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ANO2•NQ15 Rio de Janeiro/agosto 19791Cr$ 20,00 Leitura para
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Jogador
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Ele bate uma bola como qualquer craque de Pomptlio certa vez tese um "caso" com um
futebol. Mata no peito qualquer arremesso mais cara do Rio. Sofreu muito pois ele era um doa
violento. E & a sensação da pequena la- piores malandros que conheceu na vida. "Mas já
caret, onde mora desde garoto. Alegre, era tarde, o coração já tinha embarcado, me
triste, ora agitado, ora tretraldo. assim é Pom- apaixonei. Acho que foi a primeira e úlilnia vez
pUlo Garcia, 31 anos, homossexual, jogador que me apaixonei. Depois tive um rapaz da Es-
de futebol e "madrinha" do Clube Atlético Boa cola Profissional Agrícola mm dos redutos das
Vontade, um dos muitas pequenos times da "caçadas" na ddadei e até hoje, já acabado o
localidade. No repressivo contexto social do in- romance, ele mora cm rasa comigo. Mas não
terior ele atua até com certa liberdade, não se im- quero ter compromisso coe» mala ninguém.
portando com os comentários gerais, "furando
barreiras" do preconceito num esporte prepon- Pompílio é o principal assunto da cidade- En-
derantemente machista. O impacto só acontece trevistado em piem) salão, no carnaval, estava de
quando ele entra no campo. Depois, durante a tanga e huutiè, e disse que "não tinha corpo para
peleja, é jogador como qualquer outro. E tem ser travesti''.
muito a dizer. q - Realmente não dá para conciliar, não é'
Tudo começou por causa de unia busca de -. .-_-
Allás nem penso em ser travesti. Como está, tI
liberdade. A fansilia o prendia muito dentro de l)ous. Jogando bola porque gosto e sendo da
casa. Para sair tinha de dizer " que ia ao cam- maneira que eu entendo lazer parte da minha
po jogar bola"- Surgiu dai, nos primeiros anos natureza, Ser travesti só para se sentir mulher!
da adolescência, o interesse pelo futebol. Os con- Realmente não dá. Para quem foi um, espécie de
vites, começaram a surgir e assim opequenoPom- prisioneiro em casa até o. IS anos, a liberdade
pilio ia crescendo. No campo de futebol iniciou Rue tenho agora ali á um excesso. Pos' isso não
sua vida homossexual. Afinal, ele era atraente aos quero mudar mala nada.
olhos dos outros jogadores. Começaram os
primeiros "programas". O seu papel social foi se Tixius os sábados e domingos l'ompilio pega
definindo, a duras penas, até que uma certa cora- seu calção. camiseta e chuteiras e vai para ocam-
po. Com as joelheiras e luvas de proteção vai
ciência começou a surgir. E as cartas, uma a
uma, sendo colocadas na mesa. desempenhando o .eu papel, tentando a seu
modo conscientizar os outras de que a homos-
- O Problema mala seio na verdade, não é sexualidade pode ser uma coisa absolutamente
no futebol, é na vida mesmo. Eu nunca escondo o Em termos de aceitação ele distingue clubes vivem confundindo, pensando que a geme é mala comum portanto, aceita com naturalidade
que sou. Sem exagero de frescuras, aou uma pes- de elite e clubes mais populares. Assim o Clube frágil." l'onipilti' consegue dizer suas verdades,., mesmo
soa normal como outra qualquer. Sou. Inclusive, dos 30 difere doE. C. Santa Maria. "O segundoé lendo, algumas vezes, de trocar de roupa fora dos
- Em Minas, uma vez, eu joguei num lime vestiários.
totalmente contrário a qualquer tipo de vloUndi. m.la povio, o nisol não é tão elevado e onde me de roça e até hoje eu guardo boas recordações.
Tenho minhas crenças, aceitei aos poucos o falo aceitam mais. Eu não tenho estes problemas. Es- Deram almoço, medalhas. Guardo tudo com
de ser homossexual e procuro me sair o melhor tou bem em todas as canradas. Inclusive quando o carinho. Eu, Santa Branca, depois de em jogo, eu
possível. No Intimo da gente, é claro sinto uma Ponte Preta existia, eu já jogava e uma vez joguei estava com todas oportunidades para transar com
Entrevista a
espécIe de mágoa. Mas não gostaria de mudar "o futebol das vedetes" numa presunção que todos os jogadores. Eles nunca tinham me visto e Edvaldo Ribeiro de Oliveira.
nada. A mlnha vlda é essa mesma. E se gosto de fizemos." adio que agradei bastante. No final, quatro me
Mar futebol, porque vão querer me impedir? - Não faço distinções, desde que seja bem trouxeram de carona e num ponto da estrada Foto.:
Que me acelisin e me respeitem do jeito que sois. aceito e da forma que eu guclo. Se houver, ou se transel com os quatro. Ayrton Vinídus Naves Silva
eu perceber que está havendo restrições à minha Principalmente andando à noite na rua é que
Pompílio Garcia joga ainda no Clube dos 30. pessoa, dou aquela esnobada e saio. No final eles Pompilto é mais assediado. No futebol nem tanto,
no E. C. Santa Maria e no XI de Agosto. Diversas acabam me conquistando e aceito o convite. Eu explica ele. Na rua, às vezes precisa esconder,
vezes Jogou foca de Jacarel. Em Caxambu, cio não sou uma pessoa de dIstribuIr pancadarla, pegar táxi para casa, pois todas se acham no
Santa Branca. eia São José doa Campos e outras detesto briga. Mas se precisar desço o braço mes- direito de transar com ele.
cidades mais ou menos perto. Na verdade, quan- mo. Adio que já fiz lato umas duas vezes, por
do começou a jogar com mais freqüência, alguns causa de comentários. Quando* gente Instale dez - Até eu explicar ludo. Eles perguntam
problemas começaram a surgir. "Por volta de não sabem explicar nada, acabam ficando multo. Querem ver, Às vezes não passa de simples
1965 a situação ainda era barra pesada e a, pes- morrendo de vergonha. curiosidade, mas depois... Sempre recebo multas
s oa s não podiam suportar a minha presença. E Pompílio normalmente joga no gol, mas via de paqueras. Isto é normal, de dia e de noite. Eles
mesmo assim consegui Impor algumas condições. regra, em qualquer outra posição, porque é a im- pensam que eu tenho a obrigação de aceitar. Se
Mas ainda hoje, conforme o lugar que vamos provisação o que marca estes Limes do interior. alguém mexe ou sem atitudes de repulsa, eu viro
Jogar, o técnico não deixa eu tirar • camiseta per- Na falta de um (xi outro, a escalação é feita na ai costas e vou andando... Sempre procuro per-
to dos jogadores e nem tomar banho no vestiário hora, etc. "Quando acontece uma jogada errada doar, nunca retribuir com maldade uma outra
com os outros, Mando alguns problemas." eles mexem mesmo. Chamam de tudo, de bicha [cita. Por causa das minhas pernas, pediram para
para baixo, "Acontece que eles fazem Isto como eu jogar com calção justo, Sei lá, acho que acabei
- Depois que comoçel uma brincadeira de uma f2rma de carinho, sei ii. ganhando uma torcida na ddade. Depois da
dizer que eu era "madrinha" do Boa Vontade, a Sinto que é assim. A situação de mexer, xin- trans. o assunto sempre vira para o lado do
coisa foi relaxando mala. Eu adotei • brincadeira gar, etc,, foi se modificando com o tempo. Eu futebol. Eles duvidam que eu possa jogar. E bem.
e até hoje é o meu clube preferido, do coração, também apelo mando todo mundo tomar dentro Minhas "amigas" é que viviam me pedindo para
depois do Palmeiras. e não encher o saco... Mas é ,ô naquela hora. Eles parar de jogar. Onde já se viu isto?!, diziam ela,.
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Gueis, um: polícia, zero Deixem
dical majoritário, e a ele ccanpaream centenas tante da Frente de Liberación dela Mujer. O
j Dia Mundial do Orgulho Guel foi oels
brado a26deJsnhoem vários, pølim Nos EI de ' pessoas. Distrbulrarn-se flores aos FLH argentino no exilio se fez presente, com a
tados Unidos, o cimu do grande evento foi o presentes, os quais ouviram vários oradores participação de um grupo de latino-
jogo de Iu*á1, » tradld~ entre ia equipes da reafirmar que o homossexual não é um louco, um americanos. À salda, um grupo direitista atacou
deliqüente, nem um doente. um homossexual, e a policia deteve dois dos
policia e dos homossexuais, disputado em Nova
agressores. O ato em Madrid também contou com
lorque. Trata-se de uma pelejo i que vinha ~do
pirdida, anualmente, pelos homossexuais, já que
os policiala botavam em campo o que postulam de
No Pais Basco as coisas foram mais difíceis.
Na cidade de Bilbao ao da ta foi festejada com
muito entusiasmo, e à noite, em uma zona onde
a colaboração de vários partidos políticos.
Um dos oradores que falou na ocasião disse em paz
meu, feroz (o futebol em questio, voou sabem, que "se fazer a guerra, se contaminar a atmos-
se concentram muitos homossexuais, a policia fera, se explorar os outros era normal, então, que
não é o nossos é aquele do, EUA, na base do giito realizou batidas, prendendo 138 pessoas. Os Se a cidade parece que caminha ao claro dessa
e da portada, com aquela bomba esquisita, meio viva a anormalidade". A propósito de sua ile- hora, em plena luz do dia, se parece que se es-
detidos foram postos em liberdade pela manhã. A galidade mais ou menos tolerada, o FLHC de-
oval). policia disse que os prendeu por receber queixas praia por essas ruas do sol. por essas festas
Pois bem, este ano, os tiras nova-lorquinos clarou: "Durante séculos estivemos ocultos. Nos precisas nos bares óbvios em que impera a ofi-
de moradores das vizinhanças contra o barulho perseguiram de mil e uma formas: a Igreja, a
tiveram uma bruta serpresat é que as bonecaa, que faziam. O movimento basco homossexual cialidade do chopp, da batucada à custa de um
após • derrota do ano passado decidiram treinar familia patriarcal, os Estados têm sido nossos samba já revisto - isso é apenas um olhar
distribuiu nota afirmando que a ação policial foi verdugos. Chegou a hora de nos levantarmos con-
em segredo durante todo o ano, dispostas que os- uma "provocação intimidatória". equivocado. um desconhecimento doa reais even-
lavam a conquistar lua primeira vitória. No dia tra a discriminação, contra todas as formas legais tos, de tudo o que a cidade tem de imprevisto. Es-
26, uma poderosa eq.lpe de gay-machcu foi Em Madrid também se celebrou a data. Na ou culturais repressoras da sexualidade em geral. ta cidade se arvora muito bela e é pelos seus re-
colocada em campo, e os policiais, mesmo as- periferia da cidade reuniram-se mais de mil pes- da homossexualidade em particular. Enfermos, cantos (insuspeilados, pequenos) que costumam
tumados s baixar o pau, não conseguiram resistir soas num local fechado, já que o governo negou perigosos, pecadores, temos sido atacados tanto sobrevir os fatos, que costuma acontecer o novo,
é tina do lime adversário, que se comportava em permissão para que fizessem uma passeata. civilizada ou não. Hoje somos, segundo o UCD lá onde as coisas se movem e produzem ruídos,
campo esalo ama vos-daddra rock-hne que, ia Falaram vários membros da Frente de Liberación (partido majoritário) e seu Ministro do Interior, deslocamentos, desvios. Porque a mudança
pista de da~ de uma discothcque, executasse Homossexual de Castilla (FLHC) e uma represen- ilegais". ocorre muito em termos de corpos, de choques. de
com predalo absoluta a coreografia do hustier. ,físico. E esta cidade do Rio, seu movimento, sua
Resultados o time guel vesom com uma diferen- mudança sua vida. acontece assim por suas
ça de vários pontos, deixando o campo sob quebradas, por esses lugares escuros, esquinas
aplausos frenéticos da ualatimda (besero em sua sob a penumbra - e as atidas arrebentam a um
canto das pedras, numa quina. É assim a Lapa,
mgforla).
O logo de futebol ente, bichas e canas, um mi-
tente de descontração somente possível num pais O céu está caindo? no Rio.
A Lapa é a possibilidade de uma clandesti-
como os Estados Unidos, foi apenas um, entre nidade de passo, de atos, de gestos. E é aqui que
vários ermitoa, naquele pais. Em San Francisco e Agora, quando a abertura - ou aquilo que se revista Status o ex-vice governador de Carlos se produz a novidade, nesse espaço em que os
Waahlngion houve puseutaa, que reuniram convencionou chamar assim - põe à mostra pelo Lacerda na antiga Guanabara; atual militante de fazeres marginais podem fluir, morrer, durar ç
milhares de pesa~ empenhadas na luta pelos menos parte de uma realidade severmente es- opoaição democrática Rafael de Almeida Ma- tempo de suas vidas. Mas é preciso andar pela
direlios dos hotnossexuala. camoteada por dez anos, é fácil constatar que galhães, é entrevistado pelos seus arqui-inimigos Lapa num certo passo de Lapa, entrando mesmo
em passado recente Samuel Wainen e Moacyr
De outros psises tam bém aos chegam no- coisas mudaram no Brasil - quer queiram, quer
Werneck de Castro. Até aí nada de mais, posto
nela. E não se trata de vê-]a corno um passado,
Ucina do Dia Mundial do orgulho Guei. Na E&. não. A base para uma afirmativa deste tipoestá ai relíquia, preocupações históricas, cuidados de um
penha, por exemplo, onde • democra cia está son- mesmo, à vista de todos, na simples leitura de jor- que política já foi bem definida como a arte da museólogo. preservação de um possível genuíno
do reaprendida a duras pesas (coitados de nós, nais e revistas ou numa rápida olhada na tele- tnjssver$a. Mas eis que, lá pelas tantas Rafa que um certo Rio foi. Não. Lapa é o presente
que apenas estamos cossieçaudo por este canil- visão. Sem otimismo de fachada, no tocante à (apelido pelo qual também é tratado na entrevista mesmo do Rio. Ela é um espaço em que os even-
i questão homossexual, há novidades a apreciar, diz, com todos os ef es e erres, referindo-se às tos não passam pelo crivo oficial que rege o
al o ... ), as comemorações tiveram um sigalilcado atuais posições de Leonel Brizola, que "ele supôe
ainda mais especial, porque era a primeira sex apesar dos aparelhos repressores, inclusive trabalho e o lazer das pessoas, regulamentando o
que os homossexuais espanhóis, tio reprimidos oficiais (vide inquérito contra LAMPIÃO,, da que estamos numa sociedade democrática em que goLo, indexando o prazer, o crivo da economia
pelo regime fascista do caudilho Franco, orca- Policia Federal), estarem aí mesmo para garantir o sindicato se representa, o pederasta (isso mes- doa atos e discursos, que diz; isso passa. isso não
abavam uma lesta desse tipo. Houve de tudos a hipocrisia (ainda) vigente. Por Muito tempo moi,, releiamr pederasta, aquela palavrade pés- passa.
vigorará aquela antiquíssima atitude do pode ser simo som com que antigamente se designava o E eu nàoteuhodú vida de que por causa des-
como vocin rio ler a seguir, ao artigo especial- homossexual) se representa, a mulher se re-
mente enviado para Lampião por Huctot' e Ricas- e fazer, mas não pode falar. sa fuga dos lugares dominantes. por- causa doa
do, da Frente de Libertaçio Homossexual da Ar- presenta, não há problema algum. você pode ir a atalhos que é capaz de oferecer e, sem dúvida,
ISso fica claro, por exemplo, quando na série quem quiser". Para concluir: "Mas o Brasil não é
gentin. no Exilio. diretam ente da Espanha. (AS) Os Comunicadores. da TV-Tupi, a apresentadora pelo processo mesmo , e normalização e disci-
nada disso' - no que o seu raciocínio político se plinação dos espaços, que a Lapa está sendo sis
Mansa Urban entrevista travestis, e o seu pro- revela certissimo. Apenas, por uma questão de temat icem ente boicotada. Ações intencionais e,
Os movimentos homossexuais do Estado es- grama é proibido de ir ao ar, enquanto aos sá- registro doa frágeis, pouco perceptivetis sinais de
bados á tarde essa genial TV-Bolinha, da Rede ao mesmo tempo, facilmente explicáveis ao lan-
panhol celebraram com várias manifestações e mudança na dura ordem imposta aos traba- go da progressiva dominação dos corpos, ixu-
atos o décimo aniversário do Orgulho Guri. Em Bandeirantes (uma das maiores curtições da W. lhadores em comunicação social desse pais, a
quem tem senso de humor não deve perder) pação dos lugares. De qualquer k.rma, tentativas
Barcelona o Front d'Allibersrnent Gui de Ca- rase e Rafael poderia ter áld'ó "Mas o Brasil não é claras de oficialização. Pode-se falar mesmo de
taluya (FAGC) realizou uma manifestação au- apresenta travestis de todos os tipos, formatos e bem isso". Sutil, tanto quanto tem sido os uma infiltração insidiosa de vozes majoritánias. E
torizada pela Prefeitura, que reuniu mais de cinco cores, com o atenuante de que os meninos can- progressos libertários na pátria dos machões bem
tam, dançam, pintam e bordam como se de fato eu não me refiro só aos planos municipais de
mil pessoas. Tonta entidades aderiram, entre elas pensantes. demolição de prédios. Não existe um ponto único
a Plataforma Feminista e até alguns sindicatos. fcem elas. de onde se possa dizer que brotem os ataques. De
Pela primeira vez participou o GLÂL, uru mo- Enquanto isso, do lado - digamos - menos
'Porém mesmo neste veiculo super'vigiado pela gozoso da questão, a mesma televisão que discute mil lugares emergem os inimigos (que são vários,
vimento de lésbicas. Lá estavam, representando censura a pretexto da livre entrada em casas de diferentes a cada instante). Ê a música de fita
os seus partidos, deputados eleitos pelos partidos - ao uivei do passível - o homossexualismo e
família, na verdade porque é .um 'poderoso for- tenta entrevistar travestis, passa un1 inominável acabando com o conjunto doCasanova, são as pos
socialista, comunista e trabalhista. Um represen- mador de modas e idéias, já há algumas exceções. soas dançando cm ritmo de barzinho, é o pisar
capitulo da série norte-americana Baretta em que
tante do PSOE, Joeep Mana Riefa, foi um dos Todos nos lembramos de Flávio Cavalcanti, há o bofe-detetive combate uma lia sem pinta, velha oficial por ruas que se querem deliberadamente
oradores. um mês atrás, mostrando a capa de LAMPIÃO suspeitas.
