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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

III – MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS

____________________________________________________________________________________
A medição de distâncias e ângulos possibilita o posicionamento de um ponto em um
determinado sistema de referência.
As distâncias podem ser determinadas percorrendo o alinhamento do início ao fim, medindo
diretamente a grandeza procurada - processo direto [2] - ou a partir de observações que estejam
implícita ou explicitamente ligadas à distância procurada - processo indireto [3]. No processo indireto
serão estudados, neste capítulo, os métodos: Taqueométrico [3.1] e brevemente, mira horizontal [3.2] e
medida eletrônica de distâncias [3.3].
Após estudar os processos diretos e indiretos é apresentado um processo de medição de
distâncias relativas a pontos inacessíveis [4]. A seguir serão estudados os efeitos da curvatura da Terra
[5] e da altitude [6] nas distâncias.
Dependendo da finalidade do trabalho, da precisão requerida e do tamanho da área a ser
levantada, a distância observada deve ser reduzida ao nível do mar e daí, ao plano topográfico. Ainda
neste capítulo serão estudadas as reduções de distâncias em levantamentos topográficos [7.1] e em
trabalhos de locação de projetos [7.2].
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1- INTRODUÇÃO

Antes de entrar no assunto de medição de distâncias, é necessário verificarmos a definição de


erro relativo (er): é a razão adimensional entre o erro cometido na medição e o valor mais provável para
a grandeza observada. Se, por exemplo, ao medir uma distância de 1000 m comete-se um erro de 50
cm, o erro relativo será de 0,0005; que pode ser expresso em porcentagem (%), multiplicando este valor
por 100 ou em partes por milhão (ppm), multiplicando-o por 106, ou ainda expresso no formato de escala,
ou seja, o algarismo 1 no numerador e no denominador a razão adimensional entre o valor mais provável
para a grandeza e o erro cometido; para o exemplo, er = 1 2000 . O erro relativo é uma medida da
qualidade da observação; quanto menor for o erro relativo, melhor foi efetuada a observação. O Capítulo
4 trata com mais detalhe dos erros cometidos, ou das propriedades estatísticas, em ciências
experimentais como a topografia.
Como mostra a Figura 3.1, a distância espacial ou inclinada, DI, entre dois pontos pode ser
decomposta em:

• Distância Horizontal (DH): também conhecida como distância REDUZIDA. É a distância


entre dois pontos medida em um plano horizontal. Esta distância é a que, por força de
lei, consta em escrituras imobiliárias. Por isso é também denominada ‘distância legal’.

• Distância Vertical ou Diferença de Nível (DV ou DN): é a distância entre dois pontos
medida ao longo da vertical. Pode ser ao longo da vertical de A ou de B – Figura 3.1.

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

A • DH

DI DVAB

Figura 3.1- Distâncias inclinada, horizontal e vertical entre dois pontos.

Para pesquisar: As verticais que passam pelos pontos A e B são paralelas? Ou seja, o plano horizontal
que passa por A é também perpendicular à vertical de B?

Como visto no capítulo I, a Topografia pode ser dividida em planimetria, altimetria e


planialtimetria. A Planimetria trata das distâncias e ângulos horizontais, assuntos deste texto, e a
altimetria, que busca descrever o relevo do lugar, trata de ângulos e distâncias verticais. Altimetria e
planialtimetria não fazem parte do escopo deste trabalho.

Para observar distâncias horizontais há dois processos, a saber: o direto e o indireto.

2- PROCESSO DIRETO

Nesse processo o seguimento a ser medido deve ser percorrido do início ao fim. Portanto,
obstáculos como lagos, rios, construções, etc., entre os extremos do seguimento a ser medido, impedem
o emprego do processo direto.
Caso não haja obstáculos, podem ser empregados os seguintes instrumentos:
• Trena de invar (liga de aço e níquel – 36% de níquel).
• Trena de Aço – Constitui-se de uma lâmina de aço inoxidável devidamente
graduada. Comprimentos disponíveis no mercado: 1, 2, 3, 5, 10, 20 e 50 metros.
• Trena de Fibra de Vidro - É feita de material bastante resistente (produto inorgânico
obtido do próprio vidro por processos especiais). Comprimentos disponíveis no
mercado: 20 e 50 metros.
• Trena de Lona - É feita de pano oleado ao qual estão ligados fios de arame muito
finos que lhe dão alguma consistência e invariabilidade de comprimento.
Comprimentos disponíveis no mercado: 20 e 50 metros.
• Roda Contadora – Instrumento utilizado para medir distâncias curvas.

