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02 a 04 de Dezembro de 2015
ALUNOS TRABALHADORES
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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Com essa divisão está dada também a repartição do trabalho e seus produtos, a
propriedade e a contradição entre interesse particular e comunitário.
Marx e Engels apontam que a divisão do trabalho é um dos principais momentos
no desenvolvimento histórico até os nossos dias e que é realizada no processo de
desenvolvimento das sociedades.
Cronologicamente, podemos estabelecer que houve uma organização do trabalho
nas sociedades da antiguidade até o fim da Idade Média, com o fim do período
medieval, e que houve outra organização com a emergência do mercantilismo e do
capitalismo, bases do trabalho na sociedade moderna.
Inserido na sociedade capitalista e na lógica do capital, o trabalho torna-se uma
atividade rotineira, desqualificada e desvinculada de seu caráter ontológico. O
trabalhador se sujeita à situações de exploração, pois precisa sobreviver de seu trabalho
assalariado. De acordo com esse novo modo de ser do trabalho na sociedade capitalista,
Marx aponta o fenômeno do estranhamento produzido pela exploração do trabalho pelo
capital. Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos (p. 78), diz que “o trabalho
estranhado reveste uma relação própria, particular e histórica, comum ao capitalismo,
que faz da atividade do trabalho somente um meio para a sobrevivência física do
trabalhador.”
Além das mudanças sofridas nas configurações do trabalho, podemos destacar
que vários tipos de enfrentamento ocorreram ao longo do desenvolvimento do
capitalismo e com isso novas transformações ocorreram na sociedade, principalmente
na década de 1970.
O capitalismo, após um longo período de acumulação de capital, começou a dar
sinais de um cenário crítico. Segundo Antunes (2009), as primeiras expressões dessa
crise foram: a queda na taxa de lucro, a retração do consumo e o declínio do taylorismo-
fordismo, a ampliação do setor financeiro em relação ao produtivo, a crise do Welfare
State ou do “Estado do bem-estar social” e a flexibilização do processo produtivo e das
relações de trabalho.
Assim, em resposta à sua própria crise, o sistema iniciou sua reorganização
através de um intenso processo de reestruturação da produção do trabalho com o intuito
de reestabelecer-se nos níveis de expansão anteriores. Esse período ficou caracterizado
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por “uma ofensiva generalizada do capital e do Estado contra a classe trabalhadora [...]”
(ANTUNES, 2009, p.32).
Antunes, sobre isso, afirma que
A crise e sua lógica destrutiva teve dimensões tão fortes que a desestruturação e
desmontagem de regiões inteiras foi seu resultado. Desemprego, precarização do
trabalho e destruição da natureza foram os traços marcantes desse período.
A partir de então, com o processo de reestruturação produtiva, que acarretou em
significativas mudanças no processo produtivo, a substituição do fordismo pelo
toyotismo foi o que mais impactou o mundo da produção a partir de estratégias que
caracterizam um período no qual a acumulação foi dirigida por processos de
flexibilização. O toyotismo estabeleceu um padrão de acumulação caracterizado pela
flexibilidade, tanto no processo produtivo quanto nas relações trabalhistas.
Em relação a flexibilidade, Sennett afirma que através das modernas formas de
flexibilidade foram produzidas novas estruturas de controle e que por trás delas se
esconde o sistema de poder (2000, p. 54).
No Brasil, o cenário não poderia ser outro e os reflexos da crise estrutural do
capital ficaram evidentes no país a partir da década de 1990. Nessa época, o país
caminhava, aparentemente, para a consolidação dos direitos sociais e trabalhistas. Estes,
duramente requeridos no processo de luta de classe e reconhecidos legalmente na
Constituição Federal de 1988, após um período de ditadura militar. O início dos anos
1990 demarca no Brasil a adoção ao neoliberalismo e a reestruturação produtiva.
Dentro de todo esse contexto, consequência das várias mutações ocorridas como
resultado da crise do capital, é necessário acrescentar que a classe trabalhadora foi
fortemente afetada com as transformações no mundo do trabalho, uma vez que é
submetida à racionalidade do capital e à lógica dos mercados.
