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Teoria do Direito II

Aula 1

—> Introdução à Teoria do Ordenamento

A norma compõe a estrutura do ordenamento jurídico.

Como as normas se comunicam/relacionam umas com as outras? Como elas, portanto, ganham
validade umas diante de outras ou umas dependendo das outras ou em coordenação umas com as
outras.

Quando eu estou falando em norma jurídica, eu estou me referindo não só à regra, ao artigo que
está na lei mas estou me referindo, também, à lei propriamente dita, aos códigos, às consolidações, a
princípios. Ou seja, vocês entendam norma num sentido bastante latu, como norma-princípio ou
norma-regra. Como uma norma, uma prescrição normativa que se encontra no ordenamento
jurídico sob a forma de um artigo, de um parágrafo, de um inciso mas também norma como um
diploma legal (a Constituição, por exemplo).

A norma é compreendida dentro de um contexto, o mesmo tem um nome, ordenamento (ou


sistema) jurídico. É dentro do sistema jurídico que a norma ganha então, validade jurídica. Só
quando as normas ganham esse relacionamento é então que elas ganham validade.

Para a gente entender o que é contexto, nós podemos dar uma definição mais geral: significa o
conjunto de relações legais e globais geradas por uma autoridade jurídica, seja esta o Poder
Legislativo, o Poder Executivo ou o Poder Judiciário.

A validade da norma depende do contexto da mesma.

Esta norma para ela ter esta validade, ou seja, esse grau de comunicação dado pelo próprio
contexto, ela deve conter o quê? Ela norma em si, deve conter o quê para ser caracterizada como
uma norma existente?

Ela precisa ter um conteúdo, ter uma forma, seguir um procedimento e além disso, ela tem que ter
sido criada por uma autoridade pública.

Relembrando: a norma ganha validade com base na relação estabelecida com outras normas.

O ordenamento jurídico, em realidade, vai tratar dessa relação dinâmica entre normas jurídicas. É
um conjunto de normas em sua relação dinâmica.

Tércio Sampaio Ferraz Jr.: O ordenamento jurídico reúne todas as espécies de normas, critérios de
classificação das matérias, esclarece as relações de integração, também abrange o regime jurídico,
preâmbulos, exposições de motivo de uma lei ( são as razões e intenções do legislador ao estabelecer
uma determinada norma).
—> Norma e Ordenamento Jurídico

Vamos tentar entender o sentido de norma na sua relação com o ordenamento jurídico. Podemos
dizer então, que nesta relação podemos definir um sentido geral e um sentido específico para o
ordenamento.

Sentido geral: normas jurídicas em suas relações dinâmicas dentro do ordenamento jurídico.

Sentido específico:

• Estrutura: no conjunto de normas jurídicas em sua relação de dependência, de subordinação, de


hierarquia umas em relação às outras.

Kelsen determina que as normas compõem uma pirâmide normativa (observador interno).

CF
Emendas
Constitucionais

Leis Complementares

Leis Ordinárias

Obs.: Entre as normas infraconstitucionais existe uma hierarquia (visão kelseniana).

Essas leis (ordinárias) mantêm uma hierarquia normativa. Elas se comunicam umas com as outras e
ganham validade umas em relação às outras de acordo com essa relação dinâmica própria do
ordenamento, obedecendo essa hierarquia.

Obs.: Se houver desconformidade entre uma lei infraconstitucional e a Constituição, essa


desconformidade tem que ser clara porque se não for clara, no caso de dúvida, vai-se aproveitar a lei
ordinária, nós vamos interpretá-la em conformidade com a Constituição. Então a desconformidade,
a sua invalidade da lei ordinária tem que ser clara.

• Contexto: são as relações globais criadas por uma autoridade jurídica.

• Repertório (estamos tratando de elementos não-normativos): lex superior, lex specialis, lex
temporalis; critérios para entender como uma norma ganha ou perde validade em relação a
outra norma.
Primeiro critério: A lei superior na hierarquia é mais importante, de qualidade maior que a lei que
lhe é inferior.
Segundo critério: Uma lei especial revoga uma lei geral que lhe é anterior e se for com ela
incompatível.
Terceiro critério: Uma lei que vem daqui a dois anos sob uma mesma matéria, ela pode revogar
uma lei anterior caso a lei nova entre em contradição com a lei antiga.
O repertório também se evidencia no art. 4º da LINDB.

Para a gente falar em ordenamento, nós temos que pensar três pontos específicos que se somam, um
não existe sem um outro - estão em uma relação de dependência - : estrutura, contexto e
repertório.

—> Ordenamento como Sistema Unitário e Dinâmico

As normas se transformam com o tempo, se alteram. Há, obviamente, quando a se fala de uma
relação dinâmica entre normas, uma alteração do conteúdo dessas normas. Faz parte da evolução
do sistema jurídico. Ele precisa se atualizar de acordo com a realidade social, política e econômica
que ele enfrenta. Então, é nesse sentido que Kelsen diz que o ordenamento é pensado como relações
dinâmicas entre normas.

O ordenamento também pode ser pensado como um sistema unitário. Em que sentido Kelsen vai
dizer isso? No sentido de que existe no sistema jurídico interno de cada país, uma Constituição no
topo da sua pirâmide normativa que oferece unidade ao mesmo. É ela que torna o sistema jurídico
homogêneo.

O que seria uma Constituição? Um conjunto de normas fundamentais que atribuem validade ao
ordenamento jurídico como um todo. Ela é a norma fundamental que em seu conteúdo estão os
direitos fundamentais e as normas relativas à organização do Estado.

Olhar o sistema como observador externo: o Direito como ciência é a norma fundamental.

Aula 2

Diferença entre positivismo e normativismo jurídico:

Positivismo —> Pressupõe que a norma tenha alguns elementos centrais. O primeiro deles é o
conteúdo, o segundo deles é a forma, o terceiro é o procedimento. Para a gente falar que um teórico
é positivista, temos que partir do pressuposto que ele então se baseia nesses três elementos centrais.

Um normativista necessariamente é um positivista. Ou seja, aqueles elementos centrais precisam


estar presentes para que possamos falar que o autor é normativista. Qual é o complemento dado
por um teórico normativista? Esses elementos centrais se comunicam e se relacionam entre si. Se
estão numa relação dinâmica entre si, o normativista então, crê num sistema jurídico. O positivista
dá a estrutura do ordenamento. O normativista vai fazer com que esses elementos centrais
conversem entre eles, vai pensar num sistema. Ele pressupõe a estrutura de normas (conteúdo,
forma e procedimento) e além disso, que essas normas que têm esses elementos centrais se
comuniquem entre si.

