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{PhysicalOverview.doc}
Na figura, suponha-se que a Intensidade do Sinal Transmitido é s(t), uma onda sinusoidal perfeita (ou mais
abreviadamente, uma sinusóide) – e que é transmitida para um meio de transmissão.
A experiência mostra que no receptor o meio de transmissão entrega um sinal electro-magnético, r(t), cuja
intensidade tem também a forma de uma onda sinusoidal – com uma característica importante: a frequência de
oscilação não muda, mantém-se constante: o Sinal Recebido pode vir atenuado, relativamente ao Sinal
Transmitido, e pode vir atrasado – mas o número de ciclos por segundo mantém-se o mesmo.
Aliás, pode mesmo estudar-se o meio de transmissão, para concluir acerca da magnitude de tal atenuação e
atraso – e, por inserção de amplificadores e igualizadores adequados, procurar compensar tal atenuação e atraso:
com tais artifícios – e salvo as imperfeições do meio (ruído e distorção) - o sinal recebido acaba por ser quase
igual ao sinal transmitido! É esta característica que torna as ondas electro-magnéticas especialmente atractivas para
transportar a informação!
Por mor de precisão, refira-se que as asserções acima têm um pressuposto: que no cenário em causa é desprezável
(ou mesmo nulo) o assim denominado “efeito Doppler”. O leitor terá já reparado que, quando um comboio apita ao
chegar à estação onde o aguarda, a frequência aparente dos sinais que ouve não é exactamente igual à do som emitido
pelo apito: é maior…
Existem naturalmente outras razões para apoiar em ondas electro-magnéticas o transporte de informação:
- a sua velocidade de propagação – que, no vácuo, atinge c = 300 000 km/seg,
- a possibilidade de comunicação com locais tão longínquos como a Lua…
- a possibilidade de comunicação a sítios móveis: automóveis, barcos, aviões e satélites…
Portadora da Informação
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Repare-se: s(t) suporta-se explicitamente num co-seno. No que se segue, e em vez das expressões “onda
sinusoidal” ou “sinusóide”, usar-se-á o termo “onda” – e esta será sempre representada algebricamente
por, apenas, um co-seno! E perguntar-se-á: que fazer, se uma onda for dada sob a forma de um seno? A
resposta é: bastará reescrevê-la em termos dum co-seno, pelo artifício de subtrair π/2 à respectiva fase:
sen (2 * π * f0 * t + α) ⇒ cos (2 * π * f0 * t + (α – π/2))
Na vida real, será bem difícil ao leitor encontrar verdadeiras ondas (ou qualquer outro sinal periódico!) – no sentido
de que se estendem desde t=-∞… Tanto quanto o discurso actual da Ciência consegue perscrutar para trás, o Universo
começou há muito menos tempo: há apenas para aí uns 15 mil milhões de anos, mais coisa menos coisa… Pelo que: o
instrumental matemático há-de ser olhado como modelo aproximativo razoável…
Sobreposição de Co-senos
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Resumindo: doravante, pode olhar-se o Espectro de um sinal periódico como representação do seu
conteúdo em frequência. Ele faz o elenco gráfico das respectivas componentes – DC e harmónicas: quais as
suas frequências, amplitudes e fases. Quanto à frequência desse sinal composto – dita fundamental -, obtém-
se por cálculo do máximo divisor comum dessas frequências harmónicas.
Nota: Não é de mais realçar que um sinal composto será periódico apenas se as frequências das suas componentes forem
múltiplas de alguma fundamental. Por exemplo, o sinal obtido pela sobreposição de
s4(t) = cos ( √2 * π * t) e s5(t) = cos (√3 * π * t)
não é periódico, se bem que as componentes (dois co-senos) o sejam: não existe nenhum intervalo de tempo, T, onde s4(t) e s5(t)
completem, ambos, ciclos completos; √2 e √3 não têm máximo divisor comum.
