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Arquivo
AN A rquivo Nacional
N acional
A rquivo
N acional rquivo A
Presidenta da República
Dilma Rousseff
Ministro da Justiça
José Eduardo Cardozo
Texto
Cláudia Beatriz Heynemann
Pesquisa de Imagens
Cláudia Beatriz Heynemann | José Luiz M. F. Santos | Vivien Ishaq
Assistentes de Pesquisa
Fabiano Vilaça dos Santos | Nívia Pombo C. dos Santos
Projeto Gráfico
Sueli Araújo
Revisão
Alba Gisele Gouget | José Cláudio da Silveira Mattar | Renata dos Santos Ferreira Arquivo Nacional: 1838-2012. - 2. ed.atual. -
Rio de Janeiro : Arquivo Nacional, 2012.
Fotografia 64p. : il. ; 26cm.
Paulo Arthur Studio Fotográfico Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-60207-42-8
Flávio Lopes - Coordenação de Preservação do Acervo
1. Arquivo Nacional (Brasil) – História.
Estagiárias
CDD 027.581
Renata Tavares Santos | Tatiane Lopes dos Santos | Viviane de Oliveira Lima
Apresentação
A que época remonta o desejo de guardar a memória das práticas políticas e das relações econômicas e sociais? Como o Es-
tado moderno centralizou os arquivos governamentais? Em que contexto foi criado, no Brasil, um arquivo para guardar e conservar
os documentos que pudessem interessar à “história do país e à administração em seus diferentes ramos?”
Essas são algumas das questões contempladas neste livro, que aborda a trajetória do Arquivo Nacional desde a década de
1830 até os dias atuais.
Em suas páginas, o leitor encontrará a história da mais relevante instituição arquivística do país. De guardião de documentos
das secretarias de Estado, no Império, a órgão central do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA) da Administração
Pública Federal, são 174 anos nos quais o Arquivo Nacional ocupou diversas sedes, da rua da Guarda Velha, hoje Treze de Maio, à
Praça da República, onde está instalado, desde 2004, no conjunto arquitetônico criado para abrigar a Casa da Moeda.
Nessa longa trajetória alguns momentos merecem destaque, como a sua reorganização no século XIX, pelo decreto de 3 de
março de 1860, quando ficou dividido em três seções e passou a contar com uma Biblioteca, e particularmente a gestão de Joaquim
Pires Machado Portela, de 1873 a 1898. Marco na história institucional, foi a partir da sua administração que o Arquivo Nacional
adotou um plano de classificação de documentos e sistematizou rotinas e métodos de trabalho. Portela também foi responsável por
estruturar a Seção Histórica, à qual cabia custodiar documentos em variados suportes, e até mesmo uma coleção de medalhas e
moedas. Deve-se sublinhar ainda a introdução do cargo de cronista, que deveria escrever a “história oficial do Brasil a começar da
época da sua Independência”.
No século XX distingue-se o historiador José Honório Rodrigues, que instaurou um elemento crítico na história do Arqui-
vo Nacional, ao diagnosticar, logo no início da sua administração (1958-1963), a necessidade de atualizar as práticas em vigor, em
consonância com arquivos da Europa e dos Estados Unidos. Criou, ainda, o Serviço de Documentação Escrita.
Também deve-se ressaltar a gestão de Raul Lima (1969-1980), que filiou a instituição ao Conselho Internacional de Arquivos
e à Associação Latino-Americana de Arquivos, ciente da relevância da articulação com organismos internacionais. Lima criou ainda o
Mensário do Arquivo Nacional, que, por dez anos, foi um importante instrumento de difusão de atividades técnicas e administrativas.
A ideia de modernizar a instituição, tão cara a José Honório e a Raul Lima, seria retomada nos anos 1980, quando Celina
Vargas do Amaral Peixoto assumiu a direção da Casa. Já alçado a órgão autônomo da estrutura direta do Ministério da Justiça, o
Arquivo é transferido da Praça da República, nº 26, para o edifício anexo ao conjunto arquitetônico que, por tantos anos, abrigara a
Casa da Moeda. Esse fato, ocorrido em 1985, resolveu, parcialmente, as dificuldades relacionadas à segurança do acervo e ao conforto
dos servidores e usuários. Ao mesmo tempo, iluminou a necessidade premente de recursos visando a transferência definitiva do Ar-
quivo Nacional para os prédios construídos em meados do oitocentos, e com espaço suficiente para abrigar não apenas documentos,
mas atividades de difusão do acervo, como as exposições que, àquela altura, começavam a ser realizadas.
Ainda na gestão de Celina ocorreram a fundação da Associação Cultural do Arquivo Nacional (ACAN) e a criação da
revista Acervo, em 1986. Vale salientar que, na sua administração, foram lançadas as sementes para o papel que a instituição
assumiria na década seguinte.
Nos últimos vinte anos fica evidenciado o processo de modernização do Arquivo Nacional e a sua capacidade de se arti-
cular junto à administração pública, aos órgãos de fomento e a organismos como a Unesco. Graças a isso, foi possível restaurar e
equipar o conjunto arquitetônico tombado, promover eventos de difusão – além das exposições, o REcine, Festival Internacional
de Cinema de Arquivo –, a edição de livros, revistas e sítios eletrônicos, realizar o concurso de monografias Prêmio Arquivo Na-
cional de Pesquisa, capacitar os servidores e prestar assistência técnica no país e no exterior, entre tantas outras iniciativas. Cabe
também registrar a reestruturação da unidade regional no Distrito Federal, a criação do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq)
e a integração da instituição às entidades internacionais na área de arquivos.
A partir de 2003, por meio do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA) da Administração Pública Federal,
no qual atua como órgão central, o Arquivo Nacional pôde exercer um papel estratégico junto às instituições e entidades dessa
esfera de governo.
