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11. O MITO DA CAVERNA PROJETADO NO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO: A


ESCRAVIDÃO TECNOLÓGICA

Article · July 2014


DOI: 10.17793/rdd.v4i6.651

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Revista Di álogos do Direito
http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/dialogosdodireito/index
ISSN 2316-2112
 
DOI:  http://dx.doi.org/10.17793/rdd.v4i6.651
11. O MITO DA CAVERNA PROJETADO NO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO:
A ESCRAVIDÃO TECNOLÓGICA

11. MYTH OF CAVE DESIGNED BY THE BRAVE NEW WORLD:


SLAVERY THROUGH TECHNOLOGY

Celso Augusto Nunes da Conceição1


Valdnei Martins Ferreira2

Resumo: O Mito da Caverna, de Platão, foi escrito no século IV a.C.


com a finalidade de evidenciar a forma como o povo é escravizado
sem que perceba o que realmente está acontecendo, mas acenando
para libertação. Com uma roupagem evolutiva, Aldous Huxley
escreveu, no séc. XX, a obra Admirável Mundo Novo, desenvolvendo
o caráter futurista pelo benefício que o avanço científico provoca no
povo, condicionando-o a contemplar as suas admiráveis maravilhas. O
cotejamento entre essas duas obras propicia a projeção da parábola da
caverna no processo tecnológico mais amplo, em que o propósito do
controle da estabilidade social pelos governantes é atingido. Aplicado
aos dias de hoje, o mercado cria necessidades atrativas na população,
sendo grande parte delas as famosas mídias: celulares, tablets,
internet, redes sociais, etc. O resultado é devastador em termos de
educação porque o uso do condicionamento3 evita que o indivíduo
acesse os livros e com isso impede-o de refletir sobre as informações
neles contidas, ou seja, é a escravidão tecnológica de forma
subliminar.
Palavras-chaves: condicionamento, escravidão, tecnologia

Abstract:
The Myth of the Cave, Plato, was written in the fourth century BC in
order to highlight how the people are enslaved without realize what is
really happening, but waving to release. With an evolutionary mode,
Aldous Huxley wrote in the century. XX, the book Brave New World,
developing the futuristic character of the benefit that scientific
advancement has on people, conditioning it to contemplate its
amazing marvels. The examination between these two works provides
the projection of the parable of the cave in the broader technological
process, where the purpose of controlling the social stability is
achieved by governments. Applied to the present day, the market
creates attractive needs in the population, most of them being the
famous media: mobile phones, tablets, internet, social networking,
etc.. The result is devastating in terms of education because the use of
conditioning prevents access individual books and thus prevents it
from reflecting on the information contained in them, that is,
technological slavery subliminally.
Keywords: conditioning, slavery, technology

                                                                                                                       
1
Professor das disciplinas de Português Jurídico e Direito e Linguagem no Cesuca, Mestre e Doutor em
Linguística Aplicada na PUCRS. E-mail: celsus@terra.com.br  
2
Professor da disciplina de Português Jurídico no Cesuca, Mestre em Linguística Aplicada na UFRGS
3
Termo da ciência behaviorista, que será melhor explicitada no artigo. E-mail: val@cesuca.edu.br  
Rua Silvério Manoel da Silva, 160 – Bairro Colinas – Cep.: 94940-243 | Cachoeirinha – RS | Tel/Fax. (51) 33961000 | e-mail: cesuca@cesuca.edu.br  
154  
REVISTA  DILÁOGOS  DO  DIREITO  v.4,  n.  6,  jul/2014
   

1. Introdução

Diante do avanço tecnológico por que passa o nosso planeta, com reflexos
visíveis em todas as áreas do conhecimento, a relação homem e ciência acelera o
processo de dependência sem que a sociedade tenha tempo para pensar no que está
acontecendo. A palavra que representa essa situação não poderia ser outra: escravidão.
Mas isso não começou com a tecnologia, só se agravou. Por quê? Por que a escravidão
ou o seu agravamento? Na verdade, essa ambiguidade foi provocada propositadamente
para que as reflexões já começassem a ser suscitadas.

A escravidão é uma prática que pode ser gerada dentro de uma sociedade ou
entre elas, ou seja, pode ser um homem que é a propriedade de outro dentro de uma
comunidade ou uma determinada sociedade se subjugar a outra. Somente a primeira
será tratada neste artigo porque o importante será a condição de subserviência pessoal
em relação àqueles que detêm a sua posse. E para começar esse estudo, necessário
buscar os proeminentes filósofos gregos, que tanto têm contribuído para o
conhecimento humano desde as suas primeiras reflexões sobre praticamente tudo o que
sabemos hoje, como também as experiências utópicas baseadas na ciência.

Tanto o Mito da Caverna,4 de Platão, como o Admirável Mundo Novo, de


Huxley, têm a escravidão como ponto de convergência em suas obras, mas há uma
diferença substancial: servidão involuntária na primeira e voluntária na segunda, o que
será apresentado a partir do histórico de cada uma delas, as obras.

