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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DE (CIDADE) / (UF)

(NOME DO AUTOR), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), CPF


(número), residente e domiciliado na (endereço do autor), email
(endereço de e-mail), por seu advogado, ao final firmado, com endereço
profissional descrito no cabeçalho desta, vem perante esse Juízo, propor
a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS contra (NOME
DA COMPANHIA AÉREA), pessoa jurídica de direito privado, CNPJ
(número), com endereço comercial na (endereço da demandada), pelas
razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:

DOS FATOS
O requerente celebrou com a requerida um contrato de transporte aéreo
para viajar, no dia 16 de dezembro de 2010, de João Pessoa para
Brasília com escala em Recife, tudo comprovado pelos documentos
fornecidos pela ora demandada.

Pelo bilhete, podemos observar que o horário de partida na cidade de


João Pessoa estava marcado para as 04h00 e chegada em Brasília
prevista para as 09h00, no entanto, o voo só partiu de João Pessoa com
mais de 04 (horas) de atraso, forçando com que o autor chegasse em
seu destino final depois das 13h00, ou seja, com mais de 04 (quatro)
horas de atraso, sem obter da requerida qualquer assistência e/ou
informação, contrariando todas as determinações consumeristas
previstas tanto no CDC quanto no CBA, bem como pela regras da ANAC.

Convém ser dito que o autor é diabético e já se encontrava dentro da


aeronave desde às 04h00 sem lhe ter sido oferecido nenhum alimento, o
que prejudicou a sua saúde.
Cabe ser dito, ainda, que a má prestação de serviços da empresa-ré é
fato público e notório.

Ora Excelência, devido à má prestação de serviços prestados pela


companhia aérea (nome da empresa aérea), não resta outro meio ao
autor, a não ser, vir ao Poder Judiciário para se ver ressarcido dos danos
morais sofridos.

DO DIREITO
A atividade descrita, evidentemente, caracteriza-se por uma prestação
de serviço prevista no Código de Defesa do Consumidor. De um lado,
temos o fornecedor ((nome da empresa) – empresa aérea prestadora do
serviço de transporte) e, do outro lado, o consumidor (passageiro
lesado). A atividade exercida pela empresa aérea é fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração (art. 3º, do CDC),
caracterizando-se, assim, como prestação de serviço.

É importante atentar para o fato de que esse contrato (contrato de


transporte aéreo) é um negócio tipicamente de resultado, ou seja, deve
ser executado na forma e tempo previstos, não havendo que se falar no
acaso. O consumidor contrata o serviço para ser levado de um lugar a
outro, em dia e horário combinados.

O CDC disciplina as hipóteses de má prestação dos serviços, ou até sua


ausência, garantindo ao consumidor o direito de exigir, à sua escolha, a
devolução do valor integral pago devidamente corrigido, a reexecução
do serviço ou o abatimento do preço pago, conforme o caso (art. 20).

O Código em apreço garante, ainda, reparação dos danos materiais e


morais (fato do serviço) advindos da má prestação ou ausência do
serviço contratado (art. 14).

A qualidade do serviço prestado pela empresa aérea durante o caos


verificado nos aeroportos – seja pela paralisação de controladores de
vôo, defeito na comunicação de torres, ou qualquer outro motivo – foi
pífia, absolutamente questionável, senão inexistente, o que fere o
disposto no já referido artigo 14.

Além disso, na hipótese dos autos (atraso de vôo), sejam quais forem as
causas do evento, a companhia aérea tem o dever de prestar
atendimento no sentido de minimizar os danos suportados pelos
consumidores.

Os danos morais caracterizam-se pelo desgaste físico e psíquico anormal


enfrentado pelo consumidor e devem ser reparados, conforme garantia
constitucional, na exata proporção em que sofridos, vedada qualquer
limitação contratual ou legal (art. 25 do CDC). É o caso dos autos em
que a requerente passou mais de 4 (quatro) horas seguidas no
aeroporto, passando por toda angústia e aborrecimentos, esperando
para chegar em seu destino final, sem obter da empresa requerida
nenhuma informação e/ou assistência.

Sem dúvida, os fatos acima relatados não configuram mero


aborrecimento, situação comum do quotidiano, mas de um transtorno
enfrentado pela autora que alterou todos os seus planos, causou-lhe
grande desconforto e horas de desassossego, visto que dependeu de um
serviço absolutamente mal prestado, cuja explicação nunca lhe foi
fornecida.