Merece registro especial o empenho da instituição no recolhimento, guarda e acesso aos documentos produzidos pelos órgãos
da administração federal no período do regime militar, notadamente aqueles provenientes das extintas unidades de segurança e in-
formações integrantes do Sistema Nacional de Informações e Contrainformação (SISNI) – como o Serviço Nacional de Informações
(SNI), o Conselho de Segurança Nacional (CSN), a Comissão Geral de Investigações (CGI), as divisões de Segurança e Informação
dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça – e os documentos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República, da Assessoria de Segurança e Informações da Telebras e do extinto Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), todos
recentemente abertos à consulta na Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal. Outra iniciativa importante
refere-se à instauração do projeto Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985). Capita-
neado pelo Arquivo Nacional, o Memórias Reveladas tem por objetivo geral tornar-se um polo difusor de informações contidas nos
registros documentais sobre as lutas políticas no Brasil nas décadas de 1960 a 1980, aglutinando instituições públicas e privadas de
todo o país que contenham acervos de interesse para o tema.
A despeito de todas essas realizações, o Arquivo Nacional possui inúmeros desafios a enfrentar, como o tratamento arqui-
vístico de documentos em formato digital, a expansão de bases de dados e sítios eletrônicos, o amplo acesso à informação por meio de
novos instrumentos de pesquisa, a digitalização em larga escala de seus conjuntos documentais para fins de preservação e consulta
e o constante aprimoramento do atendimento ao público, além da oferta renovada de exposições interativas – presenciais e virtuais
– e de serviços educativos, entre outros objetivos.
Atento às demandas dos cidadãos e da administração pública, o Arquivo Nacional tem como horizonte de sentido a necessidade
cotidiana de se aperfeiçoar, estendendo seu raio de ação e se reafirmando como uma das mais profícuas instituições públicas do país.
Os arquivos surgiram da mesma fonte que deu origem à escrita na baixa Mesopotâmia,
pouco antes do fim do IV milênio a. C. Guardar a memória da movimentação de bens,
das operações contábeis, de setores da vida econômica e de outros interesses indivi-
duais ou de grupo levou à reunião e ordenamento das tabuletas. Das listas, catálogos
e bibliotecas, até o enciclopedismo, os arquivos estruturam-se como um produto da
escrita,1 gênese também da história, da filosofia, do direito e de todos os domínios do
conhecimento que se constituíram pela escrita, sem a qual “não há datas nem arqui-
vos, não há listas de observações, tabelas de números, não há códigos legislativos, nem
sistemas filosóficos e muito menos crítica destes sistemas”.2
7
Há uma distinção fundamental entre documentos e livros, entre arquivos e
bibliotecas, em seus aspectos formais, na sua produção e destino. Mas na esfera da
escrita e das suas transformações tecnológicas, arquivos e bibliotecas percorrem um
longo processo comum. Desse modo, é possível que o que hoje denominamos de docu-
mentos arquivísticos tenham tido uma grande importância na difusão da escrita, que
proliferou no século V a. C., precedida, no século anterior, pelo aparecimento das leis
escritas. A escrita “criou novos padrões de citação. Contratos e evidências escritos co-
meçaram a ser mais valorizados que os relatos orais e, no século IV a. C., uma notável
lei ateniense passou a exigir o uso da evidência escrita. Os textos tornaram-se fixos e
solenes por estarem escritos e havia uma fé crescente na autoridade da palavra escrita”.4
8
casa “cheia de arquivos e de documentos empilhados que não teve tempo de analisar
e que aí dormem por vezes há anos aguardando a sua hora”.8
Assim, desde 1786 o Arquivo Geral das Índias, na Espanha, desenvolveu suas
atividades, podendo ser identificado como uma das instituições criadas pela política do
despotismo ilustrado espanhol. Investia-se de um dos pressupostos básicos das Luzes,
a utilidade de uma ciência orientada para fins. Além do serviço do Estado, a reforma
estava imbuída de um certo nacionalismo, da ideia de uma história “verdadeira”,
apoiada em documentos e não em outras narrativas históricas, como parecia ser o caso
de obras como a do abade Raynal.10 Formado com a documentação proveniente das
colônias, como o Conselho das Índias, Casa de Contratação e outras, este Arquivo não
foi apenas o grande depósito da administração colonial espanhola, distinguindo-se,
na história da arquivística, como o primeiro formado com registros dessa natureza e,
ainda, pela classificação adotada, na qual obedecia-se o critério dos fundos, algo que
viria se desenvolver nas décadas seguintes.11
É também no mundo colonial espanhol que se localizam algumas experiências
na organização dos arquivos. Em 27 de março de 1790, encaminhava-se ao governo
metropolitano o projeto de criação do Arquivo Geral da Nova Espanha, no México,
concomitante à reformulação da Secretaria da Câmara do Vice-Reinado. A proposta era
parte das diretrizes de racionalidade burocrática, de reforma e fomento de atividades
pedagógicas e científicas, entre elas, as viagens filosóficas, a criação de instituições como
a Real Academia de São Carlos e o Jardim Botânico. O subsídio a essas atividades era
uma das faces do Arquivo Geral, que contabiliza a utilidade que documentos como o
censo de 1790, registros de viagens e diversos papéis oficiais tiveram na expedição do
barão von Humboldt, no início do século XIX.12
9
A formação de arquivos de tradição colonial tem, no Arquivo Nacional de
Cuba, um processo clássico, no qual foi recorrente a dispersão ou perda dos fundos.
Em 1840 os três arquivos oficiais foram unificados, sob o nome de Arquivo Geral da
Real Fazenda da Ilha de Cuba. Até o fim da dominação espanhola, em 1898, diver-
sas remessas de documentos valiosos para a história colonial do continente foram
efetuadas para Espanha.