1. Sobre o Mito da Caverna5

Essa parábola está inserida na obra A República, escrita no século IV a.C.,


através dos diálogos que o filósofo Platão6 escreveu a partir das reflexões do seu mestre
Sócrates, que não deixou nada escrito. Importante destacar algumas afirmações que
garantem ser Sócrates pobre e iletrado, inclusive que ele não teria existido. Comprovou-
se a sua existência, mas não a data precisa de seu nascimento. E mais: realmente era
pobre, contudo sabia ler e escrever (MARCONDES & JAPIASSÚ, 2006, p. 256-257).

                                                                                                                       
4
Está inserido na obra A República, um dos vários diálogos de Platão.
5
Mesmo existindo outras expressões como alegoria da caverna e parábola da caverna, optou-se pela
expressão mito por ser mais conhecida e melhor entendida nos meios acadêmicos, mas seus sinônimos
são utilizados no corpo textual do artigo.
6
Foi mestre de Aristóteles.
  155  
 
   

Então por que não deixou nenhum registro gráfico? Simplesmente porque entendia que
ideias deveriam ficar no cérebro e não fora dele.

Apesar de o autor Platão ter escrito o livro, a relevância desse mito está na figura
do protagonista Sócrates em função de suas brilhantes intervenções a respeito dos
assuntos que os seus amigos filósofos apresentavam a ele.

1.1 Preâmbulo socrático

A vida de Sócrates7 é contada por seus dois discípulos: Xenofonte, em suas


Memorabilia, e por Platão, em dois de seus diálogos: Apologia de Sócrates e Fédon.
Filho de pai escultor e mãe parteira, nasceu em Atenas, tendo recebido educação
tradicional para ler e escrever a partir da obra de Homero8. Conhecia as doutrinas
filosóficas antigas e contemporâneas, participando ativamente do movimento de
renovação da cultura empreendida pelos sofistas, combatendo-os em seus princípios, e
da vida da cidade como um todo, que estava tomada por uma desordem intelectual e
social.

Por sua competência no desenvolvimento dos diálogos, principalmente em


função do uso de sua maiêutica9, foi convidado a fazer parte do Conselho dos 50010. Sua
atuação está descrita por MARCONDES e JAPIASSÚ (2006, p. 257):

(...) manifestou sua liberdade de espírito combatendo as medidas que


julgava injustas. Permaneceu independente em relação às lutas travadas
entre os partidários da democracia e da aristocracia. Acreditando obedecer a
uma voz interior, realizou uma tarefa de educador público e gratuito.
Colocou os homens em face da seguinte evidência oculta: as opiniões não
são verdades, pois não resistem ao diálogo crítico. São contraditórias.

                                                                                                                       
7
Como já foi citado acerca de seu nascimento, tem-se o período aproximado de 470-399 a.C.
8
Foi um poeta épico da Grécia Antiga que escreveu os poemas Ilíada e Odisseia. A sua existência
também é questionada no meio filosófico.
9
Palavra de origem grega que significa ‘ciência ou arte do parto”, sendo uma alusão à profissão de sua
mãe, que era parteira; e por extensão, é o 'método de Sócrates de ensinar, de tal modo que as ideias
fossem paridas no curso do diálogo' (HOUAISS, 2009); método filosófico que consiste em questionar
seus interlocutores fazendo-os entrar em contradição para perceberem sua ignorância. Com esse
reconhecimento, parte para descobrir, pela razão, a verdade que está neles mesmos. No diálogo Teeteto,
Platão mostra Sócrates definindo sua tarefa filosófica por analogia à de uma parteira, sendo que, ao
invés de dar à luz crianças, o filósofo dá luz às ideias. (MARCONDES e JAPIASSÚ (2006, p. 175)
10
Uma vez por ano, os demos sorteavam 50 cidadãos para se apresentarem no Conselho (Boulê) que
governava a cidade em caráter permanente. Como eram 10 demos, ele denominava-se "Conselho dos
500". Entre estes 500 deputados eram sorteados 50 que formavam a pritania ou presidência do
Conselho, responsável pela administração da cidade por 35 ou 36 dias. Cada demos era chamado,
alternadamente, a responder pelos assuntos da pólis, durante um certo período. O Conselho determinava
a pauta das discussões, bem como a convocação das assembléias gerais populares (a Ecclesia), que se
realizavam duas vezes por semana. (EDUCATERRA, 2014)
  156  
 
   

Acreditamos saber, mas precisamos descobrir que não sabemos. A verdade,


escondida em cada um de nós, só é visível aos olhos da razão.

Mas como Sócrates atuava nos diálogos a ponto de se perpetuar como referência
filosófica? Como fazia para que os que dialogavam com ele conseguissem concluir algo
que desconheciam saber? Ele era uma pessoa pública que gostava muito de conversar e
de discutir com outras pessoas. Caminhava pelas ruas e praças de Atenas com o
propósito de encontrar pessoas que gostassem de conversar e de discutir sobre qualquer
assunto do cotidiano, principalmente em relação à verdade das coisas e dos fatos. Fazia
perguntas na tentativa de descobrir se as pessoas realmente entendiam o que diziam
entender. Seu método natural de elaborar seus questionamentos criava nos seus
interlocutores o desenvolvimento de seus pensamentos para superar a sua própria
ignorância e encontrar as respostas por si mesmos. Por outro lado, também os fazia
entrar em contradição a partir de suas próprias respostas.