O coordenador-geral do FAGC. Roger de e rica, especializada em mater jovens michês.
num programa que debatia isentamente os rumos Nesse tal capítulo, intitulado sintomaticamente E o Casanova (cabaré, bar, curtição no sopé
Gaimôn foi entrevistado pela televisão, que f ii- da tomada de consciência doa gueis tupiniquins. dos arcos) tem tudo para ser um espaço onde o
moo a passeata. Os manifestantes exigiram a 'O Céu Está Caindd' (uma referencia ao Deus-
E hoje mesmo, numa quinta-feira em que batuco nos-acuda que seria um homossexual inverter os corpo se mexa leve. Os músicos, as pessoas, o
derrogação doa artigos 431 e 432 do Código essas linhas, O Globo publica entrevista do di- dançar sem medida (ou que escolhe sua medida,
Penal, que castiga a homossexualidade como es- papéis e sair por aí estuprando ou prostitutos que
retor Daniel Filho em que se anuncia que um dos secularmente têm sido seus algores?) a saca- na hora), tnpossh'eis de aparecer numa bode
cândalo póblico. Além disso, exigiram que se próximos capítulos do assistidlssimo Malu zona sul ou no provincialismo dos subúrbios. A
apure a morte 4o travesti Vicente Vadilio (vide nagem, a hiprocrisia reinantes são totais, afora o
Mulher tratará do homossexualismo feminino, baixo nível de confecção industrial. começar pelo Boticclli, ousado. Afrodite nasceu-
Bixórdia, LAMPIÃO .9 14), que foi assassinado depois daquele memorável - qualidade artística do do esperma de Cronos. Mas acho que é fato
por um policial civil há alguns dias. O (ato per- à parte - programa em que foi derrubado outro mesmo que o Casanova está mudando. E o
manece em mistério, e não se sabe os motivado tabu nacional, a discussão aberta do aborto, seus Ao final, como de hábito. Baretta faz um dis- soai de lá que é tão legal. por vezes toma como
crime. fatores determinantes e conseqüências. curso "moralista", em que conclui que o mundo homenagem as tentativas de englobar a luta
O FAGC exigiu também sua legalizaçio, a seria melhor se não houvessem tipos consoa tal tia deles. Eu mesma já vi pessoas fazendo "
qual foi denegada pelo Ministério do Interior. A Ainda neste mês que passou, O Repórter assassina que acabara de prender. Pelo primaris- quisa" sobre a Lapa, em pleno Casanova, falando
entidade apelou dessa decisão governamental, e publicou matéria - de José Antônio Nonato - mo da situação, baretas e similares nunca tra- em levar " turistas" para conhecer o lugar, São os
recorreu ao Conselho da Europa, pois acha que o cm que, pela primeira vez, os travestis não foram fegariam por estas páginas destinadas a assuntos colonizadores que chegam. Com um machado
governo espanhol, neste caso, viola os direitos apresentados apenas como motivo de "curiosi- pelo menos não tão chatca. Mas eis ai, num para demolir ou com um questionário para
humanos. O caso também foi relatado à Anistia dade" machista. Em quatro páginas abertas in- seriadozinho de TV, a face exposta da intolerán- preencher, são os colonizadores que chegam. E a
Internacional, em Londres. clusive para grandes fotos, O Repórter deitou e cia. Viado, quando mostra que é viado, passe Lapa só quer mesmo estar em paz (isto é, em, sua
Em Valisicia, o dia foi celebrado por cinco mil rolou numa linguagem escancarada que nenhum ser assassino, ladrão, desencaminhador de própria guerra).
pessoas, e a festa tese a colaboração da muni- jornalista brasileiro sequer sonharia em usar há menores, etc.. - O outro lado, o verdadeiro, só E é preciso que não se fale da Lapa nem no
cipalidade, que doou 40 mil pesetas aoMovimen- um ano atrás. Ainda que a abordagem e trata- agora começa a aparecer: pessoas confinadas em tom saudosista de um ex-malandro, nem coes a
to d'Ailberament Sexual dei Pais Valencia - mento tenham sido superficiais (mais ai talvez já guetos, de portas invisíveis, obrigadas a transar curiosidade inquiridora de um historiador in-
MASPV, que a organizou, e que vem crescendo fosse pedir demais, em se tratando de assunto tão com seus eventuais assassinos que se fingem de teressado. Porque ainda há coisas acontecendo lá,
vertiginosamente. Grupos de extrema direita ten- novo, enquanto reportado abertamente) trazem a machos para sobreviver. Fora dos guetos, os que porque ela está viva, na boca das esquinas, nonit-
tarAm impedir a manifestaçãO, plx&n' ouprtçrics marca das tarefas cumpridas até o fundo, sem as manipulam baretas e preconceitos vários, dnncxss- ruo de quem ainda exerce lá a seu estar mino-
manifestantes, com a ajuda da policia, canse- cicatrizes tão nossas conhecidas da auto-censura. tram um objetivo, básico: manter coisas como ritário, E porque a Lapa (como qualquer outra
(uiram p&ka em fuga. O partulo fmtista Num Quanto à veracidade e isenção doa fatos, seria in- estio para não perder seus (vastos) privilégios prática de vida) está além dos discursos sçbre ela.
Fuerza, que conta no Parlamento com um único teressante que o próprio jornal confeccionasse a acobertados por palavras como honra, digni- inclusive muito além deste artigo.
deputado, datilbuiu; um comunicado no qual in- suíte (continuação) de sua matéria, mandando dade, morai Resta saber que significado honra, Deixem a Lapa na sua festa. rio seu combate
citava seus eleitores e -----'multa 'contra a ouvir os principais interessados: os mesmos dignidade ou moral terão para os que só agora sem glória e sem heróis (que os heróis são imortais
crescente degradação 1, e a condenar travestis entrevistados por Nonato. começam a sair das sombras para o claro Cxci'- e a imortalidde é reacionária). deixem-na no seu
qualquer grupo ou entidade que se mostrasse dis- cicio do auto-conheçimcistoc do prazer. (Antônio combate real de corpos vivos, à superficie, ,pelas
A maior surpresa dos últimos tempos porém e
posto a defender as aberrações sexuais no Dia como sempre fica pra fim. No número de julho da Chryaíntoono.) quebradas desta cidade do Rio.
Mundial do Orgulho Guri" (noticia publicada em
El Pais, 26.6.79).
Çm Sevilha, por outro lado, celebrou-se o dia
na sede das Ccenusaões Operárias, o grupo aio- LAMPIÃO da Esquina
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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESOUINA 1
(PRA QUE TANTO MEDO?)
Dia 10 de julho. Um dos lampiõnicca, ao ter sido tirado do f amigerado documento doCIEx quérito contra o jornal é por atentado à moral e
Pintou a solidariedade
Diante dos fatos recentes de repressão cada de tudo aquilo que este jornal significa em termos
Nossa pobreza é vez mais cerrada a este jornal, muitos grupos e
pessoas têm-se manifestado solidários a nós. Es-
de luta legitimamente democrática da pequena
imprensa, doa homossexuais e de outros grupos
discriminados para os quais pretendemos dar vos
tão sendo organizadas atividades várias para con-
trabalançar a ação arbitrária da Policia Federal neste país.
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GRU PODIGN IDADE
[ENTREVISTA 1
Paulo Coelho
diz
como criou
Si*d e Mai!a1
"Sidney Magali no é uma bichona no conceito po, ser o libertário que aparem ami ktraa para o ramente todo esse trabalho compensa. A gente se
ossencional, pelo menos nAo acho que ser. Mas Raul Saiais e Rita Lia? cansa dessa trabalheira tala sem resultados e o
os maridos brasileiras acham que ele é, e então Paulo Coelho - O que você entende por liber- consumidor se decepciona com a alta instabili-
deixam que as suas mulheres comprem milhares, tário? Perai, defina a palavra. dade do artista novo. Começa, então, a se fixar
milhões de discos dele. Tudo isso foi usado cons- Chrysás tomo - Sabia que você Ia pedir essa nos artistas em que já acreditava de longa data. O
Qentemente, pra fazer de Magali o grande ídolo ddlnlçlo. LIbertária é i pessoa que promove .nai segundo dado, obviamente, é o problema da
que ele é. E chama-se estratégia de mercado'. próprias leis, uma ~de de anarquista moder- baixa renda par capita das pessoas que não
Essa e outras revelações sobre os bastidores do no, to romintico. podendo arriscar no artista novo, compram os
mundo do disco nacional foram feitas por Paulo Coelho —(Pouso) Ah! (Pausa). Bom. Não discos dos cantores que já conhecem.
Coelho na entrevista abaixo, um prato cheio, muito difícil conciliar as posições, porque na in- Chrvsóstomo - Pelo visto, aio há nada de
como se dizia antigamente. Antes de passar o dústria do disco tudo é permitido. Sendo uma novo no mercado nacional de disco?
garfo ao Leitor, perém, é de bom tom fazer as pessoa libertária que vive num meio libertário, eu Athavde - Porque o marido acha ela bichado
apresentações. Mais conhecido por ser o prin- nãosofroo menor choque com a coisa. e dela., a mulher comprar os discos dele? Isso é
cipal letnsta 4e Raul Sessas e Rita L, Paulo Chrys&tomo - A Indústria do disco é [Ler— Posição nova?
Coelho - Dom Paulecte para os íntimos - é, tinia por obrigação, porque o mercado exige Coelho - Athayde! Isso é uma posição que
hoje, um dos homens poderosos da indústria do novidades? Ou há uma liberdade de lato? hoje em dia se industrializou profundamente,
disco no Brasil. Ex-prodütor e supervisor de elen- Coelho - l! Negócio seguinte. 'O mercado mas você não pode de jeito nenhum tirar água da
co da gravadora Pol ygram (Phonogram-Phillips), exige novidade", "O mercado exige novidade!' A pedra. De uma forma ou de outra, pra você criar
assumiu há pouco a função de gerente-geral da gente tã muito em cima da palavra libertário, que um artista novo, %ocê tem que ter a matéria
CBS. Quer dizer: é uma pessoa que conhece tudo, tá me deixando numa posição profundamente prima.
TUDO mesmo, sobre a vida Intima dos artistas, embaraçosa. Mas eu vou procurar manter o seu Chrysóatomo - Seu raciocínio [em i coa-
jogadas para fabricaçode ídolos etc. ritmo. Vamos tentar responder por ai. Eu não es- citado de que nós do lampião, por exemplo,
Nesse bate-papo com Eduardo Athae perava que viesse por ai. Bem, o mercado exige vamo, na frente tirando água da pedra e vocia
(produtor de Tom Jobim; s&ioda Agencia Hydra novidade, mas essa novidade não tem uma se- viss n'irás, lucrando.
de produções artísticas) e Antônio Chrysõetofno, leção natural, feita pelo próprio mercado. Quan- Coalho - O negócio é esse E nós vamos
Paulo acabou por contar lances totalmente do o produto atinge o consumo, ele já passou por provocar lucros de terceiros. É o famoso ciclo dos
inéditos, como esse da deliberada confecção da uma seleção, durante a qual a novidade já vem Coelho - Bom, aí tem vários aspectos a serem Lucros: vtix± arranca água da pedra, estabelece a
Imagem 4e Sidney Magali. Detalhe técnico: controlada. E não vai nisso 81 nenhuma critica à novidade, a gente fatura e outros vão faturar cm
respondidos. Primeiro: ele não é uma bichona no
apesar de ter falado bastante, Paulo Coelho per- indústria. O mercado não tem acesso a todas as sentido convencional. Quer dizer, estou colocan- cima de você e, no fim, fica tudo por isso mesmo!
maneceu na defensiva durante quase todo o en- novidades que a música popular brasileira pode doo que eu sei. Ele não édo tipo "famoso louca". Alguém perde nessa brincadeira. (ri)
contro: enquanto Chrys&tomo e Athayde se nos oferecer. O público tem acesso àquilo que a Eu, pelo menos, por toda a vivência que tenho Athayde - E daí, e daí?
deliciavam com vodca russo ele, que não é abs- gente conceituou como "de qualidade" ou como com ele, não acho que seja. (risca). Agoraexiste Coelho - Quero concluir o que o Chrysta-
témio, não bebeu uma gota de álcool durante as "comercial" ou como "de qualidade e comer- um dado mercadológico pra esse lance. E que o tomo falou, Na realidade não existe artista novo.
crês horas de duração da entrevista. cial". Com isso a seleção foi feita por pessoa que Magali vai atingir a mulher do outro, O Magali Os caras desconhecidos que chegam na grava-
Chrysõs tomo - Ë muito difícil ser executivo tem um ponto de vista bastante pessoal quanto não faz suco com você. mas com a sua mulher. dora, trazem um trabalho em cima de outros; ou
de ama muidnacioesal do dhou e, ao mesmo tens- ao que seja de qualidade ou comercial, A sede de Ele vem com o sangue latino, como o famoso do Chico, ou do Jorginho do Império. ou do
novidade passa a ser artificial. machão latino-americano. E um cara que nos dá Magal, por ai. Então, realmente, há uma burrice
Chrysfsstomo - Em que sentido, então, vocé problemas por seu excesso de atividade sexual. reinante, que assola a música. O elenco que está
diz que a Indústria de disco é libertária? Eu nio Filem? Com osrxo oposto, claro' O que acontece aí, faturando, já se firmou no mercado - fora es-
ratmi entendendo. As gravadoras aperras usam que prá um machão brasileiro admitir que sua touros esporádicos de outros - há mais de dez,
essa liberdade de fachada como um dados mais mulher goste dum cantor que propõe sexo, tesão, quinze anos. Por qu? Porque o novo, inseguro
«a sua política de marketlng? tipo Magali, o cantor tem que dar uma abertura por uma série de problemas sociais, políticos, não
Coelho - Tá acontecendo que na estamos psicológica ao marido, de forma que o marido conseguiu renovar no que tem a dizer.
ainda em cima dessa palavra, diga "esse cara é viado". E a mulher diz: "Ele é Athayde - Qual a Idade média desse "novo"?
Chrsscatomo - Sinto muito, mas você «ti siado'sim, me deixa comprar o disco dele". E Coalho - O artista novo é um artista velho.
dando uma entrevista para um jornal libertário. compra, e curte. A mulher se masturba de noite, Tem trinta anos.
(riam) mas para o marido o Magali é viado. Isso é uma
Coelho - A soma dos gostos internos e ex- estratégia de mercado.
ternos em torno de estilos é que torna o mercado Athayde - Fissi estratégias todas, essas
de discos libertário. Há imensas opções, hoje, en- trampu e tramóias aio criadas por caras ex-
tre as diversas faixas de produção e consumo. tremamente capazes. O disco é como um biscoito, "A música não é
Obviamente quando você pega o mercado, como macarrão, pra senda Imediata, sem nenhuma só colocação polí-
um todo, você vai ver que colocou, nos discos, preocupação artladca. A tal ponto que, quando
todas as correntes de pensamento vigentes no nôs dizíamos outro dia que os novos aparecem por tica. Temos as-
Brasil no mundo. O mercadoabsorve tudo oque sorte ou descuido, voei vê que atualmente há uma pectos estéticos,
é colocado para ele, mas na base do preconceito e Inversão. A Polygram, por exemplo, selo redes-
isso em qualquer faixa. Da classe média à famosa cobrir que quem vende é quem sempre esteve. culturais, que
intellgesuis nacional, talos são acionados e con- Como é ocaso do Chicoellethinla. ela reflete. Nes-
dicionados por preconceitos diversos. No todo é Coelho - Não é quem sonde é quem sempre ses aspectos
que o mercado é libertário, por força das próprias esteve. Agora é que passou a vender quem sempre
1 leis do marketing.
Chrysônomo - Eu não tenho nada a ver
esteve. E aconteceu um fenómeno fantástico no
mercado de um ano pra cá. Digamos que o artista
culturais, em
com. vida particular dos artistas nem de quem novo estava vendendo 50 mil discos e Bethânia
que de uma forma
quer que seja. Mas como é que vocã paga uma 250 mil. Agora o artista novo vende 5 mil e Be- ou de outra
prasus OIKata 1 Imagem do machão, no caio o Ihãnia 500 mil! houve liberda-
Sidney Magali, e transformo 'esse artista na Athayde - Mia Isso é explicável...
própria reencarnação pública e notária do macho Coalho - E. E explicável. E entram dois
de, não
latino-americano? Estou perguntando rape- elementos. Primeiro: a não renovação do mer- aconteceu nada."
cificamenie pelo Magali porque voei foi o psiu- cado, causada pelas dificuldades com os artistas
dpsi responsável pelo lançamento dela e sua novos. E assim: os novos te exigem não só a
"Imagem" na Polygn,n. Por qul e como voei fez definição musical, mas a busca de uma posição
liaot ideológica para o seu lançamento. Depois, na- LAMPIÃO da Esquina
Psqna 6
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Centro de Documentação
APPAD iLc
da parada da diversid,idt'
•*1.
