativos, votada pelo — Um novo enquadramento político para o turismo europeu», COM(2010) 352.
Parlamento Europeu em 11 de Novembro e que aguarda adopção pelo Conselho. (30) Quinto Relatório da Comissão sobre a Coesão Económica, Social e Territorial, 10 de
(13) Proposta de Regulamento relativo aos derivados OTC, às contrapartes centrais e aos Novembro, (http://ec.europa.eu/regional_policy/cohesion_report).
repositórios de transações [COM(2010) 484]. (31) Conclusões do Conselho Ambiente de 20 de Dezembro.
(14) Comité das Autoridades Europeias de Supervisão Bancária, 10 de Dezembro. (32) Comunicação da Comissão «Um acto para o mercado único» [COM(2010) 608].
(15) Comunicação da Comissão «Um enquadramento da UE para a gestão de crises no (33) Relatório do Parlamento Europeu, de 3 de Maio de 2010, sobre um mercado único ao
sector financeiro» [COM(2010) 579]. serviço dos consumidores e cidadãos (http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.
(16) http://ec.europa.eu/internal_market/bank/regcapital/index_en.htm do?language=EN&reference=A7-0132/2010).
(17) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=MEMO/10/304&format=H (34) http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/intm/118409.
TML&aged=0&language=EN&guiLanguage=en pdf
(18) Regulamento (UE) n.° 330/2010 da Comissão de 20 de Abril de 2010 (35) Decisão n.° 283/2010/UE que estabelece um instrumento de microfinanciamento
(JO L 102 de 23.4.2010, p. 1). europeu «Progress» para o Emprego e a Inclusão Social (JO L 87 de 7.4.2010, p. 1).
33 R e l ató r i o G e r a l 2010 | N a v i a da r e c u p e r aç ão
Capítulo 2
Um projecto para os cidadãos:
colocar as pessoas no centro
da acção europeia
O objectivo da estratégia da Comissão Europeia «Europa
2020 para o crescimento e o emprego», adoptada em
Março de 2010, é, em última análise, beneficiar os
cidadãos europeus. Já o Tratado de Lisboa, em vigor desde
Dezembro de 2009, o assinalara. Os interesses dos
cidadãos e a legitimidade democrática da União foram
reiterados pelo reforço do papel do Parlamento Europeu
como co-legislador na maioria das áreas e de uma maior
participação por parte dos parlamentos nacionais,
tornando a UE mais responsável pelas suas acções. Em
segundo lugar, a introdução da votação por maioria
qualificada no Conselho na maior parte dos domínios de
intervenção irá simplificar a tomada de decisões. Por
último, o controlo jurisdicional será melhorado, na medida
em que o Tribunal de Justiça da União Europeia assume
agora a supervisão judicial de todos os aspectos de
liberdade, segurança e justiça e a Carta dos Direitos
Fundamentais passa a ser juridicamente vinculativa na
União Europeia.
36
proteger os cidadãos europeus da cibercriminalidade mediante a criminali-
zação da usurpação de identidade, bem como do software maligno utilizado
para atacar os sistemas de informação;
garantir que o crime não compensa, adoptando medidas mais eficazes no que
se refere à apreensão dos lucros provenientes de actividades criminosas.
38
Em Agosto, a Comissão apelou a que se poupasse tempo e dinheiro na resolução
dos litígios transfronteiras através da mediação: na verdade, o potencial das
actuais disposições da UE sobre a mediação neste tipo de litígios só é concretizá-
vel se as mesmas forem aplicadas pelos Estados-Membros a nível nacional. Os
Estados-Membros dispõem de um prazo que vai até Maio de 2011 para imple-
mentar a directiva sobre mediação, acordada em 2008.
Em Dezembro, a Comissão propôs novas medidas para reduzir os custos e a Um novo sítio web jurídico para todos
burocracia que recaem sobre os cidadãos e as empresas aquando do reconheci- Em Julho, a Comissão lançou um portal de
mento das sentenças judiciais e das certidões de registo civil. Os objectivos de justiça electrónica (e-justice) (6), que constitui
tais medidas são a eliminação dos custos legais (em média, 2 000 euros) actual- um ponto de encontro para cidadãos e
juristas, destinado a facilitar o acesso à
mente exigidos — de um modo geral como pura formalidade jurídica — para se
justiça e a ajudar quem procure
poder dispor do reconhecimento de uma decisão judicial noutro país da UE e
aconselhamento sobre problemas jurídicos
para garantir a possibilidade de circulação de documentos públicos (como um transfronteiras, tanto em matéria civil como
contrato ou um acto de compra de uma propriedade) sem necessidade de for- em matéria penal.
malidades adicionais. As iniciativas propostas reduzirão a burocracia, poupando
dinheiro às empresas e aos consumidores, reforçando simultaneamente o mer-
cado único e facilitando a vida das pessoas que vivem e trabalham noutros
Estados-Membros da UE. A Comissão procurou ainda obter soluções para facilitar
as transacções transfronteiras, com o lançamento de um livro verde sobre as
opções políticas aptas a conseguir progressos no sentido de um direito europeu
dos contratos para os consumidores e as empresas, e ocupou-se dos obstáculos
fiscais às operações transfronteiras.
Direitos fundamentais
O Tratado de Lisboa torna a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
(redigida em 1999/2000 por uma Convenção), juridicamente vinculativa e con-
fere-lhe o mesmo estatuto jurídico que os Tratados da UE. A Carta deve ser res-
peitada em primeiro lugar pelas instituições da UE aquando do processo legisla-
tivo ou de tomada de decisões. Assim, o novo colégio de comissários ao prestar
juramento perante o Tribunal de Justiça, em 3 de Maio de 2010, fê-lo com base
não só nos Tratados mas também na Carta. Além disso, Comissão adoptou, em
Outubro, uma estratégia segundo a qual todas as novas medidas propostas pela
Comissão ou por outras instituições são verificadas mediante comparação com
uma «lista de controlo dos direitos fundamentais», para garantir a respectiva
compatibilidade com a Carta. Por outro lado, os cidadãos devem estar cientes
das circunstâncias em que podem invocar a Carta, a qual se aplica em primeiro
lugar às instituições da UE e só depois aos Estados-Membros quando estes
implementam a legislação da UE. A Carta, portanto, complementa, mas não
substitui os ordenamentos constitucionais nacionais com os seus próprios siste-
mas de protecção dos direitos fundamentais.
42
Cidadãos
Em Outubro, a Comissão publicou um plano de 25 pontos para proporcionar O Relatório sobre a Cidadania da UE
benefícios concretos aos cidadãos da UE que se encontrem em circulação. identificou lacunas entre as disposições e
O Relatório sobre a Cidadania da UE, adoptado em 27 de Outubro, pretende a realidade: os cidadãos continuam a ser
reforçar a mobilidade, eliminando os obstáculos com que os cidadãos ainda se confrontados com obstáculos no
quotidiano, especialmente em situações
deparam no exercício do seu direito de se deslocarem para um Estado-Membro
transfronteiras. Os problemas
que não seja o da sua origem, aí estudarem ou trabalharem, criarem uma
frequentemente encontrados incluem
empresa, fundarem família ou reformarem-se. O Tribunal de Justiça deliberou complicações administrativas aquando do
que os cidadãos têm direito a residir noutro Estado-Membro puramente como registo de um carro comprado noutro
cidadãos da União (11), reconhecendo assim a cidadania da UE como uma fonte Estado-Membro, normas complexas em
de direitos de livre circulação. matéria de reembolso de cuidados de
saúde obtidos noutros países, ou
A Comissão está a actuar no sentido de garantir que esses direitos sejam plenamente dificuldades em obter serviços consulares
respeitados. Tais direitos são igualmente importantes quando os cidadãos viajam, se de outro Estado-Membro quando os
casam, compram ou herdam bens, votam, recebem cuidados médicos ou tão-só cidadãos se encontram num país em que
fazem compras em linha a empresas estabelecidas noutros Estados-Membros. o seu Estado-Membro de origem não tem
uma representação.
As 25 medidas concretas propostas que a Comissão tenciona tomar nos próxi-
mos três anos irão facilitar a vida dos cidadãos da UE quando estes exercem os
seus direitos noutro Estado-Membro, simplificando formalidades e condições
requeridas para muitas destas diligências. As medidas propostas incluem a
actualização das regras que protegem as pessoas em viagem de férias contra
a falência do seu operador turístico durante a viagem, o reforço do direito à
protecção consular dos cidadãos da UE no estrangeiro, a prestação de ajuda aos
consumidores para obterem compensação se tiverem problemas com um ope-
rador de outro país, a simplificação e a aceleração das transferência dos direitos
de segurança social das pessoas que trabalham noutro país da UE. Os proprietá-
rios de automóveis vão beneficiar da simplificação da documentação necessária
para o registo de automóveis comprados noutro país da UE, e as pequenas
empresas vão dispor de regras contabilísticas simplificadas.
44
O Tribunal Geral anulou certas medidas do Conselho que impunham o congela-
mento dos fundos do Stichting Al-Aqsa no contexto da luta contra o terrorismo (17).
Em Maio foram propostas regras mais estritas para proteger os cidadãos euro-
peus dos ataques contra os sistemas de informação e a cibercriminalidade.
Segundo as regras propostas, os autores de ataques informáticos e os produtores
de software maligno poderiam ser condenados a pesadas sanções penais. Os
Estados-Membros seriam também obrigados a responder com rapidez aos
pedidos de ajuda urgente em caso de ataque informático, tornando a coopera-
ção judicial e policial europeia mais eficaz neste domínio. A Europol, o Serviço
Europeu de Polícia, tornou-se uma agência da UE no início do ano. A Comissão
encetou um processo de reflexão sobre o seu futuro estatuto ao abrigo do Tra-
tado de Lisboa, reflexão que foi secundada por uma comunicação de Dezembro
relativa às modalidades de controlo democrático das actividades da Europol,
abrindo caminho ao reforço do sistema de controlo parlamentar das actividades
da Europol. A comunicação apoia a ideia de criar um organismo comum através
do qual o Parlamento Europeu e os Parlamentos nacionais possam exercer con-
trolo sobre a Europol. Propõe igualmente meios para aumentar a transparência
© Philippe Huguen / AFP / Belga
Abertura
A União Europeia procura em permanência alcançar um justo equilíbrio entre
conservar as suas fronteiras seguras e permanecer aberta ao legítimo acesso dos
cidadãos de outros países — um equilíbrio forjado nas suas políticas em matéria
de migração, emissão de vistos e direito de asilo.
A UE está a forjar uma Europa
simultaneamente aberta e segura. Uma
No domínio da migração, o objectivo é uma política que, tal como previsto na
unidade de polícia especializada na luta estratégia «Europa 2020», abra caminho à imigração legal, o que constitui um
contra a criminalidade informática, em Lille, trunfo para uma recuperação económica sustentável, dando, ao mesmo tempo,
controla a Internet em busca de utilizações resposta à migração clandestina. Está a ser conferida prioridade à consolidação
fraudulentas, burlas e roubos de identidade. de uma verdadeira política comum de imigração e asilo, que inclui novos siste-
mas de admissão flexíveis para a imigração laboral e iniciativas destinadas a
apoiar a integração de imigrantes. Esta diligência tem como objectivo avançar
na criação de um sistema europeu comum de asilo, baseado na solidariedade e
no respeito pelos direitos fundamentais.
46
Em consonância com a nova base jurídica proporcionada pelo Tratado de Lisboa
para medidas de auxílio à integração de nacionais de países terceiros legalmente
residentes, o Conselho aprovou, em Junho, o apoio às políticas dos Estados-
-Membros através do intercâmbio de conhecimentos e de uma coordenação
melhorada. Anunciou igualmente uma nova agenda europeia sobre a integra-
ção. A UE está a evoluir para um novo sistema de admissão flexível em matéria de
imigração económica.
48
E n v o lv e r o s cida dão s e faci l i ta r a v ida q u o t idi a n a
Os cidadãos obtiveram novos benefícios num vasto leque de activi- Um carregador comum para os
dades em que a UE exerce influência. Desfrutam actualmente de telefones móveis
maiores oportunidades de informação sobre o funcionamento da UE e Os telemóveis são excelentes… até a
de participação nesse funcionamento. Da redução do custo das bateria se ir abaixo e não se ter o
carregador à mão. Deixa de haver
chamadas de telemóvel à simplificação da possibilidade de mudança de
chamadas. Deixa de haver acesso a dados
fornecedores de energia, passando pela melhoria da protecção dos
e contactos pessoais. Desata a busca
viajantes, da segurança dos produtos e da qualidade dos alimentos, a UE frenética de um carregador compatível.
tem mantido e desenvolvido de forma contínua as suas intervenções em Mas em breve este problema estará
favor dos cidadãos. A política da concorrência ajudou a criar dinâmicas ultrapassado. Graças à pressão exercida
de mercado favoráveis aos consumidores, os direitos dos trabalhadores pela Comissão, 13 dos mais importantes
e dos cônjuges foram reforçados pela política social, e as respostas a fabricantes de telemóveis acordaram num
danos decorrentes de incêndios e inundações foram modernizadas sistema harmonizado para os telefones
informatizados vendidos na UE. Todos
através de legislação, cooperação e coordenação a nível da UE.
esses telefones podem ser carregados
com uma simples microficha USB.
O resultado, de um ponto de vista
Serviços ambiental, é a redução dos resíduos
Telecomunicações eléctricos. Mais do que uma nova
legislação, foi o senso comum que
Os utilizadores de telemóveis beneficiaram de novas reduções de preços e garan-
conseguiu esta proeza.
tias impostas a nível da UE (ver caixa), e outras há que estão a ser consideradas: a
Comissão concluiu, em Junho, que a concorrência ainda não facultava um leque
suficiente de escolhas e taxas aos consumidores. No domínio das telecomunica-
ções, uma revisão do quadro normativo comportou a instituição do Organismo
dos Reguladores Europeus das Telecomunicações Electrónicas. Este organismo
virá aumentar a coerência do quadro normativo da UE para as telecomunicações,
melhorando assim a situação dos cidadãos enquanto consumidores.
50
Saúde e consumidores
A Comissão reforçou a sua capacidade de determinar as áreas de disfuncionamento
do mercado único para os consumidores. Identificou problemas persistentes no
comércio electrónico transfronteiras e nos regimes nacionais criados para garantir
a defesa do consumidor, tendo igualmente assinalado os principais segmentos de
mercado cujo funcionamento é insatisfatório para os consumidores. No mercado
retalhista da electricidade, pôs em evidência os obstáculos que impedem os consu-
midores de escolher livremente e mudar de fornecedores. Foram analisados os
resultados do desempenho da rede de centros europeus do consumidor, que lida
com 60 000 queixas por ano, e concluída uma avaliação intercalar da estratégia da
política dos consumidores 2007-2013. Esta avaliação será tida em conta na concep-
ção da estratégia pós-2013.
No domínio dos serviços financeiros de retalho, o diálogo com o sector bancário e as
associações de consumidores sobre a transparência e a comparabilidade culminou,
em Novembro, no lançamento formal de uma iniciativa liderada pelo sector bancário
sobre as comissões bancárias. O objectivo era a instituição de um código de conduta.
Em Janeiro, o Tribunal de Justiça da União Europeia declarou que permitir a partici-
pação gratuita dos consumidores numa lotaria na sequência de um certo número
de aquisições pode, em determinadas circunstâncias, constituir uma prática
comercial desleal, proibida pela directiva europeia relativa às práticas comerciais
desleais. No contexto de um acórdão preliminar sobre a directiva relativa à protec-
ção dos consumidores em matéria de contratos à distância (23), o Tribunal deliberou
que a entrega de mercadorias não devia ser facturada aos consumidores que
rescindam um contrato à distância. Em tal caso, só o custo de devolução da merca-
doria pode ser imputado ao consumidor (24).
52
A Comissão preparou também um relatório sobre as implicações socioeconómi- Classificação de plantas
cas do cultivo de OGM, com base em contribuições provenientes de 24 Estados- A Comissão registou cerca de 2 800 novas
-Membros. A definição de orientações para a avaliação dos riscos ambientais dos variedades de plantas nos catálogos
OGM teve por base uma actualização das orientações da AESA, publicada em comuns. Actualmente existem, assim,
cerca de 19 700 variedades de produtos
Novembro. Relativamente ao cultivo de OGM e de alimentos para animais e para
agrícolas vegetais e 17 300 variedades de
consumo humano, realizaram-se avaliações externas da legislação, às quais
produtos hortícolas que podem ser
poderá seguir-se uma avaliação do impacto de possíveis alterações políticas em comercializados em toda a UE. A Comissão
meados de 2012. A Comissão adoptou uma decisão que autoriza o cultivo de finalizou o pacote legislativo sobre o
batata geneticamente modificada. Outras decisões em matéria de alimentos «material de conservação» relativo a
para animais e para consumo humano encontram-se ainda em exame. As orien- exigências menos estritas no que se refere
tações para a avaliação dos riscos dos alimentos para animais e para consumo à comercialização de sementes para
humano geneticamente modificados estão a ser finalizadas após consultas com efeitos de conservação de recursos
genéticos e ambiente natural.
os Estados-Membros, a AESA e as partes interessadas.
Em 2010, o número de pedidos de
Produtos e serviços médicos protecção de direitos relativos a
Quanto à livre circulação de serviços médicos no mercado interno, o Tribunal de variedades de plantas aumentou
Justiça da União Europeia considerou que as autoridades públicas podem ofere- ligeiramente, elevando para 17 500 o
número de variedades actualmente
cer incentivos financeiros para induzir os médicos a prescrever medicamentos
protegidas. A fim de resolver questões
mais baratos, desde que, nomeadamente, o regime de incentivo se baseie em
relacionadas com a exploração agrícola
critérios objectivos e não discriminatórios (26). O Tribunal de Justiça também das variedades protegidas, um grupo de
precisou as condições em que as autoridades competentes de um Estado- trabalho representativo das partes
-Membro podem fixar limites demográficos e geográficos para a abertura de interessadas formulou ideias para
novas farmácias, a fim de garantir serviços farmacêuticos adequados (27). Deter- soluções futuras.
minou ainda que, em caso de cuidados hospitalares imprevistos prestados
durante uma estada temporária num Estado-Membro que não seja o Estado-
-Membro de inscrição, não se requer a este último que reembolse o paciente dos
custos que, no Estado-Membro em que os cuidados foram prestados, incumbem
ao paciente (28).
Combate à contrafacção
As autoridades aduaneiras da UE apreenderam quantidades consideráveis de
precursores de drogas (produtos legais utilizados pela indústria de perfumaria
que são ilicitamente desviados para o fabrico de drogas sintéticas como o ecs-
tasy) incluindo 240 toneladas de anidrido acético, o principal precursor da hero-
ína. Interceptaram igualmente 118 milhões de produtos de contrafacção,
incluindo muitos que apresentavam perigos potenciais para os cidadãos —
desde cigarros a champôs, passando por medicamentos e electrodomésticos.
© AFP / Belga
Além disso, o Tribunal de Justiça decidiu em que medida a Comissão está vincu-
lada ao princípio da proporcionalidade ao aceitar compromissos oferecidos por
empresas objecto de investigação ao abrigo dos artigos 101.º e 102.º do TFUE.
Também deu orientações sobre os direitos processuais de que beneficiam as
empresas terceiras cujos interesses são directamente afectados por estas «deci-
sões relativas a compromissos» adoptadas ao abrigo do artigo 9.º do Regula-
mento (CE) n.º 1/2003 (30). Da mesma forma, o Tribunal Geral confirmou que a
Comissão dispõe de uma margem discricionária na fixação do nível das coimas
aplicadas no caso de infracção às regras de concorrência (31).