Um positivista vai dizer que uma norma é existente mas não vai conferir validade a ela. Para ele
conferir validade à norma, necessariamente tem que ser positivista-normativista.

Um normativista vai pressupor que a norma é existente e é válida dentro do sistema.

A norma segundo Kelsen, vale porque existe uma outra norma acima dela. A validade é sempre
relacional. Para Kelsen, não só a existência mas também a validade estão dentro de um sistema, são
relacionais.
O realismo jurídico é uma escola que nasce nos EUA na virada do século XIX para o século XX e
na Escandinávia.

Alf Ross

Para o realismo jurídico, a norma só é válida porque depende do comportamento da autoridade


aplicadora da norma. Ou seja, só podemos falar que uma norma é válida se ela for elaborada e
como ela vai ser elaborada por uma autoridade competente (Judiciário). Então se o Poder Judiciário
diz que a norma é válida, ela é válida. O realismo jurídico se comunica muito com a Sociologia do
Direito, Psicologia Jurídica, com a experiência empírica do juiz como intérprete e aplicador da
norma. Só é válida a partir da interpretação e aplicação pelo Poder Judiciário.

Kelsen vai responder a Ross: toda norma que depende de uma experiência prática para a sua
aplicação, não é uma tese fecunda, não é possível. Por que não é possível? Porque a sua validade vai
ser dependente de uma probabilidade, de um comportamento psicológico de uma experiência
prática do juiz. Em um sistema, não pode valer nesse sentido pois causa insegurança jurídica para o
próprio sistema.

Para Kelsen, não é o Judiciário que constrói o Direito. Direito não é interpretação porque isso
geraria - a constante mudança de interpretações pelo Judiciário - insegurança para o sistema.

Kelsen é extremamente formalista, sua teoria padece de um formalismo evidente.

Alf Ross vai dizer que Kelsen padece desse formalismo excessivo. A norma fundamental que se
encontra no pico da pirâmide kelseniana é uma hipótese. Ela só tem uma forma, não tem conteúdo
porque é uma norma pressuposta pela nossa razão, ela é dogmática. Ross diz que de acordo com o
pensamento kelseniano, o ordenamento jurídico é válido porque acreditamos que é válido.

—> Norma fundamental ou Norma-origem

A validade é um conceito relacional mas se coloca duas questões. A primeira questão é relativa à
própria unidade do sistema jurídico como sistema vinculante. E a segunda questão é em relação ao
próprio fundamento de validade da norma fundamental.

1ª questão: Kelsen pressupõe que a norma fundamental tem imperatividade (vinculação da norma,
obrigatoriedade da norma desde que ela seja válida). Para a gente falar em imperatividade,
vinculação e validade da norma, a gente tem que pensar que essa norma se relaciona com outras
dentro de um ordenamento jurídico. Então, é essa norma fundamental que vai dar ao sistema
imperatividade, vinculação e validade.

sob o olhar de um observador interno

A norma que não tem mais conteúdo e se encontra no pico da pirâmide normativa, vai dar validade
para todo o Direito como ciência. Não tem conteúdo (é dogma) mas tem imperatividade, gera
vinculação e é válida. A norma se auto-valida pois não existe outra norma acima dela. Ela se
confere imperatividade, vinculação e validade.

sob o olhar de um observador externo

É essa norma fundamental que vai conferir não só validade para todo o sistema mas como também
unidade.
Aula 3

De onde Kelsen retira essa ideia de uma norma fundamental que dá origem para o ordenamento
jurídico, para o Direito como um todo, como uma ciência? Ele retira essa ideia da própria filosofia,
particularmente desse conceito de norma fundamental como uma norma formal e neutra por
influência de Kant e seus conceitos a priori. O que são conceitos a priori? São conceitos que não
dependem da experiência prática para serem conhecidos. A norma fundamental é um conceito a
priori.

Na filosofia racionalista, o conhecimento do mundo é acessado por meio de conceitos. Alguns


conceitos têm uma forma física, outros conceitos não.

A norma fundamental é um conceito formal, construído para descrever uma teoria do ordenamento
jurídico.

—> Conceito de Direito

H. Hart: normativista-positivista

Para ele, a ordem jurídica é um sistema dinâmico e unitário. Diferentemente de Kelsen onde se tem
uma pirâmide de normas, para Hart não se tem uma prirâmide de normas e por consequência não
se tem hierarquia entre as normas. As normas para Hart são de três tipos:

• Reconhecimento
• Primária
• Secundária

Ele vai conceituar a norma de reconhecimento como a norma última de uma série que identifica
todas as outras normas primárias e secundárias dentro do sistema. Que tipo de identificação é essa?
Essa norma de reconhecimento, é ela que diz que as outras normas são válidas ou não. Ela não é
formal, não é neutra, não é metafísica, não é dogmática, ela existe porque é institucionalizada. Ela
dependeu para a sua criação de um poder institucional do Estado.

As normas primárias são normas de ação. As normas secundárias são normas que
conferem poderes, competências para que as normas primárias possam agir. Normas
secundárias são parasitárias em relação às normas primárias.

Uma norma pode ser ao mesmo tempo primária e secundária. Pode-se concluir então, que não
estamos diante de uma pirâmide normativa, de hierarquia onde uma norma depende da outra para
ter validade. As normas estão no mesmo plano.

Bobbio faz uma crítica a Kelsen dizendo o seguinte: essa norma de origem, essa norma fundamental
é um ato de poder, ela dependeu para a sua criação de um ato de um poder específico - Poder
Constituinte Originário -.

O que podemos depreender não só sobre ordenamento jurídico mas sobre a validade de normas?
Que a norma que cria o ordenamento jurídica não é válida nem inválida. Não está no campo de
validade da norma.

Voltando a Kelsen, ele diz que as normas estão numa relação hierárquica de subordinação que a
norma que se encontra no pico da pirâmide, é a que serve de fundamento para as demais normas
que estão abaixo dela. Ele diz também que a validade das normas depende também de imputação.
Imputar não significa apenas imputar algo a alguém, ela pode ter outro sentido.

As normas estão, de acordo com Kelsen, numa relação hierárquica, de dependência, de


subordinação e imputação.

Ex de imputação.: crime de homicídio. Diante do mesmo, nós vamos investigar qual é a


responsabilidade do agente que cometeu o crime. O início e o fim da série de responsabilização não
estão fora da norma. Eles são dados pela própria norma. Ele quis dizer que para se responsabilizar
um determinado agente suspeito de um crime de homicídio, não precisamos investigar outras
circunstâncias fora do Direito. Porque na visão dele, recairíamos numa relação de imputação
infinita, uma relação de causa e efeito e a gente nunca conseguiria chegar ao fim do processo de
responsabilização já que sempre existiria uma causa anterior. A única forma de a gente parar com
uma relação de causa e efeito é parar na letra da norma.

