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1 - A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE
É expressa quando revela se revela através do propósito deliberado de uma das partes de
externar o seu pensamento em determinado sentido.
Pode se revelar através da palavra, escrita ou oral, como ainda por gestos (ex: Neste último,
temos como exemplo a aceitação em um leilão dada apenas por um gesto do oblato).
Ex: Num contrato de doação de um automóvel, o donatário toma posse, emplaca-o e passa a
utilizá-lo.
Não se deve confundir consentimento tácito com efeito vinculativo do silêncio, pois o silêncio
não sendo afirmação nem negação, pode ser considerado como manifestação tácita do querer.
A expressão “quem cala consente”, não traz efeito jurídico, pois quem cala não coisa nenhuma.
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Ex: Não pode o editor de uma revista enviar um exemplar, informando se não houver a
manifestação de vontade no sentido contrário, seu silêncio será considerado como subscrição
de assinatura.
No caso em comento, não poderá o editor forçar obrigação de terceiro por meio da ausência
da manifestação deste. O que poderá ocorrer somente é o proponente se obrigar com sua
manifestação.
Isso se dá sempre que a lei, a vontade das partes ou o comportamento passado houver
estabelecido o dever de recusar expressamente a oferta..
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Nesta fase qualquer patê pode se afastar, sob alegação de desinteresse tendo em vista que
ainda não manifestaram sua vontade, não havendo nenhuma vinculação ao negócio. Pois
sendo a fase de negociação preliminar, um período pré-contratual.
O pedido da parte lesada, no presente caso, não é o inadimplemento contratual, mas a prática
é um ato ilícito civil (ART 186 C.C.)
4 - PROPOSTA
A proposta é a oferta dos termos de um negócio, convidando a outra parte a com eles
concordar.
Constitui ato jurídico unilateral, por intermédio do qual o policitante convida o oblato a
contratar, apresentando desde logo os termos em que se dispõe a fazê-lo.
Quem formula uma proposta de negócio provoca uma legítima expectativa à pessoa a quem a
endereçou.
Por isso, a lei impõe ao policitante o dever de manter sua proposta, sujeitando-o às perdas e
danos no caso de inadimplemento (Art. 427 C.C).
“Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.”
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A proposta deixa de ser obrigatória, nos casos enumerados no Art. 428 do Código Civil, que
distingue a proposta dirigida a pessoa presente e pessoa ausente.
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio
de comunicação semelhante;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado;
A proposta dirigida a pessoa presente deixa de ser obrigatória quando feita sem prazo, e não
for imediatamente aceita. A lei considera presente as pessoa que contratam por telefone. Vale
ressaltar que se fora oferecido prazo para a aceitação da proposta o policitante só se desvincula
de sua oferta após o transcurso do prazo, sem aceitação.
a) se, formulada sem prazo, e houve decorrido tempo suficiente para chegar a aceitação,
por que supõe a lei que, não havendo concessão de prazo para refletir, deve o
recipiente da proposta resolver de pronto se aceita ou não. Se houver transcorrido
tempo suficiente para que a oferta chegasse a seu destino e a resposta retornasse ao
proponente, sem que isso se desse, o policitante se desliga do vínculo.
b) Se havendo concessão de prazo para resposta, este se esgotar que a aceitação seja
expedida.
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c) Se, antes da proposta ou simultaneamente desta, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente, pois não se cria o espírito da expectativa do negócio
ao oblato. Ex: Quando o comerciante, descobrindo a inconveniência de um negócio
proposto por carta a um cliente, retrata-se no mesmo dia por telegrama.
5 – ACEITAÇÃO
Caso a manifestação de vontade do aceitante não se submeta a tais requisitos necessários, não
se tratará de aceitação e sim de uma nova proposta. (Art.431 do C.C.)
A aceitação em regra é expressa, entretanto poderá se tácita em duas hipóteses. (Art. 432 do
C.C.)
“Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o
contrato, não chegando a tempo a recusa.”
a) Se tratar de negócios habituais onde não se costuma exigir aceitação. Ex: Comerciante
remete habitualmente sua produção ao varejista e se esse deseja interromper ou
recusar a mercadoria recém chegada, deverá comunicar expressamente, sob pena de
se entender que aceitou.
b) Apenas se cogita naqueles casos em que relações passadas entre contratante, ou
ajuste entre os mesmos, conduz que a inércia de um deles se presuma aceitação.
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5.1 – ACEITAÇÃO NOS CONTRATOS POR CORRESPONDÊNCIA EPSTOLAR
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- Subteoria da recepção: considera o aceite desde o momento que a aceitação chega as
mãos do policitante.
O Artigo 435 do Código Civil prescreve que será considerado celebrado o contrato no lugar em
que este foi proposto
6 – IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
Diz-se absoluta quanto a impossibilidade se torna irrealizável a qualquer pessoa nas condições
do contrato
Ex: colocar água dos oceanos em um copo, dar a volta ao mundo a pé em três dias.
Diz-se relativa a impossibilidade quando ela afeta determinada pessoa, mas não abrange a
generalidade dos homens.
- Autonomia da Vontade:
O princípio resume-se nessas duas proposições essenciais: “toda obrigação para ser
sancionada pelo direito, deve ser livremente consentida; mas, ao revés, toda obrigação, a partir
do momento em que for livremente assumida, deve ser sancionada pelo direito. Os postulados
que decorrem dessas proposições podem ser assim determinados:
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3º) o conteúdo do contrato pertence livremente à determinação das partes contratantes;
4º) no caso de conflito interespacial de leis, os contratantes são livres de eleger a lei aplicável
às suas relações contratuais;
5º) concluído o contrato é ele inatingível, a menos que as próprias partes contratantes o
rescindam voluntariamente;
6º) o contrato concluído livremente incorpora-se ao ordenamento jurídico, tendo o contratante
o direito de pedir a intervenção do Estado para a execução da obrigação não cumprida;
7º) o juiz, ao aplicar o contrato, é obrigado a se ater à intenção comum das partes
contratantes”.
No ordenamento, portanto, há normas cogentes que não poderão ser tocadas pela
vontade das partes. Há normas supletivas que operarão no silêncio dos contratantes.
Por esse prisma, realçando o conteúdo social do novo Código, seu art. 421 enuncia a
função social do contrato. O controle judicial não se manifestará apenas no exame das
cláusulas contratuais, mas desde a raiz do negócio jurídico. Como procura enfatizar o novo
diploma, o contrato não mais é visto pelo prisma individualista de utilidade para os
contratantes, mas no sentido social de utilidade para a comunidade. Nesse diapasão, pode ser
coibido o contrato que não busca essa finalidade.
Um contrato válido e eficaz deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt servanda. O
acordo de vontades faz lei entre as partes.
A regra geral é que o contrato só ata aqueles que dele participaram, sendo que seus
efeitos não podem prejudicar ou aproveitar a terceiros.
No entanto, todo princípio geral abre exceções, neste caso, há obrigações que
estendem seus efeitos a terceiros. São efeitos externos, como acontece no caso de estipulação
em favor de terceiro, convenção coletiva de trabalho e etc.