11
O arquivo oficial inglês, Departamento de Registros Públicos (Public Record
Offices), voltado, inicialmente, para os registros do Tesouro, da Chancelaria e de outras
cortes da Justiça, foi estabelecido em 1838, apenas uma década antes de se encerrar
o período consagrado na historiografia como o da dupla revolução – Revolução Fran-
cesa e a revolução industrial inglesa. Entre os anos de 1789 e 1848, operam-se revo-
luções também no campo científico. Nas ciências sociais, informadas pela aplicação
de recursos matemáticos, surgiria algo novo, que por sua vez influenciaria as ciências
físicas e biológicas: a ideia da história como “um processo de evolução lógica, e não
simplesmente uma sucessão cronológica de acontecimentos”. Mas apesar disso, no
início do século XIX, os
12
Códice contendo a correspondência original dos
governadores do Pará com a Corte. Secretaria de
Governo da Capitania do Pará, 1804-1807.
depois, os põe para funcionar [...]. Uma infelicidade apenas: nenhum historiador,
13
Ao longo do século XX, paralelamente à duradoura influência dos Annales,
os historiadores viram questionados seus paradigmas. Uma vez abaladas algumas
noções como realidade, memória e passado, tornou-se mais complexo investir em
uma relação tradicional com os arquivos, ao mesmo tempo em que há, mais do
que nunca, por parte de diversos atores sociais e dos próprios historiadores, uma
exigência de verdade.20 Por outro lado, liderados pelos arquivos nacionais, esses
órgãos atravessaram o século XX empreendendo mudanças importantes nos arranjos
adotados, nas técnicas de preservação e em seu papel social. As novas configurações
haveriam de incidir sobre a própria pesquisa histórica, traçando também um perfil
institucional que aproximou os arquivos da administração, por meio das funções de
planejamento e gestão. O volume documental aumenta com a progressiva interven-
ção do Estado na esfera privada, ampliando-se também o acesso e mesmo a demanda
por informação, em um movimento atrelado aos ritmos da política e dos regimes.
14
Gravação em 78 rpm das músicas Brasil e
Portugal e Dois amigos. Banda da Casa Edison,
gravadora Odeon Record. S.d.
15
câmara obscura. Na década de 1880, a fotografia converte-se, definitivamente, em um
fenômeno de massa. Essa difusão se acelera com a multiplicação das imagens por meio
impresso. Iniciava-se “um novo método de aprendizado do real [...]. O mundo, a partir
da alvorada do século XX, se viu, aos poucos, substituído por sua imagem fotográfica.
O mundo tornou-se, assim, portátil e ilustrado”.26
16
A Administração Colonial e Joanina
17
ricas portuguesas ou de outras nações europeias, deixaria uma memória institucional
para o século seguinte, prolongando o modelo e os pressupostos científicos das Luzes.
Página 18
Perspectiva da aldeia de São José de Mossâmedes
da província de Goiás tirada no ano de 1801, por
ordem do capitão-general d. João Manuel
de Menezes.
Página 19
Kaspar van Baerle. Rerum per octennium in
Brasilia et alibi nuper gestarum sub praefectura
illustrissimi Commitis i Mauritii, Nassovial, &
C. Comitis, Nunc Vasaliae Gubernatoris e equita-
tus foederatorum belgii ordd – sub auriaco Ductoris
historia/ Casparis. Amstelodami, 1647.
20
O Arquivo Público do Império
21
J. B. Spix e K. F. Ph. von Martius. Flora Brasi-
liensis. Vindobonae: Apud Frid. Beck; Lipniae:
Apud Frid. Fleischer in comm., 1840-1873.
Imagem integrante da exposição Nação brasílica:
180 anos da Independência, 2002.
22
ordem e da civilização, apoiados no movimento simultâneo de ruptura com o passado
colonial e de elo com a metrópole. A unificação desses momentos torna-se exemplar
na valorização da transferência da corte para o Brasil, do Velho para o Novo Mundo,
expressa no uso do termo ‘transmigração’.39 Conferia um sentido para o Império, que
incorporava essa passagem e distanciava-se da desordem e da fragmentação. Conhecer
os limites com as repúblicas vizinhas, de origem hispânica, tinha, assim, um duplo
significado, pois traçava efetivamente uma diferença, não apenas territorial, mas his-
tórica, passível de conhecimento e comprovação nos arquivos portugueses.
23
algum estrago, apesar dos esforços empregados para salvá-lo”. Estragos consideráveis
foram provocados na organização dos documentos, retirados às pressas, “deslocados
com a precipitação e desordem inevitável”, o que obrigou à sua reorganização.40 Em
1854, o Arquivo passou a ocupar parte das instalações cedidas pelos capuchinhos no
Convento de Santo Antônio, que reafirmavam sua vocação para abrigar academias e
atividades científicas. No entanto, essa solução pareceria, na década de 1860, antes
um risco, devido à umidade das salas, ao aparecimento de cupins e à possibilidade de
um incêndio, vindo da sacristia, sobre a qual ficava o Arquivo, “onde como é sabido,
constantemente ardem luzes!”. De fato, em 1º de novembro de 1856 ocorreu um incêndio
no convento, sem, no entanto, ameaçar as dependências do Arquivo.
tendo estado o Brasil submetido por espaço de trezentos anos à Metrópole, e tendo
tido lugar, em tão longo estádio, acontecimentos políticos do maior momento, será
Portugal, todos aqueles documentos que não podem deixar de existir nesse lugar
Alguns anos antes, em 1852, Antônio Gonçalves Dias teve a missão de co-
ligir documentos em bibliotecas e arquivos de mosteiros e repartições públicas, em
diversas províncias do Norte, reunindo, especialmente, aqueles que pelo decreto de
1838 deveriam ser recolhidos ao Arquivo Público, “sendo devido ao seu zelo, no de-
sempenho daquela comissão, não só a efetiva entrada para o Arquivo de documentos
importantes, mas também a notícia da existência de outros, cuja aquisição se trata
de realizar”. Um dos principais nomes da primeira fase do romantismo brasileiro, o
poeta dedicava-se, então, aos registros da ‘história do país’, evidenciando o caráter
24
histórico da literatura romântica e o vínculo dos intelectuais oitocentistas com esse
gênero de empreendimento e de instituições públicas. É também Gonçalves Dias que
irá à Europa em 1856, mandado pelo governo “com o fim de colher dos arquivos dos
países estrangeiros, e principalmente de Portugal e Espanha”, para o Instituto His-
tórico e Geográfico Brasileiro.