A relação de imputação kelseniana é uma relação terminal, ela termina na prescrição normativa.

Normas-origem são imperativas e/ou válidas? É preciso ter validade para ser imperativa?

Existem decisões judiciais que criam o Direito (Tribunal de Nuremberg - genocídio). Sendo assim,
existem normas-origem que geram obrigatoriedade mas que ainda não são válidas porque não estão
compreendidas por um corpo legislativo.

Diferença entre validade e imperatividade:

1ª - Pode existir norma imperativa, sem validade. Ex.: crime de genocídio/ julgamento pelo
Tribunal de Nuremberg

2ª - Podemos admitir que uma norma seja imperativa, ou seja, que ela impõe um determinado
comportamento e produza efeitos imediatos sem verificação da validade.

Aula 4

Para a gente falar que uma norma é válida, vigente, eficaz e tem força, temos que considerar que
essa norma é anteriormente existente.

Para uma norma ser considerada existente, ela tem que ter 3 elementos estruturantes: agente,
objeto e forma. Tem que ter um agente que a elaborou, tem que ter um objeto sobre o qual essa
norma vai incidir e tem que seguir uma forma, ou seja, tem que tomar forma de uma lei específica
de um diploma legal mas também forma pode ser entendida como ter seguido um procedimento
formal. Se faltar um desses elementos, a norma não existe. Se ela não existe, não se pode falar em
validade da norma. Enquanto existência tem a ver com estrutura normativa, a validade, a vigência,
a eficácia e força têm a ver com o dinamismo das normas.

—> Validade, vigência e eficácia

São atributos da norma.

A validade da norma diz se é pertinente ao ordenamento jurídico ou não. Para ela ser considerada
uma norma válida, ela tem que conter as condições de existência (ter seguido um procedimento, ter
tido um agente competente e ter sido elaborada sob certas circunstâncias - equilíbrio e paz social -).
Se a norma seguiu essas condições formais e materiais de produção, podemos dizer que ela é válida.
O fenômeno da validade é para leis infraconstitucionais.

Vigência é o tempo de validade da norma. Art. 1º LINDB - 45 dias após ser publicada (vacatio
legis). Se a lei em seu conteúdo, nada disser sobre o início da validade da norma, o tempo para ela
iniciar a sua validade temporal é de 45 dias. Para que precisamos desse período de 45 dias? Para
que tenhamos conhecimento da norma.

Eficácia: se reúne as condições formais e materiais para a sua aplicação, para a produção de
consequências jurídicas.

Eficácia social tem a ver com os efeitos jurídicos sociais da norma. Se ela transforma de alguma
forma a realidade social. Existem inúmeras normas que produzem eficácia jurídica mas que não
produzem eficácia social, porque ou a gente desconhece essas normas ou elas caem no desuso ou
porque existem práticas sociais que faz com que uma norma que foi emitida e considerada válida e
eficaz do ponto jurídico, não vá produzir efeitos na realidade.

Como é que poderíamos fazer uma interpretação dizendo que essas normas específicas têm eficácia
jurídica? Nós podemos fazer uma primeira interpretação dizendo que elas reúnem todas as suas
condições de validade e as condições, portanto, para serem aplicadas. Mas elas não reúnem as
condições de aplicação social, não têm efetividade. Já Barroso, diz que toda norma constitucional
produz eficácia também social. E qual seria o tipo de eficácia social? Muito precisa no campo do
processo legislativo, elas impedem que o legislador elabore uma outra norma contrária que fira essas
normas programáticas. Essa é a efeito social dela, impedir que o Poder Legislativo produza uma
outra norma que retire a sua eficácia jurídica.

Aula 5

—> Revogação, Caducidade, Desuso e Costume Negativo

Em que situações a norma perde validade? Perde validade em duas situações: quando ela é
revogada ou quando ela perde a eficácia.

Ela pode se tornar ineficaz com base em 3 institutos:

1º - Instituto da caducidade
2º - Instituto do desuso
3º - Instituto do costume negativo

A primeira regra estrutural que seria uma norma perde a validade quando for revogada por outra
norma. Entendendo norma aqui como uma lei, declaração, dispositivo legal composto por artigos,
parágrafos e incisos. Entendida como norma-regra.

Estamos dentro de um sistema jurídico em que uma norma é considerada como válida desde que
não contrarie claramente a própria Constituição do Estado e desde que não seja revogada por uma
outra norma dentro do sistema.

Para a gente pensar em revogação, nós temos que pensar também no uso, na aplicação de 3 regras
específicas: lex superior, lex posterior e lex specialis.

Lei superior a gente pensa no sistema kelseniano de hierarquia de normas que se baseia no seguinte:
uma lei que é superior na hierarquia, pode revogar uma norma que é inferior na mesma hierarquia.
Lei posterior (no tempo de vigência) - uma lei que é posterior a outra no tempo, ela pode revogar a
lei que lhe é anterior.

Lex specialis - Art. 24 § 2, §3 e §4 da CF


Não havendo uma lei especial sobre uma determinada matéria, a lei geral é que é considerada
válida. A lei especial revoga a lei geral naquilo que a lei geral tem de especial. Uma lei especial pode
ser considerada inferior a uma lei geral se essa lei geral revoga todo o estatuto da lei especial.

Revogação expressa ou manifesta, de acordo com Paulo Nader é quando a lei expressamente,
manifestamente, no seu corpo normativo, diz claramente esta frase “ fica revogado o artigo 70 da
Lei de Locação Imobiliária”.

A revogação implícita ocorre em duas situações e as situações são de incompatibilidade. É quando


existe uma incompatibilidade nos dispositivos legais. As normas A, B e C de uma lei de 2015 são,
em termos de conteúdo, incompatíveis com os dispositivos normativos W, Y e Z de uma lei de 1985.
Nós só podemos aferir isso na prática jurídica. Ou seja, o conteúdo normativo de uma lei posterior
pode revogar o conteúdo de uma lei anterior se entrarem em conflito. Outro caso de revogação
implícita é quando a lei diz, no final do seu corpo normativo, “revogam-se as disposições
encontradas”.

Existe a revogação total e a revogação parcial.

A segunda regra estrutural é que uma norma perde a validade em caso de ineficácia. A caducidade
é um fenômeno que afeta, em primeiro lugar, a eficácia jurídica da norma. Ou seja, as condições de
sua aplicação não mais existem. Não existe mais conteúdo, forma e muito menos procedimento. Por
extensão, se a norma, as suas condições de aplicação não existem mais, a norma não vai ter eficácia
social. O desuso e o costume negativo, a norma continua tendo eficácia jurídica mas não tem
eficácia social. A caducidade se apresenta quando as condições de aplicação da norma não mais
existem. E são duas condições objetivas que não se apresentam mais: o tempo e o fato.

