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DIREITO CIVIL – CONTRATOS

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

O contato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação

1 - A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE

A manifestação de vontade poderá ser expressa ou tácita.

É expressa quando revela se revela através do propósito deliberado de uma das partes de
externar o seu pensamento em determinado sentido.

Pode se revelar através da palavra, escrita ou oral, como ainda por gestos (ex: Neste último,
temos como exemplo a aceitação em um leilão dada apenas por um gesto do oblato).

O consentimento é tácito quando provém de atos do agente, incompatíveis com a decisão


contraria.

Ex: Num contrato de doação de um automóvel, o donatário toma posse, emplaca-o e passa a
utilizá-lo.

2 - O SILÊNCIO COMO MANIFESTAÇÃO DE VONTADE

Não se deve confundir consentimento tácito com efeito vinculativo do silêncio, pois o silêncio
não sendo afirmação nem negação, pode ser considerado como manifestação tácita do querer.

A expressão “quem cala consente”, não traz efeito jurídico, pois quem cala não coisa nenhuma.

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Ex: Não pode o editor de uma revista enviar um exemplar, informando se não houver a
manifestação de vontade no sentido contrário, seu silêncio será considerado como subscrição
de assinatura.

A doutrina tem o entendimento de que se o proponente pode obrigar-se pela manifestação de


vontade, não pode, por meio dela, criar obrigação para terceiros.

No caso em comento, não poderá o editor forçar obrigação de terceiro por meio da ausência
da manifestação deste. O que poderá ocorrer somente é o proponente se obrigar com sua
manifestação.

Já o terceiro, se em momento algum manifestou-se em sua vontade de efetuar a assinatura da


revista, sua ausência de manifestação não poderá ser considerada como anuência.

Excepcionalmente, entretanto, tem-se admitido a função vinculadora quando em virtude de


circunstâncias especiais, a inércia de uma das partes deve ser compreendida como aceitação.

Isso se dá sempre que a lei, a vontade das partes ou o comportamento passado houver
estabelecido o dever de recusar expressamente a oferta..

Ex: O comerciante que recebe, de freguês habitual, encomenda de mercadoria de sua


especialidade, pelo preço de mercado, com prazo de entrega determinado, deverá comunicar
de pronto sua recusa ao cliente, sob pena de se haver aceite à proposta.

3 - A FORMAÇÃO DO CONTRATO E AS NEGOCIAÇÕES

A fase de negociações preliminares é denominada de fase de pontuação.

O proponente é denominado de policitante e a pessoa a quem fora dirigida a proposta é


denominado de oblato.

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Nesta fase qualquer patê pode se afastar, sob alegação de desinteresse tendo em vista que
ainda não manifestaram sua vontade, não havendo nenhuma vinculação ao negócio. Pois
sendo a fase de negociação preliminar, um período pré-contratual.

Somente ocorrerá responsabilidade por perdas e danos se ficar demonstrada a deliberada


intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causa dano a outro contratante.

EX: Perda de outro negócio, ou realização de despesas.

O pedido da parte lesada, no presente caso, não é o inadimplemento contratual, mas a prática
é um ato ilícito civil (ART 186 C.C.)

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.”

4 - PROPOSTA

A proposta é a oferta dos termos de um negócio, convidando a outra parte a com eles
concordar.
Constitui ato jurídico unilateral, por intermédio do qual o policitante convida o oblato a
contratar, apresentando desde logo os termos em que se dispõe a fazê-lo.

Quem formula uma proposta de negócio provoca uma legítima expectativa à pessoa a quem a
endereçou.

Por isso, a lei impõe ao policitante o dever de manter sua proposta, sujeitando-o às perdas e
danos no caso de inadimplemento (Art. 427 C.C).

“Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.”

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A proposta deixa de ser obrigatória, nos casos enumerados no Art. 428 do Código Civil, que
distingue a proposta dirigida a pessoa presente e pessoa ausente.

“Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio
de comunicação semelhante;

 II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo


suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte


a retratação do proponente.”

A proposta dirigida a pessoa presente deixa de ser obrigatória quando feita sem prazo, e não
for imediatamente aceita. A lei considera presente as pessoa que contratam por telefone. Vale
ressaltar que se fora oferecido prazo para a aceitação da proposta o policitante só se desvincula
de sua oferta após o transcurso do prazo, sem aceitação.

A proposta dirigida a pessoa ausente deixa de obrigar o proponente em três situações:

a) se, formulada sem prazo, e houve decorrido tempo suficiente para chegar a aceitação,
por que supõe a lei que, não havendo concessão de prazo para refletir, deve o
recipiente da proposta resolver de pronto se aceita ou não. Se houver transcorrido
tempo suficiente para que a oferta chegasse a seu destino e a resposta retornasse ao
proponente, sem que isso se desse, o policitante se desliga do vínculo.
b) Se havendo concessão de prazo para resposta, este se esgotar que a aceitação seja
expedida.

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c) Se, antes da proposta ou simultaneamente desta, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente, pois não se cria o espírito da expectativa do negócio
ao oblato. Ex: Quando o comerciante, descobrindo a inconveniência de um negócio
proposto por carta a um cliente, retrata-se no mesmo dia por telegrama.

5 – ACEITAÇÃO

A aceitação consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feito dentro do prazo e


envolvendo adesão integral à proposta recebida.

Requisitos da Aceitação: a) se formule dentro do prazo concedido na oferta, e b) corresponda a


uma adesão integral à proposta.

Caso a manifestação de vontade do aceitante não se submeta a tais requisitos necessários, não
se tratará de aceitação e sim de uma nova proposta. (Art.431 do C.C.)

“Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,


importará nova proposta.”

A aceitação em regra é expressa, entretanto poderá se tácita em duas hipóteses. (Art. 432 do
C.C.)

“Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o
contrato, não chegando a tempo a recusa.”

a) Se tratar de negócios habituais onde não se costuma exigir aceitação. Ex: Comerciante
remete habitualmente sua produção ao varejista e se esse deseja interromper ou
recusar a mercadoria recém chegada, deverá comunicar expressamente, sob pena de
se entender que aceitou.
b) Apenas se cogita naqueles casos em que relações passadas entre contratante, ou
ajuste entre os mesmos, conduz que a inércia de um deles se presuma aceitação.

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5.1 – ACEITAÇÃO NOS CONTRATOS POR CORRESPONDÊNCIA EPSTOLAR

O doutrinadores divergem em duas teorias:

 A teoria da informação ou cognição: segundo essa teoria o contrato só se aperfeiçoa no


momento que o policitante toma conhecimento da aceitação. Teoria seguida nos Códigos
Espanhol, Argentino, Suisso, dentre outros.

 A teoria da declaração ou agnição: o contrato se ultima pela declaração do aceite. É a


teoria aceita em nosso Código Civil. (Art. 434 C.C.)

“Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a


aceitação é expedida, exceto:

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.”

A teoria da declaração ou agnição é dividida em três subteorias:

- Subteoria da declaração: é considerado o aceite desde o momento em que o aceitante


escreve a carta de aceite.

- Subteoria de expedição: considera o aceite a partir do momento em que o aceite é


expedido, pois o aceitante perde o controle sobre sua vontade. Ë a teoria usada em nosso
código.

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- Subteoria da recepção: considera o aceite desde o momento que a aceitação chega as
mãos do policitante.

O Artigo 435 do Código Civil prescreve que será considerado celebrado o contrato no lugar em
que este foi proposto

6 – IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO

A impossibilidade poderá ser absoluta ou relativa.

Diz-se absoluta quanto a impossibilidade se torna irrealizável a qualquer pessoa nas condições
do contrato

Ex: colocar água dos oceanos em um copo, dar a volta ao mundo a pé em três dias.

Diz-se relativa a impossibilidade quando ela afeta determinada pessoa, mas não abrange a
generalidade dos homens.

EX: o devedor insolvente encontra-se na impossibilidade de se pagar um débito, mas tal


impossibilidade é relativa, está restrita ao devedor, não se estende a outras pessoa com
melhores condições financeiras.

O contrato não se invalida quando a impossibilidade é relativa, podendo o credor executar o


contrato para satisfazer seu crédito (pacta sunt servanda)

- Princípios Gerais do Direito Contratual:

- Autonomia da Vontade:

Em suas linhas gerais, eis o princípio da autonomia da vontade, que genericamente


pode enunciar-se como a faculdade que têm as pessoas de concluir livremente os seus
contratos.

O princípio resume-se nessas duas proposições essenciais: “toda obrigação para ser
sancionada pelo direito, deve ser livremente consentida; mas, ao revés, toda obrigação, a partir
do momento em que for livremente assumida, deve ser sancionada pelo direito. Os postulados
que decorrem dessas proposições podem ser assim determinados:

1º) os indivíduos são livres de contratar ou de não contratar;


2º) nulo é o contrato em não havendo um consentimento livre;

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3º) o conteúdo do contrato pertence livremente à determinação das partes contratantes;
4º) no caso de conflito interespacial de leis, os contratantes são livres de eleger a lei aplicável
às suas relações contratuais;
5º) concluído o contrato é ele inatingível, a menos que as próprias partes contratantes o
rescindam voluntariamente;
6º) o contrato concluído livremente incorpora-se ao ordenamento jurídico, tendo o contratante
o direito de pedir a intervenção do Estado para a execução da obrigação não cumprida;
7º) o juiz, ao aplicar o contrato, é obrigado a se ater à intenção comum das partes
contratantes”.

Contudo, é preciso não olvidar que a liberdade de contratar não é ilimitada ou


absoluta, pois está limitada pela supremacia da ordem pública, que veda convenções que lhe
sejam contrárias e aos bons costumes, de forma que a vontade dos contraentes está
subordinada ao interesse coletivo.

No ordenamento, portanto, há normas cogentes que não poderão ser tocadas pela
vontade das partes. Há normas supletivas que operarão no silêncio dos contratantes.

Por esse prisma, realçando o conteúdo social do novo Código, seu art. 421 enuncia a
função social do contrato. O controle judicial não se manifestará apenas no exame das
cláusulas contratuais, mas desde a raiz do negócio jurídico. Como procura enfatizar o novo
diploma, o contrato não mais é visto pelo prisma individualista de utilidade para os
contratantes, mas no sentido social de utilidade para a comunidade. Nesse diapasão, pode ser
coibido o contrato que não busca essa finalidade.

- Força Obrigatória dos Contratos:

Um contrato válido e eficaz deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt servanda. O
acordo de vontades faz lei entre as partes.

O ordenamento deve conferir à parte instrumentos judiciários para obrigar o


contratante a cumprir o contrato ou a indenizar pelas perdas e danos.

Daí decorre o princípio da intangibilidade do contrato. Ninguém pode alterar


unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o juiz intervir nesse conteúdo, poise, as
partes contrataram de livre e espontânea vontade. Essa é a regra geral. As atenuações legais
alteram em parte a substância desse princípio.

- Princípio da Relatividade dos Contratos:

A regra geral é que o contrato só ata aqueles que dele participaram, sendo que seus
efeitos não podem prejudicar ou aproveitar a terceiros.

No entanto, todo princípio geral abre exceções, neste caso, há obrigações que
estendem seus efeitos a terceiros. São efeitos externos, como acontece no caso de estipulação
em favor de terceiro, convenção coletiva de trabalho e etc.

- Princípio da Boa-fé nos Contratos:

Esse princípio se estampa pela dever das partes de agir de forma correta antes,
durante e depois do contrato, isso porque, mesmo após o cumprimento de um contrato,
podem sobrar-lhes efeitos residuais.

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Na análise do princípio da boa fé dos contratantes, devem ser examinadas as condições
em que o contrato foi firmado, o nível sociocultural dos contratantes, o momento histórico e
econômico. É ponto de interpretação da vontade contratual.

Na interpretação do contrato, é preciso ater-se mais à intenção do que ao sentido


literal da linguagem, em prol do interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes
deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na
execução do contrato.

- Princípio do Consensualismo:

Segundo esse princípio, o simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar
contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns,
por serem solenes, tenham sua validade condicionada à observância de certas formalidades
legais (Ex.: Compra e venda de imóveis).

- Contrato de Adesão:

São aqueles que não resultam do livre debate entre as partes, mas provêm do fato de
uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições previamente estabelecidas pela outra.

Aqui, o consentimento manifesta-se por simples adesão às cláusulas que foram


apresentadas pelo outro contratante.

O contrato de adesão é se dirige à contratação em massa, ou nos casos de estado de


oferta permanente, como por exemplo o contrato apresentado por empresas concessionárias
de serviços públicos.

O art. 423 do CC, determina a interpretação das cláusulas ambígüas em prejuízo de


quem as redigiu; já o art. 423 do mesmo diploma legal anula as cláusulas que estabelecem
renúncia antecipada de direitos.

- Princípio da Revisão dos Contratos ou Onerosidade Excessiva


Permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e
condições mais humanas, em determinadas situações (Teoria da imprevisão).

- Princípio da Supremacia da Ordem Pública

Limita a autonomia da vontade dando prevalência da ordem pública.

- CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

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A classificação dos contratos obedece a procedimento lógico. Visa facilitar
a compreensão do contrato e a solução dos conflitos.

- Em Razão de Sua Natureza:


- unilaterais e bilaterais
-onerosos e gratuitos
- comutativos e aleatórios
- causais e abstratos

- Em Razão de Como se Aperfeiçoam:

- consensuais e reais
- solenes e não solenes

- Em Razão do Nome Conferido Por Lei:

- nominados
- inominados

- Em Razão da Consideração de Uns Em Relação Aos Outros:

- principais
- acessórios

- derivados

- Em Razão do Tempo em que Devem Ser Executados:

- de execução instantânea
- de execução diferida no tempo

- de execução continuada

- Em Razão de Seu Objeto:

- definitivo
- preliminar

- Em Razão da Maneira Como são Formados:

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- paritários
- adesivos

UNILATERAIS E BILATERAIS E PLURILATERAIS

Unilateral: Produz apenas obrigações de um dos contratantes para com o outro.

Ex: doação pura, deposito, mandato, comodato, mutuo. NA VERDADE a obrigação de boa-fé
persiste para ambas as partes.

O contrato unilateral, ou contrato com prestação a cargo de uma só das partes, embora
envolva duas partes e duas declarações de vontade, coloca apenas um dos contratantes na
posição de devedor.

Bilateral: Obrigações para ambas as partes, obrigações recíprocas: Cada parte é credora e
devedora da outra ao mesmo tempo.

EX: Compra e venda, locação, transporte

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO

- A “exceptio non adimpleti contractus” = EXEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO


( ART.476 DO CC), só vale para o bilateral.