Potência de um sinal
A potência (energia por unidade de tempo) dissipada em média por um sinal periódico de amplitude s(t) Volt
sobre uma resistência de 1 Ω calcula-se (conforme a lei de Joule) por integração ao longo de um período {0 – T0}:
P = 1/ T0 ∫ s(t)2 dt
Para o caso de s(t) ser um co-seno, A cos (2 π f0 t + θ), manipulações algébricas triviais levam a P = A2/2: a
potência (média) duma onda depende só da sua Amplitude – não depende nem da Frequência nem da Fase!
E para o caso de s(t) ser um sinal composto, obtido por sobreposição linear de várias ondas, como seja o sinal
acima? O leitor pode verificar que 1/ T0 ∫ [s0(t) + s1(t) + s2(t) + s3(t)]2 dt conduz a
PSinalComposto= A02 + A12/2+ A22/2+ A32/2
(em que A0 …, A3 são as amplitudes de s0(t),…, s3(t)), isto é, e generalizando: a potência média de um sinal
periódico é igual à soma da potência da componente DC com as potências médias das ondas que o compõem
(teorema de Parseval). Corolário: quadrando o espectro de Amplitude de um sinal, fica-se sabendo como se
distribui a sua potência pelas várias componentes: DC e harmónicas!
Decomposição de Sinais Periódicos
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A sobreposição linear de ondas com frequências múltiplas de alguma fundamental resulta num sinal composto
periódico cuja frequência vem a ser essa fundamental. Uma mente curiosa não deixará escapar a oportunidade sem
perguntar: dado um sinal periódico com uma dada frequência, seja f0, será possível construí-lo por sobreposição de
algumas ondas - e, em caso afirmativo, haverá alguma maneira de descobrir quais serão essas ondas: frequências,
amplitudes e fases?
“Qualquer” função periódica de frequência f0=1/T0 pode exprimir-se por uma assim designada série
trigonométrica de Fourier; esta mais não é que uma sobreposição linear de senos e co-senos cujas frequências são
todos os múltiplos de f0 – e cujas amplitudes são convenientemente escolhidas:
sendo que as amplitudes, an e bn, das várias componentes (ditas coeficientes da série trigonométrica de Fourier de
s(t)) se obtêm por integração ao longo de um período {0 – T0}:
Caso o leitor não seja aficionado do “Cálculo Integral”, pode ficar tranquilo, que – no contexto deste
texto, o de uma iniciação ao modelo básico das comunicações – não irá ser solicitado a calcular estes
integrais…
O importante a reter é isto: dada uma função periódica de Período T0, é (quase sempre) possível
descobrir as harmónicas (isto é: sinusoides de frequência múltipla de f0=1/T0) de que ela se pode considerar
ser uma sobreposição!
A ressalva “quase sempre” reflecte o facto de a série de Fourier convergir (para o valor de s(t)) em cada
instante t se s(t) tiver uma área finita por período e, em t, for contínua. A condição é suficiente mas não é
necessária; de qualquer modo, em telecomunicações, não é limitativa: acontece que todos ou quase todos os
sinais práticos de interesse a satisfazem.
Espectro de Riscas Unilateral
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Claramente, não está conforme à convenção acima - de representar ondas apenas mediante co-senos! É altura de
transformar s(t) em uma expressão que envolva somente co-senos…
Tendo em conta a igualdade trigonométrica cos (α + β) = cos (α) cos (β) – sen (α) sen (β), manipulações
algébricas triviais conduzem à série trigonométrica combinada de Fourier:
An = √(an2 + bn2)
θn = arc tg (– bn / an)
Resumindo: dado um sinal periódico com uma dada frequência, seja f0, é (quase sempre) possível
descobrir as amplitudes e fases das ondas harmónicas de que ele se pode considerar ser uma sobreposição!
Relembrado o significado dos diagramas de Amplitude e Fase, estas expressões habilitam a traçar de imediato o
assim designado Espectro de Riscas unilateral do sinal dado, s(t).
