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O NASCIMENTO DA MEDICINA SOCIAL

Ideia de que a medicina grega e egípcia eram medicinas sociais/coletivas, não centradas sobre
o individuo.
Seria a medicina moderna -final do séc. XVIII – com o aparecimento da anatomia patológica
individual? É individual porque esta nas relações de mercado? Ignora a dimensão global, coletiva
da sociedade?

Busca mostrar o contrário: a medicina moderna é social e que tem uma tecnologia de corpo
social – é uma prática social que somente um de seus aspectos é individualista.

A hipótese é de que com o capitalismo não se deu a passagem de uma medicina coletiva para
uma medicina privada, mas o contrário. Socializou o corpo enquanto força de produção e
trabalho. O controle da sociedade sobre os indivíduos começa no corpo. Corpo é uma realidade
biopolítica, a medicina uma estratégia biopolítica.

Como foi feita a socialização? Não foi primeiramente o corpo que trabalha assumido pela
medicina. Três etapas precederam e formam a medicina social: medicina de Estado, medicina
urbana e finalmente a medicina da força de trabalho.

1- Medicina de Estado (Alemanha no começo do século XVIII) – Ciência do Estado se


formou – conhecimento que tem por objeto o Estado (não só os recursos naturais e o
estado da população, mas também o funcionamento do aparelho político). Significa
também o conjunto de procedimentos que o estado acumulou para melhor assegurar o
seu funcionamento. O Estado moderno nasceu onde não havia potência política ou
desenvolvimento econômico. Desde o final do século XVI inicio do XVII a preocupação
com o estado de saúde da população se deu na Europa. A politica mercantilista vigente
visava aumentar a produção da população, a população ativa e a produção de cada
individuo ativo. Passou-se a calcular a força ativa das populações, criando estatísticas
de nascimento e mortalidade. Esses índices de saúde e a preocupação em aumentar a
população não eram acompanhadas de intervenção efetiva e organizada para elevar o
nível de saúde. Na Alemanha sim. O que se chamou de política médica, algo diferente
do que somente os índices. Consistia em um sistema completo de observação da
morbidade – dos diferentes fenômenos epidêmicos ou endêmicos observados;
normalização do ensino médico e controle do Estado dos programas de Ensino e
atribuição dos diplomas (a medicina e o médico são o primeiro objeto da normalização),
antes de se aplicar a noção de normal ao doente se começa por aplica-la ao médico.
Uma organização administrativa para controlar a atividade dos médicos – que
tratamentos são dispensados, emitindo ordens em função das informações
centralizadas. Subordinação da prática médica e um poder administrativo superior.
Médico como administrador de saúde, responsável por regiões e populações. Síntese:
organização de um saber médico estatal, normalização da profissão médica,
subordinação dos médicos a uma administração central e integração de vários médicos
em uma organização estatal configura a medicina de Estado. Essa medicina não tem
como objetivo a formação de uma força de trabalho, mas os corpos dos indivíduos que
constituem o Estado. Se passou de uma medicina individualizada a uma medicina
estatizada, socializada.
2- França (final do sec. XVIII) aparece uma medicina social que não tem por suporte a
estrutura do Estado, mas o fenômeno da urbanização. Uma grande cidade francesa era
uma unidade territorial, mas um emaranhado de territórios heterogêneos e poderes
rivais. Colocou-se o problema da unificação do poder urbano. Um corpo urbano
coerente, homogêneo, dependendo de um poder único e bem regulamentado.
O NASCIMENTO DA MEDICINA SOCIAL