Esse processo dialético11de Sócrates gerou irritação no meio a aristocracia


ateniense e a primeira consequência foi o processo de acusação por três motivos:

“Sócrates era acusado de recusar o culto devido aos deuses do Estado,


introduzindo entidades demoníacas, com isso pervertendo a mocidade e
levando-a a cometer os mesmo crimes ( de ateísmo contra os deuses
oficiais), pois só assim ficaria o crime sob a jurisdição do Rei, a quem
competia a defesa da religião do Estado. O Rei recebeu a queixa, dirigiu o
inquérito e reuniu um triunal de 501 juros, que poderia condenar o réu pela
maioria de 60 vozes.

A segunda foi o julgamento em que o júri votava duas vezes, conforme Stone
(1988, p.186-187) no capítulo “Como Sócrates fez tudo para hostilizar o júri”:

Em primeiro lugar, votava-se a favor da condenação ou da absolvição do


réu. Em caso de condenação, votava-se para decidir qual seria a pena. A
maior supresa no julgamento de Sócrates foi a pequena margem de votos
que decidiu a primeira questão, a mais básica.
[...]
Por que Sócrates ficou tão surpreso com a pequena margem de votos? Esta
pergunta não é respondida na Apologia de Platão. Mas na Apologia de
Xenofonte12 encontramos uma pista. Xenofonte afirma que Sócrates queria
ser condenado, e fez o que pôde no sentido de hostilizar o júri.
Infelizmente, o testemunho da Apologia de Xenofonte é com frequência
obscurecido por uma palavra traduzida de modo errada13.

                                                                                                                       
11
 A  dialética  significa  discussão,  mas  há  distinções  de  significado  dependendo  de  quem  mais  a  utiliza:  
Aristóteles,  Hegel  e  Max.  Como  estamos  na  abordagem  socrática,  desnecessário  discorrer  sobre  esses  
filósofos.  
12
 Foi  outro  de  seus  discípulos.  
13
 Importante  ler  toda  a  celeuma  que  envolve  o  problema  de  tradução  porque  não  explicitaremos  neste  
artigo  em  função  de  o  assunto  fugir  do  foco.  
  157  
 
   

Mais adiante, na obra de Stone (1988, p.188), um pouco mais sobre o


julgamento de Sócrates principalmente por uma afirmação que se mantém até os dias de
hoje, em se tratando de julgamentos no qual a oratória faz a diferença, e que é uma
preciosidade para a área do Direito:

Xenofonte não estava em Atenas na época do tribunal. Afirma que seu


relato baseia-se no que lhe foi contado posteriormente por Hermógenes14,
um dos discípulos mais íntimos de Sócrates, o qual afirmou a Xenofonte
que insistiu com seu mestre para que este preparasse uma defesa eloquente,
porque os júris eram influenciados pela oratória. “Não vê”, indaga
Hermógenes a Sócrates, “que os tribunais atenienses muitas vezes se
empolgam com um discurso eloquente e condenam inocentes à morte, e
muitas vezes absolvem o culpado porque sua fala desperta-lhes a
compaixão ou agrada-lhes os ouvidos?”.

Foi dada a Sócrates a oportunidade de se manter vivo, mas para isso teria que
parar de fazer perguntas que levavam a reflexões e também de se retratar em público.
Como já estava decidido a morrer, irritou mais quando não aceitou a imposição do júri e
disse: Se eu me retratar, minhas ideias morrerão, então morro para que minhas ideias
continuem vivas e continuem a libertar pessoas que pensam.

Depois de Sócrates, a filosofia nunca mais foi a mesma, deixando como legado
não somente as suas ideias, mas dois discípulos que são referência até os dias de hoje:
Platão e Aristóteles.

1.2 Descrição do mito

O propósito de Sócrates é descrever a situação humana em uma parábola sobre a


ignorância e o aprendizado. Começa com homens aprisionados em uma caverna
subterrânea. Estão acorrentados pelo pescoço e não conseguem olhar para a entrada que
fica atrás deles. Estão ali desde que nasceram. Não muito perto dessa entrada há um
fogo aceso e pessoas passando atrás dele e projetando as suas sombras na parede do
fundo, onde os prisioneiros as veem como se fosse um filme. Outros homens mantêm
acesa a fogueira e cada vez que passam por ali, juntamente com grande quantidade de
outras coisas. são projetadas mais sombras ao interior da caverna. Imagens curiosas são
criadas. Os sons de fora também ecoam pelas paredes e se associam a essas sombras,
dando a impressão de que são as falas que elas emitem. Essa situação é entendida por

                                                                                                                       
14
 É  um  dos  interlocutores  de  Sócrates  juntamente  com  Crátilo,  que  dá  o  nome  para  diálogo  que  trata  
sobre  a  origem  da  linguagem.  
  158  
 
   

eles como a própria realidade vivida dia a dia. Tudo o que é externo é transformado em
realidade por essas projeções. Conversam entre si e suas vozes ecoam pela caverna
dando a sensação de que suas vozes vêm de suas próprias sombras. Mas eles
entenderiam que as suas próprias sombras é que falavam com eles? Esse é um
questionamento do próprio Sócrates em uma de suas tantas reflexões.