Repare-se:
- o Espectro do sinal envolve dois gráficos de riscas, um para a Amplitude e outro para a Fase;
- as riscas do espectro encontram-se uniformemente espaçadas, de f0;
- a amplitude de cada risca é proporcional ao coeficiente (Amplitude ou Fase) da série combinada de Fourier
correspondente à frequência a que a risca diz respeito;
- porquanto o valor médio duma onda é 0, o valor médio do sinal vem a ser a componente DC, isto é: A0/2;
Parêntesis: Espectros Bilateral e Complexo
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e finalmente
s(t) = A0/2
+ ∑ An /2 cos (2 π fn t – θn) com n = -∞, … -1
+ ∑ An /2 cos (2 π fn t + θn) com n=1, …, ∞
= ∑ An/2 cos (2 π fn t + θn), com n = -∞, … ∞, e (para n>0) A-n=An e θ-n= –θn
Estas expressões habilitam a traçar o assim designado Espectro de Riscas bilateral do sinal original s(t).
- As frequências das harmónicas serão …, f-3=-3 f0, f-2=-2 f0, f-1=- f0, 0, f1=f0, f2=2 f0, f3=3 f0, …
- Os Espectros de Amplitude e Fase traçam-se a partir de An/2 e θn – e abarcam frequências positivas e
negativas.
Repare-se que
- o Espectro Bilateral de Amplitude é uma função par (A-n /2 = An /2);
- o Espectro Bilateral de Fase é uma função ímpar (θ-n= –θn).
- a Potência média será (A0/2)2 + 2 * ∑ (An /2)2 = ∑ (An /2)2 com n = -∞, …, ∞
isto é: a distribuição espectral de potência obtém-se quadrando simplesmente o Espectro de Amplitude
A representação bilateral pode-se justificar por comodidade nas manipulações matemáticas – não tendo
significado físico: que é isso de frequências negativas? Quisera o leitor obter, a partir dela, a representação
unilateral (que essa, sim, tem significado físico: regista as ondas que compõem um sinal), bastará considerar
apenas a metade direita do Espectro bilateral (à direita do eixo f=0, inclusivé) – todavia duplicando todas as
amplitudes (excepto a da componente DC).
Ainda uma outra representação comummente usada é a dita forma exponencial ou complexa de Fourier.
Deduz-se mediante manipulações algébricas triviais: partindo da série trigonométrica,
e, tendo em conta a igualdade trigonométrica cos (α) = (ejα + e-jα)/2 e sen (α) = (ejα - e-jα)/(2j), chega-se a:
Na prática, dado s(t), pode ser mais simples determinar os coeficientes complexos Cn – e, destes, deduzir:
- o Espectro de Amplitude, que será An = √( an2 + bn2) = 2 ׀Cn ׀
- o Espectro de Fase, que será θn = arc tg (– bn / an) = arg (Cn)
e, por conseguinte:
s(t) = ׀C0 ׀+ ∑ 2 ׀Cn ׀cos (2 π fn t + arg (Cn)), com n = 1, 2, 3, …
Sistemas Lineares Invariantes no Tempo
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Um ponto de ordem à mesa: o leitor já estará perguntando a esta hora – e com carradas de razão: A que vem toda
esta análise Fourier? É a esta questão que as linhas adiante estão dedicadas.
Antes de mais, uma precisão: já por diversas vezes veio à baila o termo “sistema”. Tem sido usado como
sinónimo dum conjunto de blocos funcionais interligados de forma a cumprir um objectivo concreto – no
caso, a transferência de dados a distância. No que se segue, “sistema” será também usado como sinónimo de
conversor de sinal eléctrico, isto é: como proporcionando uma entrada onde se pode aplicar uma tensão (ou
corrente) - que vai provocar uma mudança de tensão (ou corrente) em uma saída.
Seja a transmissão de um sinal periódico, através de um sistema tão corriqueiro como um par de fios de cobre.
