A ADOLESCÊNCIA DE UM PONTO DE VISTA JUNGUIANO / SACRIFÍCIO E ESCOLHA
(Adolescência e Escolha: um espaço ritual para escolha profissional através do sandplay e dos sonhos)
Na obra “Adolescência e Escolha: um espaço ritual para escolha profissional através do
sandplay e dos sonhos” da editora Casa do Psicólogo foi escrito por Patrícia Dias Gimenez em 2009, no qual os capítulos “A adolescência de um ponto de vista junguiano” e “Sacrifício e escolha” compõe a obra.
Os capítulos complementam a pesquisa sobre o universo da adolescência e a escolha
profissional. A autora apresenta o universo da adolescência pelo prisma junguiano, ressaltando as mudanças corporais e transformações na identidade pelo meio social, além de valorizar os ritos iniciatórios para transição do adolescente ao mundo adulto, reforçando a importância do sacrifício como símbolo redentor para uma escolha autentica.
O capítulo da Adolescência de um ponto de vista junguiano é dividido em duas sessões:
Kiepenheuer e seus olhar sobre a adolescência, em que explica a importância dos ritos iniciatórios e construção de espaços protegido para os ritos, além de contextualizar as transformações sociais, corporais e familiares do adolescente; Erich Neumann e o desenvolvimento da consciência, descreve a dinâmica do ego na consciência e a importância do herói no desenvolvimento do ego. Já o capítulo Sacrifício e escolha é estruturado em quatro sessões: a questão da religiosidade na teoria de jung, no qual contextualiza a importância do sacrifício para conexão com uma espiritualidade mais profunda; a polaridade morte, em que o sacrifício é compreendido como uma transformação simbólica derivada da experiência da perda; a questão da escolha segundo Frances Wickes, no qual é entendida a relevância da escolha como um recurso possuído pelo inconsciente; o conceito de luto e reparação e o conceito de sacrifício, integra a teoria de luto de Melanie Klein na ideia junguiana de sacrifício.
O capítulo três, aborda a adolescência no conceito junguiano, é um estudo sintetizado
sobre as crises de identidade, mudanças corporais e relações com o meio social e cultural que sintetizam tal fase. A autora, também, discute a dinâmica psíquica pelo prisma de Neumann, ao qual são elucidados as concepções de centroversão e automorfismo na construção da consciência e conduta do ego.
A autora apresenta no capítulo quatro a importância da ressignificação do sacrifício para
compreender a dinâmica da escolha, em especial, a decisão profissional. Ela esclarece o significado de sacrifício e a ampliação da definição de religião para Jung. Conteúdos que precisam ser dissociados da ideia cristã para assimilar a profundidade do processo de escolha, que concebe as ideias de Frances Wickes, pós-junguiano, que destaca a atuação do mundo arquetípico nos processos de escolha.
Os dois capítulos discutem de maneira eficiente a importância de construir um espaço
protegido para o período da adolescência, assim como, considerar a necessidade que essa fase tem de romper com os hábitos e costumes familiares. Vale ressaltar, que é exposto a falta de ritos que marcam a transição da infância à fase adulta. Nesse contexto, a autora interpreta a fase da adolescência como um respeitável momento de transição da infância ao mundo adulto, sendo de grande valia o adolescente aprender a simbolizar a ideia de morte e vida na relação inconsciente-consciência, em que vai sacrificar de maneira criativa uma velha forma, assim, abrir espaço à consciência perceber uma nova oportunidade na hora da escolha profissional. Dentro dessa relação, se estabeleceria o eixo ego-self. Patrícia Gimenez é psicóloga, mestre em psicologia social pela USP, além de analista junguiana pela Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA). Ela também é co-autora do livro Escolha Profissional em Questão.
Resenha organizada por Felipe Guerra, psicólogo, especialista em Orientação
Vocacional/Profissional pela Colmeia e Acadêmico do Curso de Pós-Graduação em Psicoterapia Junguiana da Universidade Paulista.