25
do Sul, o diretor, em 1863, reclamava que o Arquivo não tinha “o bulário completo,
os processos por crimes políticos, os autógrafos de certas leis principais do Império,
as proclamações e manifestos da Independência [...], os mapas geográficos do Brasil”
e outros documentos que pelo decreto de 1860 deveriam ser coletados nas secretarias
de Estado, por autorização do ministro Araújo Lima.
É também nesse momento que nasce a biblioteca, pois “aqueles que se dedicam
a escrever a história da pátria devem encontrar os recursos e notícias precisas para
o complemento de tão meritória empresa”.45 Dedicada a um público especializado,
complementando a consulta aos manuscritos e documentos impressos, vinha somar-se
ao universo de bibliotecas públicas instaladas no Rio de Janeiro, cidade que possuía o
maior número desses estabelecimentos no país.46 A escassez de recursos para aquisi-
ção de livros foi compensada nos anos seguintes, quando começou a ser formada uma
coleção, fomentada por doadores da elite dirigente e instituições, como o visconde de
Uruguai, o conselheiro Pimenta Bueno, Cândido Mendes de Almeida, Pereira da Silva,
o fotógrafo Victor Frond, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Instituto
dos Advogados, entre muitos outros. Em 1863, a biblioteca já contava com cerca de Página 26
quatrocentos volumes. Lei Áurea. Rio de Janeiro, 13 de maio de 1888.
27
prevista desde 1838. O regulamento aprovado em 1876 mantinha, basicamente, as
mesmas atribuições, acrescentando à estrutura, a biblioteca, a mapoteca e a seção ju-
diciária, cuja criação, observava Machado Portela em 1874, havia sido reclamada por
seus antecessores. Perguntando-se sobre a vantagem de tantas seções, “em um Arquivo
que ainda não conta avultada cópia de documentos”, o diretor lembrava o modelo
do Arquivo Público da França, que as reduzira de seis para três seções, denominadas
histórica, administrativa e judiciária.48
28
entre as atribuições do Arquivo, a guarda, na seção histórica, dos documentos, planos
e desenhos que serviam de base à concessão de privilégios ou prêmios em matéria in-
dustrial.49 A classificação, prevista no regulamento, adotava as subdivisões das “três
épocas históricas do país: Brasil Colônia, Brasil Reino Unido e Brasil Império”.
29
De vários pontos da capital do Império, em suas sucessivas sedes, o Arquivo
descreveu sua trajetória no século XIX procurando alcançar, nos corredores das re-
partições das secretarias, nas províncias e na antiga metrópole, pelo recolhimento ou
cópia de documentos, o cumprimento de seus preceitos. Uma ambição será, sem dúvi-
da, suprir as partes ainda omissas no acervo, e que compunham a história do Brasil.
Acompanhava-se, então, os cânones fixados no oitocentos e na obra de historiadores
como Capistrano de Abreu, para quem “as fontes são quase tudo, daí resultando, em
contrapartida, uma permanente preocupação com as ‘lacunas’ historiográficas, as
inexatidões documentais, a crítica deficiente das fontes”.52 Tendo em perspectiva o
crescimento e a qualificação de seu acervo, no século XIX o Arquivo Público passou
por algumas reformas, como a de 1893, já na República. O continuado critério de
Henrique Kopke. Estrada de Ferro Príncipe do divisão dos documentos, principalmente entre as seções administrativa e histórica,
Grão-Pará, que ligava a Raiz da Serra de Petró-
indica a transformação conceitual que, mais amplamente, a instituição teria que
polis ao centro da cidade. 1883. Coleção Fotogra-
fias Avulsas. empreender no século XX.
30
Uma Repartição Nacional: o Arquivo na Casa do Barão de Ubá
como uma repartição nacional, fixa a política de arquivos, estabelece suas atribui-
mação históricas...53
31
No entanto, “como arsenais da administração eles não destroem a missão histórica,
nem se deve pensar que haja uma competição entre a História e a Administração”.
velho corpo de alma grande, o Arquivo Nacional tem por missão inculcar, a
uns concerne berço, a outros abrigo de expatriações, podendo a todos dar hon-
objetos preciosos. Com a proteção do governo [...], por vários meios, deve por
às tradições pátrias.56
33
será um tema do interesse republicano, verificado na consulta do Senado ao Arquivo,
em 1891, acerca dos bens confiscados dos inconfidentes de Minas Gerais, cujos autos de
sequestro, devassas e outros documentos originais formavam a coleção Inconfidência
de Minas Gerais. Seguindo o apelo do episódio naquele momento, em 1893 o processo
original do inventário e partilha de bens deixados pela mãe de Joaquim José da Silva
Xavier é oferecido ao Arquivo, pela quantia de 16.000$000, sendo recusado, porque,
embora verídico e de interesse, o documento não subsidiava a história pública do per-
sonagem, tinha alto custo e deveria ser mantido na cidade de Tiradentes.
serviços, patentes, fés de ofício, títulos de nomeações [...]. Também aí serão ar-
Páginas 34 e 35
Fachada da estação central da Estrada de Ferro quivados os documentos não oficiais que qualquer cidadão queira doar ao Arquivo
Metropolitana da capital federal dos Estados
ou apenas nele depositar, relativos à genealogia, biografia e serviços ao Estado
Unidos do Brasil. S.l. 1891.
prestados por si ou seus antepassados, quer como simples particulares, quer em
36
Quituteiras no Ceará, 1906. Arquivo Afonso
Pena. Imagem integrante da exposição Imagens
da mulher brasileira, 1996.