Da discussão precedente, trata-se de transmitir a sobreposição de um conjunto de harmónicas, com frequências
múltiplas duma fundamental f0 (e amplitudes e fases conformes às fórmulas “Fourier” apresentadas):
Que irá acontecer? Admita o leitor, para simplificar, que o sistema em causa é invariante-no-tempo e linear:
- invariante no tempo, trocado por miúdos, significa: dado algum sinal de entrada, o sinal de saída é sempre o
mesmo, faça sol ou faça chuva (Como a temperatura e a humidade alteram, ainda que só ligeiramente, as
características electro-magnéticas dos materiais, os sistemas não são de facto invariantes no tempo… Mas será
pacífico aceitá-los como invariantes se tais alterações não forem por demais significativas…)
- linear entende-se do seguinte modo:
1) pressuposto que o sinal de entrada é uma sobreposição de ondas, ∑ Ak cos (2 π fk t), um sistema linear
como que trata separadamente essas ondas – por cada uma dando origem, na saída, a, também, uma onda, de
Amplitude e Fase que, em geral, não serão necessariamente iguais às dessa onda de entrada:
cos (2 π fk t) ⇒ Gk cos (2 π fk t - ϕk) – cfr interpretação adiante
2) a saída é a sobreposição (com os pesos Ak) das ondas de saída geradas em resposta às ondas de entrada...
Isolando uma onda de entrada, de frequência fk, dir-se-á que, para essa frequência, o sistema está forçando:
2.1 um ganho na amplitude, no montante de Gk = AmplitudeSaída/AmplitudeEntrada;
(Se 1 > Gk, pode usar-se a designação atenuação, reservando ganho para quando se verifica 1 < Gk);
2.2 um atraso de fase, de ϕk = arg (cosEntrada) – arg (cosSaída),
ou, o que é o mesmo, um atraso no tempo, de ϕk / (2 π fk)
Ao par {G(f), ϕ(f)} dá-se o nome de resposta de frequência do sistema.
Considerando à entrada do sistema a sobreposição de duas ondas, de frequências fm e fn, observar-se-á, à saída,
uma sobreposição das respostas individuais a cada uma dessas ondas:
Am cos (2 π fm t + θm) + An cos (2 π fn t + θn) ⇒ Gm Am cos (2 π fm t + θm - ϕm) + Gn An cos (2 π fn t + θn - ϕn)
Pretendendo-se uma boa comunicação, é desejável que a forma do sinal à saída se assemelhe fielmente à forma
do sinal à entrada - podendo admitir-se, quando muito, um ganho G e um atraso td: sSaída(t) = G * sEntrada ( t – td)
Tendo em vista todas as harmónicas que compõem o sinal de entrada, é necessário, para esse efeito,
- que as amplitudes, An, das ondas sofram, todas, o mesmo ganho: Gn = Gm = G;
- que os argumentos das ondas, 2 π fn t, sofram, todos, o mesmo atraso, td: cos (2 π fn t) ⇒ cos (2 π fn (t - td))
e por conseguinte ϕn = arc cos (cos (-2 π fn td)) = -2 π fn td + k * 2π, o que grosso modo significa que o atraso de
fase sofrido por cada onda deve ser proporcional à sua frequência.
Os sistemas reais não garantem tais requisitos. Em termos físicos: são particularmente incapazes de reproduzir
as rápidas variações das ondas de frequência mais elevada… Na prática, o que se consegue são sistemas capazes de
transmitir ondas de frequências pertencendo a alguma banda passante limitada, porém suprimem as demais.
Considere-se um sistema que se comporte de modo linear na banda de frequências {Wmin … Wmax}. Que
é expectável que aconteça, se à entrada lhe for apresentado um sinal s(t)? Dois cenários há a ponderar:
- admita-se que a faixa de frequências ocupada por s(t) está toda ela contida dentro daquela banda. Então,
bastará saber como o sistema responde a cada frequência dessa faixa – para saber como ele responde a s(t).
Em particular, e conforme à discussão acima, o sinal à saída será semelhante ao sinal à entrada!
