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Carmem Menezes
Elaine Alves
Paulo Tubino
EXPRESSÕES MÉDICAS
Glossário de di culdades em
terminologia médica
Conselho Federal de Medicina
EXPRESSÕES MÉDICAS
Glossário de dificuldades em
terminologia médica
CFM
Brasília, 2018
© 2018 – Expressões médicas: glossário de dificuldades em terminologia médica –
Conselho Federal de Medicina
Ficha catalográfica:
Catalogação na fonte – Eliane Maria de Medeiros e Silva – CRB 1ª Região/1678
412 p. ; 13,5x20,5cm.
ISBN 978-85-87077-50-9
Os organizadores
Simônides Bacelar, Carmem Menezes,
Elaine Alves e Paulo Tubino
ao dia – por dia. Melhor opção – duas vezes por dia. São usuais
prescrições médicas com expressões do teor “uma injeção IM
3 vezes ao dia”; “2 colheres ao dia”; “10 gotas duas vezes ao
dia”. O Prof. Aires da Matta Machado Filho (1966, v. 3, p. 72) dá
um estudo cuidadoso sobre o assunto em que transparece
auro, bacterio, bi, bio, bradi, braqui, cefalo, ciclo, cine, cis, cisto, cito,
cloro, cripto, cromo, crono, cerebro, cervico, cis, dorso, eco, ecto, endo,
epi, esfero, espleno, estafilo, estereo, estilo, etno, ego, eletro, faringo,
fibro, filo, fisio, foto, gastro, glosso, grafo, halo, hemi (opcional antes
de h), hemo, hetero, hidro, hipo, homeo, homo, ideo, idio, intro, justa,
labio, laringo, leuco, linfo, linguo, lito, macro, maxi (exceto antes
de h), medio (há muitas exceções), mega, megalo, meso, meta,
micro, mini, mio, mono, morfo, moto, multi, narco, naso, necro,
nefro, neuro, nitro, noso, novi, octo, odonto, oftalmo, oligo, omo, oni,
organo, orto, osteo, oto, oxi, para, penta, per, peri, piro, plano, plati,
pleuro, pluri, pneumo, poli, psico, quadri, quilo, radio, retro, rino,
sacro, sarco, sidero, socio, sulfo, tecno, tele, termo, tetra, tri, trans,
traqueo, tras, tri, turbo, uni, uretro, vaso, video, xanto, xilo, zinco, zoo.
No Volp (Academia, ob. cit.), não se encontra nenhuma palavra
com esses afixos com duas hifenizações. Todas estão sem hífen.
Por exemplo: “faringorrinoscopia”, “laringotraqueobroncoscopia”,
“gastroenteroanastomose”, “pneumoidopericardia” e muitos
outros casos. O Houaiss (2009) traz um nome extensíssimo sem
hífen: “pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico”. Tendo
em vista essas considerações, bráquio-estilo-radial é forma
aceitável, mas se questiona se é a de melhor qualidade, já que
está desconforme com as condutas ortográficas existentes no
Volp, recomendadas e usadas por bons profissionais de letras.
A escrita braquio estilo radial é bem questionável, pois os afixos
não são, de regra, nomes autônomos. Os termos com hífen são
também formas portuguesas e constituem patrimônio do idioma.
São fatos da linguagem. Todavia, se os afixos são elementos
formadores de termos compostos, e se estes representam termos
autônomos com significado próprio, é desnecessário usar hífen
como regra. Hifenização configura exceção. Quase todos os
nomes compostos da língua portuguesa prescindem do hífen.