54
O Tribunal de Justiça confirmou ainda a coima de 12,6 milhões de euros aplicada
à Deutsche Telekom por abuso de posição dominante nos mercados da telefonia
fixa na Alemanha (32).
Direitos sociais
Direitos parentais
Em Julho, o Tribunal de Justiça da União Europeia considerou que as trabalhado-
ras dispensadas ou afectadas a outro posto de trabalho por motivo de gravidez
têm direito à sua remuneração mensal de base, bem como às prestações adicio-
nais e aos complementos ligados ao seu estatuto profissional. Afirmou igual-
mente que os pais assalariados têm direito a uma licença parental, independen-
temente do estatuto profissional da mãe da criança (35).
A directiva proposta pela Comissão para melhorar a protecção social dos traba-
lhadores independentes e eliminar os desincentivos ao empreendedorismo
feminino foi aprovada pelo Parlamento Europeu em Maio e pelo Conselho em
Junho. A nova directiva, que entrou em vigor em 4 de Agosto, permite que as
mulheres trabalhadoras independentes, os cônjuges colaboradores e os parcei-
ros de facto dos trabalhadores independentes recebam um subsídio de materni-
dade e uma licença de maternidade de pelo menos 14 semanas, se assim o
desejarem. É a primeira vez que a licença de maternidade é concedida a traba-
lhadoras independentes a nível da UE. Os cônjuges colaboradores e os parceiros
de facto dos trabalhadores independentes terão direito a cobertura de segu-
rança social (designadamente pensões) em termos idênticos aos dos trabalha-
dores independentes, se o Estado-Membro oferecer essa protecção. Contribui-se
assim para garantir uma rede de segurança mais forte e evitar que as mulheres
caiam em situações de pobreza. Os Estados-Membros podem decidir que o
subsídio de maternidade e a cobertura de segurança social sejam aplicados de
forma obrigatória ou voluntária, ou seja, a pedido. Os países da UE disporão de
dois anos para transpor a legislação na respectiva ordem jurídica nacional.
56
Há programas de investigação da UE que prestam auxílio aos cidadãos, procurando
conceber soluções para as questões de natureza social na Europa. Neste contexto,
em grandes conferências organizadas pela UE em 2010, foram analisadas duas ques-
tões: os diferentes tipos de desigualdades e o papel que desempenham na pobreza
existente na Europa; a religião e a tolerância, bem como o respectivo impacto na
coesão europeia.
Em Julho, a Comissão publicou um livro verde que lança uma reflexão sobre o futuro
dos regimes de pensões face à evolução demográfica. O objectivo deste documento
é garantir que a UE toma as medidas certas para apoiar os Estados-Membros na difícil
tarefa de proporcionar aos seus cidadãos pensões adequadas, sustentáveis e seguras,
tanto actualmente como no futuro. A concepção dos regimes de pensão incumbe,
em grande medida, aos Estados-Membros, mas o quadro normativo a nível da UE
abrange certos aspectos importantes, como a coordenação transfronteiras dos regi-
mes de pensões da segurança social, o mercado interno para regimes profissionais
financiados por capitalização, bem como normas relativas à regulamentação pru-
dencial, às garantias em caso de insolvência de empresas e à luta contra a discrimina-
ção. Em Novembro, os ministros da UE aprovaram um relatório sobre o assunto (36).
Mobilidade
Em Maio, entraram em vigor novas disposições sobre a coordenação da segurança
social, que visam facilitar a vida dos europeus em circulação — quer por motivos pro-
fissionais quer na qualidade de reformados, pessoas à procura de emprego ou turistas.
O resultado é uma maior garantia de que os direitos em matéria de seguro de doença,
pensões, prestações de desemprego e prestações familiares são preservados quando
os cidadãos se deslocam no interior da Europa. Importa que as instituições de segu-
rança social dos Estados-Membros informem activa e prontamente os interessados.
A modernização dos procedimentos actuais irá culminar numa oferta mais rápida e
mais simples de serviços aos cidadãos, na redução da burocracia, com uma diminuição
dos encargos administrativos dos serviços públicos, nomeadamente através de uma
nova rede informática de intercâmbio de informações de segurança social, e num
acesso mais rápido a mais vantagens para um maior número de pessoas.
Sociedade inclusiva
2010 foi o Ano Europeu do Combate à Pobreza. Lançada em Madrid, em Janeiro,
esta iniciativa pretendeu aumentar a sensibilização para a questão da pobreza na
Europa, para as suas causas e para possíveis soluções. Incluiu uma série de grandes
eventos a nível da UE e mais de 1 000 projectos a nível nacional. Em Junho, o Parla-
mento Europeu adoptou um relatório sobre «o papel do rendimento mínimo no
combate à pobreza e na promoção de uma sociedade inclusiva na Europa». Foi
igualmente lançada uma «Plataforma Europeia contra a Pobreza e a Exclusão Social».
Entre outras realizações neste domínio, conta-se um relatório de Abril sobre a con-
tribuição financeira da UE para a integração dos ciganos e o lançamento, em Setem-
bro, de um grupo de trabalho de alto nível encarregado de melhorar a forma como
são gastos os fundos da UE para ajudar o povo cigano. Cite-se igualmente o diálogo
com igrejas, comunidades religiosas e organizações filosóficas não confessionais.
58
Em Novembro, a Comissão avaliou as novas disposições em matéria de desporto
contidas no Tratado de Lisboa. Esta instituição está já a promover a inclusão social e
a prossecução de outros objectivos através do desporto, com financiamento pre-
visto por programas e fundos estruturais da UE. Apoia, por exemplo, 30 redes euro-
peias que envolvem 250 organizações parceiras para promoção do desporto nos
domínios da saúde, educação e formação, do desporto para pessoas com deficiên-
cia, da igualdade entre os sexos, da luta contra a dopagem e do voluntariado.
© Xinhua / Belga
«Engel über Zollverein», o evento de
abertura do «Ruhr 2010» em Essen, na
No ano do 25.º aniversário das capitais europeias da cultura, Pècs (Hungria), Alemanha, uma das Capitais Europeias da
Essen em representação da região do Ruhr (Alemanha) e Istambul (Turquia) Cultura de 2010.
foram as cidades escolhidas em 2010. O Conselho designou Umeå (Suécia) e
Riga (Letónia) como capitais para 2014 e Mons (Bélgica) para 2015, a par de uma
cidade checa a ser ainda oficialmente designada.
Este ano, o Parlamento Europeu atribuiu o seu prémio de cinema Lux a Die
Fremde, de Feo Aladağ, da Alemanha, a primeira mulher a ter-se candidatado a
este prémio. O filme evoca o problema dos «crimes de honra», descrevendo o
drama de uma família turca residente na Alemanha. Os outros dois finalistas pré-
-seleccionados foram Akadimia Platonos, de Filippos Tsitos (Grécia e Alemanha),
e Illégal, de Olivier Masset-Depasse (Bélgica).
60
Transportes aéreos Voar através das cinzas!
Sobre os direitos dos passageiros dos transportes aéreos, o Tribunal de Justiça da O que foi feito para reduzir ao mínimo as
União Europeia confirmou que a responsabilidade das transportadoras aéreas perturbações e ajudar os cidadãos da
em caso de destruição, perda, avaria ou atraso na entrega da bagagem, que é UE após a erupção do vulcão na Islândia?
A Comissão actuou rapidamente para
regulada pela Convenção de Montreal (40), está limitada a 1 134 euros, incluindo
proteger os passageiros dos transportes
danos materiais e imateriais (41).
aéreos após a erupção do Eyjafjallajkull.
Foram tomadas medidas para facilitar as deslocações aéreas na sequência da Em estreita coordenação e diálogo
erupção do vulcão islandês e a segurança foi reforçada através da actualização constante com as companhias aéreas e as
autoridades, garantiu a aplicação
periódica da lista de transportadoras aéreas proibidas. Em Junho, realizou-se
uniforme das normas europeias de
uma audição das partes interessadas sobre os direitos dos passageiros aéreos.
protecção dos direitos dos passageiros
Deram-se passos importantes no sentido um «céu único europeu», o que permi- dos transportes aéreos. Coordenou as
tirá uma redução de custos e atrasos para os passageiros europeus e, ao mesmo alterações nos procedimentos de gestão
tempo, contribuirá para reduzir as emissões. Em Outubro, foram debatidos do tráfego aéreo, criou uma célula de crise
outros desafios da aviação na Europa na primeira reunião da plataforma «Avia- europeia permanente e formulou
ção», criada para prestar aconselhamento estratégico de base com vista a um propostas para atenuar o impacto no
futuro sustentável para os transportes aéreos e a um futuro concorrencial para o sector dos transportes aéreos. Em
especial, trabalhou no sentido de acelerar
sector europeu da aviação.
a reforma do «céu único europeu», a fim
Em Dezembro, na sequência de propostas apresentadas pela Comissão após a de optimizar o espaço aéreo europeu.
detecção de engenhos explosivos em carga aérea proveniente do Iémen, adop- Concebeu também estratégias para
tou-se um plano de acção destinado a reforçar a segurança da carga aérea. Este minimizar os danos de futuros eventos
semelhantes, incluindo um plano de
plano de acção irá permitir uma abordagem comum a nível da UE no que diz
utilização coordenada dos meios de
respeito a medidas de segurança de emergência tomadas por vários Estados-
transporte para assegurar que as pessoas
-Membros para responder a essa nova ameaça à aviação civil. e as mercadorias possam circular
livremente.
Transportes marítimos
A Comissão adoptou novas disposições para ampliar e melhorar o desempenho das
inspecções técnicas dos navios, incluindo um conjunto de regulamentações ten-
dentes a assegurar a transparência e a informação do público sobre os antecedentes
das companhias de navegação em matéria de segurança, os Estados de bandeira e
os perfis de risco dos navios (42). As referidas disposições introduzirão, a partir do
início de 2011, um novo registo em linha que permitirá designar e denunciar as
companhias de navegação cujas inspecções sobre aspectos fundamentais de segu-
rança apresentem resultados fracos, bem como identificar as que tenham bons
desempenhos em termos de segurança. As companhias e os Estados que apresen-
tem resultados insatisfatórios serão objecto de inspecções coordenadas mais
intensas nos portos da UE e, paralelamente, os clientes poderão escolher as suas
companhias de navegação com pleno conhecimento do seu historial de segurança.
62
Entretanto, a Agência Europeia da Segurança Marítima, continuou a elaborar
instrumentos modernos de informação marítima, como o SafeSeaNet, o sistema
de vigilância do tráfego marítimo da UE, ou o Thetis, a base de dados da UE no
âmbito da inspecção pelo Estado do porto. Estes novos instrumentos represen-
tam um importante passo em frente na política de segurança marítima, situando-
-se, aliás, no centro de um sistema pan-europeu de vigilância, coordenação e
análise, o qual permitirá uma utilização mais eficaz dos recursos em todos os
Estados-Membros da UE.
notas
(1) Conclusões da Presidência do Conselho Europeu de 11 de Dezembro de 2009 Decisão da Comissão relativa aos requisitos de segurança que devem ser
(http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cmsUpload/st00006.en09.pdf ). contemplados pelas normas europeias relativas aos dispositivos de bloqueio para
(2) Comunicação da Comissão sobre a realização de um espaço de liberdade, de janelas e portas de sacada (JO L 4 de 8.1.2010).
segurança e de justiça para os cidadãos europeus — Plano de acção de aplicação do Em Maio, a Comissão solicitou ao Comité Europeu de Normalização a elaboração de
programa de Estocolmo [COM(2010) 171]. normas europeias de segurança para estes produtos.
(3) Resolução do Parlamento Europeu de 23 de Novembro de 2010. (26) Acórdão do Tribunal de Justiça de 22.4.2010 no processo 62/09, Association of the
British Pharmaceutical Industry.
( ) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/10/1720&format=HTML
4
&aged=0&language=PT&guiLanguage=pt (27) Acórdão do Tribunal de Justiça de 1.6.2010 nos processos apensos C-570/07 e
C-571/07, Blanco Pérez e Chao Gómez.
( ) Acórdão do Tribunal de Justiça de 1.7.2010 no processo C-211/10 PPU, Povse.
5
66
A segurança no aprovisionamento energético foi uma questão que se impôs na
agenda. Na sequência da catástrofe do golfo do México, a União Europeia e os
Estados-Membros a título individual ofereceram equipamento suplementar para
ajudar na contenção do derrame de petróleo. Além disso, a Comissão publicou
uma comunicação sobre a segurança das actividades de exploração offshore de
petróleo e gás (2) a fim de minimizar o risco de ocorrência de uma catástrofe
semelhante. O objectivo é garantir normas de segurança uniformemente eleva-
das e responsabilidades claras nas operações de perfuração ao largo em toda a
UE, bem como a protecção do ambiente e a preparação e resposta em situações
de emergências. Esta foi a primeira vez que foi prevista legislação abrangente da
UE em matéria de instalações offshore de petróleo e gás. As novas normas da UE
consideradas incluirão critérios comuns para a concessão de licenças de perfura-
ção, controlos das instalações e mecanismos de controlo da segurança. Estas
visam não só garantir as mais elevadas normas de segurança nas águas euro-
peias, mas também promovê-las em regiões adjacentes e em todo o mundo.
Infra-estruturas energéticas
As infra-estruturas energéticas são o sistema vascular de uma economia
moderna. Na Europa, o sistema está envelhecido, não estando preparado para
suportar a transição para um sistema de produção de energia hipocarbónica e
eficiente em termos de utilização de recursos. A falta de interligação entre os
mercados de energia nacionais dificulta a realização de um verdadeiro mercado
único da energia que garanta uma concorrência leal e preços mais baixos. Por
esta razão, a modernização do sistema de infra-estruturas energéticas foi uma
questão importante na agenda da UE durante todo o ano de 2010. Em Novem-
bro, a Comissão adoptou prioridades em matéria de infra‑estruturas energéticas
para as próximas duas décadas (3). Identificou os corredores prioritários da UE
para as redes eléctricas e gasodutos que servirão de base para as futuras deci-
sões de licenciamento e financiamento de projectos da UE. As infra-estruturas
são reconhecidamente um factor essencial para a concretização dos planos
energéticos da UE em todos os aspectos, desde a realização do mercado interno
até à competitividade e melhores serviços para os consumidores, desde a solida-
riedade energética até ao cumprimento dos objectivos no domínio do clima e
das energias renováveis e desde a eficiência energética até à segurança do
aprovisionamento, tanto a nível interno como externo. A Comissão incorporou
também ideias sobre a forma de harmonizar as regras de investimento na UE e
atrair o financiamento privado.
67 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
Eficiência energética
Foi dado um novo impulso à eficiência energética com base na fixação de objec-
tivos nacionais coerentes com o objectivo central europeu de um aumento de
20%. A rotulagem energética foi alargada dos aparelhos domésticos a todos os
produtos relacionados com a energia (4). Foram adoptados os primeiros regula-
mentos delegados que estabelecem requisitos para a rotulagem energética de
quatro produtos para uso doméstico relacionados com a energia (5).
© Vadim Ghirda / AP / Reporters
Mecanismo ELENA A eficiência energética foi promovida com sucesso também a nível local. Em
Para permitir às cidades e regiões Abril, os prémios GreenLight e GreenBuilding da UE foram entregues a cidades e
interessadas libertar investimentos locais edifícios que obtiveram grandes poupanças de energia. Um dos 12 galardoados
e regionais para as energias sustentáveis, da edição de 2010 do programa GreenLight foi a câmara municipal de Dagda, na
o mecanismo de assistência técnica Letónia, que, após a sua adesão à iniciativa em 2007, reduziu em 85% o seu
ELENA, lançado em 2009 em colaboração
consumo de energia na iluminação. Na categoria GreenBuilding, dois dos melho-
com o BEI, poderá mobilizar investimentos
res projectos de renovação (um edifício de escritórios na Áustria e uma escola
superiores a 1,3 mil milhões de euros, na
sequência da concessão até à data de secundária na Alemanha) permitiram poupanças de energia superiores a 80%.
17,5 milhões de subvenções para Nestas iniciativas participaram mais de 700 entidades de toda a Europa, que
assistência técnica. Em Barcelona, uma pouparam mais de 500 GWh por ano.
contribuição de 2 milhões de euros está a
Em Maio de 2010, outras 500 cidades europeias comprometeram-se a reduzir as
mobilizar investimentos de 500 milhões
de euros; em Milão, 2 milhões de euros suas emissões de dióxido de carbono em mais de 20% até 2020. Ao assinarem o
deverão mobilizar 90 milhões de euros; Pacto dos Autarcas, comprometeram-se a poupar energia, a promover as energias
em Purmerend, nos Países Baixos, a renováveis e a sensibilizar os seus cidadãos mediante o desenvolvimento e imple-
contribuição ELENA de 1,7 milhões de mentação dos respectivos planos de acção em matéria de energia sustentável.
euros está a mobilizar investimentos de 98
milhões de euros. E em Paris,
1,3 milhões de euros deverão mobilizar
180 milhões de euros.
68
O Pacto dos Autarcas é uma iniciativa da Comissão que conta com o apoio do
Parlamento Europeu e do Comité das Regiões. A cidade de Heidelberga, por
exemplo, reduziu as suas emissões de dióxido de carbono em quase 40%
nos edifícios públicos através de estações de monitorização da energia e de
«equipas de energia» nas escolas da cidade. A cidade de Riga utiliza o gás metano
produzido na lixeira da cidade para produzir electricidade e Antuérpia utiliza
um armazém industrial remodelado como edifício sustentável modelar e centro
de demonstração para os cidadãos. Até à data, aderiram à iniciativa mais de
O projecto Twenties
2 100 cidades em 36 países, apoiadas por mais de 100 regiões, províncias e redes,
O projecto de investigação Twenties sobre
representando mais de 125 milhões de cidadãos. energias renováveis, dotado de 60 milhões
de euros, é o maior jamais financiado pela
UE, com uma contribuição da Comissão
Tecnologias e fontes de energia renováveis Europeia de 32 milhões de euros. Cerca de
A UE definiu nos últimos dois anos uma vasta política e um quadro jurídico para 26 empresas e instituições de 11 Estados-
o desenvolvimento das energias renováveis, em conformidade com o estabele- -Membros estão a trabalhar no sentido de
cido na Directiva «Energias Renováveis», que entrou em vigor em 2009. Os integrar a energia eólica na rede de
electricidade. Ao longo de três anos, este
Estados-Membros elaboraram planos de acção nacionais para as energias reno-
projecto explorará formas de eliminar os
váveis em 2010 que proporcionam aos investidores um quadro político estável
obstáculos à integração da energia eólica
para a próxima década. Estes planos confirmaram o potencial da utilização de — produzida tanto em terra como ao
energias renováveis na UE e a capacidade geral da UE para atingir, ou mesmo largo da costa — na rede eléctrica.
ultrapassar ligeiramente, o objectivo de 20% até 2020.