Sócrates fazia uso do modo subjuntivo para simular um fato ou situação irreal,
mas que fosse algo possível e desejado. Então gera a possibilidade de um prisioneiro ser
libertado, sair da caverna. Primeiramente teria de se adaptar a luz porque suas pupilas,
quando no escuro, ficavam dilatadas e agora há muita luz passando por elas. No
segundo momento, a constatação de que a realidade nada se assemelha ao que vira na
caverna. E como percebeu um novo e real mundo, quer compartilhar com aqueles
homens que ficaram na caverna a sua descoberta. Vai até a entrada da caverna e diz a
eles como é o mundo lá fora. A sua voz e a sua sombra projetada na parede não são
associadas ao seu amigo que tenta convencê-los a sair. Eles não reconhecem o seu
próprio amigo, que estava dizendo que o mundo lá fora era real e o que eles estavam
vendo eram somente sombras. Acreditam que ele voltou com problemas mentais e que,
se tentarem sair, irão ficar cegos em função de a claridade da fogueira ser intensa e não
conseguirão mais ver o mundo que entendem ser o real. Outra possibilidade para o
objetivo da tentativa de convencimento é o fato de ele estar mentindo por alguma razão.
Nem louco e nem mentiroso conseguirão tirá-los de lá.

Outra suposição de Sócrates para que eles saiam da caverna é obrigá-los, de


alguma forma, a sair. E uma das maneiras de fazer isso era pegar na corrente e puxá-los
até a saída. Será que eles aceitariam aquele homem tirá-los de lá à força? Não ficariam
furiosos em fazer algo que não querem fazer? E nós, como agiríamos?

Essas hipóteses e as consequências apresentadas caracterizam a escravidão a


que os homens estão sujeitos caso não reflitam sobre possibilidades de sair de situações
como essas. Mas o mito não termina aqui. Sócrates o criou para mostrar o processo de
uma prisão involuntária e como a sua libertação depende dele mesmo. Como? Agora
imaginando esses prisioneiros saindo da caverna. Pouco a pouco eles teriam de se
adaptar ao mundo real. Primeiro continuariam a ver as suas próprias sombras no chão,
os reflexos dos homens na água e conhecer os objetos que estão à sua frente. Ficaria
mais fácil começar a olhar para cima e olhar a luminosidade da lua e do próprio sol.

  159  
 
   

Seriam capazes de sentir a natureza com todas as suas nuances provocadas pelo dia e
pela noite. E o conhecimento do real começa a ser percebido pelos seus sentidos.

2. Sobre o Admirável Mundo Novo15

É uma obra de ficção que o autor Aldous Huxley16 escreveu durante quatro
meses no ano de 1930. Como britânico, escreveu sobre o seu país, especificamente a sua
capital Londres. Projetou-a no ano 632 d.F. (depois de Ford17) como referência a um
futuro em que seus personagens usariam as expressões Nosso Ford ou Graças a Ford
como se ele agora fosse um Jesus Cristo futurista. No artigo de Martins Filho (2003, p.
73-116), há uma passagem que retrata bem essa época:

Fordismo é um sistema de produção industrial caracterizado por: um


elenco limitado de produtos estandardizados; métodos de produção de
massa; automação usando máquinas dedicadas à produção de um
produto determinado; força de trabalho segmentada responsável por
tarefas fragmentadas e especializadas; controle centralizado; e
organização hierárquica e burocrática. (RAGGAT, 1993, p.23)

Huxley assim vai construindo a sua história como pano de fundo do momento
histórico por que passava a Inglaterra naquele momento. Ideias liberais começavam a
tomar corpo em função de uma readequação ao sistema econômico que se fragmentou
com a Crise da Bolsa de Nova York em 1929 nos Estados Unidos, fato que contaminou
praticamente o mundo inteiro. E por outro lado, os regimes autoritários do pós-guerra,
criavam a ideia utópica de um mundo pseudamente democrático, principalmente a
stalinista.

Esses dois ramos políticos e mais o contexto inglês em que estava Huxley
constituiam a questão político-econômica, mas a grande fonte de inspiração foram as
pesquisas de Pavlov e Skinner em relação ao condicionamento clássico e operante nos
animais, criando conceito estímulo-resposta para as relações mentais. Mais adiante,
Watson o utiliza para desenvolver a sua teoria baseada no método de investigação

                                                                                                                       
15
Titulo original: Brave New World.
16
Nasceu em Godalming, 26/07/1894, e morreu em Los Angeles, 22/11/1963. Escritor inglês e membro
muito influente da família Huxley, classe dominante da elite intelectual. Viveu mais nos Estados Unidos
do que na Inglaterra.
17
Henry Ford, norte-americano, é um industrial do automobilismo, gerando o topônimo ‘fordismo’ por
marcar uma geração pela produção radical de bens de consumo, principalmente pela organização do
trabalho em série, produzindo trabalhadores autômatos, repetindo a mesma tarefa; Significado no
HOUAISS (2009): conjunto das teorias sobre administração industrial, criadas pelo industrial e fabricante
de automóveis Henry Ford (1863-1947).
  160  
 
   

psicológica nos seres humanos, conhecido como teoria behaviorista, em que a caixa-
preta era o objeto que processava a relação estímulo-resposta.

