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NEOPLASIA (Robbins)
1. DEFINIÇÕES
3. BIOLOGIA DO CRESCIMENTO TUMORAL:
Neoplasia significa “novo crescimento”, que é NEOPLASMAS BENIGNOS E MALIGNOS.
chamado de neoplasma.
A diferença entre tumores malignos e benignos pode
Um tumor é uma massa anormal de tecido, cujo
ser feita com base na sua morfologia e no seu
crescimento é quase autonômico e excede os tecidos
comportamento (evolução clínica).
normais, sendo que o seu crescimento persiste mesmo
A história natural da maioria dos tumores malignos é
após a interrupção dos estímulos desencadeantes (que
dividida em:
deram origem à mudança). Essa persistência do tumor
1) Alteração maligna na célula-alvo (transformação);
resulta de alterações genéticas hereditárias, que
2) Crescimento das células transformadas;
permitem uma proliferação excessiva e não regulada que
3) Invasão local;
se torna autônoma (independente dos estímulos
4) Metástases à distância.
fisiológicos de crescimento), embora os tumores ainda
permaneçam dependentes do hospedeiro para sua 3.1. Diferenciação e anaplasia
nutrição e aporte sanguíneo. A diferenciação se refere à extensão com que as
Toda a população de células dentro de um tumor células neoplásicas lembram células normais, tanto
surge de uma célula isolada que sofreu alteração morfologicamente como funcionalmente; a falta de
genética, e a partir daí os tumores são considerados diferenciação é chamada de anaplasia. Tumores bem
clonais. diferenciados são formados por células que lembram as
Obs.: lembrar que o prof. disse que as células cancerosas não se dividem normais maduras do tecido de origem; já tumores pouco
mais rápido e sim mais vezes, devido à ausência dos fatores regulatórios.
diferenciados ou indiferenciados apresentam células não
2. NOMENCLATURA especializadas com aspecto primitivo. Em geral, tumores
Todos os tumores benignos e malignos apresentam 2 malignos são bem diferenciados e os malignos variam de
componentes básicos: bem diferenciados a indiferenciados (anaplásicos).
Células neoplásicas em proliferação que constituem seu A anaplasia é considerada um ponto fundamental da
parênquima. transformação maligna e é marcada pelas seguintes
Estroma de sustentação formado por tecido conjuntivo alterações morfológicas:
e vasos sanguíneos. Pleomorfismo nuclear e celular: variação de tamanho e
Tumores benignos: forma tanto das células como dos núcleos.
EM GERAL: célula de origem + sufixo oma. Ex.: Morfologia nuclear anormal:
condroma, osteoma, lipoma. − Hipercromasia: coloração muito escura (↑DNA) e
A nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é contém frequentemente nucléolos grandes.
mais complexa e tem por base suas células de origem e − ↑ Proporção núcleo/citoplasma: pode chegar a 1:1
em vez do normal 1:4 ou 1:6, refletindo aumento
arquitetura. Ex.:
nuclear.
Adenoma: neoplasma epitelial Benigni que forma
Mitoses abundantes (figuras de mitose): refletem ↑
padrões glandulares ou é derivado de glândulas. atividade proliferativa das células (princ. nos indiferenciados).
Cistoadenomas: lesões que formam grandes massas Presença de mitoses atípicas (c/ fusos tri ou multipolares).
císticas (vistas tipicamente no ovário). Perda da polaridade: orientação acentuadamente alterada,
Papilomas: neoplasmas epiteliais benignos que crescendo de maneira anárquica e desorganizada.
produzem projeções digitiformes ou verrucosas visíveis Células tumorais gigantes: com algumas possuindo núcleo
micro ou macroscopicamente. polimórfico único e enorme; e outras, dois ou mais núcleos. Ñ
Pólipo: neoplasma que se projeta de uma superfície confundir com células gigantes normais, que são derivadas de
mucosa para a luz (ex no intestino). Se for maligno, macrófagos e contêm vários núcleos pequenos normais. Nas
chama-se câncer polipóide. células cancerosas os núcleos são hipercromáticos e grandes.
Tumores malignos: Os tumores anaplásicos frequentemente tem estroma
São chamados de cânceres e estão divididos em: vascular escasso e também podem ter áreas centrais de
Sarcoma: originados no tecido mesenquimal, necrose isquêmica.
apresentam pouco estroma conjuntivo e são carnosos. Displasia significa crescimento não-neoplásico
Carcinomas: originados das células epiteliais. Podem ser desordenado e é encontrada principalmente no epitélio.
ainda mais qualificados, ex. Adenocarcinoma (padrão de Caracteriza-se por perda da uniformidade das células e
cresc. Glandular); carcinoma de células escamosas. Se o perda na sua orientação arquitetural, podendo exibir
tecido de origem é desconhecido, designa-se apenas também pleomorfismo e hipercromasia, mas sem
como tumor maligno pouco diferenciado ou alterações que os designem malignos. Contudo, quando
indiferenciado. as alterações displásicas são acentuadas e envolvem toda
Tumores mistos derivam de uma camada germinativa a espessura do epitélio, mas a lesão permanece confinada
que se diferencia em mais de um tipo de célula ao tecido normal, são consideradas um neoplasma pré-
parenquimatosa (ex. tumor misto originado de glândula invasivo (carcinoma in situ). Esta lesão é um precursor,
salivar – adenoma pleomórfico). em muitos casos, do carcinoma invasivo.
Elaborado por Suellen Yamano
5.1. Alterações para a transformação maligna – mediada pela p53 via produção de p21 - e o reparo; senão for
Alterações fundamentais na fisiologia celular que reparável, há indução da apoptose). O ponto de verificação
G2/M monitoriza o término da replicação do DNA e verifica se é
juntas determinam o fenótipo maligno:
seguro para a células iniciar a mitose e separar as cromátides
Auto-suficiência nos sinais de crescimento. Os
irmãs; envolve mecanismos tanto dependentes da p53 como
tumores apresentam capacidade de proliferação independentes.
celular sem estímulos externos, como conseqüência Obs.: a perda do controle normal do ciclo celular é fundamental
da ativação de oncogenes; para a transformação maligna e que pelo menos um dos quatro
Insensibilidade aos inibidores de crescimento. reguladores-chave do ciclo celular (p16INK4a, ciclina D, CDK4,
Evasão da apoptose (consequente à inativação da p53 RB) está desregulado na maioria dos tumores humanos.
ou outras alterações).
Defeito no reparo do DNA.
Potencial infinito de replicação (associada à
manutenção do comprimento e função do telômero).
Angiogênese mantida.
Capacidade de invadir e metastatizar.
5.2. O ciclo celular normal
Etapas normais da proliferação celular:
Ligação de um fator de crescimento ao receptor específico.
Ativação transitória do receptor com ativação de diversas
proteínas transdutores de sinal.
Transmissão do sinal até o núcleo com transcrição do DNA.
Avanço no ciclo celular.
A progressão ordenada das células através das fases do ciclo
celular é orquestrada pelas ciclinas e pelas quinanes ciclina-
dependentes (CDKs) e seus inibidores. As CDKs são expressas
constitutivamente e comandam o ciclo celular pela fosforilação
de proteínas-alvo; a ativação das CDKs é regulada pela ligação
das ciclinas que são sintetizadas seletivamente e degradadas
durante as fases do ciclo celular.