As energias renováveis já estão a ter impacto no cabaz energético da UE. Repre- PARTILHA DE ESFORÇOS PARA REDUZIR
sentaram 62% da nova capacidade de produção de electricidade instalada na UE AS EMISSÕES
em 2009 (7) — um aumento em relação aos 57% de 2008. Pelo segundo ano Metas acordadas entre todos os países
consecutivo, a energia eólica constituiu a maior parte das novas capacidades: da UE para reduzir as emissões de gases
10,2 GW dos 27,5 GW instalados, representando 38% da produção. Em termos com efeito de estufa, a fim de permitir à UE
obter uma redução total de 10%.
absolutos, as energias renováveis produziram 19,9% do consumo de electrici-
Aplicável aos sectores não abrangidos pelo
dade da Europa em 2009.
regime europeu de comércio de licenças
No domínio da investigação sobre energias renováveis foram criadas quatro ini- de emissão. Os países menos ricos podem
ciativas industriais europeias no âmbito do Plano Estratégico Europeu para as reduzir menos do que os mais ricos,
mas mesmo assim têm um valor-limite
Tecnologias Energéticas (plano SET). Estas primeiras iniciativas abrangem a
vinculativo e devem fazer um esforço
energia eólica, a energia solar, as redes de electricidade e a captura e armazena-
de redução. Emissões de 2020
mento de carbono. Os sectores público e privado estão empenhados em acelerar em comparação com 2005 (%).
o desenvolvimento das tecnologias hipocarbónicas e acordaram apoiar roteiros
tecnológicos para 2010-2020, incluindo planos de acção para o desenvolvimento
Emissões de 2020 em comparação
das tecnologias e a melhoria da sua competitividade. com 2005 (%)
EU-27
Em 2010, iniciaram-se as operações no âmbito do Programa Energético Europeu
Bulgária
para o Relançamento, criado em 2009 em resposta à crise económica e financeira Roménia
Letónia
na Europa. Este programa incentiva a diversificação dos aprovisionamentos de Lituânia
Polónia
energia, o funcionamento do mercado interno da energia e a redução das emis- Eslováquia
Estónia
sões de gases com efeito de estufa. Proporciona empréstimos, garantias e capital Hungria
República Checa
próprio a projectos no domínio da eficiência energética e das fontes de energia Malta
Eslovénia
renováveis desenvolvidos por autarquias locais, províncias, municípios e entida- Portugal
Grécia
des privadas agindo em nome de entidades públicas. Logo que é atingido o Chipre
limiar de rendibilidade em cada projecto, o empréstimo é reembolsado ao fundo. Espanha
Itália
França
Alemanha
Bélgica
Reino Unido
Finlândia
Áustria
Países Baixos
Suécia
Luxemburgo
Irlanda
Dinamarca
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20
69 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
Foi concedido um financiamento total de 3 980 milhões de euros para apoio
a três subprogramas: 2 365 milhões de euros para projectos de infra-estruturas
de gás e electricidade, 565 milhões de euros para projectos de energia eólica
marítima e 1 050 milhões de euros para projectos de captura e armazenamento
de carbono. Os beneficiários receberam 900 milhões de euros até ao final do ano.
Enquanto os promotores de projectos começam a adquirir materiais de constru-
ção e obras, o programa já está a acelerar investimentos em infra-estruturas e
a atrair co‑financiadores para assumirem compromissos de investimento. Os
fundos não despendidos no final do ano serão consagrados a projectos de efici-
ência energética. Em Outubro, o Parlamento e o Conselho chegaram a acordo
sobre a reafectação de 146 milhões de euros de verbas não autorizadas ao abrigo
do programa a um instrumento financeiro inovador para iniciativas de eficiência
energética e de energias renováveis.
Programa Energético para o A Comissão Europeia prosseguiu o desenvolvimento dos seus mecanismos de
Relançamento apoio à demonstração comercial da captura e armazenamento de carbono
No decurso do ano, a UE financiou 44 projectos (CAC), a fim de verificar a eficácia desta tecnologia potencialmente vital para a
nos sectores do gás e da electricidade com atenuação das alterações climáticas. A CAC pode contribuir tanto para os objec-
mais de 2 mil milhões de euros e projectos de
tivos da UE em matéria de clima como para a sua segurança do aprovisionamento
energia eólica marítima com cerca de
energético. É a única tecnologia disponível para reduzir de modo significativo as
565 milhões de euros.
emissões de CO2 provenientes das centrais eléctricas alimentadas a combustíveis
fósseis e de aplicações industriais fixas de grandes dimensões. Na UE, as emis-
sões de CO2 evitadas pela CAC em 2030 poderiam representar cerca de 15% das
reduções necessárias. Além disso, a CAC poderia reduzir significativamente os
custos da atenuação das alterações climáticas. Foi adoptada, em 2010, uma
decisão que estabelece os critérios e as medidas para o financiamento de projec-
tos CAC em larga escala, bem como de tecnologias de energias renováveis ino-
vadoras, no âmbito do Regime de Comércio de Licenças de Emissão (RCLE),
a que se seguiu um convite à apresentação de propostas (8). Pelo menos oito
grandes projectos de demonstração da CAC poderiam ser financiados por este
regime, com a concessão de financiamento aos primeiros projectos em 2012. Foi
criada a rede de projectos CAC, uma ferramenta de apoio à demonstração inicial
em larga escala de tecnologias CAC. Esta é a primeira rede no mundo a promover
a partilha de conhecimentos e a sensibilização do público para o papel da CAC
na redução das emissões de CO2.
500
400
300
200
100
0
Jan 2005 Jan 2006 Jan 2007 Jan 2008 Jan 2009 Jan 2010 Jan 2011
70
Energia nuclear
A energia nuclear é cada vez mais considerada um elemento importante de um
cabaz energético equilibrado, uma vez que contribui substancialmente para a pro-
dução de energia hipocarbónica na UE e para a realização dos objectivos da política
energética da UE para 2020 e 2050. A UE não pode influir na escolha do cabaz
energético nacional, mas tem o dever de apoiar a segurança e a investigação a nível
europeu. Os Estados-Membros dispõem de um total de 143 centrais nucleares e
outros países estão a tomar medidas para lançar, relançar ou desenvolver a energia
nuclear. A segurança nuclear atrai a atenção do público, pelo que se está a tornar
cada vez mais premente a existência de um quadro jurídico sólido e de uma cultura
de segurança nuclear profundamente enraizada. Consequentemente, em Novem-
bro, a Comissão propôs (9) normas de segurança para a eliminação final de combus-
tível e resíduos radioactivos das centrais nucleares. Foi solicitada aos Estados-Mem-
bros a apresentação de programas nacionais que indiquem quando, onde e como
irão construir e gerir repositórios finais destinados a garantir o mais elevado nível de
segurança. Esta directiva estabelece normas de segurança acordadas a nível inter-
nacional e juridicamente vinculativas e executórias na União Europeia.
71 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
A sétima reunião a nível ministerial do diálogo sobre energia entre a UE e a Organi-
zação dos Países Exportadores de Petróleo (12) salientou o papel que o diálogo tem
vindo a desempenhar para facilitar intercâmbios construtivos entre as partes, a fim
de contribuir para o restabelecimento da estabilidade dos mercados, no interesse
tanto dos produtores como dos consumidores. No âmbito do acordo de coopera-
ção da UE com o Conselho de Cooperação do Golfo, a energia desempenha um
papel preponderante, em especial no que diz respeito ao comércio de gás natural
entre as duas regiões e às políticas e tecnologias no domínio da eficiência energé-
tica, das fontes de energia renováveis e da captura e armazenamento de carbono.
A UE estabeleceu também negociações com os países do Magrebe sobre a integra-
ção dos mercados da energia, com vista a subsequentes ligações com a UE. Os
esforços realizados para diversificar as fontes de aprovisionamento também incluí-
ram a assinatura de um memorando de entendimento com o Iraque sobre a coope-
ração no domínio da energia, a implementação da cooperação com os actuais
países fornecedores e de trânsito, como a OPEP ou os países da Ásia Central/zona
do mar Negro, e acções destinadas a apoiar projectos de infra-estruturas prioritá-
rias, como o corredor meridional. A UE apoiou uma maior integração dos mercados
com países interessados no âmbito do Tratado da Comunidade da Energia, do qual
a Moldávia se tornou membro de pleno direito. O processo de ratificação do proto-
colo de adesão da Ucrânia encontrava-se em curso e a Turquia prosseguiu as
negociações com vista à sua adesão.
Um mercado eficiente
A União Europeia actuou também no sentido de assegurar um funcionamento
eficiente do mercado da energia. As regras da UE destinam-se a aumentar a
capacidade e a transparência dos mercados do gás e da electricidade. É de
importância crucial um mercado a funcionar adequadamente, bem regulamen-
tado, transparente e interligado com sinais de preços de mercado para garantir a
concorrência e a segurança do aprovisionamento. Um mercado único da UE efi-
ciente e plenamente funcional no domínio da energia proporcionará aos consu-
midores uma escolha entre diferentes companhias fornecedoras de gás e electri-
cidade a preços razoáveis e permitirá o acesso de todos os fornecedores ao
mercado, em especial os de menores dimensões e os que investem em energias
renováveis. Pode também ajudar a UE a recuperar da crise económica.
72
Em Julho, a Comissão solicitou à Polónia que se abstivesse de infringir as regras da
UE em matéria de mercado interno do gás. As infracções incluíam a imposição aos
importadores de gás da obrigação de armazenar uma certa percentagem de gás
na Polónia e a falta de acesso ao gasoduto Yamal. As disposições em causa foram
adaptadas em conformidade com a legislação da UE e, em Novembro, a Comissão
aprovou a nova abordagem. Em Junho, a Comissão enviou 35 pedidos separados
a 20 Estados-Membros para implementarem e aplicarem integralmente vários
aspectos da legislação da UE para a criação de um mercado único do gás e da
electricidade. Em Maio, os compromissos assumidos pela E.On, em resposta à
pressão da Comissão, contribuíram para abrir o mercado energético alemão.
Acç ão c l i m át ic a
Os compromissos da UE no domínio do clima — já assumidos muito
antes da Conferência da ONU sobre as Alterações Climáticas reali-
zada em Copenhaga no final de 2009 — foram implementados ao
longo de 2010, no âmbito do seu pacote relativo ao clima e à ener-
gia. A UE está a lutar por que sejam acordadas medidas globais para
implementar acções ambiciosas e juridicamente vinculativas em
matéria de clima — e está pronta a avançar ainda mais.
Em Janeiro, a UE associou-se formalmente ao Acordo de Copenhaga que foi
negociado no final da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáti-
cas em Dezembro de 2009. Conforme acordado no âmbito do acordo, a Europa
notificou também formalmente os seus objectivos de redução das emissões de
gases com efeito de estufa para 2020: uma redução unilateral de 20% relativa-
mente aos níveis de 1990 e uma oferta de aumento progressivo dessa redução
para 30% se outras grandes economias se comprometerem a assumir a sua
quota-parte num esforço mundial.
Em conformidade com os compromissos assumidos no âmbito do Protocolo de Objectivos da acção em matéria de clima
Quioto, a UE continuou a avançar no sentido do cumprimento dos seus objecti- Os objectivos «20-20-20» da UE para 2020,
vos de emissão para 2012. A União Europeia está avançada relativamente ao propostos em 2007 e aprovados em 2008,
calendário previsto na sua promessa de redução das emissões. A Comissão implicam uma redução de 20% nas emissões de
gases com efeito de estufa, em relação aos
estima que tanto a EU-15, o grupo dos «antigos» Estados‑Membros, como os
níveis de 1990, uma quota de 20% de energias
10 «novos» Estados-Membros que têm objectivos de redução no âmbito do
renováveis e uma redução de 20% no consumo
Protocolo de Quioto cumprirão os seus compromissos.
de energia, em comparação com níveis
projectados, mediante uma importante
melhoria da eficiência energética.
73 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
A pedra angular da política da UE em matéria de clima, o Regime de Comércio de
Licenças de Emissão (RCLE), continuou a evoluir à medida que se preparava a revisão
do sistema que produzirá efeitos a partir de 2013. Foram decididas novas regras
técnicas, incluindo um limite máximo aplicável às licenças de emissão para 2013 (14)
e regras relativas ao leilão de licenças de emissão (15), que se tornará o principal
método de atribuição a partir de 2013. Além disso, a Comissão apresentou propostas
relativas a parâmetros de referência para a atribuição de licenças de emissão a título
gratuito a sectores industriais específicos (16) e outras restrições qualitativas sobre a
utilização de créditos internacionais provenientes de determinados projectos indus-
trias no sector do gás pós-2012 (17), que suscitam uma série de preocupações. Entre-
tanto, as emissões das cerca de 11 000 instalações actualmente abrangidas pelo RCLE
têm vindo a diminuir: os valores relativos a 2009 (18) registaram uma descida de 11,6%
em relação ao ano anterior (19). E, num acórdão importante, o Tribunal Geral negou
provimento à acção intentada por uma empresa que contestava a validade da Direc-
tiva «Regime de Comércio de Licenças de Emissão» (20), que foi adoptada para promo-
ver a redução das emissões de gases com efeito de estufa, em particular de CO2,
baseada nas obrigações da Comunidade ao abrigo da Convenção‑Quadro das
Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e do Protocolo de Quioto (21).
A União Europeia fez também preparativos para a entrada do sector da aviação no
regimes (22), a fim de que, a partir 1 de Janeiro de 2012, sejam incluídas as activida-
des dos operadores de aeronaves que aterrem ou descolem de aeroportos da UE.
A Comissão aprovou igualmente uma ferramenta (23) para estimar o consumo de
combustível dos pequenos operadores de aeronaves, permitindo aos operadores
com um pequeno número de voos ou com baixas emissões utilizar procedimentos
simplificados de monitorização A nível internacional, a UE teve um papel decisivo
no reconhecimento de que podem ser agora tomadas medidas para reduzir os
impactos dos gases com efeito de estufa da aviação, e chegou-se a um acordo
internacional sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa do sector
a nível mundial a partir de 2020.
NER-300: Financiar tecnologias Foram ainda envidados esforços para impor limites às emissões de CO2 das furgo-
hipocarbónicas inovadoras netas. Em Dezembro, o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão chegaram a
O RCLE beneficiará de um novo instru- um acordo informal sobre legislação que foi rapidamente adoptada pelos ministros
mento de financiamento da UE designado do Ambiente da UE. Foi lançado um debate sobre possíveis novas medidas para
NER300 (24). O programa proporcionará
reduzir as emissões da UE. A Comissão apresentou uma análise (25) dos custos,
um apoio financeiro substancial a, pelo
benefícios e opções para ultrapassar o objectivo de 20% até 2020, uma vez reuni-
menos, oito projectos que utilizem
tecnologias de captura e armazenamento das as condições necessárias. A avaliação considerou que a recessão reduziu consi-
de carbono e a, pelo menos, 34 projectos deravelmente o custo da realização do objectivo de 20%, mas que também significa
que envolvam tecnologias de energias que é provável que o preço do carbono se mantenha baixo nos próximos anos,
renováveis. O financiamento provirá da reduzindo o estímulo à inovação hipocarbónica. O «custo» adicional é um investi-
venda de 300 milhões de licenças RCLE-UE mento que gerará dividendos — em termos de reforço da competitividade e da
(direitos de emissão de 1 tonelada de inovação na Europa, de salvaguarda de postos de trabalho, de redução da factura
dióxido de carbono) que, a preços
de importação de energia, de reforço da segurança energética e de redução da
correntes, poderá gerar cerca de
poluição atmosférica e dos seus custos. O Conselho Ambiente de Outubro solicitou
4,5 mil milhões de euros. O objectivo do
programa NER-300 é promover o à Comissão que aprofundasse o estudo das opções.
desenvolvimento de uma economia A reflexão sobre futuras reduções das emissões estende-se para muito depois de
hipocarbónica na Europa, criando novos 2020. O objectivo da UE a longo prazo é reduzir, até 2050, as suas emissões em
empregos «verdes» e contribuindo para a
80%-95% relativamente aos níveis de 1990. Neste contexto, foi efectuada uma
realização dos objectivos da UE em
consulta pública para ajudar a preparar um roteiro, a publicar no princípio de 2011
matéria de alterações climáticas. O Banco
Europeu de Investimento está a colaborar como parte integrante da iniciativa emblemática Eficiência dos Recursos, a fim de
com a Comissão na execução do completar a transição para uma economia hipocarbónica até 2050. Uma consulta
programa. pública separada examinou se as emissões e remoções da atmosfera de dióxido de
carbono e de outros gases com efeito de estufa relacionadas com a utilização dos
solos, a reafectação dos solos e a silvicultura deveriam ser abrangidas pelo objec-
tivo de redução da UE.
74
De Copenhaga a Cancun Progressos internacionais desde
Prosseguiram em 2010 as negociações internacionais que visam estabelecer um Copenhaga
acordo global em matéria de clima sob os auspícios das Nações Unidas. Na pri- Os países industrializados e em desenvol-
vimento aceitaram pela primeira vez que
meira parte do ano, a prioridade da UE foi revigorar as negociações após os resul-
partilham uma responsabilidade conjunta
tados desanimadores da Conferência de Copenhaga em Dezembro de 2009. No
na manutenção do aquecimento global a
entanto, o Acordo de Copenhaga subscreveu o objectivo de manter o aumento um nível inferior a 2 °C. Desde Dezembro
das temperaturas globais abaixo de 2 °C em relação ao nível pré-industrial. A UE de 2009, perto de 140 países, responsáveis
continua convencida de que a única forma eficaz de atingir este objectivo é atra- por mais de 80% das emissões mundiais,
vés de um acordo mundial, abrangente e juridicamente vinculativo, pelo que associaram-se ao Acordo de Copenhaga,
durante o ano contribuiu para aumentar a pressão nesse sentido. A comunicação enquanto mais de 75 apresentaram
da Comissão (26) de Março propôs: uma implementação rápida pela UE do Acordo acções ou objectivos destinados a limitar
ou a reduzir as suas emissões. O Acordo de
de Copenhaga, em especial da promessa de assistência financeira de «arranque
Copenhaga vincula o mundo industriali-
rápido» aos países em desenvolvimento, a adopção de uma abordagem por fases
zado a prestar uma assistência financeira
para a obtenção de um acordo global, a demonstração da liderança da UE ao substancial aos países em desenvolvi-
tomar medidas tangíveis para se tornar a região do mundo mais respeitadora do mento na luta contra as alterações
clima, como parte integrante da estratégia «Europa 2020» e a intensificação da climáticas: perto de 30 mil milhões de
abertura da UE a parceiros de todo o mundo a fim de criar confiança em que con- dólares de financiamento designado de
tinua a ser possível um acordo global sob os auspícios da ONU. «arranque rápido» para 2010-2012 e 100
mil milhões de dólares por ano até 2020.
A UE trabalhou ao longo do ano no sentido de tornar a conferência de Cancun A UE e os Estados-Membros começaram a
sobre alterações climáticas de Novembro e Dezembro de 2010 num novo marco cumprir o seu compromisso de fornecer
importante na via para um acordo internacional juridicamente vinculativo. Os 7,2 mil milhões de euros durante o
negociadores reuniram-se em Bona em Agosto, mas obtiveram menos resulta- período de 2010-2012.
dos do que esperavam. Na sessão preparatória final para a conferência de Cancun
realizada em Tianjin, China, no início de Outubro, chegou-se a um largo consenso
de que em Cancun se deveria obter um pacote equilibrado de decisões.
75 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
O Conselho Assuntos Económicos e Financeiros de Dezembro (29) aprovou um
relatório sobre os progressos realizados pela UE na mobilização de 7,2 mil
milhões de euros de financiamento de arranque rápido que se comprometera a
proporcionar no período de 2010 a 2012. Este relatório foi apresentado em
Cancun e a União Europeia está empenhada em continuar a comunicar anual-
mente, de forma transparente, a sua implementação do compromisso de finan-
ciamento de «arranque rápido».