O Art. 476 do Código Civil preceitua que nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes,
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Significa dizer que
qualquer dos contratantes pode utilizar-se da exceção do contrato não cumprido, pare recusar
a sua prestação, ao fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia.

Exemplo: Não é lícito que o comprador demande ao vendedor a entrega da coisa vendida, sem
prévio depósito do preço da mercadoria, por isso que antes de cumprida a sua obrigação
nenhuma das partes contratantes pode exigir o implemento da outra.

Quando as prestações são sucessiva, a exceção do contrato não cumprido não poderá ser
oposta pela parte a que caiba o primeiro passo.

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Exemplo: Aracruz Celulose fornece mudas para produtor plantar e posteriormente fornecer a
madeira. Não poderá a primeira exigir a madeira sem o fornecimento das mudas.

Se não foi estipulado o momento da execução , entende-se simultâneas as prestações.

Se ambas se mostram inadimplentes, impõe-se a resolução do contrato, com a restituição das


partes à situação anterior.

Se um deles cumpriu apenas uma parte, ou de forma defeituosa, a sua obrigação, quando se
comprometera a cumpri-la integral o corretamente, cabível se torna a oposição, pelo outro, da
exceção do contrato parcialmente cumprido.

Como decorrência do princípio da autonomia da vontade, se admite a utilização da cláusula


solve et repete, que restinge o direito das partes de utilizarem da exceção do contrato não
cumprido, pelo qual obriga o contratante a cumprir sua obrigação , mesmo diante do
descumprimento do outro, resignando-se a, posteriormente, a voltar contra este, para pedir o
cumprimento ou as perdas e danos. Ë a renúncia do direito de opor a exceção do contrato não
cumprido .

- CLAUSULA RESOLUTIVA TÁCITA (rescinde o contrato se o outro não cumprir a obrigação


(ART.475 do CC ) também.

“Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato,
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.”

Por isso se diz que o contrato bilateral contém uma cláusula resolutiva tácita.

Plurilateral: São os contratos que contém mais de duas partes. EX: Compra e venda com vários
vendedores e compradores

ONEROSOS E GRATUITOS

Num há sacrifício patrimonial no outro não.

Ex: Locação de Imóveis e Comodato.

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- Gratuitos: são os contratos em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem,
para a outra há só obrigação (Ex: doação pura e simples.).

- Onerosos: nos contratos onerosos ambos os contratantes obtém proveito, ao qual


corresponde a um sacrifício. (Ex: compra e venda)

No contrato de compra e venda por exemplo, a vantagem do comprados é representada pelo


recebimento da coisa e o sacrifício, pelo pagamento do preço.

COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS

São bilaterais e Onerosos

- Comutativo: Estimam-se ambas as prestações no momento do contrato, são os de prestações


certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente
se equivalem..

Exemplo: na locação de coisa. O locador pode, desde logo, verificar a importância que deve
receber, enquanto o locatário, por sua vez, conhece o objeto cujo uso pacífico lhe será
assegurado.

- Aleatório: São caracterizados pela incerteza, onde pelo menos uma das partes não pode
antecipar o montante da prestação que receberá, em troca do que fornece. Depende de um
risco futuro, capaz de provocar sua variação.

Exemplo: Contrato de seguro, compra-se o risco, o segurado em troca do prêmio, pode vir a
receber a indenização, se advier o sinistro, ou nada receber, se este inocorrer.

Das vendas aleatórias

Trata o Código Civil das vendas de coisas futuras e das vendas de coisas já existentes mas
expostas a risco de se perderem ou deteriorarem.

Quanto às vendas de coisas futuras o risco se desdobra, na própria existência da coisa ou na


sua quantidade.

Na primeira hipótese trata-se de emptio spei(venda da esperança), na segunda, da emptio rei


speratae (venda da coisa esperada).

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Na emptio spei o adquirente compra o risco de as coisas adquiridas virem ou não a existir.
Assim, será aleatório o contrato no qual alguém adquire a safra futura de um fazendeiro,
assumindo o risco de nada receber se o vendedor nada colher, ou no caso daquele que adquire
o produto do lanço na rede de um pescador que está na eminência de fazer. Mesmo no caso do
pescador nada apanhar, tem ele o direito ao preço integral, se agiu com a habitual diligência.
(Art. 458 do C.C.)

No emptio rei aperate o risco assumido pelo adquirente não mais diz respeito à existência
futura da coisa comprada, mas à sua existência em maior ou menor quantidade.

Nesse caso no exemplo do adquirente que comprou o produto do lanço de uma rede de
pescador, assumindo apenas o risco de ele apanhar maior ou menor quantidade, no caso da
rede vir vazia, o adquirente se liberará do compromisso, pois o objeto do negócio é a coisa
existir em qualquer quantidade.

Vendas aleatórias: coisas já existentes e expostas a risco (Art. 460 do C.C.)

O contrato pode ser considerado aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco. Se o adquirente assumir o risco, terá o alienante direito a todo o preço, ainda que a coisa
não mais existisse no dia do contrato.

Exemplo: A venda de mercadoria que está sendo transportada em alto-mar por pequeno navio,
cujo risco de naufrágio o adquirente assumiu. É valida, mesmo que a embarcação já tenha
sucumbido na data do contrato, e uma das partes não sabiam do acontecimento. Se, contudo,
o alienante tinha conhecimento prévio do naufrágio, a alienação poderá ser anulada. (Art. 461
C.C.).

CAUSAIS E ABSTRATOS

A causa interfere no cumprimento


- Causais: Obrigação filiada à causa, se a causa não puder ser atingida pode-se negar cumprir o
contrato. Quase todos os contratos são causais.

- Abstratos: A causa não importa. Tem força na sua própria forma externa. Ex. Nota
Promissória. Não se discute a causa geradora do título.

CONSENSUAIS E REAIS

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- Consensuais: Aperfeiçoam-se pelo simples consentimento. Ex: contrato de transporte e
compra e venda de bens móveis.

- Reais: Necessitam da entrega da coisa. Ex: Comodato, Mútuo, depósito, penhor

SOLENES E NÃO SOLENES

A lei determina ou não a sua forma. LER ART.118, 2ª PARTE, ART.108, 1432, 757 E 819.

- ELEMENTOS DOS CONTRATOS

Os elementos do contrato devem ser diferenciados em: elementos essenciais, naturais


e acidentais.

- Elementos essenciais – Vamos encontrá-los no art. 104 do C.C.: agente capaz, objeto
lícito e forma prescrita ou não proibida pela lei. São nulos o contratos a que faltar qualquer dos
elementos essenciais genéricos.

Cada contrato, porém, pode requerer outros elementos essenciais, específicos de sua
natureza: assim, para a compra e venda são elementos essenciais específicos, a coisa, o preço e
o consentimento.

- Elementos naturais – São os decorrentes da própria razão de ser, da essência ou


natureza do negócio, sem que haja necessidade de menção expressa na contratação. São, por
exemplo, elementos naturais da compra e venda a garantia que presta o devedor pelos vícios
redibitórios (art. 441, C.C.) e pelos riscos da evicção (art. 447, C.C.).

- Elementos acidentais – São os que se acrescem aos negócios para modificar alguma
ou algumas de suas características naturais. No Código, estão presentes a condição, o termo e
o encargo.

Tais elementos são tratados como acidentais apenas porque às partes é dado inseri-los
ou não no contrato. Uma vez estipulados, devem ser obedecidos. Pacta sunt servanda.

- VONTADE NO PLANO CONTRATUAL. CONSENTIMENTO. A PARTE NOS CONTRATOS

O contrato constitui um ponto de encontro de vontades. Duas ou mais. A vontade


contratual coincide com o centro de interesses. Haverá tantas partes em um contrato quantos
forem os centros de interesses no negócio.

- A possibilidade de sucessão das partes nos contratos – pode ocorrer causa mortis,
onde os herdeiros substituem o falecido na obrigação contratual, até os limites da herança;
pode ocorrer ainda por convenção das próprias partes = cessão de posição contratual etc. Ex.:
No contrato de locação, quando o imóvel é vendido.

- Formas de manifestação da vontade contratual. O silêncio como manifestação.

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No contrato, a manifestação da vontade é livre, quando não prescrita uma forma pela
lei.

A vontade no contrato pode manifestar-se verbalmente e por escrito, seja por


instrumento particular, seja por instrumento público. Também a vontade pode exteriorizar-se
por sinais inequívocos (ex.: leilão).

Assim, podemos falar na manifestação da vontade nos contratos como direta (quando
se percebe de sinais externos inequívocos, pela fala, escrita ou gestos) e indireta (quando a
intenção de contratar é inferida de um comportamento negocial; isto é, na situação
determinada, o comportamento do agente é de aquiescência a um contrato).

- O silêncio como manifestação de vontade:

O silêncio só pode produzir efeitos quando acompanhado de outras circunstâncias


definidoras de uma vontade negocial (art. 111 do C.C.).

Desta forma, não podemos admitir que quem pura e simplesmente se cala perante
uma proposta contratual a aceita. Também não podemos aceitar a situação de quem se cala,
quando podia e devia falar, como aceitação.

Como regra geral, no caso concreto, o juiz deve valorar com muita cautela o silêncio
dos interessados, levando em conta o princípio por nós referido da boa-fé nos contratos, sem a
qual não podemos falar em silêncio idôneo para produzir efeitos.

Disso concluímos que o silêncio apenas como exceção pode ser admitido como
vontade contratual. Nada impede, porém, que uma anterior convenção das partes dê, num
caso concreto, valor de eficácia ao silêncio.

- Capacidade dos Contratantes:

Trata-se, inicialmente da capacidade de exercício que é exigida para a prática dos


negócios jurídicos em geral (capacidade absoluta e relativa).

Por outro lado, existem casos em que ao sujeito falta legitimidade, ou seja, os mesmos
não têm aptidão específica, que tolhe à existência de agente capaz no contrato.

São os casos em que, por exemplo, os ascendentes não podem vender bens para os
descendentes, sem a anuência dos demais descendentes e do cônjuge (art. 496 C.C.), assim
como os tutores não podem comprar bens que estejam sob sua administração (art. 497 C.C.).

Porém, tal ilegitimidade é circunstancial (Orlando Gomes), vez que, se o pai tiver
apenas um descendente e não tiver mais cônjuge, poderá vender bens a seu descendente, por
exemplo.

- Objeto dos Contratos:

Considerando que o objeto imediato do contrato consiste numa obrigação, temos:


obrigação de dar, fazer e não fazer. A prestação contida nessas obrigações serão seu objeto

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mediato e, assim, importarão na entrega de uma coisa, na efetivação de um serviço, na
abstenção de fato expressamente descrito etc.

Portanto, o conteúdo propriamente dito do objeto do contrato recai sobre um bem


econômico, coisa ou serviço, o qual, por meio do contrato, torna-se matéria de aquisição,
alienação, gozo, garantia etc.

Em nosso sistema, o exame da idoneidade do objeto refere-se tanto as obrigações


quanto ao seu conteúdo.

Para que o contrato tenha validade plena, são necessários certos requisitos:

O objeto deve ser determinado. Entretanto, por vezes, o objeto não é determinado no
nascimento do contrato, mas deve ser determinável em seu curso (Ex.: Fixação do preço por
terceiro).
O objeto e as prestações do contrato devem ser também possíveis (física e
juridicamente).

O objeto do contrato deve ser ainda lícito. Não pode contrariar a lei e os bons
costumes, além da ordem pública (aquelas disposições legais que não podem deixar de ser
obedecidas pelas partes).

- Causa e Objeto dos Contratos:

Nosso Código Civil entendeu que a noção de objeto substitui perfeitamente a noção de
causa. Numa compra e venda, por exemplo, o comprador pode ter os mais variados motivos
para realizar o negócio: especular no mercado, utilizar a coisa para seu uso, dar em locação etc.
Todos esses motivos, porém, não têm relevância jurídica. O motivo com relevância jurídica será
receber a coisa, mediante o pagamento.

- Apreciação Pecuniária dos Contratos:

A patrimonialidade é essencial na obrigação, porque o Direito não pode agir sobre


realidades puramente abstratas. O objeto da prestação e o objeto do contrato devem ser
suscetíveis de avaliação em dinheiro (Ex.: Inadimplemento, gera dever de indenizar =
substitutivo do objeto).

- Forma e Prova dos Contratos:

A regra geral é de liberdade de forma para os negócios jurídicos em geral. Somente


quando a lei estipular que o ato deva revestir-se de determinada forma, é que sua preterição o
viciará de nulidade (art. 107 CC). E o art. 166, IV, em complementação, diz ser nulo o ato
jurídico quando não se revestir da forma prescrita em lei e quando for preterida alguma
solenidade que a lei considere essencial para sua validade (art. 166, V).

A manifestação da vontade contratual pode dar-se de forma escrita ou verbal. Pode até
mesmo expressar-se de forma mímica ou gestual, quando tais figuras são admitidas pela
categoria dos contratos e pelos costumes.

Ao mesmo tempo em que serve para exteriorizar a vontade, a forma serve de prova
para o negócio jurídico, no entanto, não se confundem.

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Forma = estático; Prova = dinâmico. Prova é o meio de que o interessado se vale para
demonstrar legalmente a existência de um negócio jurídico.

A matéria encontra-se na zona limítrofe entre o direito material e o direito processual.


O Direito Civil descreve os “meios de prova” e os fundamentos principais respectivos por
intermédio dos quais se comprovarão os fatos, atos e negócios jurídicos. O direito processual
traça os limites de produção da prova.

O art. 215 estampa as hipóteses em que a escritura é da substância do ato: nos pactos
antenupciais e nas adoções, bem como nos contratos constitutivos ou translativos de direitos
reais sobre imóveis de valor superior ao legal (O art. 108 determina este valor legal como
sendo superior a 30 salários mínimos).

O art. 109 possibilita às partes contratarem a forma. Trata-se de forma prescrita por
convenção das partes.

- INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS

A interpretação é necessária tanto com relação à lei, como com relação aos negócios
jurídicos e, de conseqüência aos contratos.

A lei é um comando geral, aplicável a um número mais ou menos amplo de indivíduos,


enquanto o negócio jurídico emana de poucas vontades e, como regra, seus efeitos só atingem
os participantes.

Tanto para interpretar a lei, como para interpretar o negócio jurídico, o que
procuramos é fixar o sentido de uma manifestação de vontade.

Como regra geral, não há necessidade de interpretar um contrato regularmente


cumprido, ainda que não seja suficientemente claro, mas, tal necessidade, decorre da
resistência das partes em cumprirem a avenca.

Existem 02 (dois) elementos que integram a manifestação da vontade: elemento


externo (palavra escrita ou falada etc.) e o elemento interno (o que realmente foi pretendido
pelos contratantes, é a sua vontade real). É ideal que ambos os elementos sejam coincidentes.
Porém, quando isto não ocorre, é necessária a interpretação do contrato, em regra, pelo juiz
que decidirá a lide.