E é com esse conhecimento que Huxley escreve seu livro. A narração tem como
base um futuro hipotético no qual os indivíduos viverão em plena harmonia, seguindo
as regras sociais impostas pelo “novo regime”. Essa sociedade é organizada por castas e
isenta de religião, moralidade ou até mesmo noções do que era uma família. Quando
acontecia algum problema que o indivíduo provocasse, de origem duvidosa ou de
insegurança, uma droga chamada ‘soma’ era aplicada a esse cidadão, sem que houvesse
qualquer efeito colateral. Se não havia família, como era a relação de quem deu à luz
com quem nasceu? Na verdade, os laboratórios é que os produzem. O embrião tem seu
desenvolvimento controlado por cientistas, e é nessa fase rotulado para cada uma das
cincos castas: Alfa, Beta, Gama, Delta e Ípsilon; algumas com subdivisões, como Alfa-
Mais, Beta-Menos e Delta-Menos. Ele, o bebê, receberá alimentação boa ou ruim
conforme a sua casta e, quando estiver dormindo, a sua mente é monitorada pelas
máquinas – condicionamento por hipnopedia –, recebendo material ideológico
constantemente. Hipnopedia é o nome desse condicionamento. Todas elas possuem
funções específicas na cadeira produtiva em que há uma rígida divisão social de
trabalho.

E como vão atuar na “sociedade” imposta pelo sistema para servir ao Estado? Os
indivíduos de cada casta são preparados em uma incubadora de condicionamento com a
função específica para casta, garantindo uma certa “Predestinação social” (HUXLEY,
1996, p.13). Depois dessa fase, vão para outro Centro de Condicionamento a fim de
reforçarem as predisposições anteriores. Para as castas inferiores, o condicionamento é
para que as crianças sintam medo de determinados objetos, mas um em especial: o livro.
E como vão sentir medo de livro? Elas engatinham até os objetos e quando chegam
perto uma cirene potentíssima é acionada. Caso toquem em algum, um choque elétrico
também é gerado. Tudo isso era planejado por vários: castas inferiores não podiam
desperdiçar o tempo de trabalho com o de lazer; tinham de ficar orgulhosos em
pertencer àquela casta, e também porque o Estado tinha medo de que as pessoas
pensassem e assim poderiam criar mecanismos para desestabilizá-lo.

Para exemplificar, alguns diálogos para mostrar o condicionamento na prática:

(Lenina:) – É horrível, é horrível – repetia. – E como é que você pode falar


assim de não querer ser parte do corpo social? Não podemos prescindir de
ninguém. Até os Ípsilons...

  161  
 
   

– Sim, já sei – disse Bernard com sarcasmo. – “Até os Ípsilons são úteis!”
Eu também. E gostaria imensamente de não servir para nada!
Lenina escandalizou-se com a blasfêmia.
– Bernard! – protestou, espantada e aflita. – Como pode falar assim?
Bernard, em outro tom, respondeu meditativamente:
– Como posso? Não, o verdadeiro problema é este: como é que não posso,
ou antes – porque eu sei perfeitamente por que é que não posso – o que
sentiria eu se pudesse, se fosse livre, se não estivesse escravizado pelo meu
condicionamento? [...] -Você não tem o desejo de ser livre, Lenina?
– Não sei o que é que você quer dizer. Eu sou livre. Livre de me divertir da
melhor maneira possível. Todos são felizes agora.
Ele riu.
– Sim, “Todos são felizes agora” (HUXLEY, 1996, p.86-87).

Esse é um diálogo em que há o efetivo condicionamento de Lenina, mas que tem


em Bernard Max um personagem rebelde porque consegue pensar e questionar a
organização social, as ideias e os valores impostos pelo “sistema”. E um exemplo de
hipnopedia está na fala da Lenina, que não consegue articular um argumento sem deixar
de incluir expressões ‘programadas’: “Não podemos prescindir de ninguém” e “Todos
são felizes agora”.

Encerra-se esta seção esclarecendo que a seleção de castas é para manter o poder
na mão de poucos através de conhecimentos distintos, mas com o saber restrito à
camada superior da hierarquia social. A transmissão desse saber é elaborado com a
finalidade de assumir as responsabilidades que darão a eles o poder de enfrentar
situações de conflito, tanto emergenciais como de imprevisibilidade.

3. A escravidão no século XXI

Paralelamente aos regimes autoritários dessa época, o Brasil dos anos 30


também entrava na era do controle da sociedade através do regime de Getúlio Vargas,
criando um governo provisório, mas que se materializaria como autoritário em 1934
com o Golpe de Estado. E quem sofreu fortemente esse efeito foi a área da Educação,
pois começava ali o processo tecnicista de trabalho para que o Estado pudesse entrar na
rota das demandas de consumo de forma muito produtiva. É claro que os cidadãos
brasileiros, na sua grande maioria, aprovavam tudo isso em função da excelente retórica
aplicada ao povo. Na verdade, é uma forma de mascarar a escravidão com o rótulo de
progresso.