76
A m b ien t e
No século XX, assistiu-se a um crescimento fenomenal da Europa: a
sua população foi multiplicada por 4 e a sua produção económica por
40. Mas foi muito exigente em termos de recursos: a utilização de
combustíveis fósseis foi multiplicada por 16, as capturas na pesca por
35, o consumo de água por 9 e as emissões de carbono por 17.
O ano de 2010 foi o Ano Internacional da Biodiversidade da ONU e a UE congratu- Luta contra a perda de
lou-se com o acordo que tinha promovido, na décima sessão da conferência das biodiversidade
partes na Convenção sobre a Diversidade Biológica, realizada em Nagoya, em A UE é desde há muito tempo o maior
Outubro, sobre uma estratégia mundial de luta contra a perda de biodiversidade, doador mundial na luta contra a perda de
biodiversidade. Desde 2002, contribuiu
a mobilização dos recursos necessários para a sua execução e a criação de um
com quase 9 mil milhões de euros. Dispõe
protocolo sobre o acesso e a partilha dos benefícios dos recursos genéticos.
do maior número de zonas protegidas no
A atenção dada à biodiversidade também incluiu a conciliação das suas exigên- mundo (26 000) abrangendo 18% da sua
cias com outros objectivos das políticas da UE. Por exemplo, parques eólicos mal área terrestre.
77 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
Rótulo ecológico da UE 2010 Sustentabilidade ambiental
Os galardoados dos prémios de comuni- A sustentabilidade foi uma grande prioridade da agenda da UE durante todo o ano
cação sobre o rótulo ecológico da UE de como um elemento central na estratégia «Europa 2020». É uma consideração que
2010, anunciados em Outubro, foram o permeia quase todos os aspectos da vida e as acções da UE tiveram, por conse-
hotel português Jardim Atlântico, na
guinte, um amplo alcance.
Madeira, o Arjowiggins Graphic de Paris,
um importante fabricante de papel Uma prioridade tem sido proteger o ambiente dos danos provocados por resíduos e
reciclado, e a Sara Lee Corporation, que matérias ou emissões perigosas. Os trabalhos progrediram sobre a reformulação da
tem a sua sede internacional nos Países Directiva «Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Eletrónicos» (35) e da Directiva
Baixos. O prémio recompensa actividades «Restrição do Uso de Substâncias Perigosas» (36) (como o chumbo, o mercúrio, o cád-
promocionais excepcionais destinadas à
mio) nesses equipamentos. O âmbito das regras foi também alargado de modo a
sensibilização do público para o rótulo
eliminar, na medida do possível, a utilização de substâncias perigosas e a contrariar o
ecológico da UE (o rótulo da UE para
produtos e serviços que respeitam o volume rapidamente crescente deste tipo de resíduos, que têm consequências
ambiente) e que incentiva a produção e o adversas no ambiente e na saúde se não forem correctamente tratados e eliminados.
consumo de produtos e serviços Regras mais claras e ar mais puro são alguns dos objectivos da Directiva «Emissões
ecológicos. Actualmente, cerca de
Industriais» aprovada em Novembro (37). Serão aplicáveis limites mais rigorosos à
25 000 produtos e serviços ostentam
poluição do ar, embora com uma certa flexibilidade em termos de prazos para as
o logótipo do rótulo ecológico, na forma
de uma flor. centrais eléctricas ou para casos especiais. A directiva actualiza e funde sete actos
legislativos em vigor, incluindo as directivas relativas a grandes instalações de
combustão e à prevenção e controlo integrados da poluição, e abrange cerca de
52 000 instalações industriais e agrícolas com elevado potencial de poluição, desde
refinarias até explorações suinícolas.
Outras acções têm incidido na preservação do ambiente natural. O Regulamento
Madeira Ilegal (38) rege as importações, a fim de impedir a venda de madeira ilegal,
ou de produtos fabricados com essa madeira, no mercado da UE. A exploração
madeireira ilegal causa graves prejuízos ambientais e compromete os esforços dos
que procuram gerir as florestas de forma responsável. Simultaneamente, a legisla-
ção contribui para o combate às alterações climáticas.
HyFLEET:CUTE O acordo sobre o regime de sustentabilidade dos biocombustíveis e biolíquidos,
O projecto de demonstração emblemático como parte integrante da Directiva «Energias Renováveis» de 2009, assegurou que
sobre autocarros a hidrogénio o apoio financeiro e a contagem para os objectivos nacionais de energias renová-
HyFLEET:CUTE, apoiado por financia- veis só são possíveis para os biocombustíveis que cumprem os critérios de susten-
mento da UE no domínio da investigação,
tabilidade. Este regime é o primeiro conjunto de critérios juridicamente vinculativo
foi completado com sucesso: 2,6 milhões
do mundo em matéria de sustentabilidade dos biocombustíveis e é provável que
de quilómetros percorridos, 500 toneladas
seja pioneiro. Para o tornar plenamente eficaz, são necessários regimes de certifica-
de hidrogénio produzidas, 170 000 horas
de funcionamento, um nível de fiabilidade ção geridos pela indústria, administrações públicas e ONG, tendo a Comissão deli-
extremamente elevado e 8 milhões de neado um sistema (39) para o reconhecimento de biocombustíveis sustentáveis que
passageiros transportados em serviços contribuam para reduções substanciais das emissões de gases com efeito de estufa
públicos. e não provenham de florestas, zonas húmidas ou zonas de protecção da natureza.
A Comissão formulou também recomendações sobre critérios para regimes nacio-
nais em matéria de sustentabilidade da biomassa sólida e do biogás utilizados nos
sectores da electricidade e do aquecimento e refrigeração, a fim de promover um
mercado interno eficaz no domínio da biomassa.
© Gary Lee / Belga
O financiamento da UE no domínio da
investigação apoiou o projecto
HyFLEET:CUTE. 78
A UE actualizou também as regras relativas a sementes e propágulos, no que diz Incentivar as cidades a
respeito à preservação dos recursos genéticos vegetais, e iniciou avaliações sobre tornarem-se ecológicas
os regimes da União fitossanitários e de protecção das variedades vegetais. Em Em Outubro, Vitoria-Gasteiz foi designada
Julho, foram atribuídos 250 milhões de euros a 210 novos projectos no âmbito do a «capital verde» da Europa de 2012 e o
mesmo aconteceu com Nantes para 2013.
programa LIFE+ (40) e do Fundo Europeu para o Ambiente. Os projectos promovem
Estas cidades foram seleccionadas da
a conservação da natureza, a política ambiental e a informação e comunicação.
lista de finalistas que também incluía
A UE procura constantemente obter um melhor equilíbrio entre a preservação do Barcelona, Malmö, Nuremberga e
ambiente natural e a salvaguarda do crescimento e da prosperidade. A Comissão Reiquiavique, as quais foram selecciona-
das entre 17 cidades candidatas. As
propôs, por exemplo, novas formas de resolver o problema colocado pelo facto
cidades são avaliadas em função de
de continuar a haver opiniões divergentes na Europa sobre o controlo do cultivo
critérios ambientais que incluem a
de organismos geneticamente modificados (41). contribuição local para a luta contra as
A protecção dos habitantes do ambiente natural esteve também no centro das alterações climáticas, os equipamentos de
transporte, as zonas verdes urbanas, a
atenções da UE. Novas regras (42) exigem aos viajantes que adquirem produtos
utilização sustentável dos solos, a
derivados da foca fora da Europa que apresentem uma declaração especial às
natureza e a biodiversidade, a qualidade
autoridades aduaneiras no seu regresso a casa, comprovando que provêm ape- do ar local, a poluição sonora, a produção
nas da caça efectuada por comunidades Inuit. Foi adoptada a Directiva «Ensaios e gestão de resíduos, o consumo de água,
em Animais» (43) que visa reduzir as experiências e permitir uma melhor protec- o tratamento de águas residuais e a
ção dos animais utilizados em investigação e que actualiza as regras de 1986: gestão ambiental do município.
permite experiências médicas com animais apenas quando não existem alterna-
tivas e todas as instituições que utilizam animais para fins científicos têm de
cumprir critérios rigorosos e autorizar controlos externos regulares.
© EPA / Belga
O lançamento do prémio Capital Verde da
Europa de 2011 teve lugar em Hamburgo,
Utilização sustentável dos recursos naturais e dos mares num dos seus edifícios eficientes do ponto
A sustentabilidade é uma preocupação fulcral da UE na preparação das altera- de vista energético.
ções à sua política das pescas. O reconhecimento de que um número significativo
de unidades populacionais de peixes são sobreexploradas constitui o motor da
reforma que tornará a política mais simples e mais ecológica. Incentivará a indús-
tria das pescas a assumir uma maior responsabilidade e uma maior participação
no processo decisório e na implementação, eliminando capacidade excedentária
e devoluções de unidades populacionais de peixes e pensando em primeiro
lugar nas unidades populacionais e nos ecossistemas. Para que tal se torne uma
realidade a nível mundial, a UE inclui agora compromissos relativos à pesca sus-
tentável em todos os seus acordos de comércio livre.
79 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
No topo da lista dos riscos de esgotamento e de depredação estão os recursos
naturais e os mares. Uma nova estratégia da Comissão (44) anunciada em Maio
visa melhorar a gestão dos bio-resíduos na UE e explorar os seus significativos
benefícios ambientais e económicos. E, em Setembro (45), a Comissão estabele-
ceu critérios para o «bom estado ecológico» dos mares europeus, a fim de ajudar
os Estados-Membros a desenvolver estratégias marinhas coordenadas relativas a
cada mar regional. Entende-se por bom estado ambiental, o estado ambiental
das águas marinhas quando estas constituem oceanos e mares dinâmicos e
ecologicamente diversos, sãos e produtivos. A definição dos critérios é um requi-
sito da Directiva-Quadro «Estratégia Marinha» cujo objectivo é obter um bom
estado ambiental em todas as águas marinhas da UE até 2020. A definição con-
centra‑se na diversidade biológica, nas unidades populacionais de peixes, na
eutrofização, nos contaminantes, nos detritos e no ruído.
O terceiro Dia Marítimo Europeu A política marítima integrada da UE (46) também promove a utilização pelos
Neste evento, reuniram-se em Gijón Estados-Membros dos mares e litorais de uma forma que respeite o ambiente
(Espanha) mais de 1 600 intervenientes no marinho e está a ser elaborada uma estratégia transsectorial para o crescimento
sector marítimo de toda a Europa, sustentável dos sectores marítimos e das regiões costeiras. O Conselho Europeu
incluindo representantes das indústrias
de Junho deu um impulso adicional ao desenvolvimento de estratégias a nível
marítimas, comunidades científicas, ONG
das bacias marítimas e, em Outubro, a Comissão apresentou opções para uma
ambientais, utilizadores do mar com fins
recreativos, bem como autoridades abordagem comum relativa ao ordenamento do espaço marítimo em toda a UE,
nacionais e regionais. bem como uma iniciativa, lançada em Setembro, para desenvolver os conheci-
mentos marinhos como um elemento auxiliar da estratégia «Europa 2020» (47).
Em Novembro, a UE lançou o seu primeiro Atlas dos Mares (48).
As pescas são um dos recursos naturais mais ricos dos mares e, em Janeiro,
entrou em vigor um novo sistema (50) para melhorar o controlo das pescas e lutar
contra a pesca ilegal. Este sistema dota a UE e os seus Estados-Membros de
novos instrumentos para combater operadores pouco escrupulosos e para pro-
teger os meios de subsistência dos pescadores honestos que estariam de outra
forma expostos a uma concorrência desleal. Uma vez que os infractores já não
podem evitar a detecção e a punição, é assim promovida uma cultura de cumpri-
mento das normas em todo o sector das pescas. Em Junho, entrou em vigor um
regulamento relativo à conservação e exploração sustentável dos recursos hali-
êuticos no mar Mediterrâneo.
80
Além da pressão que exerceu a nível internacional para aumentar a protecção do
atum rabilho do Atlântico, a Comissão, a Agência Comunitária de Controlo das
Pescas e os Estados-Membros implementaram um novo programa de controlo e
inspecção e um vasto plano para evitar a sobrepesca. Foi realizada uma monito-
rização navio-a-navio e dia-a-dia do consumo das quotas, tendo o período de
pesca autorizada sido encerrado cedo e tendo sido reduzida ainda mais a capa-
cidade de pesca da UE.
A matriz para uma política agrícola comum virada para o futuro (51), publicada
em Novembro, faz também da sustentabilidade uma prioridade central — a par
de uma produção alimentar viável e de um desenvolvimento territorial equili-
brado. O objectivo é tornar a agricultura europeia competitiva, não apenas do
ponto de vista económico mas também ambiental. Um debate público e uma
conferência importante sobre o futuro da PAC realizados durante o ano permiti-
ram identificar a gestão sustentável dos recursos naturais e a acção climática
como um dos três principais objectivos. Uma das conclusões foi que os critérios
alterados aplicáveis aos pagamentos directos devem incluir considerações
ambientais, reflectindo os bens públicos fornecidos pelos agricultores.
81 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
© Imagebroker / Belga
82
notas
(1) Comunicação da Comissão «Energia 2020 — Estratégia para uma energia competitiva, (28) Conclusões da Presidência do Conselho Europeu, 28 e 29 de Outubro de 2010 (http://
sustentável e segura» [COM(2010) 639]. www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/ec/117496.pdf ).
(2) Comunicação da Comissão «Enfrentar o desafio da segurança da exploração offshore (29) Conclusões do Conselho Assuntos Económicos e Financeiros, 17 de Novembro de
de petróleo e gás» [COM(2010) 560]. 2010 (http://register.consilium.europa.eu/pdf/pt/10/st16/st16369.pt10.pdf ).
(3) Comunicação da Comissão «Prioridades em infra-estruturas energéticas para 2020 e (30) Conclusões da Presidência do Conselho Europeu, 25 e 26 de Março de 2010 (http://
mais além — Matriz para uma rede europeia integrada de energia» [COM(2010) 677]. www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/pt/ec/113612.pdf ).
(4) Directiva 2010/30/UE relativa à indicação do consumo de energia e de outros recursos (31) http://biodiversity.europa.eu/
por parte dos produtos relacionados com a energia, por meio de rotulagem e outras (32) A PAC no horizonte 2020: Responder aos desafios do futuro em matéria de
indicações uniformes relativas aos produtos (JO L 153 de 18.6.2010, p. 1). alimentação, recursos naturais e territoriais [COM(2010) 672].
(5) Regulamentos Delegados (UE) n.os 1059/2010, 1060/2010, 1061/2010 e 1062/2010 (33) http://ec.europa.eu/fisheries/reform/index_pt.htm: «Iniciámos também uma vasta
relativos à rotulagem energética de máquinas de lavar loiça, aparelhos de avaliação do impacto da reforma, que será executada de acordo com a metodologia
refrigeração, máquinas de lavar roupa e televisores para uso doméstico (JO L 314 de da Comissão em matéria de avaliação de impactos. Serão delineados vários cenários
30.11.2010). para a futura política a fim de avaliar os resultados das diferentes opções. Nesta
(6) Directiva 2010/31/CE relativa ao desempenho energético dos edifícios (JO L 153 de avaliação, serão tidos especialmente em conta os aspectos ambientais, económicos e
18.6.2010). sociais. Os resultados desta análise serão utilizados para elaborar as propostas de
(7) «Renewable Energy Snapshots 2010», relatório publicado pelo Centro Comum de reforma. De acordo com o nosso calendário, a avaliação do impacto será concluída no
Investigação da Comissão Europeia em 5 de Julho de 2010 (http://re.jrc.ec.europa.eu/ Outono de 2010». http://ec.europa.eu/fisheries/reform/sec(2010)0428_pt.pdf
refsys/). (34) http://ec.europa.eu/environment/nature/natura2000/management/docs/
(8) A chamada reserva para novos operadores, ou NER300, é composta por 300 milhões Wind_farms.pdf
de licenças de emissão da UE. (35) Directiva 2002/96/CE relativa aos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos
(9) Proposta de Directiva relativa à gestão do combustível irradiado e dos resíduos (REEE) (JO L 37 de 13.2.2003, p. 24).
radioactivos [COM(2010) 618]. (36) Directiva 2002/95/CE relativa à restrição do uso de determinadas substâncias
( ) Regulamento (UE) n.° 994/2010 relativo a medidas destinadas a garantir a segurança
10 perigosas em equipamentos eléctricos e electrónicos (JO L 37 de 13.2.2003, p. 19).
do aprovisionamento de gás (JO L 295 de 12.11.2010, p. 1). (37) Aprovação do Conselho, 8 de Novembro de 2010 (http://www.consilium.europa.eu/
(11) http://ec.europa.eu/energy/international/events/2010_11_22_eu_russia_anniver- uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/envir/117566.pdf ).
sary_en.htm (38) Regulamento (UE) n.° 995/2010 que fixa as obrigações dos operadores que colocam
(12) http://ec.europa.eu/energy/international/organisations/opec_en.htm no mercado madeira e produtos da madeira (JO L 295 de 12.11.2010, p. 23).
(13) Uma política energética para os consumidores: conclusões do Conselho, 29 de (39) Documentos da Comissão — Sistema de certificação dos biocombustíveis
Outubro de 2010 (http://register.consilium.europa.eu/pdf/en/10/st15/st15697.en10. sustentáveis (http://ec.europa.eu/energy/renewables/biofuels/sustainability_crite-
pdf ). ria_en.htm).
(14) Decisão 2010/634/UE da Comissão que ajusta a quantidade de licenças de emissão a (40) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/10/1002&format=HTML
nível da União a conceder no âmbito do regime da União para 2013 (JO L 279 de &aged=0&language=EN&guiLanguage=en
23.10.2010, p. 34). (41) Comunicação da Comissão relativa à liberdade de os Estados-Membros decidirem
(15) Regulamento (UE) n.º 1031/2010 da Comissão relativo ao calendário, administração e sobre o cultivo de culturas geneticamente modificadas [COM(2010) 380].
outros aspectos dos leilões de licenças de emissão de gases com efeito de estufa (42) Regulamento (CE) n.° 1007/2009 relativo ao comércio de produtos derivados da foca
(JO L 302 de 18.11.2010, p. 1). (JO L 286 de 31.10.2009, p. 36).
(16) http://ec.europa.eu/clima/policies/ets/benchmarking_en.htm (43) Directiva 2010/63/CE relativa à protecção dos animais utilizados para fins científicos
( ) http://ec.europa.eu/commission_2010-2014/hedegaard/docs/proposal_restric-
17 (JO L 276 de 20.10.2010, p. 33).
tions_final.pdf (44) Comunicação da Comissão relativa às futuras etapas na gestão dos bio-resíduos na
(18) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/10/576&language=EN União Europeia [COM(2010) 235].
(19) Relatório da Comissão «Progressos na realização dos objectivos de Quioto» (45) Decisão da Comissão 2010/477/UE relativa aos critérios e às normas metodológicas de
[COM(2010) 569]. avaliação do bom estado ambiental das águas marinhas (JO L 232 de 2.9.2010, p. 14).
(20) Directiva 2003/87/CE relativa à criação de um regime de comércio de licenças de (46) Proposta de Regulamento que estabelece um programa de apoio ao aprofunda-
emissão de gases com efeito de estufa na Comunidade (JO L 275 de 25.10.2003, mento da política marítima integrada [COM(2010) 494].
p. 32). (47) Ibidem.
