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Descartes é um filósofo francês. No entanto, quase toda a sua vida adulta foi passada na Holanda. Não viveu muito;
em compensação, teve uma vida incrivelmente preenchida. Ainda que tenha vivido com uma certa discrição,
foi um filósofo comprometido com as mudanças científicas e filosóficas do seu tempo, de que é um dos autores.
Descartes era dotado de um talento versátil: escreveu sobre fisiologia, física, astronomia, álgebra e geometria.
Nestas duas últimas disciplinas, o seu trabalho faz parte do património da matemática. Gostava de experimentar
e pensar pela sua própria cabeça. Por isso, um dia, quando lhe pediram que mostrasse a sua biblioteca, tenha
destacado, como exemplar, uma vitela parcialmente dissecada. Além de talentoso, Descartes era prudente.
Sabendo da condenação de Galileu por este ter defendido a teoria heliocêntrica, fez regressar a tempo à gaveta
um tratado científico intitulado O Mundo, em que sustentava a sua aprovação do sistema heliocêntrico.
Descartes foi um filósofo original e é justo vê-lo como o fundador da filosofia moderna. Talvez mais do que qual-
quer outro, foi um dos autores da operação delicada em que consistiu a passagem da cultura filosófica medieval
para a moderna. O seu projeto filosófico foi, na verdade, o de levar a cabo uma reforma geral do entendimento
humano, que considerava indispensável para qualquer atividade intelectual, desde a filosofia e a ciência à reflexão
moral. Apesar de todo o seu cuidado ao realizar essa operação delicada, não escapou à acusação de difundir
o ateísmo. Os seus livros foram censurados e passaram a fazer parte do Índex pouco depois da sua morte. Como
filósofo racionalista, Descartes atribuiu um papel muito importante às nossas capacidades racionais na aquisição
de conhecimento. Mas é errado pensar que tal implica qualquer desprezo pela experiência, a que, aliás, recorreu
sempre que achava necessário.