  162  
 
   

E a estratégia da massificação do mundo tecnológico18 está levando as pessoas


para um beco alienante, onde ficarão cada vez mais encurralados, sem saída, ou pelo
menos com muito mais dificuldade para voltar ao estado anterior.

O ‘ser’ e o ‘ter’ trocaram de lugar na falsa compreensão de que ‘ter’ é o que faz
o ‘ser’ e não o ‘ser’ que o faz ‘ter’. Essa inversão de valores faz com que as classes
sociais se discriminem mais ainda como se fossem as ‘castas’ idealizadas por Huxley.
Parece que o depositar valor nas coisas físicas, como produtos tecnológicos de qualquer
natureza neste século, cria uma justificativa de que esses produtos dão aquele prazer que
abraça o indivíduo como se estivesse desamparado. O ‘ser’, o ente que é real e que
pensa, não é visto como alguém que possa nos fazer sentir o prazer de uma boa
conversa e um bom diálogo. Ele vê o outro como alguém que não contribuirá na mesma
medida do que esse produto o beneficie. Será que ele percebe o que acontece com sua
mente? Será que consegue ter o alcance do que aquela mercadoria está fazendo com
ele? Acreditamos que não simplesmente porque não consegue ter o raciocínio mínimo
para perceber o domínio que esse produto exerce sobre ele. E o pior está no fato de que
entende estar no controle da situação como se estivesse agindo livremente na escolha
que está fazendo. Não se dá conta que seu direito natural para agir está sobremaneira
sendo substituído por uma crescente alienação a cada nova ‘conquista’ de valores
oferecidos pelo mercantilismo do modelo capitalista que se apoderou das mentes dos
que não se expõem na sociedade como seres falantes, ouvintes e pensantes. Dizendo de
outra forma, é a filosofia na vida ficando cada vez mais enfraquecida.

E quem já alertava para isso tem nome: Sócrates. Ele já dizia que o homem
nasce livre, mas que vai se aprisionando por aceitar imposições do meio social,
especificamente no sistema em que se insere. Sistema esse engendrado pelos homens
sedentos pelo poder e que precisam de pessoas subservientes a eles, popularmente
chamados de escravos.
                                                                                                                       
18
  Por   questões   de   terminologia   histórica,   não   será   utilizada   a   expressão   ‘mundo   moderno’,   que   para  
mim/nós   é   a   mais   adequada   porque   o   ‘moderno’   é   a   situação   última   do   processo   tecnológico   do  
momento  em  que  essas  situações  são  tratadas.  ‘Mundo  moderno’  (ou  Idade  moderna)  segundo  alguns  
historiadores   é   um   período   que   compreende   o   final   do   século   XV   até   o   ano   da   Revolução   Francesa  
(1789).   Essa   revolução   marca   o   início   do   ‘mundo   contemporâneo’   até   os   dias   de   hoje;   ‘idade  
tecnológica’  também  cairia  em  um  problema  conceitual  porque  a  maioria  das  pessoas  entende  que  esse  
período  se  inicia  a  partir  da  invenção  da  eletrônica.  No  estudo  etimológico  da  palavra  ‘tecnologia’,  a  sua  
origem   é   grega   e   a   raiz   ‘tekcno’   significa   'arte,   artesanato,   indústria,   ciência').   Essa   “idade”  
compreenderia  todos  os  estágios  em  que  ‘arte’  e  ‘artesanato’  exitem.  Para  que  o  artigo  não  fique  refém  
da   historiografia   terminológica,   assume-­‐se   aqui   o   uso   da   expressão   ‘mundo   tecnológico’   como   a   mais  
adequada  aos  seus  propósitos.  
  163  
 
   

Esses dois momentos estão separados por uma longa linha de tempo, mas têm
em comum a escravidão gerada pelo sistema: a distopia19 ou utopia20 negativa.

Para ilustrar uma das causas dessa escravidão, nada melhor do que utilizar um
dos mecanismos informáticos como o blog. Ele é veículo da informação do que
pretende este artigo: a reflexão do mito da caverna quanto ao aprisionamento e como
sair dele; e a partir daí projetar esses ensinamentos socráticos na ficção do Admirável
Mundo Novo. Essa projeção é levada pela semelhança que tem uma obra com a outra.
Os prisioneiros da caverna são para a obra de Huxley os indivíduos condicionados por
uma tecnologia que aplica na sociedade a programação do que o sistema espera deles.
Nesses dois casos, a libertação parece que é mais difícil em relação ao momento por que
passamos neste século.

Ao contrário dos escravos anteriores à nossa época, que sabiam de sua


escravidão e que também sabiam que era muito difícil sair daquela condição, a
escravidão deste século é subliminar. As pessoas não se dão conta que estão entrando
cada vez mais fundo na alienação como se entra em um túnel da caverna de Platão. Por
quê?

