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Os Tambores falam...

... a língua dos divinos Orixás

Manual para Ogãs/atabaqueiros de Umbanda.


A origem dos Atabaques

O nome é de origem árabe, assim como outros nomes, introduzido na


cultura africana como alguidar, alafiá entre outros. Porém não se sabe ao certo
quem criou ou o primeiro povo a utiliza-lo. Escavações arqueológicas encontraram
tambores 6 mil anos, 4 mil anos antes de Cristo na Moravia, Egito, Mesopotâmia,
entre outros locais pelo mundo. Os Tambores de fato são tão antigos como a
história do próprio homem na terra. Cogita-se que os primeiros tambores, eram
feitos de troncos ocos de arvores, revestido com pele de animais. Ele era usado
como meio de comunicação nas tribos primitivas, usando o som produzido pelo
instrumento para que o ar conduzisse sua vibração sonora para longas distancias,
onde alcançariam caçadores e membros da tribo, em viagem e longe da aldeia
central. Além de serem claro, usados como instrumentos evocativos das divindades
e espíritos nos rituais sagrados dos povos antigos. E justamente por essa razão, o
som dos tambores “toca” tão profundamente algumas pessoas, pois ativa em nós
um som sagrado e ancestral, que possivelmente fez parte importante de nossas
vidas em algum momento de uma existência pretérita. Se tornando “chaves
mentais” que induz nosso inconsciente a ancestralidade mesmo que não tenhamos
consciência disso atualmente.
Sobre os instrumentos

O atabaque chegou ao Brasil através dos escravos africanos, ainda na época


da escravidão. Ele é usado em quase todo ritual afro-ameríndio-brasileiro, como
do Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Catimbó, Candomblé de Caboclo, Omoloko e
das outras religiões afro-brasileiras co-relatas, sendo empregados para evocar
os Orixás, Nkisis e Voduns, e as entidades.

Feitos em madeira e aros de ferro que sustentam o couro, os atabaques são


três que formam o conjunto utilizado geralmente nos terreiros e são chamados
de “rum”, “rumpi” e “le”.

O rum, o maior de todos, possui o registro grave; o do meio, rumpi, em o registro


médio; o lé, o menor, possui o registro agudo.

É importante observar que o toque (volume) dos atabaques nunca deve exceder
as vozes da corrente. Quando o atabaque excede a corrente se desorganiza e o
médium perde a concentração, atrapalhando e muito o desenvolvimento dos
médiuns e o bom andamento do trabalho.

Cada atabaque produz um tipo de som diferente tendo no conjunto dos três uma
orquestra onde cada um tem seu papel em harmonia com os outros.

Ogã; um termo válido para a Umbanda?

Primeiramente faz-se necessário explicar o uso do termo. A palavra ogã é


de origem africana e muito usada nos candomblés para designar cargos ocupados
exclusivamente por homens que não entram em transe para Orixá e ocupam
funções diversas dentro do culto, não somente a responsabilidade de cuidar da
orquestra de cântigos e toques de um barracão. Por exemplo; o axogun: ogã
responsável pelos sacrifícios de uma casa, não toca os atabaques, mas ocupa o
cargo de ogã: ogã axogun.

Todavia, este termo ogã também foi introduzido na Umbanda, mas é usado
exclusivamente para referir-se as pessoas; homens ou mulheres que podem tocar e
são os responsáveis pela parte musical de um terreiro. Sendo assim, podemos
chamar de ogã, atabaqueiro, mestre de cerimônia, curimbeiro, entre outros nomes
dados que viriam conforme orientação de cada casa/escola de Umbanda.
Entretanto, podemos observar na prática do dia a dia, o termo mais usado ficou
sendo o de ogã.

Qualquer pessoa pode ser um ogã na Umbanda?

Vamos tentar elucidar algumas dúvidas comuns aos iniciantes que causam
confusão por crenças e práticas válidas no Candomblé, que quando refere-se a
Umbanda, as coisas mudam e muito, já que como somos outra religião, temos
autonomia de termos nossos próprios fundamentos e opiniões sobre a condução
de nossas práticas e tradições.