Ciclina D e fosforilação RB. O complexo ciclina D-CD4K
tem papel fundamental no ciclo celular devido à fosforilação da
proteína de suscetibilidade ao retinoblastoma (RB). A
fosforilação da RB é um controle p/ “ligar e desligar” o ciclo
celular e modula o ponto de restrição G1/S. No estado
hipofosforilado (desligado), o RB impede a replicação celular ao
se ligar ao fator de transcrição E2F e formar um complexo
inativo. Quando Rb é hiperfosforilado pelo complexo ciclina-
CDK4, o E2F é liberado, permitindo a transcrição do DNA e o
avanço para a fase S do ciclo celular.
Progressão do ciclo celular além do ponto de
restrição G1/S. A progressão através da fase S e o início da
replicação do DNA envolvem a formação do complexo ativo
ciclina E-CDK2. A E2F ativada aumenta a transcrição da ciclina E
e das polimerases necessárias para a replicação do DNA,
estimulando assim a síntese de DNA.
G2/M. O próximo ponto de decisão no ciclo celular é a
transição G2/M, que é iniciada pela transcrição da ciclina A,
mediada pela E2F, que forma o complexo ciclina A-CDK2 o qual
regula os eventos da prófase mitótica. Os complexos ciclina A-
CDK2 e ciclina B-CDK1 regulam eventos críticos na transição
G2/M, como ↓ estabilidade dos microtúbulos e separação dos
centrômeros, e condensação dos cromossomos.
Inibidores do ciclo celular. Inibidores de CDK regulam a
atividade dos complexos ciclina-CDK. As duas classes principais
desses inibidores são: as famílias de cip/Kip (incluem p21, p27 e
p57) e de INK4/ARF (p16INK4a e p14ARF). Estes inibidores
funcionam como genes supressores de tumor. A ativação
transcricional da p21 está sob controle de p53. O papel da p53
no ciclo celular é o acompanhamento, desencadeando os pontos
de verificação que levam a reduzir ou suspender a progressão do
ciclo de células lesadas ou causar apoptose.
Pontos de verificação do ciclo celular. São pontos de
controle internos. Existem dois principais: 1) na transição G1/S e
2) G2/M. O ponto de verificação G1/S avalia a presença de lesão
no DNA (se houver lesão e for reparável, ocorre parada do ciclo
Elaborado por Suellen Yamano
5.3. Auto-suficiência nos sinais do crescimento: As versões oncogênicas destes fatores de crescimento
oncogenes estão associadas com a dimerização constitucional e
A autonomia do crescimento tumoral ocorre quando ativação sem ligação com o fator de crescimento. Aí os
etapas normais da proliferação celular ocorrem na receptores mutantes liberam sinais mitogênicos contínuos
ausência de sinais de promoção do crescimento. para a célula. As mutações em vários tipos de tirosina
Os oncogenes promovem o crescimento celular quinase dos receptores de fator de crescimento levam à
autônomo em células cancerosas. Seus equivalentes sua ativação constitutiva sem ligação com seus ligantes.
Exemplos: mutações e rearranjos no gene RET ocorrem nas MEN2A e
celulares normais são os protooncogenes, que são
MEN2B e no carcinoma papilar da tireóide. A hiperexpressão
reguladores da proliferação celular e da diferenciação.
Os oncogenes se caracterizam pela capacidade de geralmente envolve membros da família de receptores ao
promover crescimento celular na ausência de sinais fator de crescimento epidérmico (exemplo: c-erb B1 é
hiperexpressado na maioria dos carcinomas de células escamosas do
mitogênicos normais. pulmão; c-erb B1 é superexpesso em cânceres de mama, ovário...)
Seus produtos são as oncoproteínas, que lembram Proteínas transdutoras de sinal. Oncoproteínas
produtos normais dos protooncogenes, mas destituídas simulam a função das proteínas citoplasmáticas normais
de elementos reguladores levando a alterações em uma que realizam transdução de sinal. São heterogêneas. Ex.:
das fases do ciclo celular normal. Sua produção nas proteínas RAS.
células transformadas é constitucional, ou seja, não Oncogenes RAS. O ponto de mutação da família de
depende de fatores de crescimento ou outros estímulos genes RAS é a anormalidade isolada mais comum dos
externos. oncogenes dominantes nos tumores humanos.
Protooncogenes, oncogenes e oncoproteínas Corresponde a:
Os oncogenes foram descobertos como “passageiros” − 15% a 20% de todos os tumores humano têm
dentro do genoma do retrovírus de transformação aguda. proteínas RAS mutantes.
− 90% dos adenocarcinomas pancreáticos e
Estes retrovírus causam indução de tumores em animais e
colangiocarcinomas;
seus genomas apresentam sequências de transformação − 50% dos cânceres de colon, endométrio e tireóide;
única (oncogenes virais/v-oncs), quase idênticas às − 30% dos adenocarcinomas de pulmão e leucemias
sequências encontradas no DNA celular normal. Por isso, mielóides.
acredita-se que, durante a evolução, os oncogenes
celulares foram transduzidos (capturados) pelo vírus por
uma recombinação casual com o DNA da célula
hospedeira. Exemplos de oncogenes: v-oncs – V-FEL –
sarcoma felino e v-oncs – V-SIS – sarcoma de símios.
Os protooncogenes podem ser convertidos em
oncogenes por: a) transdução em retrovírus (oncogenes
virais [v-onc]); b) mudanças in situ que afetam a
expressão e/ou função do protooncogene, convertendo-o
num oncogene celular (c-onc).
Os protooncogenes podem ser convertidos em
oncogenes por um dos três mecanismos:
1) Pontos de mutação;
− Ex. Protooncogene RET → carcinoma medular
familial de tireóide.
− Oncogene RAS.
2) Rearranjo cromossômico; Modelo de ação dos genes RAS: quando uma célula
− Oncogenes myc e abl normal é estimulada pelo fator de crescimento ou por outras
◦ Linfoma de Burkitt – cromossomas 8 e 14 interações receptor-ligante, o RAS inativo (ligado ao GDP) é
ativado (se liga ao GTP) que recruta RAF e estimula a via da MAP
◦ Leucemia mielóide crônica – cromossomas 9 e 22 quinase para transmitir os sinais promotores ao núcleo (ativação
3) Amplificação do gene. de fatores de transcrição) e assim promover a mitogênese. Nas
− Oncogene N-myc e C-erB2 células normais, o estágio ativado com transmissão de sinal da
◦ Neuroblastomas – N-Myc proteína RAS é transitório porque sua atividade GTPase
◦ Cânceres de mama – C-erb2 intrínseca hidrolisa GTP em GDP, inativando o RAS novamente. A
conversão de RAS ativo em inativo é aumentada por uma família
Fatores de crescimento. Alguns protooncogenes de proteínas ativadoras de GTPAse (GAPs), ou seja, as GAPs
codificam fatores do crescimento, como o fator de impedem a atividade descontrolada da RAS. As proteínas RAS
crescimento derivados das plaquetas (PDGF) – pelo mutantes ligam GAPs, mais ainda não possuem atividade de
protooncogene SIS. Além disso, alguns tumores GTPase, ficando permanentemente ativadas (estímulo contínuo
expressam também receptores para PDGF e são, das células sem qualquer disparo externo) e causando ativação
portanto, responsivos ao estímulo autócrino. patológica da via de sinalização mitogênica.
Além de seu papel na transdução dos sinais do fator de
Produtos de outros oncogenes, como o RAS, causam
crescimento, o RAS também está envolvido na regulação do ciclo
expressão excessivo de genes do fator de crescimento. celular, através da regulação indireta dos níveis de ciclina (regula
Receptores do fator de crescimento. Diversos a passagem G1/S junto com as CDKs).
oncogenes codificam receptores do fator do crescimento.