Se o seguimento a ser medido é maior que a trena utilizada ou o terreno é muito íngreme, divide-
se o seguimento em seções, alinhadas com os extremos do seguimento, conforme esboça a Figura

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3.2. A materialização de alinhamentos, seja na construção de pontes que se inicia dos dois lados de
um rio, seja na construção de túneis, de dutos em geral e de linhas de transmissão de energia elétrica
constitui uma interessante aplicação da topografia.

Para pesquisar: como alinhar seções de um seguimento cujos extremos não são intervisíveis?

l4
l3 l5

l2 B

l1

HZ
• B’


• •
A’ • DH AB = l1 + l 2 + L + l 5

Figura 3.2 – Divisão de um seguimento em seções para medição de


distâncias pelo processo direto

2.1- Fontes de erros na medição direta de distâncias horizontais


• Erros de Leitura: embora seja muito simples fazer leituras em uma trena; é bom
tomar cuidado, principalmente para não inverter a origem da
trena e não misturar leitura no sistema métrico com leitura em
polegadas.
• Dilatação térmica: depende do material de composição do instrumento, do
comprimento da trena e da diferença entre a temperatura
ambiente e a de aferição. Se houve dilatação o valor lido (VL)
será menor que o valor procurado (VP).
• Elasticidade: depende do material de composição do instrumento, do comprimento,
espessura e largura da trena e da diferença entre a tensão aplicada
na medição e na aferição. Com a distensão da trena o valor lido
torna-se menor que procurado (VL < VP).
• Catenária: curvatura ou barriga que se forma ao tencionar a trena. É função do seu
peso, do seu comprimento e da tensão aplicada, a Figura 3.3 ilustra este
erro. Devido à catenária o valor lido é sempre maior que o procurado (VL
> VP).

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

• Falta de horizontalidade da trena: Com a trena inclinada o valor lido será sempre
maior que o procurado (VL > VP). O menor valor
para a distância é a distância horizontal. Uma
forma de eliminar esse erro é oscilar a trena em
torno da linha de referência – uma baliza por
exemplo - e anotar o menor valor.

T T

Figura 3.3 – Catenária ao medir um comprimento l aplicando


uma tensão T em uma trena de peso p.

• Erro de alinhamento das seções: Ocorre quando as seções não estão alinhadas
com os pontos extremos. Neste caso VL > VP sempre.
• Inclinação da baliza: Qualquer inclinação na baliza na direção do alinhamento
provocará um aumento ou diminuição na distância que está sendo medida, caso
esteja incorretamente posicionada para trás ou para frente, respectivamente. Este
tipo de erro só poderá ser evitado se for feito uso do nível de cantoneira ou
substituindo a baliza por um fio de prumo.

Medir distâncias horizontais pelo processo direto pode ser muito moroso, caro e impreciso se a
equipe de trabalho não estiver bem treinada e o relevo for muito acidentado. Caso haja algum obstáculo
no alinhamento deve-se empregar o processo indireto.

3- PROCESSO INDIRETO

Não há necessidade de percorrer o alinhamento e podem ser empregados os seguintes


instrumentos e métodos:
• Taqueômetro (ou simplesmente teodolito) + mira vertical = Taqueometria;
• Teodolito + mira horizontal;
• Distanciômetro (ou estação total) + refletor. Dependendo do tipo de estação total e
da distância a ser medida, o refletor pode ser dispensado;
• Satélite de navegação + receptor + antena: não há necessidade da intervisibilidade
entre as estações;

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• Quasares + Antenas parabólicas (VLBI – “Very Long Baseline Interferometry”). Para


distâncias longas, como a distância entre a América e a África, por exemplo. È,
atualmente, a técnica que propicia maior precisão na medição de tais distâncias.

3.1- TAQUEOMETRIA

O goniômetro que além de medir ângulos horizontais e verticais é dotado de fios estadimétricos
pode ser chamado de taqueômetro ou simplesmente teodolito. A Figura 3.4 mostra os fios do retículo, ou
fios estadimétricos, de um teodolito com o qual se pode também determinar as distâncias horizontal e
vertical.