Primeiro falando sobre a questão do sexo, se somente homens e não


mulheres podem tocar atabaques.

Na Umbanda isso varia conforme doutrina de cada casa. Todavia boa parte
das casas segue uma tradição de que somente homens podem tocar com uma
influencia forte das crenças de nação. Outras não têm restrição aceitando tanto
homens, quanto mulheres nos atabaques. Embora na prática, talvez por uma
questão de costumes, vemos muito mais homens e raras mulheres a frente dos
atabaques.

Com relação a capacidades mediúnicas de incorporação. Muitos perguntam


se uma pessoa pode ser médium e ao mesmo tempo, ser ogã na umbanda. Bom,
diferente do Candomblé, os ogãs na umbanda podem ser pessoas que tenham a
capacidade em si de incorporação, ou outra faculdade mediúnica. Mas poder é
diferente de ser. Dentro do que acreditamos e repassamos, é completamente
inconveniente uma pessoa dá-se a incorporações e ser atabaqueiro de uma casa ao
mesmo tempo. A pessoa acaba não desenvolvendo e não se dedicando bem a
nenhuma das duas funções que pedem dedicação e atenção total tanto para uma,
quanto para outra. Além disso, uma pessoa pode possuir a capacidade de
incorporar, porém não ter a missão nem inclinação para ser um médium atuante e
ativo de tal capacidade no trabalho de terreiro, tendo na verdade, uma aptidão
mais aflorada para atuar de outra forma, como na posição de ogã por exemplo.
Então, ela pode ter a capacidade em estado latente (adormecida), mas não ter
vindo com o propósito de desenvolvê-la para trabalhar através dela.
Então qualquer um pode ser um Ogã? Não. Acreditamos que assim como
nem todas as pessoas nasceram com o talento para serem médicos, pintores,
enfermeiros, advogados, outras nasceram já com tais inclinações, que são
desenvolvidas com o aprendizado de técnicas e escolas para aflorar e aprender
como colocar em prática o talento natural para os instrumentos musicais que
possuem, ou para a arte de lecionar, ou clinicar, ou advogar. O fato de existirem
técnicas e métodos a serem aprendidos não quer dizer que todas as pessoas tem
talento e aprenderão a ser grandes e bons ogãs. Pois sem o dom nato, inerente a
própria pessoa, difícil desenvolver qualquer forma de “arte”.

Sendo assim, em muitos casos uma entidade pode apontar o caminho de ogã
para uma pessoa, ou essa aptidão é evidenciada no dia a dia do contato com o
terreiro.

Como aprender as técnicas?

O mais correto seria que a casa possa oferecer subsídios para que a pessoa
aprenda dentro do próprio terreiro, mas isso está ficando cada vez mais difícil.
Porque pelo menos aqui em nossa cidade, está-se perdendo a tradição de Ogã
como filho da casa e sim, ganhado o espaço para os ogãs contratados, que são
pessoas que tocam em diversos terreiros, mediante a um pagamento, ou por
questões de amizade junto a filhos e pai de santo da casa. Porém isso não é o mais
indicado. Primeiro que um ogã é sim um filho do terreiro e não é um “tocador”
musical, nem músico, ou instrumentista. Ele é uma parte dos fundamentos do
terreiro, assim como os médiuns que incorporam. Porém dentro de nossa casa,
estamos preparando nosso primeiro ogã para que este fique responsável por
repassar seus conhecimentos para outros futuros filhos da casa que surgirem para
ocupar tal função.