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE
a imprensa eu calculo que os monges copistas que
viviam dentro dos seus monast&iox escrevendo reflexo cultural mais expressivo do macàlemo
brasileiro Inclusive, do que, por exemplo, oNsi.
"Amúsica estran- bíblias disseram: 'Esse sacana desse Gutemberg
acabou com a arte".. Os monges foram retró- soa Gossçatve ou o W.Idlk Soriano?
geira vive da no vi- grados porque eles tinham uma posição profun- Coelho — É. Nelson Gonçalves e Waldik per-
tencem ao passado.
dade artifi- damente idealista em relação à arte e não coa-
Chrysóstonio — Uma vez, numa contracapa
Seguiram acompanhar a evolução. O artista de
cial, principa/men hoje acompanha em género, número e grau a de disco do Neiaon, escrevi que ele é uma e.péds
te agora, na fa- Posição monástica da Idade Média. Falta visão de substrato da cultura nacional. O MagaIl me
parem mala um produto do .sarkeilng.
se de discote- industrial, falta comportamento profissional de
fato. Coelho —Rapaz! O Chrys&tomól
ca. Oque importa, Athayde — Concordo, concordo! Chrysâatomo - Pode falar, rapazi (risos).
Chrysóstomo — São doita apaixonados pelo Coelho - Se fosse fácil criar um Sidney
na verdade, markettng. (risos) Magali cada gravadora tinha um. O Magali, prá
é a música da semana Coelho —Tudo, no mundo atual, é marketm- mim, é o artista do século XX, que acorda às da
g. Eu fui assistir um filósofo francês na PUC e o manhã, vai prás rádios, dá autógrafo à garota que
que vem. A dessa filósofo, com a filosofia mais recente do mun- veio de Barigu atrás dele. Ele tem uma visão
semana morre do, era puro marketing. Assim como vender profundamente industrial da arte.
Chrysóstomo — Nelson vende para, Tini
no sábado. Oque sabão em pó é marketjng, tudo nesse mundo
hoje em dia é marketing. dezena, de LPs em catálogo, vendendo 'em
acontece? Athayde - O artista brasileiro é 1CM? parar.
Essa falsa novidade Coelho - (ri) Você está entrando numa sofia- Coelho — Vende porque as pessoas da
ticaço industrial. Mas o 1CM é o Imposto sobre época dele ainda não morreram. Os discas do
vende pouco." Circulação de Mercadorias, que pode ser rever- Magali também vão vender sem parar durante
tido para pagamento de direitos autorais. direitos anos, quer queiram, quer não.
artísticos e direitos conexos ou seja, direitos de Chrysôstomo — Essa dkra,aio está ficando
musicas. Esse imposto é gerado tanto pelo disco bizantina. E o Magali virou cavalo de batalha
Chrysóstomo - Você acredita que. Costura. desse papo, Paulo, quero saber um. coisa, As
• tortura, lnflulr.m nesse pstsadjsnto? nacional quanto pelo estrangeiro. No final do mês Cliryscatomo — O Chico? Uai! E o que ele
gente tem um milhão de cruzeiros que pode tem a ver com a questão homossexual no disco? mas letras para o Raul Sefxaa, que iuflulr*ni na
Athayde — Eu estas a justamente falando da cabeça de milhares de jovens em todo o Brasil,
Idade por isso. Porque se oarliaia novo lesse um pagar ao governo ou investir num artista. Ê aí que Athayde — Vamos super que o Chlco fosse
o 1CM ajuda ao artista. Mas oarlista não fruto homossexual. foram leitas de acordo com essa sua visão de mer-
cara de vinte unos ele teria passado pelo menos cado ou a partir de sua criatividade, de .ua os-
dez anos na maior escuridão. Mas se o irrita Jo 1CM. O 1CM équeéírutodoartista. Coelho - Provavelmente não venderia tanto
Chrvsós tomo — £ justo o disco estrangeiro Já beça livre?
novo tens trinta, nassas dez anos de sufoco que a disco, sendo o mau cantor que é. Coelho — Foram feitas com a união perfeita
gente passou eu acredito que ele não tenha tido vir pago ia de fora pais, vendas no mercado Inun- Athay de - Até há algum anos a música
dial chegar aqui e competir com o produto entre a sisào do que o povo queria escutar e aquilo
tão atingido, não lenha sido sotarrado pela Ce. vivia de eventos, alguns da maior impor- que eu queria dizer.
sura. brasileiro - muito caro para a gravador. - tância, como a PHONO, organizada pelo André
pé de Igualdade? Mhavde — Levando-,e em conta o que ia dis-
Chrysóstomo - Os caras, prenderam, re- MId*nl, um cara de reconhecida competência. se no Inicio sobre a necessidade de renovação do
primiram, censuraram. Me parara que o medo Coelho - Em primeiro lugar eu vou respon- Agora não. Está mudo um marasmo. Por quê?
ler que é um absurdo isso. Mas para dar uma Coelho - Nós vamos voltar ao inicio dessa mercado, a desunião dos artistas, es.a velocidade
que deu em todos nin foi uma coisa difusa, que do nada eu vou roubar uma frase do Miliar, bem
atingiu todas a, gerações já era Idade de captar o désa real do mercado posso dizer que o disco nossa conversa. Não há matéria prima para ser
brasileiro vende, ocupa 80% do seu mercado in- relacionada com o dlwos "Que futuro lerrivel lerá
que estiva no ar. Houve ausocenlura? trabalhada, Se a gente pudesse fabricar artistas a o disco brasileiro, se daqui a dez unos, lembrando
Coelho — O medo é uni fator importante, nào terno e o estrangeiro atinge só 20% do total das indústria do disco teria mais dólares do que a do
vendas. de hoje, nau estiveruso, lembrando o, "bons tem-
tenha a menor dúvida. Mas a música não é só Chrysóscomo — Há pouco eu escrevi luso no Petróleo. Mas não se pode absolutamente fabricar pos"
colocao politica.Tem ca aspectos estéticos, cul- um artista. Chrysostomo - O que me poderia fazer para
lAMPIÃO. III uma resistência natural do mer- Chrvsóstomo - Não se fabricam artistas? E
turais, que 'a música também reflete. Nesses as- cado consumidor brasileiro que, apesar de tudo, evitar, objetivamente, esse marasmo?
pectos estéticea, que de uma forma ou de outra Magali?
ainda mantém ~'Identidade cultural. O mer- Coelho — Só vejo um caminho: a execução
houve uma liberdade, não aconteceu nada de Coelho — Vou responder explicitamente. O ob rigatória. pelas rádios e TVs, de música
novo. Com toda a pseudo-aberiura em que nós cado mexicano, por exesnplo, não resistia ao Magali eum reflexo da cultura brasileira. Ele não
bombardeio das gravadoras noe'teamerlcana,, 1 brasileira, criada e gravaddno Brasil. E isso só o
estamos entrando agora. continua não surgindo é absolutamente uma pessoa fabricada. governo pode fazer. Se não houver proteção a
feita de proteção legal e afundou. Chrvsóstoms — Será que o Magali é um
nada de novo. As músicas liberadas são umas Coelho - Vários fatores, de ordem geográfica música brasileira vai pro brejo, sem dúvida!
merdas. A queda da Censura vai acabar com a inclusive, entram ai. Mas antes eu sou te dar um
justificatisn de que a Censura éque nAodeixavB a dado importante: a música estrangeira vive da
música renovar.
Chrysóstomo - Concordo inteiramente. Mas novidade artificial, principalmente agora, na fase '
acho sambtui, seu Paulo Coelho, que uma das
Posições até esteticamente novas existentes nesse
pais é uma que vocês tâni medo de I*lar. E se
relaciona diretamente cora a palavra UberturIs
discoteca. O que importa, na verdade, és música
da semana que vem. A dessa semana morre no
sábado. O que acontece? Essa falsa novidade
vende pouco. Mas prejudica o produto brasileiro
I.EM OJIRNALi± Ui :T
mo. ris)
Coelho - Deixa eu colocar meu ponto de vista
tili. Ë um medo gramatical. irímos geral.).
não pela vendagem, mas sim pela execução, por-
que toca muito em todas as rádios, aparece na
TV, em todos os lugares. E como o rádio e a TV
são as vriculos de divulgação primária, a mídia
MAIS MOTANTE -
Clsrysóstomo - Eu apenas citaria um dos
caras novos que estão por ai, e que.. gravadoes, ideal do disco, essa execução estrangeira pre-
não gravam, as possesa não conhecem porque ele judica profundamente o artista brasileiro.
Athavde — Por que tédios TV, ta.o
faz música falando abaslameiste, ainda que II- apresentam música estrangeira? TRAVE"S, LSBiCit5,
rkamente, crlativamanie,, de sua, preferências Coelho — Por que a música estrangeira, de PRO.STITUI.P4 POLIeJA, PORRADA.
sexuaia, evidentemente não ortodoxai.
Coelho — Quem é?, discoteca por exemplo, nasceu para ser ouvida e P?ORTER ENCARA QUALQUER 1
Chrys&tosno — Chama-se FÍYIO Flaslola. não para ser comprada. Ela dá IBOPE às rádios e A5SUN'ro SEM MEDO.
Um cara do Recife. E tem outro, chamado Azia. TVs, mas não vende nas lojas. FAÇ4 SUA ASSINATURA PEJO
Chrysóstomo - Você tens notícia de compra
tidas Guimarães, também de Pernambuco. São
direta, pelas gravadoras, de espaço ou de tempo TELEFONE 253-5038 OU
pareelros e ótimos. Cadã. Polygram, • CUS? MANDE O C,LJPOM ABAIXO
Codho - Eu discordo fundamentalmente da para a execução de músicas em rádios e TV.?
Coelho - Nenhum., (todo.'rlem multo). PELO C.ORREIO.
sus colocação. O problema do mundo do disco, Athayde — Já foi criada (eixot continuam,
muito além do libertarismo. é que o artista de mais fortes: entrevistado e entrevistadores co-
hoje não tem consciência de um negócio chamado
arte-industrial. O artista de hoje é um romãntico
do século dezenove. Quando Gutemberg inventou
mentam coisas inaudíveis; ouve-se, clara, expres-
são "cara de pau"). Vou repeilri II foi criada al-
guma coisa em termos de Imagens homossexual
IUPOII!I'ER
UM JORNAL QUE ()l O WE E: SEU
no mercado brasileiro? Uma bicha, uni sapatão
cantante que tenha sido Iransl.wmado em
Imagem de consumo?
Coelho — O mercado reage mal ao consumo
de valores que poderão chocar o grande consu-
midor de disco que é a classe média. O artista que
vende bem é o artista de prestigio, de postura. O
artista que se comportar com liberdade com
relação à postura fica muito badalado na im-
prensa, mas pouco vende. Acontece que na la.
telige.nlla brasileira há uma pequena faixa que
reage bem a esse tipo de coisa, mas que no fundo
é uma faixa reacionária, disposta a consumir e
badalar a novidade excêntrica.
Athayde — lá foi leito um estudo de mercado
em relação .o homnossexualiamo?
Coalho - Já foram feitos estudas e as resul-
tados focam desalentadores. Vou pegar um
fiozinho disso que você perguntou e vou ampliar o
assunto. Acontece que a gente tens bons cantores
homossexuais, Mas esse dado homossexual só
prejudica â cara na hora de vender disco, se for
atitude muito escancarada, Ele, de Fato, só vai
vender disco se for um bom cantor. Nesse caso
predomina a qualidade. Mas tem outros casos. O
Chico Buarque, por exemplo, canta mal e vende
bem.
LAMPIÃO da Esquina
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**
Centro de Documentação
APPAD t
da parada da clis'critla(lv
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
LITERATURA
Tudo pertence a todos
Renata Pailotini tem um livro Ulisses Ta vares edita o País. Ul/sses é também
de contos chamado Mate é a jornal POESIAS autor e editor de livros como
Ii corda viuvez, e vários de
poesia. Mas não é só. Já fez
POPULARES, cujo logotipo
transforma em coração o
Contramão e Pega gente,
publicados pelo Núcleo
telenovela para Tupie caso mapinha do Brasílque Pindaíba, uma verdadeira
especia/para Globo. Tem aparece no título dum órgão editora alternativa.
prêmio Moliére em da imprensa marrom muito Fernando Wide assina
teatro, leciona arte nosso conhecido. Poraídá poemas até agora inéditos,
para sacar o espírito desse mas decididos. Declara que
dramática e, ainda "tudo pertence a todos"
Canto das
minorias
--a-
r.
\.1P tÃO da E ia
** Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE
REPRTAGEJ\,1 1
A fábrica de heterossexuais
Ultimamente, a imprensa tem caçado noti- Febem, me ocorre de imediato perguntar se ele os internados "homossexuais". É essa mesma
ciário que a caracterize como liberal, compre- não estaria vivendo o mesmo tipo de conflito tão fobia que gera, sem dúvida, o "direito" ao os-
ensiva e humanitária - para vender mais, nestes comum em homossexuais jovens (e não tão joven- tupro. O tom do noticiário deixa bem claro o
tempos de redemocratizaçãc$' Já se fala de s); assim, seus problemas enquanto homossexual medo de que os rapazes percam sua "figura mas-
greve operária e de torturados-es. Agora é a vez teriam aumentado e não começado dentro da culina". Diz-se, por exemplo, que — não está pas-
dois menores abandonados e encarceradas deste Febem. Aliás, ser garanhão com as mulheres não sando desapercebido aos juizes a constante
pais. Noticia-se com alarde que em várias uni- quer dizer nada: Doa Juan era Don Juan por ocor-rência de casos de homossexualismo dentro
dades da Febem (Fundação do Bem Estar do medo de sua homossexualidade. Aléia disso, que da Febem, em Moji Mirim. Atualmente, naquela
Menor - eufemismo para prisão de menores in- se saiba, hormônio feminino aumenta caracteres unidade, de uma pop ulação superior a 200
fratores"). de São Paulo, estaria sendo provocado femininos e não caracteres homossexual.. O que menores infratores, pelo menos 40 têm compor-
um aumento de homossexuais. O caso mais se vem criando dentro da Febem não são cer- tamento homossexual".
gritante éodo menor R.H,L.S. que, ao ser inter- tamente seres homossexuais mas sim estereótipos Da maneira como os latos estão sendo
nado na Unidade de Moji Mirim em 1978, era de homossexuais, conforme os padrões social- apresentados, depreende-se que as pílulas estão
tido como "um das mais ousadas menores delin- mente inculcados. Que esse rapaz (e tantos outros) provocando um aumento de homossexuais. E isso
qüentes de São Paulo, namorador, conquistador, tenha sido "preparado" como mulher para servir provoca alarme e santa revolta. Mas tal raciocínio
ciumento e brigador por causa de mulheres". No sexualmente ao seu gupo é mais do que possível, supõe o reverso da medalha: se é possível fabricar
começo de 1979, esse rapaz de 18 anos afirma ter dentro da Febem. Mas atenção para o equivoco: o homossexuais, lambem é possível fabricar he-
começado a receber tratamento à base de umas que cresceu na verdade não foi sua tendência terossexuais. E isso «em sendo feito há muito
"pílulas de cor amarelo-abóbora" que, em ques- homossexual mas a sanha machista ao seu redor, tempo: sabe-se como a psiquiatria tem se apri-
tão de meses, o teriam transformado eia homos- que precisa "criar mulheres" num ambiente ex- morado nos tratamentos por aversão (pílulas
sexual. depois de acentuar-lhe caracteres fe- clusivamente masculino e assim ter objetos fáceis vomitórias e choques elétricos) para "curar"
mininos - com o que ele estaria sendo, inclusive, de estupro, Nesse sentido, seria fundamental que homossexuais e torná-los "comportados" ci-
utilizado sexualmente por funcionárias e com- as jornais reportassem mais a situação das me- dadãos heterca. Paradoxalmente (mas nem tanto)
panheiros dentro da Febem. O rapaz conta numa ninas da Febem, que sofrem uma brutalidade consagra-se este último tipo de violência como
carta que passou a ter vontade de virar mulher e permanente pelo fato de serem já "naturalmente" legitimo: dois pesas e duas medidas. Ou seja, já
começou a gostar de homem - o que o deixava mulheres (as notícias de suas tentativas coletivas nas encontramos eia pleno universo do controle
revoltado, conforme diz. de suicídio são conhecidas), até o ponto de que os mental das pessoas, no processo de "ordem per-
O que me parece relevante nessa história toda funcionários as obriguem à prostituição ainda feita", no admirável paraíso do fascismo ca-
quando internadas. muflado de ciência. O fato de que esta sociedade
é como se dá impot-tãncia às conseqüências e se
escamoteiam as causas. Sabemos como as consul- industrial-burocrática sempre foi uma fábrica de
Essa súbita e irada preocupação pelos rapazes heterossexuais não escandaliza as bem- pensantes.
tórios de terapia e o próprio Centro de Valori- da Febem esconde, a meu ver, uma hipocrisia
zação da Vida (ajuda a suicidas) estão cheios de Acho que é mais ou menos assim: debaixo da pele
24 anos casos de homossexuais que rejeitam seus senti-
mentos e sua sexualidade. No caso desse rapaz da
fundamental e neste caso pelo menos, uma
evidente fobia ao homossexualismo - fobia em
nada diferente da siolânda sexual exercida contra
desses pretensos defensores da "infância aban-
donada — encontram-se virtuais estupradores de
menores. (J0à0 SilvérioTrevi,san).