Aula 6

Quando falamos em caducidade, o fundamento da caducidade não é o comportamento do


destinatário mas a própria norma que tem determinadas condições objetivas que impossibilitam a
sua aplicação.

O desuso pressupõe condições subjetivas para a sua perda de eficácia. Tanto o desuso quanto o
costume negativo, o olhar do operador de Direito, é um olhar para o destinatário da norma, se ele
está cumprindo aquela norma ou não. O fundamento do desuso e do costume negativo é um
fundamento subjetivo.

Qual seria a definição de Tércio Sampaio Ferraz Jr. ?

O desuso ocorre quando os destinatários da norma, diante de uma nova situação, não se sentem
obrigados a continuar a cumpri-la.

Paulo Nader dá outra definição para desuso.

O olhar dele também é para os destinatários da norma mas não apenas para o público em geral, o
olhar dele também é para os órgãos competentes que devem controlar a aplicação da norma. O
fundamento do desuso também é um fundamento subjetivo. Então a norma, na sua visão, perde a
validade por ineficácia porque os órgãos competentes deixaram de fiscalizar a aplicação da norma.
Se os órgãos competentes não fiscalizam a aplicação da norma, o destinatário da norma não vai se
sentir vinculado a obedecer a norma. E o destinatário da norma não vai mais se sentir vinculado a
obedecer a norma por dois elementos centrais: elemento do tempo e o elemento da generalidade. A
gente só pode falar em desuso, na visão de Paulo Nader, se nós tivermos presentes no
comportamento do destinatário da norma a generalidade e o tempo. Quando a gente fala em uma
norma geral, falamos na generalidade dos destinatários da norma. Quanto mais pessoas não
cumprirem a norma, a norma vai portanto, entrar em desuso. Se o órgão fiscalizador não fiscaliza,
com o tempo as pessoas vão esquecendo que aquela norma existe, que aquela norma tem eficácia
jurídica e que deveria ter eficácia social.

Para o Paulo Nader, não existe uma distinção fina entre o desuso e o costume negativo. O costume
negativo também olha para os destinatários da norma. Então seu fundamento também é subjetivo.

O costume negativo sucede quando a prática ou o costume social contradiz as normas do Direito
escrito, que proíbem a ação.

Em realidade, o costume se cristaliza no tempo através de uma prática social porque não houve uma
fiscalização dos órgãos competentes.

A antinomia é uma incompatibilidade por validade.

Antinomia jurídica é a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias (total ou
parcialmente), emanadas de autoridades competentes, colocando o operador do direito numa
posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos
quadros normativos do ordenamento vigente.

Antinomias reais são aquelas para as quais não existem critérios normativos para a sua solução
dentro do ordenamento jurídico.

Antinomias aparentes, para essas, existem critérios normativos de solução do conflito de normas.

Sucedem como normas-princípio. Sucede quando estamos num caso concreto, diante de dois
princípios que são válidos e entram em conflito. As normas-princípio, os critérios normativos não se
aplicam a elas porque as mesmas são sempre consideradas válidas, têm um grau de especialidade
maior, têm consistência maior, têm peso maior do que aquele das regras. Nenhum princípio, ao
contrário das regras, pode sair do sistema.

Sucedem como normas-regra. Sucede no caso de regras (normas específicas) que são válidas e
entram em conflito. No caso das antinomias aparentes, elas podem ser solucionadas pelos critérios
normativos: lex superior, lex specialis, lex posterior.

A solução para antinomias reais entre princípios é através da interpretação, em que você vai dar
prevalência para um princípio da legalidade, no caso concreto, em detrimento do princípio da
isonomia.
Aula 7

Antinomias próprias: essas antinomias ocorrem por motivos formais.

Antinomias impróprias: ocorrem em virtude do conteúdo material da norma.

Tércio Sampaio Ferraz Jr. diz que uma antinomia própria é, por exemplo, quando uma norma
permite o que a outra proíbe. Ambas as normas encontram fundamento no sistema jurídico e na
Constituição Federal.

Ocorrem quando estamos diante de valoração de princípios em caso de lacunas políticas.


As antinomias impróprias são as referentes à valoração e ponderação de princípios. O conflito
estabelecido é mais entre o comando estabelecido e a consciência do aplicador da norma (lacuna
política ou lege ferenda).

Antinomias de Direito Interno: são as que ocorrem dentro de um ordenamento estatal e podem
ser dentro de um ramo do Direito ou entre normas de diferentes ramos.

Antinomias de Direito Internacional: são as que ocorrem entre normas de Direito


Internacional válidas.

Aula 8

Antinomias de Direito Interno-Internacional: referem-se a conflitos de normas de Direito


Interno com as normas de Direito Internacional (dualismo ou monismo).

Dualismo: o Direito Internacional e o Direito Interno são duas ordens de direitos que não se
superpõem, distintas. Nem o Direito Interno prevalece sobre o Direito Internacional nem o
contrário acontece.

Monismo: o Direito Interno e o Direito Internacional constituem uma ordem jurídica única. Pode
ser de 2 tipos, ou o monismo com prevalência do Direito Internacional sobre o Direito Interno ou o
monismo em que há prevalência do Direito Interno sobre o Direito Internacional.

O Brasil adota o monismo com prevalência do Direito Interno sobre o Internacional. Entretanto,
evolui na sua interpretação, torna-se uma interpretação muito mais amigável à prevalência do
Direito Internacional sobre o Interno quando direitos humanos internacionais estiverem envolvidos.

Antinomia total-total: ocorre quando uma das normas não pode ser aplicada em nenhuma
circunstância sem entrar em conflito com outra.

Antinomia total-parcial: ocorre quando uma das normas não pode ser aplicada em nenhuma
circunstância sem entrar em conflito com outra, enquanto essa outra tiver um campo de aplicação
que, apenas em parte, entra em conflito com a anterior.

Antinomia parcial-parcial: ocorre quando as duas normas tem um campo de aplicação que em
parte entra em conflito com o da outra, em parte, não entra.

Em termos teóricos, para os positivistas-normativistas, só podemos falar em positivismo-


normativismo quando temos a presença de 3 elementos estruturantes: agente, conteúdo e forma.
Para falar que um ato normativo existe no mundo, tem que ter os elementos citados anteriormente.
Se o ato normativo não tiver um desses 3 elementos, é um ato inexistente. Ato normativo tem uma
identidade e uma estrutura. A nulidade é identificada pelas qualidades do ato normativo. Se essas
qualidades forem violadas, o ato é nulo. A anulabilidade não se refere a esses atributos do ato
normativo mas sim a outros vícios que podem acontecer, como a coação, dolo e etc.