Esse princípio se estampa pela dever das partes de agir de forma correta antes,
durante e depois do contrato, isso porque, mesmo após o cumprimento de um contrato,
podem sobrar-lhes efeitos residuais.
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Na análise do princípio da boa fé dos contratantes, devem ser examinadas as condições
em que o contrato foi firmado, o nível sociocultural dos contratantes, o momento histórico e
econômico. É ponto de interpretação da vontade contratual.
- Princípio do Consensualismo:
Segundo esse princípio, o simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar
contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns,
por serem solenes, tenham sua validade condicionada à observância de certas formalidades
legais (Ex.: Compra e venda de imóveis).
- Contrato de Adesão:
São aqueles que não resultam do livre debate entre as partes, mas provêm do fato de
uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições previamente estabelecidas pela outra.
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A classificação dos contratos obedece a procedimento lógico. Visa facilitar
a compreensão do contrato e a solução dos conflitos.
- consensuais e reais
- solenes e não solenes
- nominados
- inominados
- principais
- acessórios
- derivados
- de execução instantânea
- de execução diferida no tempo
- de execução continuada
- definitivo
- preliminar
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- paritários
- adesivos
Ex: doação pura, deposito, mandato, comodato, mutuo. NA VERDADE a obrigação de boa-fé
persiste para ambas as partes.
O contrato unilateral, ou contrato com prestação a cargo de uma só das partes, embora
envolva duas partes e duas declarações de vontade, coloca apenas um dos contratantes na
posição de devedor.
Bilateral: Obrigações para ambas as partes, obrigações recíprocas: Cada parte é credora e
devedora da outra ao mesmo tempo.
O Art. 476 do Código Civil preceitua que nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes,
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Significa dizer que
qualquer dos contratantes pode utilizar-se da exceção do contrato não cumprido, pare recusar
a sua prestação, ao fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia.
Exemplo: Não é lícito que o comprador demande ao vendedor a entrega da coisa vendida, sem
prévio depósito do preço da mercadoria, por isso que antes de cumprida a sua obrigação
nenhuma das partes contratantes pode exigir o implemento da outra.
Quando as prestações são sucessiva, a exceção do contrato não cumprido não poderá ser
oposta pela parte a que caiba o primeiro passo.
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Exemplo: Aracruz Celulose fornece mudas para produtor plantar e posteriormente fornecer a
madeira. Não poderá a primeira exigir a madeira sem o fornecimento das mudas.
Se um deles cumpriu apenas uma parte, ou de forma defeituosa, a sua obrigação, quando se
comprometera a cumpri-la integral o corretamente, cabível se torna a oposição, pelo outro, da
exceção do contrato parcialmente cumprido.
“Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato,
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.”
Por isso se diz que o contrato bilateral contém uma cláusula resolutiva tácita.
Plurilateral: São os contratos que contém mais de duas partes. EX: Compra e venda com vários
vendedores e compradores
ONEROSOS E GRATUITOS
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- Gratuitos: são os contratos em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem,
para a outra há só obrigação (Ex: doação pura e simples.).
COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS
Exemplo: na locação de coisa. O locador pode, desde logo, verificar a importância que deve
receber, enquanto o locatário, por sua vez, conhece o objeto cujo uso pacífico lhe será
assegurado.
- Aleatório: São caracterizados pela incerteza, onde pelo menos uma das partes não pode
antecipar o montante da prestação que receberá, em troca do que fornece. Depende de um
risco futuro, capaz de provocar sua variação.
Exemplo: Contrato de seguro, compra-se o risco, o segurado em troca do prêmio, pode vir a
receber a indenização, se advier o sinistro, ou nada receber, se este inocorrer.
Trata o Código Civil das vendas de coisas futuras e das vendas de coisas já existentes mas
expostas a risco de se perderem ou deteriorarem.
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Na emptio spei o adquirente compra o risco de as coisas adquiridas virem ou não a existir.
Assim, será aleatório o contrato no qual alguém adquire a safra futura de um fazendeiro,
assumindo o risco de nada receber se o vendedor nada colher, ou no caso daquele que adquire
o produto do lanço na rede de um pescador que está na eminência de fazer. Mesmo no caso do
pescador nada apanhar, tem ele o direito ao preço integral, se agiu com a habitual diligência.
(Art. 458 do C.C.)
No emptio rei aperate o risco assumido pelo adquirente não mais diz respeito à existência
futura da coisa comprada, mas à sua existência em maior ou menor quantidade.
Nesse caso no exemplo do adquirente que comprou o produto do lanço de uma rede de
pescador, assumindo apenas o risco de ele apanhar maior ou menor quantidade, no caso da
rede vir vazia, o adquirente se liberará do compromisso, pois o objeto do negócio é a coisa
existir em qualquer quantidade.
O contrato pode ser considerado aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco. Se o adquirente assumir o risco, terá o alienante direito a todo o preço, ainda que a coisa
não mais existisse no dia do contrato.
Exemplo: A venda de mercadoria que está sendo transportada em alto-mar por pequeno navio,
cujo risco de naufrágio o adquirente assumiu. É valida, mesmo que a embarcação já tenha
sucumbido na data do contrato, e uma das partes não sabiam do acontecimento. Se, contudo,
o alienante tinha conhecimento prévio do naufrágio, a alienação poderá ser anulada. (Art. 461
C.C.).
CAUSAIS E ABSTRATOS
- Abstratos: A causa não importa. Tem força na sua própria forma externa. Ex. Nota
Promissória. Não se discute a causa geradora do título.
CONSENSUAIS E REAIS
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- Consensuais: Aperfeiçoam-se pelo simples consentimento. Ex: contrato de transporte e
compra e venda de bens móveis.
A lei determina ou não a sua forma. LER ART.118, 2ª PARTE, ART.108, 1432, 757 E 819.
- Elementos essenciais – Vamos encontrá-los no art. 104 do C.C.: agente capaz, objeto
lícito e forma prescrita ou não proibida pela lei. São nulos o contratos a que faltar qualquer dos
elementos essenciais genéricos.
Cada contrato, porém, pode requerer outros elementos essenciais, específicos de sua
natureza: assim, para a compra e venda são elementos essenciais específicos, a coisa, o preço e
o consentimento.
- Elementos acidentais – São os que se acrescem aos negócios para modificar alguma
ou algumas de suas características naturais. No Código, estão presentes a condição, o termo e
o encargo.
Tais elementos são tratados como acidentais apenas porque às partes é dado inseri-los
ou não no contrato. Uma vez estipulados, devem ser obedecidos. Pacta sunt servanda.
- A possibilidade de sucessão das partes nos contratos – pode ocorrer causa mortis,
onde os herdeiros substituem o falecido na obrigação contratual, até os limites da herança;
pode ocorrer ainda por convenção das próprias partes = cessão de posição contratual etc. Ex.:
No contrato de locação, quando o imóvel é vendido.
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No contrato, a manifestação da vontade é livre, quando não prescrita uma forma pela
lei.
Assim, podemos falar na manifestação da vontade nos contratos como direta (quando
se percebe de sinais externos inequívocos, pela fala, escrita ou gestos) e indireta (quando a
intenção de contratar é inferida de um comportamento negocial; isto é, na situação
determinada, o comportamento do agente é de aquiescência a um contrato).