- Linhas de Interpretação:

Para interpretação do contrato (= fixar o conteúdo, compreensão e extensão, da


elaboração de vontade), o julgador deverá comportar-se de forma que evite o apego excessivo
à vontade real, ou à vontade escrita, sob pena de atingir conclusões iníquas e distorcidas.

O art. 112 do C.C. estabelece que “nas declarações de vontade se atenderá mais à
intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal de linguagem.”.

No entanto, ao intérprete não é dado simplesmente abandonar a vontade


materialmente expressa e livremente investigar a vontade íntima dos declarantes. Deve o
hermeneuta, com base na declaração, procurar o verdadeiro alcance da vontade e, como quer
o Código, dar proeminência à vontade interna.

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Não se trata de procurar o pensamento íntimo do declarante, mas a intenção
materializada na declaração. Não temos, porém, de investigar alguma vontade íntima, se as
palavras são claras e não dão margem a dúvidas.

O Código Civil traz, além do art. 112, outras normas de interpretação. O art. 113 realça
a boa-fé e os costumes que devem nortear a interpretação dos negócios jurídicos em geral: “Os
negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e costumes do lugar
de sua celebração”.

O art. 114 do mesmo diploma legal complementa: “Os negócios jurídicos benéficos e a
renúncia interpretam-se estritamente”.

Ainda temos o art. 423 que determina interpretação mais favorável ao aderente de
contrato de adesão quando existirem cláusulas ambíguas ou contraditórias.

O nosso Código Comercial, ainda parcialmente em vigor, disciplinou a interpretação


nos seus arts. 130 a 133.

O CDC diz que os contratos nesse âmbito não obrigarão os consumidores “se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido
e alcance” (art. 46). O art. 47 complementa dizendo que “as cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

As disposições acerca da interpretação dos contratos, em conjunto, formam um corpo


orientativo para o intérprete, o qual raciocinará em caso concreto com os elementos que tiver
a seu dispor.

- TEORIA DA IMPREVISÃO. REVISÃO DOS CONTRATOS:

A teoria acima também é conhecida como cláusula Rebus sic Stantibus e está implícita
em todo contrato de trato sucessivo.

Em situações excepcionais, a doutrina e a jurisprudência das últimas décadas entre nós


têm admitido uma revisão das condições dos contratos por força de uma intervenção judicial. A
sentença substitui, no caso concreto, a vontade de um dos contratantes.

A possibilidade de intervenção judicial no contrato ocorrerá quando um elemento


surpresa, uma circunstância nova, surja no curso do contrato, colocando em situação de
extrema dificuldade um dos contratantes, isto é, ocasionando uma excessiva onerosidade em
sua prestação. Nem sempre essa onerosidade equivalerá a um excessivo benefício em prol do
credor. Razões de ordem prática, de adequação social, fim último do direito, aconselham que o
contrato nessas condições excepcionais seja resolvido, ou conduzido a níveis suportáveis de
cumprimento para o devedor.

A imprevisão que pode autorizar uma intervenção judicial na vontade contratual é


somente a que refoge totalmente às possibilidades de previsibilidade. Vemos, portanto, que é
fenômeno dos contratos que se protraem no tempo em seu cumprimento, e é inapropriada
para os contratos de execução imediata.

Em sede de revisão e intervenção judicial, estas se justificam quando surge uma


circunstância superveniente ao contratado, imprevista e imprevisível, alterando-lhe totalmente

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o estágio fático. Tais acontecimentos, extraordinários e imprevisíveis, devem atingir uma
camada mais ou menos ampla da sociedade.

O instituto caracteriza-se pela incidência sobre a prestação devida, tornando-a


excessivamente onerosa para o devedor, isto é o que distingue a imprevisão do caso fortuito e
da força maior. É questão de fato a ser apreciada no caso concreto.

A revisão dos contratos é judicial. O devedor deverá ingressar com a ação, requerendo
o reconhecimento da teoria da imprevisão. O pedido poderá ser tanto da liberação do devedor
da obrigação como de redução do montante da prestação.

O novo Código Civil traz três (03) artigos específicos sobre a resolução do contrato por
onerosidade excessiva, embora a noção também esteja espalhada por outros dispositivos: arts.
478, 479 e 480. Podemos citar ainda os arts. 317, 620 e 625 do C.C. Temos também o art. 6º,
do CDC.

- RESPONSABILIDADE CONTRATUAL, PRÉ-CONTRATUAL E PÓS-CONTRATUAL

- Responsabilidade Contratual e Extracontratual:

A responsabilidade está diretamente ligada à imposição pelo direito de deveres de


conduta. Daí, pode surgir o dever de indenizar de duas maneiras: pelo inadimplemento de
obrigações voluntariamente contraídas, emanadas de contratos; ou, pela transgressão de um
dever geral de conduta.

O dever de indenizar, portanto da responsabilidade em geral, pressupõe o exame de


um dever de conduta.

Se há contrato, o exame da culpa inicia-se pela verificação da conduta do agente


cotejada com o que ele se obrigou no contrato. No caso de responsabilidade extracontratual,
ou aquiliana, há que se verificar a existência da culpa (art. 186 do C.C. = identificação de
existência do ato ilícito).

A responsabilidade contratual ocupa um campo mais limitado em relação à


responsabilidade aquiliana, porque fica jungida justamente aos termos do contrato.

A indenização obedece aos ditames do art. 389 do CC. c/c art. 402 do C.C.

O art. 944 e seu parágrafo único (novidade) ditam os limites da indenização.

A forma de reparação de danos é sempre a mesma, seja a responsabilidade contratual


ou extracontratual, sendo certo afirmar que a responsabilidade civil tem por escopo a
reparação de dano, sendo, portanto, patrimonial, no que se difere da responsabilidade penal é
pessoal e punitiva.

- Requisitos da Responsabilidade Civil

A existência de uma conduta antijurídica, a transgressão de cláusulas contratuais, por


exemplo.

Outro requisito é a imputabilidade. A responsabilidade civil somente ocorrerá se puder


ser imputada a um agente, ainda que terceiro responda por essa conduta.

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Entre o dano e a conduta do agente, deve existir um nexo causal. Ou seja, deve
indenizar quem concorreu para o evento danoso.

- Conseqüências da Responsabilidade Civil

Quando o contratante descumpre sua parte no contrato, pode ser obrigado a adimpli-
lo judicialmente, tanto que o estatuto processual tem normas específicas de procedimento
para as obrigações de dar, fazer e não fazer. Porém, quando o cumprimento em espécie não é
possível, o denominador comum do descumprimento é o pagamento de uma indenização em
dinheiro. A indenização substitui o cumprimento da obrigação, mas não equivale a ela,
servindo apenas de diminuição do sofrimento da vítima, ofendida em valores morais ou
patrimoniais.

- Requisitos da Responsabilidade Contratual em Particular

1) Deve se examinar a existência de um contrato;


2) Deve ser verificado se há contrato válido; o contrato nulo não gera direitos e
obrigações. O contrato anulável é válido até que sua nulidade seja decretada.
3) O descumprimento da obrigação deve emanar do contrato em tela e, tal
descumprimento por uma das partes deve ter ocasionado prejuízo ao outro
contratante. Quando não existe prejuízo, pode o interessado pedir a rescisão do
contrato, mas não há perdas e danos a serem indenizados.

Na responsabilidade contratual, é dentro do contrato que se examina o direito violado,


não se prescindindo do conceito de culpa.

- Responsabilidade Pré-contratual

No amplo horizonte dos negócios, com muita freqüência surgem questões referentes a
promessas não cumpridas ou simples recusa injustificada de contratar.

Em qualquer situação que se avalie a hipótese de uma responsabilidade antes do


contrato, deve preponderar o exame da quebra de confiança.

- Recusa de Contratar:

Quem se recusa a contratar, pura e simplesmente, ou quem, injustificadamente,


desiste de contratar após iniciar eficientes tratativas, pode ser obrigado a indenizar. A
responsabilidade é aquiliana.

Não se trata exatamente de uma responsabilidade pré-contratual, porque contrato


ainda inexiste, mas de um aspecto da responsabilidade aquiliana que tem a ver com o universo
contratual.

Tal conduta caracteriza-se como abuso de direito e deve ser indenizado como um ato
ilícito, pela disposição contida no art. 187 do C.C.

A questão relaciona-se com as regras gerais de convivência, os princípios de boa-fé e


bons costumes, ainda que em fase não contratual. Por outro lado, só se indenizam prejuízos
efetivos (morais ou patrimoniais), que devem ser comprovados.

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Notemos, no entanto, que somente pode ser responsabilizado pela recusa aquele que
estava em condições de contratar e não o fez. A questão será de cada caso concreto e de
acordo com o prudente arbítrio do juiz.
- Rompimento de Negociações Preliminares:

Há necessidade de que o estágio das preliminares da contratação já tenha imbuído o


espírito dos postulantes da verdadeira existência do futuro contrato. A frustração da
contratação gerará então frustração moral, além de material.

Assim como no caso anterior, não é qualquer desistência que será responsabilizadora.
O desistente poderá ter tido razões relevantes.

A indenização nem sempre será naquele valor que seria objeto do contrato. Poderá sê-
lo, no entanto. Indenizam-se as perdas e danos, tendo em vista a situação fática e o efetivo
prejuízo da vítima.

Enquanto não firmado ou compromissado, a desistência de contratar é direito do


proponente, que se submeterá às conseqüências de seus atos.

- Responsabilidade Pós-contratual

O contrato já cumprido pode apresentar reflexos residuais. Ex.: O mandatário que


pratica atos após a revogação ou o término do contrato.

Os princípios nesse tipo de responsabilidade são os mesmos que regem a pré-


contratual e situam-se no campo dos atos ilícitos. De qualquer forma, como expressa o art. 422
do C.C., os contratantes devem guardar, tanto na conclusão do contrato como em sua
execução, os princípios da boa-fé.

Trata-se de um dever acessório de conduta dos contratantes, depois do término das


relações contratuais, que se desprende do sentido individualista do contrato, traduzindo em
um sentido social das relações negociais.

Art. 422 do C.C. – há projeto para mudá-lo.

- DAS ESTIPULAÇÕES EM FAVOR DE TERCEIROS

Terceiro é aquele que não participa do negócio jurídico, para quem a relação é
absolutamente alheia. Nesse sentido, o contrato não pode prejudicar terceiros. Esses, sim,
terceiros propriamente ditos. Aí reside a pureza de aplicação do princípio da relatividade dos
contratos.

Entretanto, se por um lado, não existem efeitos dos contratos com relação aos
terceiros estranhos, por outro, pode haver repercussões que, por via oblíqua, atinjam terceiros,
porque nada em sociedade se mostra exclusivamente individual.

A estipulação em favor de terceiro vem a ser um contrato estabelecido entre duas


pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com outra (promitente) certa vantagem
patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário), alheio à formação do vínculo contratual (Ex.:
Casal que em separação consensual, o marido promete à mulher doar, ao único filho do casal,
uma parte dos bens que lhe couber na partilha; outro exemplo é o seguro de vida).

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Os contratantes, portanto, celebram um contrato em nome próprio, tendente a
proporcionar diretamente uma vantagem a terceiro, estranho a esse negócio.

A prestação do promitente é em favor do terceiro. Ao contrário do beneficiário, o


estipulante é parte no contrato. No entanto, além do estipulante, o beneficiário também tem
legitimidade para exigir o cumprimento da obrigação (art. 438 do C.C.).

A disposição em favor de terceiro está, como regra geral, sujeita à revogação por parte
do estipulante. Essa revogação não exige qualquer formalidade, bastando que seja
oportunamente comunicada ao promitente, para que este saiba a quem efetuar o pagamento.

Essa faculdade de revogar o benefício é pessoal, não passando aos herdeiros do


estipulante, no caso de seu falecimento.

A estipulação em favor de terceiro não requer aceitação por parte do beneficiário.


Entretanto, este não é obrigado a aceitar o benefício. O beneficiário pode, portanto, repudiar a
promessa.

Na primeira fase existe o pacto entre o estipulante e o promitente. O terceiro somente


é mencionado no bojo do contrato como beneficiário da avença. Na segunda fase, que pode
ocorrer somente quando a prestação já for exigível, é necessário saber se o terceiro concorda
ou discorda com o benefício.

Com a concordância do beneficiário, completamos o negócio em sua integralidade,


perante o cumprimento da prestação ou ao menos sua exigibilidade. O estipulante também
pode exigir o cumprimento, mas, se tal exigência é feita tão-somente pelo beneficiário,
desaparece a figura do estipulante no contrato, passando o negócio jurídico doravante a
interessar apenas ao beneficiário e ao promitente. A aceitação, quando já exigível a prestação,
legitima o beneficiário, não podendo mais a atribuição ser revogada. Porém, tal legitimidade
diz respeito somente ao estipulado no contrato.

Por outro lado, pode o promitente opor contra o terceiro todas as exceções que
poderia opor contra o estipulante, nascidas do contrato onde se originou o benefício (Ex.: Pode
alegar que não cumpre a prestação porque o estipulante não cumpriu o que lhe cabia no
contrato).

Se o beneficiário não concorda com o benefício, desaparece o objeto do contrato, se as


partes não colocaram um substituto na posição do terceiro. Deve o promitente devolver o que
recebeu, sob pena de ocorrer injusto enriquecimento.

- FORMAÇÃO E CONCLUSÃO DOS CONTRATOS

Todo contrato requer o acordo de vontades das partes contratantes ou o


consentimento, que não constitui somente um requisito de validade, mas também um
pressuposto de sua existência, de tal sorte que sem o mútuo consenso, expresso ou tácito, não
haverá qualquer vínculo contratual.

Se houver manifestação volitiva de apenas um dos contraentes, ter-se-á mera emissão,


sem força vinculante, visto que o acordo de vontades, emitidas por duas ou mais partes, é
requisito básico ou essencial à formação do contrato; só ele tem a virtude de produzir os
correspectivos direitos e deveres.

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A manifestação da vontade pode ocorrer de várias formas: escrita, falada, por gestos,
etc. Sempre que não houver determinação de forma pela lei (art. 107 do CC), a manifestação
de vontade pode ser expressa ou tácita, com pessoas presentes ou ausentes, por intermédio
de mandatário ou não.

A manifestação tácita decorre de atos inequívocos, induvidosos da intenção de


contratar, tornando-se desnecessária a manifestação expressa.

Insta salientar que o contrato não surge pronto; é, ao revés, o resultado de uma série
de fases, que às vezes se interpenetram, mas que, em detida análise, se destacam
perfeitamente: negociações preliminares, proposta e aceitação.