Elaborado por Suellen Yamano
Alterações nas tirosina quinases não-receptoras. Gene p53. Localizado no cromossomo 17p13.1. A
Ex.: gene c-ABL que na sua forma normal apresenta função do gene normal é impedir a propagação de células
atividade tirosina quinase; enquanto que na leucemia geneticamente lesadas. As principais atividades funcionais
mielóide crônica, a translocação (do cromossomo 9 p/ o 22) do da proteína p53 são a parada do ciclo celular e o início da
gene c-ABL e a fusão com BCR produzem uma proteína apoptose em resposta à lesão do DNA. Quando o DNA é
híbrida com atividade potente e não-regulada da tirosina lesionado, os níveis de p53 aumentam rapidamente. Ao
quinase. Tirosina quinases atuam na via de transdução de mesmo tempo, quinases também são ativadas e
sinal que regula o ciclo celular. Com exceção de c-ABL, fosforilam a p53, que se liga ao DNA e se torna um fator
raramente estão ativadas nos tumores. de transcrição ativo, estimulando a transcrição de
Fatores de transcrição. Os produtos dos oncogenes diversos genes que medeiam a parada do ciclo e a
MYC, MYB, FOS e JUN são proteínas nucleares. Muitas apoptose. A parada do ciclo ocorre no final da fase G1 e é
dessas proteínas se ligam ao DNA em sítios específicos, causada pela transcrição (dependente de p53) do inibidor
afetando genes que codificam os fatores de transcrição p21 de CDK. Se durante a pausa no ciclo celular, a lesão
nuclear, e estão associadas com a transformação maligna. do DNA é reparada (indução transcrição de GADD45), a célula
O oncogene MYC. Seu protooncogene é expresso de pode prosseguir para a fase S (após ativação de MDM2 pela
forma regulada durante a proliferação celular normal. p53); mas, se a lesão não pode ser reparada, a p53 induz
Suas versões oncogênicas estão associadas à apoptose ao aumentar a transcrição do gene pró-
hiperexpressão. A desregulação da expressão do MYC apoptótico BAX (se liga e antagoniza a BCL-2 – inibidora da apoptose).
resultante de translocação do gene ocorre no linfoma de O gene p53 é o alvo isolado mais comum para
Burkitt (tumor de cels B). Está amplificado em alguns casos alterações genéticas no câncer humano. Está mutado em
de câncer de mama, pulmão e outros. N-MYC e L-MYC → 50% de todos os cânceres humanos, 70% dos cânceres de
amplificados no neuroblastoma. cólon, 30% a 50% dos cânceres de mama, 50% dos
Ciclinas e quinases ciclina-dependentes. Ciclinas e cânceres de pulmão. Aqueles que herdam uma cópia
CDKs atuam no controle do ciclo celular, logo a mutante do gene p53 (p.ex. síndrome de Li-Fraumeni)
desregulação destas proteínas pode favorecer a têm maior risco de desenvolver um tumor maligno por
proliferação celular. Ex.: hiperexpressão de ciclina D e inativação do segundo alelo normal nas células somáticas.
CDK4 são comuns em diversos tumores, com perda do Os pacientes com a síndrome desenvolvem muitos tipos
ponto de verificação na transição G1/S. diferentes de tumores (sarcoma, Ca de mama, TU cerebral...). No
caso de perda homozigota de p53, o dano ao DNA
5.4. Insensibilidade aos sinais inibidores do permanece não reparado e as células que portam genes
crescimento: genes supressores do tumor mutantes continuam a se dividir e eventualmente dão
A falta de inibição de crescimento é uma das origem ao câncer.
alterações fundamentais no processo de carcinogênese. Similarmente ao gene RB, o p53 também pode ser
As proteínas que freiam a proliferação celular são os inativado por produtos de vírus de DNA oncogênicos.
produtos dos genes supressores de tumor, os quais foram
descobertos no estudo de retinoblastoma.
O gene RB é o protótipo de gene supressor de tumor.
Ele é relevante para a patogenia do tumor infantil
retinoblastoma. Cerca de 40% dos retinoblastomas são
familiares e 60% são esporádicos. Para explicar a
ocorrência de ambos, foi proposta a hipótese da
oncogênese em “duas etapas”, a qual sugere que:
a) Nos casos hereditários, uma cópia defeituosa do gene RB
(“primeira etapa - uma alteração genética”) é herdada de
um dos pais afetados e consequentemente está em todas
as células somáticas do corpo; enquanto que a segunda
mutação (“segunda etapa”) ocorre em uma das muitas
células da retina (que já são portadoras da 1ª mutação).
b) Em casos esporádicos, no entanto, ambos os alelos RB
normais são perdidos por mutações que ocorrem
somaticamente dentro de um único retinoblastoma, cuja
progênie então forma o tumor.
OBS.: ambos os alelos do lócus Rb devem ser inativados (duas
etapas) para o desenvolvimento do retinoblastoma, ou seja,
deve haver uma perda da heterozigosidade (LOH) para que o
câncer se desenvolva.
Genes supressores do tumor
Gene RB. Localizado no cromossoma 13q14. O
produto do gene RB regula o avanço das células de G1
para a fase S no ciclo celular. Logo, quando ocorrem
mutações RB, as células continuam a ciclar na ausência de
um estímulo para crescimento.
Elaborado por Suellen Yamano
Via da APC/β β-Catenina. APC e β-catenina são receptores mutantes de TGF-β previnem os efeitos de
componentes da via WNT de sinalização, que tem papel restrição do crescimento do TGF-β. Além disso, os
importante no controle do destino celular, na adesão e na mediadores da cascata de sinalização do TGF-β (SMAD2 e
polaridade celular durante o desenvolvimento SMAD4) também estão associados a tumores colorretais e
embrionário. A sinalização WNT é necessária para a auto- pancreáticos, quando mutados ou inativados.
renovação das células-tronco hematopoéticas. Essa Gene NF-1. Neurofibromina, o produto protéico do
sinalização estimula diversas vias, e a central envolve a β- gene NF-1, regula a transdução de sinal através da
catenina e a APC. Nas células em repouso (ñ expostas a proteína RAS (lembre que o RAS transmite sinais promotores de
WNT), a APC se liga e degrada a β-catenina, impedindo crescimento e vai e vem entre os estados de ligação do GDP –inativo– e
seu acúmulo no citoplasma. Quando as células são ligação do GTP-ativo). A perda homozigota de NF-1 prejudica
estimuladas por WNT, o complexo de destruição (APC+β- a conversão do RAS ativo em inativo e as células são
catenina) é desativado e aumentam os níveis continuamente estimuladas a se dividir. Os indivíduos que
citoplasmáticos de β-catenina (já que ela ñ está sendo herdam um alelo mutante do gene NF-1 desenvolvem
degradada), que por sua vez sofre translocação para o diversos neurofibromas benignos; quando o segundo
núcleo e promove a proliferação celular. Assim, quando gene é perdido ou mutado, alguns desses tumores
ocorre a mutação ou a ausência de APC, a célula se progridem para a malignidade.