Desta forma, não podemos admitir que quem pura e simplesmente se cala perante
uma proposta contratual a aceita. Também não podemos aceitar a situação de quem se cala,
quando podia e devia falar, como aceitação.
Como regra geral, no caso concreto, o juiz deve valorar com muita cautela o silêncio
dos interessados, levando em conta o princípio por nós referido da boa-fé nos contratos, sem a
qual não podemos falar em silêncio idôneo para produzir efeitos.
Disso concluímos que o silêncio apenas como exceção pode ser admitido como
vontade contratual. Nada impede, porém, que uma anterior convenção das partes dê, num
caso concreto, valor de eficácia ao silêncio.
Por outro lado, existem casos em que ao sujeito falta legitimidade, ou seja, os mesmos
não têm aptidão específica, que tolhe à existência de agente capaz no contrato.
São os casos em que, por exemplo, os ascendentes não podem vender bens para os
descendentes, sem a anuência dos demais descendentes e do cônjuge (art. 496 C.C.), assim
como os tutores não podem comprar bens que estejam sob sua administração (art. 497 C.C.).
Porém, tal ilegitimidade é circunstancial (Orlando Gomes), vez que, se o pai tiver
apenas um descendente e não tiver mais cônjuge, poderá vender bens a seu descendente, por
exemplo.
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mediato e, assim, importarão na entrega de uma coisa, na efetivação de um serviço, na
abstenção de fato expressamente descrito etc.
Para que o contrato tenha validade plena, são necessários certos requisitos:
O objeto deve ser determinado. Entretanto, por vezes, o objeto não é determinado no
nascimento do contrato, mas deve ser determinável em seu curso (Ex.: Fixação do preço por
terceiro).
O objeto e as prestações do contrato devem ser também possíveis (física e
juridicamente).
O objeto do contrato deve ser ainda lícito. Não pode contrariar a lei e os bons
costumes, além da ordem pública (aquelas disposições legais que não podem deixar de ser
obedecidas pelas partes).
Nosso Código Civil entendeu que a noção de objeto substitui perfeitamente a noção de
causa. Numa compra e venda, por exemplo, o comprador pode ter os mais variados motivos
para realizar o negócio: especular no mercado, utilizar a coisa para seu uso, dar em locação etc.
Todos esses motivos, porém, não têm relevância jurídica. O motivo com relevância jurídica será
receber a coisa, mediante o pagamento.
A manifestação da vontade contratual pode dar-se de forma escrita ou verbal. Pode até
mesmo expressar-se de forma mímica ou gestual, quando tais figuras são admitidas pela
categoria dos contratos e pelos costumes.
Ao mesmo tempo em que serve para exteriorizar a vontade, a forma serve de prova
para o negócio jurídico, no entanto, não se confundem.
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Forma = estático; Prova = dinâmico. Prova é o meio de que o interessado se vale para
demonstrar legalmente a existência de um negócio jurídico.
O art. 215 estampa as hipóteses em que a escritura é da substância do ato: nos pactos
antenupciais e nas adoções, bem como nos contratos constitutivos ou translativos de direitos
reais sobre imóveis de valor superior ao legal (O art. 108 determina este valor legal como
sendo superior a 30 salários mínimos).
O art. 109 possibilita às partes contratarem a forma. Trata-se de forma prescrita por
convenção das partes.
A interpretação é necessária tanto com relação à lei, como com relação aos negócios
jurídicos e, de conseqüência aos contratos.
Tanto para interpretar a lei, como para interpretar o negócio jurídico, o que
procuramos é fixar o sentido de uma manifestação de vontade.
- Linhas de Interpretação:
O art. 112 do C.C. estabelece que “nas declarações de vontade se atenderá mais à
intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal de linguagem.”.
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Não se trata de procurar o pensamento íntimo do declarante, mas a intenção
materializada na declaração. Não temos, porém, de investigar alguma vontade íntima, se as
palavras são claras e não dão margem a dúvidas.
O Código Civil traz, além do art. 112, outras normas de interpretação. O art. 113 realça
a boa-fé e os costumes que devem nortear a interpretação dos negócios jurídicos em geral: “Os
negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e costumes do lugar
de sua celebração”.
O art. 114 do mesmo diploma legal complementa: “Os negócios jurídicos benéficos e a
renúncia interpretam-se estritamente”.
Ainda temos o art. 423 que determina interpretação mais favorável ao aderente de
contrato de adesão quando existirem cláusulas ambíguas ou contraditórias.
O CDC diz que os contratos nesse âmbito não obrigarão os consumidores “se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido
e alcance” (art. 46). O art. 47 complementa dizendo que “as cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
A teoria acima também é conhecida como cláusula Rebus sic Stantibus e está implícita
em todo contrato de trato sucessivo.
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o estágio fático. Tais acontecimentos, extraordinários e imprevisíveis, devem atingir uma
camada mais ou menos ampla da sociedade.
A revisão dos contratos é judicial. O devedor deverá ingressar com a ação, requerendo
o reconhecimento da teoria da imprevisão. O pedido poderá ser tanto da liberação do devedor
da obrigação como de redução do montante da prestação.
O novo Código Civil traz três (03) artigos específicos sobre a resolução do contrato por
onerosidade excessiva, embora a noção também esteja espalhada por outros dispositivos: arts.
478, 479 e 480. Podemos citar ainda os arts. 317, 620 e 625 do C.C. Temos também o art. 6º,
do CDC.
A indenização obedece aos ditames do art. 389 do CC. c/c art. 402 do C.C.
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Entre o dano e a conduta do agente, deve existir um nexo causal. Ou seja, deve
indenizar quem concorreu para o evento danoso.
Quando o contratante descumpre sua parte no contrato, pode ser obrigado a adimpli-
lo judicialmente, tanto que o estatuto processual tem normas específicas de procedimento
para as obrigações de dar, fazer e não fazer. Porém, quando o cumprimento em espécie não é
possível, o denominador comum do descumprimento é o pagamento de uma indenização em
dinheiro. A indenização substitui o cumprimento da obrigação, mas não equivale a ela,
servindo apenas de diminuição do sofrimento da vítima, ofendida em valores morais ou
patrimoniais.
- Responsabilidade Pré-contratual
No amplo horizonte dos negócios, com muita freqüência surgem questões referentes a
promessas não cumpridas ou simples recusa injustificada de contratar.
- Recusa de Contratar:
Tal conduta caracteriza-se como abuso de direito e deve ser indenizado como um ato
ilícito, pela disposição contida no art. 187 do C.C.
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Notemos, no entanto, que somente pode ser responsabilizado pela recusa aquele que
estava em condições de contratar e não o fez. A questão será de cada caso concreto e de
acordo com o prudente arbítrio do juiz.
- Rompimento de Negociações Preliminares:
Assim como no caso anterior, não é qualquer desistência que será responsabilizadora.
O desistente poderá ter tido razões relevantes.
A indenização nem sempre será naquele valor que seria objeto do contrato. Poderá sê-
lo, no entanto. Indenizam-se as perdas e danos, tendo em vista a situação fática e o efetivo
prejuízo da vítima.