Fio Vertical. Empregado para medir


Fio estadimétrico superior.
ângulos horizontais.

Fio Médio ou nivelador.


Fio estadimétrico inferior. Empregado para medir ângulos
verticais.

Figura 3.4 – Fios do retículo e distância entre o fio superior e o inferior (h).

A Figura 3.5 mostra em destaque o centro do teodolito e a posição dos fios do retículo. A razão
entre a distância da localização dos fios ao centro do aparelho – distância Ob na Figura 3.5 - e a
distância do fio superior ao inferior – ac da Figura 3.5 ou h da Figura 3.4 - é conhecida como ‘constante
estadimétrica’.

a
O w .
b
c

Figura 3.5 – Posição dos fios do retículo em relação


ao centro de um teodolito.

A constante estadimétrica de um teodolito dada por:

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

Ob
= g (3.1)
ac

é normalmente igual a 100, ou seja, ac é cem vezes menor que Ob. Se, por exemplo, Ob for igual a 10
cm, ac será 1mm. Dessa forma o ângulo w mostrado na Figura 3.5 é muito pequeno e igual a

ac 1 180
w= = rad = ≈ 34' (3.2)
Ob 100 100 ⋅ 60 ⋅ π

3.1.1- Medição com a luneta na horizontal ( Zˆ = 90 o ou ˆi = 0 o )

A Figura 3.6 esquematiza a medição de uma distância horizontal, DH, por taqueometria com a
luneta na posição horizontal. O teodolito está num dos extremos do seguimento a ser medido e no outro
está uma régua graduada, denominada mira, perfeitamente na vertical. FS, FM e FI são as leituras
realizadas na mira, observando, pela ocular, as posições dos fios superior, médio e inferior,
respectivamente.

C
c b
O
. .
B
FS
a
FM
A
FI

DH = OB = ?

Figura 3.6 – Taqueômetro, mira vertical e medição de distância por taqueometria com luneta
na horizontal.

Da Figura 3.6, verifica-se que o triângulo Oac é semelhante ao triângulo OAC e, portanto,

OB Ob (3.3)
=
AC ac

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Mas Ob ac é a constante estadimétrica, g, do teodolito e de acordo com a Figura 3.6:

AC = FS − FI (3.4)

sendo (FS – FI) conhecida com leitura estadimétrica e representada pela letra ‘m’. Assim,

OB = AC ⋅ g = (FS − FI) ⋅ g = m ⋅ g (3.5)

ou seja, se as observações forem realizadas com a luneta na horizontal,

DH = m ⋅ g (3.6)

Fontes de erro: a medição de distâncias horizontais por taqueometria, com a luneta na


horizontal, apresenta as seguintes fontes de erro:

• Leitura na mira: é função da refração atmosférica, da capacidade de aumento da luneta,


de defeitos na graduação da mira, da paralaxe, etc;

• Imprecisão na constante estadimétrica;

• Não verticalidade da mira.

Para minimizar os erros devido à refração atmosférica recomenda-se não realizar medidas,
na mira, abaixo de meio metro, principalmente em dias e/ou lugares quentes. Erros devido à paralaxe
são evitados se as leituras FS, FM e FI são feitas de uma única vez, sem que o observador altere seu
ponto de vista de leitura. O problema com a capacidade de aumento da luneta é resolvido evitando medir
distâncias grandes, acima de 70 metros. A verticalidade da mira pode ser garantida empregando um
nível de cantoneira ou um fio de prumo. Para minimizar o erro recomenda-se não realizar leituras na
parte mais alta da mira.

3.1.2- Medição com a luneta inclinada

Neste caso, devido a diferença de nível entre os extremos do seguimento a ser medido, para
visar a mira há necessidade de inclinar a luneta para cima ou para baixo, de um ângulo î em relação ao
plano horizontal, como indicado na Figura 3.7.

Da Figura 3.7 verifica-se que

DH = OB ⋅ cos î (3.7)

Aqui o triângulo Oac é semelhante ao triângulo OA’C’ e não ao OAC. Portanto,

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

OB Ob (3.8)
= =g
A ' C' ac

ou seja
C
C’

FS
B
b
FM
c
A’
w A
O î FI

a

DH = ?