comporta como se estivesse sob sinalização contínua do Gene NF-2. O produto desse gene é a merlina que se
WNT e há um excesso de β-catenina livre. A β-catenina se liga a proteínas de membrana envolvidas nas interações
transloca para o núcleo, forma um complexo com TCF e da matriz extracelular. Células que não apresentam
coativa os genes que promovem o ciclo celular (ela eleva a merlina não são capazes de estabelecer junções
transcrição de c-MYC, ciclina D1 e outros genes e assim hiper-regula a intercelulares estáveis e não são sensíveis aos sinais de
proliferação celular). parada do crescimento normal gerado pelo contato-
Indivíduos com alelos mutante do gene APC célula. Exemplos: Mutações da linha germinativa no gene NF-2
desenvolvem milhares de pólipos adenomatosos no cólon predispõem ao desenvolvimento de neurofibromatose do tipo 2;
(polipose adenomatosa do cólon - tumores hereditários), pacientes portadores da deficiência de NF-2 desenvolvem
schwanomas benignos bilaterais do nervo acústico.
dos quais um ou mais sofrem transformação maligna e
Gene de Von Hippel Lindau (VHL). Mutações da
dão origem ao câncer de cólon. As mutações do gene APC
linhagem germinativa desse gene estão associadas com
com perda homozigótica são encontradas em 70 a 80%
tumores renais hereditários, feocromocitomas,
dos carcinomas de cólon esporádicos. Obs.: tumores
hemangiomas do SNC e outros. Também foram
podem apresentar APC normal e β-catenina alterada.
observadas mutações nos tumores renais esporádicos. A
falta de atividade de VHL impede a ubiquitinação e a
degradação de HIF-1 e está associada com níveis ↑ de
fatores angiogênicos de crescimento.
PTEN. Deletado em vários tumores humanos, mas
com + freqüência nos carcinomas do endométrio e
glioblastomas. A atividade PTEN causa parada no ciclo
celular e apoptose, além de inibição da mobilidade
celular. Portanto, com a perda de PTEN as células são
liberadas para o ciclo celular.
WT-1. Localizado no cromossoma 11p13. Está associado
com o tumor de Wilms (câncer de rim pediátrico). A proteína
WT-1 é um ativador transcricional dos genes envolvidos na
diferenciação renal e gonadal.
Caderinas. Família de glicoproteínas que age como uma
Outros genes que funcionam como supressores de tumor cola entre as células epiteliais. A sua perda pode favorecer o
Locus INK4a/ARF. Foram encontradas mutações fenótipo maligno ao permitir fácil desagregação das células que
nesse lócus em cerca de 20% dos melanomas familiais. Em podem então invadir localmente ou metastatizar. Alterações
tumores esporádicos as mutações p16INK4a estão nessas proteínas estão presentes em vários tumores (esôfago,
presentes em até 50% dos adenocarcinomas pancreáticos cólon, mama...).
e carcinomas de células escamosas do esôfago. Os alelos KLF-6. Codifica um fator de transcrição que apresenta
modificados perderam a capacidade de bloquear a diversos genes-alvo, inclusive os receptores de TGF-β e a TGF-β.
atividade da ciclina D-CDK4 e de impedir a fosforilação RB A KLF-6 está modificada em 70% dos tumores primários de
durante o ciclo celular (permitindo assim a transcrição do DNA e o próstata. Foi proposto que a KLF-6 inibe a proliferação celular
avanço para a fase S do ciclo celular). aumentando a transcrição do inibidor do ciclo celular p21
Via do TGF-β β. Esta via hiper-regula os genes Cip/Kip, independente de p53. A mutação do gene elimina a
atividade bloqueadora do ciclo celular da p21.
inibidores do crescimento, incluindo inibidores de CDK, ao
Remendado (PTCH). É um gene supressor de tumor que
se ligar aos recepeptores em pacientes de TGF-β. O gene
codifica uma proteína de membrana celular (PATCHED) que
que codifica o receptor da TGF-β tipo II está inativados em funciona como receptor para a família de proteína Ouriço. As
70% ou + dos tumores de cólon com instabilidade em mutações nesse gene são responsáveis pela síndrome de Gorlin
microssatélite, e nos tumores gástricos que se (sínd. do carcinoma basocelular nervóide – é hereditária).
desenvolvem em pacientes portadores de HNPCC. Os Mutação presente em 20 a 50% dos casos esporádicos de
carcinoma basocelular.
Elaborado por Suellen Yamano
Síndrome do câncer sem polipose hereditário. Os RAD-51 reparam a ruptura do DNA por meio de um
pacientes nascem com uma cópia defeituosa de um dos mecanismo de recombinação sem erro.
vários genes de reparação do DNA envolvido na reparação
de recombinação (ex.MSH2 e MLH1) e atinge a “segunda
etapa” nas células epiteliais colônicas. Eles desenvolvem
carcinoma do ceco ou cólon proximal sem um estágio pré-
neoplásico de pólipo adenomatoso. A perda da função
normal de “verificador” das enzimas de reparação leva ao
acúmulo gradual de erros em múltiplos genes, incluindo
protooncogenes e genes supressores de tumor. As células
com tais defeitos no reparo do DNA são ditas como
apresentando fenótipo de erro de replicação. Isso pode
ser visto pelo exame das sequências de microssatélites
(repetições ao acaso de 1 a 6 nucleotídeos espalhados pelo genoma)no
DNA da célula tumoral, já que com erros na correção do
pareamento errôneo existem expansões e contrações
destas repetições nessas células tumorais. Tal
instabilidade microssatélite (variações de microssatélites) é
uma marca do reparo defeituoso do pareamento errôneo.
Xeroderma pigmentosum. Os pacientes com essa
doença desenvolvem tumores de pele quando expostos
aos raios UV na luz solar, pois apresentam genes de
reparo pela excisão de nucleotídeos mutados, os quais são
necessários para corrigir a formação de dímeros
pirimidina induzidos pelo UV.
Doenças hereditárias com defeitos no reparo do
DNA por recombinação homóloga. Um grupo de
distúrbios recessivos se caracteriza por hipersensibilidade
a outros agentes que lesionam o DNA (como radiação
ionizante ou agentes que se ligam ao DNA). Exemplo: Na ataxia-
telangectasia, a mutação no gene ATM resulta em uma
proteína quinase que percebe a ruptura das duplas
hélices do DNA, um tipo de lesão causada pela radiação 5.7. Potencial de replicação ilimitado: telomerase
ionizante e por radicais livres de O2. Normalmente, o ATM A cada divisão celular há o encurtamento dos
fosforila p53, que leva à parada do ciclo celular em G1 ou telômeros (que ficam nas extremidades dos cromossomas). Depois
à apoptose; com a atividade do ATM defeituoso, as que os telômeros estão encurtados além de um certo
células com o DNA lesado continuam a se proliferar e são ponto, a perda da função do telômero leva à ativação dos
suscetíveis à transformação. Existe um grande interesse pontos de verificação do ciclo celular dependente da p53,
no gene ATM porque se calcula que aproximadamente 1% causando uma parada proliferativa ou apoptose, ou seja,
da população é heterozigota para este gene, e, portanto, há encurtamento do telômero até que a célula não possa
é transmissora. mais replicar o seu DNA e ocorra a parada em um estado
Genes BRCA-1 e BRCA-2. Esses genes estão não-proliferativo terminal (chamado de senescência
associados com a ocorrência de tumores de mama e replicativa) ou a apoptose. Nas células germinativas, o
diversos outros tumores. Aproximadamente 10 a 20% dos encurtamento do telômero é impedido pela ação da
cânceres de mama são familiais; as mutações em BRCA-1 enzima telomerase, o que explica a capacidade destas
e BRCA-2 correspondem a 80% dos casos. Indivíduos que células de se automultiplicarem extensamente. Esta
herdam mutações em BRCA-1 além de terem risco enzima está ausente na maioria das células somáticas, daí
aumentado de desenvolver câncer de mama, também sofrerem perda progressiva dos telômeros. As células
estão sob risco aumentado de desenvolver câncer tumorais impedem o encurtamento do telômero ao
ovariano; os que têm mutações na linha germinal de reativarem a telomerase. Mais de 90% dos tumores
BRCA-2 têm risco aumentado de câncer ovariano câncer humanos apresentam atividade de telomerase.
de mama masculino, melanoma e carcinoma pancreático.
