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Se ele for Tentado

(Wherlock 05)

Hannah Howell
Sinopse
Lady Olympia Wherlocke tem o dom da clarividência. Quando Lady
Agatha Mallam pede a Olympia para localizar seu irmão para que ele possa
resgatá-la de um casamento arranjado, ela sabe exatamente onde encontrar
Lorde Brant Mallam, conde de Fieldgate. O que acontece em seguida é algo
que ela nunca imaginou...

Desde que sua noiva morreu, Lorde Brant Mallam afogou sua tristeza
com vinho e mulheres. Seus caminhos dissolutos só encorajaram sua
calculadora mãe. Mas com a ajuda da encantadora Olympia, ele inventa um
ousado plano para acabar com as tramas tortuosas de sua mãe para sua irmã.
Embora cada passo em seu arrojado esquema funcione com perfeição, os
pecados do passado poderiam desvendar um desejo crescente que nem
Olympia ou Brant pode controlar...
Capítulo 1

Londres
Outono, 1790

Lady Olympia Wherlocke odiava mulheres chorosas. Quanto mais


jovem fosse a mulher chorando, mais ela odiava. Todos os seus instintos
maternais vinham a tona e ela não desejava se sentir maternal. Era muito
jovem para se sentir assim sobre uma jovem mulher que parecia estar quase
pronta para ir à caça de um marido, pelo menos em um ano ou dois. Os
enormes olhos cinza-azulados da jovem mulher parada em sua porta estavam
cheios de lágrimas, de modo que, Olympia achava que a torrente de lágrimas
começaria a qualquer momento.
Quando ela notou a garota parada sozinha em frente a porta, Olympia
teve de segurar uma maldição. O traje caro que a garota usava e seu jeito
refinado eram de qualidade. A capa que ela usava em uma vã tentativa de se
disfarçar valeria no mercado de usados o suficiente para alimentar uma família
pobre por um ano, talvez até mais. Deveria ter uma donzela a acompanhando,
até um lacaio, um lacaio armado ou dois.
―Eu preciso falar com Ashton, Lorde Radmoor―. Disse a garota.
―Ele não está aqui― respondeu Olympia. Relanceando os olhos acima
e abaixo para as sombras do crepúsculo na rua e vendo que essa pequena
confrontação começava a atrair muita atenção. A família dela estava
lentamente comprando todas as casas da rua mas ainda existia um bom
número de estranhos vivendo por perto. Pessoas que não eram leais a ela ou a
sua família e não hesitariam em fofocar sobre eles.
―Venha para dentro― Olympia ofereceu enquanto pegava a garota
pelo braço fino e a puxava para dentro da casa. ―Você não quer realmente
discutir quaisquer que sejam seus problemas na rua― Ela disse enquanto
guiava sua não convidada visita até a sala.
―Oh, não, claro que não― A garota sussurrou enquanto rapidamente
sentava na cadeira que Olympia indicou a ela. ―Algumas palavras de nossa
conversa poderiam chegar aos ouvidos de mamãe.
Se a garota estava preocupada com uma coisa dessas não era bom sinal,
Olympia pensou. Isso implicava que essa jovem lady poderia estar a procura
de alguém que arrastar para o meio de uma batalha entre ela e a mãe. Olympia
se ocupou servindo chá a visitante, lamentando-se brevemente pelo fato de ter
de compartilhar o chá e o bolo que havia planejado aproveitar sozinha
quietamente. Como seria maravilhoso um tempo sozinha com seus próprios
pensamentos e nenhum sinal de problema no horizonte.
―Poderia me dizer exatamente quem é você?― Ela perguntou a garota
e viu suas até então pálidas bochechas enrubescerem com obvio embaraço.
―Eu sou lady Agatha Mallam, irmã de Brant Mallam, Conde de
Fieldsgate―. Ela respondeu.
Não foi fácil, mas Olympia lutou com a vontade de pegar a xícara de
chá que havia servido a ela e manda-la de volta para a rua. E não era porque
Lorde Fieldgate se fez incrivelmente notório nos últimos anos, até mesmo em
sua própria família havia sua parcela de vagabundos e libertinos. Mas porque a
mãe dessa jovem lady era uma mulher que Olympia gostaria de evitar a todo
custo. Brant poderia até ser notório pela bebedeira e apostas, mas sua mãe era
conhecida pela sociedade pelo frio poder que usava sem piedade. O brilho das
boas maneiras, estilo, graça, e excelente linhagem não poderiam jamais
esconder de Olympia o podre coração de lady Letitia Mallam, ou de outros de
sua família que sabiam que a mulher havia vendido uma jovem e inocente
mulher a um bordel para impedir que seu filho se casasse com a garota. Esse
cruel ato guiou a moça para a morte e, Olympia suspeitava fortemente, fez
Brant Mallam se afundar lentamente nas águas negras da libertinagem.
Olympia assentiu em resposta a apresentação da garota e respondeu
gentilmente. ―Eu sou lady Olympia Werlocke, a baronesa de Myrtledowns.
―Eu sei. Nós não nos conhecemos, mas já falaram de milady para mim.
Sabe quando Ashton irá retornar?
―Eu acredito que ele pretende trazer todos de volta a cidade no
outono, uma vez que minha sobrinha se recupere do parto. A cidade não é um
bom lugar para crianças pequenas nessa época do ano.
E agora o lábio inferior da garota estava tremendo, Olympia notou com
alarme. Ela rapidamente empurrou o prato de bolos e biscoitos para perto da
garota. Não estava certa se o chá era um maravilhoso calmante como muitos
falavam ser, mas esperava que chorar se tornasse impossível enquanto se
bebesse e comesse alguns bolos.
―Será tarde demais para me salvar.
Parecia que a garota havia jogado todas a esperança na lama. Olympia
lutou contra a vontade de abraçar a jovem Agatha, dar tapinhas nas costas, e
dizer que tudo ia terminar bem. Tais garantias não eram dela para poder dá-
las, especialmente quando não sabia exatamente quais eram os problemas da
irmã de Brant.
E porque ela pensava constantemente nele como Brant? Olympia se
perguntou. Ela duvidava que tivesse passado mais do que algumas horas na
companhia dele nos últimos anos. Deveria se referir a ele como lorde, ou
Fieldgate, ou até Lorde Fieldgate para ela, não apenas Brant, como se fossem
amigos de longa data ou próximos. Era incrível que ela pudesse vê-lo tão
claramente em sua mente, ainda mais incrível que sentisse um calor no mero
fato de pensar nos seus escuros olhos cinzas e seu belo físico. Isso realmente a
confundiu, apesar de gostar de olhar para cavalheiros bonitos, ela nunca
experimentou nem uma centelha de calor quando o fazia.
―Muito tarde para que?― ela perguntou, e silenciosamente se
amaldiçoou pela inabilidade de ignorar a angústia da garota e manda-la direto
para casa.
―Parar meu casamento.
―Casamento? Você não parece velha o suficiente nem para ser
apresentada à sociedade ainda.
―Eu acabei de fazer dezesseis, mas mamãe decidiu que é hora de me
casar. Neste mesmo momento está negociando com um homem que deseja
muito se casar comigo― Agatha tomou uma profunda e instável respiração
em uma óbvia, e não bem sucedida, tentativa de se acalmar. ―Ela está
negociando com Lorde Horace Minden, o Barão de Minden Grange.
Olympia quase deixou a xícara que estava levando aos lábios cair. Ela
tinha pouco a fazer na sociedade, achava tudo tedioso e as vezes cruel, se
misturava apenas quando queria descobrir algo, mas até ela reconhecia o
nome. O homem era notório e não simplesmente porque ele era um velho
libertino. Haviam poucos homens de título que constavam na lista de
devassos, o conde de Fieldgate era um. O rumor que fez Minden se destacar
acima de todos os outros patifes e cães libertinos da aristocracia era que o
homem tolerava o pecado que até o maior dos devassos ficava longe. Havia
também o rumor que suas outras três esposas não haviam morrido de doenças
ou acidentes como ele clamava, mas nada pôde ser provado. Ninguém havia
conhecido seus filhos e o pouco que ela havia escutado, era que ele tinha oito
filhos vivos.
―Você está certa disso?― Ela perguntou a garota.
―Eu os escutei conversando― respondeu Agatha. ―Mamãe quer muito
dinheiro por mim. O barão ainda não se retirou das negociações, como eu
ouvi mamãe dizer, ele está ávido para ter uma esposa jovem e virgem―
Agatha piscou furiosamente em uma vã tentativa de segurar as lágrimas. ―Eu
sei que é minha obrigação casar de acordo com o desejo de minha família mas
pensei que teria ao menos uma temporada para conhecer alguns cavalheiros
de valor. Eu nem ao menos me preocuparia muito se o homem escolhido para
mim fosse mais velho. Isso é uma situação comum. Mas não posso suportar o
pensamento de ser casada com Minden. Até eu ouvi sussurros sobre o tipo de
homem que ele é, o que ele faz, e as histórias reviram meu estômago.
―E devem― Olympia murmurou e deu um gole em seu chá, se
perguntando quem foi cruel o suficiente ou grosseiro o suficiente para dizer a
uma jovem inocente tais histórias. ―O que acha que Ashton pode fazer para
ajudar? Ele não faz parte da sua família.
―Ele poderia ser capaz de achar Brant e dizer a ele sobre meus
problemas. Eu tenho tentado alcançar meu irmão pois ele é o cabeça da
família, mas tem sido impossível alcança-lo. Nenhuma das cartas que mandei a
ele foi respondida. Eu não tenho nem certeza de que elas chegaram até ele
apesar de ter feito meu melhor tentando enviar a ele minhas cartas sem que
fossem interceptadas. É muito difícil saber em quem eu posso confiar em
casa. Todos os serventes têm medo de mamãe.
―Não há mais ninguém na sua família que possa lhe ajudar?
―Minhas duas irmãs mais velhas estão casadas e eu não acredito que
elas iriam escutar meus pedidos de ajuda. Elas são bem mais velhas que eu e
estão casadas por um bom tempo. Papai arranjou seus casamentos e eu
acredito que os dois homens foram escolhidos pelo que papai poderia ganhar
deles não pelo que poderiam satisfazer Mary e Alice , ou que poderiam fazer
as duas felizes. Eu recordo uma discussão feroz entre papai e Brant, por que
esses acordos foram firmados e feitos enquanto Brant estava longe de casa.
Não lhe enviaram nem um convite para o casamento. Eu acho que papai sabia
que Brant não ia aprovar. Meus outros irmãos são mais novos que eu e Brant
os enviou para longe para estudar. Eu não estou certa do que aconteceu, mas
mamãe não teve mais filhos depois de Brant por quase dezessete anos, e
depois ela me teve, logo Jasper e Emery.
Olympia podia facilmente adivinhar o que aconteceu. Um homem com
poucos fundos para bancar amantes e cortesãs cuja companhia aproveitou
durante anos, de repente decide fazer uso da esposa por tanto tempo
negligenciada. Por um momento, Olympia quase sentiu pena de Lady Letitia,
pensando em como o comportamento do marido poderia ter causado toda a
sua amargura, mas então ela colocou a simpatia de lado. Os atos de Lady
Letitia em relação a Brant, os que fizeram com que ele desse as costas a ela,
eram sombrios e maus para serem explicados pela negligencia de um marido.
Deveria já haver uma semente de escuridão na alma da mulher.
―Você sabe como encontrar Ashton ou Brant, Milady?― Agatha
perguntou, interrompendo os pensamentos de Olympia.