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Além disso, os autores também indicam que “paralelamente a esta exclusão dos
'idosos' e jovens em idade pós-escolar, o mundo do trabalho (…) tem se utilizado da
inclusão precoce e criminosa de crianças no mercado de trabalho, nas mais diversas
atividades produtivas” (2004, p. 339).
Assim, considerando a relação que se estabelece entre os jovens e as profundas
transformações que afetam o mundo do trabalho, analisar-se-á, na sequência, o jovem
como sujeito pertencente à categoria juventude, articulando-se às análises a respeito das
relações entre educação e trabalho e os respectivos sentidos que tem em suas vidas.
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Dentro dessa mesma ótica reflexiva, Sanfelice (2013, p. 74) aponta que é preciso
atenção ao fato de que as juventudes, na sua grande maioria, são objeto de um projeto
educativo que as induzem a se prepararem para o trabalho simples. Formar para o
mercado de trabalho é o objetivo central da educação, enquanto reprodutora e
mantenedora da lógica do capital, imposto às juventudes hoje. Nesse cenário, no qual a
mão-de-obra a ser utilizada no trabalho simples exige apenas algumas habilidades e
quase nenhuma formação tenológica, jovens competem entre si para garantir seu lugar
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Entretanto, “por mais que o liberalismo propague um mundo onde 'todos têm a
mesma chance', como lembra Wright Mills, estar no topo é muito mais fácil para quem
nasce no topo e ocultar isso é, para determinados fins, missão ideológica” (SANEH,
2011, p. 256).
Neste cenário ideológico, no processo de socialização dos jovens, precisamente
no âmbito da educação e do trabalho, a regra é universalizar as exigências do modelo
capitalista.
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Por conseguinte, é que Mészáros defende que educar não é a mera transferência
de conhecimentos, mas sim conscientização. Afirma que educar para além do capital
implica pensar uma sociedade para além do capital, com uma educação que deve ser
sempre continuada, permanente, baseada em práticas educativas que permitam aos
educadores e educandos trabalharem as mudanças sociais nas quais o capital não possa
mais explorar o tempo de lazer e não imponha mais uma educação para o trabalho
alienado, que mantém o homem dominado.
Considerando a premissa de que a educação precisa restabelecer sua relação com
o trabalho, apresenta-se na sequência alguns breves resultados de uma investigação
específica realizada em um Colégio Estadual de Francisco Beltrão, na 3ª série do Ensino
Médio. Os dados expostos trazem indícios que consideramos relevantes no que diz
respeito a investigações no campo das relações entre escola e trabalho, principalmente
no sentido que essas questões representam para os jovens, qual o sentido da escola e do
trabalho para esses sujeitos que constroem o processo escolar.
Participaram da pesquisa 25 jovens do Ensino Médio noturno de um colégio
estadual em Francisco Beltrão, onde foram coletados os dados. O questionário aplicado
foi dividido em três partes: o perfil do aluno, sua situação quanto ao estudo e sua
situação quanto ao trabalho.
Os dados coletados, referentes ao perfil dos/as alunos/as, apontaram que a faixa
etária dos 25 alunos/as pesquisados/as está entre os 16 e 27 anos. A maioria está com 18
anos, 24%. 20% tem 17 anos, 16% tem 20 anos e outros 16% 16 anos, 8% tem 19 anos,
4% tem 21, 22 e 27 anos e 4% não responderam. 64% são do sexo feminino e 36% são
do sexo masculino. Os dados revelam também, de acordo com o estado civil, que 100%
desses jovens consideram-se solteiros, apesar de quatro deles estarem residindo com
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cônjuge.
Quanto a questão da moradia, 72% dos jovens moram com os pais, 16% moram
com o cônjuge, 8% moram com parente e/ou amigos e 4% moram sozinhos/as.
80% dos jovens pesquisados não ficaram sem estudar antes de entrarem no
Ensino Médio. 20% deles tiveram que se afastar dos estudos: quatro alunos/as pela
necessidade de trabalhar e um/uma por ter se mudado de Estado e ficado sem vaga na
escola.
Ao serem questionados sobre o motivo de frequentarem a escola e não desistir
dela, apontaram a formação profissional, o prosseguimento nos estudos (vestibular), a
importância dos estudos para a vida e a necessidade de conseguir um emprego como
motivos principais. Já o gosto pelos estudos e a convivência com os/as colegas. Quando
questionados sobre as melhorias que o curso pode garantir a eles, indicaram que
pretendem ser um profissional melhor conhecendo seus direitos, ter melhores condições
no trabalho atual ou mudar de trabalho e não ser explorado como trabalhador.