- admita-se, todavia, que a faixa de frequências de s(t) está fora da banda {Wmin … Wmax}; se ainda se
quiser usar aquele sistema para o transmitir, há primeiramente que efectuar alguma conversão a s(t), para que
o sinal daí resultante ocupe uma faixa dentro dessa banda – e, no fim, proceder à conversão inversa
Reside aqui a conveniência em conhecer o Espectro de s(t) – isto é, conhecer o seu conteúdo em
frequência, o que é precisamente o objectivo da “análise Fourier”: habilita a discernir o tratamento a dar-
lhe – e portanto os dispositivos conversores de sinal a considerar (eles mesmo caracterizados em termos da
sua resposta {Gn,θn} a ondas) - com vistas a uma transmissão bem sucedida…
Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares
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Considere o leitor o envio de um e-mail onde se anexaram ficheiros de texto, áudio, vídeo, sabe-se lá que mais:
em poucas palavras, sucessões de 0s e 1s. Qual será o seu Espectro? Naturalmente, irá depender da sucessão exacta
de 0s e 1s em causa… e antevê-se que deduzi-lo não será coisa de somenos. Pelo que será pacifico começar por algo
mais simples: uma Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares. Admitindo que os impulsos têm amplitude A e
duração τ, e se repetem a intervalos de T0 segundos (e um dos impulsos está centrado na origem, t=0),
manipulações algébricas triviais conduzem aos seguintes coeficientes da série trigonométrica de Fourier:
an = 2 / T0 ∫ s(t) cos (2 π fn t) dt = 2 A / (n π) sen (π fn τ)
bn = 2 / T0 ∫ s(t) sen (2 π fn t) dt = 0.
Seja d = τ / T0 (dito de duty-cycle) a razão entre a duração dum impulso e o respectivo período de repetição, ou
seja: a fracção do tempo em que a Sequência de Impulsos está a ‘1’; substituindo, vem an = 2 A / (n π) sen (n π d)
e a série de Fourier escrever-se-á:
s(t) = Ad + ∑ 2 A / (n π) sen (n π d) * cos (2 π fn t), com n = 1, 2, 3, …
O Espectro bilateral de Amplitude, traçado na figura, será por conseguinte dado por:
As frequências das harmónicas são, naturalmente, múltiplas da fundamental, que é f0 = 1/T0 Hz.
Constata-se que:
- o valor médio do sinal – e por conseguinte a componente DC do sinal – é de A0/2 = A f0 τ = A d;
- a envolvente da Amplitude An tem um primeiro zero em n π d = π → n f0 = 1/ τ Hz
- o sinal tem potência PTotal = A2 d; a maior parte dela distribui-se nas frequências inferiores a esse zero, 1/τ Hz
Repare-se que:
1. para o caso de a duração τ ser igual a T0 (o impulso dizendo-se então de formato “non-return-to-zero”, a
Sequência de Impulsos degenerando então num sinal constante), e por conseguinte d = τ / T0 = 1, vem:
a0 = 2A, an = 2 A / (n π) sen (n π) = 0, para n≠0;
constata-se que o Espectro de Amplitude se restringe a uma risca, de magnitude igual a a0/2=A, em f=0;
2. para o caso de a duração τ ser T0 /2 (o impulso dizendo-se então de formato “return-to-zero”, a Sequência de
Impulsos degenerando então num onda rectangular em que os 1s e os 0s têm igual duração, vem:
a0 = A, an = 2 A / (n π) sen (n π /2), para n>0;
constata-se que todas as harmónicas de ordem par se anulam: an = 0 para n = 2, 4, 6, …
3. para o caso de a duração τ ser T0/2 (e portanto d=1/2) e a amplitude ser A=1 (onda quadrada), a série de
Fourier escreve-se:
s(t) = 1/2 + 2/(π) cos (2 π f0 t) – 2/(3π) cos (2 π 3f0 t) + 2/(5π) cos (2 π 5f0 t) – 2/(7π) cos (2 π 7f0 t) + …;
constata-se então:
- o valor médio do sinal – e por conseguinte a amplitude da componente DC do sinal - é de 1/2;
- a separação entre riscas é de f0 = 1/ T0 Hz;
- a envolvente da Amplitude An tem um primeiro zero em 2/ T0 Hz – que coincide com a segunda harmónica, f2;
existem apenas três riscas de frequência não superior a f2;
- o sinal tem potência PTotal = 1/2;
- a componente DC tem potência PDC = 1/4;
- a primeira harmónica (f1 = f0 = 1 / T0) tem potência Pf1 = 2/π2;
- a segunda harmónica (f2 = 2 f0) tem potência Pf2 = 0;
- a fracção da potência total que é suportada pelas três primeiras riscas é de (1/4 + 2/π2) / (1/2) ≈ 0,905
Reconstrução da Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares
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Considere o leitor de novo a transmissão de um sinal periódico, através de um canal tão corriqueiro como um
par de fios de cobre – mas assumindo agora que ele é uma Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares. Da
recente discussão, trata-se de transmitir a sobreposição de um conjunto infinito de harmónicas, com frequências
múltiplas duma fundamental f0 (e amplitudes e fases conformes às fórmulas “Fourier” apresentadas):
Suponha o leitor, como se fez já acima, que o canal em causa é invariante-no-tempo e se comporta de modo
linear numa banda de frequências {0 … Wmax}.