- Negociações Preliminares: O contrato pode ser concluído instantaneamente, ficando


quase imperceptível, ou inexistindo uma fase preliminar. Contudo, não é o mais comum.
Geralmente, os contratos com maior complexidade exigem uma troca normal de tratativas e
negociações.

Essas tratativas ocorrem na presença ou na ausência das partes, como veremos, bem
como por meio de representantes ou núncios (mensageiros).

As tratativas acima podem ser ingentes (demoradas), precedidas de estudos, projetos e


reflexão profunda sobre as implicações da contratação. Desta forma, é importante a fixação do
momento em que reputamos concluído o contrato.

As negociações preliminares não obrigam, enquanto não firmado o contrato. As


concordâncias paulatinas obtidas ainda são tratativas; não são contrato. Essas tratativas podem
transcorrer unicamente sob a forma oral, mas também podem ser documentadas, com
correspondência entre os interessados, anotações etc. Assim, podem surgir as minutas que, em
regra, não obrigam, mas servem de subsídio para a interpretação do contrato futuro. Pode
também servir de base probatória para o exercício da ação de indenização pelo rompimento
injustificado das tratativas.

- Oferta ou Proposta (ou, ainda, Policitação):

É a primeira fase efetiva do contrato, disciplinada na lei. Na proposta, existe uma


declaração de vontade pela qual uma pessoa (o proponente) propõe a outra (o oblato) os
termos para a conclusão de um contrato. Para que este se aperfeiçoe, basta que o oblato o
aceite.

Segundo o mestre Serpa Lopes, a oferta é uma declaração unilateral do proponente,


receptícia, e que deve conter, em princípio, os elementos essenciais do negócio jurídico.

A proposta deve ser clara e objetiva, descrevendo os pontos principais do contrato. A


proposta vincula a vontade do proponente, que somente ficará liberada com a negativa do
oblato ou o decurso do prazo estipulado na oferta (ou pela caducidade, em razão da natureza
da proposta) (art. 427 C.C.). Não persistindo as exceções legais, a recusa em contratar pelo
ofertante o sujeitará à indenização por perdas e danos.

A proposta séria é aquela que demonstra efetiva vontade de contratar, não um simples
espírito jocoso (alegre, que provoca riso) ou social, por exemplo. A proposta feita ao público
em vitrinas, mostruários, catálogos, anúncios etc. vincula o ofertante (CDC, art. 6º, III).

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O aderente, no caso o consumidor, deve saber exatamente o que estará adquirindo. A
esse respeito, o art. 31 do CDC é absolutamente expresso sobre o que deve conter a proposta:

“A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas,


claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados,
bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.”

- Força Vinculante da Oferta:

A proposta é vinculativa da vontade do proponente. Lembre-se que tanto a proposta


como a aceitação são manifestação de vontade unilateral, com efeitos jurídicos. A proposta e a
aceitação buscam a integração de duas vontades, para formar a vontade contratual.

O art. 427 do C.C. deixa claro que a proposta é vinculativa, com efeitos concretos,
sendo esses efeitos já disciplinados pela lei do consumidor.

- Manutenção da Proposta pelos Sucessores do Ofertante:

Com relação ao direito do consumidor, não resta dúvida de que o espírito da lei obriga
o sucessor do fornecedor à proposta oferecida por este. Isto é aplicado tanto no caso de
sucessão inter vivos como causa mortis.

Nosso Direito também entende que os herdeiros obrigam-se a cumprir a oferta do


proponente falecido. A oferta tem existência jurídica independentemente da aceitação.
Constituindo-se uma obrigação, transmite-se aos herdeiros do ofertante, que somente poderão
retratar-se na forma do art. 428, IV do C.C. O princípio, evidentemente, não se aplica a uma
proposta de obrigação personalíssima.

- Proposta não Obrigatória:

A proposta deixa de ser obrigatória nas hipóteses previstas nos arts. 427 e 428 do C.C.
O próprio ofertante pode ressalvar que a proposta não é obrigatória, conforme preceitua o art.
427: “se o contrário não resultar dos termos dela”. O ofertante pode inserir no documento
cláusulas como “não vale como proposta”; “sujeita a confirmação”; “apenas para divulgação”
etc.

Por vezes, como diz a lei, a própria natureza do negócio jurídico deixa de tornar a
proposta obrigatória. O exame será do caso concreto e das situações dos próprios incisos do
art. 428 do C.C.

- Aceitação:

A aceitação é o ato de aderência à proposta feita. Somente é aceita proposta existente


e válida, o que deve ser examinado em cada caso. A aceitação com condição ou com novos
elementos equivale a uma nova proposta, um contraproposta, como veremos.

A aceitação deve ser pura e simples, obedecendo aos requisitos de tempestividade de


forma, se houver. Exterioriza-se a aceitação com um simples aquiescer, um “de acordo”, um
“sim” ou palavra equivalente. A simples aposição de um “visto” do oblato não significa que a
proposta tenha sido aceita. Nada impede, porém, que a aceitação venha com redação mais
completa.

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Também a rejeição da proposta ocorre de forma singela, com um simples “não aceita”,
“rejeitada” ou equivalente.

- Duração e Eficácia da Proposta e da Aceitação. Retratação. Contratos por


Correspondência: Teorias:

A proposta não pode ter eficácia indefinida. O tempo de sua duração deve ser
determinado ou determinável.

Entre presentes, o art. 428, inciso I do C.C. diz que a proposta, feita sem prazo a uma
pessoa presente, deixa de ser obrigatória, se não for imediatamente aceita.

Presente = aquele em que a proposta e a aceitação ocorrem diretamente entre as


partes ou seus representantes, lembrando que o contato negocial por telefone ou meio
semelhante é entre presentes.

Ausente = quando as partes se manifestam indiretamente, por intermediário,


mensageiro ou quando ocorre a troca de correspondência, intercâmbio de documentos entre
as partes.

Nossa lei civil (art. 434, caput) adotou a teoria da expedição, do sistema da agnação ou
declaração em geral, onde o contrato se aperfeiçoa pela declaração do oblato.

Pela teoria acima, o momento da ultimação do contrato é aquele em que a aceitação é


expedida pelo oblato. A partir daí, a aceitação ingressa no mundo jurídico, não tendo mais o
aceitante como obstar, em tese, os efeitos de sua manifestação de vontade.

Lembre-se, acima de tudo, de que essas regras acerca do momento da conclusão do


contrato são supletivas da vontade das partes, que podem dispor diferentemente.

O oblato, que expedir a resposta aceitando-a, não estará impedido de se retratar;


porém, torna-se imperioso que proceda de acordo com o art. 433.

Da mesma forma, o proponente também pode se retratar, desde que haja de igual
maneira.

A proposta pode trazer um prazo de validade, o que ocorre com freqüência. Decorrido
o prazo sem manifestação do oblato, desobriga-se o proponente. Deve ele tomar
conhecimento da aceitação dentro do prazo (art. 434, III).

Quando a proposta for feita sem prazo à pessoa ausente, ficará o proponente liberado
da proposta se tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta a seu conhecimento
(art. 428, II).

O art. 430 do C.C. estabelece obrigação ao proponente que receber aceitação tardia,
de comunicar imediatamente ao oblato, sob pena de responder por perdas e danos.

Se aceitação se der sob condição, com modificações e alterações, será considerada


uma contraproposta (nova proposta). Assim como, a aceitação que vem fora do prazo também
será considerada uma nova proposta (art. 431). Entretanto, o proponente não está obrigado a
contratar o que não propôs.

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O art. 432 do CC estabelece que, se no contrato não é comum a aceitação expressa, ou
se o proponente abre mão expressamente da aceitação, se o oblato não pretender ingressar na
relação jurídica, deve notificar em tempo hábil o ofertante (Ex.: Contrato de fornecimento de
materiais ou serviços, renovação).

- VINCULAÇÃO DA OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Inicialmente, há que se destacar que a lei de defesa do consumidor não tem sempre
prevalência sobre as demais legislações. Protege-se o consumidor à medida que a atividade do
fornecedor de produtos ou serviços seja abusiva ou contrária a princípios gerais.

Quando o CDC estabelece a vinculatividade da oferta ou proposta, nada mais faz do


que ratificar o estabelecido como princípio no Código Civil. A distinção fundamental é a
destinação do CDC à contratação em massa, como regra geral.

A proposta feita ao público em vitrinas, mostruários, catálogos, anúncios, panfletos,


jornais, revistas, rádio, televisão etc. vincula o ofertante. O conteúdo dessa proposta está no rol
de direitos fundamentais do consumidor (art. 6º, III).

O art. 30 do CDC também estabelece que toda proposta feita em qualquer meio de
comunicação obriga ao fornecedor, integrando o contrato. O art. 31 do mesmo diploma legal
também determina a necessidade de informações claras e preciosas na oferta. A omissão dos
requisitos aí estampados, na oferta ou na simples exposição de produtos, implica a
responsabilidade solidária do fornecedor com seus prepostos ou representantes (art. 34 do
CDC). A oferta deve, portanto, ser verdadeira, clara, precisa, veiculada em língua portuguesa.
Essencial é o uso do vernáculo.

Enquanto a proposta ou oferta tiver validade, o fornecedor é obrigado a garantir suas


condições, não podendo revogá-la ou alterá-la. O art. 35 dispõe expressamente que, se o
fornecedor recusar dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderá exigir,
alternativamente, o cumprimento forçado da obrigação, um produto equivalente ou ainda a
rescisão do contrato, recebendo perdas e danos.

No campo do consumidor, o sucessor do fornecedor, inter vivos ou causa mortis,


também responderá pela oferta.

A aceitação da oferta nos negócios de massa, efetuada a proposta ao público em geral,


é efetivada à medida que os interessados se apresentam no estabelecimento do ofertante,
quando não realizado o negócio em domicílio ou em outro local.

- LUGAR EM QUE SE REPUTA CELEBRADO O CONTRATO

Segundo o art. 435 do C.C. “reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi
proposto”. O local do contrato é importante para a lei aplicável, em âmbito internacional. A
regra geral é a aplicação da lei do local em que foi feita a proposta. Dentro da autonomia da
vontade, no entanto, podem as partes escolher o foro competente e a lei aplicável.

- VÍCIOS REDIBITÓRIOS:

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O princípio da boa-fé impõe o dever ao alienante de garantir ao adquirente que ele
possa usufruir da coisa conforme sua natureza e destinação, sendo que a obrigação daquele
não termina com a simples entrega da coisa.

Essa modalidade de garantia assume 03 (três) facetas diferentes: 1) deve o


transmitente da coisa abster-se de praticar qualquer ato que implique turbação do direito
transmitido; 2) deve também evitar que o adquirente seja turbado no exercício do direito por
atos espoliativos emanados de terceiros, decorrentes de causas anteriores à transmissão; 3) o
alienante deve assegurar a materialidade idônea da coisa, garantindo o adquirente de vícios
ocultos.

- Conceito:

O art. 441 do C.C. conceitua tal instituto.

A presente garantia decorre da própria natureza do contrato. Contrato comutativo, é


verdade, porque o contrato aleatório é incompatível com essa modalidade de garantia, ao
menos no que diga respeito ao aspecto da prestação sujeita à álea.

A garantia refere-se a vícios ocultos na coisa, ao tempo da transmissão. Presume-se


que o negócio não teria sido realizado, ou teria sido realizado de outra forma, se o adquirente
soubesse da existência do defeito na coisa. A lealdade contratual manda que o transmitente
alerte o adquirente da existência do vício. Mesmo que o vício seja desconhecido do próprio
titular, os efeitos da teoria aplicam-se como conseqüência do princípio do equilíbrio das
relações negociais (art. 443).

Como em toda situação de culpa, esta acarreta a indenização por perdas e danos, afora
o desfazimento do negócio ou o abatimento do preço.

A noção aplica-se aos contratos comutativos onerosos, mas igualmente às doações


com encargo, em que também existe certa onerosidade, conforme parágrafo único do art. 441.
Porém, nada impede que, mesmo nos contratos gratuitos, as partes convencionem
expressamente a garantia.

Não é qualquer vício que se traduz em redibitório, senão aquele que torna a coisa
imprópria para o uso colimado no contrato, ou diminua-lhe o valor. Tal vício deve ser grave, de
acordo com o caso concreto, oculto e existente ao tempo da transmissão.

Não se confunde o vício redibitório com o erro no negócio jurídico. No erro, o


adquirente tem uma idéia falsa da realidade. O vício redibitório decorre da própria coisa, que é
a verdadeiramente desejada pela parte, e o adquirente não toma conhecimento do defeito,
porque está oculto.
- Requisitos:

O vício deve ser oculto (art. 441).

Os defeitos aparentes não dão margem à responsabilidade do alienante. No entanto, o


alienante é quem tem o dever de boa-fé no contrato, alertando sobre eventual vício.

O CDC realça esse direito à informação do adquirente, que deve inclusive ser alertado
sobre os riscos que a coisa possa apresentar (art. 6º, III).

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Não pode reclamar de vício oculto quem adquire objeto usado ou avariado, com a
ressalva do vendedor ou transmitente de que a coisa é entregue “no estado”.

O defeito deve ser grave. E deve ser de tal importância que, se dele tivesse tomado
conhecimento anteriormente o adquirente, o contrato não teria sido concluído.

A impropriedade para o uso, ou a diminuição do valor, norteará a escolha da ação a ser


proposta pelo prejudicado, a redibitória, para desfazimento do negócio, ou a quanti minoris,
para abatimento do preço. A escolha da ação, no entanto, incumbe à parte.

Defeitos irrelevantes que não alteram a destinação da coisa, nem seu preço não são
considerados vícios.

Os defeitos devem existir ao tempo do contrato. O dever do alienante é de garantia e,


portanto, não pode ter como origem uma causa posterior à transferência da coisa. Os vícios
que eclodem após a transferência são de responsabilidade do adquirente.

É importante fixar, nesse diapasão, que será considerado vício ou defeito oculto aquele
cujo fato gerador é anterior ou concomitante ao negócio jurídico.

- Efeitos:

Os efeitos decorrentes da existência de vício redibitório são, principalmente, a


decorrência de duas ações viáveis: a ação redibitória e ação quanti minoris (ou ação
estimatória), as quais ficam à escolha exclusiva do adquirente (art. 442 do C.C.), sem, no
entanto, poder cumulá-las. A prova do vício incumbe ao adquirente.

Em sua defesa, o réu poderá alegar que o vício era de conhecimento prévio do
adquirente, ou que o defeito originou-se exclusivamente após a transferência. Ademais, pode
ter havido renúncia à garantia, possível dentro da autonomia da vontade, ou pode ter
transcorrido o prazo decadencial de reclamação.