Que não se alegue qualquer excludente de responsabilidade da


companhia aérea (incisos do artigo 14). Qualquer caracterização de caso
fortuito ou força maior não deve atingir a relação jurídica mantida entre
o consumidor e a empresa. Aquele contratou a prestação de um serviço
desta; ela se beneficiou, através de remuneração, da contratação; é dela
que o ressarcimento deve ser exigido.

Além disso, não se pode dizer que o Poder Público seria um terceiro,
totalmente estranho à relação. De fato, existe uma cadeia na prestação
do serviço. Primeiramente, o serviço é público e fornecido através de
concessão. Em vista disso, arca a companhia aérea com a qualidade do
serviço prestado, inclusive com as falhas de comunicação verificadas. O
serviço fornecido não pode ser desmembrado.

Ainda, o Código brasileiro de Aeronáutica, Lei n° 7.565/86, em seu


artigo 230, determina um tempo de quatro horas como o máximo de
atraso, vejamos:

Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o


transportador providenciará o embarque do passageiro, em vôo que
ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou
restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de
passagem.

Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto


de escala por período superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o
motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de passagem
ou pela imediata devolução do preço.

Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou


atraso da viagem, inclusive transporte de qualquer espécie, alimentação
e hospedagem, correrão por conta do transportador contratual, sem
prejuízo da responsabilidade civil.

Da prevalência do Código de Defesa


do Consumidor.
Num primeiro passo deve-se ter em mente que o Código de Defesa do
Consumidor se trata de norma de “ordem pública e interesse social” de
acordo com o seu artigo 1º, sendo que a autonomia da vontade foi
deixada num plano secundário. Por este motivo é que a incidência das
normas do referido Código “é cogente, não podendo ser afastada pela
vontade das partes” (Eduardo Arruda Alvim e Flávio Cheim Jorge. Op.
Cit. Pág. 126).
E o Código de Defesa do Consumidor, editado nos termos do art. 5º, inc.
XXXII e do art. 170, V, da Constituição Federal, bem como a defesa do
consumidor erigida à altura do princípio geral da atividade econômica
(art. 170, inc. V), NÃO podem ser relegados a um plano inferior ao da
Convenção de Varsóvia.

Entretanto alega-se, em parte da doutrina, que dita Convenção


preponderaria sobre a legislação interna, o que não é verdade! Apesar
de os tratados e convenções serem atos internacionais de grande
importância, onde a “palavra” do Estado está em jogo, SUAS NORMAS
NÃO PODEM SER SOBREPOSTAS À LEI MAIOR DO PAÍS. Há sim, o
controle de constitucionalidade também em relação aos tratados (Ver
manual de Direito Internacional Público de Francisco Rezek, pág. 104),
pois estes devem se submeter à ordem interna para poderem ter
acolhida no ordenamento nacional.

Eduardo Arruda Alvim e Flávio Cheim Jorge arrematam:

“Assim, o fato da Convenção de Varsóvia não ter sido denunciada pelo


Governo brasileiro (tal como previsto no art. 39 da Convenção) NÃO
QUER SIGNIFICAR QUE OS LIMITES DE INDENIZAÇÃO NELA PREVISTOS
PREVALEÇAM AINDA HOJE, pois que virtualmente incompatíveis com o
regime do Código de Proteção e Defesa do Consumidor que, como visto,
deita raízes na própria Carta de 1988”(Op. Cit. Pág. 135).

À assertiva de que a Convenção é lei especial e, portanto, nos critérios


de solução de antinomias prevaleceria sobre o Código de Defesa do
Consumidor, deve-se manter distância. Sucede que o Código de Defesa
do Consumidor também é lei especial, pois regula universalmente toda e
qualquer relação de consumo. Ademais, foi editada com o escopo de
defender e proteger o consumidor que, diga-se, em nada era beneficiado
pela Convenção de Varsóvia ou o Código Brasileiro de Aeronáutica.

Em suma, pode-se dizer claramente e com toda a certeza que em


conflito entre a Convenção de Varsóvia e o Código de Defesa do
Consumidor, prevalece este último, posto que hierarquicamente superior
(editado nos termos do art. 5º, inc. XXXII da Constituição Federal),
especial (o CDC regula toda relação de consumo) e, como se não
bastasse, posterior (tendo sido publicado em 11/09/1990 e entrado em
vigor em 13/03/1991, enquanto que a Convenção ingressou no
ordenamento nacional em 24/11/1931).