Sendo assim, como filho de terreiro, o ogã tem seus preceitos e


fundamentações mediante aos rituais que variam conforme cada casa.
Este filho portanto precisa se preparar para a gira, assim como todos os
médiuns do terreiro. Abaixo deixamos algumas orientações e preceitos aos ogãs
estipulados em nossa casa:

Preceitos e posturas pedidas aos Ogãs da casa

 Não consumir bebidas alcoólicas de forma alguma


 Não consumir nenhum tipo de entorpecente, drogas, remédios (salvo
por prescrição médica) que alterem os estados de humor, psicológico
ou mental.
 24 horas antes não praticar sexo
 24 horas antes não consumir alimentos pesados, temperados,
apimentados nem que cause algum tipo de desconforto estomacal.
 Evitar ir a locais de muita densidade vibracional como boates,
bordel, bailes, bares e ambiente que tenham o consumo exagerado
de bebida, sexo, drogas, e comportamentos propensos a violência.
 Tomar banho de folha, junto com todo o corpo mediúnico antes de
cada gira.
 Uniforme: calça branca, ou calçolão – tipo calça de boca larga que fica
acima da canela- Prefira os materiais leves. Evite Brin ou jeans pois
esquentam demais e são tecidos pesados. Blusão, camisu ou camisa
de malha branca. A mesma recomendação com relação ao tecido.

Não é permitido que ogãs com roupas pretas, ou escuras, de


camiseta, bermuda, toquem os atabaques. Se acaso um visitante
estiver com trajes inadequados, o ogã da casa pode lhe oferecer uma
blusa branca, ou/e calçolão que ficam separados para essas
eventualidades.

Assim como todos os filhos da casa, os ogãs passam por


obrigações e podem ser batizados no momento que queiram na
Umbanda. Para entrar no corpo mediúnico, o adepto passa por
limpezas, firmeza de anjo de guarda e recebe uma guia branca leitosa
de oxalá. Com o passar o tempo, assim como todos os filhos, suas
guias irão mudando conforme as obrigações vão sendo feitas.
Embora estas obrigações e sua ordem sejam diferentes dos médiuns
incorporativos, estes, consagram também um orixá que é seu
pai/mãe de coroa, ganhado as guias dos mesmos. Afinal ele é
igualmente aos outros, filho de um orixá, tem seus guardiões
também e precisa se beneficiar de nossas manipulações energéticas
de harmonização interior e espiritual.

Ogã zela pelos instrumentos litúrgicos musicais!

Os Ogãs são responsáveis pelos atabaques de uma casa e tem


o dever de zelar por estes e não permitir que ninguém que não esteja
devidamente de preceito, com abstinência de bebidas e drogas
principalmente, faça uso dos atabaques do terreiro. Todos os
instrumentos são sagrados, pois são preparados e consagrados a
uma determinada entidade ou Orixá recebendo periodicamente
imantações de energias compatíveis. Por isso é cumprimentado nos
ritos de abertura de gira, em respeito ao orixá consagrado ali, além
de exigir respeito e “mãos e coração limpos” para tocar nos
instrumentos sagrados aos Orixás.
É a ele confiado a manutenção dos instrumentos, cuidado com o couro,
afinação e todo cuidado devido com a parte material dos atabaques para que estes
estejam sempre afinados e em bom estado de uso e conservação. Passar azeite
doce no couro, colocar para esquentar no sol antes das giras, apertar para afinar
seus parafusos, trocar o couro, cobri-lo com pano branco após as giras, é trabalho
para o ogã.

Chegando ao terreiro, deve-se ir tomar o banho de folha e trocar sua roupa,


ir aos atabaques, cumprimenta-los, pedir licença, e começa-se os preparos para a
gira. Cuidados com o couro e afinação devem ocorrer a cada inicio de uma nova
gira. A quartinha do tambor deve ser trocada a água e aberta, acendendo uma vela
que ficará acesa durante toda gira. Esse procedimento ajuda a filtrar possíveis
energias inviáveis que possam estourar nos atabaques. Além do poder e firmeza do
fogo acionado no momento que se acende a vela, representando a firmeza dos
orixás consagrados nos atabaques, sendo um ícone simbólico, como também a
presença do fundamento do elemento natural firmado ali, que é o fogo.

Ao terminar a gira e encerrar os trabalhos por aquele dia, cumprimenta-se


os atabaques, pedindo licença e agradecendo, cubra-o com o pano branco
destinado para este fim.