Se a coisa não mais existe, remanesce o direito de redibição para o adquirente,


persistindo a responsabilidade do alienante (art. 444), se presentes os pressupostos gerais. Se a
coisa foi transformada, não pode o contratante ser compelido a receber coisa diversa da que
entregou. Nesse caso, subsistirá somente a possibilidade da ação estimatória.

Se o alienante sabia da existência do vício e não alertou seu contratante, responderá


por perdas e danos, além da restituição. Se não houve culpa, restituirá o valor singelamente,
com as despesas do contrato (com correção monetária até o efetivo pagamento). As perdas e
danos seguem a regra geral: devem efetivamente ser provadas.

O defeito oculto de uma coisa vendida juntamente com outras não autoriza a rejeição
de todas (CC, art. 503). Mesmo que o preço da venda tenha sido global, desde que as coisas
não constituam um todo inseparável, somente a defeituosa será devolvida e o seu valor
deduzido do preço.

Nas modalidades coativas de alienação (vendas em hasta pública, decorrentes de


execuções judiciais), segundo o Código de 1916, é excluída a possibilidade de alegação de
vícios redibitórios, o que, não foi repetido pelo novo Código (?).

29
As partes podem expressamente excluir a garantia por defeitos ocultos. Também não
são aplicáveis os princípios quando o adquirente conhecia do vício. De outro lado, se houver
má-fé do transmitente, fica aberta a possibilidade de indenização por perdas e danos.

É da natureza do instituto que a garantia possa ser diminuída, ampliada ou renunciada,


dentro do princípio da autonomia da vontade. No CDC, a autonomia da vontade é restrita e,
portanto, há imposição do dever de garantia pelo fornecedor.

A renúncia à garantia pode ser expressa ou tácita, decorrente de comportamento


inequívoco do adquirente. Entretanto, na dúvida, devemos concluir pela inexistência de
renúncia, assim como as cláusulas que excluem ou diminuem a garantia devem ser
interpretadas restritivamente. Quando há dolo do alienante, na cláusula de pré-exclusão da
responsabilidade, temos de concluir pela nulidade dessa disposição.

- Prazos Decadenciais no Código Civil:

O art. 445 estabelece o prazo de 30 dias para o adquirente obter a redibição ou


abatimento no preço, se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega
efetiva. O dispositivo acrescenta, ainda, que se o adquirente já estava na posse da coisa, o
prazo conta-se da alienação, mas reduzido à metade.

O § 1º, do art. 445 assevera que “quando o vício, por sua natureza, só puder ser
conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele se tiver ciência, até o
prazo máxima de 180 dias em se tratando de bens móveis, e de um ano para os imóveis”.

O § 2º do dispositivo acima refere-se à garantia quando se tratar de venda de animais.

Os prazos acima podem ser convencionados mais extensos; mas, não podem renunciar
a tal decadência (art. 209).

O art. 446 ressalta que os prazos acima não correrão durante a garantia, mas,
entretanto, o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu
descobrimento.

- EVICÇÃO:

Na evicção, o dever de garantia refere-se a eventual perda da coisa, total ou parcial,


cuja causa seja anterior ao ato de transferência (arts. 447 e 448 do CC).

Esta garantia está presente em todo contrato oneroso, e não apenas na compra e
venda. Quem transmite uma coisa por título oneroso (vendedor, cedente, arrendante etc.) está
obrigado a garantir a legitimidade do direito que transfere.

A evicção garante contra os defeitos de direito, da mesma forma que os vícios


redibitórios garantem contra os defeitos materiais.

Não há razão de ser da garantia nos contratos gratuitos. Entretanto, nada obsta que os
contraentes, mesmo em um contrato de doação, estipulem a garantia.

Para que se torne operativa essa garantia, é necessário que exista uma turbação de
direito com relação à propriedade ou posse do adquirente e que esse terceiro invoque um

30
título anterior ou contemporâneo ao negócio que atribuiu a coisa ao adquirente. A perda da
posse ou da propriedade põe em marcha o direito de evicção.

No caso, evictor é o que fica com a coisa e evicto é o que se vê despojado da mesma
coisa. Aqui, o evicto é o titular dos direitos decorrentes da evicção.

Tratando-se de uma garantia, o alienante é responsável pelos prejuízos em razão de ter


transferido um “mau” direito, isto é, um direito viciado ou alheio.

- Conceito:

A evicção é a perda em juízo da coisa adquirida, ou seja, a perda da coisa pelo


adquirente em razão de uma decisão judicial.

- Requisitos:

Em primeiro lugar é indispensável que ocorra uma perturbação de direito, qual seja,
fundada em causa jurídica. As turbações de fato provenientes de terceiros devem ser
protegidas pelo próprio adquirente, que tem a sua disposição os remédios possessórios.

A periclitação de direito fica patente em toda pretensão ou defesa deduzida em juízo


por um terceiro, que possa culminar na perda da propriedade ou da posse do adquirente, total
ou parcial. Essa turbação pode fundar-se em um direito real (propriedade, usufruto, por
exemplo), ou em direito pessoal (arrendamento, por exemplo) arvorado pelo terceiro em
relação à coisa.

É examinado um vício no título do alienante; ou seja, quando do negócio o defeito


jurídico já existe. Esse vício deve ser anterior ou concomitante à alienação, o que é ponto
primordial.

Finalmente, é da tradição do instituto que para a evicção deve haver uma sentença,
por via da qual o adquirente perde o uso, posse ou propriedade. Na verdade, somente após a
ação do evictor o evicto age contra o alienante para reclamar os prejuízos.

Atualmente, a existência de uma sentença é relativa, já que, os tribunais pátrios têm


admitido atos administrativos equiparados a sentença, como a apreensão de veículo pela
autoridade policial pelo fato do mesmo ser objeto de furto, quando, então, também se aplica a
garantia da evicção, pela responsabilidade do alienante. Mas, não são todos os atos
administrativos que podem ser equiparados a sentença.

- Intervenção do Alienante no Processo em que o Adquirente é Demandado:

Segundo o art. 456 do C.C., “para poder exercitar o direito, que da evicção lhe resulta,
o adquirente notificará do litígio o alienante, quando e como lhe determinarem as leis do
processo”. Portanto, sem essa litisdenunciação o adquirente decai do direito de evicção.

O CPC em vigor inseriu a norma de garantia de evicção dentro da “denunciação da lide”


(arts. 70 a 76). O novo Código enfatiza que é o alienante imediato que deve ser notificado, e
não todos os alienantes anteriores.

31
A denunciação da lide é uma das modalidades de itervenção de terceiros no processo.
O denunciante promove, na verdade, uma ação contra o denunciado. Há uma lide secundária
que deve ser julgada juntamente com a principal (art. 70, I do CPC).

Tal denunciação pode ser tanto por parte do réu como por parte do autor (art. 71 do
CPC).

Sempre que na sentença puder ser afirmada a propriedade ou a posse do terceiro, a


denunciação será obrigatória. A lei disse menos nesse artigo, porque a evicção não se limita à
discussão de domínio.

Se a ação for julgada procedente e privado o adquirente da coisa, a sentença acolherá


o pedido desse adquirente denunciante, declarando seu direito de evicto (art. 76 do CPC). A
indenização será aí pleiteada, como se fosse ação autônoma. O denunciado, no caso o
alienante, quando comparece no processo, deverá coadjuvar o réu-adquirente e denunciante,
na defesa do direito, assumindo, nesse aspecto, uma posição equiparada ao litisconsorte (art.
74 do CPC).

Segundo o art. 73 do CPC o alienante também deve exercer a denunciação do seu


antecessor, se o vício é anterior ao mesmo, sob pena de perder seu próprio direito de evicção,
formando-se uma cadeia de denunciantes e denunciados.

Porém, a exigência absoluta da litisdenunciação não inibe, em sua falta, a ação de


indenização decorrente dos princípios gerais, do inadimplemento dos contratos, ação essa
transmissível aos sucessores universais e singulares.

- Exclusão da Responsabilidade por Evicção. Reforço da Garantia:

O art. 448 do CC autoriza o reforço, a diminuição ou a exclusão da responsabilidade


pela evicção. Porém, o art. 449 do mesmo diploma legal informa que o evicto tem o direito de
recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, o não assumiu.

Portanto, a cláusula que dispensa a garantia não é absoluta.

Quando o adquirente cientemente dispensa a garantia, sabendo duvidoso o direito do


alienante, sujeita-se a um contrato aleatório.

Lembre-se de que, afora a assunção expressa do risco, a exclusão da evicção não


dispensa a devolução das quantias pagas, sob pena de ocorrer o enriquecimento injusto,
excluindo-se apenas a indenização disposta no instituto.

- Montante do Direito do Evicto:

O art. 450 do CC estabelece os direitos do evicto.

O montante indenizatório é conseqüência do direito de garantia, que, por sua vez, tem
relação com o princípio da boa-fé, como vimos. Os prejuízos efetivos decorrentes da perda da
coisa devem ser devidamente provados.

O parágrafo único do art. 450 acima referenciado informa que o preço da coisa é o da
época em que a mesma se evenceu.

32
O art. 451, por sua vez, manda que, mesmo estando deteriorada a coisa evicta, ainda
assim persiste a obrigação integral, salvo se a deterioração ocorreu por dolo do adquirente. De
outra banda, o art. 452 afirma que o adquirente pode ter tido vantagem com a deterioração
(recebimento de seguro), assim, deverá deduzir o valor dessa vantagem.

Os artigos 453 e 454 tratam das benfeitorias realizadas na coisa evicta.

- Evicção Parcial:

O art. 455 do CC trata da evicção parcial, facultando ao evicto a rescisão do contrato ou


a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se a evicção não for
considerável, caberá somente direito à indenização.

O evicto pode escolher entre duas ações, a ação de evicção ou a de indenização pela
perda. Vale o princípio de que, eleita uma via processual, não é possível o retorno a outra. Para
que essa escolha opere, a lei exige que a evicção seja considerável, o que se apurará no caso
concreto.

- Evicção nas Aquisições Judiciais:

Nas arrematações judiciais, é possível ocorrer a evicção. A ação é movida contra o


credor ou credores que se beneficiaram, ou contra o executado, se esse recebeu saldo
remanescente (art. 447 do CC).

- DESFAZIMENTO DA RELAÇÃO CONTRATUAL. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS:

- Transitoriedade e Desfazimento dos Contratos. Extinção:

As obrigações, direitos pessoais, têm como característica fundamental seu caráter


transitório. Atingida a finalidade para a qual foi criada, a obrigação extingue-se.

Ao contratar, as partes têm em mira, desde o início, a possibilidade de seu término,


ainda que não se fixe a priori um prazo para o cumprimento.

A extinção do contrato, ou o seu desfazimento, pode ocorrer de forma normal ou não.


Um contrato regularmente cumprido em suas obrigações extingue-se normalmente. O contrato
extingue-se por sua execução. É na extinção anormal, antecipada no tempo ou alterada no
objeto ou na forma, que vamos encontrar outras hipóteses de extinção, um desfazimento mais
restrito.

- Resilição dos Contratos:

A resilição é a cessação do vínculo contratual pela vontade das partes, ou, por vezes,
de uma das partes. Entretanto, com freqüência, a palavra rescisão é utilizada com o mesmo
significado, inclusive, pela lei.

A resilição é, portanto, termo reservado para o desfazimento voluntário do contrato


(art. 473).

33
A rescisão é palavra que traz, entre nós, a noção de extinção da relação contratual por
culpa. Geralmente, quando uma parte imputa à outra o descumprimento de um contrato, pede
a rescisão em juízo e a sentença decreta-a.

A resilição bilateral é o distrato mencionado por nossa lei no art. 472. É o mútuo
consenso para o desfazimento do vínculo.

- Distrato e Forma:

O art. 472 estatui que “o distrato faz-se pela mesma forma que o contrato”. Tal
princípio não é absoluto.

Nada impede que um contrato oral seja desfeito pela forma escrita e que um escrito
particular seja desfeito por um escritura pública.

A maior dúvida pode residir no seguinte questionamento: pode um contrato por


escritura pública ser distratado por um instrumento particular? Quando o desfazimento do
contrato revela-se por atos materiais (Ex.: O inquilino devolve as chaves ao senhorio antes do
prazo contratual, sem resistência), não se questiona a validade do distrato, ainda que não se
obedeça a forma originária.

O distrato se fará necessário naqueles contratos mais complexos, que não se revelam
facilmente com atos materiais. Aí, sim, será necessária a forma escrita, pois não terão as partes
outros meios de provar que houve o contrarius consensus.

O distrato gera efeitos a partir de sua ultimação, a não ser que as partes reconheçam o
contrário no ato.

- Quitação, Recibo:

A quitação é um direito de quem paga, do solvens. Se a quitação é negada ou oferecida


de forma irregular, o solvens pode validamente reter o pagamento (art. 319).

O art. 320 descreve os requisitos da quitação. Caso não existam todos os requisitos
citados no dispositivo, ainda assim a quitação terá validade, mas, deve ser idônea e apresentar
materialidade suficiente (parágrafo único, do art. 320).

O recibo, que é instrumento da quitação, não necessita de palavras sacramentais, mas


deve identificar o débito. Quem paga tem direito a munir-se de prova desse pagamento, da
quitação.

- Iniciativa de um dos Contratantes. Resilição Unilateral, Revogação:

Em alguns contratos, sua natureza permite que unilateralmente a parte dê por finda a
relação. Isso ocorre no comodato, no mandato, no depósito; nos contratos em que o fator
confiança tem papel importante.

Os contratos de trato sucessivo, de execução continuada, quando por prazo


indeterminado, permitem que, por meio de uma denúncia prévia, para não surpreender o
outro contratante, sejam resilidos (ou rescindidos, como quer o termo mais vulgar). É o que
sucede, por exemplo, na prestação de serviços em geral, no fornecimento, no contrato de
trabalho, na locação.

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O contrato bilateral pode dispor em cláusula a possibilidade de resilição unilateral. Não
é dispensável o aviso prévio de resilição, mas a autorização dessa denúncia é conseqüência da
convenção dos contratantes. A situação é de distrato, previamente autorizado.

Por vezes, essa resilição recebe o nome de revogação. Por esse ato unilateral, são
retirados os efeitos de um ato jurídico, que foram previamente outorgados. É o que ocorre na
revogação da doação e do testamento, revogação de mandato.

O parágrafo único do art. 473 do C.C. (denúncia vazia) inovou ao dispor que: “Se dada
a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para sua
execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível
com a natureza e o vulto dos investimentos”.

Essa disposição atende à finalidade social que o novo estatuto procurou imprimir ao
cumprimento das obrigações e se apresenta com o caráter de cogente, prestigiando ainda o
princípio da boa-fé objetiva.