E este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

“INDENIZAÇÃO – DANO MORAL – EXTRAVIO DE MALA EM VIAGEM


AÉREA – CONVENÇÃO DE VARSÓVIA – OBSERVAÇÃO MITIGADA –
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – SUPREMACIA” – “O fato de a Convenção de
Varsóvia revelar, como regra, a indenização tarifada por danos materiais
não exclui a relativa aos danos morais. Configurados esses pelo
sentimento de desconforto, de constrangimento, aborrecimento e
humilhação decorrentes do extravio de mala, cumpre observar a Carta
Política da República – incisos V e X do artigo 5º, no que se sobrepõe a
tratados e convenções ratificados pelo Brasil.” (RE 172.720-9, Rio de
Janeiro. Rel. Min. Marco Aurélio. 06.02.96).

“INDENIZAÇÃO – DANO MORAL – EXTRAVIO DE MALA EM VIAGEM


AÉREA – CONVENÇÃO DE VARSÓVIA. Longe fica de vulnerar o artigo 5º,
inciso II, e § 2º decisão mediante a qual, a partir do disposto nos incisos
5º e 10 nele contidos, é reconhecido o direito à indenização por dano
moral decorrente de atraso em vôo e perda de conexão. Precedente:
Recurso Extraordinário nº 172.720-9, Segunda Turma, Diário da Justiça
de 21 de fevereiro de 1997.( AI-AgR 196379 / RJ – RIO DE JANEIRO
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO Julgamento: 23/03/1998, STF). ”

O Superior Tribunal de Justiça o também já decidiu neste sentido sobre


o mesmo tema:

“CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATRASO DE VÔO. DANO MORAL. CDC.


VALOR. FRANCOS-POINCARÉ. CONVERSÃO EM DES (332). DECRETO N.
97.505/89.
I. Após o advento do Código de Defesa do Consumidor, as hipóteses de
indenização por atraso de vôo não se restringem às situações elencadas
na Convenção de Varsóvia, o que, de outro lado, não impede a adoção
de parâmetros indenizatórios nela ou em diplomas assemelhados
estabelecidos.
II. Inobstante a infra-estrutura dos modernos aeroportos ou a
disponibilização de hotéis e transporte adequados, tal não se revela
suficiente para elidir o dano moral quando o atraso no vôo se configura
excessivo, a gerar pesado desconforto e aflição ao passageiro,
extrapolando a situação de mera vicissitude ou contratempo, estes
plenamente suportáveis” (REsp 265.173/SP, Ministro Aldir Passarinho
Junior).
Quanto ao valor arbitrado ao dano moral, certo é que sua fixação não
escapa do controle do STJ. Todavia, somente em casos manifestamente
exagerados ou irrisórios é possível rever o quantum em sede de recurso
especial. No caso, a indenização, fixada em R$ 3.775,00 (fl.100), não
ultrapassa os valores admitidos em nossos precedentes.Confiram-se:
REsp 602.014/RJ e REsp 575.486/RJ.

“DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. EXTRAVIO DE BAGAGENS E


ATRASO DE VÔO INTERNACIONAL. DANO MORAL. INAPLICABILIDADE
DA LIMITAÇÃO TARIFADA.
A quantificação da indenização por danos morais, decorrente de atraso
de vôo, deve pautar-se apenas pelas regras dispostas na legislação
nacional, restando inaplicável a limitação tarifada prevista na Convenção
de Varsóvia e em suas emendas vigentes, embora possam ser
consideradas como mero parâmetro.” (REsp 602.014/RJ, Rel. Ministro
Cesar Asfor Rocha).”

“AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. VÔO


INTERNACIONAL. ATRASO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. APLICAÇÃO DO
CDC. PROBLEMA TÉCNICO. FATO PREVISÍVEL. DANO MORAL.
CABIMENTO. ARGUMENTAÇÃO INOVADORA. VEDADO.
– Após o advento do Código de Defesa do Consumidor, as hipóteses de
indenização por atraso de vôo não se restringem àquelas descritas na
Convenção de Varsóvia, o que afasta a limitação tarifada.
– A ocorrência de problema técnico é fato previsível, não caracterizando
hipótese de caso fortuito ou de força maior.
– Em vôo internacional, se não foram tomadas todas as medidas
necessárias para que não se produzisse o dano, justifica-se a obrigação
de indenizar.
– Cabe indenização a título de dano moral pelo atraso de vôo e extravio
de bagagem. O dano decorre da demora, desconforto, aflição e dos
transtornos suportados pelo passageiro, não se exigindo prova de tais
fatores.
– Vedado no regimental desenvolver argumento inovador não ventilado
no especial. (AgRg no Ag 442487 / RJ, Relator: Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS. DJ 09.10.2006 p. 284, STJ)”.