37
Preservar o acervo e também divulgá-lo: a instituição empreendeu essa tarefa
através da série de publicações iniciada no final do XIX. Além das Publicações do Ar-
quivo Nacional, uma outra série, comum à Biblioteca Nacional e intitulada Documentos
históricos, iniciou-se em 1927. A importância dessas publicações tinha como balizas
a História das bandeiras paulistas, de Afonso de Taunay, e a tese sobre o povoamento
do Piauí, de Barbosa Lima Sobrinho, assim como uma hipotética obra sobre André
Vidal de Negreiros, que “impressionou tão fortemente Varnhagen, o sisudo e objetivo
historiador, a ponto de lamentar não haver um Plutarco para lhe traçar a biografia”.
Diretores da Fábrica Nacional de Automóveis
apresentam o primeiro automóvel fabricado A publicação das sinopses das sesmarias evocaria Capistrano de Abreu, que “sabedor
no Brasil ao presidente Getúlio Vargas. Rio de sem par das coisas da história nacional, lamentava não se ter escrito ainda a história
Janeiro, 24 de fevereiro de 1951. Agência Nacio-
nal. Imagem integrante da exposição 50 anos de das sesmarias, que considerava elemento básico para o conhecimento da história geral
desenvolvimento nacional, 2002. do Brasil”. A estreita relação estabelecida entre aquela historiografia e os acervos ar-
quivísticos sedimentava-se na citação à Seignobos: “parece que é uma verdade básica,
adquirida só muito recentemente, que sem documento não é possível a história”.63
Se a década viria a ser marcada pela clássica tríade de Sérgio Buarque de Holanda,
Gilberto Freire e Caio Prado Júnior, as referências de Bezerra Cavalcanti não eram
estranhas ao seu tempo, quando “não obstante a tendência dominante observada desde
os anos 1930, houve a permanência da matriz varnhageniana quer em seus aspectos
metodológicos, quer ideológicos”.64 A afinidade que aqui se manifestava cuidava de
evidenciar o valor da documentação e, portanto, da instituição. Sem se desvincular
dos projetos intelectuais e culturais que o constituíram, o Arquivo Nacional adquire
relevo, sobretudo nas três últimas décadas, por meio de uma série de diretrizes, entre
elas a gestão de documentos e o desenvolvimento de uma política de arquivos.
38
A Modernização do Arquivo Nacional
39
Praia de Ipanema. Rio de Janeiro, s.d. Correio da
Manhã. Imagem integrante da exposição Estam-
pas do Rio, 2001.
40
firmado entre o Ministério da Justiça e a Fundação Getúlio Vargas em 1981, a passagem
do Arquivo para órgão autônomo da administração direta na estrutura do Ministério70
e a mudança para o edifício anexo à antiga Casa da Moeda em 1985, despertaram o in-
teresse dos organismos internacionais naquela década. A instituição tornou-se membro
do Comitê Executivo do Conselho Internacional de Arquivos, órgão da Unesco, sendo
escolhida por esse organismo para desenvolver, na América Latina, nos anos 1984-1985,
o projeto de modernização de arquivos históricos do tipo tradicional.71 Em compasso
com essas transformações, assiste-se à edição do primeiro número da revista Acervo,
em 1986, à fundação da Associação Cultural do Arquivo Nacional – ACAN, em 1987,
e à montagem, em 1989, da exposição comemorativa do ano de 1789 na França e no
Brasil, intitulada Natureza, Razão e Liberdade.
41
Resumo de aula feito por professor da EsNI.
Brasília, 1987. Arquivo Nacional. Serviço
Nacional de Informações. Imagem integrante
da exposição virtual Na teia do regime militar:
o SNI e os órgãos de informação e repressão no
Brasil 1964-1985, organizada para o portal
Memórias Reveladas.
42
O Arquivo Nacional no século XXI
43
à informação, da divulgação científica e cultural dos acervos. Nessa perspectiva, entre os
fenômenos que marcam a década, figuram a emergência das categorias da memória e da
História, do conhecimento em rede e crescente valorização dos arquivos na esfera pública.
Memória e preservação
44
âmbito da memória das lutas políticas e da história do período definido pela ditadura
militar, deve-se lembrar que, em dezembro de 2005, em cumprimento ao disposto no
decreto nº 5.584, de 18 de novembro daquele ano, a Coordenação Regional do Arqui-
vo Nacional em Brasília recebeu para a guarda permanente os acervos dos extintos
Serviço Nacional de Informações (SNI), Conselho de Segurança Nacional (CSN) e
Comissão Geral de Investigações (CGI). Posteriormente, chegaram à mesma coorde-
nação processos produzidos pelo Ministério da Justiça, documentação da Divisão de
Segurança e Informações do Ministério das Relações Exteriores e um novo conjunto
de documentos do Conselho de Segurança Nacional, o qual estava sob a guarda do
Gabinete de Segurança Institucional, devendo-se assinalar o ineditismo desse ato na
trajetória dos acervos públicos do país.