Cenas
Carmem
de
Miranda um
Um número dos mala expressivos para os iam-
plônleo. em geral e para o pessoal guel, em par
ilcular, talá em circulação neste mia de agosto: o
dos 24 anos da morte de Carmeus Miranda, 'a
Pequena notável', a "brazdlnn bosnbahelj', "o
filme
ú nico mito br.sllelro tipo eiporiação' durante
muitos ano., etc, e tal. O epíteto mais adequado
vocês escolham aí. O certo é que o magno evento
não poderia passar em brancas nuvens e uma
série de badalaçães estão programadas no Museu
lamp iôn ico
da esfuziante artista - como não poderia deizar
de ser. Sem falar na programação normal do Vejam se estas duas fotos: é
museu, que essa é feita durante o ano Inteiro, in- incrível, mas o rapaz da esquerda e a
clusive aos domingos, pois o seu é um dos poucos
vamp solitária são exatamente a mesma
museus que ficam abertos nos fins de semana
nesta e%-Cidade Maravilhosa de São Sebaatljo do pessoa: o ator Anselmo Vasconcelos,
Rio deisnelro. em cenas diferentes de República doa
Contra ou • favor de Carmem Mlranda, não Assassinos, o novo filme de Miguel
Importa qual ieja a sua posição, um falo é ine-
Faria Jr_ que tem estréia prevista para
gá vel: os eventos em torno do seu nome são per-
manentes e, ao que parece, o seu carisma de Irlolo agosto. Anselmo é um ator
eterno continua funcionando e movimentando o. quentíssimo, que vem de aparições
Ibopes da vida. Ainda em abril último, a TV marcantes em Tudo, Bem, de Arnaldo
Globo revivia alguns dos seus filmes da fase Jabor, Se Segura Malandro, de Hugo
americana, embora não todos, como se poderia
pensar, num assIm chamado Festival Carmim
Carvana, e no seriado "Plantão de
Mirando. E sejam exibIdos no cinema, ou na Polícia", da TV-Globo (fojo
te1evls*o os fIlmes que ela fez nos States não "Bigodinho" do episódio Sete Dias
deixam nuncademostraro visão amerlcanalhada para Morrer). Como ator, tem uma
doa norte-asnerlcanos em torno das co&sas do
preferência pelos tipos estigmatizados,
Brasil eda América Latina em geral.
Vale lembrar. nã sua *'oba ao BrasIl, Carmem e foi isso que o levou a comprar a barra
procurou negar que tivesse se americanizado. de viver "Eloina", o travesti, no filme
dizendo-se "do camarão ensopadinho com de Miguelzinho. E verdade que a dura
chuchu —no que é dilicli acreditar pois todos tarefa teve suas compensações; entre
nós sabemos que ela já seguiu com a obrigação de
americanizar-se quando viajou para os EUA. E
outras, uma tórrida cena de amor com
também qualquer pessoa pode comprovar, facil- (pasmem!) Tarcísio Meira. Além de
mente, que o samba que ela cantava lá, não era tudo isso, República dos Assassinos
samba, mas rumba. tem outra virtude: foi baseado no
De qualquer forma, Isto não Importa multo, romance homônimo de Aguinaldo Silva
Pois o seu talento super, tudo, e sena filmes
americanos mostram uma estrela Indiscudval, (atenção: vejam o filme e leiam o livro),
que pIe no chinelo alguns nomes consagrados que que é, também, o autor do roteiro. No
coes ela contracenam. E aqui pré nos: não é nada próximo número a gente vai transar
lédi suportar com galhardia aquela coreografia, uma entrevista com Anselmo; ele vai
por iodos os títulos aniolágica, criada para ela
por Busby Berkeley no filme "Entre a Loura e a
contar pra gente todos os detalhes
Morena (The Ganga Ali Urre), e que vale por dessa incrível transformação,
uma plantação Inteira de banamos. Ou por uma Aguardem. (o outro rapaz da foto é
completa república bananeira, multo da tropi- Tonico Pereira, que no filme, vive o
calista. Como era preciso, mesmos como era caso de" Eloína". Ele acaba morto pelo
presdao. (Carlos Alberto Mkanda)
Esquadrão da Morte),
MPÃO da Esquina Página
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Centro de Documentação
A PPAD Prof. Dr. Luiz Mott
X9
:aç(u paratsaeiise
da i.:ratta da (lsv('rt(lIdt'
*1 GRUPODIGNIDADE
[ENTREVISTA 1
'NESSA
DEMOCRACL4 ____________ - - -,- ss
Gera rjo Iorn o LAMPIÃO) eAguirtaldo
- - , .1 -
QUEM
WVORL4 inteligente e muito sensível na sua maneira de proposição que o quilombismo está tentando
% ta Foi a mais catimbada de todas as
criar. Através do quilombismo é que o negro
eiitresisias que 1á fizemos. Começou conceber instrumentos de domesticação. Liso
aconteceu com os indica: ela criou o teatro terá um começo de codificação dosseus valores.
a ser dtscutida na reunião de pauta
pelos quais ele vai desencadear essa grande luta
E o mes de julho, em São Paulo; e 1(1 brasileiro simplesmente para domesticá-los.
Toda aquela parafernália, todo aquele elenco de poiltico- social e econômica.
definitivamente transada, no Rio, por algumas
O quilombo se apresenta para nós não como
pessoas do Instituto de Pesquisas da Cultura organizações no tempo da escravidão não tinha
um modelo para a formação de uma nova so-
Negra: eles decidiram procurar o LAMPIÃO estIro objetivo senão este: manter o controle
ciedade, mas sim como uma inspiração e um
após ler o artigo "E o negro, t beautrful?", de sobre o negro. Pra você ver que isso nào tinha o
ponto de partida. Porque o qurlombo ogrnficou.
Jto ('arl;a Riaingues. publicado no n9 14 do menor sentido de justiça social, nem de respeito
aqui noflrasil, um avanço queos histortadores,
orna) lo propno 1t() Carlcs.. amigo de Abdias. pelo ser humano africano, basta lembrar que
os soetoiogots e os estadistas jamais quiseram
procurou-o para ralar dLAMP)ÃO ede nussa durante texto esse tempo a Igreja tinha escravos
analisar e situar no contexto real da revolução,
intenção de abrir espaço para trxitx os grupoi não só para servir aos padres, como para lhes
render lucros com o seu trabalho. Assim, para do processo brasileiro. Sempre se teve aquilo
tttigmatiradus".h como uma reunião de negros foragidos e só isso,
A.ssim, numa noite de quarta-leira, nus n&, a Igreja não tema menor autoridade quan-
quando o quilombo foi unia organização de
reunlanita todos na casa de (krardti de Mello do diz que está disposta a lutar pelo negro
sociedade. Estado e, sobretudo, unia adaptação
Mou *-to, velho amigo de Abriras e, corno eaie., brasileiro. Se quiser lutar ao nosso lado, não
ao Brasil dos pri nci pica milenares do ss icialismo
um mito riatirinal ( q ue m iito leu uni lisro seu, recusaremos a sua boa vontade. Mas não somente isto- ''a população do Brasil é branca, e
que existiu na Africa muito antes de Marx,
"Valete de Espadas'', dançou: Francisco 1111- aceitaremos que ela tente paternali'iar o nosso existe um pequeno segmento mestiço". Então,
niuito antes do socialismo ser definido em ter'
lenui1. Adilo Acosta, Aguinakto Silsa, João movimento, cujo objetivo é conquistar um você está vendo só a técnica de erradicar, de es-
nica de ciência europeia. nele não havia ex-
Carlos Rixirigues eJurema Marques do IPCN). melhor padrão de vida para os negros e para o conder, de obliterara parte negra do Brasil? E a
piorados nem exploradores, a sociedade era
1 s já estasain EIRa Larkieii Nascinrelito - es- povo brasileiro. parte negra e ti maioria. Por causa destes fatos é
multirracial - havia uma maioria negra. mas
i tora e ei impa ri beira si e Abriras - e o prtiprio Quanto ao PTB, eles é que se aproximaram que eu caracterizo o Brasil como uma "Africa
também havia mulatos, brancos, indisia, que
Uerardo que, a cena altura, aderiu à entresLS(a. do movimento e me pediram que os ajudasse a doSul á maneira sul-americana"
estavam La convivendo.
Apesar da g pe fonlissimi' que o lana tossir esclarecer de que modo poderiam atuar em Francisco —Uma maneira hipócrita, não é?
Dessa fornia, o objetivo do quilombismo e
a cada tirsiante, Abrias Nascimento. durante relação aos negros. Veja bem: eles não se adian- Abds - Sim: porque é uma pequena
reacender toda essa experiência histories,
i rs horas respi rndei às nossas pergu mas. taram no sentido de querer absorver o movi- minoria branca que manipula a maioria negra.
reatar esse liame cultural, essa prática
Negro. nascido cor Franca iSt%o Paulo), mie- mento; simplesmente pediram diálogo. Então, a igualzinho à Africa do Sul: apenas não existem
social e politica; alem de querer participar de
gra ILS La na tu seU! ri de - lis problemas
e tanjo pedido exatamente do Brizola, escrevi um leis, mas está nas instituições, nas leis con-
toda essa reorganização política do pais e da
na deria quanto na esquerda'' -, criador do documento no qual ele baseou aquelas de- sueludinárias, nos costumes. na prática diária:
sociedade, ele quer contribuir para a própria
leal ro Exp e rimental tio Negro e com tini pas- clarações de Lisboa. Mas ficou muito claro que a mesma discriminação, o mesmo apartheld.
organização de um nOvo Estado - o Estado
sado de troas corislanies contra a discriflhiiiarAo isso não era nenhum compromisso com o PTB. Porque svxê vê: os mecanismos aqui são nttiis
quilonibista.
e o rac isn r. hoje niora rido ii os Es! ad os ti iodos, porque só podemos oca comprometer no sentido sutis: não existe urna lei dizendo que você só
ele íli*i da siiria,to atual tio mosimenio iiegtti de que o partido que for nosso aliado tem que Francisco - Mas o que significa um Es- pode morar no morro: mas de fato, o negro sri
no Brasil e de perspec11kus
sutis para O futuro, respeita , toda a estrutura das nassas organi- cadoquiloeibhta? Seria um Estado negro? pode morar nas favelas, nos alagados, nestes
no qual situa ctlli destaque o mosimento zações e todas as nossas reivindicações. O negro Abdlas - i um Estado da maioria; e por lugares horrorosas. Sempre se acha um horror,
qirilonibisia, que pretende lanrr. não quer mais ser simplesmente um votante, casualidade a maioria é negra, não é? Ë um Es- aqui. quando se diz que. na Africa do Sul, as
A impressão que tictwi, nesta conversa com massa de manobra nas eleições: ele quer estar tado democrático, portanto. é um Estado negro. africanos têm que ter um passe para andar de
Atidos, e que se traia de um visionário; mas inserido em iodos os órgãos de decisões do par- porque no Brasil o negroé a maioria. um lugar para ooutro: ora, no Brasil éa mesma
pti la ST.! des e ser a pliado. aqui, um sentido tido, desde a base até os escalões superiores: só João Carlos - Mas esteno é que a gente vai cursa: você pode ver que as cadeias estão cheias
tsr! a Irire iii e iani i iso. Com isso a gen te quer diier assim é que de poderia estar engajado num par- provar de modo oficial que a maioria e nrs no de negros, simplesmente porque não têm car-
rir- \lid ia nesta entre; rst-a - sai tltiii dois fatos tido. Porque o negro agora está redespertando. Brasil? O censo de 1970 aboliu a amostragem tenra profissional assinada. Portanto, só muda a
qU;. ;iiritL"flIC, resiringem e init*I1ILT;Im os retomando uma luta muito antiga, que vem por raça, e no cemo de 1980 vai acontecer a aparência: mas. na essência, é igual ao apar-
iii.'51tliei1isr libertários no Brasil. ate chegar às desde o quilombo de Palmares e que passa por mesma coisa, theld.
r5i /es ri is contradições que. na sociedade muitos outros quilombos, muitos movimentos Abdias - Eu achoque isso é uma coisa muito Aguinaldo - Na Baixada Fluminense, por
brasileira. Íaialniciiie os ttirit,rrcamintiar. insurrecionais, levantes e guerrilhas, até chegar negativa para a luta do negro, mas é mais exemplo, os virios esquadrões da morte que lá
a 1930. quando ele fundou a Frente Negra negativo ainda pro Brasil. Porque o Brasil, com aluam não matam simplesmente pessr*s
Jogo Carlos - Eu quarta saber osegulníe.a
Igreja acaba de artunclar que w.l pôr em pdea Brasileira. isso, está fazendo exatamente aquilo que eu matam pessoas pobres e negras.
Eu estou com um Livro, que deve sair breve. denunciei no nico bv-ro "O Genocidio do Negro Abds - Exatamente: esses esquadrães são
um programa de 900 Junto és c,nunl-
dadai negraaie no programa do PTB de Bri- intitulado "Quilombismo: um novo conceito Brasileiro"; aqui. todas as instituições pro- espct.itili.sias nisso. As prisões. portanto. estão
rola, disulgadoem Usbo., estale um piragrilo cieirilficsr hist nic social." Nele estou tentando curam erradicar o negro de qualquer maneira. cheias de presos politicta; porque a prisão por
sobre eu negros; o que é que wacê acha do súbito definir uma ciência que é uma pratica e uma E o censo é a parte mais vistsel dessa ideologia. motisos raciais e uma prisão politica; e C por is-
filosofia de liberação do negro. Liberação, aI, e Pra mim isso não sõ e lamentável. como e um so que nos reisindicamia, lambem, nessa tal de
luititirase de entidades como essa,, que sempre
brim tio omss., em relação no negro? em tratos os sentidos, não é apenas o que muita crime contra o conhecimento do Brasil, não se anistia ampla, ir-rest)'ita e coisa e tal, a liberação
Abdi. - Quanto à Igreja na vemos que gente pensa - essa de o negro querer entrar pode melhorar este pais senis primeiro conhecê- dos negros presos, que estão ai falsamente
cm toda a História do Brasil ela tomou a Frente num emprego. entrar num hotel; não se trata lo; e para e-onhec-lo, é preciso aceitar ofatode definidor, corno presta comuns; isso é mais uma
de vtrios movimentos, exatamente para cooptar disso Trata-se de participar, em proporção à que nele existe uma maioria negra safadeza dentro de todo este sistema de Opres-
a liderança e para pternaIixar estes movimen- nossa contribuição na densidade demográfica Veja só: existe um livro de propaganda do são ao negro.
los. O que significou, por exemplo aquelas ir- do pais, em tudo o que o Brasil tem em termos Brasil chamado "Brasil, 1966". publicado em Aguinaldo - Você falou em sistema de
mandades, aquelas confrarias do tempo da es- de poder. de saciedade, de educação. de cul- inglês, quando era Ministro das Relações Ex- opressão; você acha que participam deste sis-
o-avidão? Era exatamente um meio de controle tura, em todos os tslveis, é isso o que o negro teriores o sr. Juracy Magalhães, nascido num tema, mesmo as chamadas "torças progressis-
social. A Igreja cem essa tradição de ser muito propõe. e são as definições e os conceitos dessa Estado africano, Bahia; pois este livro diz tas"?
Pittr'i;l 10
L.". -. PIÃO cia Esquina
** Centro de Documentação
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da pirada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
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Centro de Documentação
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da parida cia d is, u'rstdade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODICN IDADE
[ENTREVISTA 1
racista, mas o movimeulo negro é mais alIsa em
Sio Paulo será porque Lá a opressão é maior, rÁ
ou porque o nível de vida é melhor?
Abdiss - Eu acho que em São Paulo o
negro ë mais oprimido. Lá ele foi rejeitado.
Adão - No Rio Grande do Sala shuaçio é
multo pior pari o negro.
Francisco - Mas II ele também é multo
mais lutador; no Rio é que ele só quer saber de
fazer samba. E o sincreilamo, o que você acha
dele?
Abdhis - Acho que é uma violentação da
cultura negra, porque ele foi feito com o ob- Francisco
tivo de adaptá-la as) padrão dia brancos; é a
(de mão no queixo),
mesma coisa que a miscigenação: é o estupro
da mulher negra; e uma casa que acontece até A bdias
hoje; devido à baixa condição social em que
vive, a mulher negra, continua sujeita à opres- A guina/do, Adão,
são sexual, à ssolentação étnico-sci'aL: é isso
João Carlos
que chamam de miscigenação...
Francisco - Seria GlUierloFreyre o carro- ejurema
chefe do racismo no Brasil?
Abdius - Sim. Ele deu base científico a
tudo, um processo que já era exercido no Brasil,
"
na prática. O racismo no Brasil não Foi ele
quem criou, claro, existe desde o começo da
iliasa colonização.