Outrossim, quanto ao exame da ocorrência, ou não, do dano moral,


ninguém coloca em dúvida as repercussões nefastas do atraso do voo
em viagem, especialmente quando se têm compromissos familiares
agendados, com data e horário previamente marcados. Os transtornos
são imensos, ocasionando os mais diversos sentimentos para o viajante.
No que concerne ao dano moral, há de se perquirir a humilhação e
conseqüentemente, o sentimento de desconforto provocado pelo ato, o
que é irrefutável na espécie.

A Promovente, que pretendia usufruir da viagem para relaxar,


objetivando aproveitar de forma tranqüila suas férias, viu-se de repente
transtornada com o enorme atraso, tendo que esperar durante horas no
aeroporto, para obter qualquer informação sobre quando chegaria ao
seu destino.

Sobre o assunto, é pacífico o entendimento dos nossos tribunais como


adiante se assevera:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há


como ser provado. Ele existe tão somente pela ofensa, e dela é
presumido, sendo bastante para justificar a indenização”. (TJPR – 4
Câm. – Ap. Rel. Wilson Reback – j. 12.12.90 – RT 681/163).”

A responsabilidade civil no Código de Defesa do Consumidor.

Visto o problema da antinomia das normas, parte-se agora para a


responsabilidade civil no âmbito do Código de Defesa do Consumidor.

Citando mais uma vez os mestres Eduardo Arruda Alvim e Flávio Cheim:

“O Código de Proteção e Defesa do Consumidor regulamenta a


responsabilidade por serviços fundamentalmente em dois dispositivos:
no art. 14, trata da responsabilidade civil pelo fato do serviço; no art.
20, trata da responsabilidade civil pelo vício do serviço”.
“É mister, pois, que tenha havido evento danoso, decorrente de defeito
no serviço prestado, para que se possa falar em responsabilização nos
moldes do art. 14. Ou, então, que o evento danoso tenha decorrido de
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, o
que se pode chamar de defeito de informação” (Op. Cit. Pág. 138).

O artigo 14, que diz responder o fornecedor pelo evento danoso,


independentemente de culpa, consagra a sua modalidade objetiva, in
verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente, da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Colhe-se da jurisprudência:

“Atraso e extravio de Bagagem. Dano Material e Moral. Não ofende a CF


art. 178 a decisão judicial que condena companhia aérea ao pagamento
de dano material e moral por atraso e extravio de bagagem (STF, 2a T.
AgRgAg 198380-9-RJ, rel. Min. Marco Aurélio, v.u., j. 27.4.1998,
BolAASP 2071/246-e).”

Deve-se agora tratar, haja vista que a lei aplicável ao caso é o Código de
Defesa do Consumidor, da espécie de responsabilidade civil do
transportador, qual seja, a responsabilidade objetiva.

Da Responsabilidade Objetiva
O Professor Fernando Noronha conceitua responsabilidade objetiva como
“a obrigação de reparar determinados danos causados a outrem,
independentemente de qualquer atuação dolosa ou culposa do
responsável, mas que tenham acontecido durante atividades realizadas
no interesse ou sob o controle da pessoa responsável”.

Do conceito apresentado inferem-se três requisitos básicos para que se


configure a responsabilidade objetiva: 1) o fato; 2) o dano; 3) o nexo de
causalidade.

O fato na hipótese levantada é o atraso do vôo e o dano configura-se


desconforto em ter que esperar por mais de quatro horas seguidas no
aeroporto para poder chegar a seu destino final, sem obter qualquer
informação e/ou assistência por parte da requerida. Quanto ao nexo de
causalidade, diz a teoria da causalidade adequada que, um fato é causa
de um dano quando este seja conseqüência normalmente previsível
daquele.

“E para sabermos se ele (o dano) deve ser considerado conseqüência


normalmente previsível, devemo-nos colocar no momento anterior
àquele em que o fato aconteceu e tentar prognosticar, de acordo com as
regras da experiência comum, se era possível antever que o dano viesse
a ocorrer. Quando a resposta for afirmativa, teremos um dano
indenizável”.
Ora, é sabido da desordem que muitas vezes povoa nossos aeroportos,
tanto que os jornais têm noticiado diariamente o caos nos aeroportos
brasileiros. Portanto, pode-se afirmar que num aeroporto em que não há
um controle rígido das bagagens, é perfeitamente possível antever-se
que, sem serem tomadas estas as devidas cautelas, quaisquer vôos
teriam grande chance de atraso. Assim sendo, no momento anterior ao
fato era possível prever-se a ocorrência do dano, não tendo sido tomada
nenhuma providência para que tal não ocorresse.