45
Em 2010 foi inaugurado o portal Memórias Reveladas, que desde então é um
polo difusor de notícias, documentos, publicações digitais e de um banco de dados à
disposição dos interessados. Oferece exposições virtuais, multimídias, gravações e ví-
deos relacionados ao regime militar no país sob diversos ângulos, abordando a cultura,
política parlamentar, movimento estudantil, grupos clandestinos, órgãos de repressão
e outros eventos e atores que configuram o período entre 1964 e 1985. Para estimular a
produção acadêmica sobre o tema, foi instituído em 2009 o Prêmio de Pesquisa Memó-
rias Reveladas. Em outra frente, Registros de uma guerra surda, exposição organizada
pelo Arquivo Nacional em 2011 com documentação sob a sua guarda e das instituições
parceiras, obteve ampla divulgação junto a um grande público interessado no período
de exceção vivido pelo país. A entrada de acervos privados na instituição, como os de
Luís Carlos Prestes e de Apolônio de Carvalho em 2012, corrobora a política de in-
centivo às doações e a existência de um campo aberto para a história recente do país.
46
de Referência das Lutas Políticas no Brasil – Memórias Reveladas como apoiadores
aos comissionados da referida CNV na consecução de suas atividades durante os dois
anos de intenso trabalho que terão após a sua instalação.
47
império nos trópicos, renovaram os exercícios de interpretação sobre a historiografia e
o patrimônio documental do país. Os apoios recebidos pela instituição têm permitido
o estabelecimento de condições adequadas de segurança ambiental e patrimonial do
acervo, a difusão e divulgação científica por meio de publicações em edições especiais
e outras atividades, exemplo dos livros Retratos modernos, contemplado com o edital
48
que passa a ter uma versão eletrônica, em cumprimento aos padrões de excelência
requeridos pelo Programa Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes). A permanência e renovação de projetos dessa natureza são
reveladoras de uma política voltada para as atividades e para a comunidade acadê-
mica nas diversas áreas afins à instituição e às suas atribuições. Assim, desde 2007 a
instituição mantém – primeiro em convênio com a Universidade Federal Fluminense,
atualmente com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – cursos de pós-graduação
lato sensu voltados para as políticas de informação e organização do conhecimento.
E também publica, desde 2004, a revista REcine, especialmente dedicada à pesquisa
sobre o audiovisual e a cultura brasileira.
49
A diferença, portanto, é que conhecimento e informação passaram a ter uma
base microeletrônica por meio dessas redes,78 um novo paradigma tecnológico que põe
em marcha a estrutura da sociedade em rede e, ainda segundo Castells, mesmo que
não inclua todas as sociedades, as afeta como um todo. Para as áreas fundadas essen-
cialmente sobre a informação organizada e disseminada, trata-se de um importante
deslocamento, de uma estrutura verticalizada para a descentralização promovida
pelas redes tecnológicas. Soma-se a isso a expansão das tecnologias digitais responsá-
veis pela realidade de documentos gerados apenas em meio eletrônico e daqueles que
foram reproduzidos digitalmente: a autonomia do conteúdo em relação ao suporte e
sua possível fluidez, se já se fazia presente no campo das ideias filosóficas e de outras
disciplinas, trouxe um importante e profícuo debate para os arquivos.
Senado Federal. Foto de Marcel Gautherot. Encontra-se no Canadá um dos polos de novas tendências de pensamento em
Brasília, 13 de março de 1959. Correio da Manhã.
torno da arquivologia contemporânea, um debate centrado essencialmente em torno das
Imagem integrante da exposição Capitais da
bossa nova: Rio e Brasília nos anos JK, 2010. correntes da arquivística funcional – cujo foco reside nos processos e nos contextos de
50
criação dos documentos, e nas relações dos usuários com os criadores dos documentos.
Desenvolvida na parte inglesa do Canadá, encontra um lócus investigativo privilegiado
por um lado nos conceitos “pós-modernos” e, por outro, na “diplomática arquivística”,
tributária das teses de Luciana Duranti e direcionada para a evidência documental,
abordagem utilizada pelos arquivistas “para compreender os conjuntos documentais
gerados nos dias de hoje, inclusive no meio eletrônico”.79
Entre os mais influentes representantes da chamada “arquivística funcional”,
Terry Cook viria a debater com seus oponentes por meio de artigos publicados na revista
Archivaria, em torno, essencialmente, da ideia de que se vive uma era pós-moderna,
definida por Jean François Lyotard como uma “incredulidade sobre metanarrativas”,
Imagem de abertura da exposição REcine – Nas
a perda de confiança nos valores, nos grandes mitos, nas grandes narrativas históricas ondas do rádio, 2009.
oficiais do Estado, de um patriotismo bastante abalado no pós-guerra. Mais ainda, a
pluralidade de vozes difundidas pelas redes de computadores, pelos milhões de pági-
nas na web e pela informação multiplicada cada vez mais desqualifica as chamadas
metanarrativas, associadas aqui aos discursos que tradicionalmente se encontraram
nos livros de história, nos monumentos públicos e nos arquivos.
51
sustentam essa visão dos documentos arquivísticos: “o valor de verdade de um dis-
curso é aceitável se ele se apoia em termos de uma possível unanimidade entre mentes
racionais”. Essa unanimidade estaria na diplomática assentada sobre as regras de
crítica ao documento, desde Mabillon no século XVII, e fez da evidência a referência
de realidade. Uma realidade cujo acesso se daria pelo exame dos documentos, vistos
como indícios, um padrão histórico e legal mantido no século XIX, quando do surgi-
mento da arquivologia.
O debate descrito entre esses autores é exemplar do problema teórico en-
frentado por arquivistas, historiadores, filósofos, e cientistas sociais. Trata-se de uma
disputa sobre a definição dos arquivos como representação e a existência ou não de
um referente externo que lhes confira um grau de confiabilidade e autenticidade. Na
era em que se afirmam as redes tecnológicas e a difusão eletrônica de documentos,
com consequências em todas as esferas, os arquivos e suas políticas necessariamente
se transformaram e impuseram mesmo uma nova agenda.