Que é expectável que aconteça?
Para se apreciar as consequências da limitação da banda a Wmax, a figura ao lado reproduz a saída de canais de
transmissão que, além de “passarem” a componente DC, apresentam larguras de banda Wmax sucessivamente
crescentes:
1) o primeiro canal é opaco mesmo à onda com a frequência da fundamental f0: a saída resume-se a um valor
constante, igual ao valor médio do sinal, Ad;
2) o segundo canal somente “passa” a fundamental: a saída é uma onda, 2 A / π sen (π d) * cos (2 π f0 t),
adicionado a um valor constante (que é o valor médio do sinal);
3) o terceiro canal somente “passa” as duas primeiras harmónicas (a fundamental e a 2ª harmónica)
4) o quarto canal somente “passa” as três primeiras;
5) o quinto canal somente “passa” as quatro primeiras;
6) o sexto canal somente “passa” as cinco primeiras.
O resultado final é: o sinal de saída é uma aproximação da Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares à
entrada - aproximação essa tanto maior quantos mais harmónicas forem adicionadas , isto é: quanto maior for a
largura de banda, Wmax, do canal de transmissão.
As harmónicas de menor frequência resultam em algo que apresenta já alguma parecença com a Sequência de
Impulsos original – mas os “saltos” entre 0s e 1s são “arredondados”, que não verdadeiras descontinuidades; intui-
se que o principal contributo das harmónicas de maior frequência é conferir uma maior verticalidade a esses saltos.
Quisera obter-se uma sequência de impulsos perfeita, seria preciso exigir ao canal o que nenhum é capaz de
garantir: passar todas as frequências (Em rigor, nem isso bastaria: por muitas frequências que fossem consideradas,
nas transições 0 ↔ 1 acontece o assim denominado “fenómeno de Gibbs”: a série de Fourier converge para o valor
médio do salto - oscilando significativamente antes e depois dele).
Curiosamente, o ouvido humano não é sensível às diferenças de fase nos sons que recebe:
cos (2 * π * 440 * t) e cos (2 * π * 440 * t + π / 6)
soam ambos a “lá”… - pelo que o leitor não estranhará que, no desenho da rede telefónica analógica – que
visa facultar a um utilizador humano genérico ouvir o que o interlocutor lhe diz -, o Espectro de Amplitude
tenha tido uma importância bem maior que o Espectro de Fase…
Mas, quando se trata de transmitir impulsos, já a música é outra: se o canal de transmissão alterar as fases
das suas componentes harmónicas (que, originalmente, são todas nulas, θn=0), a sobreposição à saída já não
se afigurará uma Sequência Periódica de Impulsos Rectangulares… (O leitor tem a oportunidade de exibir os
seus dotes de desenhador, para conferir o resultado da sobreposição – quando as fases não são θn=0). Na
prática, para reduzir tais alterações de fase, o receptor usa dispositivos ditos de equalizadores.
