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06/01/14 Folha de S.

Paulo - Opinião - Debate sem censura - 05/01/2014

Henrique Meirelles

Debate sem censura


Entramos em 2014 com o noticiário carregado pelo debate eleitoral antecipado por
governo e oposição. É a oportunidade para travar um bom debate sobre como
assegurar nos próximos anos as taxas de crescimento prevalentes na década
passada. Mas traz também o risco de o debate econômico ser dominado totalmente
pelo debate eleitoral.

Há hoje peculiar convergência entre partes divergentes na análise das razões do


crescimento da década anterior e o papel da situação econômica internacional.
Interessa a muitos, por razões opostas, atribuir à economia internacional a forte
expansão da década passada ou o baixo crescimento atual. Outra distorção
conveniente é apontar a implementação de um modelo de incentivo ao consumo e o
boom das commodities como responsáveis pelo crescimento de 2003 a 2010. Os
fatos, porém, divergem das versões.

Os termos de troca (valor médio das mercadorias exportadas pelo Brasil) começaram
a subir o suficiente para influenciar a economia a partir de 2006/2007, e o boom
ocorreu em 2009/2010, após as medidas anticrise adotadas por outros países.

Foi o forte ajuste monetário e fiscal a partir de 2003 que estabilizou a economia e
estabeleceu condições para a expansão econômica. A estabilidade propiciou a alta do
crédito e do investimento, deprimidos pelos anos de instabilidade (monetária, fiscal e
cambial). O desemprego elevado proporcionou mão de obra à economia em
expansão.

Nos primeiros anos, o câmbio desvalorizado beneficiou as exportações de


manufaturados, até que o impressionante aumento dos saldos comerciais, do
investimento e da credibilidade da política econômica ocasionou gradual valorização
do real.

Este ciclo durou até a crise de 2008 e 2009, quando houve, aí sim, a primeira mudança
importante de modelo no período, com uso de política fiscal para estimular o consumo
e avanço dos bancos públicos. Importante notar neste contexto que todas as medidas
monetárias e cambiais adotadas pelo Banco Central em 2008 e 2009 foram revertidas
já em 2010, com normalização da liquidez e da política monetária.

A compreensão correta de eventos fundamentais e tão próximos temporalmente do


debate atual é essencial para a recuperação do crescimento. Por isso é preciso neste
momento travar o debate econômico baseado nos fatos, independentemente do
debate eleitoral, que passa pelos temas econômicos com distorção natural e inevitável.

A manutenção da realidade histórica no conhecimento coletivo é fundamental para


traçar o rumo de uma política econômica que restaure o nível de crescimento e leve o
Brasil a patamar compatível com o potencial do país.
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06/01/14 Folha de S.Paulo - Opinião - Debate sem censura - 05/01/2014

HENRIQUE MEIRELLES escreve aos domingos nesta coluna.

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