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O TDAH não e uma invenção da humanidade

Ao participar do último congresso Internacional sobre O Transtorno de Déficit de Atenção


e Hiperatividade, realizado nos últimos dias no Rio de Janeiro/Brasil, pude realizar
algumas reflexões sobre o estudo do tema. Alguns aspectos discutidos durante o
encontro chamam atenção, principalmente em relação a necessidade de conscientizar as
pessoas sobre este transtorno, até porque atualmente corremos o risco das pessoas
tratarem o TDAH como algo comum, banal, ignorando ou supervalorizando as suas
conseqüências.

Inicialmente gostaria de ressaltar que o TDAH (como comumente é conhecido) não é


uma invenção da modernidade, pelo contrário, as primeiras descrições datam de 1902
quando um pediatra inglês, denominado George Still apresentou casos clínicos de
crianças com alterações do comportamento que, em sua opinião, não poderiam ser
explicadas por falhas ambientais ou educacionais.

Atualmente, o TDAH tem sido amplamente estudado e pode ser caracterizado como um
transtorno neurobiológico de origem genética de longa duração. Isso quer dizer que o
indivíduo nasce com este problema e que o mesmo pode apresentar comprometimento
em vários setores da vida e se caracterizar por três grupos de alterações assim
denominadas, hiperatividade, impulsividade e desatenção. (DSM-IV)i

Quando pensamos em uma pessoa hiperativa a primeira imagem que podemos ter é de
uma pessoa inquieta, mexendo-se constantemente, revirando-se o tempo todo, mas a
hiperatividade pode ser percebida através de outros comportamentos como, por exemplo,
fala em excesso. Em indivíduos adultos, são comuns os relatos sobre “uma sensação
interna de desconforto” mas o que é bastante comum é que estes indivíduos mostram-se
o tempo todo ocupados, organizando várias atividades ao mesmo tempo, sem conseguir
completar muitas delas.

Já a impulsividade pode ser entendida como a resposta automática e imediata a um


estímulo. No caso do indivíduo que apresenta TDAH, ele tem dificuldade para controlar e
inibir tais reações. Pode ser observada pela apresentação de diferentes comportamentos,
como, dar uma resposta sem escutar, ter dificuldade para esperar a vez quando está
brincando, intrometer-se nas respostas das outras pessoas, ter reações súbitas e
explosivas, etc. Costumamos dizer que estas crianças “agem sem pensar”, de “supetão”.
Isso não significa dizer que elas não percebam seus comportamentos e as
conseqüências dos mesmos, porém tem uma dificuldade muito grande para controlar
suas atitudes. Geralmente, estes comportamentos estão operacionalizados no ambiente
em que o indivíduo esta inserido e, a medida que o tempo passa, tais respostas passam
a ser cada vez mais elaboradas e refinadas. Quando a pessoa não aprende a controlar
seus comportamentos e a apresentar respostas mais adequadas em relação às
demandas do ambiente, com o tempo, pode ter sérios problemas de conduta.

Já em relação à desatenção, a dificuldade pode aparecer de diversas formas: dificuldade


para manter-se em atividades que exigem concentração como, ler um livro ou manter o
“fio da meada” em uma conversa. Geralmente, as pessoas pensam que a principal
característica da desatenção é a falta dela. Pelo contrário, estes indivíduos mantém a
atenção, mas apresentam dificuldades para “filtrar as informações”. É como se
prestassem atenção em tudo, o tempo todo. Como se a mente da pessoa não tivesse um
filtro e qualquer estímulo fosse importante.

É somente quando o indivíduo apresenta os três conjuntos de comportamentos que


costumamos dizer que ele apresenta este transtorno. É importante lembrar que ele tem
que se comportar desta forma em todos os ambientes em que estiver inserido, em menor
ou maior intensidade. Existem ainda três subtipos de TDAH. O primeiro é denominado
predominantemente hiperativo⁄impulsivo e o nome já diz tudo: prevalece a hiperatividade
e a impulsividade. O segundo tipo é denominado predominantemente desatento e, neste
caso, pode ser observado, com maior freqüência, os comportamentos desatentos. O
terceiro subtipo é o misto, caso em que as crianças e as famílias encontram as maiores
dificuldades.

Um grande cuidado é necessário para que, em um processo de avaliação, não sejam


avaliadas somente as topografias dos comportamentos. Isso nos leva a incorrer no risco
dos rótulos ou até mesmo nos diagnósticos “furados”. É muito importante que pais,
professores e outros profissionais aprendam a avaliar a função de cada um destes
comportamentos e o contexto em que cada um deles ocorre.

O principal meio de atuar diante destas dificuldades é procurar um profissional


capacitado para que seja realizada uma boa avaliação, até porque o TDAH pode ser
confundido com outros problemas como: situações familiares desfavoráveis, dificuldades
sensoriais como a diminuição da audição, uso de medicamentos ou até alterações
tireoidianas, que podem levar o indivíduo a apresentar inquietude ou desatenção.

Uma boa avaliação conta com uma equipe interdisciplinar. O médico realizará os exames
clínicos e o psicólogo as avaliações comportamentais. A intervenção tem sido centrada
na necessidade, tanto da criança quanto do adulto, conhecerem o transtorno, realizando
análise funcional de seus comportamentos e aprenderem estratégias que facilitem a
administração do cotidiano. O professor também pode ser um grande aliado uma vez
que, com o devido conhecimento pode adotar estratégias de ensino capazes de
favorecer o aprendizado dessas pessoas.
Este texto foi elaborado pela Psicóloga Kellen M Escaraboto Fernandes, embasada no material
distribuído pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

Kellen, M Escaraboto Fernandes, foi professora da Educação Infantil e encantou-se pelo


desenvolvimento das crianças. Querendo entender melhor como elas pensavam e aprendiam,
buscou uma graduação em Psicologia. Nos últimos anos de faculdade iniciou os trabalhos
como Psicóloga Escolar. Aprofundou-se em Educação Especial, Psicopedagogia, em Psicologia
Comportamental e sua última formação foi em Neuropsicologia. A escola a levou à clínica e,
durante 16 anos, atua nessas duas instâncias, além de trabalhar como educadora na
graduação e na pós-graduação, contribuindo especialmente para a formação de professores e
futuros psicólogos. Também assumiu o desafio de assessorar escolas e contribuir com a
formação de professores, pois acredita que nasceu mais que psicóloga; uma pessoa que ama
estar com outras pessoas e contribuir para que elas sejam mais felizes!

i
Verificar no DSM-IV os critérios listados para cada um dos sintomas descritos e verificar as taxas de
prevalência para categorização e diagnóstico

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