- Responsabilidade Pós-contratual
Terceiro é aquele que não participa do negócio jurídico, para quem a relação é
absolutamente alheia. Nesse sentido, o contrato não pode prejudicar terceiros. Esses, sim,
terceiros propriamente ditos. Aí reside a pureza de aplicação do princípio da relatividade dos
contratos.
Entretanto, se por um lado, não existem efeitos dos contratos com relação aos
terceiros estranhos, por outro, pode haver repercussões que, por via oblíqua, atinjam terceiros,
porque nada em sociedade se mostra exclusivamente individual.
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Os contratantes, portanto, celebram um contrato em nome próprio, tendente a
proporcionar diretamente uma vantagem a terceiro, estranho a esse negócio.
A disposição em favor de terceiro está, como regra geral, sujeita à revogação por parte
do estipulante. Essa revogação não exige qualquer formalidade, bastando que seja
oportunamente comunicada ao promitente, para que este saiba a quem efetuar o pagamento.
Por outro lado, pode o promitente opor contra o terceiro todas as exceções que
poderia opor contra o estipulante, nascidas do contrato onde se originou o benefício (Ex.: Pode
alegar que não cumpre a prestação porque o estipulante não cumpriu o que lhe cabia no
contrato).
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A manifestação da vontade pode ocorrer de várias formas: escrita, falada, por gestos,
etc. Sempre que não houver determinação de forma pela lei (art. 107 do CC), a manifestação
de vontade pode ser expressa ou tácita, com pessoas presentes ou ausentes, por intermédio
de mandatário ou não.
Insta salientar que o contrato não surge pronto; é, ao revés, o resultado de uma série
de fases, que às vezes se interpenetram, mas que, em detida análise, se destacam
perfeitamente: negociações preliminares, proposta e aceitação.
Essas tratativas ocorrem na presença ou na ausência das partes, como veremos, bem
como por meio de representantes ou núncios (mensageiros).
A proposta séria é aquela que demonstra efetiva vontade de contratar, não um simples
espírito jocoso (alegre, que provoca riso) ou social, por exemplo. A proposta feita ao público
em vitrinas, mostruários, catálogos, anúncios etc. vincula o ofertante (CDC, art. 6º, III).
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O aderente, no caso o consumidor, deve saber exatamente o que estará adquirindo. A
esse respeito, o art. 31 do CDC é absolutamente expresso sobre o que deve conter a proposta:
O art. 427 do C.C. deixa claro que a proposta é vinculativa, com efeitos concretos,
sendo esses efeitos já disciplinados pela lei do consumidor.
Com relação ao direito do consumidor, não resta dúvida de que o espírito da lei obriga
o sucessor do fornecedor à proposta oferecida por este. Isto é aplicado tanto no caso de
sucessão inter vivos como causa mortis.
A proposta deixa de ser obrigatória nas hipóteses previstas nos arts. 427 e 428 do C.C.
O próprio ofertante pode ressalvar que a proposta não é obrigatória, conforme preceitua o art.
427: “se o contrário não resultar dos termos dela”. O ofertante pode inserir no documento
cláusulas como “não vale como proposta”; “sujeita a confirmação”; “apenas para divulgação”
etc.
Por vezes, como diz a lei, a própria natureza do negócio jurídico deixa de tornar a
proposta obrigatória. O exame será do caso concreto e das situações dos próprios incisos do
art. 428 do C.C.
- Aceitação:
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Também a rejeição da proposta ocorre de forma singela, com um simples “não aceita”,
“rejeitada” ou equivalente.
A proposta não pode ter eficácia indefinida. O tempo de sua duração deve ser
determinado ou determinável.
Entre presentes, o art. 428, inciso I do C.C. diz que a proposta, feita sem prazo a uma
pessoa presente, deixa de ser obrigatória, se não for imediatamente aceita.
Nossa lei civil (art. 434, caput) adotou a teoria da expedição, do sistema da agnação ou
declaração em geral, onde o contrato se aperfeiçoa pela declaração do oblato.
Da mesma forma, o proponente também pode se retratar, desde que haja de igual
maneira.
A proposta pode trazer um prazo de validade, o que ocorre com freqüência. Decorrido
o prazo sem manifestação do oblato, desobriga-se o proponente. Deve ele tomar
conhecimento da aceitação dentro do prazo (art. 434, III).
Quando a proposta for feita sem prazo à pessoa ausente, ficará o proponente liberado
da proposta se tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta a seu conhecimento
(art. 428, II).
O art. 430 do C.C. estabelece obrigação ao proponente que receber aceitação tardia,
de comunicar imediatamente ao oblato, sob pena de responder por perdas e danos.
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O art. 432 do CC estabelece que, se no contrato não é comum a aceitação expressa, ou
se o proponente abre mão expressamente da aceitação, se o oblato não pretender ingressar na
relação jurídica, deve notificar em tempo hábil o ofertante (Ex.: Contrato de fornecimento de
materiais ou serviços, renovação).
Inicialmente, há que se destacar que a lei de defesa do consumidor não tem sempre
prevalência sobre as demais legislações. Protege-se o consumidor à medida que a atividade do
fornecedor de produtos ou serviços seja abusiva ou contrária a princípios gerais.
O art. 30 do CDC também estabelece que toda proposta feita em qualquer meio de
comunicação obriga ao fornecedor, integrando o contrato. O art. 31 do mesmo diploma legal
também determina a necessidade de informações claras e preciosas na oferta. A omissão dos
requisitos aí estampados, na oferta ou na simples exposição de produtos, implica a
responsabilidade solidária do fornecedor com seus prepostos ou representantes (art. 34 do
CDC). A oferta deve, portanto, ser verdadeira, clara, precisa, veiculada em língua portuguesa.
Essencial é o uso do vernáculo.
Segundo o art. 435 do C.C. “reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi
proposto”. O local do contrato é importante para a lei aplicável, em âmbito internacional. A
regra geral é a aplicação da lei do local em que foi feita a proposta. Dentro da autonomia da
vontade, no entanto, podem as partes escolher o foro competente e a lei aplicável.
- VÍCIOS REDIBITÓRIOS:
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O princípio da boa-fé impõe o dever ao alienante de garantir ao adquirente que ele
possa usufruir da coisa conforme sua natureza e destinação, sendo que a obrigação daquele
não termina com a simples entrega da coisa.
- Conceito:
Como em toda situação de culpa, esta acarreta a indenização por perdas e danos, afora
o desfazimento do negócio ou o abatimento do preço.
Não é qualquer vício que se traduz em redibitório, senão aquele que torna a coisa
imprópria para o uso colimado no contrato, ou diminua-lhe o valor. Tal vício deve ser grave, de
acordo com o caso concreto, oculto e existente ao tempo da transmissão.
O CDC realça esse direito à informação do adquirente, que deve inclusive ser alertado
sobre os riscos que a coisa possa apresentar (art. 6º, III).
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Não pode reclamar de vício oculto quem adquire objeto usado ou avariado, com a
ressalva do vendedor ou transmitente de que a coisa é entregue “no estado”.