Assim, os hifenizados formam exceções. Usar exceção em
lugar da própria norma para criar nomes compostos pode dar
questionamentos. Observe-se que, em castelhano, praticamente
tudo se escreve sem hífen. Na língua alemã, são muito comuns
Rónai, ob. cit.). Nas normas da ABNT, quando houver mais de três
autores, enuncia-se apenas o primeiro autor seguido de et al. (NBR
6023/2002). Em português, usa-se e col. ou e cols. (“e colaborador/
es”) em lugar de et al., mas “o emprego em português de et al.
para seres vivos é tão justificável quanto o de etc. para coisas”
(Almeida, 1996). Al. é também abreviatura de alis, alid, antigas
formas de alius, aliud (Ferreira, ob. cit.) ou ale, que significam
“outra coisa”. No português avelhado, empregava-se al como
pronome para referir-se a pessoas e coisas (Ferreira, 1999; Brandão,
1991, p. 195), com significado de “outra coisa”, “o mais”, “tudo mais”
(Aulete, 1980): Ex.: “Al não fizemos, senão estudar bem o assunto”. //
É aconselhável evitar a pronunciação aportuguesada: “Silva e tal”
ou “et ól”, talvez lembrada por analogia à pronúncia do termo
inglês all (todos) como se fosse “et all”. A grafia et all é errônea,
bem como a pronúncia etiól. Em latim, a pronúncia é etial.
Assim como dizemos “etecétera” em lugar de “etecê”, podemos
dizer etiáli ou etiálius em vez de etiól ou etial. // É incorreto dizer
“Silva et al. comparou a espirometria feita em casa à espirometria
por curva fluxo-volume”. O sujeito aqui é “Silva e outro” ou “e
outros”. Logo, “Silva et al. compararam". A tradução em português
geralmente usada é e colaboradores, pois a tradução literal “e
outros” pode inferir outros autores em outros trabalhos. Além
disso, et al. ou e col. pode ser “e outro” (coautor) ou “e outra”
(coautora). A versão “e colaborador” ou “e colaboradora” torna
claro o enunciado. // Em usos como enumeração de autores pelas
regras de Vancouver, consta vírgula antes de et al., como neste
exemplo: “Otsuki T, Sugawara J, Iemitsu M, et al.”. Mais acertado
não usar vírgula antes de et al., pois configura redundância, já
que a expressão latina por extenso é et alii, “e outros”. Seria como
escrever “Otsuki T, Sugawara J, Iemitsu M, e outros”. Embora nas
indicações das normas de Vancouver haja a vírgula antes de et
al., é de observar que o padrão culto da língua portuguesa e
as normas da gramática do idioma, elaboradas por notórios e
autorizados professores de letras através dos séculos, precisam
ser prestigiadas sob o risco de que as normas sejam modificadas
por tradutores, e a organização das estruturas gramaticais
p. 150; Sacconi, 1990, p. 107). Plural: hábitats (Cegalla, ob. cit.).
Hábitates é incorreto: em português, não há acentuação em
sílaba anterior à antepenúltima. A forma aportuguesada tem
acento gráfico – hábitat (Ferreira, 2004), mas não há esse registro
no Volp, senão habitat (Academia, 2009, p. 862), e há problemas
com o plural (v. acima). Se a forma francesa for preferida, haverá
de ser escrita entre aspas ou em tipo itálico para caracterizar
formas estranhas à língua. Pode-se recorrer à substituição por
nomes vernáculos em dependência do contexto: “Retorno do
conteúdo abdominal ao seu hábitat normal” (interior); “extensas
áreas de habitat (habitação) favorável”; “escolher um habitat
(ambiente) adequado à vida aquática”; “os pequenos crustáceos e
seu habitat (meio natural, ambiente natural)”. A expressão habitat
natural constitui pleonasmo. Habitat já significa “ambiente natural
ou vivenda”, e é admissível usar apenas habitat (Cipro Neto, 2003,
p. 186). A existência de habitat é útil ao patrimônio de recursos do
idioma. Mas, como existem muitos questionamentos a respeito,
evitar seu uso sempre que houver bons termos substitutos pode
ser atitude de cuidado redacional.