Inexistência: nesse caso, a norma não chega a entrar no sistema, pois os seus elementos essenciais
não estão presentes. Tais elementos essenciais são os seguintes: a declaração de vontade de um
agente, a indicação de um objeto e a solenidade do ato quando exigida (forma).

Nulidade: ocorre quando a norma, que tendo entrado no sistema, por vício essencial de formação,
não produz nenhum efeito desde o início da sua vigência. Aqui são analisados os atributos do ato
normativo: capacidade, licitude e possibilidade e legalidade. Com relação à licitude e possibilidade
do objeto, esse não pode contrariar a lei, a moral ou os bons costumes. Com relação à sua
possibilidade, este tem de ser possível do ponto de vista jurídico e físico (não é possível um contrato
de compra e venda de um planeta). Com relação à forma, essa tem de estar prevista ou não proibida
em lei.

Aula 9

Os vícios do ato jurídico podem ser de duas ordens: um vício de vontade, a doutrina diz aqui que a
vontade foi mal externalizada e um vício social, ou seja, aquele ato jurídico foi celebrado com o
intuito de prejudicar outras pessoas.

Anulabilidade: a norma que, tendo entrado em vigor, produz e continua produzindo efeitos, até o
momento em que, em certo prazo for pedida e obtida a anulação. O CC de 2002 dos artigos 138 a
165, dispõe sobre os defeitos ou vícios dos negócios jurídicos, os quais são comprometedores da
validade dos atos (vícios da vontade e social). São os seguintes os vícios: erro (que é uma
representação da realidade equivocada do sujeito), ignorância (desconhecimento da realidade), dolo
(desacordo entre as parte que compõem a relação jurídica é provocado pela intenção maliciosa de
uma delas), coação (ameaça), estado de perigo (condição de vulnerabilidade de uma das partes),
lesão (dano causado a uma delas como consequência do negócio jurídico) e fraude contra credores
(diluição do patrimônio em prejuízo dos credores).

Nulidade absoluta: todos os efeitos da norma são nulos desde a origem (ex tunc).

Nulidade relativa: a norma produz efeitos desde a sua promulgação. Tendo isso em vista, quando
sobrevier o pedido de anulação, a anulação terá efeito revogador ex nunc, isto é, a partir do
momento em que ela ocorre, ressalvados os efeitos até então produzidos.

—> Fontes do Direito

Legislação: conjunto de leis sancionado (posto) por uma autoridade pública. É ela que funda o
Direito.

Todos os atos sancionadores são produtores de normas jurídicas.

Constituição - dá origem ao Estado e expressa o seu modo de ser. Nesse sentido, ela reflete a
organização dos seus elementos essenciais: a organização do Estado e os seus direitos fundamentais.
Mais detalhadamente, reflete um sistema de normas jurídicas que regula a forma do Estado, a
forma do seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o estabelecimento dos seus órgãos,
os limites da sua ação, os direitos fundamentais do homem e as suas garantias. Em resumo, a
Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.
Aula 10

Constituição no sentido normativo se refere à conceituação de Kelsen. A Constituição é a lei


fundamental que constitui o Estado. De acordo com Kelsen, o Estado se forma a partir da
Constituição. No pico da pirâmide, como observador interno, se encontra a Constituição. É ela que
confere unidade ao ordenamento jurídico.

Conceito de leis —> Lei é todo ato de Legislação realizado pelo poder competente, sendo
obedecidos os requisitos do ordenamento jurídico (Tércio Sampaio Ferraz Jr.).

Quem é o poder competente para elaborar a Constituição? Poder Constituinte Originário


(Assembleia Constituinte).

Quando a Constituição é completamente elaborada, a Assembleia Constituinte se dissolve e o


Estado, então, está formado. O Estado possui formas de organização, as mesmas se dão em base em
Poderes (E, L, J/ Art. 1º, parágrafo único, CF).

O Poder Legislativo que é sinônimo do Congresso Nacional, vai ser responsável pela elaboração da
Legislação. O Brasil tem uma lista de leis que estão lá na Constituição, chamados atos normativos.
Esses atos normativos estão presentes no art. 59 da CF. Lá tem a Emenda Constitucional, lei
complementar, lei ordinária, ou seja, um conjunto de leis que forma a legislação infraconstitucional
básica do Estado brasileiro. Nós estamos hoje então, dando um conceito de lei. Essa lei foi elaborada
por um poder constituído que se chama Poder Constituinte Derivado.

Quando estamos falando em leis, leis produzidas com uma função típica do Congresso Nacional,
está se falando em leis como normas gerais.

O Poder Executivo tem uma função atípica de legislar, ele produz norma. Ele produz leis mas essas
leis não são abstratas e gerais, são leis individualizadas, que em termos de conteúdo visa a sua
aplicação para um grupo determinado para alcançar atos administrativos determinados com uma
finalidade determinada específica. Então, trata-se aqui de normas específicas.

As normas abstratas gerais são chamadas pela doutrina de normas de primeira ordem, ou seja,
normas primárias.

As normas produzidas pelo Poder Executivo, por serem específicas, dependem para a sua criação
das normas primárias. Essas normas específicas são chamadas pela doutrina de normas
secundárias. A sua validade é dependente de uma norma primária anterior.

Quando Tércio está falando em leis, está falando de normas gerais, abstratas, de normas primárias.
Essas normas primárias podem ser compreendidas em dois sentidos: sentido formal e sentido
material. Formal aqui significa a norma que ganha corpo sob a forma de uma folha de papel;
podemos pensar em forma como procedimento que deu origem àquela folha de papel e também
podemos pensar como as circunstâncias que deram possibilidade para que aquela folha de papel
existisse objetivamente no mundo jurídico. Quando a gente fala em matéria, estamos falando em
conteúdo da lei que ganha uma forma. A forma e a matéria são elementos subsidiários necessários
para que possamos falar em lei.

Lei no sentido formal, aqui a lei é expressão que designa um modo de produção da norma e
também a roupagem que o conteúdo de uma lei toma no ordenamento jurídico.

Lei no sentido material ou simplesmente lei material designa seu conteúdo.


Art. 84, IV, CF.