Conclui-se, portanto que, presentes os requisitos configuradores da


CULPA OBJETIVA, quais sejam o fato, o dano e o nexo de causalidade,
estamos diante de um dano indenizável.

Da Inversão do ônus da prova


No Código de Defesa do Consumidor o ônus da prova é invertido,
devendo o transportador comprovar que o vôo não atrasou.

E, nem mesmo é necessário o pedido de inversão do onus probandi,


pois, em sede de direito do consumidor, pode-se operar de ofício, ou
seja, sem requerimento das partes. É que o Código de Defesa do
Consumidor elevou suas normas à condição de normas de ordem pública
e de interesse social (art. 1º), e as normas de ordem pública, segundo
Carlos César Hoffmann, com base em Nery Jr. “compreendem-se
aquelas que devem ser apreciadas e aplicadas de ofício, e em relação às
quais não se opera a preclusão, podendo, as questões que delas
surgem, serem decididas e revistas a qualquer tempo e grau de
jurisdição” (A Inversão do ônus da prova. FURB. Pró-Reitoria de
Pesquisa em Pós-Graduação, 1998. Págs. 83-84).

A Jurisprudência é vasta:

“RESPONSABILIDADE DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. Ônus da prova


segundo o Código de Defesa do Consumidor. Suficiência da
verossimilhança do alegado para transferir ao prestador de serviços o
encargo probatório (Lei 8.078/90, arts. 6º, VIII, e 14, parág. 3º).
Sentença Confirmada”. (TJRS – Ap. Cív. 593133416-6 6ª Câm. – Rel.
Des. Adroaldo Furtado Fabrício – RJTJRS 163/393).

“PROVA – Ônus – Inversão – Critério do Juiz, quando reputar verossímil


a alegação deduzida – Artigo 6º, inciso VIII, do Código de Proteção e
Defesa do Consumidor, com o flagrante intuito de facilitar o ajuizamento
da ação, reserva ao Juiz o poder de dispensar o autor do encargo de
provar o fato constitutivo de seu direito, quando, a critério exclusivo do
Magistrado, reputar verossímil a alegação deduzida” (TJSP – 7ªC. – Ap.
Cív. 198.391-1- Rel. Des. Leite Cintra – JTJ/LEX 152/128).

Portanto, nos contratos de transporte aéreo, tanto internacional quanto


nacional, a responsabilidade do transportador, pelos danos causados ao
passageiro, é sempre objetiva, tendo em vista a relação de consumidor-
fornecedor que existe. Não é necessário se provar dolo ou culpa. Basta
simplesmente a prova do fato ocorrido e o nexo de causalidade entre o
fato e o dano.

O ônus desta prova, de acordo com o Código do Consumidor, há de ser


operado inversamente, ou seja, o fornecedor deve provar fato que
desconstitua o direito alegado pelo consumidor.

Como visto antes, a Convenção de Varsóvia se tornou parcialmente


incompatível com o Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista
que a Lei 8.078/90 é posterior, especial e editada nos termos da
Constituição Federal, não podendo, assim, sobressair-se no
ordenamento nacional em detrimento de outros diplomas legais.

Diante dos fatos e da evidência das provas documentais, não poderão


subsistir argumentos que lhe afastem o reconhecimento do dano moral.

Por fim, é imperioso destacar que as falhas verificadas não surgiram


agora. Vêm de longa data, não só pelos meses em que tem se
constatado a crise, mas também porque as falhas de comunicação vêm
se configurando há muito tempo. Desse modo, a situação de força maior
ou caso fortuito não se verifica, já que o que a caracterizaria não surgiu
no exato momento da prestação de serviço, é anterior. Na verdade,
constitui a negligência de todo um sistema desatento para a correta e
adequada prestação de um serviço público.

DOS PEDIDOS E DOS


REQUERIMENTOS
Assim sendo, pede e requer a V. Exa. a citação da ré, via postal, para,
querendo, oferecer sua contestação oportunamente, sob pena de serem
considerados verdadeiros os fatos alegados, esperando que ao final o
pedido inicial seja julgado procedente, condenando-se a ré a:

Indenizar o autor em danos morais, em função de todo o transtorno


suportado pelo autor, no valor de R$10.000,00 (dez mil reais) ou em
valor superior a ser estipulado por esse MM. Juízo.

Requer, por fim, a inversão do ônus da prova, como previsto no artigo


6º, VIII, do CDC, e a condenação da demandada em custas processuais
e honorários advocatícios.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Neste termos, Pede e Espera deferimento.

(local), (data)

Wilson Furtado Roberto – Advogado OAB/PB 12189

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