pré história da criança
Por meio do banho de linguagem
os pais nomeiam o lugar (função)
da criança naquela família,
assim como existe o filho mais
inteligente, o mais carinhoso.. .
Os pais precisam definir o lugar
da criança naquela família para
que esta possa desenvolver-se e se
identificar com sua função
Quando o lugar da criança é
indefinido pode-se dizer que isto
poderá prejudicar seu
desenvolvimento de alguma forma
A criança precisa ter seu lugar
(função), e caso não exista esta
deve buscar conquistar’
Exemplo: a criança não tinha (ou
ainda não tinha) seu lugar na
família e por isso não conseguia
engordar, no momento em que isso é
relatado para os pais e para
acriança os possíveis conflitos que
impedem que a criança ocupe seu
lugar, eles tomam consciência e
por veze de imediato, a criança
volta a engordar
Uma vez adquirido este lugar é
preciso perguntar que lugar é esse
e se permitirá aquele que o ocupa
gerar filhos e fundar sua própria
família
Exemplo: uma determinada mulher
(sendo a mais velha entre os irmãos
e irmãs) é estéril, e se da conta
de que a irmã mais velha de sua
mãe nunca teve filhos e ocupa o
“mesmo lugar” que ela na família,
ao se identificar com a tia esta
identificação, inconscientemente,
passa a ser um obstáculo
Exemplo (esterilidade psicogênica):
a mulher deseja conscientemente
um filho, mas inconscientemente
não se sente autorizada a tê-lo
(um impedimento pesa e a impede
de realizar o seu projeto), após
uma adoção o sintoma costuma
desaparecer, pois, depois de tomas
as devidas providências e de ser
autorizada pela administração a
receber uma criança, a mulher se
encontra subitamente grávida, ou
seja, a autorização externa tirou o
interdito
Toda criança vem ao mundo precedido por um banho de linguagem, ou seja, de
uma história no seio da qual sua existência começou e se inscreve, inicialmente,
através de palavras que presidam o encontro mais ou menos bem-sucedido de duas
linhagens e que chega, um dia, a essa fecundação.
Banho de linguagem são todas as palavras que preexistem à vida humana e que
concernem a ela de uma maneira ou de outra
Esse banho de linguagem não se limita absolutamente às palavras ouvidas pela
criança no momento em que aprender a falar, existe no seio de sua família e se
constitui pelo encontro entre duas linhagens.
É a partir de todas essas palavras, mais ou menos convergentes e de todos esses
não ditos, que se criam as bases das informações inconscientes, que depois se
tornam conscientes, a partir das quais toda nova vida pode ser pensada.
Forma-se o psiquismo da criança, o qual contém inicialmente o inconsciente e
depois o consciente.
Antes do nascimento não há inconsciente
O consciente se constrói a partir do banho de linguagem específico que faz parte
dessa família e a ela será transmitido
A existência da criança consistirá, em parte, em negociar esse banho de
linguagem e estabelecer arranjos com seu próprio talento.
A criança herdará traços de sua linhagem, palavras e não ditos e é em função
dessa herança que determinará e conduzirá a sua vida.
A pré historia da criança são as palavras a que precedem e lhe concernem mais
ou menos diretamente
Indiretamente são aquelas que fazem a história do casal, do qual a criança vai
nascer e mais diretamente, são aqueles concernentes ao projeto de gravidez
Começa no momento do encontro do homem e da mulher que formam esse casal,
também sendo preciso que a história de cada um possibilitasse esse encontro
Ou seja, a história do casal também é antes do encontro que a tornou possível e a
determinou, vindo depois a história desse encontro propriamente dito, enfim, a
história a qual esse encontro deu lugar, com seus não-ditos e seus desacertos, seus
mal entendidos e subentendidos, seu êxidos e seus escorregões
A história de antes do encontro
É a de cada um (desta mulher e deste homem), inscrita em sua própria família ,
enriquecida pela de seus ascendentes e colaterais, e que determina, em parte, o
lugar deste indivíduo nesta família e a maneira como ele poderá , por sua vez,
criar (ou não) uma família
Em uma família, de fato, cada um ocupa um lugar preciso em relação aos
outros (ex: o 1º, o 2º, o inteligente, o atencioso.. ) E este lugar é em parte, determinado
pelo banho de linguagem constituído pelas palavras dos pais, dentro do qual
cada um nasce e, em função dele, poderá, ou não ocupar o seu lugar
É preciso que a criança tenha/encontre seu lugar na relação com o outro
(ex::família)
O modo singular que se formará o
casal faz parte da pré-história
da criança e irá influenciar o
seu futuro
O filho que surge de um casal
que não se entende bem, carregará
o peso de uma missão reparadora,
a qual terá um impacto sobre o
comportamento desta
Essa missão fará parte da
bagagem da criança, mas não
necessariamente a criança
cumprirá sua missão reparadora
ou ser esmagado por esta, ele irá
adaptar sua personalidade e de
certo modo, suas ações, a esta
missão
Aborto da recém casada: são
abortos espontâneos que quando
ocorrem na primeira gravidez, são
vistos como um fracasso necessário
para poder passar para uma nova
etapa e poder gerar um filho com
o marido
Filhos do Édipo, quando a mulher