―Como eu disse, Ashton espera o nascimento de outra criança então
não acredito que ache muita ajuda nele, não importa o quão sinceramente ele
gostaria de a oferecer. Ele não desejará deixar sua esposa. E ele não possui
poder suficiente para ajudar você desde que não é um membro de sua família,
ou mesmo um primo distante.
―Ele poderia atirar em Minden― resmungou Agatha.
―Tem isso, mas eu acredito que Penelope iria preferir que seu marido
não fosse enforcado ou exilado.
Olympia reprimiu um sorriso quando Agatha fez uma careta. ―Eu
poderia tentar alcançar seu irmão―. Assim que disse as palavras, Olympia
desejou poder retirá-las. Ela havia sido pega recentemente nos problemas do
irmão Argus, e antes disso, nos de sua sobrinha Penelope, e suas primas Chloe
e Alethea. Este problema não afetaria ninguém de sua família. Ainda assim, ela
sabia que iria marchar direto para o meio dele. Que mulher não iria querer
ajudar uma jovem inocente a evitar um casamento forçado com um homem
cuja reputação era tão negra como a de Minden?
―Você faria isso por mim?― Agatha perguntou, apertando suas mãos
juntas e pressionando-as em seu peito.
―Eu vou tentar. Isso é tudo que vou prometer. Agora, termine seu chá
e eu farei que você retorne para casa em segurança.
―E discretamente, se não se importar― Agatha corou. ―Mamãe não
pode saber que eu estava a procura de ajuda, ela fará o possível para impedir
isso. Eu não acredito que ela vá permitir que algo atrapalhe seus planos. Eu
tenho de me mover no maior sigilo.
―Acredite em mim nisso, milady. Uma coisa em que minha família é
excelente é em serem sigilosos―. Olympia começava a soar como se estivesse
se envolvendo em mais do que um simples casamento forçado. ―Desde que
seu irmão é o mais influente da família, eu não vejo como sua mãe possa casar
você sem ele consentir isso. Ela iria, no mínimo, precisar que seu irmão
assinasse alguns papéis antes de lhe entregar para Minden.
―Ela pretende forjar a assinatura dele. Ela já fez isso muitas vezes.
Acredito que tenha convencido alguns homens no poder que é ela que deve
ter poder sobre mim por causa do que meu irmão se tornou.
Pela próxima meia hora, Olympia gentilmente extraiu toda a
informação que Agatha tinha com relação aos truques e esquemas da mãe.
Agatha aprendeu bem a arte de pegar as migalhas e tinha muito o que contar,
mesmo que a garota parecesse não entender tudo o que tinha ouvido. A irmã
de Brant não tinha prova de nada, não estava certa nem de suas suspeitas, mas
tudo o que disse a Olympia foi mais do que suficiente para reafirmar a opinião
pessoal de Olympia de que lady Letitia Mallan estava mais do que atrasada
para um enforcamento. Olympia não iria se surpreender em nada se
descobrisse que Lady Letitia se unira a Mindem para algo mais do que casar a
última de suas filhas.
No momento em que ela estava certa de que a jovem Agatha não tinha
mais nada a contar, Olympia chamou seu lacaio Pawl. Ela deu a garota
instruções precisas de como poderia secretamente entrar em contato com ela
se precisasse e então garantiu que seu lacaio entendesse a importância da
discrição ao deixar a garota em casa despercebida. Quando a porta se fechou
atrás de Agatha e Pawl, Olympia desabou em seu assento e fechou os olhos.
Precisava endurecer seu coração, Olympia meditou. Ela realmente não
podia ajudar a todos que pedissem. As constantes dificuldades da família que
viravam as suas, tomavam o suficiente de seu tempo e força. Enquanto
ajudava Argus ela encarou perigo físico de verdade e o medo que isso causou
ainda assombrava sua mente, despertando memórias antigas e feias. Cada
incidente em que ela se envolveu nos últimos três anos tiveram muitos perigos
mas nenhum deles de fato a tocou pessoalmente. Agora que aquele incidente
o fez, ela percebeu que estava relutante em se encarregar de um resgate.
―Eu me tornei uma covarde― Ela murmurou, profundamente enojada
de si.
―Não, milady. Cuidadosa, eu espero, mas nunca uma covarde.
Olympia abriu os olhos e sorriu debilmente para sua criada Enid Jones.
Mais companheira do que criada, Enid esteve com ela desde que ambas eram
crianças. Ela sabia quando Enid falava a verdade assim que a olhava, podia ver
isso nos olhos castanhos da mulher, mas Olympia não estava tão segura de
acreditar naquela verdade.
―Aquela jovem lady precisa de ajuda e eu acabei de me oferecer como
sua campeã― Olympia disse.
―Eu suspeitei que você o faria e isso é dificilmente o ato de um
covarde.
―Eu estou muito velha para isso.
―Se isso fosse verdade, então eu devo estar com um pé na cova,
porque sou dois anos mais velha― Enid sorriu enquanto sentava perto de
Olympia. ―Agora, o que precisa ser feito para ajudar aquela moça?
―Parece que a mãe de lady Agatha, um espécime infeliz de humano e
uma mancha para a irmandade feminina, deseja vender a garota para Sir
Horace Minden, Barão de Minden Grange―. Olympia não ficou surpresa ao
ver Enid empalidecer.
―O homem deve ser velho o suficiente para ser avô daquela criança e
ele é notório pela profundidade e variedade de suas depravações.
―Ele certamente é e eu temo que é nessa profundidade que a mãe
daquela garota deseja enfiar suas garras.
―Por quê? Porque qualquer mulher iria desejar tal mancha em suas
mãos, com esse tipo de negócio imundo com o qual aquele homem lida?
―Dinheiro. Se a querida mamãe unir Horace a família através do
casamento com Agatha, a mulher poderá encontra uma forma de gentilmente
encher a bolsa.
―Como poderia qualquer mulher dar sua própria carne e sangue para
um homem assim?
―Você não pegou o nome da minha visita, Enid?
―Não, porque foi você que a recebeu e a deixou entrar.
―Ah, sim, assim foi. Aquela jovem garota que seu adorável marido está
escoltando até em casa é a irmã de Brant Mallam, Conde de Fieldgate―. Ela
assentiu, e depois de pensar por um momento, os olhos de Enid começaram a
se alargar de horror. ―Exato. A mesma mulher que vendeu a mulher que seu
filho amava e com quem iria se casar para um bordel, é a que agora cuida
daquela garota. Apesar de não podermos provar que ela ordenou que a pobre
Faith fosse morta, suas ações foram as que colocaram a garota num inferno e
depois na cova. Aquela garota com um doce rosto que acabou de sair é filha
de lady Letitia Mallam, pobre menina.
―Porque ela não foi até o irmão para pedir ajuda?
―Eu não sei se ela realmente tentou visitar o homem, mas ela afirma
que tem mandado cartas para ele sobre isso por uma quinzena ou mais.
Nenhuma resposta. Nem mesmo uma pequena nota de agradecimento por ela
ter escrito para ele. Ela esta certa de que seu irmão não viu nenhuma de suas
mensagens, apesar de estar sendo cuidadosa, alguém está parando suas
mensagens antes que elas alcancem Lorde Fieldgate. E eu suspeito que esteja
certa. Ela provavelmente vem escrevendo para ele regularmente e deve ter
recebido alguma resposta nesses anos. Há um rumor de que Fieldgate está
saltando para o mesmo caminho que Minden. Bom... anos atrás... Quando ele
era ágil o suficiente para saltar... Eu quero dizer Minden... A ultima vez que vi
Fieldgate, ele parecia bastante ágil―. Olympia garantiu quando Enid a
cutucou.
―Você está divagando― disse Enid.
―Eu sei. Homens como Minden me colocam em modo de divagar. O
pensamento daquela jovem garota sendo entregue para um homem como
Minden vira meu estômago o que também faz com que minha mente vague―
Olympia encolheu os ombros. ―Que pessoa sã iria querer pensar sobre essas
coisas?
―Nenhuma, eu estou certa― concordou Enid. ―Porque a garota
pensaria que você pode fazer algo para ajudar?
―Ela não estava procurando por mim, mas por Ashton. Esperava que
o amigo de infância do conde pudesse saber como falar com seu irmão.
Olympia tamborilava seus dedos contra o braço da cadeira. Ela
supostamente poderia mandar uma carta para Ashton, mas estava bastante
relutante em fazer isso. Era melhor a família estar longe da cidade. Era
certamente bom para Penelope que havia concebido novamente muito cedo
depois do nascimento de seus gêmeos assim como para Olympia que estava
preocupada e precisava de silêncio, ar puro e boa comida disponível no
campo. E assim que a criança nascesse, Olympia pretendia ter uma conversa
com sua sobrinha sobre como evitar ter filhos tão frequentemente. Ashton iria
escutar também se preciso.
―Eu acredito que devemos tentar deixar Ashton fora dessa bagunça―
ela murmurou.
―Lorde Radmoor pode não ficar contente com isso― Enid se moveu
para recolher o chá.
―Que pena. Penelope precisa ficar no campo e, se Radmoor pensar em
ir a Fieldgate, ela iria insistir em ir junto. Infelizmente, quanto mais eu penso
nisso, mais minha família parece estar fora da cidade e bem ocupados no
momento.
Enid balançou a cabeça ―eu duvido disso, milady. Sua família é
simplesmente muito grande. As chances de que todos eles estejam fora ou
fora de alcance ao mesmo tempo é muito, muito pequena.
―Talvez, mas eu não posso pensar em nenhum perto o suficiente no
momento― Olympia ficou de pé e ajeitou as saias. ―Eu devo mandar uma
mensagem para Fieldgate. Devemos ver se ele ignora apenas aqueles de sua
família ou se ele está ignorando a todos e a tudo.
―Você pretende lidar com esse assunto sozinha, sim?
―Não foi a mim que foi pedida ajuda?
―Não realmente. Ocorreu apenas de ser você a abrir a porta― Enid
ignorou o olhar zangado de Olympia enquanto ela fazia seu caminho e
alcançava a porta ―Eu acho que você deveria pelo menos deixar Radmoor
saber que há problemas se formando.
―Se eu puder achar um jeito de dizer sem que ele venha correndo
auxiliar seu amigo. Eu irei.
―É suficientemente justo. Eu ouvi que o conde de Fieldgate se tornou
totalmente libertino. Embora seja verdade que ele pode não carregar a mancha
de um homem como Minden. O conde alcançou um ponto onde portas estão
sendo fechadas para ele. Há alguns rumores negros sobre ele que começaram
a correr. E apesar do fato de ser jovem, e de alguma forma bom partido,
algumas famílias já começaram a proteger suas filhas dele. Na verdade, quanto
mais eu penso nisso, mais acho que você deveria passar esse problema para as
mãos de um homem.
―Bobagem― rebateu Olympia enquanto seguia Enid para fora da sala.
―Eu planejo apenas alertar o conde sobre o perigo em que sua irmã se
encontra.
―E se o conde não se importar?
Olympia não queria pensar sobre isso. Ela ouviu tudo sobre como
Brant ficou arrasado com a descoberta do corpo de sua amada Faith. Uma
cena de partir o coração, que a fez ver coisas boas em Mallan desde então,
coisas como compaixão e amor, apesar de ambas terem começado a
desaparecer com o tempo. Ela não acreditava que um homem que tivesse
sofrido de tal maneira iria agora virar as costas para sua própria irmã, iria
apenas se afastar enquanto permitia que sua mãe destruísse outro membro da
família como ela destruiu a ele.