O defeito deve ser grave. E deve ser de tal importância que, se dele tivesse tomado
conhecimento anteriormente o adquirente, o contrato não teria sido concluído.
Defeitos irrelevantes que não alteram a destinação da coisa, nem seu preço não são
considerados vícios.
É importante fixar, nesse diapasão, que será considerado vício ou defeito oculto aquele
cujo fato gerador é anterior ou concomitante ao negócio jurídico.
- Efeitos:
Em sua defesa, o réu poderá alegar que o vício era de conhecimento prévio do
adquirente, ou que o defeito originou-se exclusivamente após a transferência. Ademais, pode
ter havido renúncia à garantia, possível dentro da autonomia da vontade, ou pode ter
transcorrido o prazo decadencial de reclamação.
O defeito oculto de uma coisa vendida juntamente com outras não autoriza a rejeição
de todas (CC, art. 503). Mesmo que o preço da venda tenha sido global, desde que as coisas
não constituam um todo inseparável, somente a defeituosa será devolvida e o seu valor
deduzido do preço.
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As partes podem expressamente excluir a garantia por defeitos ocultos. Também não
são aplicáveis os princípios quando o adquirente conhecia do vício. De outro lado, se houver
má-fé do transmitente, fica aberta a possibilidade de indenização por perdas e danos.
O § 1º, do art. 445 assevera que “quando o vício, por sua natureza, só puder ser
conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele se tiver ciência, até o
prazo máxima de 180 dias em se tratando de bens móveis, e de um ano para os imóveis”.
Os prazos acima podem ser convencionados mais extensos; mas, não podem renunciar
a tal decadência (art. 209).
O art. 446 ressalta que os prazos acima não correrão durante a garantia, mas,
entretanto, o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu
descobrimento.
- EVICÇÃO:
Esta garantia está presente em todo contrato oneroso, e não apenas na compra e
venda. Quem transmite uma coisa por título oneroso (vendedor, cedente, arrendante etc.) está
obrigado a garantir a legitimidade do direito que transfere.
Não há razão de ser da garantia nos contratos gratuitos. Entretanto, nada obsta que os
contraentes, mesmo em um contrato de doação, estipulem a garantia.
Para que se torne operativa essa garantia, é necessário que exista uma turbação de
direito com relação à propriedade ou posse do adquirente e que esse terceiro invoque um
30
título anterior ou contemporâneo ao negócio que atribuiu a coisa ao adquirente. A perda da
posse ou da propriedade põe em marcha o direito de evicção.
No caso, evictor é o que fica com a coisa e evicto é o que se vê despojado da mesma
coisa. Aqui, o evicto é o titular dos direitos decorrentes da evicção.
- Conceito:
- Requisitos:
Em primeiro lugar é indispensável que ocorra uma perturbação de direito, qual seja,
fundada em causa jurídica. As turbações de fato provenientes de terceiros devem ser
protegidas pelo próprio adquirente, que tem a sua disposição os remédios possessórios.
Finalmente, é da tradição do instituto que para a evicção deve haver uma sentença,
por via da qual o adquirente perde o uso, posse ou propriedade. Na verdade, somente após a
ação do evictor o evicto age contra o alienante para reclamar os prejuízos.
Segundo o art. 456 do C.C., “para poder exercitar o direito, que da evicção lhe resulta,
o adquirente notificará do litígio o alienante, quando e como lhe determinarem as leis do
processo”. Portanto, sem essa litisdenunciação o adquirente decai do direito de evicção.
31
A denunciação da lide é uma das modalidades de itervenção de terceiros no processo.
O denunciante promove, na verdade, uma ação contra o denunciado. Há uma lide secundária
que deve ser julgada juntamente com a principal (art. 70, I do CPC).
Tal denunciação pode ser tanto por parte do réu como por parte do autor (art. 71 do
CPC).
O montante indenizatório é conseqüência do direito de garantia, que, por sua vez, tem
relação com o princípio da boa-fé, como vimos. Os prejuízos efetivos decorrentes da perda da
coisa devem ser devidamente provados.
O parágrafo único do art. 450 acima referenciado informa que o preço da coisa é o da
época em que a mesma se evenceu.
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O art. 451, por sua vez, manda que, mesmo estando deteriorada a coisa evicta, ainda
assim persiste a obrigação integral, salvo se a deterioração ocorreu por dolo do adquirente. De
outra banda, o art. 452 afirma que o adquirente pode ter tido vantagem com a deterioração
(recebimento de seguro), assim, deverá deduzir o valor dessa vantagem.
- Evicção Parcial:
O evicto pode escolher entre duas ações, a ação de evicção ou a de indenização pela
perda. Vale o princípio de que, eleita uma via processual, não é possível o retorno a outra. Para
que essa escolha opere, a lei exige que a evicção seja considerável, o que se apurará no caso
concreto.
A resilição é a cessação do vínculo contratual pela vontade das partes, ou, por vezes,
de uma das partes. Entretanto, com freqüência, a palavra rescisão é utilizada com o mesmo
significado, inclusive, pela lei.
33
A rescisão é palavra que traz, entre nós, a noção de extinção da relação contratual por
culpa. Geralmente, quando uma parte imputa à outra o descumprimento de um contrato, pede
a rescisão em juízo e a sentença decreta-a.
A resilição bilateral é o distrato mencionado por nossa lei no art. 472. É o mútuo
consenso para o desfazimento do vínculo.
- Distrato e Forma:
O art. 472 estatui que “o distrato faz-se pela mesma forma que o contrato”. Tal
princípio não é absoluto.
Nada impede que um contrato oral seja desfeito pela forma escrita e que um escrito
particular seja desfeito por um escritura pública.
O distrato se fará necessário naqueles contratos mais complexos, que não se revelam
facilmente com atos materiais. Aí, sim, será necessária a forma escrita, pois não terão as partes
outros meios de provar que houve o contrarius consensus.
O distrato gera efeitos a partir de sua ultimação, a não ser que as partes reconheçam o
contrário no ato.
- Quitação, Recibo:
O art. 320 descreve os requisitos da quitação. Caso não existam todos os requisitos
citados no dispositivo, ainda assim a quitação terá validade, mas, deve ser idônea e apresentar
materialidade suficiente (parágrafo único, do art. 320).
Em alguns contratos, sua natureza permite que unilateralmente a parte dê por finda a
relação. Isso ocorre no comodato, no mandato, no depósito; nos contratos em que o fator
confiança tem papel importante.
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O contrato bilateral pode dispor em cláusula a possibilidade de resilição unilateral. Não
é dispensável o aviso prévio de resilição, mas a autorização dessa denúncia é conseqüência da
convenção dos contratantes. A situação é de distrato, previamente autorizado.
Por vezes, essa resilição recebe o nome de revogação. Por esse ato unilateral, são
retirados os efeitos de um ato jurídico, que foram previamente outorgados. É o que ocorre na
revogação da doação e do testamento, revogação de mandato.
O parágrafo único do art. 473 do C.C. (denúncia vazia) inovou ao dispor que: “Se dada
a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para sua
execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível
com a natureza e o vulto dos investimentos”.