Os decretos necessitam de uma lei anterior para que tenham validade e produzam eficácia. Estamos
diante dos denominados decretos regulamentares, são aqueles que detalham, que especificam uma
lei, uma norma primária anterior. Esse é o sentido de regulamentação. Exemplo: uma lei cria um
tributo mas não basta criar um tributo, necessita haver uma norma secundária que vai dizer a forma
como esse tributo vai ser cobrado, a autoridade que vai cobrar o tributo, a agência que vai recolher
o tributo, o prazo que esse tributo deverá ser recolhido; todos esses detalhes aqui faz parte de um
conteúdo de um decreto regulamentar que visa especificar uma norma geral anterior.

A primeira parte do inciso diz que o Presidente da República poderá sancionar, publicar e fazer
promulgar as leis. Então dentro do processo legislativo atinente ao Congresso Nacional, o Poder
Executivo participa do mesmo. Na parte final do inciso, faz referência aos chamados decretos
regulamentares que é uma função atípica legislativa do Poder Executivo. Por que atípica? Porque a
função típica do Poder Executivo é administrar.

No sistema brasileiro podemos ter os decretos autônomos? Os decretos autônomos foram os que
houveram na época da ditadura militar. Ou seja, o Poder Executivo legislava como um legislador no
Congresso Nacional. Ele elaborava normas gerais. O decreto-lei não é uma norma secundária, é
uma norma primária. Ele independe de uma norma geral anterior, ele cria direito.

Portarias são atos administrativos, ministeriais que estabelecem normas, em princípio, de eficácia
individual e apenas para os órgãos da administração. São, portanto, normas secundárias. O Poder
Executivo tem uma organização senão não consegue agir. A estrutura dele se inicia com o Estado, o
Estado então se organizando por meio dos seus Ministérios. Esses Ministérios podem editar
portarias.

Códigos são conjuntos de normas estabelecidas por lei. O que os caracteriza é a regulação unitária
de um ramo do Direito (Direito Civil, Direito Comercial, Direito Penal), estabelecendo para ele
uma disciplina fundamental estruturada com base em critérios específicos e tópicos.

Para falarmos num Código, uma lei tem que ter dado criação ao mesmo. O que caracteriza o
Código é que ele faz uma regulação unitária de um ramo do Direito.

Consolidações: é uma espécie de compilação de leis pré-existentes. Consolidação não cria direito
novo. Na consolidação não existe uma preocupação sistemática. Uma Consolidação não é uma
inovação legal como o é um Código, mas sim uma confirmação unitária de matéria legal pré-
existente. Exemplo: consolidação das leis do trabalho, CLT.

Aula 11

Quando falamos em tratados internacionais, estamos falando em acordos que são formados entre
Estados partes. Então quando a gente pressupõe um acordo internacional, nós pressupomos que
esses Estados estão numa relação jurídica horizontal, de igualdade, seguindo um princípio de
igualdade. Os Estados no âmbito internacional estão no mesmo patamar de igualdade jurídica.

Os tratados são fontes cujo centro irradiador é o acordo entre as vontades soberanas do Estado. Esse
termo designa genericamente um acordo internacional. Esse acordo de vontades pode ser bilateral
ou multilateral. Exemplo: Tratado de Assunção (multilateral), Tratados de Paz e Amizade (bilateral).
A Convenção de Viena de 1969 traz uma definição acabada para tratados internacionais.
“Acordo internacional concluído entre Estados em forma escrita e regulado pelo Direito
Internacional consubstanciado em um único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos,
qualquer que seja a sua designação específica.” Esse acordo pode ser um tratado ou uma convenção
internacional. Tanto um quanto o outro tem que seguir uma forma específica, a forma é sempre
escrita. Os tratados internacionais têm um cunho político.

Tércio - O termo costuma ser empregado para designar atos multilaterais, oriundos de conferências
internacionais no âmbito de organismos internacionais, que versem sobre assuntos de interesse
geral.

As convenções internacionais por serem acordos multilaterais, elas estão envolvidas pela
própria definição de tratados internacionais. Na segunda parte onde se fala sobre interesse geral e
não define de forma específica que interesse é esse como objeto da convenção internacional, então
aquele interesse geral também pode ser político e o interesse político é objeto do tratado
internacional. Não existe realmente uma distinção entre tratados e convenções internacionais por
definição. Existe um intercâmbio de terminologia que vai ser acordado no momento de elaboração
do tratado ou convenção internacional.

A princípio, em termos de relação jurídica de partes envolvidas, o tratado envolveria a convenção


internacional.

Costume baseia-se na crença e na tradição, sob a qual está o argumento de que algo deve ser feito,
e deve sê-lo porque sempre o foi. A autoridade do costume repousa, pois, nessa força conferida ao
tempo e ao uso contínuo como reveladores de normas, as normas costumeiras ou consuetudinárias.

A definição da estrutura do costume comporta dois elementos: elemento substancial e um elemento


relacional. O elemento substancial é o uso reteirado no tempo de uma crença, de uma tradição ou
de uma prática social. O elemento relacional nos diz sobre a institucionalização social do costume.
Ou seja, como ele vem sendo no decurso do tempo praticado, manifestado na sociedade em que ele
se insere. Essa institucionalização social se expressa por meio da convicção por parte daquela
comunidade de que aquela norma costumeira é obrigatória. O elemento substancial unido ao
elemento relacional se denomina opinio necessitatis.

Quando começa a viger a norma costumeira? Antigo CPC, art. 337. Como não existe a
etapa da promulgação da norma costumeira, aquele que alega um costume ou uma norma
costumeira tem de provar como fonte daquele direito. Na medida em que a norma
costumeira é provada então está vigendo, tem validade no tempo.

Existem três formas de norma costumeira ou costume: costume negativo (contra legem),
costume praeter legem (aquele que está identificado no art. 4º, LINDB; aquele costume que
vem para preencher uma lacuna dentro do Direito) e costume secundum legem.

Costume praeter legem: existem costumes que disciplinam matérias que a lei não conhece.
Em outras palavras, não são abrangidos pela lei, seja porque a lei é omissa ou não existe a
respeito, mas que completam o sistema na falta de um dispositivo contrário. Destes dizemos
que são praeter legem.
Aula 12

Costume secundum legem é o costume de acordo com a lei. A diferença entre o costume
praeter legem e o costume secundum legem é que no caso do primeiro, a lei não prevê
expressamente o costume, ela é vazia, tem uma lacuna. Ou a lei tem uma lacuna, ou seja,
não tem uma previsão normativa para atender uma determinada disciplina ou não existe a
lei. Então, o intérprete aplicador do direito vai ter que recorrer ao costume para além da lei
mas, obviamente, esse costume que vai vir para preencher a lacuna legal não pode ser
contra a lei. Ex.: Marco Civil da Internet.