Destruída sua vida, ela rapidamente corrigiu. Olympia se recusava a
acreditar que o homem em si tivesse sido destruído, apesar de todas as
histórias de bebedeiras e mulheres. Era normal para um homem que sofre de
coração partido tentar enterrar o coração em baixo dos efeitos do vinho e das
mulheres. Por algum motivo estranho os homens acreditavam que isso
ajudaria. Uma batalha contra sua mãe pela felicidade da irmã poderia ser o
remédio que o conde precisava para libertá-lo dos males da vida de perdição.
―Ele vai ajudar― Olympia disse e se apressou até a biblioteca onde
havia deixado o material para escrever.
―Isso pode ser exatamente o que ele precisa para voltar a ser como era
antes de saber da maldade de sua mãe.
Enid colocou o conjunto de chá em uma mesa e correu atrás de
Olympia até a biblioteca. ―Eu não gosto desse olhar em seu rosto moça.
―Moça?― Olympia sentou-se a mesa e arrumou seu material de escrita
enquanto pensava no que dizer na carta que iria escrever. ―Onde, Oh onde
está o respeito que eu mereço como uma baronesa?
―Irá retornar quando você se livrar da ideia de resgatar esse homem.
Ele é um patife, um libertino, um homem que gasta mais tempo nas sombras
dos bordeis e casas de jogo do que respirando o ar puro do campo.
―Eu acredito que ele está, nesse momento no campo― Olympia disse
enquanto mergulhava sua pena no tinteiro e começava a escrever. ―
Respirando todo aquele limpo ar do campo―. Olympia espiou sua
companheira e quase sorriu. Enid tinha os braços cruzados sobre o peito e
uma carranca em seu bonito rosto redondo. Essa desaprovação poderia ter
algo a ver com a condição em que o conde se encontrava na última vez em
que o haviam visto. O homem tinha tentado ser todo cavalheiro, curvando-se,
e depois ajudando-a a subir em sua carruagem fora da casa Benson onde
participaram de uma musical. Infelizmente Fieldgate estava tão bêbado que
quase tinha caído enquanto curvava-se para ajudá-la. O que virou algo
semelhante a atirara-la dentro da carruagem, onde ela acabou enterrando o
rosto no colo de Enid.
O desgosto de Enid por homens que bebiam demais era totalmente
compreensível. A mulher tinha crescido sob a mão brutal de um pai que
muito frequentemente bebia. Mas, por vezes, Enid poderia ser um pouco
firme demais em sua postura, um pouco implacável demais. Olympia não
tinha certeza se Fieldgate poderia ser salvo de suas próprias loucuras com a
bebida e as mulheres, mas não havia nenhum mal em, pelo menos, tentar
arrastá-lo para fora da cova.
―E eu suspeito que ele acaba de levar todas as mulheres e bebidas para
um lugar difícil de apreciá-los ―estalou Enid. ―Ele não é mais o tipo de
homem que você deveria estar conhecendo.
―Ele é amigo de meu sobrinho. O mais velho amigo de Ashton e o
mais próximo. Fieldgate é quase da família―. Ela levantou a mão quando
Enid abriu a boca para dizer alguma coisa. ―Não. Eu vou entrar em contato
com ele. E estarei pronta para ajudar sua irmã. Sozinha, se ele optar por virar
as costas para a menina, ou a seu lado se ele decidir fazer alguma coisa. A
pessoa mais importante em tudo isso é a jovem Agatha, não é? ― Enid
suspirou e acenou com a cabeça. ―Isso é, milady. Eu só não gosto da ideia de
você ficar se misturando com um homem que gosta tanto de uma garrafa.
―Se ele gostar tanto a ponto de não ajudar, ou se recusar a colocar a
garrafa no chão por um momento para ajudar a sua irmã, então eu vou
procurar alguém para me ajudar de alguma forma. Mas, primeiro, vamos
tentar descobrir se ele está ignorando todas as mensagens ou apenas as de sua
irmã.
―E se ele estiver ignorando todas as mensagens?
―Vamos dar-lhe uma quinzena para responder às mensagens que
pretendo mandar a sua casa, e, se ele não responder, vou escrever mais uma e
depois vamos viajar para Fieldgate e lê-la para ele.
Capítulo 2

―Esta é a residência de um solteiro e não há lugar para uma jovem


senhora de qualidade.
―Olympia olhou para o alto e magro mordomo bloqueando seu
caminho para Fieldgate Manor. Ela não achava que já houvesse visto um
mordomo parecer tão duro e indignado. Considerando a crescente reputação
de libertino de lorde Mallam, poderia entender a relutância do homem em
permitir a entrada de uma mulher que provavelmente parecia muito mais
respeitável do que a maioria das companhias de Brant, mas ela não tinha
tempo para acatar a tais delicadas sensibilidades.
Uma quinzena de cartas e mensageiros ignorados havia se passado
desde que ela havia dito a jovem Agatha que iria ajudá-la. Se Mallam vivesse
em Yorkshire, ela poderia ter esperado mais tempo por uma resposta antes de
agir, mas Fieldgate ficava a apenas um dia e meio de viagem de Londres,
menos ainda se a viagem fosse feita em um cavalo rápido ou em uma
carruagem rápida. Olympia tinha integralmente respeitado sua decisão de
esperar uma quinzena depois de enviar a primeira carta, mas ela havia se
tornado mais e mais ansiosa quando cada missiva ficou sem resposta. Agatha
não podia se dar ao luxo de esperar que seu irmão deixasse de lado a bebida
ou qualquer mulher com quem atualmente estava se entretendo para ouvir
seus gritos de socorro.
―Este é um assunto de família, meu bom homem―, disse ela.
―Você não é de sua família.
―Eu venho aqui como uma mensageira escolhida por sua irmã, uma
vez que ela é muito jovem para viajar sozinha.
―Então você pode me dizer a sua mensagem e vou entregá-la ao meu
senhor.
―Eu perdi uma quinzena tentando mandar uma mensagem para o
homem. Ele está, ou não as recebendo ou está inclinado não responder, não
importando quem as tenha mandado.
Algo na maneira em que os olhos do homem se estreitaram disse a
Olympia que ela estava enfrentando a razão por trás da qual Brant continuava
ignorante ao dilema em que sua irmã se encontrava. Enquanto calmamente
fechava a sombrinha, ela se perguntou o que inspirou este homem a trair seu
senhor. Dinheiro, muito provavelmente, ela decidiu e depois bateu na cabeça
do homem com a sombrinha.
Ele xingou, cambaleou para trás liberando a entrada, e Olympia
adiantou-se para acertá-lo novamente. O segundo golpe mandou o mordomo
ao chão. Ela estremeceu com o som da cabeça do homem batendo no chão de
mármore, mas não podia deixar de se sentir satisfeita por ele estar
inconsciente.
―Pawl― ela chamou, certa de que seu lacaio e Enid estavam a
poucos passos de distância, e não se surpreendeu quando ele imediatamente
apareceu ao seu lado.
―Sim, milady?― Ele sorriu quando lançou um bom olhar para o
mordomo no chão.
―Não permita que o homem me siga.
―Quer que eu o derrube novamente se ele tentar?
―Se tiver de fazê-lo. Eu acredito que sua punição está atrasada pois
começo a suspeitar que ele está trabalhando contra os melhores interesses de
sua senhoria.
―Tsk. Onde o mundo vai parar, hein?
Ela ignorou as palavras de Pawl enquanto tentava decidir onde procurar
Brant primeiro. Não tinha percebera que Fieldgate era tão grande. O homem
poderia estar em qualquer lugar das dezenas de quartos do lugar. Quanto mais
tempo levasse para encontrá-lo, mais chances haveria de haver interferência
dos servos. O mordomo poderia não ser o único traidor em Fieldgate. Ela
brevemente considerou ficar ali de pé gritando seu nome. Indelicado, mas
geralmente bastante eficaz.
―Sua senhoria está na biblioteca, milady.
Olympia olhou para o menino que falava com ela. Ele estava um pouco
sujo e mais magro do que ela pensou que deveria ser, mas não viu malícia em
seus grandes olhos azuis. Em vez disso, cada olhar do menino em direção ao
mordomo no chão estava cheio de alegria e satisfação. O mordomo poderia
ser culpado de mais do que apenas ser um traidor de sua senhoria.
―E você é?― Perguntou ao rapaz.
―Thomas Pepper, milady―, respondeu ele. ―Sou o garoto das botas―
ele sorriu. ―Às vezes o garoto dos penicos, às vezes o garoto das cozinhas, às
vezes...
―Um rapaz para todos os trabalhos,― Olympia apressadamente
interrompeu. ―Sim, eu entendo.
Entendia bem demais, pensou. Não era apenas a sua família que Brant
estava prestando pouca atenção. Havia obviamente, problemas dentro de sua
própria casa. Desde que ela o havia conhecido, pouco depois que sua sobrinha
Penelope conheceu seu amigo Ashton, ela tinha notado a sua descida lenta na
bebida e devassidão a cada vez que o encontrava, embora essas reuniões
tenham sido curtas e poucas, a estranha ocasião quando ele a ajudou a entrar
na carruagem havia sido a mais memorável. Ela tinha a sensação de que o
homem alcançou um ponto onde agora só se preocupava se sua bebida estava
por perto e se havia uma mulher em sua cama. Olympia rezou para que ela
fosse capaz de puxá-lo para fora daquele buraco escuro. Quanto mais pensava
na jovem Agatha sendo forçada a se casar com Minden, mais ela sentia que
precisava salvar a menina.
―Vá na frente, Thomas―, disse Olympia.
―Por aqui, milady.
Seguindo o menino, Olympia decidiu que não machucaria reunir um
pouco de informação sobre os assuntos de sua senhoria e de como era
Fieldgate.
―O mordomo não é completamente fiel a lorde Fieldgate, é?
―Não, minha senhora. Ele é pago por aquela vassoura velha para
espionar sua senhoria. Sim, e faz isso ao tomar dinheiro de sua senhoria para
trabalhar para ele. Você é a que tem tentado entregar uma carta ao senhor?
―Tenho tentado, sim, apesar de sua jovem irmã também ter tentado. O
mordomo pegou as mensagens, não é?
―Sim, ele pegou. Espero que você não tenha dito segredos nelas. Eles
não serão segredos mais.
―Eu fui muito cuidadosa em tudo o que disse.
―Esperta.
―Eu gosto de pensar assim. Só queria ter certeza de que a jovem irmã
de sua senhoria tivesse sido tão cuidadosa quanto eu. Suspeito que tudo que
ela tenha dito foi relatado de volta para a, hum, vassoura velha.
―Foi. Esta é a biblioteca― o menino disse quando parou antes de um
par de portas grandes. ―O senhor está sozinho, mas não deve estar se
sentindo bem, se você entende o que quero dizer.
―Eu sei exatamente o que você quer dizer. Tenho muitos parentes do
sexo masculino― Ela trocou um breve sorriso com Thomas. ―Você poderia
providenciar um chá bem forte? Talvez um pouco de comida para
acompanhar, mas uma que seja aprazível ao estômago? Não é apenas a cabeça
que fica sensível após uma bebedeira.
―Sim, milady.― O menino saiu correndo e Olympia encarou as portas
da biblioteca. Eram portas impressionantes, carvalho espesso e adornos com
esculturas de antigos estudiosos. Os Mallams obviamente tinham sido muito
ricos. Ela sabia que Brant havia investido com sucesso seu dinheiro junto com
Ashton, se perguntou o quanto desse ganho agora era desperdiçado na bebida,
prostitutas, e jogos de azar. Será que o homem não podia ver que estava
caindo rapidamente na mesma armadilha que seus antepassados?
Agitando o pensamento para longe, ela entrou na sala. Solicitar
permissão para entrar teria sido uma coisa educada a se fazer, mas não estava
se sentindo particularmente educada no momento.