Aguinaldo - E. mas foi GllberioFreyre que
No começo era o n
o codificou,.. tação; então, toda essa mitologia criada por ele João Carlos - Você acha que ou grupos de época estimulava a rivalidade entre as culturas
Abdiss - Exato: ele colocou em teensue de seria, no fundo, sentimento de inferioridade, mulheres, negros, homossexuais e índio., ai negras, com o objetivo de dividi-Ias. Aqui mes-
ciéncia. O tal lusci-tropicalismo, meta-racismo. porque ele formava uma minoria, e porque es- chamadas "minorias", devem agir juntos? mo, já existe, bem estruturada, uma infiltração
esses neologismos que ele criou: tudo iSSO São lava muito atrasado em relação à civilização Abel.. _ Claro! Às vezes os objetivos não das classes dirigentes na religião negro: o ob-
metáforas domesticadoras. negra; junto com essa des p igmentação teria coincidem. Mas no geral, no sentido da repres- jetivo é dirigir, controlar,
Aguinaldo - Você falou em estupro, e eu havido, também, uma certa fraqueza sexual, são, sim. E então o ideal é que tbalhem jun- João Carlos - Você não acha que as eu-
me lembrai de madikmo. Qual seria o papel da jue o fana projetar todas essas coisas sobre o tos Contra ela. Idades negras sempre foram restritas, aqui, a
Ie,gro.
mulher negra neste movimento? João Carlos - Eu, por exemplo, escrevi o uma minoria que é uma elite dentro de uma
Francisco - Então você concorda que o
Abdlus - O papel que lhe cabe neste artigo intitulado "O negro é bestiful?", pu- elite? O movimento fica multo ciasse média.
negro é mais forte, sexualmenie...
niovimentoé o que ela sempre exerceu em várias blicado no LAMPIÃO no 14, exortando os Não é hora de Ir à9 favela. de romper este li-
Ab4Ju, - Eu não concordo, não! Apenas
culturas africanas: o de protagonista. É bom negros a tomarem conhecimento do ~. A mite?
estou citando uma das teorias existentes.
lembrar que em várias culturas africanas - não partir dai, a gente foi procurado por algumas Jurema - Mas á há vários grupos fazendo
EDia - Ele está dizendo que o medo da im.
digo em todas - as mulheres tiveram papel pulou. do Instituto de Pesquisas da Cultura Isso.
poténcia que se criou na civilização ocidental, e
proeminente; foi lá que existiram as primeiras Negra. Mus a gente sabe que dentro do mo- Aguinaldo - Em São Paulo, por exemplo;
que se reflete nestes complexa religiosa e
rainhas, E aqui, eu veio que há mulheres entre vimento existem ro.isiiidaa multo fortes à idéia 5s entidades negras têm uma atuação cada vez
punitiva, se projetou num sentimento de in-
ia cabeças desse movimento: elas estão toman- de aceitar LAMPIÃO como um jornal que pode mais fIrme na periferia.
ferioridade que apresenta o negro como um ser
do as decisões, e fazendo as definições também. dar uru contribuição para o movimento negro. AbdIas - É: não pode se restringir à classe
sexualmente superior.
Pra mim a mulher negra é o elemento revo- Abdius - Eu acho bobagem. isso. Se vocés média, mesmo porque, classe média negra é
Adão - Poderia ser também um verto leu-
lucionário mais importante neste país, porque é estão abrindo espaço para eles, se não sai haver uma coisa que não existe.
Mento de culpas o branco dá ao negro pelo
o que mais sofreu, oque mais foi oprimido, des- censura do jornal ao que a outros grupos es- Gerardo - O que é preciso saber é qual a
mmcs uma caiais pousei. sexual.
tu ii tdo. humilhado. crevem, por que não colaborar? É preciso ussr maneira mais eficaz de lesar adiante essa ba-
Abdisi - O que é uma qualidade "ani-
Aguinaldo - E b.oalt • opressão contra. todos a instrumentos. tçxiia ia meios. talha:criar uru partidopolítico? Istrumentar-se
malesca".
mulher negra atingiu uma iollsllcaçlo Incrível; (A entrevista fica -,?m pouco tumultuada. numa sociedade civil que... Nàosd que tipo de
Aguinaldo - Eu acho que lato Saiu a ver é
é "a mulata que 0*0 ealá no mapa", etc... Várias pessoas falam ao mesmo tempo: não se ação ela pode exercer: cultural? Um partido de
com o Ideologia cujo objetivo é oprimir o negros
Abdisi - Mulata já não é uma definiçãoét- sabe exatamente por que alguém começa a leia' negra, por exemplo, é inviável dentro da es-
ele só iene pura as coisas da produção - para o
nico-racial, nem social; e uma profissão. E de brar a deputados siegica - pouquíssimos - trutura legal. O problema, portanto, é este:
irabalho e a proa'íção.
carteira assinada. Aliás, no quilonibismo, eu que existem na Câmara dia Deputada: chega- cÁ,nio instrumenlar as minorias - vistas dentro
Elisa - E interessante explicar uma coisa
advogo que em todia ia níveis do Estado, das se a um deles, Alceu Colares: um dos lideres do deste conceito exposto por Aguinaldo, o con-
sobre esta violação da mulher negra, que aqui se
instituições, seja reservado a metade para a MDB, progressista, mas sempre se comportan- rito sociológico. moderno, aplicado à palavra
chama de miscigenação: isso não é um fenó-
mulher. Não no sentido de que isto seja ubi do como se fase branco.) "minoria" - para que elas exerçam, façash
meno brasileiro, como a sociólogos do sistema
favor; mas é preciso que seja logo transfor- Gerardo - Tem Carlos Santos, o gaúcho. valer sua força. Porque você pega, por exemplo,
fazem crer. Aconteceu a mesma coisa na
mado em lei, para que ela não fique dependen- Estão até querendo arranjar uma embaixada a minoria homossexual: ela tem representantes
Estada Unidos, com as mulheres negras ser-
do da boa vontade de homem nenhum. Claro, pra ele num' pais africano: já viu, não é? Um na Câmara deu Deputada - eu, por exemplo,
vindo ao prazer deu senhores brancos. Lã existe
depois de um certo tempo, numa sociedade negro, e do MDB, como embaixador do Brasil fui deputado e conheci vária—, entre ia gover-
uma população enorme de mestiça, como no
saudável e onde exista uma verdadeira igual- na África. nadores de Estado, mas nenhum deles assume
Brasil. Só que lá, ao contrário daqui, não se
dade, a mulher não precisará mais desse tipode Fancisco - Mas nenhum desses deputados esta condição.
criou toda uma ideologia para justificar essa
proteção. Mas, no começo, é preciso deixar bem au assume como negro.
violação. Abdla. - É para isso que estou lançando o
claro o seu direito de participação em condições Jcdo Carlos - Clarol Pra chegar até lá eles
Gerardo Meilo Mourão, o dono da casa, quilombismo: é através dele que se pode ins-
de igualdade com o homem, e não num papel de tiveram que passar por um processo da 'bran.
que até então batia um artigo máquina, acaba trumentar todos estes movimenta.
segundo plano. De outra forma, haverá sempre qulficação"...
o seu trabalho e resolve participar da entrevista. (Entram Henrique Cristóvão, filho de
alguem oprimindo, explorando o outro, e isso Aguinaldo - Abdlaa, iodos esses movlmen.
E o faz em grande estilo: serve uma bebida Abdias, e Ehiane Guerreiro, filha de Guerreiro
não pode acontecer numa sociedade progressis- to. de "grupos estigmatizados" começaram a
ta. iugoslava e conta um piada sobre o Marechal Rama. A entrevista está chegando ao fim.
surgir neste momento em que as coisa. voltaram
Tito, Discute-se, para começar, a objetiva de Eliane declara-se profundamente chocada ao
E bom lembrar que estes movimenta fe- • acontecer em nosso Pais. Você acha (risada)
LAMPIÃO; a palavra "minorias" é pata em saber que um grupo de "bom, ..homuex.,," es-
ministas que andam atuando por aqui estão que há uma tendência para que as coisas coas-
questão. Jurema prefere falar de "maioria mar- tá ali entrevistando Abdias. O pessoal do
sendo feita As custas das mulheres negras, que tinuem acontecendo por aqui?
estão Lá, trabalhando nas cozinhas, enquanto ginalizada"; alguém lembra "grupos estig- LAMPIÃO atira-se sobre ela como um bando
Abdl.s - Bom, eu não sou profeta, mas
suas patroas vão para a rua reivindicar. Aliás, a matizada"; Aguinaldo diz que "minoria", no de panteras
questão é que a gente tem que ir crescendo con-
Lélia Gonzales in. r.i negra, antropóloga. Vide caso, é usada com um novo sentido, não eti- Francisco - Digo a palavra; por que você
forme o espaço e forçando a passagem. Senão,
seu urtiga em LAMPIAO n 0 11) já está denun- mológico, mas sociológico, quando se refere a não a prousaudai não consegue?
tudo acaba, porque ninguém vai dar nada pra
oando isso, O feminismo das mulheres brancas grupos "oprimidça, marginalizada ou estig- Eliane - Eu acho que não tem nada a ver.
gente: o negro é que tem de ser atrevido, ir
acaba sendo unia nova forma de opressão para matizada".. Vocês não são discriminada como os negros,
tomando o espaço a que ele tem direiro. A
as mulheres negras. Adão - Velo uma norida dou Eatadm por exemplo.
própria situação do País depende do povo
Francisco - E esse mimo da potência sexual Unidos sobre as dilleiiklade, dom ho,nosaezuals
brasileiro em geral, de sua vontade de mudar as Aguinaldo - O problema, meu bens, éque
do negro? [lá pra discutir isso? negros de partidparem do movimento negro; a dlscrlmlnaçiocontra nós ébein uialsiiifl. Ela
coisas.
du seriam rejeitados, Inclusive porque os se revela, por exemplo, quando peasms, como
Abel.. - Isso ai tá muito Ligado àquela Joa Cana -Numa reunião de negros a que
negros se preocupam demais com a preservação você, não conseguem sequer pronunciar a
idéia do negro selvagem, do negro brutal, que eu ~pareci, presenciei uma discussão entre
da raça, e o homossexual, jesualmente, é "Im- palavra que, uø mesmo tempo, nos designa e
você pode ver no Jorge Amado: a mulata é algumas pe.ss*m que se diziam ioruhas, daaris-
produtivo". E verdade? nos nsllgmatlza.
aquela que explode em sexualidade, que solta tocracia nagô, e outras que eram baniu., quer
Abeiaa - Eu não vejo isso como urna (Mal-estar geral. Todo mundo olhando para
fumaça pelo rabo, e o negro é como Antônio dizer, "inferiores". lato dIscriminação...
atitude geral, nem especifica. Existem orga- Eliane, que fica se sentindo agente do precon-
Halbino, um dia seus personagens... Geraldo - Mas isso acontece cota outras
Ellaa - Purocoeno um animal... nizações negras que condenam o homosse- ceito, infiltrada em nossa reunião libertária. É
raças; os judeus, porexemplo. há discriminação
xualismo, mas há outras que são abertas aos Henrique Cristóvão. seu mando, quem a tira
Abdl.s - A turma que estuda Freud acha entre um grupo e outro. Basta lembrar os ju-
homossexuais, desta situação chatíssima)
que isso ai tem implicações mais profundas, deus alemães: eles tinham verdadeira fasci-
Ellaa - Não tem sentido, isso, Éclaro que Henrique - Pois olha, eu acho que a
mas eu não entro nisso, porque não sou es- nação pela cultura alemã, antes da II Guerra, e
sempre há discussões que envolvem a dois atuação de vcx*s, neste jornal, é a mais guer-
pecialista nesta área. sentiam um profundo desprezo, por exemplo,
lados, principalmente sobre a forma de par- rilheira de todas; porque vodaaomesmoternpo
Aguinaldo - Em Freud? pelos judeus da Europa Central —polaca, rus-
Abdisa - Há um estudo sobre as raizes do ticipação dos homossexuais: se no movimento em que atuam como parte da minoria homos-
sos, etc...
negro, ou no movimento guei. Mas não faz sen- sexual, são, igualmente, membros de outra
preconceito e da discriminação, e Diop concor- Eh.. - Mas a própria estrutura de poder
tido restringir. grupos - mulheres, negra etc. -, junto aos
da com de: tudo isso seria fruto do sentimento dentro de Israel mostra isso: os grupos que se
Abdias - Vejam o caso de James RaId una quais Funcionam como espécie de ponte de
de inferioridade do branco, porque obrarico, na consideram "superiores" são os que detêm o
(n.r.1 escritos, negro e homossexual norte. ligação para unta luta comum.
verdade, é apenas o negro que perdeu a pig- poder.
•merlcano):antigamente havia muita reserva Sorrisos felizes de todo o Grupo LAMPIÃO.
mentação; no começo era só a raça negra que Abdias - isso é uma coisa grave. Mas é
quanto à participação dele no movimento E fim de papo.
existia, e a brincos surgiram lxii' despigmeri- também manipulada. No caso deu negros, basta
negro. Mas hoje em dia isso acabou.
lembrar o Conde dos Arca, que já naquela
Pâgina 12
LAMP1A0 da Esquina
Centro de Documentação
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da parada da diversidade
.1*P..
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
REPOR1AGEM
** Centro de Documentação
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da parada da divrrsidad.'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM
1
Celestino
(no centro, de
braços
cruzados,l , e
pessoal do
aqui Lfrt/
Verontque
G atte.
mesmo: um n
eu s pais eram filhosde lavradores:
e@a
ro escreve de París
O que me enatam o Pedro 11 não era trans- alguns casos só a ele. Então o serviço público é europeus. Os mesmos valores que aqui na
minha mãe era de Jacarepagua e meu mitir com autenticidade a situação de favelado racista. O racismo existe hoje em todas as lu- Europa estão decadentes e que muitas europeus
pai de Petrópolis. Minha mãe teve que eu vivia. O meu ambienfe era "barroco" e gares'e com formas diferentes, e que-está em não querem mais. Mas é também porque há
M chance de ser empregada na casa de me preparavam para escrever como Coelho jogo neste momento é a África.
uns alemães, onde aprendeu algumas expres- brasileiros que pensam, dentro de uma visão
Neto. E tome de Eça, embora eles censurassem O Artista em Geral e. Europa, - Há van- apressada, que resolvido o problema econô-
sões em alemão e noções de música e piano.
alguns de seus livras; e tome de Machadode As- tagens para um artista brasileiro aqui, apesar mico, sem tocar na estrutura ideológica, tudo
Mas como não era scisticada, optou mtis
vis e de textos de Camões para análise. Em de todos os problemas que ele encontra por par- será solucionado. Isso é falso e uma grande mis-
tarde pelo cavaquinho e o bandolim. Nasci no
Augusto das Anjos nem se falava, porque era te das autoridades. A visão da arte europeia tificação. Ë um novo mecanismo, como é es-
Morro de São Canas e me criei num grande considerado comunista. De Raul Pompéia e submetida a unia coei-ente únicacomo apren- CSiplsfllL) dizer que a presença do mulato prova a
casarão no Cachambi. Nas anca 50 minha mãe
Aluísio de Azevedo s6 citavam o nome. Júlio demos, não existe aqui. Todas as correntes ccns- ausência de racismo.
tocava cavaquinho nas grupas de choro que se Ribeiro, por causa de A Carne, era considerado
reuniam em casa. temporáneas se disputam e têm seu lugar. Na Nas minhas discussões ai no Brasil havia
tarado e popularesco. Lima Barreto nunca ouvi Espanha, na Ilha de Ibiza, o que me sensibi- gente que de maneira alguma partilhava do
Aqui vai um pouco de informação sobre a
falar por lá. Consegui-muita coisa com leituras lizou é que fui respeitado pelos outras artistas. Ponto de vista economici.sta para o branco pobre
história do choro. Naquele tempo não se porfia
paralelas, mas quanto lixo acumulei! Achava Recebi até convites para ficar. Na França existe brasileiro. Mas quando se tratava do negro essa
prever que o choro, hoje. teria moda: as pessoas
estranho nunca encontrar personagens negm uma competição desenfreada e o medo, às gente estava de acordo com o seu grupo an-
até diziam que o choro era coisa ultrapassada.
nem dignas nem indignas. vezes. de um artista estrangeiro da presença de tagônico. Esse ponto de vista grosseiro confunde
Os músicas que se reuniam Lá em casa perten-
Uni dia encontrei no lixo uma resista "Eu Sei Outro, também estrangeiro, mas as alternativas alguns negros. Na verdade, o problema eco- -
ciam a uma Linhagem de empregadas da Es-
trada de Ferro Central do Brasil, na maioria. Tudo' com um artigo sobre o pintor realista existem. O que me possibilitou agora de nômico aí é tanto do negro como do branco da
condutores, txintroladcres de bilhetes, guardas- francês Courbet. A ilustração era o quadro apresentar, independente da minha pintura, favela. Como também das camponeses mestiças
"Enterr o em Ornans". Me apaixonei porque um projeto coletivo paras cidade delvry, com o e brancos do Nordeste. E do indio, que ideo-
frcas; jamais si um maquinista como músicode
chorp. Meps tiçp decriação tocavam fliuta, sai, senti naquela pintura a mesma atmosfera que apoio do sindicato de artistas dessa localidade. logicamente se parece com o do negro. Não é
violão. Quase todas tocavam por música, raras eu vivia na Penha. Quando vi a exposiçaõ de (Uma vez no Rio e outra em São Paulo fui a somente porque o negro coma mais que o
Courhet aqui em Paris, seu quadro manteve a duas galerias para mostrar rçeus trabalhas. tratamento humano em relação a ele mudou. O
de ou sido. Os das bandolins e alguns do s'iollo
primeira impressão, Vem de Courbei, talvez, a Disseram logo que não era preciso mostrar, negro que diz isso é neurótico e covarde. Os
que geralmente tocavam de ouvido. Eles com-
minha opção pela pintura. porque não estavam interessadas em — prim i presas podem comei- nas prisões, mas nem por
punham e iam vender rio "Cavaquinho de
Foi na favela que entrei em contato com a -tivos".NaGleyBrchot,dRuxelasn- isso são menos presasj4asiamvagabundos na
Ouro" e no "Randotim de Ouro", na Rua Lar-
matéria-prima da escola de samba. Aprendi tes de falarem qualquer coisa me pediram para favela onde eu morava que até gastavam de ser
ga, que revendiam as oompcaiçôes aos alunas de
que, numa escola, cada qual tinha uma função tnostrar o trabalho, por issaes,tjs lá. No pri- presas para comer mais.