- Resolução. Cláusulas Resolutivas Expressa e Tácita:

Segundo o professor Orlando Gomes, “Resolução é, portanto, um remédio concedido à


parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial”, sendo tal termo reservado para
as hipóteses de inexecução do contrato por uma das partes.

Essa inexecução pode ser culposa ou não. Quando se imputa culpa ao outro
contratante, o demandante pode pedir a resolução do contrato, ou a execução em espécie,
quando a natureza do negócio permitir, com indenização por perdas e danos.

A figura jurídica que autoriza a resolução por descumprimento imputável a uma das
partes é conhecida pela denominação de pacto comissório ou cláusula resolutória, que pode
ser expressa ou tácita.

Pacto Comissório é a cláusula pela qual se estipula que qualquer das partes opte pela
resolução do contrato, se o outro contratante não cumpre a obrigação que lhe compete.

Existe uma cláusula resolutória tácita em todos os contratos.

Quando as partes estipulam no contrato que o descumprimento de qualquer de suas


cláusulas autoriza a resolução dos contratos, estamos perante uma cláusula resolutória
expressa, que legitima a resolução por iniciativa de uma delas.

A cláusula expressa não afasta a necessidade de uma declaração judicial, já que, o


inadimplemento culposo acarreta o dever de indenizar, bem como, a parte indigitada como
inadimplente pode ter interesse em demonstrar sua inocência, argüindo a improcedência da
resolução, ou imputando culpa ao outro contraente.
Há necessidade de notificação da parte inadimplente no caso de existir cláusula
resolutiva expressa?

Não necessariamente, entretanto, existem situações de fato que tornam aconselhável


a notificação, mesmo na presença dessa disposição.

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A declaração de resolução (judicial) do contrato por inadimplência operará ex tunc. A
notificação, ou simples aviso, poderá tornar-se importante meio de avaliação do momento em
que o contrato se teve por resolvido, isto é, o momento em que se caracterizou o
inadimplemento, contemporâneo ou próximo à denúncia do contratante.

A diferença entre o pacto comissório tácito e o pacto comissório expresso é que, se a


cláusula não está expressa no contrato, pode ele, também, resolver-se por inadimplemento,
mas a notificação é essencial para conferir ao devedor uma última oportunidade de cumpri-lo.
Se a cláusula vem expressa, o contratante inocente limita-se a comunicar ao inadimplente sua
vontade de resolver o contrato. A lei pode, no entanto, em relações jurídicas específicas, exigir
sempre a notificação prévia para a purga da mora, como nos compromissos de venda e compra
de imóveis loteados (Decreto-lei nº 58/37 e Lei nº 6.766/79).

A cláusula resolutória expressa deve indicar com precisão o descumprimento


contratual, sob pena de transformar-se em cláusula tácita, tornando-se essencial a notificação
do devedor.

Presume-se presente em todos os contratos a cláusula resolutória tácita (CC, art. 475),
devendo a ocorrência da causa de resolução ser apurada pelo juiz. Não se esqueça que, em
qualquer caso, o contrato deve ser examinado à luz de sua função social (CC, art. 421) e sob o
prisma dos princípios da probidade e boa-fé (CC, art. 422). Pode também a parte prejudicada
pedir o cumprimento em espécie, quando assim permitir sua natureza; a opção é do
interessado.

Essa cláusula tácita possibilita tão-só a decretação judicial da resolução. Vimos que
mesma a condição resolutória expressa somente alcançará efeitos concretos com a sentença.

Efeito típico da resolução é sua retroatividade (ex tunc), no sentido de que elimina
entre as partes o vínculo, sem prejuízo dos direitos adquiridos no entretempo por terceiros de
boa-fé. E nos contratos de execução continuada ou periódica, as prestações já cumpridas ficam
a salvo.

- Resolução por Inexecução Involuntária:

Além da inexecução do contrato por culpa dos contratantes, como exposto


anteriormente, existe a possibilidade de sua resolução sem que os contratantes tenham
concorrido para tal, é o que ocorre no caso fortuito e na força maior. Podemos citar ainda a
onerosidade excessiva, que podem causar a resolução sem culpa, ou seja, sem indenização.

Nessas hipóteses há uma causa superveniente ao contrato que inviabiliza seu


cumprimento. A força maior ou o caso fortuito constituem causas objetivas a resolver o
contrato, podendo obstar o cumprimento total ou parcial da obrigação. Neste último caso, a
parte interessada pode optar pelo cumprimento parcial da avença.

Não se confunde a impossibilidade superveniente com mera dificuldade de


cumprimento, já que, esta é de cunho subjetivo.

A ocorrência da impossibilidade caracteriza o momento em que o contrato já não pode


ser cumprido. Se houver declaração judicial, esta retroagirá a esse momento.

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Tratando-se de contrato de trato sucessivo, permanecem incólumes e válidas as
prestações já cumpridas, e devem ser indenizadas aquelas que não o foram, até o momento da
impossibilidade, por culpa do devedor.

Pode haver cláusula, contudo, que responsabiliza expressamente o devedor, ainda que
a impossibilidade advenha de caso fortuito ou força maior.

- Resolução por Inadimplemento Antecipado:

Em alguns casos, um dos contratantes pode demonstrar por atos inequívocos ou


palavras peremptórias que não cumprirá a obrigação assumida, razão pela qual o outro
contraente pode considerar inadimplente o outro contratante, não sendo necessário aguardar
a época da respectiva exigibilidade, para caracterizar o referido inadimplemento; podendo
denunciar e pedir a decretação resolução da avença.

Não há no nosso ordenamento jurídico dispositivo próprio, entretanto, o próprio art.


476 do CC (cláusula resolutiva tácita) permite a resolução antecipada do contrato.

Tendo em vista que o descumprimento reside no terreno da dúvida, deve o contratante


pedir a intervenção judicial, para que se declare resolvido o contrato, desatando-se, assim,
antecipadamente, o liame.

Uma vez comprovada em juízo a alegação e resolvido o contrato, essa resolução opera-
se ex tunc, ou seja, desde o momento em que eclodiu e caracterizou-se a impossibilidade do
cumprimento.

Em sede de inadimplemento antecipado, o pedido judicial não pode ser, à primeira


vista, de execução específica da obrigação.

O instituto tem aplicação mesmo que já parcialmente cumprido o contrato. Aproveita-


se o que foi executado.

Havendo apenas um fumus iuris do inadimplemento antecipado, conveniente que a


parte se valha das medidas prévias e acautelatórias de direitos a seu dispor no estatuto
processual, antes de se arvorar diretamente na resolução do contrato. O juiz, ao examinar a
hipótese, deve levar em conta a natureza do contrato, bem como o princípio da boa-fé
contratual e o comportamento dos contratantes.

Há que se destacar ainda que também o inadimplemento antecipado pode ter ocorrido
por caso fortuito ou força maior, de sorte a afastar o dever de indenizar.

DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE

- Do Contrato de Compra e Venda (Arts. 481 a 532 do C.C.):

- Conceito:

Art. 481 do C.C.: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

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Segundo Silvio de Salvo Venosa, “em singela síntese, pode ser definida a compra e venda como
a troca de uma coisa por dinheiro”.

De acordo com Caio Mário da Silva Pereira, a compra e venda “é o contrato em que uma
pessoa se obriga a transferir à outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante
o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente”.

- Definição:

O contrato de compra e venda é aquele pelo qual um dos contraentes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa a outrem que, por sua vez, se obriga a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.

Denomina-se vendedor o contraente que se obriga a transferir o domínio da coisa, e chama-se


comprador aquele a quem o domínio é transferido mediante pagamento do respectivo preço.

O contrato não é apenas de venda e nem apenas de compra, porque trata-se de uma única
operação que se compõe de dois aspectos inseparáveis: o da compra e o da venda.

Importante esclarecer que nosso sistema jurídico põe a compra e venda exclusivamente no
campo obrigacional, ou seja, o contrato de compra e venda por si só não transfere a
propriedade. Desse modo, o vendedor obriga-se a transferir a coisa, enquanto o comprador,
pagando o preço, possui direito e obrigação de recebê-la (arts. 1.226 e 1.245 do C.C.). Mas
existem exceções à regra, a Prof. Maria Helena Diniz destaca o art. 8º do Decreto-lei nº
3.545/41, referente à compra e venda de títulos da dívida pública da União, dos Estados e dos
Municípios, e o Decreto-lei nº 911/69, alusivo à alienação fiduciária em garantia, que
transferem a propriedade independentemente da tradição.

O inadimplemento do contrato de compra e venda por parte do vendedor resolve-se por meio
de ação pessoal para a entrega da coisa. Embora inexista direito real, o adquirente pode
acionar o vendedor para entregá-la. Cuida-se de fazer cumprir obrigação de dar coisa certa.
Pacta sunt servanda. Na impossibilidade de ocorrer o cumprimento da obrigação, a obrigação
converter-se-á em perdas e danos.
A nova redação dada ao art. 621 do CPC permitiu a execução para a entrega de coisa certa
tanto para título judicial como para título extrajudicial (descritos no art. 585, II do CPC).

- Classificação:

1) Bilateral ou sinalagmático, porque faz nascer obrigações recíprocas a quem vende e a quem
compra;

2) Oneroso, porque os contraentes visam a vantagens correspondentes às respectivas


prestações;

3) Comutativo, porque são certas e equivalentes as prestações, exceto quando se transforma


em contrato aleatório por dizer respeito a coisas futuras e incertas sujeitas a riscos, ou
litigiosas, cujo risco seja assumido pelo comprador (arts. 458 a 461 C.C.);

4) Consensual ou solene, porque para a sua formação é imprescindível o consentimentos das


partes;

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5) Translativo de propriedade, não no sentido de operar sua transferência, mas de servir como
instrumento para a transferência (titulus adquirendi), isto é, de ser o ato causal da transmissão
da propriedade gerador de uma obrigação de entregar a coisa alienada e o fundamento da
tradição ou da transcrição.

- Elementos Constitutivos:

Enunciam-se tradicionalmente 03 (três) elementos no contrato de compra e venda, que são


essenciais à sua existência:

res (a coisa) – é qualquer coisa suscetível de apreciação econômica, que pode sair do
patrimônio do vendedor e ingressar no do comprador. A coisa deve ter existência real ou
potencial quando do negócio (ex.: contrato aleatório), podendo, ainda, ser corpórea ou
incorpórea (cessão de direitos).

Embora a existência da coisa possa ser potencial quando do pacto, deve ela ser individuada,
determinada ou determinável, ao menos identificada pelo gênero e quantidade,
estabelecendo obrigação de dar coisa incerta (art. 243 do C.C.).

A coisa ainda deve ser disponível, uma vez que sua inalienabilidade natural, legal ou voluntária
impossibilitaria a sua transmissão ao comprador.

Admite-se ainda a venda de coisa alheia se o vendedor, estando de boa-fé, posteriormente,


vier a adquiri-la (art. 1.268 C.C.).

A coisa litigiosa não é retirada do comércio, podendo também ser objeto da compra e venda
(art. 42 do CPC e art. 457 do CC).
pretius (o preço) – deve ser em dinheiro, pecunia numerata, sob pena de não ser conceituado
o negócio como compra e venda. A venda pressupõe necessariamente um preço.

O preço, além de ser em pecunia numerata, deve ser certo, real ou justo e verdadeiro. Apenas
após determinado o valor em dinheiro, a compra e venda torna-se perfeita e obrigatória (art.
482 C.C.). O preço deve ser determinado ou determinável. Se não vem determinado, é
necessário que sejam fixados parâmetros para essa determinação.

consensus (o consentimento) – será necessário que o vendedor tenha a capacidade de alienar


e o comprador capacidade de obrigar-se. Assim, os absoluta e relativamente incapazes só
poderão contratar se representados ou assistidos por seus representantes legais. Será
imprescindível que tenham legitimação para contratar, visto haver pessoas que não podem
comprar ou vender, em razão de sua peculiar condição ante o negócio que se pretende realizar.
Daí ser preciso verificar se há restrições legais à liberdade de comprar e vender, pois:

a) pessoa casada, qualquer que seja o regime de bens, não poderá alienar ou gravar de ônus os
bens imóveis do seu domínio, ou direitos reais sobre imóveis alheios, sem a autorização do
outro cônjuge (CC, arts. 1.647, I, III e IV).

b) os consortes não poderão efetivar contrato entre si; a compra e vende entre marido e
mulher, se o regime matrimonial for o da comunhão universal, ter-se-á uma venda fictícia, pois
os bens do casal são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence. Entretanto, o
novo Código Civil em seu art. 499, admite a compra e venda entre cônjuges com relação a bens
excluídos da comunhão.

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c) os ascendentes não podem vender ao descendente, sem que os demais descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente consintam (art. 496 C.C.), porque essa venda de bens
móveis ou imóveis poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros; por isso, é
mister resguardar a igualdade das legítimas contra defraudações.

d) os que têm, por dever de ofício ou por profissão, de zelar pelos bens alheios (os tutores,
curadores, testamenteiros, mandatários com poderes para administrar ou vender a coisa,
empregados públicos, juízes, dentre outros) estão proibidos de adquiri-los, mesmo em hasta
pública, sob pena de nulidade, pelo Código Civil, art. 497 e Súmula 165 do STF = mandatário.

e) o condômino, enquanto pender o estado de indivisão, não poderá vender sua parte a
estranha, se outro consorte a quiser, tanto por tanto (CC, art. 504, primeira parte).

f) o proprietário de coisa alugada, para vendê-la, deverá dar conhecimento do fato ao inquilino,
que terá direito de preferência para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros (Lei n.
8.245/91, arts. 27 a 31, 34).

Em alguns casos a legislação pátria exige ainda como requisito a FORMA:

FORMA – é a obediência quando exigida por lei de certo requisito ou modo de confecção
(realização) do ato negocial.

- Conseqüências Jurídicas:

 Obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador de pagar o preço (arts.


491, 495 e 476 do CC);

 Obrigação de garantia imposta ao vendedor contra os vícios redibitórios e a evicção;

 Responsabilidade pelos riscos e despesas (CC, arts. 492, 494, 236 e 490);

 Responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas (CC,
art. 503);

 Direito do comprador de recusar coisa vendida sob amostra, por não ter sido entregue
nas condições prometidas (CC, art. 484 caput).

NOTA – Amostra é uma fração ou pequena parcela da coisa a ser vendida, a fim de dar ao
comprador uma idéia perfeita da coisa que lhe está sendo oferecida. Se, portanto, o
vendedor realiza a venda com base em amostra, fica obrigado a entregar ao comprador a
coisa perfeitamente idêntica à amostra que lhe foi exibida. Se não o fizer, o comprador
pode recusa o recebimento. Se a coisa entregue corresponder rigorosamente à amostra
que serviu de base para a venda, o comprador somente poderá recusar o recebimento com
base em vício redibitório (CC, art. 441 caput).