(21) Acórdão do Tribunal Geral de 2.3.2010 no Processo T-16/04, Arcelor/Parlamento e (48) http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/atlas/index_pt.htm
Conselho. (49) Comunicação da Comissão «Objectivos estratégicos e recomendações para a política
(22) Decisão 2009/339/CE da Comissão no que se refere à inclusão de orientações para a comunitária de transporte marítimo no horizonte de 2018» [COM(2009) 8].
monitorização e a comunicação das emissões e dos dados relativos às toneladas- (50) Regulamento (CE) n.° 1010/2009 da Comissão que determina as normas de execução
-quilómetro resultantes das actividades da aviação (JO L 103 de 23.4.2009, p. 10). do Regulamento (CE) n.° 1005/2008 do Conselho, que estabelece um regime
(23) http://www.eurocontrol.int/environment/public/standard_page/small_emitters.html comunitário para prevenir, impedir e eliminar a pesca ilegal, não declarada e não
(24) http://ec.europa.eu/clima/funding/ner300/index_en.htm regulamentada (JO L 280 de 27.10.2009, p. 5).
(25) Comunicação da Comissão «Análise das opções para ir além do objectivo de 20% de (51) Comunicação da Comissão «A PAC no horizonte 2020: responder aos desafios do
redução das emissões de gases com efeito de estufa e avaliação do risco de fuga de futuro em matéria de alimentação, recursos naturais e territoriais» [COM(2010) 672].
carbono» [COM(2010) 265]. (52) Regulamento (UE) n.° 913/2010 relativo à rede ferroviária europeia para um
(26) Comunicação da Comissão «Política climática internacional pós-Copenhaga: agir de transporte de mercadorias competitivo» (JO L 276 de 20.10.2010, p. 22).
imediato para redinamizar a acção mundial relativa às alterações climáticas» (53) Conselho Transporte, Telecomunicações e Energia — Acordo político de 15 de Outubro
[COM(2010) 86]. de 2010 (http://register.consilium.europa.eu/pdf/en/10/st15/st15147.en10.pdf ).
(27) Conclusões do Conselho Ambiente de 14 de Outubro de 2010 (http://www.consilium. (54) Directiva 2010/40/UE que estabelece um quadro para a implantação de sistemas de
europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/envir/117096.pdf ). transporte inteligentes no transporte rodoviário, inclusive nas interfaces com outros
modos de transporte (JO L 207 de 6.8.2010, p. 1).
83 R e l ató r i o G e r a l 2010 | E n e r g i a , a m b i e n t e e c l i m a
Capítulo 4
A União Europeia no mundo
O Tratado de Lisboa introduz uma nova coerência nas
relações externas da União Europeia (UE). Um novo
alto-representante e vice-presidente da Comissão
passou a ser responsável pela política externa da União.
Neste papel, Catherine Ashton preside ao Conselho
Negócios Estrangeiros e dirige o novo serviço diplomá-
tico. Isto confere à União capacidade para falar a uma só
voz e os meios necessários para melhor projectar os seus
valores no mundo: o respeito pelos direitos humanos e a
democracia, a cooperação para fazer face aos desafios
comuns e o empenhamento a favor do multilateralismo.
Acrescentado aos seus trunfos — primeiro bloco
comercial do mundo e principal doador mundial de
ajuda, dispondo de uma densa teia de relações políticas
e culturais e de uma importante divisa internacional —
a UE melhorou o seu potencial para desempenhar um
papel importante na cena mundial que corresponda ao
seu peso económico. A sua nova capacidade de empe-
nhamento integrado manifestou-se ao longo de todo o
ano, através das respostas construtivas que deu a
situações tão diversas como no Haiti, nos Territórios
Ocupados da Palestina ou no Darfur.
A União Europeia no centro do G20 A UE desempenhou um papel activo nas grandes instâncias internacionais,
A UE é uma força de primeiro plano no nomeadamente no Conselho dos direitos humanos das Nações Unidas e na
processo de reuniões do G20, lançado por Assembleia Geral das Nações Unidas, em Setembro. A União Europeia esteve
iniciativa da Europa aquando da visita aos bem representada nos encontros de alto nível com dirigentes mundiais e com os
Estados Unidos do presidente Barroso e
representantes de países e de agrupamentos regionais estratégicos, o que
do presidente Sarkozy em 2008. É hoje em
demonstra a importância que atribui à realização dos objectivos de desenvolvi-
dia a primeira instância de coordenação
económica internacional. Nasceu do G8,
mento do milénio e ao recurso ao multilateralismo para dar resposta aos desafios
que inclui a França, Alemanha, Itália, globais que constituem o desenvolvimento, a paz, a segurança, as crises huma-
Japão, Reino Unido, Estados Unidos, nitárias e a luta contra as alterações climáticas.
Canadá e Rússia, e no qual a UE está
Em apoio à acção das Nações Unidas, a UE aplicou as novas sanções do Conselho
igualmente representada. O G20 reúne
de Segurança das Nações Unidas na Somália, na Eritreia e no Irão. A Comissão
19 países mais a UE (os países do G8, a
Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, continuou igualmente a representar a UE no processo de Kimberley, uma instân-
Indonésia, México, Arábia Saudita, África cia intergovernamental que reúne 75 países, apoiada pelas Nações Unidas, e que
do Sul, Coreia do Sul e Turquia). tem por missão impedir o comércio dos diamantes de guerra. Apoiando e na
realidade indo mesmo mais além do que a Resolução das Nações Unidas desti-
nada a restringir as ambições nucleares do Irão, a UE aplicou novas sanções em
Julho, que abrangiam o comércio, os serviços financeiros, a energia, os transpor-
tes, os vistos e o congelamento de bens, quando fosse estabelecida uma relação
com o programa nuclear iraniano e o programa iraniano de mísseis balísticos (1).
Ao mesmo tempo, a UE prosseguiu, incontestavelmente, os seus esforços no
sentido de chegar a um acordo negociado. A alta-representante da UE, Catherine
Ashton, desempenhou o papel de negociador em nome do denominado grupo
«E3+3», que inclui a China, a França, a Alemanha, a Federação da Rússia, o Reino
Unido e os Estados Unidos.
86
Uma política externa da UE mais eficaz, mais coerente e mais visível
Com a aplicação do Tratado de Lisboa, o novo cargo de alto-representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança agrupa o que eram anteriormente três funções distintas: a de alto-representante do Conselho, a de comissário
responsável pelas Relações Externas na Comissão e (tal como a Presidência rotativa do Conselho) a de presidir às reuniões
dos ministros dos Negócios Estrangeiros, do Desenvolvimento e da Defesa da UE. Como vice-presidente da Comissão, o
alto-representante contribui para assegurar a coerência em todo o espectro das relações externas da UE e, em particular,
entre os objectivos políticos e os programas distintos da UE em matéria de despesas e de assistência.
O novo Serviço Europeu para a Acção Externa foi concebido durante o ano (2) e criado formalmente em 1 de Dezembro.
Reúne as capacidades de política externa da Comissão e as do Conselho e é complementado com diplomatas dos Estados-
-Membros, reforçando consideravelmente a capacidade da UE para desempenhar o seu papel a nível internacional. Institui
um serviço civil altamente qualificado e plenamente integrado na sede e, pela primeira vez, proporciona uma representação
diplomática própria da UE em vários países do mundo. A incorporação dos diplomatas de Estados-Membros, com a sua
experiência dos serviços externos dos seus próprios países, proporciona novas e valiosas sinergias. Foram efectuadas as
primeiras nomeações para postos de alto nível no serviço e para postos diplomáticos essenciais (incluindo dos Estados-
-Membros) durante o passado Outono.
Re f o r ç a r a l i a n ç a s e s t r at é g ic a s
À medida que emergem as parcerias estratégicas do século XXI e Uma parceria UE-EUA efica z
que as novas políticas mundiais tomam forma, a Europa aproveita a A cimeira de Novembro centrou-se em
oportunidade para modelar o mundo globalizado. As relações que a três áreas de cooperação de interesse vital
UE estabelece com os seus parceiros estratégicos são determinantes para o conjunto dos 800 milhões de
cidadãos que as duas partes representam:
neste aspecto. Para ser eficaz na cena internacional, a UE tem neces-
o crescimento e o emprego; as alterações
sidade de estabelecer alianças sólidas. Na perspectiva da realização
climáticas e o desenvolvimento
dos seus objectivos, continua a estabelecer relações com um certo internacional; e o reforço da segurança
número de países importantes, que considera estratégicos. Muitas dos cidadãos. Rejeitou o proteccionismo,
dessas relações evoluíram significativamente em 2010. defendeu o conceito de compromissos
sólidos e transparentes em matéria de
Os Estados Unidos continuam a ser o parceiro mais próximo e mais importante.
redução das emissões de gases com efeito
As conclusões da cimeira UE-EUA realizada em Lisboa, em Novembro (3) — a
de estufa, por parte das principais
primeira desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa — reafirmaram a parceria economias. Comprometeu-se a reforçar a
estreita que os une. A UE e os EUA não só partilham os mesmos valores, interesses cooperação sobre os objectivos de
e objectivos, como, em conjunto, produzem quase metade do PIB mundial. desenvolvimento do milénio e acordou
A parceria económica transatlântica, num valor superior a 3 biliões de dólares, é numa abordagem mais global e
um motor da prosperidade económica global e representa as relações económicas estratégica em relação às grandes
questões de segurança internacional. Foi
de maior dimensão, mais integradas e mais viradas para o futuro do mundo. A UE
criado um grupo de trabalho conjunto
e os EUA em conjunto fornecem também cerca de 80% da ajuda pública ao desen-
sobre a cibersegurança e a
volvimento à escala mundial. Durante o ano passado, cooperaram eficazmente
cibercriminalidade.
sobre questões de política externa, nomeadamente o processo de paz no Médio
Oriente, o Afeganistão e o Paquistão, a não-proliferação e os conflitos regionais.
Realiza-se um diálogo regular sobre a política externa entre a alta-representante
da UE, Catherine Ashton, e a secretária de Estado americana, Hilary Clinton.
© União Europeia
A entrada em vigor do Tratado de Lisboa abriu também uma nova etapa nas
relações entre a UE e a China, que permitiu à UE demonstrar uma abordagem
mais coerente. A cimeira conjunta de Outubro foi abordada pelas duas partes
num espírito de reciprocidade e de benefício mútuo. Havia um interesse comum
em trabalhar em conjunto para o reforço das relações bilaterais graças ao diálogo
político, às trocas comerciais e aos investimentos. Foi ainda o interesse comum
que prevaleceu quando se tratou de dar resposta aos desafios mundiais, em
especial a crise económica e financeira e as alterações climáticas e a energia, na
perspectiva da cimeira do G20 que se realizou em Seul, em Novembro, e da
cimeira de Cancun sobre as alterações climáticas, em Dezembro. Foi aberto em
Pequim um Centro das Energias Limpas UE-China.
88
O alcance e a intensidade das relações da UE com os seus principais parceiros
podem também ser avaliados a partir de uma amostragem dos contactos
durante o ano. Uma cimeira com o Canadá, realizada em Maio (6), rejeitou o
proteccionismo e apresentou o balanço dos progressos registados na negocia-
ção de um ambicioso acordo económico e comercial global que irá proporcionar
um novo impulso ao comércio, ao investimento, à inovação e à criação de
emprego. A cimeira UE-Índia, que se realizou em Bruxelas em Dezembro, subli-
nhou a luta contra o terrorismo (o acordo que está a ser negociado entre a
Europol e a Índia inclui um conjunto de medidas concretas), a gestão das crises,
a segurança marítima, a não-proliferação e a manutenção e consolidação da
paz), bem como a governação económica e as questões regionais na Ásia do Sul.
As duas partes assumiram igualmente o compromisso de reforçar a sua coopera-
ção comercial, tendo já sido realizados progressos consideráveis na via da assina-
tura de um acordo de comércio livre, mas igualmente nos domínios da energia e
das alterações climáticas. A cimeira reconheceu a importância de um diálogo
sobre a migração no quadro mais vasto da cooperação UE-Índia.
90
© Imago / Reporters
A UE esteve bem representada na Exposição
A cooperação no domínio da investigação foi alargada à investigação ambiental Universal de Xangai 2010. Partilhou o seu
(nomeadamente o projecto Soiltrec com a China e outros países para lutar contra pavilhão com a Bélgica, o país que deteve a
as ameaças que pesam sobre os solos decorrentes das alterações climáticas e Presidência semestral rotativa do Conselho
outros fenómenos), à investigação em matéria de saúde (no consórcio interna- no segundo semestre do ano.
cional sobre o genoma do cancro), à participação no exercício de previsão geo-
política «A Europa no mundo em 2030-50», à avaliação da segurança de abaste-
cimento energético e à semana da ciência da tecnologia UE-China em Xangai.
No domínio da segurança alimentar, a Comissão coordenou igualmente o contri-
buto dos Estados-Membros para o Gabinete Internacional das Epizootias, no
âmbito dos comités da Organização Mundial do Comércio e, no que diz respeito
ao bem-estar dos animais, com o Conselho da Europa.
P r o m o v e r a pa z, a s e g u r a n ç a e o s di r ei t o s h u m a n o s
A UE, cuja origem e evolução assentam no estabelecimento da paz e
da segurança, continua empenhada na promoção destas condições
igualmente para além das suas fronteiras. O desenvolvimento eco-
nómico, político e social no mundo — tal como os direitos humanos
— dependem da paz e da segurança.
A UE continuou a empenhar-se na resolução de conflitos e nos processos de
reconstrução no Afeganistão e no Paquistão, não só em benefício das populações
locais, mas também dos europeus. Tem trabalhado para a estabilização do Afega-
nistão, com os soldados europeus, a polícia, os juízes e demais pessoal civil que
trabalham no terreno, contribuindo todos para desenvolver as instituições que
permitirão ao Estado melhorar o seu funcionamento de modo independente, e
para estabelecer meios de subsistência sustentáveis que irão permitir que as
comunidades prosperem não obstante os conflitos e do comércio de estupefa-
cientes No Paquistão, que enfrenta múltiplos desafios de ordem política, econó-
mica e institucional, a UE tem aprofundado o seu empenhamento, tal como con-
© Bas Bogaerts / Belga
Operações militares
Missões civis
EUFOR Althea
EUPM Bósnia e Herzegovina
Bósnia e Herzegovina, desde 2004 EUBAM
desde 2003 Número de soldados: 1 481 Moldávia e Ucrânia
Pessoal da missão: 275 Pessoal da missão: 200
EUMM Geórgia
EULEX Kosovo desde 2008
desde 2008 Número de soldados: 410
Pessoal da missão: 2 807
EUSEC RD Congo
desde 2005 EU NAVFOR Atalanta
Pessoal da missão: 47 desde 2008
Número de soldados: 1 337
EUTM Somália
EUPOL RD Congo desde 2010
desde 2007 Número de soldados: 43
Pessoal da missão: 49
Para ajudar o Iémen a dar resposta aos seus múltiplos desafios de segurança,
económicos e políticos, a UE desenvolveu uma abordagem que combina acções
da União e dos Estados-Membros com os principais parceiros internacionais, em
matéria de antiterrorismo, ajuda humanitária e apoio às reformas económicas e
políticas. A UE também estabeleceu aí uma delegação permanente em Janeiro.
92
Os direitos humanos estão no topo da agenda de todos os contactos externos da
UE, tal como reflectido na importância que lhes tem sido dada em diálogos
políticos com países terceiros, através dos programas de ajuda ao desenvolvi-
mento da UE e nos compromissos multilaterais da UE. O compromisso da União
Europeia a favor dos direitos humanos foi ainda reforçado pelo Tratado de Lisboa,
o qual também abriu caminho para a adesão da UE à Convenção Europeia dos
Direitos do Homem e consolidou os direitos humanos, a democracia e o Estado
de direito entre os objectivos essenciais das políticas externas da UE.
Investir na paz
Através do Instrumento de Estabilidade da UE foram lançadas acções de preven-
ção dos conflitos, em apoio aos processos de paz e de reconciliação e medidas
de estabilização no Senegal, Sudão, Mauritânia, Indonésia, Tailândia, Banglade-
che, Filipinas, Equador, Honduras, Líbano, Quirguizistão, Nagorno-Karabakh,
Geórgia e Bielorrússia. No total, em 2010, a UE lançou 27 programas de resposta
rápida a situações de crise, com autorizações no valor de 140 milhões de euros
— incluindo 25 milhões de euros para o Haiti e 33 milhões de euros no Paquis-
tão. Além disso, foi mobilizado um montante de 20 milhões de euros para o
financiamento da Parceria de Consolidação da Paz da UE, o que reforça as capa-
cidades da sociedade civil e dos parceiros regionais e internacionais de prepara-
ção para as crises, e outros 62 milhões de euros para fazer face, a longo prazo, às
ameaças à segurança.
94
A Comissão adoptou uma estratégia para 2011-2013 centrada no reforço do Defender os defensores dos
papel da sociedade civil na promoção dos direitos humanos e da reforma demo- direitos humanos
crática. Esta estratégia incide principalmente na luta contra a pena de morte, a Os dados mais recentes relativos ao
tortura, as crianças em situação de conflito armado, a violência contra as mulhe- Instrumento Europeu para a Democracia e
os Direitos Humanos revelam que este
res e a promoção dos direitos da criança.
concedeu 150 milhões de euros em 2010,
para co-financiar, em cerca de 100 países,
aproximadamente 550 novos projectos na
Co m é r ci o: ne g o ci a r e m t o d o o m u nd o área dos direitos humanos, executados
Enquanto maior bloco comercial do mundo, a UE depende de um essencialmente por organizações da
sociedade civil.
sistema comercial aberto e defende firmemente a liberalização das
trocas comerciais. A Organização Mundial do Comércio (OMC) e o
sistema comercial multilateral assumem uma importância essencial
para a política comercial da UE, que considera que uma regulamen-
tação mundial constitui a melhor forma de garantir trocas comer-
ciais equitativas e uma prosperidade amplamente partilhada. A
Comissão apresentou em Novembro uma política comercial reno-
vada e mais assertiva (19). A nova política baseia-se num programa já
por si pesado de conversações comerciais multilaterais e bilaterais,
mas adapta a abordagem, particularmente para defender melhor
os interesses da Europa ao mesmo tempo que promove também os
seus valores e os seus objectivos. O comércio faz parte integrante
do plano de recuperação da Europa e, por conseguinte, está no cen-
tro da estratégia «Europa 2020». O crescimento e a recuperação eco-
nómicos são, com efeito, condicionados por mercados abertos, inte-
grados e justos. Durante o ano, a UE criou novas oportunidades no
estrangeiro e assegurou que as regras que regulam o comércio
foram reforçadas e respeitadas, garantido um comércio equitativo.