Ela também não tinha vontade de ser recusada a entrar e ser colocada
na posição de ter de gritar através de uma porta fechada, tentando convencer
o homem a falar com ela.
O conde de Fieldgate estava esparramado em um sofá, com os olhos
fechados. As linhas em seu rosto bonito estavam mais claras e mais profundas
do que tinham sido antes, resultado de sua crescente perdição. Quando
Olympia aproximou-se do homem sentiu o cheiro azedo de bebida alcoólica.
Desde que ela não podia ver nenhum sinal de licor derramado ou bebidas
esquecidas por perto, e o conde parecia limpo de corpo e roupa, suspeitava
que o cheiro era resultado de uma noite de bebedeira. Seu pai tinha muitas
vezes cheirado dessa forma, como se toda a bebida que ele tivesse consumido
fosse sugada para fora de seu corpo através de sua pele. Brant Mallam estava
em um triste estado de fato, ela decidiu.
Quando chegou ao pé do sofá, de repente ele abriu os olhos e olhou
para ela. Olympia quase suspirou em voz alta ao olhar seus finos olhos cinza
escuros, a única característica que sempre recordava sobre o homem, estavam
nublados com fadiga e os brancos de seus olhos estavam avermelhados. Ele
fez uma careta para ela por um momento e, em seguida, às pressas, e
desajeitadamente, ficou de pé.
―O que você está fazendo aqui, milady?― Perguntou.
―Sente-se, Fieldgate, antes que caia no chão―, disse Olympia,
resistindo à vontade de estender a mão, agarrar seu braço, e firmá-lo enquanto
ele balançava diante dela. ―Por favor. Sente-se. Não tenho nenhum desejo de
tentar levantá-lo quando você cair, como certamente fará, em um ou dois
minutos.
Brant lentamente se sentou, tomando algumas respirações lentas e
profundas através de seu nariz em uma tentativa de conter a vertigem causada
por sua ascensão abrupta. Constrangimento começou a rastejar sobre ele, mas
se livrou dele. Não tinha convidado Lady Olympia Wherlocke para sua casa, e
ela não se anunciou antes de entrar na biblioteca. Poderia apenas aceitá-lo do
jeito que o encontrou.
Ignorou a parte dele que sinceramente desejou que ela não tivesse o
encontrado sofrendo por causa da bebida. Olhou em seus olhos azuis, viu
uma sugestão de pena, e conteve uma maldição. Nojo ele poderia facilmente
ter tolerado. Pena de uma mulher tão forte e bonita fez com que quisesse se
enrolar e se esconder, uma fraqueza que profundamente o envergonhava. O
que foi rapidamente substituído por uma vontade de jogá-la para fora de sua
casa. A curiosidade funcionou para acabar com ambos os impulsos. Desde
que a conheceu quando seu amigo Ashton e sua sobrinha Penelope se
encontraram, ele tinha visto Lady Wherlocke muito pouco, não mais do que
uns poucos e breves momentos de conversa educada, passados durante
algumas reuniões sociais. Ele não poderia pensar em nenhuma razão para que
ela estivesse em sua casa.
―Por que você está aqui?― Ele perguntou de novo, não se importando
se soava um tanto grosseiro e descortês, e então de repente se lembrou de
como ela estava agora estreitamente relacionada a um de seus mais antigos e
queridos amigos. ―Algo aconteceu com Ashton?
―Além de ter uma esposa muito fértil que em breve o presenteará com
mais um filho? Não.― Ela respondeu e se moveu para atender à batida suave
na porta da biblioteca. ―Vamos falar sobre minhas razões para estar aqui em
um momento. ― Ela abriu a porta para deixar entrar um pequeno menino e
uma empregada nervosa, ambos transportavam uma bandeja, uma com chá e
uma com comida. Brant lutou para reconhecer os seus servos, para agradecê-
los pelo nome, mas não conseguiu. Ele murmurou sua apreciação quando o
menino lhe entregou uma caneca cheia com a poção de Mat, um dos
cavalariços, famosa por curar os efeitos do excesso de bebida. Envergonhado
que seus servos estavam tão cientes do miserável estado em que estava, Brant
concentrava-se em beber a poção. No momento em que ele terminou, os
servos haviam preparado uma xícara de chá forte e enchido um prato com
comida, comida selecionada claramente com cuidado para acalmar um
estômago maltratado pela bebida. Assim que ele sentiu que poderia falar sem a
poção de Matt correndo de volta para fora dele, uma Olympia franzindo a
testa se aproximou do menino, gentilmente pegou o queixo ligeiramente
pontiagudo da criança em sua mão, e tocou seu rosto com a outra mão. ―Isso
é novo―, ela murmurou e deu ao garoto um olhar severo. ―Quem e por quê?
―A ajudante da cozinheira. Molly, ―o menino respondeu sem
hesitação, respondeu rapidamente ao tom de autoridade na voz de Olympia.
―Eu lavei minhas mãos.― O menino olhou para Brant. ―Supostamente não
devo tocar no sabão uma vez que Molly pensa que é dela, mas eu sabia que
você gostaria que as mãos que trouxessem sua comida estivessem limpas.
―Espere aqui, Thomas―, disse Olympia, enquanto ela caminhava para
a porta. Uma pequena voz disse a Olympia que este não era um problema seu.
Esta não era a sua casa e estes não eram os seus servos. Essa verdade não
diminuiu a velocidade de seus passos, no entanto, enquanto ela continuava a
marchar para as cozinhas. Nenhuma criança merecia uma bofetada tão forte
que a marcava apenas porque tentava lavar suas mãos para agradar sua
senhoria.
―Qual de vocês é Molly?― Ela perguntou quando caminhou até a
cozinha e assustou as três mulheres que trabalhavam lá.
―Eu sou Molly―, disse a mulher ao lado do fogão, fazendo uma pausa
na agitação de algo que cheirava como um prato de cordeiro. ―E quem é
você, então?― Molly parecia não ser apenas do que uma assistente para a
cozinheira. Ela também parecia experimentar muito do que cozinhava. O tom
insolente na voz da mulher era uma surpresa para qualquer servo, com apenas
uma olhada para Olympia, notava-se que ela era uma dama. Ou Mallam se
entretia com damas como amantes ou Molly tinha tanta certeza de seu lugar
em Fieldgate que ela não se importava se ou quem ela pudesse ofender.
―Eu sou Lady Wherlocke, a baronesa de Myrtledowns, e gostaria de
falar com você sobre seu tratamento para com o Mestre Thomas Pepper―
Olympia disse enquanto caminhava e ficava próxima a mulher.
―Moleque imundo―, murmurou Molly enquanto limpava as mãos no
avental sujo.
―Então, você acha que ele é imundo e ainda nega, e até o pune,
quando ele tenta limpar a sujeira?
―Ele tocou meu sabão com aquelas mãos sujas.
―Eu acredito que a maioria das pessoas que tocam no sabão o fazem
porque estão com as mãos sujas. É por esse motivo que elas pegam no sabão
para começar―. Olympia ignorou o riso abafado das outras duas empregadas
da cozinha enquanto lutava para controlar sua crescente raiva de Molly, mas
era uma batalha perdida. ―E qualquer sabão dentro dessa casa certamente não
é somente seu. Você não tinha o direito de bater no menino.
―Eu tinha todo o direito. Ele está sob o meu comando. E quem é você
para me dizer o que fazer? Somente outra das prostitutas de sua senhoria, eu
aposto. Sim, é por isso que está aqui para defender aquele pequeno bastardo.
Ele não é nada mais que o bastardo do velho senhor e da filha do chefe do
estábulo. Não há necessidade de você estar tentando mimá-lo para ganhar
atenção de sua senhoria.
―Eu acredito que seria muito sábio se você deixasse de falar―, disse
Olympia, sabendo que mais uma palavra grosseira e ela bateria na mulher.
―Oh, você acredita, não é? Thomas, ―ela cuspiu. ―Um nome bonito
para quem nasceu em pecado. Ele deveria ter morrido com sua mãe e se
juntado a ela no inferno. E duvido que você seja muito melhor porque não há
verdadeira dama que viria a esta casa. Por que não vai atrás do devasso e faz o
que veio fazer aqui, assim pode obter sua vergonha mais rápido, é você que
faz a casa feder. Sim, e por que não leva a esse pequeno bastardo Thomas
com você se não gosta do jeito em que é tratado?― Olympia esbofeteou a
mulher, fazendo suas costas baterem no fogão. Ela não se surpreendeu
quando Molly, gritando injúrias e insultos, investiu contra ela. A mulher tinha
deixado muito claro que não via Olympia como sua superior. Isso poderia
acabar sendo muito constrangedor, ela pensou enquanto se movia para se
defender.
Brant franziu a testa e, lentamente se levantou quando a porta fechou
atrás de Olympia. ―Onde ela está agora?― Ele murmurou.
―Eu acho que ela está prestes a ter uma conversa com Molly, ajudante
da cozinheira―, respondeu o menino. Foi então que Brant reparou a marca
vermelha brilhante de uma mão no rosto do rapaz. A tal Molly tinha
obviamente atingido o menino muito forte por uma pequena infração, o que
não era um comportamento que Brant permitiria em sua casa. Ele começou a
caminhar para a porta, com a intenção de ter uma palavra com Molly e
pensando que Lady Wherlocke estava se intrometendo nos assuntos da casa.
Assim que saiu para o corredor, ele pode ouvir vozes femininas vindo
das cozinhas. Desceu correndo as escadas só para parar abruptamente quando
viu seu mordomo Wilkins esparramado no chão do hall de entrada. Ele olhou
para o homem corpulento que estava claramente mantendo guarda em cima
de Wilkins.
―O que aconteceu com Wilkins?― Perguntou.
―Ele não deixava Lady Olympia falar com você―, respondeu o
homem. Antes de Brant pudesse perguntar o que o homem queria dizer com
isso mais gritos ecoaram das cozinhas. Alarmado, ele correu para a cozinha,
nem mesmo parando para dizer a Thomas e a jovem empregada, que estavam
em seu calcanhar, para não segui-lo. Ele invadiu a cozinha para ver uma de
suas servas atacar Olympia. Enquanto se adiantava para ajudar Olympia,
percebeu que ela não precisava de qualquer ajuda, e estava na verdade
defendendo-se com uma habilidade admirável.
Era tentador ficar lá e assistir Olympia, uma baronesa, brigar com uma
ajudante de cozinha, mas Brant decidiu que era melhor acabar com isso. O
único problema era que ele não tinha certeza de como apartar uma briga entre
duas mulheres, uma vez que não era algo que tivesse feito antes. Quando deu
um passo em direção às mulheres, um puxão na parte de trás do casaco levou-
o a parar e ele olhou para Thomas.
―Eu esperaria, senhor―, disse Thomas.
―Mas eu não desejo que Lady Olympia se machuque―, disse Brant.
Thomas bufou. ―Ela está indo muito bem, sim ela está. Mas, não se
preocupe. A velha Molly está sem fôlego e vai cair em breve.
Brant estava pensando que seria absurdo seguir o conselho do menino
que cuidava das suas botas quando Olympia imprençou a grande Molly contra
a parede. O olhar de fúria e ódio no rosto corado de Molly o deixou inquieto.
Há quanto tempo a mulher trabalhava para ele apesar de sentir tal aversão
óbvia por aqueles a quem servia?
―Você pode me considerar inferior a você, minha querida mulher―,
disse Olympia ―mas eu sou realmente uma baronesa e poderia lembrar-lhe
que agredir fisicamente alguém da aristocracia carrega uma penalidade bem
pesada―. Olympia acenou com a cabeça quando Molly ficou pálida. ―Vou, no
entanto, esquecer essa disputa se você se dignar a pedir desculpas ao jovem
Thomas―. Ela apontou para onde um Thomas sorrindo amplamente ficou ao
lado de Fieldgate. ―Ele está ali, assim que você não precisa ir muito longe
para fazê-lo.