Primeiramente por razões econômicas. A cidade não somente como um lugar de


mercado, mas também de produção faz com que se recorra a mecanismos de regulação
homogêneos e coerentes. A segunda razão é política com o aparecimento da população
operária, aumentando a tensão no interior das cidades. Revolução francesa. Daí a
necessidade de um poder político capaz de esquadrinhar a população urbana. Aparece
e se desenvolve uma atitude de medos e angustia diante da cidade. Medo urbano, medo
da cidade. Uma inquietude politico-sanitária que se forma à medida em que se
desenvolve o tecido urbano. A classe burguesa lançou a intervenção da quarentena.
Todas as pessoas em suas casas; a cidade, dividida em bairros, sob a responsabilidade
de uma autoridade designada, inspecionada por inspetores garantindo que ninguém
sairia de seu lugar – vigilância generalizada que dividia e esquadrinhava o espaço
urbano; os vigias de rua/bairro deviam produzir relatórios diários para o prefeito –
vigilância e registro centralizados; revistar todos os habitantes – para marcar os vivos e
os mortos; desinfecção de casa por casa. Esquema de quarentena sonho médio-político
da boa organização sanitária das cidades – lepra e peste. A exclusão/exílio era o
mecanismo de purificação do espaço urbano. Medicalizar era mandar para fora e por
consequência purificar os outros. A medicina era uma medicina da exclusão. A
internação dos loucos segue esse esquema. Contra a peste a medicina não exclui, não
expulsa. Consistia em distribuir uns ao lado dos outros, isola-los, individualiza-los, vigia-
los um a um. Ver se está vivo ou morto, esquadrinhar a sociedade. Um olhar
permanente e controlado por um registro completo de todos os fenômenos. Tem-se o
velho esquema de exclusão (lepra) e o de internamento (peste) – que analisa
minuciosamente a cidade, analise individualizante, registro permanente, modelo
militar. Não mais purificação religiosa. A higiene pública é uma variação sofisticada do
tema da quarentena. A medicina urbana consiste em três grandes objetivos: 1- analisar
os lugares de acúmulo e amontoamento que pode provocar doenças. Surgem os
cemitérios. Para o abrigo dos vivos é preciso que os mortos estejam tão bem
classificados. 2 – o controle da circulação dos elementos essenciais (água e ar). Ar tinha
influência sobre o organismo. Daí a necessidade de se abrir longas avenidas no espaço
urbano, para manter o estado de saúde da população. Médicos e químicos opinam
sobre os melhores métodos de arejamento das cidades. Organizam-se corredores de ar
e de água. 3 – organização das distribuições e sequências, onde colocar os diferentes
elementos necessários à vida comum da cidade – fontes e esgotos. Plano hidrográfico.
Conflito entre a medicina e a propriedade privada, o subsolo não pertencia mais ao
proprietário do solo, mas ao Estado e ao rei. Os espaços comuns, de circulação,
cemitérios foram controlados, mas a propriedade privada não. A medicalização da
cidade é importante por várias razões: 1- a prática médica se põe diretamente em
contato com ciências extra-médicas (química). A inserção da prática médica em ciência
físico-química se faz pela urbanização, não de uma medicina privada/individualista. No
discurso e saber científico se faz através da socialização da medicina (coletiva, social,
urbana). 2 – a medicina urbana é das coisas: ar, agua, decomposições, fermentos,
condições de vida e do meio de existência; não dos homens, corpos e organismos. 3 –
aparece a ideia de salubridade, o estado das coisas, do meio e seus elementos que
permitem a melhor saúde possível. Salubridade é a base material e social capaz de
assegurar a melhor saúde possível dos indivíduos., vem junto a noção de higiene pública.
Perde em poder para a medicina alemã ganha em fineza de observação, na
cientificidade.
O NASCIMENTO DA MEDICINA SOCIAL

3- Inglaterra. A medicina dos pobres e da força de trabalho. Na França esses não foram
analisados com fontes de perigo médico, o amontoamento ainda não era grande para
que a pobreza aparecesse como perigo e o pobre funcionava no interior da cidade como
condição da existência urbana, eram úteis. Somente no segundo terço do séc. XIX que o
pobre apareceu como perigo. 1- razão política – capaz de se revoltar ou participar da
revolta; 2 – dispensar os serviços criando sistemas e retirando a possibilidade de viver
dos pobres. 3 – a cólera cristalizou medos políticos e sanitários, dividindo espaço urbano
entre pobres e ricos, pois a coabitação foi considerada um perigo sanitário e político
para a cidade – organização em bairros de pobres e de ricos. A lei dos pobres na
medicina inglesa que a faz começar a ser social, passa a ter o controle médico do pobre.
Como ele se beneficia do sistema de assistência, se submete a vários controles médicos.
Assistência controlada, intervenção médica para ajudar os pobres a satisfazer suas
necessidades de saúde – protegendo a saúde das classes ricas. Um cordão sanitário
autoritário é estendido no interior das cidades entre ricos e pobres. Controle médico da
população. 1 – controle da vacinação, obrigando os diferentes elementos da população
a se vacinarem. 2 – organização dos registros de endemias e doenças epidêmicas. 3 -
localização de lugares insalubres e destruição dos focos de insalubridade. O health
servisse atinge igualmente toda a população e cuidados médicos que tem por objetivo
a população e não o individuo. Reaparece no séc. XIX grupos de dissidência religiosa que
tem por objetivo lutar contra a medicalização, reivindicando o direito sobre o próprio
corpo, de viver, estar doente, curar e morrer como quiserem. Desejo de escapar da
medicalização autoritária.

Diferentemente da medicina urbana francesa e da medicina de Estado Alemã, na Inglaterra


surge uma medicina que é essencialmente um controle da saúde e doo corpo das classes mais
pobres, para torna-las mais aptas ao trabalho e menos perigosas às classes mais ricas. Ligou três
coisas – assistência médica ao pobre, controle de saúde da força de trabalho e
esquadrinhamento geral da saúde pública – protegendo os ricos. Uma medicina com faces e
formas de poder diferentes: assistencial, administrativa e privada.

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