52
sistema, as atividades de gestão de documentos de arquivo no âmbito dos órgãos e
entidades da Administração Pública Federal. Visa garantir ao cidadão e aos órgãos e
entidades, de forma ágil e segura, o acesso aos documentos de arquivo e às informa-
ções neles contidas, entre outras finalidades voltadas à integração das atividades de
gestão de documentos de arquivo dos órgãos integrantes, à disseminação de normas
relativas à gestão documental e à preservação do patrimônio documental arquivístico
da Administração Pública Federal.82 A criação do SIGA representa um marco para a
implantação do programa de gestão de documentos no âmbito do Poder Executivo
Federal, facilitando a ação do Arquivo Nacional nesta área com a identificação dos
responsáveis pelos órgãos setoriais do referido sistema. Integram o SIGA: o Arquivo
Nacional, como órgão central; as unidades responsáveis pela coordenação das ati-
vidades de gestão de documentos de arquivo nos ministérios e órgãos equivalentes,
como órgãos setoriais; e as unidades vinculadas aos ministérios e órgãos equivalentes,
como órgãos seccionais.
Nesse sentido, cabe destacar a norma Modelo de Requisitos para Sistemas In-
Página 53
formatizados de Gestão Arquivística de Documentos – e-ARQ Brasil, aprovada em 2006
Fotografia no passaporte de Angiolina Grimaldi.
11 de abril de 1922. Série Interior – Naciona- e que tem por objetivo orientar a implantação da gestão arquivística de documentos
lidades – Processos de Naturalização. Imagem
e fornecer especificações técnicas e funcionais, além de metadados, para orientar a
integrante da exposição Viagens italianas, 2012.
aquisição e/ou especificação e desenvolvimento de sistemas eletrônicos de gestão ar-
quivística de documentos. A norma é um dos títulos disponíveis na série Publicações
Técnicas do Arquivo Nacional, está disponível no portal do SIGA e, em conjunto com
outros manuais, subsidia as atividades dos órgãos participantes do Sistema.
54
Latina e Caribe de língua espanhola. No âmbito da cooperação internacional, além de
partilhar a comunidade de língua portuguesa, impõem-se as origens ibero-americana
e latino-americana, sendo exemplar a participação do Arquivo Nacional no Comitê
Intergovernamental do Programa ADAI, criado pela Cimeira Ibero-Americana de
Chefes de Estado, que se reúne anualmente para análise e aprovação de projetos de
organização e preservação de arquivos inscritos na convocatória do ano anterior. A
Direção-Geral do Arquivo Nacional exerce atualmente a presidência no Comitê Dire-
tivo da Associação Latino-Americana de Arquivos (ALA), órgão regional do Conselho
Internacional de Arquivos (CIA), com sede em Paris, e no qual o Arquivo Nacional,
como membro de categoria A, participa das assembleias-gerais anuais.
55
limitados principalmente pelo período do regime militar e outros ainda fechados, o
Diretor-Geral do Arquivo Nacional lançou o Edital AN nº 1, de 17 de maio de 2012,
o Edital AN nº 2, de 31 de maio de 2012, e o Edital AN nº 3, de 29 de junho de 2012.
Os editais solicitam “ao titular das informações pessoais contidas nesses documentos,
a apresentar, com base no inciso X, do artigo 5º da Constituição Federal e nos incisos
I e II, do parágrafo 1º, do artigo 31 da lei nº 12.527, de 2011, no prazo de 30 (trinta)
dias corridos contados da data de suas publicações, requerimento de manutenção da
restrição de acesso aos documentos sobre sua pessoa”, condição para que seja apreciada
essa possibilidade com base em parecer da Comissão de Análise de Documentos com
Informações Pessoais do Arquivo Nacional.
56
1
BOTTÉRO, Jean. L’écriture, le développement et la diffusion du savoir en Mésopotamie ancienne.
In: SCHAER, Roland (dir.). Tous les savoirs du monde: encyclopédies et bibliothèques, de Sumer
au XXIe siècle. Paris: Bibliothèque Nationale de France/Flammarion, 1996, p. 27-28.
2
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio
de Janeiro: Editora 34, 1993, p. 96.
3
DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
2001, p. 11-13.
4
OLSON, David. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita.
São Paulo: Ática, 1997, p. 63-64.
5
JACOB, Christian. Ler para escrever: navegações alexandrinas. In: BARATIN, M. e JACOB, C.
(dir.). O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2000,
p. 54-55.
6
Cf. CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp, 1998.
7
Observamos que no acervo do Arquivo Nacional encontramos códices autênticos – livros originais
produzidos por órgãos da administração colonial e inautênticos –, encadernações de documentos
avulsos originais ou cópias. Cf. FONSECA, Vítor Manoel M. da e GOUGET, Alba Gisele Gui-
marães. Documentos do período colonial: considerações para tratamento técnico. Publicações
Técnicas 39. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985.
8
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico. Vol. II. Lisboa: Ed. Dom Quixote,
1984, p. 43.
9
WEILBRENNER, Bernard. The history of archives. Public Archives of Canadá, 1974.
10
Referência a Guillaume – Thomas François Raynal, autor de Histoire philosophique et politique des
établissements et du commerce des européens dans les deux Indes, editada em 1770. Ex-jesuíta, Ray-
nal é autor de obra numerosa e um dos clássicos do Iluminismo. O Arquivo Nacional possui, em
seu acervo de obras raras, a Histoire des deux Indes, tendo publicado a tradução de dois volumes.
Cf. A Revolução da América. Prefácio de Luciano Raposo Figueiredo e Oswaldo Munteal Filho.
Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1993; O estabelecimento dos portugueses no Brasil. Prefácio de
Berenice Cavalcante. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional; Brasília: Editora Universidade de Brasí-
lia, 1998.
11
SOLANO, Francisco de. El Archivo General de Indias y la promoción del americanismo cienti-
fico. In: SÉLLES, Manuel et alii (comp.). Carlos III y la ciencia de la Ilustración. Madri: Alianza
Editorial, 1989, p. 277.
57
12
Acerca dos casos mexicano e cubano, citamos os artigos: COMISIÓN PARA LA CONMEMO-
RACIÓN DEL BICENTENARIO DEL ARQUIVO GENERAL DE LA NACION. Historia del
Archivo General de la Nación. ALA, n. 11, jan./jun. 1991; e SALABARRÍA, Berarda. El Archivo
Nacional: pasado y presente. ALA, n. 9, jan./jun. 1990.
13
SCHELLENBERG, Thomas R. Arquivos modernos: princípios e técnicas. Rio de Janeiro: Funda-
1981, p. 308.
16
BURKE, Peter. A Escola dos Annales, 1929-1989: a Revolução Francesa da historiografia. São
p. 79.
20
Em artigo de 1994, Roger Chartier fala da capacidade da história “estabelecer um conhecimento
verdadeiro”. Ele se refere às falsificações e à tarefa da crítica documental de responder aos desvios
resistir à “máquina de guerra cética”, na expressão de Carlo Ginzburg. Chartier afirmará que as
donar essa intenção de verdade, talvez desmesurada, mas certamente fundadora, seria deixar o
campo livre a todas as falsificações, a todas as falsidades que, por traírem o conhecimento, ferem a
memória”. Cf. CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Estudos históri-
58
22
A ruptura com o antigo método de classificação por assuntos iniciou-se com a adoção do ‘respeito
aos fundos’, enunciado pela primeira vez na França em 1839, segundo o qual os papéis seriam
1994.
30
BLUTEAU, padre Rafael. Vocabulário português e latino. Coimbra: Colégio das Artes da Compa-
1996, p. 95.
32
CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte:
59
35
Apud MOREIRA FRANCO, Celina do Amaral Peixoto. Apresentação. In: ARQUIVO NACIO-
NAL. Do Arquivo Público do Império ao Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.
36
Relatório do ministério do Império de 1838. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1839.
37
NEVES, Lúcia Maria Bastos P. e MACHADO, Humberto Fernandes. O Império do Brasil. Rio de
do ministério do Império de 1853. Rio de Janeiro: Tipografia do Diário de A. & L. Navarro, 1854.
41
Em 1886 foi editado o primeiro volume das publicações do Arquivo, contendo o catálogo das
cartas régias, provisões e alvarás, de 1662 a 1821. O volume seguinte corresponde ao índice da
Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 56. Ver também, COSTA, Célia.
Tese (doutorado). Rio de Janeiro: Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, UFRJ, 1997.
44
Coleção de Leis do Brasil, v. I, tomo XXI, 1860, p. 58.
45
Ver Relatório do diretor do Arquivo Público do Império, anexo ao relatório do ministério do
Império de 1861. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1862; Relatório do diretor do Arquivo Pú-
blico do Império, anexo ao relatório do ministério do Império de 1863. Rio de Janeiro: Tipografia
Nacional, 1863.
46
FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. As bibliotecas cariocas: o Estado e a consti-
tuição do público leitor. In: PRADO, Maria Emília (org.). O Estado como vocação: ideias e práticas
60
48
Respectivamente, consultar decreto n. 6.164, de 24 de março de 1876, que reorganiza o Arquivo
Público do Império. Coleção de Leis do Brasil, v. I, t. XXXIX, parte II, 1876, p. 423-427; Rela-
tório do diretor do Arquivo Público do Império, anexo ao Relatório do ministério do Império de
no Arquivo Público um relatório acompanhado das plantas, desenhos, modelos e amostras. Em 1891,
ga que representava ao órgão. Ficavam ali arquivados os processos findos e os que fossem remetidos
II, 1893, p. 734-739; Arquivo Nacional, Série Assuntos Gerais, AN 4, n. 140, fl. 58v, 1891.
58
Coleção de Leis do Brasil, v. I, 1906, p. 112.
59
Em 1911, um novo regulamento é publicado, e o Arquivo Público Nacional passa a chamar-se
Arquivo Nacional.
60
Arquivo Nacional, Série Assuntos Gerais, AN 6, relatórios dos anos 1920 e 1921.
61
A adoção da cópia de documentos deteriorados como medida de restauração pode ser uma
derivação da ideia jurídica de restauração de autos, definida como a “recomposição dos autos de
61
um processo, quando desapareceram por perda, extravio, destruição ou por qualquer causa”. Cf.
BARROS, Hamilton de Moraes e. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Foren-
se, 1988, 2. ed., v. IX, p. 421. Agradecemos essa observação a Carlos Augusto Ditadi.
62
Sobre os métodos de desinfestação adotados, consultar: Arquivo Nacional, Série Assuntos Gerais,
Paulo Roberto (org.). Brasiliana da Biblioteca Nacional: guia de fontes sobre o Brasil. Rio de
41, 1973.
67
JARDIM, José Maria. Do pré-arquivo à gestão de documentos. Acervo. Rio de Janeiro: Arquivo
Páginas 62 | 63 e 64
Detalhes da nova sede do Arquivo Nacional. Nacional, v. 3, n. 2, jul./dez. 1988, p. 34.
68
Regimento do Arquivo Nacional, portaria n. 600 – B, de 15 de outubro de 1975. Diário Oficial da
dez. 1988.
72
Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos e dá outras
cgilua.exe/sys/start.htm?sid=26.
AN
N acional A rquivo N acional
Arquivo
AN A rquivo Nacional
N acional
A rquivo
N acional rquivo A