- Cláusulas Especiais da Compra e Venda:

- Retrovenda (arts. 505 a 508):

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Pela cláusula de retrovenda, o vendedor de coisa imóvel reserva-se o direito de
recobrar, no prazo máximo de decadência de 03 (três) anos, o que vendeu, restituindo o preço
recebido, mais as despesas feitas pelo comprador (art. 505).

O novo Código Civil inovou quanto a permitir que se agregue valor no resgate, como as
despesas do comprador.

O pacto deve constar do mesmo instrumento da venda. Se constar de documento


autônomo, não será pacto adjeto, mas promessa de contratar ou outro negócio subordinado
aos princípios da retrovenda. Se o pacto não constar do instrumento, não haverá como o
terceiro adquirente tomar conhecimento.

De acordo com o novo Código Civil, há possibilidade de acréscimo no valor do retrato,


referente às despesas autorizadas por escrito e às benfeitorias necessárias, devendo as partes
especificar quais as despesas que serão passíveis de reembolso, além do valor das benfeitorias
necessárias.

Hodiernamente, entende-se ainda que tal devolução deve se dar com a devida e
inafastável correção monetária, quando aplicável, sob pena de ocorrer injusto enriquecimento.

Não está o vendedor obrigado a reembolsar o comprador de benfeitorias que este,


maliciosamente, tenha feito para dificultar-lhe o exercício do direito de retrato. Em qualquer
situação, tendo agido o cmprador com culpa ou dolo, deve indenizar o prejuízo ao vendedor
que se retrata.

No pacto existe condição resolutiva (propriedade resolúvel = art. 1.359). Como se trata
de resolução de negócio anteriormente feito, operada a cláusula do retrato, desfaz-se a compra
e venda, isto é, não há negócio novo. Com esse desfazimento, desaparecem todos os direitos
criados e surgidos medio tempore.

O novo Código proíbe a cessão desse direito por ato entre vivos e a autoriza no direito
sucessório, para herdeiros e legatários (art. 507).

O artigo acima também informa que o direito de retrato poderá ser exercido contra o
vendedor, seus herdeiros, ou o terceiro adquirente, ainda que este adquira o bem em hasta
pública, pois esta também não pode ignorar a cláusula.

Extingue-se a retrovenda pelo exercício do direito potestativo do vendedor, pela


preclusão do prazo decadencial; pelo perecimento do imóvel ou pela renúncia.

O art. 508 trata do direito atribuído a duas ou mais pessoas.

- Venda a Contento e da Sujeita a Prova (arts. 509 a 512):

Constitui pacto adejto a contrato de compra e venda relativos, em geral, a gêneros


alimentícios, bebidas finas e roupas sob medida.

Trata-se de venda realizada sob condição suspensiva (evento futuro e incerto), ao


agrado do comprador ou à adequação do bem à finalidade desejada. Ou seja, só se aperfeiçoa
e se torna obrigatória, para a venda a contento, após declaração do comprador de que a coisa
o satisfaz; já com relação à venda sujeita a prova, a eficácia do negócio está condicionada ao

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atendimento das qualidades asseguradas pelo vendedor e na idoneidade para o fim a que se
destina.

Venda a contento e sujeita a prova ≠ do direito de arrependimento.


- Consequências lógicas:

a) Enquanto não advier a manifestação concordante do adquirente e a despeito de


haver ocorrido a tradição, o domínio continua com o alienante, que sofre as perdas
advindas do fortuito;

b) Não tendo adquirido o domínio, o comprador, antes da ocorrência da condição, é


mero comodatário, limitando-se por tal circunstância ás suas obrigações (art. 511,
C.C.), pelo que a posse que exerce é precária.

- Prazo:

A lei não estabelece prazo para que o comprador se manifeste.

Não havendo previsão contratual específica, tem o devedor a prerrogativa de intimá-lo,


judicial ou extrajudicialmente, para que se verifique a ocorrência ou não da condição (art. 512
do C.C.).

E se o comprador silenciar? Há controvérsia na doutrina, sendo que alguns entendem


que o silêncio deve ser entendido como consentimento “quem cala consente”; por outro lado,
outros entendem que a manifestação não pode ser tácita, pois o art. 509 do C.C. proclama que
a venda não se reputará perfeita, “enquanto o adquirente não manifestar seu agrado”.

O direito resultante da venda a contento é simplesmente pessoal, não se transferindo a


outras pessoas, quer por ato inter vivos, que por ato causa mortis. Extingue-se se o comprador
morrer antes de exercê-lo. Mas subsiste, e será manifestado perante os herdeiros do vendedor,
se este for o que falecer.

- Preempção ou preferência (Arts. 513 a 520 do C.C.):

Podem os pactuantes estabelecer uma cláusula que obrigue o comprador de coisa


móvel ou imóvel, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento, a oferecê-la a quem
lhe vendeu originalmente, para que este tenha a preferência em readquiri-la, em igualdade de
condições, com quem também está interessado em incorporá-la em seu patrimônio.

Tal pacto decorre unicamente da autonomia da vontade e estipulado, evidentemente,


em favor do alienante, aqui chamado preferente, prestigiando o seu desejo eventual de
retomar o bem que outrora lhe pertenceu.

Preempção ou preferência ≠ da retrovenda.

Obrigação do comprador = art. 513 do C.C.

Direito do vendedor = arts. 514 e 515 do C.C.

O cumprimento da cláusula depende de duas circunstâncias, a saber:

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a) Interesse do comprador em se desfazer do imóvel por compra e venda ou dação
em pagamento (negócios jurídicos eminentemente onerosos);

b) Desejo do vendedor original em readquirir o bem, tendo condições de oferecer as


mesmas condições de terceiros (não basta a manifestação de vontade, sendo
imprescindível tal igualdade, sob pena de prejudicar o comprador original, ora
alienante.

- Prazo:

Limitação temporal da cláusula = Parágrafo único do art. 513 do C.C.

Prazo para o exercício do direito = art. 516 do C.C.

Não há direito de preferência sobre parte do bem, móvel ou imóvel, ainda que
estabelecido em benefício de duas ou mais pessoas.

Nesta hipótese, o prazo de validade da cláusula é o mesmo, mas o prazo decadencial


correrá, para cada preferente, a partir de sua cientificação, podendo o direito caducar,
portanto, para uns e não para outros (art. 517 do C.C.).

- Efeitos:

A violação desta cláusula não gera eficácia real, mas, sim, se resolve na fórmula das
perdas e danos (art. 518 do C.C.).

Preempção ≠ do direito de preferência do locatário (arts. 27 a 34 da Lei nº 8.245/1991)


=> aqui pode haver direito real.

O direito decorrente da cláusula de preempção ou preferência é personalíssimo (art.


520 do C.C.).

Art. 519 do C.C. = retrocessão.

- Venda com Reserva de Domínio:

Novidade do Código Civil atual, embora já estivesse presente em nosso direito (CPC,
arts. 1.070 e 1.071).

É um contrato de compra e venda de coisa móvel, em que se subordina a efetiva


transferência da propriedade ao pagamento integral do preço.

Por meio deste contrato, com tal condição suspensiva, transfere-se ao adquirente
apenas a posse da coisa alienada, conservando o vendedor o domínio sobre a mesma, até lhe
ser pago a totalidade do preço (CC, art. 521).

A quitação do preço estipulado enseja a automática transferência do domínio, o que


não exigirá mais qualquer ato, uma vez que materialmente, já ocorreu a tradição.

Riscos da coisa = art. 524 do C.C.

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A finalidade desta modalidade contratual é incentivar o crédito ao consumo de bens
móveis, proporcionando maior garantia ao vendedor, muito embora a alienação fiduciária
afigure-se muito mais dinâmica.

Art. 528 do C.C. = estabelecimento de crédito preferencial para o credor/vendedor


(houve erro material na redação deste artigo).

- Forma:

Estabelece a lei que a forma deve ser necessariamente escrita e, para valer contra
terceiros, precisa ser registrada em cartório próprio, a saber, o Cartório de Títulos e
Documentos, no domicílio do comprador (C.C., art. 522).

C.C., art. 523 = objeto do contrato.

Inadimplemento do devedor = deve o vendedor constituir o comprador em mora


formalmente, seja pelo protesto do título, seja por interpelação judicial, valendo destacar que
tal ato é essencial, até mesmo porque enseja a possibilidade de purgação da mora pelo
adquirente.

A partir da constituição em mora do devedor, surgem 02 hipóteses para o vendedor =


C.C., arts. 526 e 527.

Reserva de domínio ≠ alienação fiduciária em garantia:

a) Reserva de domínio = venda com condição suspensiva com transferência imediata


da posse direta; alienação fiduciária = “venda” para a entidade financiadora com
condição resolutiva;

b) Reserva de domínio = pode ser feita diretamente entre comprador e vendedor;


alienação fiduciária = há presença indispensável de um financiador;

c) Reserva de domínio = restringe-se a bens móveis; alienação fiduciária = pode ser


aplicada tanto em venda de bem móvel quanto de imóvel;

d) Apenas na alienação fiduciária mantém-se a absurda possibilidade de prisão civil


do devedor fiduciante.

Com a disseminação da alienação fiduciária, a venda com reserva de domínio tem


diminuído.

- Da Venda Sobre Documentos:

É mais utilizada no comércio exterior.

C.C., art. 529 e parágrafo único.

O vendedor, entregando os documentos, libera-se da obrigação e tem direito ao preço;


e o comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do transportador ou
depositário a entrega da mercadoria. Há uma substituição da tradição real pela simbólica.

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O pagamento deve ser feito contra a entrega dos documentos que permitem o
recebimento ou levantamento da mercadoria.

Ocorre a efetivação da venda no lugar e no momento em que o comprador receber os


documentos. Sem estes, ou não estando os mesmos em ordem, ele pode reter o pagamento.

É lícita a convenção de local diverso.

A entrega dos documentos gera presunção de que a coisa conserva as qualidades neles
apontadas, não podendo o comprador condicionar o pagamento à realização de vistoria para
constatação de inexistência de defeitos ocultos ou aparentes.

Art. 532 do C.C. = pagamento por intermédio de estabelecimento bancário. Se o banco


recusar ao pagamento, o vendedor pode exigi-lo diretamente do comprador.

De acordo com o art. 531 do C.C., se a coisa estiver coberta por apólice de seguro, a
perda ou deterioração sub-roga-se no valor segurado.

- Do Compromisso de Compra e Venda:

O compromisso de venda e compra, como contrato preliminar (arts. 462 a 466 do C.C.)
que é, tem por objeto um contrato futuro de venda e compra. Assim sendo, pode ser definido
como ajuste de vontades, por meio do qual os contratantes prometem, reciprocamente, levar a
efeito uma compra e venda.

Na compra e venda, o vendedor se obriga a transferir o domínio e este efetivamente se


transfere, com a transcrição do título no registro de Imóveis. Todavia, na mera promessa
bilateral de venda e compra, o promitente vendedor apenas promete que, no futuro, e se
receber o preço, venderá o imóvel pretendido. De modo que continua titular do domínio, o
qual será de futuro transferido. Tal posição constitui, obviamente, excelente garantia para o
vendedor.

Ora, o compromisso de compra e venda apresenta-se como instrumento ideal para


esse negócio especulativo, pois, além de dispensar algumas das formalidades do contrato
definitivo e oferecer praticamente a mesma segurança, não estava sujeito ao imposto de
transmissão "inter vivos".

A promessa unilateral de venda, conhecida sob o nome de opção, é aquela em que


uma pessoa se obriga a vender certo bem a outra, dentro de certo prazo e por determinado
preço, se o beneficiário quiser comprar. Nota-se que aqui só o promitente vendedor se obriga,
fato que marca a unilateralidade do ato jurídico.

A promessa unilateral de compra, negócio raro na prática, dá-se quando uma pessoa se
obriga a adquirir determinado bem da outra, por preço certo e dentro de prazo determinado,
se esta o quiser vender.

A promessa bilateral, ou seja, o compromisso recíproco de venda e compra, envolve a


vinculação de ambos os contratantes: um que promete vender - compromitente vendedor;
outro, que promete comprar - compromissário comprador.

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O contrato de compromisso de compra e venda, cujo fim é a outorga de um contrato
definitivo, gera para as partes uma obrigação de fazer recíproca: a de passarem um contrato
definitivo - a compra e venda.

É uma promessa por ambas as partes de posteriormente efetuarem uma compra e


venda, estabelecendo o objeto da venda, preço, as condições de pagamento e o arras (sinal),
gerando ao comprador dois direitos distintos e independentes entre si:

a) o direito pessoal contra o vendedor, à escritura definitiva, ou à adjudicação, sendo esta


possível (CPC., art. 639);

b) o direito real de fazer valer o compromisso também contra terceiros, conferido pelo registro
(art. 22 do DL 58/37; art. 25 da Lei 6.766/79).

Constitui, portanto, o compromisso de compra e venda registrado um direito real, um


direito de adquirir a coisa, oponível erga omnes.

No caso das arras se o promitente vendedor se arrepende, devolve o sinal em dobro,


caso se arrependa o compromissário comprador, perde o valor do sinal.

- CONTRATO DE DOAÇÃO (CC, arts. 538 a 564):

- Definição = Art. 538 do C.C.

Donatário = é quem recebe.


- Partes
Doador = é quem doa.

- Traços Característicos:

a- Natureza contratual.
b- O animus donandi (intenção de fazer a liberalidade).
c- A transferência de bens para o patrimônio do donatário.
d- A aceitação pelo donatário.

- SUBJETIVO: a intenção de praticar a liberalidade.


* LIBERALIDADE x GRATUIDADE
* A inatividade do proprietário ou credor não
- Elementos implica doação (Ex.: usucapião, prescrição, etc.).

- OBJETIVO: a transmutação patrimonial, com diminuição do


patrimônio do doador e aumento no patrimônio do donatário.

- Capacidade Ativa = podem doar todas as pessoas que possuem capacidade para contratar e
para dispor de seus bens.

- Capacidade Passiva = as pessoas físicas capazes de praticar atos da vida civil, os incapazes
(art. 543, C.C.), o nascituro (art. 542, C.C.), a prole eventual de determinado casal (art. 546,
C.C.), as pessoas jurídicas de direito privado, e as de direito público, para essas últimas
observadas as disposições especiais a elas concernentes.