Figura 3.7 – Taqueômetro, mira vertical e medição de distância por taqueometria com luneta inclinada.

OB = A ' C' ⋅ g (3.9)

A distância A’C’ não pode ser determinada diretamente das leituras estadimétricas, mas

A ' C' = A ' B + BC' (3.10)

Como o ângulo w é muito pequeno pode-se adimitir a seguinte hipótese simplificativa: os ângulos
AÂ' B e CĈ' B são retos e portanto

A ' B = AB ⋅ cos î e BC' = BC ⋅ cos î (3.11)

Consequentemente

A ' C' = AB ⋅ cos î + BC ⋅ cos î = ( AB + BC) ⋅ cos î = AC ⋅ cos î (3.12)

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Substituindo esta equação na (3.9) tem-se:

OB = AC ⋅ cos î ⋅ g (3.13)

Substituindo a equação (3.13) na (3.7) e lembrando que AC = FS – FI = m, tem-se:

DH = m ⋅ g ⋅ cos 2 î (3.14)

Se o ângulo vertical lido é o zenital, tem-se:

DH = m ⋅ g ⋅ sen 2 Ẑ (3.15)

uma vez que o cos î = cos( 90 − Ẑ ) = sen Ẑ , no primeiro ou segundo quadrante e o

cos î = − sen( 270 + î ) = − sen ẑ para ẑ no terceiro ou quarto quadrante.

Fontes de erro: além daquelas que ocorrem quando a luneta está na horizontal têm-se como
fontes de erro:

• Leitura do ângulo vertical e

• A hipótese simplificativa adotada para se chegar à equação (3.11).

Como pode ser visto nos exercícios abaixo o efeito de um erro na observação do ângulo de
inclinação é bem menor que o efeito de um erro de leitura na mira.

EXERCÍCIOS

i) De uma estação A foi visada, com a luneta na horizontal, uma mira vertical colocada em um
ponto B. Foram feitas as seguintes leituras: fio inferior = 0,753 m e fio superior = 2,003 m. Calcule a
distância horizontal entre os pontos (AB). E se a leitura no fio superior fosse 2,000 m em vez de 2,003,
qual seria a nova distância? Calcule a diferença entre as distâncias encontradas, em centímetros.

ii) De uma estação A foi visada uma mira vertical posicionada em um ponto B. Foram feitas as
seguintes leituras: fio inferior = 0,998 m, fio médio = 1,500m, fio superior = 2,002m, com ângulo zenital
de 89º 05’ 00”. Calcule a distância horizontal entre os pontos (AB). E se o ângulo zenital fosse 89º 00’
00”, qual seria a nova distância? Calcule a diferença entre as distâncias encontradas, em centímetros.

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

3.2- UTILIZANDO MIRA HORIZONTAL

Mira horizontal, também conhecida como estádia, é uma haste de metal com baixo coeficiente
de dilatação térmica, dotada de dois alvos em seus extremos sendo a distância entre eles conhecida
com precisão.
Para medir distâncias empregando a mira horizontal, instala-se o teodolito e a mira nos extremos
do seguimento a ser medido – Figura 3.8. Utilizando o visor ótico deixa-se a mira perpendicular ao
alinhamento. Após medir o ângulo horizontal α mostrado na Figura. 3.8, calcula-se a distância horizontal
DH.
Da Figura 3.8, onde b é a distância entre os alvos da mira, verifica-se que:

α b
tg = (3.16)
2 2 ⋅ DH
portanto
b
DH = (3.17)
α
2 ⋅ tg
2

Se b = 2,000 m então
1
DH = (m) (3.18)
α
tg
2

α
DH
A

Fig. 3.8: Medida de distância com mira horizontal

Fontes de erro: A obtenção de distâncias empregando mira horizontal tem as seguintes fontes de erro:
• erro no comprimento da estádia (mira);
• erro de centralização do goniômetro e da mira;
• erro na observação de α e
• falta de perpendicularidade da estádia com o alinhamento a ser medido.