Os atabaques em nossa casa são consagrados somente a Orixás e passam


por rituais periódicos para imantar a energia do respectivo orixá ali consagrado.
Em nossa casa, o rumpi (atabaque médio) é consagrado a Ogum Megê. O rum
(maior a Xangô) e o menor, o lé a Oxossi. Tais rituais são feitos pela nossa Zeladora,
acompanhada pelo Ogã/ogãs e filhos da casa que a auxiliam.
A importância do Ogã.

Primeiro de tudo, para se entender a importância que essa pessoa exerce


numa gira de Umbanda, é preciso ter o entendimento que definitivamente: o ogã
não é uma pessoa que está ali para animar, divertir ou tornar a gira mais animada.
Ele não é instrumentista, nem músico que está numa festa, numa roda de pagode.
Ele está exercendo uma função mediúnica, é parte dos fundamentos evocativos da
gira e precisa está ali integrado com o todo; parte carnal e espiritual para o
exercício pleno de sua função e não apenas com o trabalho de extrair música dos
instrumentos.

Quando está exercendo sua função é ativado a sua intuição, estabelecendo


uma conexão intuitiva e mental quanto que pode liga-lo ao plano espiritual,
quando em sintonia com seu grupo mediúnico, já que estão no momento,
integrados em mesma atmosfera energética. Isso explica quando uma ou dois
pessoa pensam na mesma cantiga, na mesma entidade juntos. Quando eu penso em
algo, e a outra completa meu pensamento, como se estivesse ouvido, Isso se chama
conexão energética. E quanto mais o grupo estiver em harmonia seja nas evocações
dos pontos, canto, mais essa conexão flui com facilidade e a energia gerada pelo
grupo é repassada de forma homonênia entre todos, fazendo com que o grupo
permaneça em mesma sintonia através do som gerado pelos atabaques.

Além disso, o Ogã desenvolve uma percepção das energias que circulam a
sua volta, tanto das entidades, quando de possíveis tráficos energéticos dos
trabalhos que estão ocorrendo. Podendo ele, puxar uma vibração através de
pontos específicos que gerará uma energia no ambiente a fim de ajudar no fluxo
energético, seja para descarregar, ou para fixar uma determinada energia.

Para entender melhor, vamos falar sobre o significado das ferramentas que um Ogã
trabalha.

O que são pontos cantados? São orações, rezas e evocações cantadas. São
ritmadas que nos conduz a uma frequência vibracional compatível com o tipo de
energia que se está evocando. Somado ao som emitido pelos atabaques, ressona no
ambiente, gerando ondas energéticas que ativam nosso mental e emocional,
facilitando e criando “chaves” mentais para nos conduzir a conexão com o plano
espiritual. Além disso, as batidas dos atabaques provoca a ativação de nossos
chacras inferiores e da kundaline, pela vibração telúrica que ele provoca, sentida
por nossos pés, levando uma corrente energética que percorrerá por todo nosso
campo eletro-magnético.

Então, podemos dizer que o conjunto: pontos cantados, mais o som dos
atabaques, são instrumentos formadores, e mantenedores de energias entre o
grupo, criando homogeneidade e harmonia nas vibrações e sendo assim, mantém o
grupo em mesma sintonia num “ritmo só”.

Existem pontos para puxadas de várias energias. Pontos para louvor; são
pontos que trazem homenagens, oferendas cantadas, enredos e simbologia de cada
Orixá, linha ou entidade. Pontos de demanda que servem basicamente para evocar
e estabelecer, enviando uma distinta energia. Pontos de descarrego: são pontos
evocados que gerarão uma atuação mental e energética por consequência para
dissipar e descondensar energias do ambiente, geralmente cantadas em momentos
específicos na gira após dos trabalhos de passes e correntes de trabalhos, ou em
dados momentos da gira a comando das entidades ou quando o ogã chefe da casa,
perceber a necessidade da puxada.

Quanto aos pontos cantados na Casa

Existem muitos pontos, principalmente no caso dos Exus que trazem uma
simbologia negativa, fruto de distorções sincréticas e “mitos” criados onde faz
menção a Exus como diabo, capeta, satanás. Tão pouco, pontos que remetem os
Malandros (falange auxiliar agrega a linha de Exu)a usuário e tráfico de drogas,
armas, tiros e vida marginal. Então dentro de nossa casa, em giras públicas e em
momentos de louvor e pontos evocativos/de chamadas, não são cantados tais
pontos.