jovem se vê obrigada a dar de
presente a seu próprio pai o seu
primeiro filho, frequentemente
desencadeando um aborto
espontâneo
A criança presente reagirá a seu
modo a esse papel que lhe é dado:
submetendo-se ou tentando escapar
dele, ou ainda, tornando-se
insuportável ou um presente
envenenado
Exemplo: filhos de pais divorciados
costumam dizer que não irão se
divorciar no futuro, mas acabam
por se divorciar no futuro, ou seja,
escolheram conscientemente uma
posição oposta ao modelo de onde
saíram, mas acabaram por repetir
Em toda família há repetição
Quando a repetição é dramática,
torna-se urgente rastreá-la e
impedi-la
Mulheres que dão à luz anônimas
e confiam seu filho ao estado,
geralmente, apresentam histórias de
abandono na família e “obedecem”
ao “estava escrito”
O não-dito impede que a criança
se estruture, ele é destrutivo
Todas as palavras sobre um
acontecimento, permitem a criança
que se determine e estruture
A história de cada um, com os seus conflitos resolvidos e com os não resolvidos, e o
lugar que ocupa em sua própria família podem lhe permitir a realização de um
encontro, mas vão determinar, em grande parte, esse encontro com um homem ou com
uma mulher específicos
Para cada membro do casal, esse encontro adquire sentido em sua própria
história e vai fazer parte do banho de linguagem onde emergirá este filho
Os papeis atribuídos à criança pelo inconsciente de uns e de outros são
determinados, mas nem sempre tiram a sua liberdade
Ter um papel destrutivo
A pressão do inconsciente sobre a criança pode
Fornecer a criança uma energia
construtiva e criadora
Graças ao “jogo do ego”, a criança constituirá sua vida com os recursos que lhe
são dados por seus pais e por sua família
Todas as mulheres e todos os homens constroem sua própria história baseada em
uma ideia precisa, enraizada em sua história do que é um casal em geral e do
casal do qual faz parte
A ideia de casal que mulheres e homens tem é mais ou menos demarcada por
seus modelos familiares e culturais e é dela que a criança nascerá e dela será
portadora
No futuro, as crianças frutos de um certo casal, terá a vida conjugam de certa
forma determinada pelas ideias que lhes deram origem
Ou seja, a sua conduta futura será grandemente influenciada de uma maneira
ou outra pelas ideias que lhe deram origem.
Há muitos casos de mulheres que recorrem a terapia psicanalítica com o objetivo
primeiro de não transmitir a história da qual são portadora para seus herdeiros
Estas mulheres estão obscuramente conscientes de que, sem um esforço deliberado
de sua parte, sem uma elaboração de sua história, elas irão repetir–las, então
decidem empreender um trabalho para romper esse círculo
No caso da mãe solteira (quando esta decide gerar um filho sem o pai e o homem
tem apenas função de pegador) na vida dessas mulheres não há lugar para outro
homem que não seja o seu pai, e em sua fantasia, este filho que elas fizeram
“sozinhas” é o filho edípico
Sendo menino, terá de fundar uma família e assumir um papel de pai
Sendo menina, tenderá a repetição
Os pais dizem que escondem segredos de seus filhos em razão de querer poupa-
los daquilo, contudo, os pais que filtram a realidade protegem a si mesmos das
perguntas que a criança poderia fazer ou das reações que poderiam apresentar
e que eles temem, ou ainda não ousam enfrentar a dor da criança
Todos os eventos, concernentes à criança, quando são colocados em palavras,
formulados, podem encontrar uma história, e mesmo que causem sofrimento na
criança existe uma razão conhecida
O não dito, faz um “buraco”, porque, de uma forma ou de outra, a criança sabe
que aconteceu algo importante, já que ela viveu isso, mas quanto ao evento
não-dito , ela não pode colocar em palavras
Sendo os “buracos”, causados pelos não ditos, os causadores de uma repetição
dramática, são as situações inelutáveis das quais não se sabe a origem e que
fazem andar em círculos
Podendo estes “buracos”
preenchidos quando o paciente
consegue colocar em palavras esses
não ditos e reencontrar esses
acontecimentos, e uma vez que,
estes “buracos” são preenchidos, o
acontecimento pode retomar seu
lugar, e a história seguir o seu
curso
Essa descoberta de acontecimentos
afirmas que toda a criança tem
direito à sua história
Ninguém tem direito de conhecer e
esconder coisas sobre uma criança
que ela mesma ignore, sequestrando
um saber que lhe concerne
Um filho inicialmente é comporto pelo desejo da mão, do desejo do pai e do
encontro desses dois desejos irá nascer um terceiro desejo, desejo de vida que vai
se encarnar no corpo do filho
Sem esses três desejos, não há nascimento, porque cada um depende dos outros dois
Do encontro do desejo da mãe e do desejo do pai nasce um projeto, seja este
consciente ou não, faz parte da pré-história do filho
Seja qual for a configuração da origem da criança irá marcar esta, e fará
parte de sua história, em razão de esta origem está inscrita no inconsciente
parental como uma verdade que diz respeito a criança
Para os psicanalistas o desejo não pertence apenas a ordem do consciente, pode-se
afirmar que, conscientemente se deseja um filho, mas inconscientemente não