Os olhos de Molly se arregalaram tanto com a visão de Fieldgate que
Olympia pensou que deviam arder. A mulher também ficou muito pálida.
Desde que Fieldgate parecia mais confuso do que irritado, Olympia não estava
certa de onde o medo de Molly veio. Ela estava prestes a perguntar à mulher
se estava preocupada com o que Wilkins faria, mesmo garantindo que Wilkins
em breve não seria problema quando um olhar manhoso veio sobre o rosto
da mulher e Olympia ficou tensa.
―Eu não vou pedir desculpas a esse pirralho ilegítimo―, disse Molly.
―Eu fiz o que deveria para ensiná-lo a não mexer nas minhas coisas.
Olympia recuou e franziu a testa para a mulher. ―Você não tinha
motivo para golpeá-lo com tanta força para que a marca ainda permanecesse
em seu rosto.
Molly escovou para baixo suas saias. ―E eu não preciso ser ensinada
por você sobre como devo tratar o rapaz. Se alguém acha que não estou
tratando o menino bem, então ele deve ser o único que tem direito de dizer
alguma coisa.
De repente, recordando que a mulher tinha dito sobre Thomas ser o
filho bastardo do velho lorde, Olympia teve um sentimento muito ruim sobre
o que estava prestes a acontecer. Ela deu um passo para Molly só para ver a
mulher ordenadamente dançar fora do seu alcance com uma velocidade e
graça que foi bastante surpreendente para uma mulher grande. Olympia sentiu
uma breve pontada de simpatia pela mulher quando ela reconheceu que era
uma habilidade aprendida a partir de muitos anos esquivando-se dos punhos
dos homens em sua família.
―O único que tem o direito de dizer o que acontece com o moleque é
seu irmão... milorde.
Toda a simpatia fugiu de Olympia quando olhou para a mulher, se
doendo para tirar o olhar complacente do rosto de Molly. Brant tinha ficado
muito pálido. O jovem Thomas devia, obviamente, saber exatamente quem
era seu pai, enquanto observava Brant com uma estranha mistura de coragem
e tristeza. Olympia suspeitava que Thomas esperava que Fieldgate o jogasse
para fora como muitos outros senhores fariam.
―O que você disse?― Ele perguntou a Molly.
―Eu disse que você é a única pessoa que pode decidir o que fazer sobre
o seu irmão. ― Molly acenou na direção de Thomas. ―Que é este bem ali.
Nascido não muito tempo depois que o velho senhor morreu.
Brant olhou para Thomas e lentamente começou a ver a semelhança
familiar. Ele tinha os olhos dos Mallam e parecia muito perto de ter o nariz
Mallam também. ―E o que ela diz é verdade?― Perguntou ao rapaz.
―Sim―, respondeu Thomas.
―Há outros espreitando sobre minha casa que eu deva saber?
―Não mais. Não na casa.
Essa declaração atingiu Brant como algo ameaçador, mas ele voltou sua
atenção para Molly. ―E você nunca viu a necessidade de informar-me que o
meu irmão era o menino que limpava minhas botas?
―Ele é um bastardo e todos nós sabemos como a pequena nobreza se
sente sobre eles― disse Molly.
―Você deve sair agora.
―O quê?
―Eu disse, Molly ajudante da cozinheira, que você deve sair agora. Não
me lembro de contratá-la ou até mesmo de aprovar a sua estadia, mas eu
posso te fazer sair. Então você vai.
―Você me jogaria de sua casa por estar te dizendo a verdade?
―Não, eu estou jogando para fora por não me dizer a verdade mais
cedo e, eu começo a pensar, por não estar sendo mesmo minha empregada. ―
Brant se virou para ir embora, mas fez uma pausa para olhar para trás, Molly.
―Você pode pegar o pouco que é seu, e não ache que não saberei se você
levar algumas coisas porque tenho contabilizado exatamente o que tenho―. O
fato de que ele teve de fazê-lo para parar sua mãe de rouba-lo não era algo que
alguém precisasse saber. ―Eu sugiro que você espere lá fora por um tempo
depois de embalar suas coisas. Acredito que em breve haverá mais alguns
saindo de Fieldgate. Muito em breve―. Ele olhou para Thomas. ―Deveriamos
voltar para a biblioteca?
Olympia assistiu Brant e o jovem Thomas sair e, em seguida, olhou
para Molly. ―Essa foi uma coisa pouco inteligente de se fazer. Mas por que
Thomas foi mantido em segredo?
―Porque Lady Mallam nos disse para manter em segredo.
―Lady Mallam não manda aqui.
Molly riu enquanto arrancava o avental e jogava-o no chão. ―Não?
Você realmente acha que esse sentimental bêbado idiota segura as rédeas
daqui?
Olympia observou a mulher ir embora e sacudiu a cabeça. Parecia que
Brant tinha sido cuidadosamente vigiado e controlado por sua mãe.
Considerando-se que o homem havia apoiado Lady Mallam muito mais
generosamente do que muitos outros filhos teriam, especialmente um tão
gravemente prejudicado, como tinha sido, não fazia sentido que a mulher
mantivesse um olhar atento sobre ele. Havia mais nisso do que apenas uma
mãe que queria controlar seu filho e cuja ganância claramente era tão
profunda que ela estava disposta a vender a filha para um porco pervertido de
homem. Olympia respirou fundo e começou a voltar para a biblioteca. Ela
havia dito que iria ajudar Agatha e assim o faria. Só esperava que o que quer
que precisasse ser feito não a puxasse muito profundamente nos problemas da
família Mallam.
―Ainda aqui, milady?― Perguntou Brant quando Olympia entrou na
biblioteca.
―Eu ainda tenho que discutir exatamente o porque de estar aqui―,
respondeu ela e poderia dizer pelo olhar que ele lançou a ela que estava muito
perto de jogá-la para fora.
―E o que seria isso?
―Que a sua irmã tem tentando falar com você porque ela teme que sua
mãe está prestes a vendê-la em casamento para Lorde Horace Minden.
Capítulo 3

Brant olhou para Olympia, abriu a boca para falar, não conseguia
pensar em nada a dizer, e fechou a boca. Isso foi rude, mas, apesar do fato de
que Olympia ainda estava de pé, ele caiu na cadeira. Era como se todas as
forças tivessem deixado suas pernas. Ele olhou ansiosamente para a garrafa de
conhaque.
―Isso não irá ajudar em nada, milorde,― Olympia disse, fazendo uma
pausa diante da grande lareira de pedra. ―Você não precisa.
―Não?― Ele suspirou. ―Eu mal tinha terminado de tomar o desjejum
quando você chegou. Meu mordomo está agora no frio chão do corredor,
você teve uma briga com a assistente da cozinheira, a que eu acabei de
demitir, e me fizeram saber que o menino que limpa minhas botas é na
verdade o meu meio-irmão―. Ele olhou para Thomas, que lhe deu um grande
sorriso. ―Agora você me diz que a minha mãe está tentando vender minha
irmã, uma mera criança, para o pior libertino e o mais depravado na
aristocracia. Uma bebida pode ser exatamente do que eu preciso.
―Eu duvido que Minden seja realmente o pior libertino na
aristocracia,― murmurou Olympia recostando-se contra a parede ao lado da
lareira. Ela ficou tensa quando imagens cintilaram em sua mente. Uma mulher
loura pressionada contra a parede. Brant gemendo ferozmente com a mulher.
Seus olhos fechados. Havia outra mulher semi-nua atrás dele passando as
mãos por todo o corpo dele. Olympia rapidamente afastou-se da parede.
―Homens―, disse ela, nojo pesando em seu tom. ―A parede? Contra a
parede, Fieldgate?― Ela estremeceu, silenciosamente admitindo que parte de
seu desgosto veio da pontada de ciúme furioso que havia atingido seu
coração. ―E duas de uma vez?
Brant piscou lentamente em confusa surpresa. Em seguida, ele lembrou
qual era o dom de Olympia. Ele quase amaldiçoou quando o calor de um
rubor queimou suas bochechas. Um pouco do embaraço que ele sofreu foi
pelo fato de que apenas tinha uma vaga lembrança sobre o que ela tinha visto.
Se ele recordava bem o dom dela, Olympia provavelmente sabia mais sobre
esse incidente do que ele mesmo, o que foi ainda mais humilhante.
―Vamos voltar ao assunto da minha irmã?― Perguntou e acenou com a
mão em direção a uma cadeira em frente a ele em um convite silencioso para
que ela se sentasse. Olympia olhou para a cadeira um pouco com cautela antes
de se sentar. Ela não queria mais imagens do comportamento dissoluto de
Brant cruzando sua mente. Sentando-se cautelosamente, deu um suspiro de
alívio quando não houve memória de algum evento escandaloso passado
entrando em sua cabeça.
―Eu conheci sua irmã Agatha, há duas semanas, quando ela veio para
Warren em uma tentativa de encontrar Radmoor. Desde que ela chegou
sozinha, eu sabia que havia alguns problemas fervilhando. Levou algum
tempo para obter a história toda dela.― Olympia serviu-se de um pouco de
chá. ―Como eu disse, sua mãe está negociando com
Sir Horace Minden, o Barão de Minden Grange, a mão da jovem Agatha em
casamento. Sua irmã está totalmente aterrorizada de que um acordo seja
fechado em breve e que ela seja forçada a casar com o homem.
―Já é ruim o suficiente que ela esteja sendo oferecida a um homem
com idade para ser seu avô, mas ele é...― Olympia procurou por uma palavra
que fosse ruim o suficiente para descrever Sir Horace mas ainda não
completamente profana.
―Um porco―, disse Brant e arrastou as mãos pelos cabelos. ―Eu não
me associei com o homem, mas sei o suficiente sobre ele para saber que
nenhuma mãe desejaria dar ao homem sua filha.
―Eu temo que a sua deseje.
―Haverá dinheiro para ela nisso. Eu envio-lhe uma quantia mais que
generosa mas ela sempre foi gananciosa―. Brant serviu-se de mais chá, mas
duvidou que iria aliviar a raiva quente crescendo dentro dele. ―A necessidade
de mais sempre a guiou.
―E eu acredito que sua querida mãe e Minden negociam muito mais do
que um simples pagamento pelo sacrifício de uma virgem.
Doía ouvir que a criança que ele lembrava, que era toda sorrisos e
meiguice, estava sendo chamada para isso, mas ele suspeitava que isso estava
perto da verdade. Agatha mal tinha dado os primeiros passos para a
feminilidade. Era verdade que muitas meninas tinham sido casadas em idades
muito jovens durante séculos, mas a prática tinha começado a desaparecer.
Também era verdade que os casamentos na sociedade tinha pouco ou nada a
ver com amor ou romance, ou mesmo compatibilidade, mas casar uma garota
mal fora da sala de aula com um velho com idade para ser seu avô seria algo
desaprovado pela maioria dos contemporâneos. Não era nem desculpável o
fato de Minden estar precisando desesperadamente de uma jovem mulher
fértil para produzir um herdeiro para ele, que já tinha vários.
―Mamãe, evidentemente, não está buscando a aprovação da sociedade
com tal jogo.
―Não.― Olympia de braços cruzados terminou um pedaço de bolo
enquanto pensava sobre tudo o que Agatha tinha dito. ―Eu acredito que sua
mãe procura a ajuda de Minden em algum empreendimento. Agatha queixou-
se que a maior parte do que ela ouviu soou mais como conversas comerciais
do que o acerto de um acordo de compromisso. É verdade que muitos
noivados são pouco mais do que acordos comerciais, mas deve haver algo
incomum na discussão, para fazê-la pensar assim.