Mutações em qualquer um dos genes estão associadas,
durante toda a vida, a um risco de 60 a 85% de câncer de
mama e risco de 15 a 40% de câncer de ovário. Ambos os
genes participam do processo de reparo de rupturas na
dupla hélice do DNA por recombinação homóloga. ATM e
CHEK2 (proteína quinase ativada pela lesão do DNA)
fosforilam BRCA-1 e RAD-51, que localizam ao mesmo
tempo os pontos de lesão do DNA. BRCA-1, BRCA-2 e
Elaborado por Suellen Yamano
A cascata metastática pode ser dividida em duas fases: Disseminação vascular e abrigo das células tumorais
1) invasão da matriz extracelular e 2) disseminação Dentro da circulação, as células tumorais se agregam
vascular e implante de células tumorais. em grupos (formando êmbolos) por meio de adesões
Invasão da matriz extracelular entre as próprias células tumorais e com células
Pode ser resolvida em quatro etapas: sanguíneas, principalmente plaquetas. A formação desses
A. Descolamento (afrouxamento) das células tumorais agregados pode reforçar a sobrevida celular (pois assim
umas das outras. As células tumorais permanecem agregadas ganham alguma proteção contra as células antitumorais do hospedeiro)
entre si por meio de diversas moléculas de adesão, incluindo e implantabilidade. A parada e o extravasamento dos
uma família de glicoproteínas chamadas de caderinas. Em êmbolos tumorais em locais à distância envolve adesão ao
diversos tumores epiteliais (carcinomas), existe uma diminuição endotélio, seguido de saída através da membrana basal.
da regulação da expressão das E-caderinas (caderinas epiteliais), No novo local, as células tumorais precisam proliferar,
presumivelmente reduzindo a coesão das células tumorais. desenvolver aporte vascular e escapar das defesas do
hospedeiro. O local onde os êmbolos tumorais se alojam e
produzem tumores secundários é influenciado por:
Drenagem vascular e linfática a partir do local do
tumor primário.
Interação das células tumorais com receptores
órgão-específicos. Por exemplo, certas células tumorais
possuem altos níveis de CD44 (molécula de adesão), que
se liga a vênulas endoteliais ao alto nos linfonodos, desse
B. Ligação com os componentes da matriz. Células modo facilitando metástases nodais.
tumorais ligam-se à laminina e fibronectina por meio dos O microambiente do órgão ou local. Por exemplo,
receptores da superfície celular (apresentam mais receptores que as um tecido rico em inibidores de protease poderia ser
células normais e espalhados por toda a sua superfície). resistente à penetração por células tumorais.
5.10. Microambiente do estroma e carcinogênese
Evidências mostram que as células do estroma dentro
da MEC são capazes de transmitir sinais oncogênicos para
as células tumorais. Isso foi mostrado em modelos
experimentais de tumores de próstata e mama. No câncer
de próstata, as células musculares lisas que ficam em
geral adjacentes ao epitélio prostático benigno se
transformam em “fibroblastos associados ao carcinoma”,
C. Degradação da MEC. Depois da fixação, as células
talvez sob influência indutiva das células do tumor. Essas
tumorais secretam enzimas proteolíticas que degradam os
componentes da matriz e criam caminhos para migração; ou células do estroma adquirem várias propriedades como
induzem as células hospedeiras a secretar proteases. As classes aumento da produção do colágeno e síntese de
de enzimas mais importantes são: serina, cisteínas e hialuronato, além de poder dirigir alterações genéticas
metaloproteinases (MMPs), principalmente MMP9 e MMP2 que que promovem a carcinogênese.
degradam colágeno tipo IV.
5.11. Desregulação dos genes associados ao
câncer
A ativação mutacional dos oncogenes ou da perda
mutacional da função dos genes supressores de tumor,
podem ser causadas por lesões genéticas sutis, como por
mutações de ponto, ou podem ser causadas por lesões
maiores como alterações cromossômicas e epigenéticas
(ex. metilação do DNA).
D. Migração das células tumorais. Os produtos de clivagem Alterações cromossomais
da MEC, derivados do colágeno e proteoglicanos, também Embora as alterações no número dos cromossomos
apresentam atividades promotoras do crescimento, (aneuploidia) e na estrutura serem geralmente
angiogênicas e quimiotáticas (promove migração das células
consideradas como fenômenos tardios na progressão do
tumorais para a MEC afrouxada). Então, os fatores implicados na
migração são produtos de clivagem da MEC e fatores de
câncer, sugeriu-se que a aneuploidia e a instabilidade
motilidade autócrinos. cromossomal podem ser eventos iniciadores no
crescimento tumoral.
Dois tipos de alterações cromossomais são capazes de
ativar os protooncogenes: translocações e inversões. As
translocações são mais comuns e podem ativar os genes
de duas maneiras:
1) Remoção de protooncogenes dos seus elementos
reguladores normais. Translocações específicas resultam
na remoção de protooncogenes dos seus elementos
reguladores normais, tornando-os propensos à
Elaborado por Suellen Yamano
hiperexpressão. Exemplo: translocação t(8:14) (q24:q32) etapa crucial na progressão de uma célula normal num
no linfoma de Burkitt, na qual o gene MYC normalmente tumor maligno. Um exemplo do aumento da aquisição de
regulado se move para o lócus do gene de cadeia pesada um fenótipo maligno é documentado pelo estudo do
de imunoglobulina, resultando em hiperexpressão de carcinoma de cólon. Estas lesões evoluem através de uma
MYC. série de estágios morfologicamente identificáveis:
2) Formação de novos genes híbridos. A translocação hiperplasia epitelial de cólon, displasia epitelial seguida
possibilita que sequências não relacionadas de dois pela formação de adenomas que aumentam
cromossomos diferentes se recombinem e formem novos progressivamente e sofrem transformação maligna.
genes híbridos que codificam proteínas quiméricas Resumindo: múltiplas alterações são necessárias para o
promotoras de crescimento. Ou seja, os oncogenes são desenvolvimento do câncer.
formados pela fusão de dois genes separados. Ocorrem
em diversos tumores hematopoiéticos, como por
exemplo, a translocação recíproca t(9:22) do cromossomo
Philadelphia, que une a porção truncada do
protooncogene c-ABL com o gene BCR para formar uma
proteína com atividade quinase (proteína BCR-ABL, que inibe
apoptose, ↓ necessidade de fatores de crescimento ↓ adesão celular,
pode causar instabilidade genômica e outras coisas que contribuem
para a progressão da doença).
Amplificação genética
(SMAD2 e SMAD4)
A ativação de protooncogenes associada com a
hiperexpressão de seus produtos pode resultar da
reduplicação e da amplificação de suas sequências de
DNA. Tal amplificação pode produzir centenas de cópias
do protooncogene na célula tumoral. Exemplos: N-MYC
está aplificado em 25 a 30% de neuroblastomas; CICLINA
D1 (carcinoma de mama, cabeça, pescoço). Genes Gatekeeper (guardião) e Caretaker (protetor).