O consumismo de produtos em geral, sejam necessários ou supérfluos, é gerado


pelo sistema que sabe o que o povo quer e como poderá adquiri-lo. Assim, ficará com
seus desejos materiais satisfeitos e utilizando mais tempo que poderiam ser usados para
leituras e busca de conhecimentos.

Que produtos são esses? Computadores, celulares, tablets e outros com a


finalidade de contato com pessoas pelo meio virtual: internet. Essa interface entre um
indivíduo e outro está gerando ansiedades e condicionamentos pavlovianos
preocupantes. Quanto mais equipamento maior a probabilidade de ficar sem ele. Por
exemplo, a rede “cai” ou a bateria fica sem carga o desespero é imediato. As pessoas
ficam sem saber o que fazer. Ficam como se tivessem tirado o chão de seus pés. Bate o
pavor e as consequências são as mais variadas possíveis. E quanto mais acontece esse
tipo de problema maior é o medo de ficar sem eles.
                                                                                                                       
19
  Termo   que   significa   lugar   ou   estado   imaginário   em   que   se   vive   em   condições   de   extrema  
opressão,  desespero  ou  privação;  antiutopia;  (HOUAISS,  2009).    
20
 A  palavra  de  origem  latina  ‘utopia’  foi  dada  por  Thomas  Morus  (humanista  inglês,  1477-­‐1535)  a  uma  
ilha  imaginária,  com  um  sistema  sociopolítico  ideal  (HOUAISS,  2009).  O  termo  ‘utopia’  é  
popularmente  conhecido  com  os  adjetivos  ‘positivo’  ou  ‘negativa’  quando  não  faz  uso  da  palavra  
‘distopia’.  
  164  
 
   

Blog e Site são páginas na internet com informações atualizadas dinamicamente,


Twitter e Facebook, são redes sociais ‘alimentadas’ pelos usuários de acordo com a
política de seus administradores e o Viber e WhatsApp são aplicativos para celulares e
tablets para facilitar a comunicação online através de mensagens e voz. Todo esse
manancial tecnológico está incorporado na sociedade e tirando o sono de muita gente.
Se antes desses produtos entrarem no mercado as pessoas já tinham de administrar o
tempo para fazer coisas, e agora tendo de dar conta de tudo isso juntamente com os
amigos, família, trabalho, etc. Já estamos cansados só de escrever este parágrafo
imaginando a quantidade de pessoas no mundo se conectando com tudo e com todos.

É notório que novas doenças começam a aparecer no indivíduo. Uma delas é a


Nomophobia, ansiedade que surge por não ter acesso a um dispositivo móvel; o termo
deriva da abreviatura de ‘no-mobile phobia’ (medo de ficar sem telefone móvel). Outra
enfermidade é a Síndrome do toque fantasma, que é quando o seu cérebro faz com que
você pense que seu celular está vibrando no seu bolso (ou bolsa, se preferir). Há muitas
outras, como Depressão de Facebook, Transtorno de Dependência da Internet, Vício de
jogos online, Cibercondria, ou hipocondria digital e Efeito Google. Todas elas estão em
um dos focos que geram doenças contagiosas: um blog. Mas parece que esse blog está
na contramão da paranoia cibernética. Ele é o Mundo Tecnológico (2014) que alerta as
pessoas do mundo virtual para que leiam, reflitam e façam perguntas em busca de
respostas para a cura. Na verdade, é um blog socrático, a voz da filosofia cibernética no
mundo virtual para libertar o indivíduo que está aprisionado sem saber que o está.

5. Considerações finais

Diante de toda a exposição nas seções do artigo, torna-se possível inferir que a
política de um país, independentemente de ideologia, mantém o processo de
manutenção da ordem atendendo às necessidades básicas da população. O poder sabe
que o povo precisa estar minimamente satisfeito para que a maioria não conspire sobre o
seu governo.

O emprego e a educação alguns dos importantes alicerces da sociedade que


precisam ser garantidos. O primeiro aliena de alguma forma e a educação não deveria
fazer a mesma coisa, mas faz na maioria dos casos. Por que e em que condições essa
alienação acontece? Um emprego que é aceito porque a necessidade de ganhar dinheiro
  165  
 
   

é maior possivelmente provocará uma frustação tão logo esse indivíduo entre na “linha
de montagem” da alienação. Sair dele será muito complicado se a sua formação foi a
tradicional, ou seja, formação que mostra o que tem de fazer e não o que precisa ser
feito. Esse efeito é a resignação e incapacidade de alterar o sistema vigente de
concepção milenar: foco no capital. E como sair dessa “caverna”? Há dois caminhos: a
busca individual e a coletiva. E onde buscar?

Platão21 não diz que estamos condenados a viver em uma caverna. O que ele diz
é que podemos começar como prisioneiros, mas que podemos fazer melhor. De que
forma? Bem, aí mais uma pergunta!

Os próprios blogs, instrumentos que alienam são os mesmo que promovem a


libertação. Como resolver esse impasse? A resposta está justamente na lição que
Sócrates apresenta com o seu método maiêutico.