Essa disposição atende à finalidade social que o novo estatuto procurou imprimir ao
cumprimento das obrigações e se apresenta com o caráter de cogente, prestigiando ainda o
princípio da boa-fé objetiva.
Essa inexecução pode ser culposa ou não. Quando se imputa culpa ao outro
contratante, o demandante pode pedir a resolução do contrato, ou a execução em espécie,
quando a natureza do negócio permitir, com indenização por perdas e danos.
A figura jurídica que autoriza a resolução por descumprimento imputável a uma das
partes é conhecida pela denominação de pacto comissório ou cláusula resolutória, que pode
ser expressa ou tácita.
Pacto Comissório é a cláusula pela qual se estipula que qualquer das partes opte pela
resolução do contrato, se o outro contratante não cumpre a obrigação que lhe compete.
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A declaração de resolução (judicial) do contrato por inadimplência operará ex tunc. A
notificação, ou simples aviso, poderá tornar-se importante meio de avaliação do momento em
que o contrato se teve por resolvido, isto é, o momento em que se caracterizou o
inadimplemento, contemporâneo ou próximo à denúncia do contratante.
Presume-se presente em todos os contratos a cláusula resolutória tácita (CC, art. 475),
devendo a ocorrência da causa de resolução ser apurada pelo juiz. Não se esqueça que, em
qualquer caso, o contrato deve ser examinado à luz de sua função social (CC, art. 421) e sob o
prisma dos princípios da probidade e boa-fé (CC, art. 422). Pode também a parte prejudicada
pedir o cumprimento em espécie, quando assim permitir sua natureza; a opção é do
interessado.
Essa cláusula tácita possibilita tão-só a decretação judicial da resolução. Vimos que
mesma a condição resolutória expressa somente alcançará efeitos concretos com a sentença.
Efeito típico da resolução é sua retroatividade (ex tunc), no sentido de que elimina
entre as partes o vínculo, sem prejuízo dos direitos adquiridos no entretempo por terceiros de
boa-fé. E nos contratos de execução continuada ou periódica, as prestações já cumpridas ficam
a salvo.
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Tratando-se de contrato de trato sucessivo, permanecem incólumes e válidas as
prestações já cumpridas, e devem ser indenizadas aquelas que não o foram, até o momento da
impossibilidade, por culpa do devedor.
Pode haver cláusula, contudo, que responsabiliza expressamente o devedor, ainda que
a impossibilidade advenha de caso fortuito ou força maior.
Uma vez comprovada em juízo a alegação e resolvido o contrato, essa resolução opera-
se ex tunc, ou seja, desde o momento em que eclodiu e caracterizou-se a impossibilidade do
cumprimento.
Há que se destacar ainda que também o inadimplemento antecipado pode ter ocorrido
por caso fortuito ou força maior, de sorte a afastar o dever de indenizar.
- Conceito:
Art. 481 do C.C.: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
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Segundo Silvio de Salvo Venosa, “em singela síntese, pode ser definida a compra e venda como
a troca de uma coisa por dinheiro”.
De acordo com Caio Mário da Silva Pereira, a compra e venda “é o contrato em que uma
pessoa se obriga a transferir à outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante
o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente”.
- Definição:
O contrato de compra e venda é aquele pelo qual um dos contraentes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa a outrem que, por sua vez, se obriga a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.
O contrato não é apenas de venda e nem apenas de compra, porque trata-se de uma única
operação que se compõe de dois aspectos inseparáveis: o da compra e o da venda.
Importante esclarecer que nosso sistema jurídico põe a compra e venda exclusivamente no
campo obrigacional, ou seja, o contrato de compra e venda por si só não transfere a
propriedade. Desse modo, o vendedor obriga-se a transferir a coisa, enquanto o comprador,
pagando o preço, possui direito e obrigação de recebê-la (arts. 1.226 e 1.245 do C.C.). Mas
existem exceções à regra, a Prof. Maria Helena Diniz destaca o art. 8º do Decreto-lei nº
3.545/41, referente à compra e venda de títulos da dívida pública da União, dos Estados e dos
Municípios, e o Decreto-lei nº 911/69, alusivo à alienação fiduciária em garantia, que
transferem a propriedade independentemente da tradição.
O inadimplemento do contrato de compra e venda por parte do vendedor resolve-se por meio
de ação pessoal para a entrega da coisa. Embora inexista direito real, o adquirente pode
acionar o vendedor para entregá-la. Cuida-se de fazer cumprir obrigação de dar coisa certa.
Pacta sunt servanda. Na impossibilidade de ocorrer o cumprimento da obrigação, a obrigação
converter-se-á em perdas e danos.
A nova redação dada ao art. 621 do CPC permitiu a execução para a entrega de coisa certa
tanto para título judicial como para título extrajudicial (descritos no art. 585, II do CPC).
- Classificação:
1) Bilateral ou sinalagmático, porque faz nascer obrigações recíprocas a quem vende e a quem
compra;
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5) Translativo de propriedade, não no sentido de operar sua transferência, mas de servir como
instrumento para a transferência (titulus adquirendi), isto é, de ser o ato causal da transmissão
da propriedade gerador de uma obrigação de entregar a coisa alienada e o fundamento da
tradição ou da transcrição.
- Elementos Constitutivos:
res (a coisa) – é qualquer coisa suscetível de apreciação econômica, que pode sair do
patrimônio do vendedor e ingressar no do comprador. A coisa deve ter existência real ou
potencial quando do negócio (ex.: contrato aleatório), podendo, ainda, ser corpórea ou
incorpórea (cessão de direitos).
Embora a existência da coisa possa ser potencial quando do pacto, deve ela ser individuada,
determinada ou determinável, ao menos identificada pelo gênero e quantidade,
estabelecendo obrigação de dar coisa incerta (art. 243 do C.C.).
A coisa ainda deve ser disponível, uma vez que sua inalienabilidade natural, legal ou voluntária
impossibilitaria a sua transmissão ao comprador.
A coisa litigiosa não é retirada do comércio, podendo também ser objeto da compra e venda
(art. 42 do CPC e art. 457 do CC).
pretius (o preço) – deve ser em dinheiro, pecunia numerata, sob pena de não ser conceituado
o negócio como compra e venda. A venda pressupõe necessariamente um preço.
O preço, além de ser em pecunia numerata, deve ser certo, real ou justo e verdadeiro. Apenas
após determinado o valor em dinheiro, a compra e venda torna-se perfeita e obrigatória (art.
482 C.C.). O preço deve ser determinado ou determinável. Se não vem determinado, é
necessário que sejam fixados parâmetros para essa determinação.
a) pessoa casada, qualquer que seja o regime de bens, não poderá alienar ou gravar de ônus os
bens imóveis do seu domínio, ou direitos reais sobre imóveis alheios, sem a autorização do
outro cônjuge (CC, arts. 1.647, I, III e IV).
b) os consortes não poderão efetivar contrato entre si; a compra e vende entre marido e
mulher, se o regime matrimonial for o da comunhão universal, ter-se-á uma venda fictícia, pois
os bens do casal são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence. Entretanto, o
novo Código Civil em seu art. 499, admite a compra e venda entre cônjuges com relação a bens
excluídos da comunhão.