Quanto a questão sobre o abandono escolar, 80% afirmou que não nunca
abandonaram ou desistiram de estudar. 20% interrompeu os estudos por exigências do
trabalho que desempenhavam na época.
Sobre o sentido que a escola tem nas vidas dos jovens pesquisados, nota-se
através de algumas descrições, transcritas abaixo, a importância que a escola exerce na
vida deles:
“Mundo em que vivemos não tem espaço para quem não estuda.”
(Sujeito 1)
“Ela faz o diferencial e é essencial em minha vida.” (Sujeito 2)
“Dar a principal base de conhecimentos para encaminhar ao ensino
superior. (Sujeito 3)
“A escola é saber, é inteligência, é realização, com a escola tu vai
longe profissionalmente, mentalmente, é tu entender bem a realidade,
é conhecer o meio em que vive.” (Sujeito 4)
“A escola é fundamental na vida de qualquer ser humano,
principalmente para uma melhor formação e qualidade de vida.”
(Sujeito 5)
“O sentido principal é o término do ensino médio para prosseguir os
estudos em uma universidade, sendo assim a garantia de um emprego
melhor.” (Sujeito 6)
“Sentido de necessidade, pois a cada dia que passa, somos mais
dependentes de uma boa formação para sermos bem sucedidos na
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vida.” (Sujeito 7)
“A escola me garante uma ocupação, tendo melhores condições de
emprego, assim adquirindo um conhecimento profissional para ter um
bom emprego.” (Sujeito 8)
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A geração de jovens que têm o apoio dos pais para entrar no mundo do
trabalho (…) tem uma situação diferenciada de orçamento. Enquanto
o salário dos jovens trabalhadores das classes pobres é usado quase
integralmente no pagamento das despesas essenciais, na manutenção
da vida doméstica, com pouco ou nenhum espaço para pequenos
luxos, como cultura, os jovens das classes média e alta muitas vezes
não precisam contribuir com as despesas da casa. O salário recebido é
um complemento destinado ao consumo de produtos típicos do desejo
juvenil de qualquer classe (2011, p. 266).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O significado que a escola assume para os jovens que ali estudam é positivo.
Mesmo correndo o risco de ser apenas uma ilusão, é na educação que buscam meios
para conquistarem suas metas, que veem possibilidades para seu desenvolvimento
pessoal e profissional e, principalmente, buscam através dela a conquista de uma
profissão e sua inserção no mercado de trabalho.
Contudo, com essa extrema positividade outorgada à escola, percebe-se clara e
proporcionalmente a ausência de elementos negativos. Todos os alunos apontam-na
como algo importante. Esse aspecto, considerando a realidade do sistema educativo,
demonstra, minimamente, uma carência do real significado da escola, pois estes jovens
não percebem “as diferenças entre quem parte para o jogo com a nota dez e com a nota
zero” (SANEH, 2011, 267), não distinguem se são falsas ou verdadeiras as ideias das
classes dominantes apresentadas como leis naturais. “Daí a necessidade urgente do
contraponto: é preciso pensar enquanto cultura de resistência, a formação de uma
contra-consciência.” (SANFELICE, 2013, p. 86)
Sabe-se que a escola sozinha não pode ser responsabilizada pela solução dos
problemas sociais que afligem seus alunos, particularmente no que tange às dificuldades
de acesso ao trabalho em condições adequadas. Entretanto, a escola pode pensar
soluções essenciais, e não apenas formais, para uma educação que vise uma contra-
internalização. Conforme Sanfelice,
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Por conseguinte, de acordo com Sanfelice (2013), acredita-se que seja viável que
os jovens possam e devam auxiliar no erigir de uma contra-consciência à lógica do
capital, que alimentem novas utopias. É tempo de oportunizarmos as juventudes, através
da educação como ação humanizadora, promovendo a verdadeira interação jovem,
escola-trabalho.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Tradução de Álvaro Pina. - 1.ed.
- São Paulo: Expressão Popular, 2009.
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