―Qualquer negócio com Minden só pode ser sórdido.― Ele
suavemente amaldiçoou quando Olympia simplesmente levantou uma
delicada sobrancelha negra enquanto tomava um gole de chá. ―Mas é claro.
Como eu aprendi por mim mesmo, o dinheiro sujo não é um problema para
minha mãe―. A amargura na voz dele revestindo cada palavra, Olympia teve
que lutar contra o impulso de estremecer. Ela se perguntou se ele ainda
lamentava-se pelo seu amor perdido, e logo em seguida duvidou disso. Ele
não tinha visto Faith por um ano antes de descobrir que sua própria mãe tinha
vendido a mulher para o bordel onde foi cruelmente assassinada. Fazia dois
anos desde a descoberta. Um toque de tristeza para as chances perdidas seria
razoável, mesmo depois de tanto tempo, mas Brant não se abateu como o tipo
de homem que se agarrava a tal perda, como um poeta melancólico. Era outra
coisa que o mantinha amargo e zangado, mas ela sabia que agora não era o
momento para tentar desvendar esse enigma. Agatha necessitava de ajuda e
sua causa necessitava mais urgência.
―Você não pode simplesmente se recusar a concordar com o acordo?―
Perguntou ela e franziu a testa quando ele a olhou um pouco envergonhado.
―Você é o chefe da família, não é?
―Eu sou, mas, deixe-me apenas dizer que o meu poder foi severamente
reduzido, sobretudo no que diz respeito a minha irmã Agatha.
―Como isso foi feito? A Lei sempre coloca o homem em posição
dominante.
―Bem, eu suspeito que foram utilizados alguns subornos muito
atraentes. Talvez um pouco de chantagem. E eu também ajudei na minha
perda de poder com o meu próprio comportamento nos últimos dois ou três
anos. Mamãe exigiu o controle total sobre Agatha e conseguiu. Eu estava
pensando em como poderia levar minha irmã para fora do alcance da mãe,
especialmente desde que não posso simplesmente mandá-la para a escola
como fiz com meus irmãos, quando toda chance de fazer alguma coisa foi
tirada abruptamente de mim. Era como se, de alguma forma mamãe tivesse
ouvido sobre meus planos cedo o suficiente para arruiná-los.
―Ah, bem, eu suspeito que ela fez exatamente isso. Eu acredito que o
seu mordomo é seu homem. Comecei a suspeitar que havia algo errado aqui
quando não havia nenhuma resposta a qualquer carta que Agatha enviou a
você ou a qualquer uma de minhas mensagens. Apesar de devasso ―, disse
ela, ignorando o cenho franzido dele, ―você nunca me pareceu ser o tipo de
homem assim tão, bem... rude. Então, quando o homem tão
desdenhosamente me dispensou e recusou minha entrada...
―Você derrubou-o.
―Eu percebi que as minhas suspeitas estavam certas.
―Ah, então isso foi o que aconteceu. A confirmação de suas próprias
suspeitas derrubou-o―. Ele sorriu quando ela fez uma careta e pôde ouvir
Thomas rindo. ―Vamos ter uma palavra com Wilkins?
―Eu acredito que é uma excelente ideia.
―Eu posso ter uma palavra com ele agora ou depois,― ele murmurou.
Olympia ignorou. ―Vamos falar com ele aqui ou no corredor?
―Vou fazer com que seu homem o traga aqui e vou ajudá-lo a sentá-lo.
Ela observou Brant caminhar até a porta. Para quem passou muito
tempo enterrado em uma garrafa ou em uma mulher, ele ainda era uma bela
figura de homem. Havia uma força graciosa em sua caminhada. Ombros
largos que não requeriam nenhum estofado para fazer seu casaco caber
perfeitamente. Suas longas pernas estavam perfeitamente em forma
declaradamente bem torneadas. Para se manter tão em forma, tinha de haver
momentos em que ele não estava afundado nos males nocivos da devassidão.
Olympia começou a se sentir um pouco ruborizada e quente de novo e fez
uma careta. Isso não fazia sentido para ela. Não era nenhuma garotinha
desacostumada a lidar com homens, e muito além da idade de ser
impressionada por um belo par de olhos cinzentos ajustados em um belo
rosto que faziam seu coração bater mais rápido. Quando Pawl chegou
arrastando um Wilkins, pouco instável sobre seus pés, ela forçou a atenção
para eles. Ela se recusava a envergonhar-se diante do conde com sinais de
alguma paixão tola. No momento em que Wilkins estava sentado com Pawl de
pé atrás dele, o homem começou a suar e toda a insolência que tinha
mostrado a Olympia rapidamente desapareceu. Ela olhou para Brant enquanto
ele estava na frente de Wilkins e decidiu que o nervosismo do mordomo se
justificava. Brant era em cada polegada o conde de Fieldgate no momento e,
ela sentiu, um conde muito irritado também. Ninguém gostava de ser
espionado. E ser espionado por uma mãe que repudiava mas que ainda
apoiava mais que generosamente deveria mortificar o homem.
―Foi-me dito que a minha irmã mais nova Agatha tentou fazer chegar a
mim algum tipo de problema que ela está tendo, contudo eu não vi nenhuma
palavra dela em semanas ―, disse Brant. ―A baronesa―, ele acenou com a
cabeça na direção de Olympia ―também me enviou mensagens relativas aos
mesmos problemas por quase duas semanas, mas, mais uma vez, eu não vi e
não ouvi nada.
―Meu senhor, você tem estado indisposto―, começou Wilkins e então
ele encolheu os ombros em um gesto protetor como se pudesse defender-se
contra a fúria que escurecia os olhos de Brant.
―Não tente lançar a culpa por isso sobre os meus ombros. Eu posso
ter me afundado profundamente em um poço de libertinagem para ainda ser
considerado respeitável, mas não tão profundamente que iria perder ou
esquecer semanas de mensagens desesperadas de minha própria irmã. Na
maioria dos dias eu sou capaz de lidar com os negócios que nos mantém
alimentados e vestidos. Eu acredito que era mais do que capaz de ler uma
mensagem ou duas de minha irmã ou da baronesa também. Por que não vi ou
ouvi nada, Wilkins?
Wilkins respondeu com uma voz trêmula. ―A senhora me avisou que
sua irmã estava tendo alguns problemas infantis sobre o casamento arranjado
para ela e que você não deveria ser perturbado por nada disso.
―Não deveria ser perturbado com a notícia de que minha mãe deseja
forçar a minha irmã, uma menina que recém completou dezesseis anos, a um
casamento com um homem que tem mais do que três vezes a sua idade, um
homem tão devasso e criticado que até mesmo suas grandes riquezas já não
podem ganhar-lhe a entrada em qualquer uma das melhores casas? Tão
criticado que apesar de seu bom nascimento, ele é considerado pela maioria
como não melhor do que alguns pagãos das docas?
―Sua senhoria me avisou que você não gostava do homem que ela
tinha escolhido para a jovem Lady Agatha.
―Ela disse? Então, você não só me negou o direito de ler a minha
própria correspondência, mas também discutiu o problema com a minha mãe.
Desde que você parece curvar-se à vontade de sua senhoria, e não a minha, eu
acredito que passou da hora de você juntar-se a ela.
―Mas, senhor. . .
―Não, Wilkins, não vou prestar atenção a nada que você tem a dizer a
menos que inclua outros segredos que tenha escondido de mim. Os que
trabalham para mim me devem sua lealdade. Você escolheu dar essa lealdade a
minha mãe em seu lugar. Agora, antes de sair para se juntar a quem você
realmente trabalha, eu gostaria dos nomes de quaisquer outros dentro de
minha casa que ela mantém em seu serviço.
Quando o mordomo não disse nada, Brant deu de ombros. ―Eu
suspeito que posso determinar quem na minha equipe quem se curva para a
minha mãe sem a sua ajuda.― Ele olhou para o menino das botas, a criança
que por sangue era seu irmão. ―Talvez, Thomas, você teria a bondade de
acompanhar Wilkins aos seus aposentos e ter certeza de que ele leve apenas o
que é verdadeiramente seu quando sair.
Wilkins ficou de pé, assustando Pawl, que deu um passo atrás para
permitir que o homem saísse da sala. ―Você colocaria aquele moleque
ilegítimo encarregado de mim? Eu sou o mordomo. Ele. . . ele nada mais é
que o menino das botas e um bastardo.
Brant cruzou os braços sobre o peito e estudou Wilkins. ―Posso
lembrá-lo que você não é mais o mordomo desta casa? Acabou de esquecer o
momento quando eu claramente demiti você? Estou curioso, no entanto, para
saber exatamente a quanto tempo você conhece a verdade sobre o jovem
Thomas.
―Desde o início, senhor―, respondeu Wilkins, o arrependimento que
sentia por ter sido forçado a dizer a verdade estava claro em sua voz. ―Sua
senhoria deixou muito claro para todos nós que ninguém deve falar do
assunto. Nunca. Especialmente para você. Foi uma pena que ela preferisse
manter escondido.
Balançando a cabeça, Brant perguntou: ―Existem outros?
―Eu posso dizer-lhe sobre os outros, senhor―, disse Thomas. ―Você
não precisa falar com esse idiota sobre isto.
―Veja como você fala com seus superiores, rapaz―, retrucou Wilkins.
―Fora―, Brant ordenou a Wilkins, sabendo que ele estava muito perto
de bater no homem e se recusava a se rebaixar a tal comportamento. ―Junte o
que é seu e saia daqui agora.
Passaram-se vários momentos antes de Wilkins, ainda relutante em ser
escoltado por Thomas, teve de aceitar o seu destino. Pawl foi junto com o
menino para manter um olho sobre o mordomo. Olympia observou enquanto
caminhava para Brant na janela e olhou para os jardins tristemente
negligenciados. ―Parece que eu tenho pago um jardineiro para fazer nada
também―, ele murmurou. ―Quando eu descobrir o que o homem faz na
verdade, ao invés de atender os meus jardins, vou mandá-lo trotar atrás da
minha mãe com Wilkins.
Olympia sabia que as palavras de aborrecimento sobre o jardim
negligenciado não eram uma mudança de assunto como muitos pensariam.
Apenas uma indicação tranquila de aborrecimento pelas muitas maquinações
em que sua mãe estava envolvida dentro de sua própria casa. Brant estava em
choque. Ela poderia ler os ecos das emoções fortes e dolorosas através dele;
que marcavam o ar onde quer que ele se encontrava. O homem estava
tentando aceitar a verdade que ele era inteligente demais para ignorar. Podia
ter virado as costas para sua mãe, mas ela nunca tinha tirado suas garras dele,
tinha continuado a manter um olhar atento sobre tudo o que ele fazia ou dizia.
Não certa do que fazer, Olympia moveu-se para ficar ao lado dele. Não
era um lugar confortável para se estar e ele a deixou, infelizmente, dividida
entre o desejo de conforto e a vontade de exigir que ele se apressasse a fazer
algo para ajudar sua irmã. Acostumada a homens teimosos, mesmo
temperamentais, Olympia calmamente estudou o jardim negligenciado, podia
ver os vestígios de um designer elegante entre as flores e o mato de ervas
daninhas, e decidiu que Lady Mallam não se importava em nada sobre
Fieldgate. Não enchia seus cofres o suficiente para fazer a mulher feliz.
Olympia também suspeita que a negligência flagrante da propriedade de seu
filho provavelmente encantou a mulher. Lady Letitia Mallam não era do tipo
que virava as costas ao próprio sangue e ignorava o que queria dele.