Quando o período aumenta…
{PhysicalOverview.doc}
e confira-se o que sucede quando o Período aumenta – ou, o que é o mesmo, a frequência dos impulsos diminui…
A figura ao lado representa o que sucessivamente acontece quando o Período aumenta: no intervalo de tempo em
que inicialmente se produziam três impulsos, passam a produzir-se apenas dois, e, depois, apenas um… Vice-versa,
a frequência passa de, seja, f0, para 2/3 de f0 e, depois, para 1/3 de f0…
Sumariamente: as riscas do Espectro aproximam-se umas das outras: a separação entre elas passa de f0 para 2/3
de f0 e, depois, para 1/3 de f0… E, em simultâneo, a Amplitude de cada uma delas diminui: em particular, a
amplitude da componente DC – que é proporcional à frequência – diminui para 2/3 da inicial, e depois para 1/3…
Qual o limite deste processo de alargar o Período? O Período aumenta indefinidamente – para ∞ - e por
conseguinte a frequência dos impulsos tende para 0. Em termos práticos, não mais pode falar-se em Sequência
Periódica de Impulsos Rectangulares – mas em um Impulso isolado apenas! Em termos de Espectro, que é que
acontece? O leitor pode confirmar: deixa de haver separação entre as riscas, e todas elas têm amplitude nula…
Não mais faz sentido em falar-se de Espectro discreto / de Riscas – este degenerou num Espectro contínuo.
“Decomposição” de Sinais Não periódicos
{PhysicalOverview.doc}
Quando o sinal s(t) não é periódico, não mais pode falar-se de uma frequência fundamental f0, muito menos da
sobreposição de ondas de frequência discreta múltipla dessa fundamental. Antes convém olhar o sinal como uma
“sobreposição linear” de ondas - de frequência estendendo-se continuamente de -∞ a +∞:
s(t) = ∫ S(f) e j 2 π f t df,
em que S(f), dita Transformada de Fourier, é dada por
S (f) = ∫ s(t) e –j 2 π f t dt
(compare-se com a forma exponencial ou complexa de Fourier).
Energia de um sinal
Para sinais não periódicos, existe um Teorema de Rayleigh (análogo ao teorema de Parseval para sinais
periódicos): a Densidade Espectral de energia (em Joule/Hz) obtém-se quadrando simplesmente a Densidade
Espectral da Amplitude do sinal.
Resumindo: Qualquer sinal s(t) pode ser olhado como sobreposição linear de ondas de várias
frequências. O seu Espectro revela precisamente o seu conteúdo em frequência: faixa de frequências que ele
ocupa, respectivas amplitudes e fases.
1. se o sinal for periódico, de período T0,
- o Espectro é de riscas, deduz-se por expansão em Série de Fourier; cada risca corresponde a uma
harmónica – de frequência múltipla de uma fundamental, cujo valor, f0=1/ T0, é igual ao inverso do período
do sinal; vice-versa, a frequência fundamental obtém-se por cálculo do máximo divisor comum das
frequências das harmónicas
- quadrando o Espectro de Amplitude, fica-se sabendo como é que a Potência do sinal se distribui por
essas harmónicas (e pela componente DC);
2. se o sinal for não-periódico,
- o Espectro é contínuo, deduz-se por aplicação da Transformada de Fourier; agora, não tem sentido
falar em fundamental e harmónicas – mas em densidade espectral;
- quadrando o Espectro de Amplitude, obtém-se a densidade espectral de Energia do sinal, isto é: fica-
se sabendo como é que a Energia do sinal se distribui pela faixa de frequências que ele ocupa.
Em ambos os casos, e tendo em vista uma transmissão bem sucedida, é decisivo conhecer o Espectro de
s(t) – isto é, conhecer o seu conteúdo em frequência, o que é precisamente o objectivo da “análise Fourier”:
ele habilita a discernir o tratamento a dar-lhe – e portanto os dispositivos conversores de sinal a considerar
(eles mesmo caracterizados em termos da sua resposta {G(f), ϕ(f)} a ondas!)