música. Piedade e Engenho de Dentro eram
especifica e que nenhuma, naquela época, se meiro caso estamos diante de um capitalismo de A cosa mais grave, do meu ponto de vista, é
seus pontos de reunião.
sobrepunha à outra. Foi lá, na Escola de Samba mentalidade colonial; no segundo, de -um ca- ver elementos vindos da classe média inferior
Minha mãe rue matriculou num prepara- Império do Grcaão, que aprendi a entrar den- pitalismo de mentalidade industrial que, em- brasileira, se alistando à última hora em filo-
tório para o Colégio Pedro II porque uma mes- tro do rio, pegar barro, esculpir as formas das bora também racista, já superou certas atrasas sofias avançadas, continuarem racistas em
tiça. que tinha um filho noColégio Militar, lhe esculturas que deixavam as mãos em carne visa. na prática. Mas a ideologia. ..l relação ao negro. Por que abraçam tais Filo-
dissera que preto não podia enci-ar no Pedro II, Mas com que prazer a gente fazia isso: era uma Em Paris, quando se tala em artista negro se sofias sem untes terem criticado e ultrapassado
que não tinha inteligência suficiente para es- maneira de criar uma história com o nosso san- pensa lo g o em músico. Os negros, na maioria, sua posição anterior em relação ao negro?
cudar. Minha mãe apostou com eia que eu en- gue, o nosso corpo. A Império do Grocão não estão dentro da imigraçãoafricana e são dis- Acredito que se os ajudamos a refletir, a avaliar
Lrana. Fez todas as sacrifícica, lavando roupa e era essa máquina já pronta que são as grandes criminados, Uma parte dai juventude francesa suas posições, poderão chegar a retificar seus
costurando á noite, o que lhe facilitou a ce- escolas. E o que aconteceu com ela? Era do se opõe a isso. Disseram-me que a coisa ficou erras. Mesmo porque essa gente não é ariana,
gueira no fim da vida. Ela me deu muita por- terceiro ou quarto grupo, recebia uma subven- pior a partir de maio de M. Um livro de uma são brancas entre aspas.
rada pra me lesar do futebol ao preparatório. ção miserável: teve de fechar as portas, mal feminista denunciou que a partir de maio de 68 Temo que uma simplificação demasiada da
Acabei passando nas exames com IS anca. Com começara. Seus participantes mais negras de começou a nascer em surdina uma nova escola situação nos teve a um Fascismo às avessas. O
15 anca porque meu primário foi muito atro- pele do que eu - como as africanos aqui em de psicologia, procurando provar, mais uma que podemos dizer é que essas discussões sobre
pelado, trocas de colégios, paradas por pro- Paris -, filhas diretas das escravos, formavam vez, que o negro é inferior. o negro estão surgindo mais violentamente do
blemas econômicas. um gueto dentro da própria favela, por serem Mas 68 mudou muita cosa, apesar de tudo. que antes, num momento de grande desenvol-
mais negras do que as outros e com as feições Em relação à sexualidade, por exemplo. As vimento industrial e é então que a consciência
A guerra acabara, a vida ficou caríssima e,
pronunciada mente bantus. Eram ds mais relações da mulher francesa com o negro - com ideológica racista atrasada, e contraditória para
como sempre, foi uma merda ternivel para o
pobres, as mais miseráveis de comunidade. os artistas e estudaniçs negros - são freqilen- o povo brasileiro, começa a dar sinais de vida,
povo. Os proprietárias pediram a casa em que
Quando minha critica ao racismo foge aos tm abeTtase desafiadaas. Como diz o músico principalmente nas centros urbanos.
mor-ávamas. Meu pai, que era "humilde ser-
padrões já convencionados, de como se deve Sorriso, "a mulher hrahca aqui procura violen- O que disse acima são apenas alguns pontos
sidor da Prefeitura' corno ele gastava de dizer
discutir o racismo, é pensando sempre neles. tamente o negro porque ela não suporta mais tirados da minha experiência como negro para
e porque na prefeitura getulista e paternalista
esse materialismo mecânico e trio, onde sua abrir um debate. Esta hoje em jogo o destino da
era assim que ensinavam as funcionárias pe- Omeu depoimento é o de um artista, artista
sensibilidade é esfriada e desrespeitada". O nassa sociedade especifica, bem diferente da
quenas a se expressar, não teve outro remédio brasileiro, artista negro e, negro, sem com-
homem olha isso como um perigo para o seu europeia, e das nossas relações de raça.
senão procurar a favela. promisso com grupos. Há grupos, naturalmen-
arianismo discutível, que ele procura defender. Ontem era assim que eu via as coisas; espero
Foi assim que fomos parar na favela da te, que discutem sobre a verdade, mas relati-
Como eu já disse, as negros são discriminadas que hoje elas tenham mudado um pouco. Eu, de
Penha. Lá comecei a colecionar todas as revistas vamente, porque, por tática, concluem que em
determinados momentos determinadas ver- porque são considerados africanas e inferiores. fato, assisti a esforços de uma parte da juven-
que encontrava no lixoe livras que comprava no
Cerca de 50% da França é contra isso, mas al- tude brasileira, independente de certas com-
sebo, ao mesmo tempo que desenhava pelas dades não devem ser ditas. Contraditoriamente,
guns partidas tiram proveito do desemprego promissos arcaicas, querendo superar essa
muras, com carvão, histórias em quadrinho. em relação ao negro, um grupo assim acaba
para instigar o racismo. O árabe então, não vale situação. Já era um bom sinal. Mas o problema
Nessa época, com 15 anca, me inscrevi num reforçando o poder da ideologia racista.
nada, mesmo se é artista. E em cenas de rua a é encontrar, ainda que dramaticamente, as
suplemento, do "Diário da Noite" e num pro- O artista negro, branco ou mestiço bem violência contra ele é pior. No entanto, na Ar-
grama radiofónico juvenil, dirigidos por Silvia meios claras para a superação definitiva de tais
sucedido é sempre aceito pela sociedade, seja gélia, artistas negros brasileiros que hoje estão
Autuori, como desenhista de quadrinhos e problemas. E que não fique só as discurso.. A
onde for. Mesmo artistas revolucionárias são no Grupo Saci foram discriminados einsul- sociedade brasileira, comparada com as so-
cronista, escrevendo sobre uma situação tia P agos e aceitas pelas classes abastadas e se cor- tados. Os argelinas perguntavam às mulheres
favela. Ti-es anca mais tarde comecei a escrever ciedades que ela copia, tem todos as meias para
tejam mutuamente. Dai até alguns artistas francesas que estavam com esses negros se elas
um romance intitulado Alai Mtsdçia, co- superar esses obstáculos. O caso é que ela ainda
negros falarem que "está tudo bem". Mas, na não se envergonhavam de andar com eles.
piando o estilo de Eça de Queircg , que lia está com uma série de idéias confusas a respeito
rua, para o artista negro, que não traz uma Uma última coisa eu gostaria de colocar
muito. Era um romance onde a Força residia da questão. O isolamento em queda se mantém
placa na testa dizendo que ele é artista e que sobre o problema do negro no Brasil: Por vê que,,
mais nas ilustrações. Mas eu achava Almas em relação às sociedades que admira torna mais
tem amigos importantes, tanto aqui como ai, a apesar de todos as esforças, o negro se re-
Mr.dçai sem alma, falso. complexo e solitário o seu problema.
Política lhe controla mais que ao branco, E em jeitado? Porque rasa sociedade é de valores
Ce1idno
dgl y id I'+
LAMPIÃO da Esquina
** Centro de Documentação
APPAD
da parada da diversidade
e
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
Mit
REPORTAGEM
Centro de Documentação
APPADiIt'
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
VI
Bixó- rdia
Dia de Mandarim, dia de anão
Madame Régine Chciukroun é a nova
rainha da grã-Imagem carioca. (Realmente
mudamos muito: antigamente, as senhoras
polacas que aportavam por aqui operavam em
locais mais discretos - hoje, é em hotel de
TENDËNC IAS
cinco estrelas.) Para sua festa, a Madama
Chucrute (como a chama sua arquiinimiga
Madame Sukarno. que foi proibida de entrar
no clube parisiense de Régine e a está proces-
olivm *
sando por isso) resolveu parodiar Feilini e
mandou um tal PaoloCalia decorara boate do
Meridien com pessoas vim que tiveram de
ficar imóveis durante toda a cerimônia de
coroação da 'réina de Ia noche". Para a en-
trada triunfal de Régine, o 'pequçninoCai"
- asno o chamou carinhosamente um co-
lunista social - usou quatro infelizes anões
vestidos de mulher, que transportaram a cor-
pulenta senhora (com manto, cetro e coroa)
numa liteira. A cena deve ter indignado o
decorador Júlio Senna, que na sua casa do
Largo da Mãe do Bispo aluga negros para
carregar ais liteiras sais alegres convidados.
De olho
Nós também nos indignamos, mas não
exatamente pelo mesmo motivo. Ë horrível ver
seres humanos empregados para finalidades
em
tio sórdidas: de deoxação cai carregando pes-
soas, como se fossem animais de carga. Um
lembrete a essa gente de mensfala corta: na
China dos mandarins, os "nativos" eram ex-
Júlio
plorados pelos estrangeiros para os mesmos
fins, e vejam no que deu, s,
Breane Maria G/adys em 'A Agonia
Atenção, bonecas que jogam futebol (pois Circulando nas bocas o número da resista di. coa. mas paradoxalmente asn muita tensão,
E por falar no Meridien, o hotel está se
Cine-Olho referente ao trimestre junho/ju- A . ica oficial sempre esnobou. os distribuidores
é: a gente sabe que tem muita. Só tio entrega transformando num centro de pilantragem.
soJ agosto. Esta publicação paulista é uma das boicotaram e o público não colaborou. Não tendo
porque não faz o nosso gsero): mirem-se no Poucos antes da coroação da Chouck or-
poucas especializadas no tema, publicada na liii- nada mais a ver com a linguagem tolerada
exemplo de Pomp(lio. o atla que nos dá unia' ganizaram ali uma exposição vanguardeira do
gua Portuguesa. Lembra muito, au formato e mercado, deveriam ter sido mais exibidos
Hélio Oiticica na qual, durante a inauguração
entrevista neste número. Vem que descosi- onteúdo, a última fase do CaMen da Chia, as cinematecas, mas isto também não acon-
o artista teve faniquitiz de todos os tipos por-
tração saudável, a do rapaz. Ele não é um que os "burgueses' estavam esfragando a mais para a semiótica do que para qualquer outra teceu. Experimental até a medula. Bressane só
atleta de primeiro lime, claro, mas isso de- sua Lesta, Ora, vejam sol O que é que ele .oisa. Em suma, uma revista de vanguarda sobre agora começa a ser reconsiderado entre nós. A
veria até funcionar como uma espécie de ha- queria naquele ambiente? Mas o pior foram o cinema de vanguarda. Capaz de publicar pa- retrospectiva paulista e os artigos de Cimo-Olho
dkp, no caso dele. E. noentanto. -. PosnpIllo as porradas que um rapaz levai de um colega rágrafos sobre um único plano de Eisenstein ou são os primeiros indícios,
deve ser um centro-avante maravilhoso. Pelo do expositor, só porque disse que o Hélio era talvez mesmo um ensaio sobre os movimentos de Para os que se interessarem por Júlio Bressane
menos, coragem é o que não lhe falta. bicha. Eu, bem? câmera nos melodramas de Vincent Minueti ou ou pela revista Cine-Olho, convém informar que
Douglas Sirk. Seu objetivo é decifrar os signos, ela não é brio distribuída e portanto nada fácil de
..:: para então desmascarar a sua ideologia. Nada ser achada. O melhor, para obtã-la, é escrever
adequado para fã-clubes, mas não deixa de ser para Rua Pinheiros 240 apt. 32.
A foto do es- privilégio de levá-la para casa. Mas, oh. papa Fina. ULMOGRAFIA COMPLETA
critor Flávio desilusão! Flávio, em carta muito sim- Este número em questão contém um interes-
Aguiar. que gente sante artigo de Arlindo Machado sobre Cinema DE JOLIO BRESSANE
pática enviada ao LAMPIÃO, comunica
publicou no nú- que mudou totalmente o visual: tirou a Conceitual, criticas dissecantes sobre Tudo 19ó8 - Cara a Cara com Antero de Oiiveij-a,
mero 14 ao anun- barba, deixando apenas um bigode de • de Arnaldo labor e Coronel Deindro Gouvda de Helena Ignez, Vanda Lacerda
ciar o lançamento andulho gaúcho. E a propfaíto, do nono Gemido Sarno, uma espécie de fcto-noda muito .1970 - Matou a Família e Foi ao Cinema com
do seu novo livro, comentário sobre o seu "dedo enorme", louca de José Roberto Sadek, etc. Mas o mais im- Renata Sorrah e Márcia Rodrigues O Anjo Mau
"Os caninos do portante é a resenha critica referente a ratros- com Hugo Cai-sana. Milton Gonçalves, Norma
Vampiro", pro- informa que ele(o dedo) "nàoé duro, mas pectiva do cineasta Júlio Bressarse realizada com Benguel, Maria Gladys A FamlIla do Barulho c/
vocou o maior também não é mole". UhnL. Pras de- abril pelo cineclube da Fundação Getúlio Vargas Grande Oteto, Helena Ignez, Lilian Lenimertz,
ouriço aqui na vidas comparações, aí está, na foto anexa, em SP. e da qual participam os lampiõnicosJean- Maria Gladvs Barão Olavo, o Horrível c/ Rodol-
redação: Rafada o novo visual do escritor. Atenáo, meninos Claude Bernadet e João Silvério Trevss.an. É a pho Arena, Lilian Lemmertz, IsabeUa Cuidado,
Mambaba e Arac- e meninas: vale ou não a pena ler o livro primeira vez que material tão extenso e tio es- Madamet c/ Helena Ignez e Maria GIad)1
nidea ButantA disputaram tapas o dele? pecializado é publicado analisando a obra deste 1971 - A Fada do Oriente - filmado no
estranho, prolífico e desconhecido diretor, sem Marrocos Amor Louen/Crazy Lera - filmado em
dúvida alguma um doa poucos neste pais a Londres Memórias de uma Estrangulador de
* **** merecer uma análise mais detalhada de sua obra. Louras - filmado em Londres
As escritoras e poetasiras que partici- Oh, Nestcr de Montemar, qual é a tua? Bressabe é carioca e estreou no longa-
param do congresso mundial do PEN Club no 1972 - Lágrima Pantera - Filmado em Nova
Como batalhador do teatro e da vida, vocé metragem em 1968 depois de dois curtas sobre as Iorque
Rio atacaram de rijo em cima de Mário Var- merece todo o respeito aqui da casa dos Iam- personalidades malditas de Lima Barreto o es- 1973 - O Rei do Baralho - com Grande Otelo,
gas Lias. O romancista, mal desembarcado, piões. Mas que história é essa de ficar Fazendo : critor) e da então pouco conhecida Maria De- Mar(ha Andersori, Wilson Grev
foi praticamente raptado por um bando de sempre o mamo personagem - a bicha thânia. Nesses onze anos de atividade dirigiu ocr- 1974 - VIol*Chlnei.
criaturas parlantes e de caras esticadas que velha, espoliada, humilhada, solitária, mor- ca de 14 longa-metçagens, dos quais apenas
não o deixaram em par um só minuto. De 1975 - O Monstro Caralba - com Carlos Im-
dida e mal paga? Em Greta Garbo,., ainda vá quatro alcançaram cãstribuição comercial, mas perial, Wilson Grey, Caué Filho
lato, Liosa, com sua pinta de latin lover Lá: tinha aquele aspecto da denúncia de uma Fracassaram ria bilheteria. Alguns dos outros
desamparado, tem tudo para atiçar nesse tipo 1978 - Agonia com Jod Barcelos, Maria Glad-
situação, e o texto era brilhante. O Asmiope foram exibidos em sessões especiais, mas a gran- s, Grande Otelo, Wilson Grey
de mulher mal dormida a libido. Dairado já era uma repetição. Agora vocé de maioria permaneceu inédita até a mosto
1979 - O Gigante da Amkkz com Rogéria,
Mas, por mais atordoado que estivesse chegou ao diremo de pedir àquela atriz de paulista. São obras cidruxulas, repletas de ci- Jece Valadão, José Lewgoy
Lias com o cerco, são imperdoáveis suas tcvt, a Sakrné (que ás vezes se apresenta de taç •saoutros filmes, com pouca ação epoucos
declarações caretas e os elogios que fez a um travesti corno Chico Anísio), que escrevesse Jóia Carlos Rodrigue.