ácido-básico................................................ acidobásico
anátomo-patológico................ anatomopatológico
ano-retal.............................................................anorretal
ântero-posterior..................................anteroposterior
crânio-encefálico.............................. cranioencefálico
sócio-econômico.............................. socioeconômico
sub-agudo........................................................subagudo
trans-operatório..................................transoperatório
tráqueo-brônquico...................... traqueobrônquico
joelho. Além disso, joelho não significa curva, pois ainda existe
joelho quando a perna e a coxa estão estirados e não flexionados. É
uma comparação objetável. A linguagem é livre, pois o essencial
é a comunicação. Certo e errado são conceitos rejeitados por bons
linguistas, e o que consta são faixas de linguagem – popular e
culta. Em linguagem científica, convém adotar denominações
exatas, comunicações claras e precisas para que haja apenas
envolvimento com o seu teor.
mls. Não anda bem dizer ou escrever “dez mls de soro”, “400 mls
de sangue”. De regra, os símbolos científicos não têm flexão de
número, isto é, plural (Inmetro, 2013). Assim, escrevem-se 1 ml, 10
ml, 100 ml.
Ficariam melhor com a locução por causa de. Sabe-se que preferir
usar sentidos denotativos em lugar de sentidos conotativos pode
evitar ambiguidades.
vida”, em lugar de: risco à vida, risco para a vida, risco (ou perigo)
de morte, risco de morrer, risco (perigo) de perder a vida ou, em
casos de maior precisão, explicar as circunstâncias de risco ou de
perigo. Em alguns dicionários, risco de vida e risco de morte são
expressões equivalentes (Aulete, 1980; Houaiss, 2009; Academia,
2001; Silva, 1813), e o larguíssimo acolhimento dessa expressão a
torna legítima, por constituir fato da língua. A interpretação pode
ser diferente. A construção risco de vida pode ser explicada com
forma elíptica de “risco de perder a vida” ou pelo horror à palavra
morte (Cipro Neto, 2003, p. 151). Mas, em rigor, risco significa
“possibilidade de perigo”. Não se diz, por exemplo, “risco de viver”,
“risco de cura”, “risco de sucesso”, “risco de saúde”. Ainda que “perigo
de vida” seja expressão abundantemente difundida, perigo para
a vida, perigo de morte e risco de morte, risco de falecimento, risco
de óbito, ou risco à vida, risco ou agravo à saúde são expressões
exatas, lógicas e mais adequadas à linguagem-modelo e, assim,
à científica. Além disso, não parece congruente que risco de vida
e risco de morte, expressões de sentidos opostos, signifiquem a
mesma coisa. Sem embargo, em casos de transcrições de textos
de lei, de norma ou similares, é conveniente relatar risco de vida
se assim estiver escrito. É estranhável dizer “minha vida corre risco
de morte”. É mais apropriado indicar que um ser vivo tem risco de
morrer. Decerto, pode-se até conceber risco de vida em referência
ao risco de geração de uma vida em condições indesejáveis – de
adultério, por exemplo.
***
Simônides Bacelar
Médico assistente, colaborador voluntário de ensino médico no
Hospital Universitário (Universidade de Brasília – UnB). Professor
convidado para preleções em Terminologia Médica (Escs-Fepecs).
Membro titular da Academia de Medicina de Brasília. Professor
titular de Bioética (2004-2016), Medicina Baseada em Evidências
e Metodologia de Pesquisa (2010-2015), curso de Medicina
(Faciplac-DF). Revisor das revistas Brasília Médica (AMBr) e Ética
Revista (CRM-DF).
Carmem Menezes
Bacharela em Língua Portuguesa, mestre em Linguística e Língua
Portuguesa pela UnB. Professora de revisão de textos.
Elaine Alves
Professora associada em Cirurgia Pediátrica (UnB). Professora e
coordenadora das disciplinas Anatomia da Criança e História da
Medicina. Doutora em Medicina pela Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), membro titular da Sociedade Brasileira de
História da Medicina (SBHM). Coautora do livro Terminologia em
Anatomia e Embriologia (2013).
Paulo Tubino
Professor emérito da UnB. Doutor e livre-docente pela
Unifesp. Fellow do Colégio Americano de Cirurgiões. Membro
emérito do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Membro titular
da Academia Nacional de Cirurgia Pediátrica (Ancipe) e
da SBHM. Professor titular e chefe do Centro de Pediatria
Cirúrgica do Hospital Universitário de Brasília (1974-2003).
Professor titular da Faciplac (2004-2015). Autor do livro
Terminologia em Anatomia e Embriologia (2013).
9 788587 077509