Art. 445, CC

Costumes secundum legem são aqueles que decorrem de imposição legal, havendo,
portanto, uma coincidência entre a lei e as práticas sociais.

Jurisprudência trata-se do conjunto de decisões uniformes, consolidadas dos tribunais.

Qual é o valor da jurisprudência como fonte do Direito? Aí temos que diferenciar dois
sistemas jurídicos, o chamado sistema romano-germânico e o sistema anglo-saxão.

Para o sistema anglo-saxão, o valor da jurisprudência é historicamente muito forte. De que


forma essa jurisprudência se manifesta? Com base na força dos precedentes judiciais. Então,
os precedentes judiciais vinculam as decisões judiciais. Os precedentes judiciais que foram
proferidos, por exemplo em 1990, num caso semelhante seguinte de 2018, vão vincular o
juiz monocrático seguinte no tempo. Ele se vê obrigado a aplicar o precedente anterior de
1990 porque os casos são semelhantes.

No sistema romano-germânico, a jurisprudência nessa forma que foi tomada pelo sistema
anglo-saxão de precedente vinculativo, não tem uma importância tão grande no mesmo. O
juiz tem uma independência para julgar de acordo com a sua consciência no caso concreto,
é o chamado Princípio da Magistratura Judicial, que fundamenta essa não-vinculação a
precedentes judiciais no sistema romano-germânico. No sistema romano-germânico, a
doutrina também não reconhece a jurisprudência como uma fonte apropriada do Direito
por três razões. O juiz que está proferindo a decisão, ele não se vincula a tribunais
superiores; o juiz singular que profere uma decisão não está obrigado a acompanhar
decisões de outros tribunais, do ponto de vista horizontal, ou seja, mesmo nível; o juiz não
está obrigado a seguir decisões próprias anteriores. A doutrina diz que no sistema romano-
germânico, o que rege classicamente é o princípio da independência judicial.

O sistema romanístico, em oposição ao sistema anglo-saxão, caracteriza-se por:


• Não-vinculação do juízes inferiores aos tribunais superiores em termos de decisões;
• Cada juiz não se vincula às decisões dos demais juízes de mesma hierarquia;
• O juiz e o tribunal não se vinculam sequer às próprias decisões, podendo mudar de
orientação mesmo diante de casos semelhantes.

Qual seria o papel da jurisprudência no sistema romanístico? Não é de vincular mas sim de
orientar a decisão do juiz, no ponto de vista hierárquico e no ponto de vista do tempo.
O Brasil sofreu uma evolução no tempo, ele foi se tornando menos romano-germânico e
cada vez mais anglo-saxônico. Por quê? Porque até a Emenda Constitucional nº 45 de 2004,
essa emenda é responsável pela reforma judiciária, então ela é uma emenda que aparece em
todos os artigos referentes ao Poder Judiciário que transformou grande parte da Legislação
Constitucional sobre a estruturação do Poder Judiciário e as suas competências. O que
sucedeu até a emenda constitucional de 2004 foi que havia jurisprudência. E com base
naquela jurisprudência reunida havia a súmula, que seria como se fosse o resultado final
daquela jurisprudência que foi colhida mesma jurisprudência no decurso do tempo. Essas
súmulas, até 2004 não são vinculantes, elas servem como orientação. Em 2004 foi
acrescentado o artigo 103, 1-A da CF, que vai regular as súmulas vinculantes. A partir da
emenda constitucional de 2004, nós passamos a acompanhar de forma mais categórica o
sistema anglo-saxônico. Os precedentes judiciais, a jurisprudência judicial se tornou
vinculante.

Transformações: o tribunal inferior acompanha o tribunal superior; o juiz monocrático


acompanha a decisão do juiz de mesma hierarquia; continua subexistindo a independência
de modificar a sua própria decisão.

Aula 13

A doutrina serve como base de orientação para a interpretação do Direito e é responsável


pelo aparecimento de standards (padrões) jurídicos, fórmulas interpretativas que resultam de
valorações capazes de conferir certa uniformidade a conceitos vagos e ambíguos, como vida,
morte e etc.

Tércio vai dizer que a doutrina não é exatamente uma fonte do Direito. O costume e a
jurisprudência realmente são fontes do Direito porém, doutrina, analogias, princípios gerais
não são exatamente fontes do Direito. A doutrina serve de orientação para interpretações e
para estabelecer padrões com os quais possamos entender e possamos aplicar o Direito com
uma certa segurança.

Analogia é o raciocínio jurídico pelo qual se estende uma norma a situações semelhantes
para as quais, em princípio, não existia qualquer norma estabelecida. Ela é sempre aplicada
em casos de lacunas jurídicas, portanto, é um caso de fonte praeter legem. Não existe um
dispositivo legal que trate da matéria sobre a qual o juiz está interpretando e aplicando o
direito então ele vai olhar para casos semelhantes que já foram decididos. É um caso de
lacuna real, lacuna lege lata. Como na visão de Kelsen o direito se auto-completa, ele tem
que dar conta de si mesmo inclusive dos seus próprios vazios e sendo assim, não existe
lacuna jurídica.

Princípios gerais do Direito são enunciações normativas de valor genérico. São premissas de
raciocínio que na forma indefinida, servem para informar e orientar o sistema
independentemente de estarem positivadas em norma legal. Exemplos: falar e não provar é
o mesmo que não falar, ninguém deve ser punido pelos seus pensamentos, ninguém é
obrigado ao impossível. Esses enunciados podem até um deles estar sob a forma de
princípio normativo em uma lei, em um código mas não necessariamente. Eles servem como
uma estrutura informativa para guiar a interpretação e aplicação do direito. Os princípios
gerais do direito são metanormativos, ou seja, estão acima da norma. A sua informação
serve orientar a interpretação e aplicação das normas.

Aqueles princípios que se encontram no artigo 5º, caput da CF são gerais porque eles
servem de base, de orientação para interpretar aqueles incisos que se encontram no artigo
citado.

Para o Tércio, princípios gerais do direito não necessariamente são fontes do Direito.

Equidade significa a aplicação da justiça ao caso concreto. Podemos daí deduzir que a
equidade permite um ajuste da norma à especificidade da situação a fim de que a solução
seja justa. Ela leva em conta a moral vigente, o regime estatal, princípios gerais do direito,
etc e responde pela estrutra de concretização do direito. A equidade como conceito nasce
com os sofistas. Isso significa justamente que a equidade era a procura pelo aplicador de
direito.

A palavra fonte cabe, diante de tudo isso, às fontes legislativas, assim como a norma
costumeira e a norma jurisprudencial, mas não há doutrina, analogia, princípios gerais do
direito e equidade que, na visão de Tércio Sampaio Ferraz Jr., são processos de
concretização de normas gerais. Para ele só é fonte quando a fonte é legislativa. Exemplo:
códigos, convenções internacionais, costume social, jurisprudência.