Procriação medicamente assistida Pode-se “fazer de tudo” para não ter filho (por x razões) e simplesmente faze-lo
– inseminação artificial pois, o desejo inconsciente é mais forte que todas as decisões racionais

Quando uma verdade é escondida
é mais difícil conviver do que
quando é relatada a verdade (o
segredo lhe é falado)
É melhor que a criança saiba o
segredo/acontecimento pelos seus
pais do que por meio indireto ou
por ou por outras pessoas
Três que dizer, o pai, a mãe e o
filho
Há um insucesso do desejo dos
pais quando o pai ou mãe é
estéril, e do filho quando há um
aborto espontâneo e a criança não
pode viver
Desejo inconsciente e vontade
consciente
As vezes, acontece que o desejo insciente se articula com a vontade consciente,
mas também pode acontecer de a vontade consciente entrar em conflito com o
desejo inconsciente
Determinados atos falos podem se entendidos como discurso (do inconsciente) bem-
sucedidos
Atos falhos podem ser atribuídos mais ao homem ou mais a mulher ou mais a
ambos, na medida em que que, se há fecundação, o desejo de ter um filho está
presente
Para compreender a razão de determinados atos falhos, não é suficiente explica-
los pela presença de um desejo inconsciente mais forte do que a vontade
consciente, é ligado o evento ao contexto que a verdadeira razão irá aparecer
Se a criança vive, a razão particular irá marca-la com um primeiro selo: o de
sua origem
O desejo não é monolítico, ele é sempre ambivalente:
Para realizar-se um desejo é preciso renunciar outro

Para um homem, desejar um filho A ambivalência também entra em jogo em casais, podendo ser entendido como uma
não significa a mesma coisa que articulação entre suas respectivas histórias que não lhes permite um encontro
para uma mulher. As palavras são comum sobre o desejo de ter filhos
as mesmas, mas o contexto que dá
A censura inconsciente não funciona no absoluto, mas articula com uma situação
sentido a essas palavras é
particular, num dado contexto histórico
diferente
O desejo de ter um filho é uma coisa, o projeto de ser pai é outra
Exemplo: contexto como a noção de
tempo, o homem não tem limite de
idade/tempo para gerar um filho,
enquanto a mulher tem um tempo
determinado/contado

Enquanto o homem não tem pressa

em ter um filho, a mulher tem

A diferença no modo de se
relacionar com o tempo interfere
tanto no encontro quanto no projeto
de ter filhos

Ambivalência -> desejo de duas

coisas contraditórias,, ela está
inscrita na própria estrutura do
inconsciente e na linguagem