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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

O comprimento da estádia bem como a necessidade de visualizar dois alvos distando dois
metros um do outro, torna pouco exeqüível o uso desse instrumento em espaços urbanos e rurais,
principalmente em matas, limitando-o para trabalhos de triangulação, onde uma ou outra distância deve
ser medida.

3.3- MEDIDA ELETRÔNICA DE DISTÂNCIAS

O primeiro instrumento eletrônico para medir distâncias foi inventado pelo físico sueco Dr. Erik
Bergstrand, por volta de 1950, e denominado Geodímetro - um acrônimo para “geodetic distance meter”.
Este instrumento foi capaz de medir, à noite, distâncias de até 40 km, empregando a luz visível. Cerca
de sete anos depois, na África do Sul, o Dr. T. L. Wadley inventou o Telurômetro, primeiro Medidor
Eletrônico de Distâncias (MED) a empregar microondas e capaz de medir, à noite ou durante o dia,
distâncias de até 80 km.
Atualmente, os medidores eletrônicos de distâncias empregam o laser visível (RL) ou infra
vermelho próximo - laser invisível (IR) -, com comprimentos de onda variando de 500 nm a 1100 nm,
para medir distâncias de até 5 km, com precisão de (10 mm + 5 ppm) a (1 mm + 1 ppm). Há as
chamadas trenas eletrônicas que medem distâncias de até 300 m e as Estações totais, instrumentos que
além de medir distâncias, medem ângulos horizontais e verticais eletronicamente.
A Figura 3.9 representa o processo de medição eletrônica de distâncias. Num dos extremos do
seguimento a ser medido é posicionado o medidor - instrumento que gera sinais eletromagnéticos,
emite-os, recebe-os de volta e realiza medidas e cálculos – e no outro extremo é posicionado o refletor,
que tem a função de refletir para o medidor os sinais por ele emitidos. Há instrumentos que emitem o
laser visível e dispensam o refletor para distâncias pequenas, menores que 300 metros.

Refletor
Emissor/Receptor
D

DH

Fig. 3.9 - Medida eletrônica de distância

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

3.3.1- Princípio da medida eletrônica de distâncias

Afinal o que mede um distanciômetro?

a) o tempo de propagação (t) do sinal (?)

A precisão desta observação depende da estabilidade do oscilador, normalmente de cristal, do


medidor eletrônico de distâncias. Seja na Figura 3.9: D, a distância a ser medida e V, a velocidade de
propagação do sinal, cerca de 3 x 108 m/s no vácuo.
Se o tempo de propagação t, de ida e volta do sinal, é observado tem-se:

v⋅t
D= ; (3.19)
2

Se o instrumento medisse o tempo com uma precisão máxima de 10-6 segundos, o que já pode
ser considerado como uma boa precisão para medida de tempo, a precisão na distância seria de:

3 ⋅ 108 ⋅ 10−6
σD = = 150 m (3.20)
2

que é uma precisão muito ruim para as distâncias empregadas em topografia.


Devido à dificuldade de se medir o tempo de propagação da luz com tamanha precisão, os MED
atualmente disponíveis não fazem essa observação.
Atualmente, com o desenvolvimento de osciladores atômicos de átomos frios com uma margem
de erro da ordem de 1 segundo a cada 3 bilhões de ano, ou 10-17 S/S, vislumbra-se a possibilidade de se
ter instrumentos que meçam com precisão o tempo de propagação da radiação eletromagnética.

b) A diferença de fase entre o sinal recebido e o emitido (ϕ)

Na Figura 3.9 verifica-se que há, no caminho de ida e volta do sinal entre os extremos do
seguimento a ser medido, um número inteiro de comprimentos de ondas que será representado por m, e
uma parte fracionária da onda representada pela letra d. Portanto, da referida Figura, conclui-se que:

2 ⋅D = m ⋅ λ + d (3.21)

À parte fracionária d corresponde uma diferença de fase f de forma que:

ϕ rad
d= ⋅λ (3.22)

Portanto,
ϕ
2 ⋅D = m ⋅ λ + ⋅λ . (3.23)

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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

ϕ
Fazendo = µ = defasagem do sinal recebido em ciclos, tem-se:

λ λ
D = m⋅ + µ⋅ (3.24)
2 2

onde m é o valor observado e D e m são incógnitas.