único escritor brasileiro, o nosso reaça Gilber- mais urna peça de bicha velha pra vocé? E
to Freyrc. Pede-se ao escritor para não con- demais! A gente ainda não Foi ver Scut Mas
fundir mais seus bordejos de zangão em férias
com o papel de porta-voz de um circulo li-
terário supostamente progressista, porque
Quem Não £?, em cartaz aqui no Rio, mas já
sabe de que me tr*ta. Vê se dá um tempo, Nes- Nelma Quadros é nossa
tcrette. Se teu negócio é representar bicha
acaba dizendo besteira, como fez aqui.
*** **
velha, então faz uma igual aMadameSatã-
candidata no "Pasquhn"
Recado a uma coleguinha (mulher, ma- Quase sempre posand. p de quem esta de achada: "Adorei a matéria do Francisco Bit-
mo) da grande imprensa que está cobrando de mal-humor (no fundo puro exibicionismo) a tencourt - que vocés talos endossaram -
LAMPIÃO uma posição firme contra os Rafaria Mambaba adentrou outro dia a sobre os dez anos do "Pasquim". Mas o
Atenção, pessoal dos Estados: não travestis que rodam bolsinha na Vieira Souto: redação em seu estado natural: semifuribunda
Percam o .bow de Egberto Gismooti, Jaguar foi citado, o Ziraldo também. Tudo
vocé esquece, ilarlimili, que os travestis estão lá na aparéncia, de fato uma gosadora de mar- machão. E a minha amiga Nelma Quadros?
que ixaneça a correr mundo neste més de porque os "freguesa" querem. E ainda mais: ca maior. Sentada sobre uma das duas únicas
agosto, sob ou bons ventos do Projeto Claro: é mulher, voces esqueceram. Exijo
os carros que acolhem nossas amigas na mesas de nossa saleta ("Uma vergonha, uma
Pixinguinha, Não só por causa do Eg, uma retificação. Escreve ai: a Nelma é bonita,
calada da noite não são fuscas nem Fiats, mas pobreza essa redação! Nem parece coisa de gostosa, eficiente e bom caráter". Conster-
uni dos artistas mais sérios e competen- sim, de Passai pra cima. Quem quiser con- bicha!", costuma observar La Mambaba com
tes deste pais, mas também porque ora- nados, constatamos que, pelo menos dessa
ferir, é só ir lá e dar uma olhadinha (a mesma desdém), tirai um cigarro, esperou que al- vez, a Mambaba tinha razão. Triunfante, ela
petácolo foi dirigido, de maneira assaz asia acontece com os tras'ka nos arredores guém acendesse, cruzou as pernas e Fulmi-
lampiõnica, pelo igualmente sério e arrematou: "Escrevam assim, As bichas do
doa Arcos da Lapa), Portanto, vocé tem mais é rias: "Peguei! Vocés todos são uns machis- LAMPIÃO são fis da Nelma do Pasquim" -
competente Antônio Chiysõetomo, aqui que dar paulada nos leitores da sua coluna, tas.' Espanto geral, seguido de protestos em
da casa. Muitos aplausos para Eg e com o que nós outros concordamos, escre-
querida: se ela deixarem de procurar as altos brados. vemos e damos fé. Não satisfeita, Rafada
Chrys. pessoal!
amiguinhas, garanto que elas saem da Vieira' "Machistas, nós? Sai pra lá bicha pro- reíinatizai: "Escreve ai siado, escreve: ela é
Souto, E corno diz o ditado: cobra parada 'não vocadora. E se se não atrapalha quem está maravilhosa, inclusive, porque parece co-
engole sapo... trabalhando". A danada não se deu por migo!".
APPAD I(t'
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
E]
ili íi.irda da diversidade
IAS
olivro Emilinha, Marlene, Caubi) e o que mudou foi o
fi-clube. lá não eram as macacas de auditório,
anaifabdaa e sem dento, mas. burguesia pura e
simples, com toda a sua parafernália cultural
Ideológica, que ouvis a ináalce e discada as le.
Sim, tinham ocorrido mudanças importantes.
Fomos conferir: o rapaz que nos recebeu á en-
trada era o mesmo de sempre - simpático e, ao
mesmo tempo, transmitindo a sensação de que
com ele na porta quem estiver lá dentro estará
é assim, assim é Isto e aquflo e o Brasil. Ta-ta-tÁ- uas. E é exatamente a documentação dessa nova bem protegido. E lá dentro...
Mataram o ia.ia-IL
£ certo que todos sentiam •náu
realidade, ainda daudItnte e Imicera, que torna
importante okvro do Carlos Jurandir.
Bem, lá dentro a gente encontrou os novos
responsáveis pela casa: Cid e Cláudio, duas pes-
o fantasma
de Canterville Coxas
Uma seleção de con- De Roberto Piva
tos, e mais as cartas de
amor que o grande es- Nossa poesia está na ruas.
critor enviou, do cárcere, "Coxas" é o melhor exem-
para Lord Alfred Dou- pio da nossa poesia. Peça
glas. Peça pelo Reembol - pelo Reembolso Postal á
so Postal à Esquina - Esquina - Editora de
Editora de Livros, Jornais Livros, Jornais e Revistas
e Revistas L tda. (Caixa Ltda. (Caixa Postal 41.031,
Postal 41031, CEP, CEP 20.0(Z), Rio de Janeiro
20000, Rio de Janeiro - - RJ). Preço do exemplar:
Ri). Cada exemplar cus- Cr$ 85,W.
taCr$ 110,00.
Página 17
LAMPIÃO da Esquina
E]
**
Centro de Documentação
APPAD
i
da parada tia clivtrsitJidr
Prof. Dr. Luiz Mott, GRU PODIGN IDADE
CARIAS
NA MESA
te não fornece, porque o LAMPIÃO quer é que do. sem contar cx inumeros problemas pSicca-
Ternura antiga todo mundo vã à luta. Vá à sua, meu filho. E des-
chegsda do jornal garantida .1 no pedaço.
Obrigado pela torça. Avise ao pessoal aeu co-
sonsáticsyj que nos afligem por vegetarmos no
culpe a dureza da resposta, mas é que você, • Jul- oliecido ai que LAMPIÃO está para chegar. Abs, gueto, sem nenhuma ou quase nenhuma válvula
Lampa dearesi. "exigimos que casos como o
gar pela sua carta, lá mesmo precisando de umas alô, Livraria Attmniic,! de escape.
de Aiphonsus sem esclarecidos, que as auto-
bons palmadas neste bumhurn reprimido. No 1, . . . :i Aqui em Barbacena e periferia estou ao
ridades e a imprensa reconheçam que, sem ser
moça de família, homossexual também é gente'':
fico Inste de escrever esta carta e usar um crime
mais, muito amor nosso te, esperamos, da gente
boa deCuriilbaj para você, cá?. Na Salgado Filho dispor de vocês, p/ o que quiserem. Se me
aceitarem conto colaborador do jornal, represen-
Caros lampiônicos; pela segunda ver, es- mole p."assinaturas e anúncios, cxi simples coo-
horroroso, citar um nome de quem não conheci,
pra voltar ao ttnna de minha outra carta, de 7 de Uma Carta tímida crevoa vocês. Na primeira, reclamava por não ver
o "nosso" jornaizinho estampado nas bancas de
tato, topo. E peço também que o Lampa seja
imediatamente distribuído aqui também, pois os
maio. Quando não concordei que nossa politica Inicialmente, quero parabenizá-los pela ex-
revista aqui de Porto Alegre. Pelo menos agora, lamptõnicsa locais já estão reclamando da des-
deveria ser cheia de ternura, ganhei pito seu. celente publicação: ojornai está ótimo, Sei que
mesmo disputado aos tapas, consegue-se um consideração, dada a existência dojornal há mais
Agora lai. mais um mártir neste inglório panteon. mesmo anda de mão em mão há quase um ano
exemplar em uma determinada banquinha da de urna ano. Assumidos ou enrustidia, todos
E o grupo Somos. continua Paz e Amor? Será que ate da policia), mas sã comprei os dois últimos
sixê vai conseguir me convencer que esta so- Avenida Salgado Filho. Gente, ojos-nal precisa de querem ler o LAMPIÃO. Estou eufórico com
números. Tinha uni pavor incrível de pedir ojor- vocês, saindo do nico recato habitual, TODA A
iesIade machista vai ser boazinha conosco maior e melhor divulgação. E não pensem que
nal nas bancas, mas o medo foi vencido, e agora. FORÇA POSITIVA DO UNIVERSO PARA
através de uma política de ternura? nós, leitores e admiradores assíduos, não o fi-
comprarei todos os outros números que c/certe-ia vocËs.
Neste mesmo número 14 de "Um crime para zemos. Provavelmente a bicharada daqui não é
chegarão ás bancas. Agora, se comprar foi difici!. Maysa Sinuhe - Barbaccna, MG.
não esquecer", leio sobre San Francisco. 21 de nada intelectualizada; ela que se cuide, pois bicha
escrever foi muiJá fiz umas dez cartas, en- burra morre pastando. R. - Infelizmente a gente não pode chegar a
maio de 179. Para mim vocês estão funcionando e o que é ja'. fui até o correio e não tk
Nesta segunda oportunidade venho com o 01" Barbaeena, a não ser através da assinaturas,
como registro, como memória do oadeiro na- coragem de mandar a dita cuja, mas o medo foi
uoital. A praxis é nossa, basta usarmos a me- jetivo de tentar entrar em contato com o pessoal Mana. Nós lemos nosso di s tribuidor em Bê-Agá
vencido e ai está. Não vou aumentar mais: a aula t saia no expediente, na página 21, mas no Interior
mória para nãocairmos nos mesmos buracos. do Somos (e dai?). Gostaria de corresponder-me
está acabando e vou aproveitar e colocar na catita já é outra coisa. Você diz que quer colaborar
Lampa, querido. me faz um favor: me bota com caras esclarecidos, adultas e responsáveis,
do correio que está na frente da faculdade, as conosco, então laça o seguintes convença o pra.
em contato com Somos, pcxle ser? com idades variando entre 25 a 40 anos. Tudo o
outras estavam mais ricas em detalhes, mas como
Vi, coniinua esta humilhação do Falcão, que se refere a homossexualismo me interessa. soei a assinar o Lampa; você, como assinante, é
nãoforant sai esta mesmo. Beijas.
agora prà ci ,iia da • tu rma de São Paulo. Meu Pretendo conhecera fundo a nossa "vocação". prova s'h'a de que a coisa fundona. Além disso,
1 sone - São Paulo,
abraço and ali my simpalhy pra Darcv. Jean- Tenho silvei cultural superior, 28 anos, bem mande um depoimento pra gente selara as dii k,ai.
R. - Qual é, Ivone? A gente adora receber dades que pessoas como você enfrentam numa
('laude, pro Peter e pro seu João. colocado na vida, e amo as pessoas assim como o
canas; dai, [icemos Irusiradissimos, ao ler que Darcy Penteado, Quem tiver interessado, que me cidade como Barba, onde a TFM deve ser uma
sscê no. escreveu alguma e, não as enviou. Traie escreva.
iduardoU. de Carvalho - Rio. feia: como são as tramas, como é que se faz para
de se lembrar do que escreveu, pôr no papel e driblar a repressão, como é que os gueis fazem
mandar, já, lá para gente! Se as pessoas ficarem 'al ter - i'(fl'W 'iiere
R. - A discussão deste assunto mexeror maLa pra se comunicar entre si, etc. A gente publica.
com medo de nos mandar suas cartas, como é que Toda força do universo para você também, e mais
que o simples espaço desta resposta, não é, Edu' a gente vai lazer para editar esta edição, que és R. - Façam mimo. ao Iornaielro da Salgado
Filho, pessoal de Porto Aiegre, Digam pra ele que um beijo.
Hoje , a gente queria aproveitar para agradecer a mais quente do")? Be" pra você também.
tua solidariedade, inclusive o telegrama que voei LAMPIÃO é Importantíssimo pra vocês, coaven-
nos mandou durante os dias de sufoco. Foi uma
Santos chamando
çam . 00 a expor melhor o jornal (alô, .4ô, Coojor-
nai: aumentem a exata de exemplares da banca da
Alô, Bê-Agá!
torça, pra gente! Pra entrar em contato com o
Sendo um fã ardoroso de Darcy Penteado, um Salgado FIlho, que eia iquente). Quanto você, Oi, pessoal, estou cciteciort ando Lampa dês-
Somos basta escrever pra eles Caiu Postal de o is. 0 1 1, devo confessar que desde então tor-
22196, CEP 01000, São Paulo, capital). Os dos editores deste essencial meio de comuni- Vaitinho, não faz por menos, aio é? Logo o Dar-
Dar-
cação, e acompanhando sempre seus passas cy Penteado, um doa homens mais bonito. do
c nei-me um leitor assíduo, que aguarda ansio-
meninas aio ativVrtmos e as meninas, mal5 ain-
através de notícias, fui um das primeiros a tomar Brasil? Adio que sal chegar um monte de cartas samente todos os meses a publicação do nosso
da: dai estio a mil com o Lampa; e responda
conhecimento da criação do LAMPIÃO. prá você. Se liso acontecer, a gente pode enviar numero do jornal. Já li outras publicações bra-
imediatamente, Um beijo enorme procê.
1.. ' ) Parabenizo pelo primeiro ano de existência, pra o seu endereço? Mande a resposta urgente. sileiras destinadas ao público guri, mas não sim-
patizei com a orientação ideológica da maioria
Longe de Curitiba com plena convicção que acontecerão mil outros,
apesar desse absurdo e inconcebível inquérito,
Quanto ao Somo., seja nesta seção, resposta à
carta sob o titilo "ternura antiga". delas, pois me deram a impressão de estar mos-
cuja consequência será a mesma do case.) Celso trando as homossexuais como a "sábia socie-
LAMPIÁO, cordiais saudações. Escrevo-lhe
para cApressar minha satisfação em ter descober-
Cun-Culuna do Meio.
Sou licenciado em Letras, e procuro ler n'do
Barbacena blues dade ' quer, ou seja, individuos rebolantes e des-
munhecadia não quero que interpretem esta
to is existência deste jornal. Não o conhecia. Tomei conhecimetitis da existência dessa nas- frase como preconceito de minha parte, mas é que
Fiquei multo feliz pelas reportagens do n 13 - rclacinado com o gay power; embora .Sensca
sa ississiloi'a que é o . sMPIÁ() através de uma não s'ej& nece;sidade de se mostrar os homos -
junho de 1479. Agora. oque eu não sei é se o jor- possua um número elessido de entendidos, não
Pequena nota inserida no jornal Conhecimento, sexuais como tais).
me relaciono em grupo, pois não sou assumido
nal é exciusisanienLe para os vindos e para as lés- de Curitiba, n9 lO, agosto/78. fl.3. Escrevi ao Gostei muitíssimo da entrevista cosia Ney
bicas. Fiquei feliz pela reportagem, porque sou aqui. i ... i O único jornal guri que podemos en-
jornal pedindo o endereço do LAMPIÃO, já que Matogrosso, no n0 11. Ney deve ser urna pessoa
guri. coo tear à venda em Santos é o Jornal do Gay, cuja
este era desconhecido dos jornaleiras e "Iam- espetacular para se conviver. lenho apreciado
So não posso assinar o jornai porque ainda vendagem, acredito, seja muito grande, e
piônicos" daqui, e anexei envelope selado pires- muito as entrevistas e reportagens apresentadas
não asso iiii. Isso, porque correria o risco de vir a aproveito para perguntar: por que, até o presente
posta, que não recebi até hoje (também, pela nota no LAMPIÃO, e gastaria de aproveitar e dar uma
ser descoberto pelas pessiais daqui de casa, que momento, o LAMPIÃO não foi distribuído aqui?
pouco lisonjeira pos homossexuais, segundo me sugestão: a publicação de uma reportagem sabre
Sugestão: uma revendendora adequada para ele é
são muito preconceituosas e cheias de tabus. E pareceu, acho que eles não responderiam mes- :i Village People. o mais guri dos conjuntos norte-
ainda por cima, pertenço a uma congregação a Livraria Atlântica - dituada na Avenida Ana fli (5'.
Costa, no Gonzaga, ftsoda área guri santista. americanos, do qual sou lã. Desejando sucesso no
religiosa, dai a minha situação cntica. Sou muito Ftecentemente, indo a São Paulo, si oLampa
Processo que está sendo movido contra vocês.
Apesar de não freqüentar assiduamente os am-
ii n ti do. por isso não tenho muitos amigos. Os numa banca de jornais da Rodoviária, n9 13,
meu abraçode solidariedade.
poucos que lenho não sabem que sou siado. E se bientes gueis daqui, conheço todos os locais, ees-
comprei-o imediatamente e ali mesmo,
Alberio - Brio Hi'ri,onts'
tou à disposição de vocês para fornecer o roteiro.
sotibereni. a amizade morre, pois Curitiba é uma naquele cenário cafonérrimo e carnas'alesco que
Um abraço do H. - Estamos preparando uma matéria
cidade prosinciana. Estou lhe escrevendo para lhe é a rodoviária das paulistas, em meio -a horrorosas
Roberto Brando - Santos. quentíssima s obre o Viflage, Alberto, aguarde.
pedir ajuda Se kisse prr.sivl me mandar por car- flores de plásticiie bandeiras (enormes) do Brasil.