Sair desse estágio de alienação para ver o mundo de forma natural, como deveria
ser desde o início, não é tarefa fácil. Por quê? Primeiro porque desde quando nascemos
as regras sociológicas do poder começam a se introjetar em nossas consciências de
forma subliminar. Tão subliminar a ponto de nossos pais também não perceberem essa
internalização dos valores que o poder social nos impõe. Segundo porque nossos pais
são ‘produtos’ de gerações passadas que vão se solidificando pela mudança de valores
crescentes em nossa sociedade. Então como exigir dos pais uma postura diferente
daquela que já se massificou? Pode ser simples ou complexo, dependendo da percepção
que o indivíduo tem da vida. Aqui começamos a lembrar do Sócrates.

Quando os professores aplicam esse método socrático, ou maiêutico, a fim de


que os alunos não recebam o conteúdo de forma tradicional em uma aula expositiva,
necessariamente provoca um certo mal estar porque precisam pensar e isso não faz parte
de seu mundo cognitivo para a aprendizagem. Mudança de paradigma que precisa ter
suporte acadêmico-científico para alcançar resultados na maneira de pensar do
estudante.

                                                                                                                       
21
  Importante   esclarecer   que   na   literatura   filosófica   as   vozes   de   Platão   e   Socrátes   são   confundidas  
porque   os   diálogos   de   Sócrates   foram   escritos   por   Platão.   E   como   definir   se   a   afirmação   é   de   quem  
escreveu  o  que  o  outro  disse?  Realmente,  é  muito  complicado.  Existem  estudos  que  argumentam  para  
um  e  para  outro,  mas  como  são  argumentos  dependem  de  condições  de  verdade.  E  como  saber  onde  
está   a   verdade?   Complicado   mesmo,   mas   é   o   que   nos   faz   pensar   e,   se   pensamos,   estamos   livres.  
Lembram   da   história   do   livro   1984,   de   George   Orwell?   Não   eram   livres,   não   podiam   pensar.     Se   o  
fizessem,  eram  aprisionados  e  mortos.  Essa  obra  se  assemelha  à  de  Huxley  porque  também  é  utópica  no  
sentido  negativo  da  palavra,  chamada  de  distopia.  
  166  
 
   

Será que o discurso de Sócrates conseguiria subverter a juventude deste nosso


século concorrendo com o poder da tecnologia em suas mãos? Conseguiriam ouvir esse
professor e deixar seus tablets e celulares desligados na hora do ensino? E se tivessem
de responder às suas perguntas a partir de um assunto que ainda não foi exposto? ao
invés de fazerem as perguntas para obter respostas?

Entrar em uma sala de aula e presenciar o professor expondo o conteúdo de


forma tradicional pode gerar alguma expectativa no aluno? Ele aceita a aula sem
questionar a maneira como está sendo apresentado esse conteúdo? Ele poderia reclamar
quando o professor pedisse para guardarem seus celulares ou qualquer instrumento
tecnológico? Se o professor estivesse ministrando uma aula expositiva com o conteúdo
somente no quadro-negro, ele reclamaria porque não está sendo utilizada tecnologia?

Finalizando, a escola tradicional ensina muito o aluno para que aprenda a


responder. E o professor é um especialista em ensinar o aluno a responder algumas
perguntas que ele já fez. A proposta é a inversão no processo: o professor ensinará o
aluno a saber fazer boas perguntas. Com isso a gama de questionamentos que irá surgir
provocará outra de possíveis respostas. Será que daria certo? E agora o último
questionamento para reflexão: o conhecimento evolui a partir das perguntas ou das
respostas?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACADEMIA DA MENTE. Abra a sua mente: existe um mundo querendo entrar.


http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/abra-sua-mente-existe-um-mundo-
querendo-entrar/78113/ Acesso em 28/07/2014 às 19h18min.

EDUCATERRA. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/democracia3.htm. Acesso


em 28/07/2014 às 4h46min.

HOUAISS ELETRÔNICO. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:


Editora Objetiva, 2009.

HUXLEY, A. L. Admirável Mundo Novo. 22.ed. São Paulo: Globo, 1996.

  167  
 
   

LARANJA FILMES. Filme Matrix e a relação com o Mito da Caverna. http://alaranja-


filmes.blogspot.com.br/2013/04/analise-do-filme-matrix-1999.html Acesso em
28/07/2014 às 19h18min.  

MARCONDES, Danilo e JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário básico de filosofia. 4.ed. Rio


de Janeiro: Zahar, 2006.

MEDEIROS, Rodrigo. SÓCRATES: O Mártir da Filosofia, 2001. Disponível em


http://www.odireito.com/impressao.asp?ConteudoId=21&SecaoID=10&SubSecao=1&
SubSecaoID=23. Acesso em 28/07/2014 às 6h25min.

MUNDO TECNOLÓGICO. http://k1tecnologia.blogspot.com.br/. Acesso em 28/07/2014 às


3h45min.

PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Editora Nova


Cultura, 1997.

_______. O Julgamento de Sócrates. Tradução de Paulo Henriques Britto. São Paulo:


Companhia das Letras, 1988.

(Artigo  submetido  em  29/06/2014  e  aceito  em  28/07/2014)  

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