―Eu suspeito que minha família pode ajudá-lo a encontrar servos
confiáveis, pessoas trabalhadoras para substituir os que sua mãe corrompeu
―, disse Olympia.
―E por que sua família iria querer me ajudar?― Ele perguntou quando
se encostou na enorme moldura da janela e olhou para Olympia.
―Você e Ashton são muito próximos e Ashton é agora parte do clã
Wherlocke-Vaughn.― Brant sabia que era tolice, mas ele ficou profundamente
tocado por suas palavras.
Fazia muito tempo desde que tinha ouvido alguém dizer tais coisas.
Através de suas próprias ações ele tinha perdido o contato com a maioria de
seus amigos. Ashton era casado e seus outros amigos mais próximos não se
importavam em se juntar a ele uma vez que ele tinha começado a se afundar
profundamente em libertinagem. Cordell, Whitney, e Victor estavam
ocupados fazendo visitas às várias propriedades e fazendo festas grandiosas, a
nenhuma das quais Brant foi convidado. Esse bom sentimento começou a
desaparecer debaixo da raiva embora ele não estava realmente certo do que ou
de quem exatamente estava com raiva. Era simplesmente errado que sua única
oferta de ajuda e apoio viesse de uma jovem mulher que mal conhecia. O fato
de que não havia mais ninguém por perto não era totalmente culpa dele,
apesar de seu pobre comportamento nos últimos dois ou três anos.
―Eu agradeço, minha senhora, mas este é o meu problema, minha
família, e eu vou cuidar dele.
―Eu acredito que você vai ter mais do que suficiente para fazer,
senhor, uma vez que não é apenas uma nova equipe que milorde vai precisar,
não é?
―O fato de que minha irmã Agatha esteja necessitando extremamente
de qualquer assistência que posso dar não escapou a minha atenção.
Olympia sabia que ela devia apenas dar um passo atrás e não dizer nada
por um tempo. O homem estava ficando com raiva. Ela sabia que não era
realmente uma raiva destinada a ela, mas o que quer que ele fizesse ou dissesse
seria direcionado diretamente para ela. Ela era o alvo mais próximo, o
portador da má notícia. Recuar de um argumento não era de sua natureza, no
entanto. ―Se você quer uma briga, senhor, então estou mais do que pronta
para dar-lhe uma. Mas, se tudo que está procurando é alguém ou algo para
agitar um punho, talvez você deva dar um passeio até seu sangue esfriar.
Brant amaldiçoou e começou a andar pela sala. Ele estava sendo
forçado a olhar muito de perto o naufrágio que sua vida tinha se tornado nos
últimos anos e não queria vê-lo. Ver isso o fez também ver o que poderia ter
feito de forma diferente. Por um lado, ele agora estava pensando no que
poderia fazer para ajudar Agatha e tê-la em casa, fora do alcance dos planos e
esquemas de sua mãe. ―Eu deveria ter feito algo sobre a mulher,― ele
murmurou.
―Como o quê? Ela é sua mãe, a condessa. Você provavelmente não
pode mesmo ameaça-la e empobrece-la para colocá-la na linha. Eu suspeito
que ela tenha algumas riquezas próprias, não é?
―Ela tem, mas nada de grande valor. Suas terras produzem um bom
rendimento, adequado para uma viúva. Era sua propriedade de dote. Quando
ela se casou com o meu pai parece que começou a ganhar mais e mais acesso a
todas as suas propriedades, sua habilidade com as finanças a fez aprazível ao
arranjo. E, ela manteve as terras funcionando de forma eficiente e com um
lucro impressionante por um tempo apesar de todos os seus caminhos
perdulários. Em seguida, pouco depois que meu pai morreu começou a ser
um pouco menos rentável e eficiente, o que me fez entrar em alguns
investimentos com meus amigos.
―Em outras palavras, assim que seu pai não estava mais olhando para
ela tão de perto ou talvez quando todas as terras foram para você em sua
morte, ela começou a não ser tão cuidadosa com o dinheiro.
―Você acredita que ela vem me enganando.
―Eu acredito.― Ele suspirou. ―Isso é altamente possível. Tenho sido o
único cuidando dos investimentos desde o começo então ela recebe apenas o
que mando para manter sua casa. Eu tenho tido dificuldade em obter todas as
contas das outras propriedades, mas consegui as dessa. Sendo a principal sede
dos condes de Fieldgate, foi bastante difícil para ela, ou o homem de negócios
de meu pai costumava escondê-las.
Olympia teve que morder a língua para não perguntar por que ele não
tinha tirado das pequenas mãos da mulher gananciosa tudo o que possuía.
Não era problema dela, nem de sua família. Ela supôs que era uma coisa difícil
de enfrentar. Ele teria sido obrigado a aceitar que sua mãe não só vendeu a
mulher que ele amava para a morte, mas tinha sido enganado com sua herança
desde o início. Um crime, não importa o quão vicioso e frio, poderia ser
desculpado, explicou, ignorado. Dois não poderiam ser. O que ele estava
sendo forçado a ver era que sua própria mãe não era simplesmente fria e
insensível aos outros, capaz de fazer coisas para os outros que
ele achava repreensíveis, mas que também não tinha nenhum sentimento real
para seus próprios filhos. Ele havia enfrentado isso o suficiente para tentar
obter que seus irmãos mais novos ficassem fora do alcance da mulher, mas
Olympia suspeita que uma grande parte das bebedeiras e das apostas foram
feitas para ajudá-lo a ignorara a verdade viciosa.
―Havia um monte de incoerências―, disse ele calmamente. ―Muitas.
―Então ela vem roubando você por um longo tempo.
―Eu suspeito que ela começou antes mesmo da morte de meu pai. Eu
estava pensando sobre isso, mas agora acredito que os homens que contratei
para fazer o trabalho de desenterrar a verdade já estavam sob seu comando,
nunca sob o meu.
―Inteligente―, Olympia murmurou. ―Ela provavelmente foi trazendo-
os para o lado dela durante anos.
―Você sabe, deveria ter sido o primeiro pensamento que tive quando
notei algumas das modificações nos livros de imobiliários. Eram sutis mas eu
pude ver o decréscimo sutil de fundos acontecendo há muito tempo. No
entanto, apesar do que tinha feito a Faith, eu não poderia aceitar
completamente o fato de que minha própria mãe iria roubar de mim, de todos
os seus filhos, sem dúvida, fundos roubados de todas as propriedades que
meu pai deixou para cada um de nós.
―Poderia haver desculpas para o que ela fez a Faith. Nada que poderia
perdoa-la do que ela fez, mas algo que poderia atenuar os terríveis resultados
de suas ações. Não há nada que se possa pensar para desculpar o roubo
descarado de seus próprios filhos.
―Tudo volta a razão pela qual ela está prestes a vender Agatha para
Minden.
―Dinheiro. Lotes dele, eu suspeito. Por que se incomodar com um
roubo lento quando você pode obter um lote de dinheiro rapidamente com a
venda de sua própria filha. Tenho a terrível suspeita de que ela pode ter feito o
mesmo para com minhas duas irmãs mais velhas, embora foi certamente feito
com pleno consentimento do meu pai, pois ele também amava o dinheiro e
estava sempre precisando de mais. Ou ele se curvou aos desejos da minha mãe
com muita frequência.
―Suas irmãs mais velhas são infelizes em seus casamentos?
―Miseravelmente e tem sido assim por muito tempo. Quando eu era
ainda jovem e idealista, fiz uma tentativa de trazer um pouco de fidelidade e
carinho em seus maridos, mas falhei. Eles se curaram e continuaram como
sempre viveram. Mary e Alice me disseram para não preocupar-me
novamente. Desde então, tenho notado que ambas têm vivido de forma difícil
e amarga.
―Você não teria esse tipo de problema comigo. Eu teria matado e
enterrando-os antes que você tivesse tempo de se sentir indignado. ―Ela
sorriu quando ele riu. ―Eu não gracejo apenas, como você pode ver.
―Oh, eu percebi isso.
―Tem que haver alguma maneira de tirar a sua irmã Agatha dessa
bagunça. Ela é uma criança doce e eu tremo só de pensar na imundície de
Minden tocando-a.
―É bom que você se importe tanto com o que acontece com a minha
irmã, mas agora eu sei de seus problemas e posso lidar com eles―. Brant
pensou que soou um pouco arrogante, mas não conseguia pensar em
nenhuma maneira de suavizar as palavras. ―É o meu lugar como seu irmão
fazer isso.
―Eu sou aquela que prometeu a ela a ajuda de que precisava e,
portanto, eu acredito que tenho lugar na resolução deste problema.
―Estou certo de que Agatha sabe que você tem feito tudo o que é
capaz ou o que se espera que possa fazer. O pensamento de que a minha irmã
pensaria que você realmente poderia resolver um assunto privado de família é
absurdo―. No momento em que as palavras saíram de sua boca, Brant sabia
que ele tinha acabado de cometer um grave erro.
Capítulo 4

―Você acabou de me chamar de absurdo?― Brant quase deu um passo


para atrás ante a fúria feminina, mas estava orgulhoso de como permaneceu
firme. Ele duvidava que houvesse muitos homens que poderiam fazê-lo ante o
olhar nos olhos de Lady Olympia. Embora a mulher tivesse feito um ótimo
trabalho ao avisá-lo sobre o perigo em que Agatha estava, ele não podia
permitir que ela ficasse mais envolvida do que já estava. Sua mãe era uma
mulher perigosa. ―Eu não te chamei de absurdo―, disse ele com firmeza.
―Eu não quis mais do que dizer que o fato de você pretender montar o
resgate de Agatha ao meu lado é absurdo. ― A forma como seus lábios cheios
firmaram-se em uma carranca disse a Brant que ele não estava se saindo bem
ao tentar se explicar, muito possivelmente estava piorando a situação.
―Eu não fui a única que lhe trouxe notícias de sua irmã?
―Sim foi, milady, mas agora é o meu lugar, meu dever, ajudar Agatha.
―E tudo isso sozinho.
―Como você me disse anteriormente, eu sou o chefe da família
Mallam.
―Cuja mãe tem poder suficiente para agarrar a tutela de Agatha. Você
ao menos sabe com quem falar para tentar recuperar esse poder? Estou certa
de que, quando sua mãe fez o acordo para receber total poder sobre o futuro
de Agatha, ela garantiu que entendessem, possivelmente, acreditassem, em
cada coisa desagradável que disse sobre você.
Ele cruzou os braços sobre o peito. O que realmente queria fazer era
bater em alguma coisa, bater em alguma coisa com força suficiente para fazer
os nós dos dedos sangrarem. Tudo que Olympia disse era verdade. Ele era um
conde, mas Brant sabia que sua mãe tinha minado seu poder durante anos,
desde o minuto em que seu pai tinha morrido, de fato. A mulher sempre tinha
feito o seu melhor para minar o poder do seu pai também. Letitia Mallam
sempre se ressentira com o fato de não considerar os homens dignos,
começando com seu próprio pai, que seguravam todo o poder do mundo.
Levara anos, mas finalmente reunira alguns formidáveis poderes para ela e não
seria fácil de tomar de volta.
Brant não tinha dificuldade em aceitar mulheres poderosas. Ele sabia
que estava olhando para uma agora e a encontrou não só aceitável, mas
sedutora. Olympia era forte por causa de sua inteligência, confiança, e pelo
grande coração, que ele sabia que ela lutava muito para esconder. Sua mãe era
poderosa, pela astúcia, porque ela sabia de segredos e os usava para conseguir
o que queria, e porque tinha um sangue frio e crueldade que dariam a qualquer
um calafrios. O fato de que ele sabia isso de sua mãe e ainda assim não viu o
perigo que ela representava a Faith o fazia corroer em culpa constantemente,
que não conseguia banir não importa o quanto se afogasse na bebida e nos
prazeres da carne.