Alterações epigenéticas Os oncogenes e genes supressores de tumor controlam
A metilação das sequências promotoras sem diretamente o crescimento tumoral, respectivamente,
alteração na sequência de bases do DNA pode causar como aceleradores e freios para a proliferação celular.
inativação de genes supressores de tumor. Exemplos: São conhecidos como gatekeeper, que regulam a entrada
p14ARF nos tumores de cólon e estômago; p16INK4a, em das células nas vias tumorigênicas. Ex.: APC, NF-1, RB.
diversos tipos de câncer; BRCA 1 em câncer de mama. Os genes que regulam a estabilidade genômica (genes
de reparação do DNA) são chamados de genes caretaker.
Perfis moleculares das células do câncer Ex.: hMSH2, BRCA-1, BRCA-2. A inativação destes genes
Determinar os níveis de mRNA por análise de não promove diretamente a iniciação do tumor. Em vez
microarranjo do DNA agora permite a obtenção da disso, a perda dos genes caretaker resulta no aumento da
expressão da assinatura do gene ou perfis moleculares. A mutação de todos os genes incluindo os caretaker. Assim,
aplicação desta técnica ao estudo do câncer de mama e em indivíduos com mutações na linhagem germinativa de
leucemias linfobláticas agudas identificou subtipos com genes caretaker, mutações subseqüentes nas células
perfis moleculares capazes de predizer a evolução da somáticas, além da inativação do alelo normal do gene
doença. caretaker, são necessárias para iniciação do câncer. Em
6. BASE MOLECULAR DA CARCINOGÊNESE EM comparação, quando a herança é de uma cópia
defeituosa de um gene gatekeeper, só há necessidade de
MÚLTIPLAS ETAPAS
mais um evento somático para a iniciação do câncer.
O estudo dos oncogenes e dos genes supressores de
tumor estabeleceu uma sólida base molecular para o
conceito de carcinogênese em múltiplas etapas:
Experiências revelaram que não existe nenhum
oncogene isolado capaz de transformar completamente
células in vitro, mas que isso pode acontecer por meio de
combinações de oncogenes. Tal cooperação é necessária
porque cada oncogene induz parte do fenótipo necessário
para uma transformação completa. Exemplo: oncogene RAS
(↑secreção de fatores de crescimento e possibilita o crescimento celular
sem ancorar num substrato normal) + oncogene MYC (torna as células
mais sensíveis aos fatores de crescimento) = transformação de
fibroblastos de camundongos em cultura.
A maioria dos tumores humanos analisados revelam
diversas alterações genéticas envolvendo a ativação de
vários oncogenes e a perda de dois ou mais genes
supressores de tumor. Cada alteração representa uma
Elaborado por Suellen Yamano
crescimento. Forçadas a proliferar, o clone de células DNA é corrigido pela via de excisão de nucleotídeos. A
iniciadas sofre mutações adicionais, que desenvolvem credita-se que com a exposição solar excessiva a
eventualmente num tumor maligno. Assim, o processo de capacidade desta via de reparo é sobrecarregada; logo,
promoção do tumor inclui diversas etapas: proliferação de parte da lesão do DNA não é corrigida, o que leva a
células pré-neoplásicas, conversão maligna e grandes erros de transcrição e, em alguns casos ao
eventualmente progressão do tumor, que depende da câncer.
mudança nas células tumorais e no estroma do tumor. A UVB também provoca mutações nos oncogenes e
A indução da proliferação celular é uma condição genes supressores de tumor. Foram detectadas
obrigatória da promoção do tumor. especialmente as formas mutantes de RAS e p53 tanto
nos tumores de pele humanos como nos induzidos em
Agentes químicos carcinogênicos camundongos.
Agentes alquilantes com ação direta. São
independentes de ativação, e em geral são carcinógenos Radiação ionizante
fracos. Ex: ciclofosfamida, clorambucil, bussulfan e melfalan. As radiações eletromagnéticas (raios x, raios gama) e
Estes agentes são empregados como drogas partículas (alfa, beta, prótons e nêutrons) são todas
antineoplásicas e como imunossupressores potentes. Eles carcinogênicas. Ex.: mineiros que trabalham em minas radioativas
parecem exercer seus efeitos terapêuticos com a têm incidência 10x maior de câncer de pulmão; incidência maior de
leucemia em sobreviventes de bombas atômicas; tumores de tireóide
interação e lesão do DNA, mas não são exatamente essas
em pessoas expostas à radioterapia de cabeça e pescoço.
ações que os tornam carcinogênicos. Nos humanos, existe uma hierarquia de
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Precisam vulnerabilidade celular a tumores induzidos por radiação:
de ativação metabólica e podem induzir tumores em os mais freqüentes são leucemia mielóide, seguida por
vários tecidos. Estão presentes na fumaça do cigarro e câncer de tireóide em jovens; depois câncer de mama,
podem ser importantes na patogenia do câncer de pulmões e glândulas salivares. Pele, osso e aparelho
pulmão. gastrointestinal são relativamente resistentes à
Aminas aromáticas e corantes nitrogenados. Sua neoplasias induzidas por radiação.
ação carcinogênica é exercida principalmente no fígado,
onde a o “agente carcinogênico final” se forma pela ação 7.3. Carcinogênese microbiana
dos sistemas do citocromo P-450 oxigenase. Uma exceção Sabe-se que um grande número de vírus DNA e RNA
é a β-naftilamina, um corante anilina usado nas indústrias causam câncer em animais, e alguns são implicados em
de borracha, que no passado foi responsável por câncer cânceres humanos.
de bexiga nos trabalhadores com exposição intensa nas
Vírus de DNA oncogênicos
indústrias de corantes e borracha.
Os genomas dos vírus DNA oncogênicos se integram e
Agentes carcinogênicos de ocorrência natural. Ex.:
formam associações estáveis com o genoma da célula do
aflatoxina b1, produzida por fungo (que cresce em milho mal
hospedeiro. O vírus é incapaz de completar seu ciclo
armazenado, arroz, amendoim), é um potente agente
replicativo porque os genes do vírus essenciais para a
carcinogênico hepático.
replicação são interrompidos durante a integração do
Nitrosaminas e amidos. Podem ser sintetizados no
DNA viral. Assim, o vírus pode permanecer num estado
trato gastrointestinal a partir da reação de aminas
latente durante anos.
nitroestáveis e nitratos, usados como conservantes, que
Os genes virais que são transcritos precocemente no
são transformados em nitritos pelas bactérias. Podem
ciclo da vida do vírus (genes iniciais) são importantes para
contribuir para a indução do carcinoma gástrico.
transformação, e são expressos nas células
Agentes diversos. Amianto, cloreto de vinil e metais
transformadas.
como o níquel são cancerígenos. Eles predispõem
Dentre os vírus de DNA humanos, destacam-se:
indivíduos expostos a desenvolver câncer.
Papilomasvírus Humanos (HPV). Foram
7.2. Carcinogênese pela radiação identificados 70 tipos distintos de HPV.
A energia radioativa, sob forma de UV ou radiação − HPV-1, 2, 4, e 7: papilomas escamosos benignos (Verrugas);
eletromagnética, e a radiação de partículas são capazes − HPV-6 e 11 (HPVs de baixo risco): Verrugas genitais;
de transformar praticamente todos os tipos celulares in − HPV-16 e 18 (HPVs de alto risco): Carcinoma de células
escamosas de cérvice uterina e região anogenital, além de
vitro e induzir neoplasmas in vivo em humanos e nos
alguns Cânceres orofaríngeos.
modelos experimentais.