Porém, entendemos que muitos pontos de demanda, tem seu teor agressivo
e até certo ponto com letras que trazem essas associações. Estes servem de
advertência a possíveis espíritos que estejam ligados mentalmente ao grupo,
querendo agir negativamente contra nós. Além disso, criam vibrações densas,
necessárias para o trabalho que será executado, como também integrando
mentalmente os médiuns em mesma sintonia, os preparando para este momento
tão importante de uma gira, onde requer total concentração e união de todo o
grupo num mesmo propósito.

Outro fato a colocar é que não cantamos pontos de Linhas/e entidades que
não faz parte de nosso entendimento sobre as linhas e falanges de Umbanda, como
pomba gira Odalisca, Pomba Gira do Lixo, Rainha de Sabá, Ogum Xoroque,
Boiadeira do Sobrado, Lampião e Maria Bonita, entre outros. Cabe ao Ogã passar
essa posição da casa numa ocasião em que outro ogã visitante esteja entoando
pontos para essas entidades. Não precisa interromper, causando possíveis
constrangimentos, mas depois não se esqueça de falar que não evocamos nem
louvamos essas entidades em nossa casa, então não cantamos seus pontos.

Existem pontos para vários fins e cabe ao ogã sabe-los pois é parte dos
fundamentos da casa. Além de tocar, ele precisa saber as curimbas (cantigas) que
compõe os rituais de seu terreiro. Pontos de defumação, bater cabeça, de batismo,
de amaci, de consagração de orixá, de abertura de gira, de chamada dos guias, de
encerramento, de agradecimento, de subida, de chamada. O ogã deve saber a hora
de puxa-los e muda-los conforme o andamento da gira. Ele deve prestar atenção a
tudo no terreiro, pois ele é quem acompanha o coro mediúnico e não ao contrário.
Ou seja, como já falado acima, o som dos atabaques jamais deve sobressair e
sufocar o canto dos médiuns. Os atabaques servem para acompanha-los, para
uniformizar a vibração que o canto ressona, somado as ondas sonoras das batidas
dos atabaques que precisam estar num tom harmonioso com o tom das vozes dos
cânticos.

Além disso, quanto ao canto, o ogã não tem a obrigação de ser um ótimo
cantor, mas pode e deve exercer o papel de puxar as diversas cantigas da gira. Ele
pode conduzir as puxadas, ou seja, começar os pontos para que a Zeladora e grupo
possa dar continuidade a cantiga e ele acompanha. Para isso, é preciso dispensar
atenção contínua no corpo mediúnico e na Zeladora, pois ela é a pessoa que está
conduzindo a gira. Podendo pedir pra parar, trocar uma puxada, ou dar
continuidade. É dela o comando da gira e de suas entidades quando incorporadas.

Não esqueça: o ogã acompanha o corpo mediúnico e adéqua os atabaques


ao ritmo e melodia dada pelos médiuns da casa. Este entrosamento se dá quando o
médium é filho da casa, sendo mais difícil quando são os “contratados” que tocam
esporadicamente nas giras, principalmente as festivas. Não há entrosamento e
muito difícil estabelecer boa sintonia e ligação mental entre corpo mediúnico e ogã.
Ou seja, não há integração plena entre as partes.