A UE presta especial atenção ao estabelecimento de novas relações com os seus EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO MUNDIAL, EM VOLUME
principais parceiros comerciais, nomeadamente os EUA, a China, a Rússia e o de Jan. 2007 a Set. 2010, 2000 = 100 (CPB)
Japão, em que os maiores desafios comerciais residem muitas vezes mais na %
burocracia do que na tradicional redução dos direitos aduaneiros. Para tornar a
180
vida mais fácil para os operadores honestos, mantendo, simultaneamente,
160
padrões de segurança elevados, a UE reforçou a sua cooperação a nível adua-
neiro com parceiros estratégicos. Com os Estados Unidos, pretendia o reconheci- 140
mento mútuo das normas aduaneiras de segurança — para evitar impor custos 120
administrativos exagerados às empresas legítimas, e opôs-se à imposição de um
100
controlo obrigatório de todas as exportações. Aquando da reunião do Conselho
Económico Transatlântico com os Estados Unidos em 17 de Dezembro, foram 2007 2008 2009 2010 2011
tomadas medidas concretas para promover um ambiente de negócios voltado
Fonte: CPB Gabinete neerlandês de análise da política económica.
para o futuro, reduzindo os obstáculos regulamentares e incentivando a inova-
ção, as normas comuns e o sector da alta tecnologia. Os delegados decidiram
adoptar uma abordagem comum relativamente aos sistemas de dossiês médicos
electrónicos e um enfoque no acesso às matérias-primas, aos produtos respeita-
dores do ambiente, à política de inovação, às nanotecnologias, às compras eco-
lógicas e à inovação social. Foi igualmente inaugurado um sítio Internet comum
contra a contrafacção.
comércio livre com o Canadá e a Ucrânia abriram a via para profundas alterações
na paisagem global do comércio e novas oportunidades comerciais para as
empresas e os investidores da UE nestes mercados em expansão. Registaram-se
também progressos importantes nas negociações com a Índia, tendo as duas
partes chegado a acordo sobre as grandes linhas de um pacote final na cimeira
UE-Índia realizada em 10 de Dezembro. Foi acordado envidar todos os esforços
As bandeiras do Vietname, da Austrália e da
no sentido de concluir as negociações o mais rapidamente possível.
Tailândia, bem como muitas outras, foram
hasteadas à frente da sede da UE em
Bruxelas, em Outubro, por ocasião da
cimeira ASEM, que congregou líderes de
países da Ásia e da Europa.
96
Na cimeira entre a União Europeia e a América Latina e as Caraíbas realizada em
Maio (ver supra, página 89), foi aberto um novo capítulo nas suas relações
comerciais. Trata-se de um acordo de associação inter-regional abrangente que
compreende o diálogo político, a cooperação e o comércio e um acordo comer-
cial com o Peru e a Colômbia. Os responsáveis da UE e do Mercosul acordaram
igualmente em relançar as negociações sobre um acordo de associação UE-
Mercosul que abrangerá os aspectos políticos, de cooperação e comerciais.
Ao mesmo tempo, pôde ser resolvido de modo equitativo para os produtores
na América Latina e os países ACP o mais longo litígio comercial com que a
UE se confrontou — sobre as bananas e o nível dos direitos aduaneiros e das
preferências concedidas aos países de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP). Foi
assinado um acordo com os países da América Latina e com os Estados Unidos.
O Parlamento Europeu deve ratificar o acordo no primeiro trimestre de 2011.
China
18,93% China
8,34%
Rússia
Rússia 6,35%
10,37%
Suíça
Turquia 7,78%
2,83% Suíça
Japão 5,71% Turquia
Noruega Noruega
4,39% 4,49%
5,22% Japão 3,10%
3,27%
98
A l a r g a m en t o
Prosseguiram em 2010 as negociações de adesão com a Croácia e a
Turquia, tendo sido encetadas novas negociações com a Islândia.
O processo de alargamento foi benéfico para a Europa do seu sen-
tido mais lato, nomeadamente mais segurança e prosperidade para
a União, bem como incentivos para a realização de reformas nos
países que pretendem aderir à UE. Apoiou igualmente as políticas
da UE em matéria de energia, transportes, ambiente, alterações cli-
máticas e segurança dos cidadãos. Ao mesmo tempo, consolidou os
contactos entre pessoas: com efeito, desde 15 de Dezembro, os
nacionais da Albânia e da Bósnia e Herzegovina podem viajar sem
visto para a UE, usufruindo da mesma liberdade de que beneficia-
ram já durante todo o ano de 2010 — também pela primeira vez —
os cidadãos da Sérvia, do Montenegro e da antiga República jugos-
lava da Macedónia.
A B
3 C
4
D
A Islândia negoceia a sua adesão à De entre os países candidatos, a Croácia continuou a melhorar a sua capaci-
União Europeia dade para assumir as obrigações decorrentes da adesão e os preparativos
Com base num parecer positivo da necessários para cumprir os requisitos da UE progrediram bem. Trinta e quatro
Comissão sobre o pedido de adesão da dos 35 capítulos de negociação da adesão foram abertos, tendo 28 sido proviso-
Islândia à UE (21), em Junho, o Conselho
riamente encerrados. As negociações devem ser concluídas assim que a Croácia
Europeu decidiu iniciar as negociações de
cumprir os requisitos pendentes no domínio do sistema judicial e dos direitos
adesão; estas foram lançadas em Julho
durante uma primeira Conferência fundamentais, da luta contra a corrupção, da política de concorrência, da reforma
Intergovernamental. Em Novembro, da administração pública, da protecção das minorias e do regresso dos refugia-
começou o processo de «screening» da dos. As relações da Croácia com os países vizinhos, especialmente com a Sérvia
legislação do país para verificação da e a Eslovénia, ganharam novo ímpeto.
compatibilidade com a UE.
A Turquia alterou a sua Constituição: as reformas introduzidas no seu sistema
político e jurídico deram resposta a algumas prioridades no que respeita ao
poder judicial e aos direitos fundamentais. Contudo, estas decisões devem agora
ser aplicadas, em particular para garantir a liberdade de expressão na prática. As
negociações de adesão progrediram, ainda que bastante lentamente. A fase
actual exige que a Turquia intensifique os seus esforços, nomeadamente em
termos de cumprimento das suas obrigações de aplicação integral e não discri-
minatória do Protocolo Adicional ao Acordo de Associação. Não se registaram
progressos no sentido da normalização das relações bilaterais com a República
de Chipre. A política externa mais activa da Turquia na sua vizinhança mais alar-
gada é um trunfo para a UE, desde que seja desenvolvida como um comple-
mento do processo de adesão da Turquia e em coordenação com a UE.
100
© Image Source / Reporters
A Croácia registou progressos globais
Entre os países potencialmente candidatos, a Albânia estabeleceu um quadro
significativos em diversos domínios e as
normativo e constitucional, mas subsistem algumas deficiências. Estas referem‑se à
negociações entraram na fase final.
eficácia e à estabilidade das instituições democráticas da Albânia, nomeadamente o
Parlamento; a persistente politização da administração pública; reforma judiciária
pendente; aplicação efectiva do Estado de direito, nomeadamente na luta contra a
corrupção e a criminalidade organizada; e execução da legislação em matéria de
direitos humanos. O parecer da Comissão, emitido em Novembro, sobre o pedido de
adesão do país recomendou que as negociações deveriam ser iniciadas assim que o
país tivesse atingido o necessário grau de conformidade com os critérios de adesão.
As eleições gerais de Outubro na Bósnia e Herzegovina decorreram, de um Montenegro: um novo candidato
modo geral, em consonância com os padrões internacionais, mas o país deve à adesão à UE
ainda alterar a sua Constituição, a fim de eliminar as incompatibilidades com a O Conselho Europeu de Dezembro
Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Foram apenas alcançados pro- avalizou a recomendação da Comissão
Europeia de Novembro de conceder ao
gressos limitados na reforma da administração pública e do sistema judiciário,
Montenegro o estatuto de país
bem como na luta contra a corrupção, mas as condições para os refugiados e as
candidato.
pessoas repatriadas e a cooperação regional melhoraram. Registaram‑se muito
As negociações de adesão serão iniciadas
poucos progressos no cumprimento das restantes exigências para o encerra-
logo que o país tiver atingido o grau de
mento do gabinete do alto-representante.
conformidade necessário com os critérios
O acordo provisório entre a Sérvia e a União Europeia entrou em vigor em 1 de de adesão. Durante o ano, o Montenegro
Fevereiro de 2010 e o processo de ratificação do Acordo de Estabilização e de realizou progressos no que diz respeito
Associação iniciou-se em Junho. A Sérvia continuou a executar o seu programa aos critérios políticos, ao quadro jurídico e
de reformas, mas são necessários esforços adicionais nas áreas do Estado de à capacidade administrativa e
institucional. São contudo necessárias
direito e da reforma da administração pública. Em Outubro, o Conselho solicitou
uma maior tomada de consciência e
à Comissão que elaborasse um parecer sobre o pedido de adesão do país. Em
sensibilização da administração, da polícia
Julho de 2010, foi assinado um acordo UE-Sérvia em matéria de assistência
e do sistema judiciário para a aplicação
macrofinanceira. Apesar de alguma cooperação com o TPIJ, Ratko Mladić e das normas da UE. Por outro lado,
Goran Hadžić continuam em fuga. subsistem grandes desafios no domínio
O Kosovo realizou progressos satisfatórios em relação às iniciativas identificadas do Estado de direito, nomeadamente no
na Comunicação da Comissão de 2009 sobre o Kosovo (22). Foram realizadas que se refere à luta contra a corrupção e a
criminalidade organizada.
reuniões de diálogo no quadro do Processo de Estabilização e de Associação,
foram apresentados em Dezembro os primeiros programas de cooperação
transfronteiriça para o Kosovo e missões de peritos avaliaram a capacidade do
Kosovo no domínio dos vistos e do comércio e da integração. Permanecem
desafios importantes, em especial na administração pública, no sistema judicial
e na luta contra a criminalidade organizada e a Comissão anunciou que tencio-
nava lançar um diálogo sobre a corrupção. Na sequência do parecer consultivo
emitido pelo Tribunal Internacional de Justiça de que a declaração unilateral de
independência do Kosovo não violava o direito internacional, nem a Resolução
1244/1999 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Assembleia Geral
das Nações Unidas adoptou uma resolução, apoiada conjuntamente pela Sérvia
e pela União Europeia, congratulando-se com a vontade da UE de facilitar o diá-
logo entre Belgrado e Pristina. O mandato da Missão da União Europeia para o
Estado de Direito no Kosovo (EULEX) foi prorrogado até Junho de 2012.
Investir para o futuro Registaram-se progressos em particular com Marrocos, tendo-se nomeada-
Em Dezembro de 2010, ou seja, mente realizado uma cimeira UE-Marrocos em Granada em Março — a primeira
exactamente 30 meses após a sua criação, cimeira deste tipo com um país mediterrânico — e celebrado um acordo sobre a
a Facilidade de Investimento de participação do país em programas e agências da UE seleccionados. Foram con-
Vizinhança concedeu subvenções num
cluídas negociações para a liberalização do comércio de produtos agrícolas e
montante total de 280 milhões de euros,
estão em curso conversações sobre a liberalização do comércio nos sectores dos
mobilizando um total de 12 mil milhões
serviços e do investimento. A Tunísia também debateu a liberalização do comér-
de euros em fundos provenientes de
instituições financeiras europeias. Estes cio nos sectores dos serviços e do investimento e manifestou interesse, junta-
fundos permitiram realizar operações num mente com o Egipto e a Jordânia, em obter um estatuto avançado para as suas
valor superior a 7,3 mil milhões de euros, relações com a UE. A Argélia acordou na criação de um subcomité para o diálogo
nomeadamente investimentos no político, a segurança e os direitos humanos. Um acordo-quadro em negociação
domínio das energias renováveis, como com a Líbia, país em que a UE decidiu abrir um gabinete, abrirá caminho para
um parque eólico de 200 MW no golfo de
uma relação de longo prazo de cooperação e de diálogo.
El Zayt no Egipto e uma estação de
tratamento de águas residuais no Líbano. Estão em negociação acordos de associação com a Ucrânia, Moldávia, Geórgia,
Arménia e Azerbaijão, com negociações paralelas para a celebração de um
acordo comercial com a Ucrânia numa fase avançada, e numa fase preparatória
em relação a outros países. Foram lançados trabalhos preparatórios para novas
acções de reforço das instituições, a fim de ajudar estes países a negociarem e a
aplicarem os acordos. Foram criados novos subcomités especializados para
reforçar as relações bilaterais da UE com a Arménia, o Azerbaijão e a Geórgia. Foi
igualmente aprofundado o diálogo com os parceiros sobre os direitos humanos.
Foram concluídos com a Geórgia e estão em fase preparatória com a Arménia, o
Azerbaijão e a Bielorrússia acordos em matéria de readmissão e de facilitação da
emissão de vistos. Está em curso um diálogo sobre a facilitação da emissão de
vistos com a Moldávia, a Ucrânia e a Rússia. Foi também acordado com a Bielor-
rússia um plano de acção provisório conjunto.
102
A abordagem regional no Sul foi prosseguida no quadro da União para o Medi-
terrâneo. Apesar da cimeira da União para o Mediterrâneo, que devia ter sido
realizada em Junho e seguidamente em Novembro, ter sido adiada por duas
vezes, foram organizadas reuniões ministeriais sectoriais sobre os temas da
água, do turismo, do trabalho e do emprego, dos assuntos económicos e finan-
ceiros e da Facilidade Euro-Mediterrânica de Investimento e de Parceria.
Re s p o nde r à s c r i s e s h u m a ni tá r i a s
A Comissão Europeia e os Estados-Membros constituem, em con-
junto, o mais importante doador de ajuda humanitária a nível mun-
dial. Na UE, a ajuda humanitária continua a beneficiar de um forte
apoio, tal como confirmado por um inquérito realizado à escala da
UE: oito em cada 10 cidadãos da UE consideram que é importante
que a UE financie a ajuda humanitária para além das suas frontei-
ras (25). O contexto humanitário mundial caracteriza-se cada vez mais
por graves catástrofes naturais e por uma redução do espaço huma-
nitário em inúmeras zonas atingidas por crises e conflitos. As autori-
dades públicas e os intervenientes não estatais não respeitam fre-
quentemente a protecção mais elementar proporcionada pelo
direito internacional humanitário, limitando desta forma ainda mais
o alcance da acção humanitária. Entretanto, o impacto crescente das
alterações climáticas deu origem, em 2010, a um acentuado aumento
do número de pessoas afectadas por catástrofes naturais.
As catástrofes naturais representaram desafios de vulto em 2010. O terramoto no
Haiti suscitou uma rápida reacção por parte dos serviços de protecção civil e de
ajuda humanitária da Comissão, que enviou peritos para o local para avaliarem
as necessidades e coordenarem a resposta da UE e identificarem os danos. Foi
concedido um montante de 120 milhões de euros de assistência. O Centro de
Informação e Vigilância da Comissão Europeia no Haiti coordenou as interven-
ções de socorro da protecção civil dos Estados-Membros da UE, expedindo
módulos europeus de resposta rápida e concedendo 4,4 milhões de euros de
apoio financeiro para o transporte da assistência. A alta-representante da UE,
Catherine Ashton, que representou toda a UE na conferência de doadores que se
realizou em Março, em Nova Iorque, assumiu um compromisso colectivo de
contribuição de mais de 1 000 milhões de euros. © União Europeia
As piores inundações na história do O Mecanismo de Protecção Civil da UE foi activado em resposta a seis situações
Paquistão de emergência fora da UE. Foram organizados em sete regiões do mundo pro-
Foi significativa a resposta humanitária da gramas de redução dos riscos de catástrofe. Cada euro gasto no desenvolvimento
UE às graves inundações da monção que
de capacidades, formação e sensibilização, nos sistemas de alerta precoce e na
assolaram o Paquistão em Agosto.
planificação de medidas de emergência corresponde a 4 euros gastos em acções
A Comissão concedeu um total de
humanitárias após a ocorrência de uma catástrofe. Em Outubro, a Comissão
150 milhões de euros em assistência
humanitária e coordenou a ajuda em propôs (26) melhorar a eficácia, a coerência e a visibilidade da resposta da UE em
espécie fornecida pelos Estados-Membros, caso de catástrofe.
recorrendo, pela primeira vez, às
A UE prestou ajuda de emergência às vítimas das «crises esquecidas», nomeada-
capacidades de transporte aéreo
mente a minoria Lao Hmong na Tailândia, as populações afectadas pelos confli-
estratégico civil, em coordenação com o
estado-maior da UE. tos internos na Colômbia, na região de Mindanau, nas Filipinas, e no Norte do
Iémen, os refugiados sarauís na Argélia e os refugiados butaneses no Nepal.
104
Co o pe r aç ão pa r a o de s en v o lv i m en t o
O Tratado de Lisboa considera o desenvolvimento como uma polí-
tica de pleno direito, em pé de igualdade com as outras componen-
tes da política externa da UE. Coloca uma nova tónica na coordena-
ção das políticas da União e dos Estados-Membros em matéria de
desenvolvimento e na coerência entre a política de desenvolvi-
mento e as outras políticas da UE. Este reconhecimento coincide
com uma mudança no sentido de integrar a política de desenvolvi-
mento da UE na estratégia «Europa 2020». Afastando-se do modelo
de relação doador-beneficiário, a política prosseguida é uma polí-
tica de interesse mútuo: trabalhar em parceria com os países em
desenvolvimento a fim de lhes proporcionar oportunidades susten-
táveis e inclusivas de crescimento e de luta contra a pobreza que,
simultaneamente, beneficiem a UE.
Os fundos concedidos pela UE continuam a ser significativos. Em conjunto com Acesso sustentável a uma água segura
os Estados-Membros, a UE concede ajuda num montante de quase 50 mil Os programas de abastecimento de água e
milhões de euros por ano, o que representa uma duplicação nos últimos 10 anos. de saneamento, que contribuem para a
Enquanto maior doador mundial, a UE confirmou de novo o seu compromisso criação de infra-estruturas para sistemas de
para que a sua ajuda atinja o objectivo de 0,7% do rendimento nacional bruto abastecimento de água potável e tratamento
de águas residuais, e que fornecem sistemas
até 2015. Os Estados-Membros também concordaram em tomar medidas realis-
de saneamento básico e de higiene,
tas e verificáveis para satisfazer os seus compromissos individuais.
elevam‑se a cerca de 400 milhões de euros
A assistência fornecida pela UE é muito tangível. A Comissão fornece mais de por ano. Desde 2004, mais de 31 milhões de
600 milhões de euros por ano para a segurança alimentar, dando às pessoas um pessoas beneficiaram da ligação a sistemas
de água potável e 9 milhões a instalações de
acesso físico e económico aos produtos alimentares de base de que necessitam.
saneamento básico.
Entre 2004 e 2010, 24 milhões de pessoas que vivem em condições de extrema
pobreza beneficiaram de sementes e utensílios, de transferências pecuniárias
directas e de produtos alimentares.
106
Uma comunicação de Outubro sobre o futuro das relações UE-África (34) acen- QUEM CONCEDE A AJUDA AO
tuou o papel de África enquanto actor económico, comercial e político em plena DESENVOLVIMENTO?
Principais doadores da ajuda ao
expansão. Identificou uma série de domínios estratégicos em que a UE e África
desenvolvimento oficial. 2010: previsão.
poderiam reforçar ainda mais as suas relações em benefício mútuo e sugeriu
Mil milhões €
medidas concretas para os próximos anos. A cimeira UE-África — o «G80» de 80
hoje, que representa cerca de 1,5 mil milhões de pessoas — decorreu em Sirte UE
cias internacionais, de modo a obter progressos concretos a nível de áreas pro- Fontes: Comissão Europeia e OCDE/CAD.
blemáticas como as alterações climáticas e a realização dos objectivos de
desenvolvimento do milénio. Os dirigentes acordaram igualmente em intensifi-
car o diálogo político e estratégico entre os dois lados.
Foi objecto de reflexão uma nova decisão do Conselho relativa às relações com
os países e territórios ultramarinos com vínculos constitucionais com Estados-
-Membros da UE, que entraria em vigor em 2014. As suas orientações — moder-
nização, competitividade e cooperação — foram abordadas no fórum político
anual que se realizou em Março com estes países e territórios.