Para solucionar a indeterminação da equação (3.24) os distanciômetros emitem dois diferentes
sinais L1 e L2 (SILVA, 1993). Se λ1 ≈ λ2 tal que m1 = m2 = m então:

λ1 λ
D = m⋅ + µ1 ⋅ 1 (3.25)
2 2
e
λ2 λ
D = m⋅ + µ2 ⋅ 2 (3.26)
2 2

e assim tem-se um sistema de duas equações e duas incógnitas, D e m, uma vez que m1 e m2 são

medidos e λ1 e λ2 conhecidos.
Se, por outro lado, λ2 > 2D, tal que m2 = 0, então:

λ2
D = µ2⋅ , (3.27)
2
⎛ λ ⎞
⎜ D − µ1 × 1 ⎟
m1 = int eiro de ⎜ 2 ⎟ (3.28)
⎜ λ1 ⎟
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠

e
λ1 λ
D = m1 ⋅ + µ1 ⋅ 1 . (3.29)
2 2

Para compreender melhor este caso veja o seguinte exercício: se λ1 = 20m; λ2 = 2000m e os
valores observados µ1 = 0,451 ciclos e µ2 = 0,470 ciclos tem-se, empregando as equações (3.27), (3.28)
e (3.29) que:

0,470 × 2000
D = = 470 m
2

⎛ 470 − 0,451 × 10 ⎞
m 1 = int eiro de ⎜ ⎟ = 46
⎝ 10 ⎠

e portanto,
D = 46 × 10 + 0,451 × 10 = 464,51 m

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

EXERCÍCIOS:
i) Se uma estação total mede distâncias com uma incerteza de (2 mm + 2 ppm) qual
será o erro relativo, em ppm, para as distâncias de 20, 100, 1000 e 2000 metros?
ii) E se a incerteza fosse (5 mm + 5 ppm)?

4– DETERMINAÇÃO DE DISTÂNCIAS HORIZONTAIS ENVOLVENDO PONTOS INACESSÍVEIS

É comum na engenharia necessitar-se de distâncias relativas a pontos inacessíveis. Se se


dispõe de uma estação total capaz de medir sem refletor e o alvo reflete o espectro da radiação emitida
pelo aparelho, o problema está então resolvido; senão, podem ser empregadas as leis do seno e co-
seno como mostrado a seguir.
Seja a Figura 3.10 a representação de uma situação onde a distancia PQ, envolvendo um ponto
inacessível, deve ser determinada. Devem ser observadas, no mínimo, as seguintes grandezas:
• A distância horizontal AB e
• Os ângulos horizontais α1, α2, β1 e β2.
Há dois caminhos para se determinar a distância horizontal PQ. Um é, determinar pela lei dos
senos as distâncias AP e AQ e pela lei dos co-senos, PQ; outro é determinar PQ a partir de BP e BQ. A
seguir será desenvolvido o procedimento seguindo o primeiro caminho. Fica a cargo do estudante
desenvolver o segundo.
Do triângulo ABP, tem-se que:

AP AB sen β 1 (3.30)
= ∴ AP = AB ⋅
sen β 1 sen ω 1 sen ω 1

mas ω 1 = 180 − ( α 1 + β 1 ) , portanto, o sen ω 1 = sen ( α 1 + β 1 ) , e

ω1

A α1
α2 β1
B
β2

ω2

Q
Figura 3.10 – Determinando distâncias relativas a pontos inacessíveis

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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

sen β 1 (3.31)
AP = AB ⋅
sen( α 1 + β 1 )

Da mesma forma pode-se verificar que

sen β 2 . (3.32)
AQ = AB ⋅
sen( α 2 + β 2 )

Determinadas as distâncias AP e AQ, tem-se, do triângulo APQ da Figura 3.10:

PQ 2 = AP 2 + AQ 2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos( α1 + α 2 ) (3.33)

De onde se determina a distância horizontal PQ.


Quando os ângulos ω1 e ω2 são muito pequenos a precisão da distância determinada é ruim. A
melhor precisão é obtida quando esses ângulos se aproximam de 90º. È a influência da geometria na
precisão! Esse assunto será estudado com mais profundidade em disciplina específica.
Com este método pode-se, a partir de uma distância pequena determinar uma distância maior, a
partir dessa outra maior ainda e assim por diante, de forma que a partir de uma distância pequena se
possa determinar grandes distâncias. A esse procedimento dá-se o nome de ‘desenvolvimento de
bases’.