Em tempo oportuno passar-se-á revista a alguns conversores de sinal
Aplicando a recente discussão ao Impulso rectangular isolado de amplitude A e duração τ, centrado na origem,
t=0 – um sinal nitidamente não-periodico -, chega-se a:
S (f) = ∫ A e –j 2 π f t dt = A τ sen (π f τ) / (π f τ)
Na figura, representam-se os Espectros de Amplitude e Fase correspondentes. Constata-se que:
- a maior parte da energia do sinal se distribui nas frequências inferiores a 1/τ Hz: como que 1/τ representa a
largura espectral de um impulso isolado de duraçãoτ;
- se se diminuir a duração do impulso, τ → 0, o Espectro alonga-se para maiores frequências, 1 / τ → ∞:
impulsos breves têm Espectros mais largos, e, vice-versa, impulsos mais duradouros têm Espectros mais finos.
Esta propriedade, dita de reciprocal spreading, é uma propriedade geral de todos os sinais: variações rápidas no
tempo exigem componentes de frequência muito alta, e variações lentas no tempo requerem relativamente muito
menos em termos de altas frequências.
O sinal mais importante na comunicação – e de modo especial na rede telefónica - é a voz humana. Esta tem a
sua origem na contracção dos músculos do peito: este força o ar dos pulmões a sair – com o que as cordas vocais se
põem a vibrar; essa vibração provoca variações da pressão atmosférica: comprime o ar “à frente”, rarefaz o ar
“atrás”; essas variações propagam-se, qual onda de pressão através do ar próximo; as características “finais” dessa
onda são-lhe conferidas pela garganta, boca e nariz do falante em causa - e se for o caso de ele estar falando para
um telefone, haverá ainda que ter em conta as modificações forçadas pelo respectivo microfone…
A sua análise espectral levou às seguintes conclusões:
- é um espectro contínuo, que se estende desde frequências tão baixas quanto 20 Hz – até frequências rondando
os 20 kHz;
- ele é algo variável com o sexo (tipicamente, a voz feminina é mais aguda, a voz masculina é mais grave), e a
idade (as características de frequência de uma criança e de uma velhinha são distintas: o conteúdo de frequência da
voz de uma pessoa vai variando com o passar dos anos).
Entretanto,
- o conteúdo espectral mais significativo – para entender o conteúdo, isto é: a mensagem – estende-se de cerca
de 300 Hz até cerca de 3400 Hz…
- as restantes frequências – para além dos 3400 Hz – são sobretudo importantes para revelar as características
individuais da voz em causa.
Isso conduziu à seguinte decisão (a nível internacional): a rede telefónica – em que se assumiu que o mais
importante é perceber o significado da mensagem dita – está desenhada para “passar” as frequências do que
se convencionou designar “voz comercial”: frequências entre os 300 Hz e os 3400 Hz (nos EU, porém, ao
canal de voz é atribuída uma faixa de apenas 200-3200 Hz).
Uma observação importante é esta: o ouvido humano capta uma faixa maior de frequências – uma faixa
estendendo-se, grosso modo, dos 16 Hz aos 30 kHz (limite este que vai diminuindo com o avançar dos anos…).
Pelo que as redes rádio-difusão e televisão – em que também há interesse em proporcionar a audição de música de
alta-fidelidade -, estão desenhadas para “passar” frequências bem para lá dos 3500 Hz.
Para bom entendedor: se se conhece a resposta dum sistema linear a uma onda de uma frequência da
banda {Wmin … Wmax}, será pacífico deduzir a resposta quando a entrada for uma combinação linear de
ondas de frequências dessa banda - ou, o que é o mesmo: será pacífico deduzir a resposta quando a entrada
for qualquer sinal cuja faixa de frequências se confine àquela banda.
No caso mais geral, à entrada dum sistema de banda passante {Wmin … Wmax}, apresenta-se um sinal que
ocupa a faixa de frequências {flow … fhigh}... Tendo em vista o objectivo das telecomunicações – comunicar a
distância -, resta investigar: quais os conversores de sinal (aliás respigados no correr da pena – filtros,
amplificadores, moduladores, etc..) que é preciso interpor para que esse objectivo se cumpra? São
exactamente eles o assunto sobre que as páginas seguintes se debruçam… - o que de modo nenhum significa
rever todos os dispositivos usados nas comunicações; nomeadamente, dessas páginas ficam de fora fontes de
alimentação, osciladores, interruptores, PLLs, etc....