R. - Tal, Rober*fnho, uma boa: sansos o.. Sabia que a última música deles, In Lhe Navi' (na
ta tx, endereços de algumas poisou', que são li-o todinho, até as anuncias, c."grande integesse,
bonnasexuais alisas ou pasos para que eu pos- trar em contato com o pessoal da Livraria Atlân. Marinha), apesar das evidentes alusões gueis, foi
Gostei. Acho que e a nossa bandeira, a nossa
sa ler csiliI quem me abrir. Eu disse que não as- para fazer LAMPIÃO desembarcar em San- adotada pela Marinha norte-americana em suas
tribuna ae luta, nosso porta-vor, sei lá, contra a
sino o jornal por precaução, mas agora passarei a tos. E para que Isso aconteça • todo vapor, vamos repressão, a discriminação. o precninceito, a per- solenidades? Quanto aos números atrasados, ésó
compra-lo sempre nas bancas. menos arris- transar o reoleiro guei da cidade, OK? Você noit seguição e até contra a rporte sob todos os aspec- mandar pedir pelo reembolso postal, que a gente
cado. Se souber do endereço por carta de algumas manda, e a gente publica no n0 16, já com e tos, de que somas vilimds em quase todo o mun- envia imediatamente; você sã paga quando re-
T.
ceber. nos correios dai.
pessins daqui de Curitiba e me ensiar, muito
grato ficarei. NISSEI. 27 anos, quer reconhecer
Estou com 30 anca. A última relação que tive 1 pazes brancos e negros, até 25 anos, dis-
foi quando tinha li ou Its anos. Depois, por medo cretos, de São Paulo. para trocar idéias e al- VICTORIA KUHN arquiteta.
e por estar nuns ambiente repressivo, nunca mais go mais. José: Caixa Postal 42697, CEP Avenida lua-ema, 533, apto. 44, Moem, -
fui capai de chegar ate sitis cara e pedir a ele que Lo' - São Paulo - SP,, SP, Fosses 521-0999 (recados).
me tomasse, e assim sou até agora. Por isso, tais
endereços muitopodenani me ajudar. Ah. sim! Ia
nie esquecendo... Se pudesse enviar-me uma ou CURSO DE ARTE: Atenção, Em Vitória, todas as
povo guei! Artista e professor de
algu iia fotos 'si poulers de homens nus. fi- semanas, a dica é: - HÉLIO 1. DALEFI - módico ho.
clínico geral. Rua José dai
carei lo,'; i grai . , i'ssleria ser pelo reembolso, se longa experiência organizou em nseopata -
não for perigoso cair em mãos estranhas. Neves, 89. Fone 521-0999 - planalto
seu ateliê um curso de desenho e
M.rajo.ra (pela Avenida Interlago., até
Carlos N -Curitiba. pintura para pessoas interessadas
em desenvolver seus dotes anis-
Posição frente Café Solúvel Dosalnium), São Paulo
- capital.
R - Chli, ('arfo., voei está está precisando
ticos. E ele sabe que, por sua sen-
de uma reforme geral. Tã pensando tudo ao con-
trario! Claro que Curitiba é uma cidade repres.
sibilidade, todo guei ê um artista Um /orna! de jornalistas
aba, mas tem multa gente aí remando contra isso,
em potencial. A primeira turma ;à
e tentando transar numa boa. Traie de se engatar
está completa. A segunda inicia as
que depende do leito,'. Studyo Twenty Four-O
nessa barca-maravilha! Você tem olho para que?
aulas noturnas em 15 de julho. Ins- Faça a sua assinatura:
Não é para ver? Se é, olhe em torno e sinta: as
crevam-se á! Rua lpiranga, 46, anual, Cr$ 500,00; Boire- Discotlze que
pessoas como voei estão a mii, todas querendo se
comunicar. E você fica fechado nesta sua timi.
tel. 225-0484, no Rio. Horário semestral, Cr$ 300,00. Sho,s' . 3 a 451, 651.
Domingo
e
de,? Se vot-è ache que ('urlilba é tua prisão, que
comercial. Mande vale postal ou
ai voei não tem saida, então .trate fugir dai.
cheque nominal para às 00h30m.
FI, I J.,t! Mas as viver sua vida, menino! Ter um
membro guel nunca foi uma tragédia fatal pare as
Edições do Leitor Sábado . Diseotheque
famílias.- t elis lacem caras e bocas, mas no fim
Ltda. - Caixa Postal
e as congregações religiosas... Vou te
contar! Voei deve ser míope ou coisa parecida. E
LAMPIÃO 1500 - 29000
Direção de Renata
Rua das Palmeiras, 240
essa historia de poste,, ou fotois de homens nua,
Isso não te com nada. Quanto a endereço., a gen-
Assine agom Vitória, Espírito Santo São Paulo
.i)U e LAMPLAO da Esquina
** Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da diversidade
*1.
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE
CARTAS
NA MESA
LAMPIÃO que é bravura, porque combate, várias vezes a sua carta. E chorei feito criança na
Argentina cruel ataca, guerreia impávido na luta pela conscien- primeira e segunda ver que li. Me sensibilizou a
dições de realmente se curtir numa boa.
Quanto ao roteiro do lugar onde estou no
tização e pela aceitação de uma realidade xss- maneira como você descreve o que sente. Sabe, eu momento (de passagem, graças a Deus) - Pi-
Pois é, gente, recebi hoje um exemplar do purcada pela ignoráncia humana. LAMPIÃO sou estudante de Comunicação, não sou honsos-
LAMPIÃO que um amigo meu ai do Rio me racicaba, SP, infelizmente desconheço, porque
que é luminosidade porque aclara os nossoa ín- sexual, mas scsi gente como você é. Gostaria de aqui são todos enrustidos. tanto" menin(W* como
mandou. Eu iô morando aqui. em Buenos Aires. timos e nos faz enxergar límpida a verdade que é dizer-lhe mais, mas todas as palavras nesse
desde março último. E as coisas que lia a respeito "meninas"; com exceção de uma "maravilhosa"
a realidade, tão mesquinhamente obnubilada, momento não serviriam de consolo maior do que corajosa chamada Madalena, que realmente é o
daqui são " café pequeno" em relação ao que vejo. posta em trevas, dentro de nossa civilização car- você saber que um pensamento amigo lhe foi
Puta que pariu, que lugarzinho é Bs. As.; não há único (a) que se assume e enfrenta a decadente
comida e apodrecida pelos conceitos vigentes. dirigido. Mas mesmo assim eu tento, necessito lhe burguesia local- Acha que é tudo, por enquanto.
lugares gueis - ou melhor, havaun dois um era Agora, graças a vocês, já nos orgulhamos por- dizer Isso: de que vale viver se não temos algo pra
um barzinho (conli*eria)dsamadoÕrcm (acho que recordar? O que vale viver uma vida inteira se não Meu abraço a todoopessoal do LAMPIÃO, e até
que nos sentimos os privilegiados que somos: o mais,
era isso), e lá se reunia t&lo o pessoal suei mais MUNDO GUEI!!! E privilégio não pode ser- temos algo pra recordar? O que vale viver uma
distinguido. Um dia (ou melhor, uma noite) eu Knsjy - Piracicaba, SP.
maioria, porque assim não seria privilégio. Essa é vida inteira se não se amou ou foi amada? O que
estava com Luika, minha cadela algã (que, não
sei porque, detesta cachorros, e só fica contente
a realidade. A vocês, meus irmãos, meus heróis, o
testemunho de minha adesão e total admiração
vele, Cacá, é que você teve e tem tudo isso. Um
abração.
Viva o "Versus"!
quando tem outro fêmea pra brincar. Tanto que incondicional. Nós todos, homossexuais brasi- Soninha—Rio Companheiros do jornal LAMPIÃO: o jornal
vai fazer três anos e nunca deu), e de repente leiros, precisamos de vocês. Obrigado por tudo is- Versus deixa expressa a sua solidariedade aos
chega a policia, lesta todo mundo em cana e fecha so que vocês são para nós. Viva o mundo guri! companheira do jornal LAMPIÃO, que vêm
o dito cujo bar alegando "atentado á moral e aos
bons costumes". Não sei como podem alegar tal
Mil beijos e abraços em vocês. Piracicaba news sendo alvo de ataques pela órgãos de repressão,
que visam, antes de mais nada, fazer com que
Jota ElIe - Recife. - Fiquei contente de finalmente ter algo so-
coisa, se as bonecas daqui não dão pinta. Tanto mais um jornal da imprensa independente deixe
R. Deus docên, Jota FIlei Será quea gente bre "entendidas" no LAMPIÃO, do qual sou de existir. Também nós passamos por toda esta
que a bicha mais bicha daqui, quando chega no é mesmo tudo Mso7 Vamos ser um pouquinho admiradora pela seriedade com que coloca os as-
Rio, pensam que é macho (pelo menos no pri- experiência, e sofremos todos os tipos de agres-
mais modestos: LAMPIÀO é apenas o veículo suntos, transmitindo a visão correta dos mesmos
meira semana). são, que culminaram no confisco de nossos livros
através do qual nós divulgamos a nossa lorma es- sem as distorções costumeiras. Porém, quantoao fiscais. Por isso, não nos enganamos. Tal subter-
O ouro lugar era El Pato, uma boate tipo"Le pecifica de esforço humano. O reconhecimento e artigo "Viva São Paulo — um roteiro para
Tabu" com pretensões a "Zig-Zag" (a. ra são fúgio nada mais é do que uma forma mais sofis-
a aceitação de que esse esforço é Igual • qualquer mulheres", considero válida a "força" que o ticada e menos "escandalosa" de violar um dos
duas essas noturnal do Rio). Ficava numa eslle outro é o único caminho através do qual cite-
meio escondida, e só funcionava porque tinha um LAMPIÃO dá às "entendidas", mas segue uma mais legitimes direitos de qualquer cidadão: o
garemo. ao progresso. E Isso que o jornal tenta critica ao roteiro, ou melhor, aos lugares apresen- direito de livre expressão e o direito que todos os
dono que era comandante (ou algo assim) da dizer ao homossexuais. No mais, os que faze-
Policia Militar; era um clube fechado para ho- tados. Sou de São Paulo e conheço todos os lu- setores oprimidos da sociedade possuem de se
m LAMPIÃO são pessoas comuns, que adoram gares citados e, para as mais "desavisadas" ou manifestar e organizar.
mens. Na semana passada a policia parou na por- ser tratadas assim; nada de esirelismo.. Claro, "turistas", não recomendo nenhum, a menos que
ta com dois ônibus e levou mais de cem pessoas quando alguém nos elogia como você, a tendência Da mesma forma, ainda que com atraso, jun-
presas, inclusive o dono. lutem Karatê (faixa preta). Por uma questão de tamos o nosso repúdio à acusação de "ofensa á
é a gente ficar cheio de sento, Inflar como um ética e respeito à "classe" não entrarei em moral e aos bons costumes", que pesa sobre
Aqui não tem liberdade pra bosta nenhuma. balão, mas sempre tem alguém com um alfinete maiores detalhes; cada um, conhecendo os lu- LAMPIÃO, e somamos nossos esforça aos de
E o pior de tudo é que 60% das pessoas são en- em punho (gerslmenleés Rafada Mambaba) pra gares citados, que tireS suas próprias conclusões.
tendidas, 30% adoram fazer, e 10% não fazem vocês, na defesa de lodosa direitos democráticos
acabar com Isso. Obrigado, tá? Acho ainda que os lugares gueis não devem e de liberdades de imprensa, bem como no
porque têm medo. AI vocês me perguntam: que
rarajo tou fazendo aqui? Isso é uma outra his- ser exclusivos para "meninos" ou "meninas" e trabalho de denúncia ampla, a toda a população
tória. E que no carnaval conheci uma pessoa ai no Recado a Cacá sim, comuns a entendidos em geral. Devem tatu- brasileira, de todas as escaramuças utilizadas
Rio, que é daqui (por sinal, uns duque), e foi bem manter a — Classe. a (messe" (classe é classe, pelos órgãos de repressão e pelo Governo bra-
amor é primeira vista (ou segunda, não me lem- Quero dar um alô, por meio dessa seção, a né, amiga... em qualquer lugar) por exemplo, sileiro parq fazer calar a vos da imprensa inde-
bro. E agora fico aqui até janeiro, quando vol- Cacá Ida carta que foi publicada no n9 14, página como a boate Medieval, que embora faça parte do' pendente no Brasil. Saudações socialistas.
tamos a viver no Rio. Um aviso pros amigos: vir 18). Não poderia deixar de escrever, pois li e reli "roteiro doa meninos", é o único lugar em con- Equipe Versus - São Paulo.
pra Argentina, nem morta! E uma pena queoSky
Lab tenha ido cair tão longe...
U. R. N. - Buenos Aires.
R. - A Gente ti sabendo do sufoco que o
povo guel ii passando na Argentina. U. de ver
Car,a voc. t;.e 0" -Ciao! Per et 'vv 'sora
em quando nos chegam notícias de lá, denúncia,,
mc... O que se pode esperar de u pais que treses
formou o machismo em Ideologia nacional? A
resistência dom hosnos,exuali à repressão na Ar- v
5' .,
gentina é uma página épica da nossa hlstôrla, que a:-', g
merece ser contada. Manuel PuIg deu uma pa-
linha em seu livro, "El Besode Ia Mujer Araóa";
Mi, é preciso multo mais pra descreve, todo este
honor. Agora você si a Anlitia Internacional
ÀW
nem se toca quanto a luoq é predio entregar os
cadáveres dai bichas esquartejadas nos narizes
dos chamados "grupos progressistas", para que
elee, se cousdenllxeni de que a repressão aos
homossexuaistambém é uma coisa criminosa,
também á um atentado aom direito. humanosi
. . ? . .
Sempre que puder, nos mande nadeis dai, que a
gente publica.
Comendo LAMPIÃO
Todos os meses, ao adquirir o LAMPIÃO,
não consigo fazer outra coisa enquanto não
devoro o jornalzinho. E uma coisa incrível a força
que ele tem de nos envolver e açambarcar
nossa atenção. E devoramos tudo com "fome
canina", fome de piranha. E deixamos tudo, até
que deglutimos a última letra. E olha que eu
tenho três titula universitários, cultura geral e
enorme, viagens à Europa, piano clássico. ópera
(sou tenor lírico) e artes em geral, fora os meus 40
anos. Não sou, portanto, um adolescente ou
colegial facilmente entusiasmável,
Vocês estão se tornando verdadeiros deuses
para nós, porque vocês estão dando colorido
í
às nossas vidas. A história dos nossos dias do
homossexual brasileiro poderá ser contada em
duas etapas bem distintas, muito bem distintas,
antes e depois (a partir...) do jornal LAMPIÃO.
Faça de • Desejo receber uma assinatura anual de
Esse trabalho de conscientização q"e vocês fazem 1 LAMPIÃO da Esquina ao preço de Cr$230,00.
no Intimo do homossexual brasileiro dá-nos uma
idéia da importência incalculável do trabalho,
LAMPIÃO 1
1 Nome
abençoado de vocês na nossa vida. É como se, de
repente, surgisse dentro de nós uma aurora
boreal, uma alegria imensa de viver, porque a da Esquina Endereço
partir de agora não mais carregamos a maldita
pecha de "ser" ou "não ser", mas iluminados por
dentro com a luminosidade fulgurante deste o seu jornal. i CEP Cidade Estado
acesissimo lampião, soterramos os escombros das
ignorâncias generalizadas e dos preconceitos
pútridos, vigentes na sociedade, para sobrevoar- ../,s siiie agora, Er'.',.i' . i'.:':,:I
[drJ 1 Esquina -- Edilora
mos gaudiosos. sorridentes, felizes, seguros de de Li'.ru '.s, JCI)rnals e Ae''i;LLdd. - Caixa Postal
nós mesmos e alcançarmos pleno vós no céu da 41031 — Santa Teresa - Rio de Janeiro-RJ CEP 20241
nossa felicidade, iluminados e aquecidos por este
sol que é LAMPIÃO.
página 19 LAr1P(ÂQ de Esquina
** Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da itivc'r',iduds'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDItDE
Venha passar AÍ -iF-A-MÍLIA UNIDA
uma noite, com (Ou, como costumavam dizer nossos
genitores, "tal pai, tal filho")
Darcy Penteado
e
Aguinaldo Silva
Eles vo autografar
seus novos livros,
TEOR EMAMBO e NO
PAiS DAS SOMBRAS,
dia 30 de agosto, a partir 'Papai e mamfte me deram muitos ciselhos... • "Ser travesti, meu filho, ã uma coisa teMvell" -Mas eu já tomei a minha decisão.,.
Foi que eles medjazeram.,.
das 21 horas no
The Club
Travessa Cristiano
Lacorte, 54 (é uma o.
o
transversal da Rua "o r
L
Miguel Lemos), em
Copacabana.
Não perca: batidi- Vou carregar a minha cruz até o fim... Ë isso que eu vou dizer a eles... • . . Priineirü a mamãe; talvez ela me
compreenda melhor',
nhas, música, bom
papo e muita gente boa
(LAMPIÃO g arante). E
nada daquelas festas
caretas de autógrafos
que se costuma fazer
por aí: vai ter alegria,
mesmo.
- Meu filhinho! Então você se decidiu?
Vamos falar com seu pai...
... Veja querido: noso filho resolveu assumir - O que? Só espero que ele não peça a minha
pele de raposa emprestada
*)
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APPAD 1-4,
i
da parada da dIvvTId.Idr
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