EXERCÍCIO:
Sabendo que na Figura 3.11 - que está fora de escala -, a distância horizontal entre as estações

A e B, AB, é igual a 20 m, e os ângulos horizontais horários, 2Â1 = 56 o 30' 16,90" ;

2ÂB = 112 o 33' 11,60" ; AB̂1 = 102 o 19' 04,00" e AB̂2 = 59 o 12' 53,10" , calcular a distância horizontal

entre os pontos 1 e 2.

1
A

Figura 3.11: Distância envolvendo ponto inacessível

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

5 - EFEITO DA CURVATURA DA TERRA NAS DISTÂNCIAS HORIZONTAIS

Na Figura 3.12, onde


AeB = dois pontos situados em uma esfera;
R = raio de curvatura da esfera;
s = distância esférica AB;
c = a corda correspondente à s;
d = distância horizontal AB, e
γ = o ângulo de convergência entre as verticais que passam por A e B,

d
A
d = R ⋅ tg γ
s
c
B
R s = R ⋅ γ rad

γ γ
c = 2 ⋅ R ⋅ sen
2

Fig. 3.12: Distâncias horizontal, esférica e corda.

estão contidas as conhecidas equações que relacionam distância horizontal, distância esférica e corda,
com o raio de curvatura e o ângulo de convergência. Desta Figura verifica-se que:

d γ3 2 ⋅ γ5
= tg γ ≈ γ + + + L (3.34)
R 3 15
mas
s
γ = (3.35)
R

portanto, empregando apenas os dois primeiros termos da (3.34), tem-se:

d s s3 (3.36)
= +
R R 3 ⋅R3

ou seja
s3
d−s= (3.37)
3 ⋅ R2

que é o efeito da curvatura da terra nas distâncias horizontais.


O erro relativo caso a curvatura seja desconsiderada pode ser calculado por:

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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

1 1
Er = = . (3.38)
s 3 ⋅ R2
d−s s2

EXERCÍCIO:
Dados: s = 30 km, R = 6.371 km
Calcular:
• A distância horizontal d
• O efeito da curvatura da Terra nesta distância, ou seja, calcular d – s.
• O erro relativo caso a curvatura seja desconsiderada:
• Realizar estes mesmos cálculos para s = 10 km, 5 km, 500 m e 100 m.

As respostas para esse exercício estão na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Efeito da curvatura em diferentes


distâncias
s (Km) d - s (mm) Er (ppm)

30 221,7 7,4

10 8,2 0,82

5 1,0 0,21

0,500 0,001 0,002

0,100 0,000 008 0,000 08

Observe que a correção da curvatura da Terra se faz necessária quando a distância a ser
representada em um plano é tal que o seu efeito seja considerável para os fins a que se destina a
planta.

6 - EFEITO DA ALTITUDE NAS DISTÂNCIAS HORIZONTAIS

Adotando a esfera como modelo físico e matemático para a Terra as superfícies de nível serão
esferas concêntricas. Da Figura 3.13, onde
R = raio do modelo terrestre;
hi = altitude da seção i;
si = distância esférica na superfície de nível da seção i,
sg = distância esférica ao nível do geóide, correspondente à si no Nível Médio
dos Mares (NMM) e
γ = o ângulo de convergência correspondente à si,
verifica-se que:

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Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

sg si
γ = = (3.39)
R R + hi

si

i •

hi sg

R γ

Figura 3.13- Efeito da altitude nas distâncias.

portanto
R (3.40)
sg = s i ⋅
R + hi

onde R (R + h i ) é o fator de escala que converte distâncias medidas na superfície física ao geóide.
Conclusão: a distância entre dois pontos, para fins de mapeamento, depende da posição do
seguimento medido em relação ao nível médio dos mares.