Jurisprudência cria direito? Sim. Costume cria direito? Sim.

Interpretação

Interpretação cria direito, de uma forma atípica. Quando a gente pensa no ato de
interpretar, a gente pensa naquele ato em que eu, como operador do direito, olho para uma
norma e vejo o que vou descobrir nela. Esse é um trabalho de descoberta e ao mesmo
tempo de revelação da norma. Interpretar, portanto, significa descobrir o sentido e o alcance
da norma.

Quando nós estamos falando sobre o sentido, o sentido nos diz algo a respeito dos valores
que fundamentam a norma jurídica. Quando nós estamos falando em sentido, também
estamos falando sobre a origem histórica daquela norma. Estamos pensando nos valores
axiológicos, na origem histórica, na origem social, na origem constitucional daquela norma.

Quando estamos falando no alcance da norma, queremos saber para quê ela foi feita, qual o
objetivo dela, qual o campo de abrangência dela. Então como Tércio diz, o campo de
incidência da norma alcança fatos sociais, fatos políticos, fatos econômicos.

Buscar o sentido é buscar essa procedência, seja ela procedência valorativa, social,
econômica, institucional ou histórica. Falar em alcance significa dar uma abrangência, um
campo de incidência da norma. Quando o operador de direito está diante da norma, ele
está tentando interpretar nesses dois sentidos: sentido e alcance. Ao buscar o sentido e o
alcance da norma, o juiz está descobrindo aquela linguagem normativa. Se ele está
descobrindo e revelando então está criando direito.
—> Quanto ao resultado:

• Interpretação declarativa (1)


• Interpretação restritiva (2)
• Interpretação extensiva (3)

(1) O intérprete chega à conclusão aqui de que o legislador usou bem as palavras, que as
palavras expressam, com medida exata, o espírito da lei. Trata-se, portanto, de uma
interpretação que se baseia na leitura óbvia do texto. Não existem ambiguidades, não
existe vagueza, não existem distorções. E por que elas não existem? Porque o legislador
fez bem a sua tarefa que é redigir de forma clara, de forma transparente, não usou de
detalhismos, não usou de floreios, não tornou a norma formal. O espírito da lei significa
mens legis, seria o núcleo da lei, o que ela quer de fato nos transmitir. Aqui o espírito da
lei, o juiz então vai revelar qual é o significado da lei. Lê-se a lei e entende-se, não
precisa recorrer a outros tipos de interpretação.

Aula 14

(2) O legislador, ao redigir o ato normativo, diz mais do que queria dizer. O intérprete,
então, vai eliminar a amplitude das palavras. Por que ele vai eliminar? Porque ele vai
identificar que o legislador disse mais do que deveria dentro daquele diploma normativo.
Exemplo clássico em que o legislador ao elaborar uma lei sobre direito de família, direito
civil, ele disse descendente mas em verdade ele queria dizer filho. Porque descendente tem
uma amplitude muito maior que abarca não só o filho mas como também o filho do filho e
toda a linha de filiação que tem uma pessoa. Outro exemplo disso é se o intérprete diante de
normas punitivas, de direito penal e de direito tributário, se ele poderia ampliar o catálogo
de crimes que são arrolados no código penal e ampliar o catálogo de tributos que são
arrolados no código tributário nacional. O intérprete pode fazer isso? Não. Então esse é um
caso em que o intérprete ao se deparar com uma previsão normativa de direito penal e uma
previsão normativa de direito tributário ele terá que fazer um tipo de interpretação mais
restritiva e não ampliativa no rol de crimes que são arrolados no código penal e também dos
tributos arrolados no código tributário nacional. Ele não pode pretender com a
interpretação dizer dar um significado mais amplo que o significado que foi dado pelo
legislador.

(3) É a hipótese contrária à anterior. O legislador disse menos do que queria afirmar.
Ocorrendo tal hipótese, o intérprete alargará o campo de incidência da norma em relação
aos seus termos. O intérprete pode ampliar por meio da interpretação o catálogo de direitos
fundamentais que vem arrolado na Constituição brasileira? Segundo a professora sim,
segundo a doutrina não necessariamente. Exemplo de Tércio que diz que a interpretação
visa atualizar o significado da norma. Isso não significa que ela vem ampliar, criar a norma.
É uma questão de segurança jurídica. O direito tem as suas próprias respostas, ou seja, não
existem lacunas suficientes dentro do ordenamento jurídico para que o intérprete crie por
meio de interpretação uma norma nova. Temos então dois posicionamentos. Um
posicionamento positivista do tipo kelseniano que diz que a interpretação não cria norma.
—> Quanto à fonte:

Interpretação autêntica, originária ou legislativa: é a que emana do próprio órgão


competente para a edição do ato interpretado. O Poder Legislativo elabora uma norma e
posteriormente se percebe por meio da sua aplicação social de que o sentido e o alcance
daquela norma não está bem aplicada ou que não está tendo nenhum tipo de eficácia social,
ele, então, precisa elaborar um outro ato posterior que é um ato interpretativo do ato
anterior. O ato interpretativo posterior é uma lei interpretativa de uma lei precedente e
como Tércio diz, isso vale para o Legislativo e vale para o Poder Executivo. O Poder
Executivo admitamos que ele fez um decreto regulamentar ou ele ditou uma medida
provisória que se transformou em lei ordinária posterior e percebe no decurso da eficácia
que ele precisa editar um novo decreto regulamentar ou uma nova medida provisória
interpretativa do ato anterior. Qual é o valor da lei interpretativa? Ela pretende esclarecer o
sentido e ou o alcance de um ato que foi elaborado seja pelo Legislativo seja pelo Executivo
e esse ato é um ato anterior. A interpretação que é realizada pelo juiz posteriormente vai se
basear na lei interpretativa que foi editada pelo Poder Legislativo e ou pelo Poder Executivo.
O juiz então, vai dar uma interpretação a uma lei interpretativa. O juiz ao procurar o
sentido e o alcance de uma lei interpretativa, até que ponto pode por meio do seu ato de
interpretação atualizar uma lei interpretativa anterior? Toda interpretação cria direito. Não
pode criar direito novo por meio da sua interpretação porque já houve interpretação do
poder competente. Ele está limitado ao conteúdo de interpretação que o Poder Executivo,
que o Poder Legislativo deu à lei por meio de um ato interpretativo.

A interpretação doutrinária se localiza em obras científicas, quase sempre em tratados


especializados, em pareceres e lições de mestres do Direito.

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