108
notas
(1) Decisão 2010/413/PESC do Conselho, de 26 de Julho 2010, que impõe medidas (19) Comunicação da Comissão «Comércio, crescimento e questões internacionais —
restritivas contra o Irão (JO L 195 de 27.7.2010). A política comercial como um elemento central da estratégia da UE para 2020» [COM
(2010) 612].
(2) Decisão 2010/427/UE do Conselho, de 27 de Julho de 2010, que estabelece a
organização e o funcionamento do Serviço Europeu para a Acção Externa (20) Comunicação da Comissão «Rumo a uma política europeia global em matéria de
(JO L 201 de 3.8.2010). investimento internacional» [COM(2010) 343].
(3) Declaração conjunta da cimeira UE-EUA (http://www.consilium.europa.eu/uedocs/ (21) Parecer da Comissão sobre o pedido de adesão da Islândia à União Europeia
cms_data/docs/pressdata/EN/foraff/117897.pdf ). [COM(2010) 62].
(4) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/10/371 (22) Comunicação da Comissão «Kosovo — Concretizar a Perspectiva Europeia»
[COM(2009) 534].
( ) Declaração conjunta sobre a Parceria para a Modernização (http://www.consilium.
5
(7) Declaração conjunta na sequência da cimeira UE-Japão (25) Eurobarómetro, Agosto: 79% consideram que é importante que a União Europeia
(http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_Data/docs/pressdata/en/er/114063.pdf). financie ajuda humanitária fora das suas fronteiras.
(8) Acordo-quadro entre a União Europeia e os seus Estados-Membros e a República da (26) Comunicação da Comissão «Reforçar a capacidade de resposta europeia a situações
Coreia (http://www.eeas.europa.eu/korea_south/docs/framework_agreement_final_ de catástrofe: papel da protecção civil e da ajuda humanitária» [COM(2010) 600].
en.pdf ). (27) Documento de trabalho dos serviços da Comissão «Mais e melhor educação nos
(9) Comunicado conjunto da IV cimeira UE-América Central (http://www.consilium. países em desenvolviment» [SEC(2010) 121].
europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/er/114558.pdf ). (28) Documento de trabalho dos serviços da Comissão «Plano de acção da UE sobre a
(10) Declaração conjunta da IV cimeira UE-Brasil igualdade entre homens e mulheres e a emancipação das mulheres na cooperação
(http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/er/115812.pdf). para o desenvolvimento 2010-2015» [SEC(2010) 265].
(11) Plano Executivo Conjunto da Parceria Estratégica. (29) Comunicação da Comissão «Fiscalidade e desenvolvimento. Cooperação com os
países em desenvolvimento a fim de promover a boa governação em questões
(12) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/10/1282&format=HTML fiscais» [COM(2010) 163].
&aged=0&language=en
(30) Comunicação da Comissão «O papel da UE na área da saúde mundial» [COM(2010) 128).
(13) Conclusões da Presidência do Conselho Europeu, de 12 de Outubro de 2010
(31) Comunicação da Comissão «Um plano de acção da UE em doze pontos em apoio dos
(http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/ec/116547.pdf).
objectivos de desenvolvimento do milénio» [COM(2010) 159].
(14) http://www.eunavfor.eu/
(32) Comunicação da Comissão «Quadro estratégico da UE para ajudar os países em
(15) Aprovadas na Segunda Conferência Ministerial sobre a pirataria realizada na Maurícia, desenvolvimento a enfrentarem os desafios no domínio da segurança alimentar»
7 de Outubro de 2010. [COM(2010) 127].
(16) De acordo com a Resolução 1244/1999 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. (33) Documento de trabalho dos serviços da Comissão «A coerência política para o programa
(17) Nota do Conselho — Instrumentário para a promoção e a protecção do exercício de de trabalho no domínio do desenvolvimento para 2010-2013» [SEC(2010) 421].
todos os direitos humanos por parte de lésbicas, «gays», bissexuais e transgéneros (34) Comunicação da Comissão sobre a consolidação das relações UE-África —
(LGBT), 17 de Junho de 2010 (http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cmsUpload/ 1 500 milhões de pessoas, 80 países, 2 continentes, 1 futuro [COM(2010) 634].
st11179.en10.pdf ).
(35) Decisão do Conselho relativa à assinatura, em nome da União Europeia, do acordo
(18) Adoptado pelo grupo de trabalho do Conselho sobre direitos humanos em 9 de que altera pela segunda vez o acordo de parceria entre os Estados de África, das
Junho de 2010 e pelo Comité Político e de Segurança em 18 de Junho de 2010. Caraíbas e do Pacífico e a Comunidade Europeia e os seus Estados-Membros.
112
Os trabalhos relacionados com a criação do Serviço Europeu para a Acção Externa
(SEAE), que entrará em pleno funcionamento a partir de 2011 (ver capítulo 4,
«A União Europeia no mundo»), também exigiram um novo regulamento financeiro
e um novo estatuto (1), assim como novos mecanismos institucionais, uma vez que
os fundos da UE gastos pelo SEAE deverão estar sujeitos às mesmas regras estritas
e aos mesmos controlos abrangentes que os aplicáveis a todas as instituições.
O Tratado de Lisboa veio também alterar a forma como a UE toma decisões no
que se refere a muitas questões correntes, como as autorizações de produtos ou
as organizações dos mercados agrícolas. Clarificaram-se os mecanismos de
delegação de competências à Comissão para a tomada destas decisões, ao
abrigo do que então se denominava «o procedimento de comitologia». Em
conformidade com o Tratado, deve ser estabelecida uma distinção entre os
mecanismos de supervisão aplicáveis às medidas quase legislativas, os denomi-
nados «actos delegados (2), e as simples medidas de execução ou «actos de exe-
cução (3)». No caso dos actos delegados (4), a Comissão está sujeita ao controlo
(ex post) do Parlamento Europeu e do Conselho, sendo esse controlo exercido,
no caso dos actos de execução, pelos Estados-Membros (5).
A s in s t i t u i çõ e s da Uni ão E u r o pei a
O Parlamento exerceu os seus novos poderes legislativos, tendo-se
pronunciado mais activamente noutros domínios, designadamente
sobre as negociações internacionais, os futuros mecanismos de finan-
ciamento da UE e o SEAE. A presidência rotativa do Conselho teve de se
adaptar por forma a funcionar construtivamente com um Parlamento
dotado de novas atribuições e um presidente do Conselho Europeu, o
que conferiu um ímpeto renovado à procura de compromissos. Na pre-
sente conjuntura de agitação económica e financeira, a nova Comissão
tem continuado a desempenhar um valioso papel na definição de pro-
postas para sair da actual crise e promover o crescimento.
O Parlamento Europeu
Em Janeiro, o Parlamento Europeu desempenhou o seu papel já consagrado no
que se refere às audições dos novos comissários indigitados da Comissão
Barroso II, tendo obtido a substituição de um dos candidatos: a Bulgária retirou © Petros Karadjias / AP / Reporters
o seu candidato inicial e nomeou outra candidata. Subsequentemente, o Parla-
mento aprovou a nomeação da nova Comissão em 9 de Fevereiro por 488 votos
a favor, 137 contra e 72 abstenções.
Foi adoptada em Maio uma resolução sobre as consequências do Tratado de
Lisboa para oo processo interinstitucional de tomada de decisões. No mesmo
mês, o Parlamento optou por uma abordagem pragmática quanto à sua futura
composição a fim de integrar os 18 deputados suplementares autorizados pelo
O Tratado de Lisboa reforçou o papel do
Tratado de Lisboa (6). A pequena alteração necessária ao Tratado foi introduzida
Parlamento Europeu (na imagem, o
em 23 de Junho numa Conferência Intergovernamental reduzida. Os Estados- presidente Jerzy Buzek) que passou a dispor
-Membros estão actualmente em vias de ratificar esta alteração para que os de novas responsabilidades para co-legislar.
novos deputados do Parlamento Europeu possam assumir funções.
Em 2010, o Parlamento adoptou diversas medidas para se adaptar ao Tratado de
Lisboa e à evolução do contexto interinstitucional, tendo actualizado as disposi-
ções do Regimento relativas às perguntas parlamentares e aos poderes delegados.
De igual forma, foi instituída uma nova Comissão especial («SURE»), em Julho, com
um mandato de 12 meses, que deverá contribuir para definir as prioridades do
Parlamento para o quadro financeiro plurianual pós-2013 e que deverá elaborar
um relatório antes de a Comissão apresentar as suas propostas em Julho de 2011.
O Conselho Europeu
Por iniciativa do seu presidente Herman Van Rompuy, o Conselho Europeu
reuniu-se seis vezes ao longo do ano. O presidente começou a identificar com
© Christophe Karaba / Belga
114
Formações do Conselho
O Conselho Europeu alterou a lista das formações do Conselho para reflectir as
mudanças introduzidas pelo Tratado de Lisboa, no intuito de integrar a política
espacial no Conselho «Competitividade (mercado interno, indústria e investiga-
ção)» e a política de desporto no Conselho «Educação, Juventude e Cultura».
Consequentemente, as formações do Conselho passarão doravante a ser as
seguintes:
Assuntos Gerais;
Negócios Estrangeiros;
Assuntos Económicos e Financeiros (incluindo o orçamento);
Justiça e Assuntos Internos (incluindo a protecção civil);
Emprego, Política Social, Saúde e Consumidores;
Competitividade (mercado interno, indústria, investigação e espaço, incluindo
o turismo);
Transportes, Telecomunicações e Energia;
Agricultura e Pescas;
Ambiente;
Educação, Juventude, Cultura e Desporto (incluindo o sector audiovisual).
A Comissão Europeia
Em 2010, a nova Comissão Barroso II tomou formalmente posse após as audições
dos membros do Colégio pelo Parlamento e a sua nomeação pelo Conselho. Na
presente conjuntura de agitação económica e financeira, a Comissão tem conti-
nuado a desempenhar um importante papel na definição de propostas para sair
da actual crise e promover o crescimento. No final do ano, adoptou propostas
que permitirão lançar o debate sobre uma futura revisão do orçamento, que
condicionará a forma como serão fixadas as receitas da União. Paralelamente, a
Comissão continuou a melhorar o quadro legislativo mediante a simplificação da
legislação existente, realizando progressos significativos na redução da carga
administrativa e na ajuda dada aos Estados-Membros na transposição da legisla-
ção da UE.
© União Europeia
116
O acordo reflecte igualmente a «parceria especial» entre o Parlamento e a Comis-
são que foi proposta no final de 2009 pelo presidente Barroso. Mesmo antes da
conclusão do acordo, 2010 pautou-se já por uma cooperação sem precedentes
entre as duas instituições, nomeadamente através do diálogo estruturado entre
os comissários e as Comissões do PE aquando da elaboração do programa de
trabalho da Comissão para 2011 e nas reuniões entre o Colégio de Comissários e
a Conferência dos Presidentes das Comissões do Parlamento e ainda entre o
presidente Barroso e a Conferência dos Presidentes.
Os parlamentos nacionais
Desde o início do seu mandato em 2004, a Comissão Barroso I demonstrou a
enorme importância que atribuía às relações com os parlamentos nacionais, tendo
tornado a definição e a aplicação de uma verdadeira «abordagem face aos parla-
mentos nacionais» uma das suas principais prioridades. Em 2006, instituiu um
mecanismo para o diálogo político com os parlamentos nacionais e começou a
enviar-lhes as novas propostas legislativas e documentos de consulta, bem como a
responder aos pareceres por eles emitidos. Tal resultou em cerca de 500 pareceres
emitidos pelos parlamentos nacionais durante a Comissão Barroso I e em aproxi-
madamente 500 reuniões entre os comissários e os parlamentos nacionais.
Todavia, o ano de 2010 foi o primeiro em que a Comissão aplicou as novas dispo-
sições do Tratado de Lisboa relativas aos parlamentos nacionais. Os alicerces
lançados pela Comissão Barroso I permitiram que a evolução positiva destas
relações e a aplicação fluida do mecanismo de controlo da subsidiariedade se
saldassem em êxitos assinaláveis.
A Comissão Barroso II iniciou funções durante uma fase particularmente importante
das suas relações com os parlamentos nacionais. O Tratado de Lisboa prevê um
reforço significativo do papel dos parlamentos nacionais a nível da UE e estabelece
uma série de novos direitos e obrigações, que permitem aos parlamentos desempe-
nharem este novo papel. Os novos direitos referem-se principalmente ao seguinte:
«Mecanismo de controlo da subsidiariedade», igualmente denominado «proce-
dimentos do cartão amarelo e laranja». Este mecanismo confere aos parlamentos
nacionais a oportunidade de obrigarem a Comissão a reapreciar uma proposta
legislativa (cartão amarelo se os pareceres contrários atingirem um terço dos
votos atribuídos aos parlamentos nacionais) e que permite também ao legisla-
dor pôr termo ao processo legislativo ordinário (cartão laranja se os pareceres
contrários atingirem a maioria dos votos atribuídos aos parlamentos nacionais).
Revisão dos Tratados (sendo, por exemplo, atribuído um direito de veto a um par-
lamento nacional aquando da invocação da cláusula de ligação ou «passarela»).
Espaço de liberdade, segurança e justiça (direito à informação) (11).
118
A Comissão efectuou um balanço dos pareceres recebidos dos parlamentos
nacionais em 2010, bem como das respostas ou reacções da Comissão, tanto no
contexto do diálogo político como do controlo da subsidiariedade. Em 2010,
mais de 80 propostas da Comissão foram enviadas aos parlamentos nacionais ao
abrigo do mecanismo de controlo da subsidiariedade, tendo sido recebidos
cerca de 217 pareceres, dos quais apenas 32 negativos.
Uma proposta que beneficiou de particular atenção por parte dos parlamentos
nacionais, tendo sido objecto de oito pareceres negativos, mas também de
vários pareceres positivos, foi a directiva relativa aos trabalhadores sazonais (12).
Os limites mínimos para desencadear os procedimentos de cartão amarelo ou
laranja estiveram, todavia, longe de ser alcançados.
120
© Olivier Hoslet / Belga
Staffan Nilson, o novo presidente do Comité
O Comité Económico e Social Europeu Económico e Social Europeu, discursa na
À luz do Tratado de Lisboa, o papel do Comité Económico e Social Europeu reunião plenária do Comité, em Bruxelas.
(CESE) foi igualmente reforçado, mediante a inclusão de uma cláusula horizontal
sobre o impacto social das políticas europeias, de novas regras relativas aos ser-
viços de interesse geral e de uma presença externa mais forte da UE em geral. Em
Outubro, procedeu-se à nomeação de um novo Comité e foi eleito o seu novo
presidente, Staffan Nilsson, de nacionalidade sueca. Os seus trabalhos também
se centraram na crise económica e social, no seu observatório da estratégia
«Europa 2020», na democracia participativa e no Fórum Europeu da Integração,
co-organizado com a Comissão Europeia.
© Belga
Mercedes Bresso, a nova presidente do
Comité das Regiões, numa reunião
O Comité das Regiões extraordinária do Comité, em Antuérpia.
O Tratado de Lisboa reforçou os poderes do Comité das Regiões, conferindo-lhe
pela primeira vez competência para contestar, perante o Tribunal de Justiça da
União Europeia, a nova legislação da UE, sempre que considerar que esta viola o
princípio da subsidiariedade. Foi nomeado um novo Comité em Fevereiro e
eleito o seu novo presidente, Mercedes Bresso, de nacionalidade italiana.
Durante o ano, o Comité organizou eventos com José Manuel Barroso, presidente
da Comissão, e com diversos comissários, tendo lançado a revisão do seu proto-
colo de cooperação com a Comissão.
Outras instituições
Durante o ano, verificaram-se alterações também noutras instituições. No Banco
Central Europeu (BCE), foi nomeado um novo vice-presidente e criada uma
Direcção-Geral para a Estabilidade Financeira. O Banco preparou-se igualmente
para acolher o secretariado do Comité Europeu do Risco Sistémico. Mas, mais
importante, foi o facto de o BCE ter contribuído para as medidas da UE no sen-
tido de estabilizar o euro, nomeadamente através do programa do mercado dos
valores mobiliários» decidido pelo Conselho do BCE em 10 de Maio. Por seu
© Olivier Hoslet / Belga
Agências
Foram criadas quatro novas agências durante o ano, a saber, o Gabinete Europeu
de Apoio ao Asilo, a Autoridade Bancária Europeia, a Autoridade Europeia dos
Valores Mobiliários e dos Mercados e a Autoridade Europeia dos Seguros e Pen-
sões Complementares. O grupo de trabalho interinstitucional sobre as entidades
reguladoras, instituído em 2009 com o objectivo de estabelecer um consenso
entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão quanto à forma de melhorar os
trabalhos dessas entidades, prosseguiu as suas actividades em 2010. Em Maio,
definiu um roteiro relativo aos trabalhos a realizar no futuro. Na sua reunião de
Novembro, o grupo aprovou os trabalhos realizados até essa data a nível técnico
e procedeu a um primeiro debate de orientação sobre os trabalhos futuros.
122
E f ici ê nci a e t r a n s pa r ê nci a
A UE continuou a simplificar a legislação em vigor e a apresentar
propostas destinadas a reduzir a carga administrativa que implica.
Além disso, a fim de assegurar a máxima qualidade à nova legisla-
ção e às novas políticas, passou a proceder-se sistematicamente a
uma avaliação de impacto das principais iniciativas. A gestão e o
controlo das finanças da UE, bem como os mecanismos de transpa-
rência, foram igualmente melhorados.
Assegurar um quadro regulamentar de elevada qualidade (26) para os cidadãos e Clarificação dos procedimentos
as empresas é uma responsabilidade partilhada entre todas as instituições e os antitrust
Estados-Membros da UE. Esse quadro é necessário para alcançar os objectivos da A Comissão Europeia publicou um resumo
estratégia «Europa 2020» para um crescimento inteligente, sustentável e inclu- pormenorizado sobre a forma como
funcionam na prática os procedimentos da
sivo (ver capítulo 1 para informações mais pormenorizadas).
Comissão no domínio antitrust, a fim de
Uma das funções da Comissão consiste em assegurar que as políticas a nível da reforçar ainda mais a transparência e a
UE sejam decididas com base nos factos e de forma proporcionada, transparente e previsibilidade destes procedimentos.
responsável. Por outro lado, através do seu programa «Legislar Melhor», a Comissão
tem vindo a introduzir alterações significativas ao longo dos últimos cinco anos:
Com base nestas realizações, a Comissão acaba de transpor uma nova etapa: em Menos burocracia para os transportes
Outubro, adoptou uma comunicação sobre a regulamentação inteligente na marítimos de curta distância
UE que define as acções para continuar a melhorar a qualidade e a pertinência da Foram simplificados os procedimentos
legislação da UE (27). Em especial, a Comissão irá atribuir maior importância à ava- administrativos no domínio dos transportes
marítimos de curta distância, nomeadamente
liação da legislação e das políticas existentes. Os resultados deste exercício serão
através do novo regulamento aduaneiro e da
integrados na concepção da regulamentação nova ou revista, aquando da elabo-
directiva relativa às formalidades de declaração
ração das avaliações de impacto. Simultaneamente, a Comissão irá continuar a exigidas aos navios à chegada e/ou à partida
trabalhar com o Parlamento Europeu, o Conselho, os Estados-Membros e outras dos portos, em conformidade com o plano de
partes interessadas e encorajá-los-á a prosseguirem de forma activa o programa acção (29) tendo em vista a criação de um espaço
«Regulamentação inteligente». De igual forma, o alargamento do período de europeu de transporte marítimo sem barreiras.
consulta, que passará de 8 para 12 semanas a partir de 2012, permitirá reforçar Estão a ser desenvolvidos outros instrumentos,
ainda mais a participação dos cidadãos e das partes interessadas neste processo. incluindo um balcão único para os procedimen-
tos administrativos e mecanismos para facilitar
as escalas em países terceiros, bem como as
sistemas electrónicos avançados de comunica-
ção e de informação («e-marítimo»). Estas
medidas representam uma poupança potencial
de 75 milhões de euros para os 1,7 milhões de
embarcações que fazem escala, todos os anos,
nos principais portos da UE.