Nas verrugas benignas e pré-neoplásicas, o genoma do
Raios ultravioleta HPV é mantido numa forma epissômica (não integrada);
Os raios UV derivados do sol podem causar câncer de enquanto que nos tumores malignos, o DNA viral está
pele, sendo que o grau de risco depende do tipo de raio integrado em áreas aleatórias no genoma do hospedeiro.
UV, da intensidade da exposição e da quantidade de O DNA viral é interrompido num local constante
melanina na pele que absorve a luz (ou seja, o risco é maior durante o processo de integração: quase sempre, E1/E2,
para pessoas de pele clara). como a região E2 do genoma viral. Por que a região E2 do
Efeitos dos raios UV sobre as células: inibição da DNA viral reprime a transcrição dos genes virais iniciais E6
divisão celular, inativação de enzimas, indução de e E7, sua interrupção causa a superexpressão das
mutações e, numa dose suficiente, morte celular. A proteínas E6 e E7 do HPV-16 e HPV-18. A replicação do
carcinogenicidade da luz UVB é atribuída a sua formação vírus DNA depende do equipamento de replicação das
de dímeros de pirimidina no DNA. Este tipo de lesão no células do hospedeiro, e E6 e E7 agem para ultrapassar a
Elaborado por Suellen Yamano
atividade dos inibidores do ciclo celular. Assim: a pelas células T auxiliares que ocorre Ana ausência de
capacidade oncogênica do HPV está relacionada à células T (ou qualquer outro sinal) nas células B infectadas
expressão de duas oncoproteínas virais, a E6 e a E7; elas pelo EBV. Deste modo, o vírus cooptou uma via normal da
se ligam a RB e a p53, neutralizando suas funções, ou seja, ativação de células B para aumentar o número de células
bloqueiam as vias de supressão do ciclo celular. que pode infectar e habitar.
− E6: degrada da p53 e BAX (gene pró-apoptótico); ativa O gene EBNA-2 codificado pelo EBV transativa diversos
telomerase e tirosina quinases; genes hospedeiros, inclusive a CICLINA D e membros da
− E7: INATIVA RB, CDKIs, p21, p27, ou seja, inativam Anti- família SCR, promovendo a transição das células B em
oncogênes; ATIVA Ciclinas A e E; repouso de G0 para G1. O EBNA-2 também ativa a
A afinidade destas proteínas virais pelos produtos dos transcrição de LMP-1 e é um regulador da expressão do
genes supressores de tumor difere segundo o potencial gene viral. Assim, os diversos genes virais contribuem
oncogênico do HPV: A E6 e E7 do HPV de alto risco (que para a imortalidade das células B.
origina câncer) possuem alta afinidade maior pelos seus Resumindo:
alvos em relação às de baixo risco. Assim, as proteínas E6 e − LPM-1 (oncogene): promove a proliferação das células B
E7 do HPV de alto risco incapacitam duas proteínas supressoras através da ativação das vias sinalizadoras e induz linfomas de
de tumor importantes que regulam o ciclo celular. células B; evita a apoptose pela ativação da BCL2.
− EBNA-2: transativa ciclina D.
O LMP-1, embora seja o oncogene de transformação
primária, não é expresso no Linfoma de Burkitt derivado
do EBV, visto que ele é o principal antígeno viral
reconhecido pelo sistema imune. Desse modo, as células
do Linfoma surgem somente quando ocorrem outras
mutações, como a translocação t(8;14) ou com menor
frequência, uma variante que leva à expressão
desregulada do oncogene c-MYC.
Em áreas não-endêmicas, 80% dos tumores não
contêm o genoma do EBV, mas todos possuem a
translocação t(8;14). Logo, embora os linfomas de Burkitt
não-africanos não sejam desencadeados pelo EBV, eles
A infecção com os tipos de HPV de alto risco simula a
desenvolvem câncer por vias semelhantes.
perda dos anti-oncogenes, ativa ciclinas, inibe a apoptose
e combate a senescência celular;
A infecção com o HPV por si só não é suficiente para a
carcinogênese, o seja, parece que a infecção pelo HPV
atua como agente iniciador e que mutações somáticas
adicionais (por exemplo, a mutação do gene RAS) são
essenciais para a transformação maligna.
Vírus de Epstein-Barr (EBV). É um membro da
família do herpes e foi implicado na patogênese de quatro
tipos de tumores humanos:
− Forma africana do Linfoma de Burkitt;
− Linfomas de Células B (pacientes imunodeprimidos);
− Linfoma de Hodgkin;
− Carcinoma Nasofaríngeo.
Com exceção do Carcinoma Nasofaríngeo, todos são
tumores de células B.
O EBV infecta células epiteliais da nasofaringe e os
linfócitos B. Consegue entrar nas células B através da
molécula CD21 (expressa em todas as células B). Dentro
dos linfócitos B, o genoma linear do EBV se torna circular
para formar um epissoma no núcleo celular. A infecção
nas células B é latente, ou seja, ocorre replicação viral e as
células B não são eliminadas, mas sim imortalizadas,
através da desregulação, pelo EBV, dos sinais
proliferativos e de sobrevida normais dessas células. A
infecção causa a proliferação policlonal da célula B com
geração de células linfoblastóides B.
A membrana protéica 1 latente (LMP-1) se liga e ativa
uma molécula de sinalização que normalmente é ativada
pelo receptor CD40 nas células B. A LMP-1, simulando o
CD40, ativa as vias NFκB e JAK/STAT e promove sobrevida
e proliferação das células B, respostas estas induzidas
Elaborado por Suellen Yamano
expandir e destruir a hipófise restante, dando origem a • Hipercalcemia. Pode ocorrer por reabsorção óssea
um distúrbio endócrino; os tumores do trato devido à elaboração de peptídeo semelhante ao
gastrointestinal podem causar obstrução ou podem hormônio paratireoidiano (PTH), ou, às vezes, TGF-α por
ulcerar e sangrar. certos tumores (Ex. carcinoma pulmonar de células
Os neoplasmas que surgem nas glândulas endócrinas escamosas). A hipercalcemia associada a câncer também
podem causar manifestações por meio da elaboração de pode resultar de osteólise induzida por metástase óssea
hormônios. Isto é mais comum em tumores benignos que (processo que não é considerado síndrome paraneoplásica).
malignos (é mais indiferenciado). Além disso, tumores não • Síndromes paraneoplásicas neuromiopáticas.
endócrinos também podem elaborar hormônios ou Assumem diversas formas (como neuropatias periféricas,
produtos hormônio-like, e dar origem a síndromes degeneração cerebelar cortical e síndrome mistênica) de causa
paraneoplásicas. pouco compreendidas.
Caquexia do câncer • Acantose nigricans. Caracterizada por placas de
hiperceratose na pele.
Os pacientes portadores de câncer apresentam uma
perda progressiva de gordura e de massa corporal • Osteoartreopatia hipertrófica. De causa
acompanhada por fraqueza profunda, anorexia e anemia. desconhecida. Se caracteriza por: a) neoformação óssea
Está síndrome de consumo é chamada de caquexia. As periostal; b) artrite das articulações adjacentes; e c)
origens da caquexia no câncer são obscuras, mas existem baqueteamento digital.