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c) os ascendentes não podem vender ao descendente, sem que os demais descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente consintam (art. 496 C.C.), porque essa venda de bens
móveis ou imóveis poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros; por isso, é
mister resguardar a igualdade das legítimas contra defraudações.
d) os que têm, por dever de ofício ou por profissão, de zelar pelos bens alheios (os tutores,
curadores, testamenteiros, mandatários com poderes para administrar ou vender a coisa,
empregados públicos, juízes, dentre outros) estão proibidos de adquiri-los, mesmo em hasta
pública, sob pena de nulidade, pelo Código Civil, art. 497 e Súmula 165 do STF = mandatário.
e) o condômino, enquanto pender o estado de indivisão, não poderá vender sua parte a
estranha, se outro consorte a quiser, tanto por tanto (CC, art. 504, primeira parte).
f) o proprietário de coisa alugada, para vendê-la, deverá dar conhecimento do fato ao inquilino,
que terá direito de preferência para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros (Lei n.
8.245/91, arts. 27 a 31, 34).
FORMA – é a obediência quando exigida por lei de certo requisito ou modo de confecção
(realização) do ato negocial.
- Conseqüências Jurídicas:
Responsabilidade pelos riscos e despesas (CC, arts. 492, 494, 236 e 490);
Responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas (CC,
art. 503);
Direito do comprador de recusar coisa vendida sob amostra, por não ter sido entregue
nas condições prometidas (CC, art. 484 caput).
NOTA – Amostra é uma fração ou pequena parcela da coisa a ser vendida, a fim de dar ao
comprador uma idéia perfeita da coisa que lhe está sendo oferecida. Se, portanto, o
vendedor realiza a venda com base em amostra, fica obrigado a entregar ao comprador a
coisa perfeitamente idêntica à amostra que lhe foi exibida. Se não o fizer, o comprador
pode recusa o recebimento. Se a coisa entregue corresponder rigorosamente à amostra
que serviu de base para a venda, o comprador somente poderá recusar o recebimento com
base em vício redibitório (CC, art. 441 caput).
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Pela cláusula de retrovenda, o vendedor de coisa imóvel reserva-se o direito de
recobrar, no prazo máximo de decadência de 03 (três) anos, o que vendeu, restituindo o preço
recebido, mais as despesas feitas pelo comprador (art. 505).
O novo Código Civil inovou quanto a permitir que se agregue valor no resgate, como as
despesas do comprador.
Hodiernamente, entende-se ainda que tal devolução deve se dar com a devida e
inafastável correção monetária, quando aplicável, sob pena de ocorrer injusto enriquecimento.
No pacto existe condição resolutiva (propriedade resolúvel = art. 1.359). Como se trata
de resolução de negócio anteriormente feito, operada a cláusula do retrato, desfaz-se a compra
e venda, isto é, não há negócio novo. Com esse desfazimento, desaparecem todos os direitos
criados e surgidos medio tempore.
O novo Código proíbe a cessão desse direito por ato entre vivos e a autoriza no direito
sucessório, para herdeiros e legatários (art. 507).
O artigo acima também informa que o direito de retrato poderá ser exercido contra o
vendedor, seus herdeiros, ou o terceiro adquirente, ainda que este adquira o bem em hasta
pública, pois esta também não pode ignorar a cláusula.
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atendimento das qualidades asseguradas pelo vendedor e na idoneidade para o fim a que se
destina.
- Prazo:
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a) Interesse do comprador em se desfazer do imóvel por compra e venda ou dação
em pagamento (negócios jurídicos eminentemente onerosos);
- Prazo:
Não há direito de preferência sobre parte do bem, móvel ou imóvel, ainda que
estabelecido em benefício de duas ou mais pessoas.
- Efeitos:
A violação desta cláusula não gera eficácia real, mas, sim, se resolve na fórmula das
perdas e danos (art. 518 do C.C.).
Novidade do Código Civil atual, embora já estivesse presente em nosso direito (CPC,
arts. 1.070 e 1.071).
Por meio deste contrato, com tal condição suspensiva, transfere-se ao adquirente
apenas a posse da coisa alienada, conservando o vendedor o domínio sobre a mesma, até lhe
ser pago a totalidade do preço (CC, art. 521).
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A finalidade desta modalidade contratual é incentivar o crédito ao consumo de bens
móveis, proporcionando maior garantia ao vendedor, muito embora a alienação fiduciária
afigure-se muito mais dinâmica.
- Forma:
Estabelece a lei que a forma deve ser necessariamente escrita e, para valer contra
terceiros, precisa ser registrada em cartório próprio, a saber, o Cartório de Títulos e
Documentos, no domicílio do comprador (C.C., art. 522).
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O pagamento deve ser feito contra a entrega dos documentos que permitem o
recebimento ou levantamento da mercadoria.
A entrega dos documentos gera presunção de que a coisa conserva as qualidades neles
apontadas, não podendo o comprador condicionar o pagamento à realização de vistoria para
constatação de inexistência de defeitos ocultos ou aparentes.
De acordo com o art. 531 do C.C., se a coisa estiver coberta por apólice de seguro, a
perda ou deterioração sub-roga-se no valor segurado.
O compromisso de venda e compra, como contrato preliminar (arts. 462 a 466 do C.C.)
que é, tem por objeto um contrato futuro de venda e compra. Assim sendo, pode ser definido
como ajuste de vontades, por meio do qual os contratantes prometem, reciprocamente, levar a
efeito uma compra e venda.
A promessa unilateral de compra, negócio raro na prática, dá-se quando uma pessoa se
obriga a adquirir determinado bem da outra, por preço certo e dentro de prazo determinado,
se esta o quiser vender.
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O contrato de compromisso de compra e venda, cujo fim é a outorga de um contrato
definitivo, gera para as partes uma obrigação de fazer recíproca: a de passarem um contrato
definitivo - a compra e venda.
b) o direito real de fazer valer o compromisso também contra terceiros, conferido pelo registro
(art. 22 do DL 58/37; art. 25 da Lei 6.766/79).
- Traços Característicos:
a- Natureza contratual.
b- O animus donandi (intenção de fazer a liberalidade).
c- A transferência de bens para o patrimônio do donatário.
d- A aceitação pelo donatário.
- Capacidade Ativa = podem doar todas as pessoas que possuem capacidade para contratar e
para dispor de seus bens.
- Capacidade Passiva = as pessoas físicas capazes de praticar atos da vida civil, os incapazes
(art. 543, C.C.), o nascituro (art. 542, C.C.), a prole eventual de determinado casal (art. 546,
C.C.), as pessoas jurídicas de direito privado, e as de direito público, para essas últimas
observadas as disposições especiais a elas concernentes.
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- Objeto da Doação = é a transferência de bens ou vantagens do patrimônio de uma pessoa
para o patrimônio de outra pessoa, sem contraprestação obrigacional, salvo eventuais
encargos ou condições impostas pelo doador ou donatário.