A Comissão continuou a ser apoiada pelo Grupo de Alto Nível de partes interes-
Melhoria das técnicas de
estatísticas relativas ao turismo sadas independentes em matéria de encargos administrativos, presidido por
Os Estados-Membros serão autorizados a Edmund Stoiber, antigo ministro-presidente da Baviera.
recorrer a técnicas de estimativa em vez A Comissão propôs uma reformulação do Regulamento Bruxelas I relativo à
de inquéritos para a compilação de
competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria
estatísticas sobre o turismo.
civil e comercial que simplifica os litígios transfronteiras e melhora o acesso aos
Acesso mais fácil aos fundos da UE tribunais da UE. As novas regras propostas reduzirão ao mínimo a duração e os
Em Maio, a Comissão propôs uma revisão
custos de execução das decisões judiciárias de países terceiros e assegurarão o
das regras de acesso aos fundos da UE que acesso equitativo aos tribunais nos Estados-Membros.
resultou numa redução das formalidades
Em Abril, a Comissão adoptou uma comunicação que prevê opções destinadas a
burocráticas e dos custos para os
simplificar a gestão dos programas-quadro de investigação, a fim de os tornar
beneficiários, bem como em maiores
mais transparentes e atraentes para os melhores investigadores do mundo e as
possibilidades de combinar o financia-
mento público e privado, tendo em vista empresas mais inovadoras, nomeadamente as de menor dimensão (30). A comu-
um maior impacto do investimento. nicação desencadeou um aceso debate com o Parlamento e o Conselho e com
muitas outras partes interessadas. Tem vindo a desenvolver-se um consenso em
Melhoria do fluxo de tesouraria torno de algumas medidas a curto prazo que a Comissão pode adoptar ao abrigo
nas transacções comerciais do actual quadro jurídico e regulamentar, como prosseguir o desenvolvimento
A directiva relativa a atrasos de paga- do portal especialmente criado para os participantes na investigação, optimizar
mento nas transacções comerciais, a estrutura e o calendário dos convites à apresentação de propostas e assegurar
aprovada em Outubro, melhora o fluxo de
uma melhor adaptação da dimensão dos consórcios, introduzir uma maior flexi-
tesouraria das empresas europeias e
bilidade quanto à metodologia de cálculo dos custos médios de pessoal ou nas
contribui para eliminar os obstáculos às
transacções comerciais transfronteiras. regras relativas aos juros gerados pelo pré-financiamento.
Visa estabelecer, como regra geral, um
prazo de trinta dias para o pagamento das Avaliação da legislação existente e avaliação de impacto
facturas nas transacções comerciais entre Em simultâneo, a Comissão começou a proceder, em 2010, a uma avaliação siste-
empresas. mática ex post de toda a legislação em vigor, o que indica que todos os instru-
mentos políticos importantes existentes, sob a forma de programas de despesas
ou de medidas regulamentares, devem ser avaliados numa base regular. Tal é
essencial para assegurar que as medidas regulamentares formam um quadro
coerente e asseguram a realização eficaz dos objectivos visados. A Comissão
iniciou a revisão de todo o quadro normativo em domínios de intervenção
específicos, a fim de identificar potenciais sobreposições, lacunas, incoerências e
medidas obsoletas, através de «balanços da qualidade». Em 2010, foram lança-
dos exercícios-piloto nos domínios seguintes: ambiente, transportes, emprego e
assuntos sociais e política industrial.
124
A fim de garantir que a nova legislação e as novas políticas sejam da mais elevada
qualidade, a Comissão instituiu também um sistema abrangente e ambicioso de
avaliação de impacto das suas principais iniciativas.
Este sistema de avaliação de impacto tem como finalidade recolher dados factu-
ais para o processo de tomada de decisões e assegurar a tomada em considera-
ção de todas as opções relevantes em matéria de definição das políticas. Os
relatórios de avaliação de impacto são publicados em paralelo com as propostas
mais importantes, a fim de apresentar a fundamentação e os elementos factuais
subjacentes.
A UE exerceu um controlo mais eficiente dos seus fundos: 346,5 milhões de euros
indevidamente gastos pelos Estados-Membros no quadro das despesas agríco-
las foram recuperados em Março, em consequência de uma decisão de apura-
mento da conformidade adoptada pela Comissão Europeia, e 265,02 milhões de
euros suplementares foram recuperados em Julho. Os fundos não haviam sido
desembolsados em conformidade com as regras da UE, nem tinham sido objecto
de procedimentos de controlo adequados. Esses montantes reintegram o orça-
mento da UE.
126
Em Março, um novo sistema para comunicar anonimamente casos de corrupção
e de fraude através da Internet, o Sistema de Notificação da Fraude, tornou mais
fácil e mais segura, para os cidadãos mais vigilantes e os funcionários públicos da
UE, a comunicação de casos suspeitos ao OLAF.
Durante o ano, a evasão fiscal foi igualmente objecto de acesos debates. Verifica-
ram-se progressos quanto a uma maior cooperação fiscal em dois domínios:
o Conselho chegou a acordo sobre o reforço da assistência mútua entre os Estados-
-Membros no domínio da recuperação dos impostos (o actual rácio de recupera-
ção é apenas de 5% dos montantes devidos), bem como da avaliação e cobrança
dos impostos (a supressão do sigilo bancário nas relações entre as autoridades
fiscais e a eliminação do sigilo como razão para recusar um pedido de informação).
Em Março a Comissão lançou a campanha Em 2010, a Comissão Europeia divulgou a identidade dos beneficiários de fun-
«Redigir com clareza», que encoraja a dos da UE em 2009 em domínios que incluíam a investigação, a educação e a
redacção de documentos mais curtos, cultura, a energia, os transportes e a ajuda externa. A base de dados electrónica
mais claros e com menos jargão, por de beneficiários da UE, que contém actualmente mais de 114 000 entradas
forma a facilitar a leitura. introduzidas desde 2007, foi actualizada por forma a permitir mais opções de
pesquisa. Em 2010, a base de dados forneceu pela primeira vez informações
sobre as despesas administrativas da Comissão relacionadas com os contratos
públicos. São raras as administrações públicas no mundo que se pautam por
este grau de transparência financeira.
128
Em Outubro, a Comissão apresentou as conclusões sobre a revisão do orçamento,
com propostas relativas às despesas e a novas fontes de receitas a partir de 2013.
Destas conclusões decorre principalmente que as actuais normas aplicáveis ao
orçamento da UE atrasam a resposta em caso de acontecimentos imprevistos e
que existem demasiadas formalidades que afectam a sua eficiência e transpa-
rência. Numa época de contenção das despesas públicas, são sugeridas formas
de obter um orçamento europeu que possa fazer frente aos desafios, não neces-
sariamente através de um aumento da despesa, mas centrando-se nas priorida-
des adequadas, no valor acrescentado, nos resultados e na qualidade das despe-
sas europeias. No que diz respeito às receitas, o objectivo consiste em promover
um sistema equitativo e transparente que seja compreendido pelos cidadãos e
que reduza a dependência da UE em relação às contribuições directas dos Esta-
dos‑Membros, mediante a introdução de novos «recursos próprios». Entre as
opções figuram: uma percentagem de um imposto financeiro; o leilão pela UE de
licenças de emissão de gases com efeito de estufa; um imposto da UE ligado
ao transporte aéreo; uma taxa de IVA distinta destinada à UE; um imposto da
UE sobre a energia; e um imposto sobre o rendimento das sociedades da UE.
A Comissão propôs igualmente garantir as obrigações da UE emitidas por pro-
motores a fim de financiar grandes projectos de infra-estrutura.
Co-decisão
Iniciativa própria
Direitos humanos
Diversos
Orçamento e quitação
Primeira leitura (2)
Terceira leitura
Parecer favorável
Consulta (1)
Total
130
notas
(1) O Parlamento e o Conselho adoptaram em Novembro as alterações ao estatuto e ao (16) Acórdão do Tribunal de Justiça de 16.3.2010 no processo C-325/08, Olympique
Regulamento Financeiro relacionadas com o SEAE, tendo estabelecido as condições Lyonnais.
em que as delegações da UE em países terceiros podem despender os fundos da UE (17) Acórdão do Tribunal de Justiça de 25.2.2010 no processo C-386/08, Brita.
— Regulamentos (UE, Euratom) n.os 1080/2010 e 1081/2010 do Parlamento Europeu e
do Conselho (JO L 311 de 26.11.2010). (18) Acórdão do Tribunal de Justiça de 21.1.2010 no processo C-244/07, MG Probud Gdynia.
(2) Artigo 290.° do Tratado sobre o Funcionamento da UE: «1. Um acto legislativo pode (19) Acórdão do Tribunal de Justiça de 6.7.2010 no processo C-428/08, Monsanto
delegar na Comissão o poder de adoptar actos não legislativos de aplicação geral que Technology.
completem ou alterem certos elementos não essenciais do acto legislativo». (20) Acórdão do Tribunal de Justiça de 23.3.2010 nos processos apensos C-236/08 a
(3) Artigo 291.° do Tratado sobre o Funcionamento da UE: C-238/08, Google France e Google.
«1. O
s Estados-Membros tomam todas as medidas de direito interno necessárias à (21) Acórdão do Tribunal Geral de 18.3.2010 no processo T-9/07, Grupo Promer Mon
execução dos actos juridicamente vinculativos da União. Graphic/OHMI.
2. Q
uando sejam necessárias condições uniformes de execução dos actos (22) Acórdão do Tribunal de Justiça de 29.6.2010 no processo C-28/08 P, Comissão/Cerveja
juridicamente vinculativos da União, estes conferirão competências de execução à Bávara.
Comissão ou, em casos específicos devidamente justificados e nos casos previstos (23) Acórdão do Tribunal de Justiça de 29.6.2010 no processo C-139/07 P, Comissão/
nos artigos 24.° e 26.° do Tratado da União Europeia, ao Conselho. Technische Glaswerke Ilmenau.
3. P
ara efeitos do n.° 2, o Parlamento Europeu e o Conselho, por meio de (24) Acórdão do Tribunal de Justiça de 21.9.2010 nos processos apensos C-514/07 P,
regulamentos adoptados de acordo com o processo legislativo ordinário, definem C-528/07 P e C-532/07 P, Comissão/Association de la Presse internationale.
previamente as regras e princípios gerais relativos aos mecanismos de controlo que
(25) Acórdão do Tribunal de Justiça de 9.11.2010 nos processos apensos C-92/09 e
os Estados-Membros podem aplicar ao exercício das competências de execução
C-93/09, Volker und Markus Schecke/Land Hessen e C-93/09, Hartmut Eifert /Land
pela Comissão.»
Hessen.
(4) Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho — Aplicação do artigo
(26) http://ec.europa.eu/governance/better_regulation/index_en.htm
290.° do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia [COM(2009) 673 final].
(27) Comunicação da Comissão «Regulamentação inteligente na União Europeia»
(5) Proposta de regulamento da Comissão que estabelece as regras e os princípios gerais
[COM(2010) 543].
relativos aos mecanismos de controlo pelos Estados-Membros do exercício das
competências de execução pela Comissão [COM(2010) 83], aprovada pelo Parlamento (28) Directiva 2010/45/UE relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor
em Dezembro (16/12). acrescentado no que respeita às regras em matéria de facturação
(JO L 189 de 22.7.2010).
(6) Artigo 14.° do TUE e Protocolo n.° 36 relativo às disposições transitórias.
(29) Comunicação da Comissão tendo em vista a criação de um espaço europeu de
(7) JO L 304 de 20.11.2010, p. 47.
transporte marítimo sem barreiras [COM 2009(10) final].
(8) Comunicação da Comissão «Programa de trabalho da Comissão para 2010 —
(30) Comunicação da Comissão «Simplificar a execução dos programas-quadro de
Chegou o momento de agir» [COM(2010) 135].
investigação» [COM(2010) 187].
(9) http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=SPEECH/10/411
(31) Relatório Especial n.º 3/2010 «A avaliação de impacto nas instituições da UE apoia o
(10) Comunicação da Comissão «Programa de trabalho da Comissão para 2011» processo de tomada de decisão?» (http://eca.europa.eu/portal/pls/portal/
[COM(2010) 623]. docs/1/5372733.PDF).
(11) Artigo 12.° do TUE e artigo 70.° do TFUE e Protocolo n.° 1 relativo ao papel dos (32) http://ec.europa.eu/governance/impact/planned_ia/planned_ia_en.htm
parlamentos nacionais na União Europeia.
(33) Relatório anual sobre o controlo da aplicação do direito comunitário
(12) Proposta de directiva da Comissão relativa às condições de entrada e de residência de [COM(2010) 538].
nacionais de países terceiros para efeitos de trabalho sazonal [COM(2010) 379].
(34) Comunicação da Comissão «Aplicação do artigo 260.º, n.º 3, do TFUE» (SEC/2010/1371
(13) Acórdão do Tribunal de Justiça de 3.6.2010 nos processos C-203/08, Sporting final).
Exchange, e C-258/08, Ladbrokes Betting & Gaming e Ladbrokes International.
(35) Documento de reflexão da Comissão sobre a reforma do Organismo Europeu de Luta
(14) Acórdão do Tribunal de Justiça de 8.9.2010 nos processos C-409/07, Winner Wetten, Antifraude (OLAF) [SEC(2010) 859].
nos processos apensos C-316/07, C-358/07 a C-360/07, C-409/07 e C-410/07, Stoß,
(36) Livro verde da Comissão sobre o futuro do IVA [COM(2010) 695].
e no processo C-46/08, Carmen Media Group.
(15) Acórdãos do Tribunal de Justiça de 4.3.2010 nos processos C-197/08, Comissão/
França, C-198/08, Comissão/Áustria, e C-221/08, Comissão/Irlanda.
9
O Comité das Regiões inicia um novo mandato.
16 A UE avisa a Grécia de que deve corrigir o seu No princípio de 2010, os crescentes défices
défice excessivo até 2012 e recomenda que o país públicos e níveis de dívida desencadeiam uma
adopte políticas económicas em consonância crise de confiança nas obrigações de entidades
com as orientações gerais de política económica soberanas europeias e no euro. As turbulências
da UE. do mercado incidiram sobre a Grécia, cujo défice
orçamental de 13,6% foi bastante mais elevado
do que o país tinha previsto.
Março
132
18 O Governo grego recebe 14 500 milhões de euros
da UE, a primeira parte de empréstimos bilaterais 12 A Comissão propõe a alteração das actuais
normas europeias para melhorar a protecção dos
provenientes de dez países da área do euro. titulares de contas bancárias e pequenos
investidores.
19 A Comissão adopta uma agenda digital para a
Europa — a primeira de sete iniciativas
Em caso da falência do banco, os titulares de
contas bancárias receberiam o seu dinheiro mais
emblemáticas ao abrigo da estratégia
rapidamente (num prazo de sete dias), teriam
«Europa 2020».
uma melhor cobertura (até 100 000 euros) e
A Polónia é vítima de graves inundações. disporiam de informações mais completas sobre
as modalidades de protecção. Para os
investidores, a Comissão propõe uma
Junho
indemnização mais rápida e mais elevada até
11
criação de postos de trabalho na UE. O Paquistão é vítima de graves inundações.
A UE disponibiliza 150 milhões de euros de ajuda
30 A Comissão apresenta um conjunto de
instrumentos para reforçar a supervisão das humanitária, e os vários Estados-Membros
acrescentam o montante adicional de
políticas orçamentais, das políticas
macroeconómicas e das reformas estruturais. 170 milhões de euros. São ainda suspensos os
O «semestre europeu» inclui sanções para evitar direitos de importação sobre vários produtos de
ou neutralizar ameaças para a estabilidade exportação do Paquistão.
financeira da UE e da área do euro.
Setembro
Julho
11 Lançamento de outra iniciativa emblemática da
estratégia «Europa 2020»: «Juventude em
1 A Bélgica assume a presidência rotativa da União
Europeia. movimento».
Tem por objectivo aumentar a mobilidade de
Passam a vigorar novos limites máximos para as estudantes e estagiários, bem como melhorar a
taxas de roaming de telemóveis. qualidade e a capacidade de atracção da
Entra em vigor um novo logótipo para todos os educação e da formação na Europa.
produtos da agricultura biológica da UE.
21 É adoptada a estratégia de igualdade
133
Outubro
Dezembro
Novembro
14 A Comissão propõe o reforço da cooperação em
9 A Comissão propõe uma agenda de política matéria de protecção para as patentes unitárias
comercial firme para os próximos cinco anos a fim na UE. Mediante a apresentação de um único
de revitalizar a economia. pedido podem ser obtidas patentes válidas em
todos os países participantes.
12
O G20 apoia a reforma Basileia III.
Uma iniciativa da UE, este conjunto abrangente 15 O Parlamento aprova regras que regulam as
agências de notação de crédito.
de medidas para reforçar a regulação, a A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e
supervisão e a gestão de riscos do sector bancário dos Mercados supervisionará directamente as
põe em destaque a regulação, tanto a nível de agências. Poderá efectuar buscas de surpresa,
bancos individuais como a nível global deste aplicar multas e garantir que as agências avaliem
sector. a exactidão das suas classificações passadas.
É lançada uma nova estratégia para garantir o Entrará em vigor após aprovação pelo Conselho.
aprovisionamento sustentável de energia na UE. É adoptada a iniciativa de cidadania europeia.
A Comissão tenciona propor medidas Pela primeira vez, as pessoas podem sugerir
legislativas e de outro tipo para reduzir o directamente nova legislação da UE. Se um
consumo, criar um mercado único em 2015, criar milhão de cidadãos de, pelo menos, um quarto
um «bloco» para negociar com os fornecedores dos Estados-Membros se juntarem, podem
e responsabilizar os consumidores. convidar a Comissão Europeia a apresentar
propostas legislativas em domínios da
134
CronologIA
A lista que se segue refere alguns dos principais acontecimentos de 2010.
A cronologia não pretende ser exaustiva — no relatório referem-se outros
acontecimentos adicionais.
135
Entre em contacto com a União Europeia
EM LINHA
O sítio web Europa contém informações em todas as línguas oficiais da União Europeia: europa.eu
PESSOALMENTE
Há centenas de centros de informação sobre a União Europeia espalhados por toda a Europa.
Pode encontrar o endereço do centro mais próximo neste sítio web: europedirect.europa.eu
136
A União Europeia
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Bulgaria (Azər.)
Lisboa София
Roma Podgorica Sofia Iran
España
* UNSCR 1244
Skopje
Città del
Vaticano Tiranë P.J.R.M.
Ankara
Shqipëria
Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2010 Türkiye
Ελλάδα
Comissão Europeia Ellada
Αθήναι
Athinai
O Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2010 foi adoptado pela
Comissão Europeia em 16 de Fevereiro de 2011, com a referência SEC(2011) 189.
http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm
ISBN 978-92-79-17474-2
doi:10.2775/60968
Printed in Belgium
ISSN 1608-7283
Relatório Geral
sobre a Actividade
da União Europeia
2010
doi:10.2775/60968
pt Comissão Europeia