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- Objeto da Doação = é a transferência de bens ou vantagens do patrimônio de uma pessoa
para o patrimônio de outra pessoa, sem contraprestação obrigacional, salvo eventuais
encargos ou condições impostas pelo doador ou donatário.
- Pela expressão “bens e vantagens” deve-se entender todo bem que esteja in commercium, ou
seja, qualquer coisa que tenha expressão econômica e possa ser alienada, incluindo bens
móveis, imóveis, corpóreos, incorpóreos, consumíveis e inconsumíveis.

- A coisa alheia não pode ser objeto de doação, salvo na hipótese do § 1º, do art. 1.268 do C.C.

 Requer relação de causalidade entre:

EMPOBRECIMENTO
x
LIBERALIDADE
x
ENRIQUECIMENTO

- Aceitação = é indispensável para o aperfeiçoamento do negócio jurídico (art. 539, C.C.).

A aceitação pode ser:

a- Expressa = a que figura expressamente no próprio negócio jurídico;


b- Tácita = aquela que é revelada pelo comportamento;
c- Presumida = determinadas circunstâncias em que a lei presume a aceitação a partir
de certos atos como, por exemplo, nos artigos 539 do C.C. (o silêncio) e 546 do C.C.
(a celebração do casamento).
d- Ficta = que também decorre de situação especial prevista em lei (art. 543 do C.C.).

- Natureza Jurídica = contrato, em regra, gratuito, unilateral, formal ou solene (art. 541 do
C.C.).

- Negócios Inter Vivos e Causa Mortis = não se admite a doação para depois da morte, pois
faltar-lhe-ia o caráter da revogabilidade (C.C., art. 555 e seguintes). Assim, o negócio jurídico
causa mortis que visa a transferência gratuita de bens de uma pessoa à outra se faz por meio
do testamento, e o negócio inter vivos, com o mesmo objetivo, se faz pelo contrato de doação.

- A Evicção, o Vício Redibitório e os Juros Moratórios nas Doações = Art. 552 do C.C.

- Promessa de Doação = é juridicamente possível a escritura de promessa de doação. A


discussão doutrinária é acerca da exigibilidade do seu cumprimento, ante o disposto no artigo
552 do C.C. que determina que “o doador não é obrigado a pagar juros moratórios...”, se
justamente tais “juros moratórios” são a consequência do descumprimento e, portanto, da
mora em determinada obrigação (art. 394 e seguintes do C.C.). Para nós não há qualquer
problema em aplicar o art. 466-B do CPC para compelir o promitente doador a concluir o
negócio. O que não se pode é interpretar extensivamente a disposição gratuita, devendo sua
interpretação ser sempre restritiva. Assim, se houver cláusula de revogabilidade no
instrumento, não há se falar em aplicar o supramencionado dispositivo.

- Espécies de Doação:

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a- Pura e simples ou típica = o ato constitui uma liberalidade plena. Trata-se de
verdadeira natureza da doação, que traduz o animus donandi, ou seja, a intenção de
doar sem qualquer exigência ou contraprestação.

b- Onerosa, podendo ser condicional, a termo ou modal = é aquela em que é imposta


determinada incumbência, dever ou limite ao donatário. É como se houvesse uma
contraprestação pela doação. Tais ônus que gravam a doação são, em verdade,
elementos acidentais ou modalidades que incidem sobre os efeitos do negócio jurídico.
São fatores acessórios que, dependendo da vontade das partes, podem ou não figurar
como elemento constitutivo de determinado negócio jurídico. Assim, não podem ser
considerados como circunstâncias determinantes da existência do negócio jurídico,
uma vez que este pode perfeitamente existir sem a presença de tais elementos.
Segundo Sílvio Rodrigues (RODRIGUES, 2002, pág. 239), “para que um elemento
acidental se caracterize, é mister que se possa conceber a eficácia do ato jurídico
independente dele, pois, caso contrário, tratar-se-ia de um elemento essencial”.

São três os elementos acidentais admitidos em nosso ordenamento jurídico, a saber:

I- Condição = Conforme o art. 121 do C.C. “considera-se condição a cláusula


que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do
negócio jurídico a evento futuro e incerto”. O legislador não poderia ser mais
claro ao definir a condição, que, ao incidir sobre a eficácia (capacidade de
produzir consequências de direito) do negócio jurídico, deixa seus efeitos
dependentes de um acontecimento futuro que pode ou não se realizar. Para
que haja condição, o acontecimento, além de futuro e incerto, deve ser
possível física e juridicamente. A impossibilidade física da realização de
determinado acontecimento gera a invalidação da condição, porém, mantém o
negócio ileso, devendo ignorar a existência da cláusula condicional impossível,
para que possa produzir efeitos desde sua formação. Dessa forma, o negócio
que, por exemplo, apresente como condição “a captura de uma sereia” deve
ignorar tal acontecimento e produzir efeitos independentemente do seu
cumprimento ou não. Já a impossibilidade jurídica de cláusula condicional não
só invalida a condição como todo o ato a ela subordinado. É o caso, por
exemplo, da doação condicionada à prática de um crime qualquer, que, pelo
fato de tal acontecimento constituir-se em ilícito penal, deve ser também
anulada juntamente com a cláusula condicional.

A condição, por sua vez, subdivide-se em duas espécies admitidas em nosso direito, que são a
condição suspensiva e a condição resolutiva. De acordo com o art. 125 do C.C.,
“subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta não se
verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. Dessa forma, a cláusula condicional
será suspensiva se impedir que o negócio produza efeitos jurídicos enquanto o acontecimento
não se observar. Acontecendo o fato previsto pela cláusula suspensiva, o negócio passa a
produzir seus efeitos, conferindo os direitos colimados pelos interessados e instituindo as
respectivas obrigações. Portanto, suspensiva é a condição que deixa suspensos os efeitos de
um negócio até que aconteça o fato previsto por ela (ex.: art. 546 do C.C.). Já o art. 127 do C.C.
institui que “se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido”. É um
tipo de condição que permite que o negócio subordinado a ela produza normalmente todos os
seus efeitos, até que o fato previsto por ela se realize, quebrando, a partir de então, qualquer
obrigação ou direito decorrente do ato negocial. Ou seja, o negócio sob condição resolutiva
produz efeitos para ambas as partes desde a sua formação até que o acontecimento se realize

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e, por consequência, destrua o ato negocial. Dessa maneira, a condição resolutiva é o contrário
da suspensiva, uma vez que esta última, ao se observar o fato condicionante, permite que o ato
passe a produzir seus efeitos normais, enquanto que a primeira, quando se dá o
acontecimento previsto por ela, cessa todos os efeitos que o negócio já produzia desde sua
formação.

II- Termo = é todo evento futuro e certo ao qual ficam subordinados os efeitos
decorrentes do negócio jurídico. Aliás, a diferença básica entre termo e
condição é justamente a certeza do acontecimento futuro que, no caso do
termo, deve existir necessariamente. Nos negócios a termo é comum o
aparecimento de um termo inicial, que corresponde ao dia em que o negócio
começará a produzir seus efeitos ordinários. Possui, portanto, características
suspensivas, pois deixa os efeitos do ato suspensos até a chegada da data
acordada pelas partes. Contudo, o termo inicial não corresponde ao dia em
que os direitos das partes serão adquiridos, e sim, ao marco inicial para a
possibilidade do exercício destes direitos, estes existindo desde a formação do
ato. É o que encontramos disciplinado no art. 131 do C.C. Também é comum o
advento do chamado termo final, que nada mais é do que o dia marcado pelas
partes para o rompimento dos efeitos jurídicos do negócio, possuindo, com
efeito, características resolutivas. Prazo é o lapso de tempo existente entre o
termo inicial e o termo final (ex.: art. 554 do C.C.).

III- Modo ou Encargo = é a determinação acidental que, quando aparece no


negócio, restringe o direito ou as vantagens auferidas por uma das partes, na
medida que institui uma ou mais obrigações ao adquirente do direito, em favor
da outra parte, de terceiros ou de uma generalidade de pessoas. Geralmente
aparece nos chamados negócios graciosos como a doação e o testamento ou
legado. Apresenta-se sob a forma de um compromisso ou uma prestação
imposta à partes beneficiada pelo negócio e que deve ser observada, sob pena
do desfazimento do mesmo. Portanto, um dos efeitos do aparecimento de uma
cláusula modal num negócio gracioso é justamente a sua compulsoriedade.
Sendo assim, quando se trata de doações, o art. 553 do C.C. institui que “o
donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a
benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral”. O modo, entretanto, é
diferente da condição, na medida em que esta suspende a aquisição do direito
até que se realize determinado evento (condição suspensiva), porém, ao ser
adquirido, o direito torna-se pleno. Ao passo que o encargo, diferentemente da
condição, permite a aquisição e o exercício do direito desde a formação do
negócio, porém restringindo-o a uma determinada obrigação que deve ser
observada e cumprida pelo beneficiário (art. 136 do C.C.).

O encargo ilícito ou impossível ter-se-á por não escrito, prevalecendo a doação como se fora
pura e simples, mas se o motivo determinante da doação for o próprio encargo, então todo o
negócio sofrerá de nulidade (art. 137 do C.C.).

A doutrina pátria tem entendido que as doações onerosas sujeitam-se aos efeitos do vício
redibitório e da evicção (art. 441, parágrafo único e art. 552 do C.C.).

c- Contemplativa ou Meritória = a doação feita para contemplar determinada virtude,


mérito ou ato de bravura do donatário (art. 540do C.C., parte inicial).

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d- Remuneratória = feita em retribuição a serviços prestados ao doador ou a alguém de
sua estima. Não se pode confundir essa modalidade de liberalidade com “dação em
pagamento” que é meio extintivo indireto de obrigação, nem com o “pagamento”
propriamente, que é meio extintivo direto de obrigação (art. 540 do C.C., in fine).

e- Feita ao Nascituro = trata-se de doação condicional suspensiva, a qual fica subordinada


a acontecimento futuro e incerto, pois só se concretizará com o nascimento com vida.
Nos termos do art. 2º do C.C., “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Assim,
embora o art. 542 do C.C. diga que a doação valerá, sendo aceita por seu
representante legal, a eficácia do negócio fica condicionada ao nascimento com vida.
Se não vier a nascer com vida não adquiriu personalidade jurídica e doação não
haverá.

f- Sob a Forma de Subvenção Periódica = trata-se de auxílio pecuniário que pode ser
estipulado sob a forma de renda mensal, dividendos ou alimentos, estabelecido por
períodos. O limite temporal é a morte do doador, se outro não ficar estipulado no
instrumento jurídico. Vê-se que é espécie de doação que contém o termo, inicial e final
(art. 545 do C.C.).

g- Em Contemplação a Casamento Futuro = vincula-se à realização do casamento


podendo ser direcionada de um cônjuge ao outro, de terceiro a um ou a ambos os
cônjuges ou mesmo a filhos que de futuro o casal vier a ter e não poder ser impugnada
por falta de aceitação, pois o “sim” para o casamento implica automaticamente em
aceitação da doação, como uma modalidade de aceitação presumida (art. 546 do C.C.).
Não se resolve pela separação, nem podem os bens doados para casamento serem
reivindicados pelo doador, por ter ocorrido a viuvez ou o divórcio. Também não se
revoga por ingratidão (art. 546, IV do C.C.).

h- Entre os Cônjuges = doação que só será possível com a observância de alguns limites
impostos pelo regime patrimonial adotado no casamento, pois implica tal doação, em
adiantamento da herança (art. 544 do C.C.). Se o regime for o da comunhão universal,
por exemplo, não há como se imaginar doação entre cônjuges se ambos são meeiros e
condôminos sobre a totalidade dos bens.

i- Conjuntiva = a feita em comum a várias pessoas (art. 551 e seu parágrafo único do
C.C.). A princípio entende-se que a doação em comum seja feita em partes iguais entre
os donatários, porém nada impede que o doador estipule de modo diverso. Se a
doação versar sobre usufruto, aplica-se as regras do art. 1.411 do C.C.

j- De Ascendente para Descendente = esta doação também importa em adiantamento


de legítima, isto é, sempre que houver doação do pai para um dos filhos, o que este
filho recebeu é interpretado como se fosse uma parte da herança que de futuro esse
filho teria direito. A legítima é aquela parte da herança que o autor sucessione não
pode dispor, pois integra a parte indisponível e, necessariamente pertencente aos
herdeiros legítimos. O herdeiro descendente beneficiado com uma doação deverá
colacionar o mesmo, isto é, trazê-lo ao processo de inventário, por ocasião da morte
do doador, para fins de igualar os direitos entre os descendentes do mesmo grau (art.
2002 a 2005 do C.C.). Todavia, o doador poderá dispensar o donatário de tal ato de
colacionar, desde que o faça expressamente no próprio instrumento da doação,
dizendo que aquela doação deve ser imputada à parte disponível da herança, ou então
poderá fazê-lo por meio de um testamento (art. 2006 do C.C.).

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Justamente porque a lei interpreta a doação de ascendente para descendente como um
adiantamento de legítima é que, nessa modalidade, não se exige a anuência dos demais
herdeiros, divergindo nesse particular do que ocorre no contrato de compra e venda.

k- Inoficiosa = de acordo com o art. 549 do C.C., nula será a doação que exceder o limite
do que o doador poderia dispor por testamento no momento da doação. Assim, a
inoficiosidade é o excesso de liberalidade que atinge aquele montante de que o doador
não poderia dispor no momento da doação (art. 549 c/c art. 1.846 do C.C.).

Sendo nula a doação inoficiosa, isto é, o excesso do que poderia ter sido doado, essa nulidade
pode ser arguida desde logo (art. 166, VII e art. 168 do C.C.), o que se fará por meio de ação de
redução de doação.

Como nas nulidades não se convalescem, nada impede que tal arguição seja feita por ocasião
do processamento do inventário do doador.

- Resolução e revogação da doação:

A doação pode ser desfeita:

– por motivos comuns a todos os contratos – embora não esteja prevista no capítulo específico
sobre doações, aplicam-se as regras gerais a todos os contratos, ou seja, os que podem
macular o ato jurídico, como erro, dolo, coação, simulação e fraude, são motivos para anular a
doação.

– por ser resolúvel o negócio – ocorre, por exemplo, no caso previsto no art. 547, no qual o
doador sobrevive ao donatário e o domínio do bem volta ao patrimônio do doador.

A doação pode ser revogada:

– por descumprimento do encargo – no caso de doação com encargo, se o donatário não


cumprir o encargo no prazo assinalado pelo doador, o doador pode desfazer a doação (CC. art.
564 e 1639).

– por ingratidão do donatário – o legislador visou punir o donatário, mas restringiu a


possibilidade de revogar a doação por ingratidão a determinadas causas e regulou seus efeitos
(CC. arts. 555, 557, 561 e 563).

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