Em nossa casa, há o momento em que os atabaques param, quando se abre


os trabalhos de consulta. O atabaqueiro pode descansar, beber água, ir ao
banheiro, como também é sua vez de cumprimentar as entidades. Porém em
correntes de passes somente e trabalhos de descarregos, o ogã recebe o comando
de parar ou não de tocar, ou fazer uma puxada específica a pedido do chefe de gira;
entidade da Zeladora ou outra que tenha sido delegada para estar a frente das
funções por aquela gira. E mesmo que o comando seja não tocar os atabaques,
pede-se que o ogã se mantenha em seu lugar, sem se dispersar indo ao banheiro,
tomando café ou conversando com os irmãos de terreiro. Pois a qualquer momento
ele pode ser solicitado e, portanto deve estar em sintonia e atenção ao andamento
dos trabalhos nesse momento.
Considerações finais
Esperamos que com este material, o ogã iniciante tenha tido uma noção de
nossas regras e liturgias internas. Temos que ter em mente que tais indicações
variam sempre de casa para casa, conforme tradições e orientações recebidas, sem
que entremos no jogo “aqui é o certo e lá é o errado’, respeitemos todas as casas
que estruturam seus rituais e condução de seus trabalhos de forma diferente da
nossa”. Assim como essa função tão maravilhosa, de tamanha importância para a
Umbanda, para um terreiro.

Infelizmente muitos ogãs, atabaqueiros mal orientados, contribuem para a


generalização, muitas vezes negativa, para os adeptos que ocupam essas funções.
Generalizações como as que Ogãs são irresponsáveis, tocam bêbados, não são fieis
a suas casas, aprontam sempre, são vaidosos que brigam entre si para se colocar
como melhor “tocador de uma macumba”. E ainda que são mercenários da fé, que
vão onde podem pagar.

Claro que muitos sim, fazem jus a tais afirmações. Mas são adeptos que não
receberam disciplina e nem boas orientações em suas formações, claro, quando
não temos um problema de índole e caráter.

A vaidade e guerras pessoais entre um grupo de ogãs de uma casa, é o que


mais observamos. Onde cada um quer “bater mais alto e mais bonito” do que o
outro. Sobressair mais que o outro. Talvez em dados momento, eles deixem se
levar pela emoção e empolgação da vibração dos instrumentos, e esqueçam-se do
por que e para que está ali de fato. Isso ocorre quando o ogã se colocar acima de
sua família espiritual e do seu próprio papel a desempenhar. Coisa que não deve
acontecer jamais. Ele deve ter ciência clara e cristalina de que está ali para a
espiritualidade e não para “animar a festa”. Ele não está ali como músico ou cantor,
mais como uma ferramenta de fundamento de um grupo mediúnico-espiritual e
como todo fundamento deve ser aplicado com conhecimento de causa para que
tudo corra bem e se consiga alcançar o objetivo proposto.

Outra observação comum é o equívoco que sobe a cabeça de muitos ogãs


achar que ele está acima do dirigente/PDS/mds, zeladores de Terreiro. Não. Ele é
filho da casa, assim como os médiuns da corrente e está também subordinado as
orientações do dirigente de terreiro. Cabe a ele orientar, ensinar, motivar, conduzir
o grupo dentro de sua função que é manter a homogenia da vibração de uma gira
através do som os atabaques, canto, palmas e dança. Mas ele não está ali para
mandar nos filhos nem se meter em obrigações e outros assuntos que diz respeito
apenas a médiuns e seu dirigente espiritual. Dentro de uma família, cada um tem
suas funções e aprende a respeitar hierarquia, comandos, e o que é do outro. Sendo
assim, o Ogã como filho da casa, tem o papel de unir e conduzir o grupo dentro de
sua competência que é restrita a orquestra dos sons sagrados de um terreiro. Papel
que deve ser executado com amor, dedicação, respeito aos irmãos e ao próprio
cargo que ocupa no terreiro. Pois passamos a representar um grupo, no caso ogãs,
e devemos honrar o que assumimos para nós. Quando colocamos a necessidade de
nossa família acima de nosso próprio ego, estamos mirando para o coletivo, olhar
indispensável para o caminho dentro de uma seara espiritual, seja que tipo de
função você irá ocupar.

Ogã é aquele que faz o orixá vibrar através do som dos tambores,
distribuindo axé a todos que estão ao seu redor. Amor, respeito e dedicação
carinhosa são os pilares dos grandes ogãs de Umbanda, que realmente exercem em
sua plenitude sua função.

Material que pertence ao acervo do Terreiro de Umbanda Vovó Catarina

Manual para Ogãs/atabaqueiros de Umbanda.

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