EXERCÍCIO:
Dados: hi = 800 m, R = 6.371 km e si = 30 km
Calcular:
• O fator de escala R R + h i ;

• A distância ao nível do geóide, sg;


• O efeito da altitude nesta distância, ou seja, calcular si – sg;
• O erro relativo caso este efeito seja desconsiderado;
• Realizar estes mesmos cálculos para hi = 100, 500, 1000 e 1500 m.
As respostas para esse exercício estão na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Efeito da altitude nas distâncias


h (m) si - sg (m) Er (ppm)

1500 7,06 235

1000 4,71 157

800 3,77 125

500 2,35 78

100 0,47 16

56
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

Observe que o efeito da altitude é muito maior que o efeito da curvatura da Terra. Observe
também que o erro relativo depende somente da altitude do seguimento medido e pode ser dado por:

h
Erh = ⋅ 10 6 (ppm) (3.41)
R+h

O efeito da altitude deve ser corrigido quando há grandes variações de altitude na região a ser
mapeada ou quando se pretende conectar a planta à carta do município, do estado ou do País.

7 – REDUÇÕES DE DISTÂNCIAS MEDIDAS PELO PROCESSO DIRETO

A Figura 3.14 representa a medição de várias seções de uma distância longa, pelo processo
direto. Tal distância deve ser corrigida dos efeitos da altitude e da curvatura da Terra. À estas correções
da-se o nome de ‘Reduções’. Há duas situações em que as reduções devem ser aplicadas: uma, quando
se vai confeccionar uma planta topográfica, ou seja, os dados serão coletados em campo e processados
para serem representados em um plano, item 7.1; e a outra, quando os dados serão extraídos de uma
planta e materializados na superfície física, ou seja, quando se fará ‘locações’, item 7.2.

ZA ZB

A d1 D
d2 S
d3
· · Superfície de
·
dn nível de A
hA
B
Superfície
física
DH
Plano topográfico
Sg
Geóide (Nível
R Médio dos Mares)

CG
CG
Figura 3.14 – Medição de várias seções de uma distância longa, pelo processo direto.

57
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias

7.1- TERRENO Æ PLANTA: reduções aplicadas na confecção de uma planta.

a) Supeficie fisica Æ Superfície do Geóide: corrige-se o efeito da altitude.

R R R R (3.42)
Sg = s 1 ⋅ + s2 ⋅ + s3 ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + sn ⋅
R + h1 R + h2 R + h3 R + hn

e se as seções medidas são curtas,

s i = di (3.43)

e
R
Sg = ∑R + hi
⋅ di (3.44)

uma vez que o efeito da curvatura em cada di será nulo.

Se a variação em altitude na área que está sendo mapeada é pequena, pode se adotar uma
mesma altitude média (hm) para a região e

R
Sg = ⋅ ∑ di (3.45)
R + hm

b) Superfície do Geóide Æ Plano Topográfico: corrige-se o efeito da curvatura em Sg.

Sg 3
DH = Sg + (3.45)
3 ⋅ R2

7.2- PLANTA Æ TERRENO: reduções aplicadas em locações de projetos.

a) Plano Topográfico Æ Superfície do Geóide: efeito da curvatura

Aqui há necessidade de realizar iterações uma vez que Sg se encontra nos dois lados da
equação. Deve-se inicialmente atribuir o valor da distância horizontal à Sg.

Sg0 = DH (3.46)

Sg 3j −1
Sg j = Sg j −1 − (3.47)
3 ⋅R2

com j = 1,2, · · · até que Sg j − Sg j−1


atinja um determinado critério de convergência.

c) Superfície do Geóide Æ Supeficie fisica: efeito da altitude.


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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos

R + hm (3.44)
Ssf = Sg ⋅
R

EXERCÍCIOS:
i) Um seguimento de aproximadamente 500 m, localizado a uma altitude média de 800 m, foi
dividido em dez seções para ser medido com trena de invar. Os valores das seções, em
metros, são: 49,973, 49,853, 49,936, 49,875, 49,941, 49,832, 49,876, 49,946, 49,912,
49,954. Determinar o valor da distância reduzida ao plano topográfico tangente ao geóide.
Considerar o raio da Terra igual a 6371 Km.
ii) Em um mapa na escala 1/2 000, construído em um plano topográfico tangente ao nível
médio dos mares, foi medida uma distância de 56 cm. Sabendo que a região em que se
encontra o seguimento medido está a uma altitude de 800 m, determinar o valor da distância
esférica correspondente, a ser locada com trena, na superfície física. Considerar o raio da
Terra igual a 6 371 Km.

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