- Pela expressão “bens e vantagens” deve-se entender todo bem que esteja in commercium, ou
seja, qualquer coisa que tenha expressão econômica e possa ser alienada, incluindo bens
móveis, imóveis, corpóreos, incorpóreos, consumíveis e inconsumíveis.
- A coisa alheia não pode ser objeto de doação, salvo na hipótese do § 1º, do art. 1.268 do C.C.
EMPOBRECIMENTO
x
LIBERALIDADE
x
ENRIQUECIMENTO
- Natureza Jurídica = contrato, em regra, gratuito, unilateral, formal ou solene (art. 541 do
C.C.).
- Negócios Inter Vivos e Causa Mortis = não se admite a doação para depois da morte, pois
faltar-lhe-ia o caráter da revogabilidade (C.C., art. 555 e seguintes). Assim, o negócio jurídico
causa mortis que visa a transferência gratuita de bens de uma pessoa à outra se faz por meio
do testamento, e o negócio inter vivos, com o mesmo objetivo, se faz pelo contrato de doação.
- A Evicção, o Vício Redibitório e os Juros Moratórios nas Doações = Art. 552 do C.C.
- Espécies de Doação:
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a- Pura e simples ou típica = o ato constitui uma liberalidade plena. Trata-se de
verdadeira natureza da doação, que traduz o animus donandi, ou seja, a intenção de
doar sem qualquer exigência ou contraprestação.
A condição, por sua vez, subdivide-se em duas espécies admitidas em nosso direito, que são a
condição suspensiva e a condição resolutiva. De acordo com o art. 125 do C.C.,
“subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta não se
verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. Dessa forma, a cláusula condicional
será suspensiva se impedir que o negócio produza efeitos jurídicos enquanto o acontecimento
não se observar. Acontecendo o fato previsto pela cláusula suspensiva, o negócio passa a
produzir seus efeitos, conferindo os direitos colimados pelos interessados e instituindo as
respectivas obrigações. Portanto, suspensiva é a condição que deixa suspensos os efeitos de
um negócio até que aconteça o fato previsto por ela (ex.: art. 546 do C.C.). Já o art. 127 do C.C.
institui que “se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido”. É um
tipo de condição que permite que o negócio subordinado a ela produza normalmente todos os
seus efeitos, até que o fato previsto por ela se realize, quebrando, a partir de então, qualquer
obrigação ou direito decorrente do ato negocial. Ou seja, o negócio sob condição resolutiva
produz efeitos para ambas as partes desde a sua formação até que o acontecimento se realize
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e, por consequência, destrua o ato negocial. Dessa maneira, a condição resolutiva é o contrário
da suspensiva, uma vez que esta última, ao se observar o fato condicionante, permite que o ato
passe a produzir seus efeitos normais, enquanto que a primeira, quando se dá o
acontecimento previsto por ela, cessa todos os efeitos que o negócio já produzia desde sua
formação.
II- Termo = é todo evento futuro e certo ao qual ficam subordinados os efeitos
decorrentes do negócio jurídico. Aliás, a diferença básica entre termo e
condição é justamente a certeza do acontecimento futuro que, no caso do
termo, deve existir necessariamente. Nos negócios a termo é comum o
aparecimento de um termo inicial, que corresponde ao dia em que o negócio
começará a produzir seus efeitos ordinários. Possui, portanto, características
suspensivas, pois deixa os efeitos do ato suspensos até a chegada da data
acordada pelas partes. Contudo, o termo inicial não corresponde ao dia em
que os direitos das partes serão adquiridos, e sim, ao marco inicial para a
possibilidade do exercício destes direitos, estes existindo desde a formação do
ato. É o que encontramos disciplinado no art. 131 do C.C. Também é comum o
advento do chamado termo final, que nada mais é do que o dia marcado pelas
partes para o rompimento dos efeitos jurídicos do negócio, possuindo, com
efeito, características resolutivas. Prazo é o lapso de tempo existente entre o
termo inicial e o termo final (ex.: art. 554 do C.C.).
O encargo ilícito ou impossível ter-se-á por não escrito, prevalecendo a doação como se fora
pura e simples, mas se o motivo determinante da doação for o próprio encargo, então todo o
negócio sofrerá de nulidade (art. 137 do C.C.).
A doutrina pátria tem entendido que as doações onerosas sujeitam-se aos efeitos do vício
redibitório e da evicção (art. 441, parágrafo único e art. 552 do C.C.).
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d- Remuneratória = feita em retribuição a serviços prestados ao doador ou a alguém de
sua estima. Não se pode confundir essa modalidade de liberalidade com “dação em
pagamento” que é meio extintivo indireto de obrigação, nem com o “pagamento”
propriamente, que é meio extintivo direto de obrigação (art. 540 do C.C., in fine).
f- Sob a Forma de Subvenção Periódica = trata-se de auxílio pecuniário que pode ser
estipulado sob a forma de renda mensal, dividendos ou alimentos, estabelecido por
períodos. O limite temporal é a morte do doador, se outro não ficar estipulado no
instrumento jurídico. Vê-se que é espécie de doação que contém o termo, inicial e final
(art. 545 do C.C.).
h- Entre os Cônjuges = doação que só será possível com a observância de alguns limites
impostos pelo regime patrimonial adotado no casamento, pois implica tal doação, em
adiantamento da herança (art. 544 do C.C.). Se o regime for o da comunhão universal,
por exemplo, não há como se imaginar doação entre cônjuges se ambos são meeiros e
condôminos sobre a totalidade dos bens.
i- Conjuntiva = a feita em comum a várias pessoas (art. 551 e seu parágrafo único do
C.C.). A princípio entende-se que a doação em comum seja feita em partes iguais entre
os donatários, porém nada impede que o doador estipule de modo diverso. Se a
doação versar sobre usufruto, aplica-se as regras do art. 1.411 do C.C.
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Justamente porque a lei interpreta a doação de ascendente para descendente como um
adiantamento de legítima é que, nessa modalidade, não se exige a anuência dos demais
herdeiros, divergindo nesse particular do que ocorre no contrato de compra e venda.
k- Inoficiosa = de acordo com o art. 549 do C.C., nula será a doação que exceder o limite
do que o doador poderia dispor por testamento no momento da doação. Assim, a
inoficiosidade é o excesso de liberalidade que atinge aquele montante de que o doador
não poderia dispor no momento da doação (art. 549 c/c art. 1.846 do C.C.).
Sendo nula a doação inoficiosa, isto é, o excesso do que poderia ter sido doado, essa nulidade
pode ser arguida desde logo (art. 166, VII e art. 168 do C.C.), o que se fará por meio de ação de
redução de doação.
Como nas nulidades não se convalescem, nada impede que tal arguição seja feita por ocasião
do processamento do inventário do doador.
– por motivos comuns a todos os contratos – embora não esteja prevista no capítulo específico
sobre doações, aplicam-se as regras gerais a todos os contratos, ou seja, os que podem
macular o ato jurídico, como erro, dolo, coação, simulação e fraude, são motivos para anular a
doação.
– por ser resolúvel o negócio – ocorre, por exemplo, no caso previsto no art. 547, no qual o
doador sobrevive ao donatário e o domínio do bem volta ao patrimônio do doador.
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