• Manifestações vasculares e hematológicas. Podem
poucas dúvidas de que ela não é causada pelas
necessidades nutricionais do tumor. Evidências indicam surgir em associação com diversas formas de câncer. Ex.
tromboflebite mibratória associada ao câncer do pâncreas ou pulmão;
que a caquexia resulta da ação de fatores solúveis tais CIVD associada à leucemia e câncer de próstata.
como as citocinas produzidas pelo tumor e pelo
hospedeiro em resposta ao tumor. No entanto, a base da 9.2. Graduação e estagiamento dos tumores
caquexia é multifatorial. Esta avaliação permite uma estimativa em termos
Clinicamente a anorexia é comum nos pacientes com semiquantitativos, da gravidade de um tumor. Isso é
câncer, mesmo nos que não apresentam obstrução valioso para o prognóstico e o planejamento do
mecânica provocada pelos tumores gastrointestinais. A tratamento.
redução da ingestão de alimentos foi relacionada com A graduação do tumor se baseia no grau de
anormalidades no paladar e no controle central do diferenciação das células tumorais, e o número de
apetite. mitoses dentro do tumor, como presumido, tem
Taxa metabólica basal aumentada apesar da redução correlação com a agressividade do neoplasma. Assim, os
da ingestão de alimentos. Com perda igual de gordura e tumores são classificados como grau I até IV com
músculo. Suspeita-se que o TNF produzido pelos anaplasia crescente. A graduação é imperfeita por que: a)
macrófagos ou por algumas células tumorais seja um partes diferentes do mesmo tumor podem demonstrar
mediador da síndrome do consumo que acompanha o graus diversos de diferenciação; e b) o grau do tumor
câncer. Outras citocinas, como IL-1 e IFN-γ, e o fator pode alterar com o seu crescimento. Por isso, a graduação
inibidor de leucemia apresentam sinergia com o TNF. dos tumores apresenta menor valor clínico do que o
Além destas citocinas, existem evidências de outros estagiamento.
fatores solúveis produzidos pelos tumores, que O estagiamento dos tumores se baseia no tamanho da
aumentam o catabolismo muscular e do tecido adiposo. lesão primária, na sua extensão de disseminação para os
linfonodos regionais e na presença ou ausência de
Síndromes paraneoplásicas metástases hematogênicas. Dois grandes sistemas de
São os complexos sintomas nos pacientes de câncer estagiamento estão atualmente em uso: 1) o sistema
que não estão diretamente relacionados à disseminação TNM (tumor primário, linfonodos e metástases), que
do tumor ou à elaboração de hormônios inerentes ao caracteriza a lesão primária de T1 a T4, sendo T0 uma
tecido de onde surgem os tumores. lesão in situ, N0 que não houve comprometimento nodal,
Ocorrem em cerca de 10% dos pacientes com câncer e N1 a N3 comprometimento nodal, M0 ausência de
apesar de sua raridade é importante reconhecê-las por metástases e M1 ou M2 metástes; e 2) o AJC (Americam
que: Joint Committee), dividindo os tumores em estágios 0 a
− Podem representar a manifestação inicial de um IV. O estagiamento é de maior valor que o grau
neoplasma oculto. histológico.
− Nos afetados, podem representar problemas clínicos
significativos que podem ser letais. 9.3. Diagnósticos laboratorial do câncer
− Podem simular doença metastática e Métodos histológicos e citológicos. É o método mais
consequentemente confundir o tratamento. importante de diagnóstico. Os dados clínicos são
As síndromes mais comuns são: inestimáveis para o bem diagnóstico. A amostra deve ser
• Endocrinopatias. Alguns cânceres não endócrinos adequada, representativa e bem preservada.
produzem hormônios ou fatores semelhantes a hormônio Diversas abordagens às amostras estão disponíveis:
(produção de hormônio ectópico). Exemplo: carcinoma de − Excisão ou biópsia. Deve-se selecionar o local
células pequenas do pulmão produz síndrome de Cushing adequado para coleta, preservação. O pedido de um
pela elaboração de corticotropina ou peptídeos estudo de congelação (diagnóstico por congelação) pode
relacionados. ser eventualmente interessante, por exemplo para
Elaborado por Suellen Yamano
determinar a natureza de uma massa ou na avaliação das moleculares) das células tumorais. Essas análises são
margens de um tumor retirado de modo a garantir que importantes na identificação de subtipos de tumores com
tenha sido inteiramente retirado (este método permite prognóstico potencial ou importância terapêutica.
avaliação histológica dentro de minutos). Citometria de fluxo. Pode medir diversas
− Aspiração com agulha fina para avaliação características celulares, como antígenos de membrana
citológica dos tumores envolve a aspiração de células e (usada na classificação de leucemias e linfomas) e quantidade de
líquido dos tumores ou massa que ocorrem em locais de DNA (relação entre conteúdo anormal de DNA e o prognóstico).
fácil palpação (mama, tireóide, linfonodos). As células Marcadores tumorais. São indicadores da presença
aspiradas são coletadas em um esfregaço, coradas e de um tumor. Sua principal utilidade na clínica médica foi
examinadas. de um exame que sustenta o diagnóstico, não sendo
− Esfregaços para citologia ou papanicolaou, utilizado com modalidade primária de diagnóstico. Alguns
envolvem exame de células cancerígenas. O exame da também têm valor na determinação da resposta ao
citologia esfoliativa é o mais usado no diagnóstico de tratamento e indicação de recidiva. Os principais são o
displasia, carcinoma in situ, carcinoma do colo uterino e antígeno carcinoembrionário e a alfa-fetoproteína.
tumores do estômago, brônquios e bexiga.
Imuno-histoquímica. Envolve a identificação de
produtos celulares ou de marcadores de superfície por
anticorpos. A ligação dos anticorpos é revelada por
reações de substâncias químicas ou fluorescências que
resultam na geração de produtos corados.
É útil para:
− Categorização de tumores malignos indiferenciados
por detecção de filamentos intermediários específicos do
tecido de origem.
− Categorização das leucemias e linfomas com o uso
de anticorpos monoclonais específicos.
− Determinação do local de origem dos tumores
metastáticos com o uso de reagentes que identificam
tipos de células específicos (ex. antígeno prostático
específico para tumores de próstata).
− Detecção de moléculas com significado terapêutico
ou prognóstico. Ex.: detecção de ERBB2 em câncer de mama.
Diagnóstico molecular. O teste de DNA envolve a
reação em cadeia da polimerase (PCR) ou a análise de
hibridização in situ (FISH).
É Utilizado para:
− Diagnóstico de neoplasmas malignos. Em caos
selecionados. Exemplo: detecção das transcrições BCR-
ABL por PCR estabelece diagnóstico preciso da leucemia
mielóide crônica, mesmo nos caos que pareciam
negativos nas análises de cariótipos convencionais.
A cariotipagem espectral é uma técnica citogenética
molecular que permite exame de todos os tipos de
rearranjos de cromossomas num único teste.
− Prognótico de neoplasmas malignos. Algumas
alterações genéticas estão associadas com mau
prognóstico, e portanto sua detecção permite
estratificação de pacientes para tratamento. Exemplo:
amplificação do gene N-MYC e deleções 1p prenunciam
mau prognóstico para portadores de neuroblastomas.
− Detecção da doença residual mínima. Depois do
tratamento, pacientes portadores de leucemia ou
linfoma, a presença de doença mínima ou no início de
uma recidiva podem ser monitorizados por meio da
amplificação de seqüências únicas do ácido nucléico
baseada no PCR, geradas pela translocação.
− Diagnóstico da predisposição hereditária ao câncer.
Exemplo: detecção de portadores das mutações BRCA-1 e
BRCA-2.
− Análise de microarranjo do DNA e proteomas.
Usados para obter assinaturas da expressão gênica (perfis