Agitando de lado as emoções perturbadoras que qualquer pensamento
de sua mãe sempre trazia, Brant fixou sua atenção em Olympia. Ela era uma
mulher belíssima; ainda mais porque não mostrava consciência desse fato. Seu
cabelo era de um preto glorioso, uma cor profunda, rica e brilhando com
saúde. Era um quadro sombrio comparado a sua pele, que era de creme macio
com pinceladas de rosa que convidava um homem a acariciá-la. Seu rosto era
levemente em forma de coração, os ossos finamente esculpidos de uma forma
que qualquer escultor teria inveja. Olhos tão azuis que suspeitava que poderia
ver a cor deles à distância estando arregalados ou fortemente cerrados, e
definidas sobrancelhas finas e arqueadas naturalmente. Havia uma leve
sugestão de uma pinta em seu queixo, seu pescoço era longo e delgado, seu
corpo forte, mas intensamente feminina, com curvas que fariam um homem
pensar em longas noites passadas saboreando cada pequeno pedaço. Até suas
mãos eram bonitas com a maneira graciosa como ela movia os dedos longos e
finos. Ele não ficou de todo surpreso ao sentir uma pitada de desejo crescente
por ela. Era um momento ruim para isso, no entanto. Não era apenas mais
uma preocupação que ele não precisava, mas Lady Olympia estava muito
consciente do tipo de vida que ele tinha vivido nos últimos tempos.
―Milady―, ele começou, procurando em sua mente as palavras
corretas.
―Oh, por favor, vamos acabar com essa pesada formalidade, pelo
menos quando não estamos diante da sociedade. Eu sou Olympia. Chame-me
Olympia.
―Não estou certo de que isso seja sábio. Eu não a conheço há muito
tempo.
―Mais do que a maioria. Só em privado, milorde. Eu sei melhor do que
a maioria como a sociedade pode ser mesquinha e nenhum de nós precisa dos
problemas que a fofoca irá nos trazer.
―É justo.― Ele assentiu e estendeu a mão para um aperto. ―Então
você deve por favor me chamar de Brant.― Olympia apertou sua mão e
imediatamente desejou que não o tivesse. O calor espalhou-se por seu braço a
partir do ponto em que suas mãos se encontraram, algo que nunca lhe tinha
acontecido antes. Ela poderia acreditar mais facilmente se houvesse retirado as
luvas. Tocar pele nua com pele nua era tão raro mesmo na mais inocente das
circunstâncias que alguma resposta a esse toque era de se esperar. Mas aquele
não era mais que um aperto impessoal de mãos, enquanto ela ainda usava
luvas. Talvez, pensou, seria prudente recuar das dificuldades em que a jovem
Agatha estava se afundando. Olympia mal permitiu que o pensamento
passasse por sua mente antes de afastá-lo. Ela era aquela que tinha dito a
Agatha que iria ajudar; as promessas feitas para a menina haviam vindo de seu
coração e lábios. Não haveria como voltar atrás sobre isso agora, mesmo que
fosse sábio manter distância do conde de Fieldgate. Ela cautelosamente
retirou a mão da dele, precisando escapar do calor ainda assim não querendo
arrancar a mão de seu aperto como se temesse que ele daria a ela a peste.
Tudo fazia Olympia experimentar um constrangimento que detestava. Ela
ficou satisfeita quando o jovem Thomas entrou na sala e interrompeu o
silêncio tenso que se desenvolveu entre ela e Brant.
―Eu acho que você pode estar com um problema, milorde―, disse
Thomas, estudando Olympia e Brant com os olhos apertados.
―Qual problema eu tenho agora?― Perguntou Brant, dando um passo
sutil para longe de Olympia só para ver como o olhar de Thomas seguiu seu
movimento, que não tinha sido feito sutilmente o suficiente.
―Não sobrou ninguém para servir as suas necessidades, salvo a mim e
Merry, e quase todos dos estábulos.
―Todos os meus servos foram embora?― Thomas assentiu. ―Fugiram
como ratos abandonando um navio naufragado, se me permite dizer.
Felizmente estamos fazendo uma refeição para você e sua senhoria com a
ajuda da dama de sua senhoria. Será um frio. Merry estava começando a
cozinhar quando a outra senhora disse que não havia tempo suficiente para
muito mais. Eu acho que Missus Hodges vai estar de volta em poucos dias e
juro que ela é totalmente sua serva, e de mais ninguém. Ela nunca gostou
muito da condessa. Metade do pessoal dos estábulos é bastardo do velho
lorde e nenhum deles gosta da condessa.― Brant arrastou suas mãos pelo
cabelo enquanto lutava para entender o que estava acontecendo.
―Então eu perdi todos os meus servos?
―Salvo a mim e a Merry.
―E Merry é?
―Minha tia. É alguns anos mais velha que eu, mas na maior parte me
criou. Minha mãe morreu quando eu nasci. A condessa deixou Merry se juntar
à família quando eu tinha cinco ou seis anos―. Thomas encolheu os ombros.
―Eu acho que a condessa queria que Merry ajudasse a manter sua vigilância
sobre você.
―Por que Merry não o fez? Parece que todos os servos dessa casa
prontamente o fizeram.
―Merry é a minha tia, como eu disse. Isso faz ela estar do meu lado.
Uma vez que somos uma espécie de parentes, isso a faz do seu lado.
―E ela não gosta da condessa também, eu seria capaz de apostar―,
disse Olympia.
Thomas sorriu. ―Ela odeia.― Ele olhou para Brant.
―Imploro seu perdão por dizer isso, milorde.
―Perdão concedido.
Olympia estava ao lado de Thomas e ambos assistiram Brant caminhar
até a janela com vista para o jardim. Era difícil saber o que dizer para o
homem. A família dela há muito sofria dentro dos limites de famílias
destroçadas, mas ela não achava que eles tinham sofrido nada semelhante ao
que Brant estava sofrendo agora. Os que tinham virado as costas para ela e
outros de seu clã foram os membros da família que não possuíam seu sangue.
Eles eram os que nasceram sem dom e sem a verdadeira compreensão dos
dons que até mesmo seus próprios filhos tinham. Normalmente, a rejeição era
brutal, mas rápida e limpa. Olympia não tinha ideia de como ajudar um
homem cuja mãe continuamente o rejeitou, minando a ele, e não gostando
dele. Desde que suspeitava que a mulher fez isso principalmente porque ela
era profundamente ressentida por Brant ser o conde, talvez até mesmo ser
filho de seu pai, e adicionado a isso a frustração de saber que não podia fazer
nada quanto a isso.
―Eu acredito que devemos ver se a jovem Merry precisa de ajuda―,
disse Olympia após vários momentos de silêncio pesado e não se surpreendeu
quando ambos Thomas e Brant viraram-se para olhar para ela em estado de
choque.
―Eu pensei que você fosse uma baronesa―, disse Thomas, ignorando a
explosiva desaprovação murmurada de Brant. ―Uma baronesa não tem lugar
na cozinha.
―Ela tem se ela quiser comer. Nem todo mundo que possui um título
sempre tem uma bolsa cheia também. Alguns têm de aprender a fazer as
coisas para as quais os outros contratam funcionários. Vou deixar vocês dois
verem o que mais precisa ser feito para resolver esta confusão ou o que pode
ser descoberto sobre as maquinações de lady Mallam.
Brant assistiu ela sair do quarto e franziu a testa quando ouviu seu apelo
para Pawl vir ajudá-la e a Enid. Ele já havia visto o charmoso e enorme lacaio
que era Pawl, mas ainda não sabia quem era Enid. Quantos servos trouxe com
ela, ele se perguntou. Um empurrão não tão suave de um pequeno e afiado
cotovelo em seu lado puxou sua atenção de volta para o jovem Thomas. E lá,
de pé ao seu lado, era outro problema que Brant tinha que pensar, embora
detestasse considerar o menino dessa forma. Agora que ele teve tempo para
estudar de perto o menino podia ver a semelhança familiar. Seu pai tinha sido
claramente um safado descuidado que tinha deixado uma forte marca em sua
prole de ambos os lados do cobertor.
―Eu tenho outros familiares para conhecer, não é?― Ele finalmente
perguntou ao menino.
―Sim, meu senhor, você certamente tem―, respondeu Thomas. ―Os
estábulos foram suas escolhas para trabalhar.
―Quantos são?
―Quatro. Costumava ser seis até uns quinze dias atrás.
―O que aconteceu há duas semanas?
―Ted e Peter foram embora e o resto de nós não tem certeza de que o
fizeram de bom grado.― Thomas começou a sair da sala, acenando para Brant
segui-lo. ―Isso acontece de vez em quando, as pessoas desaparecem das
propriedades Mallam, mas nunca pensei que iria acontecer com qualquer um
de nós, uma vez que partilhamos do sangue Mallam―. Brant agarrou o
menino pelo braço fino e puxou-o para encará-lo. O breve olhar de medo no
rosto de Thomas ferroou seu coração, mas ignorou essa dor. Ele também
lutou com o insulto e a irritação que aquele olhar gerou dentro dele. Thomas
logo saberia que Brant não era do tipo de pessoa que abusava de uma criança
de maneira alguma.
―O que você quer dizer com desaparecimento de pessoas?― Ele
perguntou e descobriu que apenas fazer a pergunta foi o suficiente para fazer
seu estômago virar de pavor.
―Que eles estavam aqui e, em seguida, eles se foram. Como Ted e
Peter. Bem aqui e no meio de um dia de trabalho e sem nenhuma palavra
sobre partir, e, em seguida, desapareceram. Algumas pessoas da aldeia
desapareceram também, como a minha outra tia. Na verdade, alguns
pensaram que fosse culpa sua, milorde. Pensavam que você havia levado os
rapazes e moças, mas não mais. ― Sua mãe estava vendendo as pessoas
novamente. Por tudo que Brant sabia, ela nunca tinha parado de fazê-lo.
Homens e mulheres jovens, meninas e meninos, vindos do campo por um
bom preço nos mercados humanos. Ela estava usando suas propriedades para
escolher suas vítimas. Enquanto ele tinha estado tão obcecado por afogar sua
raiva e culpa na bebida e mulheres, não tinha notado que sua própria gente
estava sofrendo. A culpa o atacava tanto que quase o fez ficar de joelhos.
―Está se sentindo mal, milorde?― Perguntou Thomas. ―Podemos ir
ver os rapazes nos estábulos mais tarde, se quiser. Pode ser que sua senhoria
tenha uma cura que possa tomar para o que o aflige.
―Não. Devemos ir ao encontro dos rapazes agora.
―Se tem certeza. . .
―Eu estou muito certo. É algo que deveria ter feito há muito tempo
atrás.
Dentro de instantes depois de entrar no estábulo, Brant decidiu que ele
podia ter sobrestimado a sua força. Havia quatro homens jovens nos
estábulos que possuíam sangue Mallam e suas idades variavam de um ano
mais velho do que os oito anos de Thomas, para seis e vinte.
Não era difícil ver, que uma vez seu pai fora também seu lorde. Dos
olhos ao cabelo, a forma do nariz, e ainda a altura e sua constituição eram
todas as pistas de sua ascendência que ele deveria ter notado uma e outra vez
quando entrou ou saiu dos estábulos. Saber que havia dois mais lá fora, só
contribuiu para o choque. Brant não tinha certeza de como voltou para a sala,
mas despertou de sua angústia e recriminação quando um Thomas
preocupado empurrou-o para uma cadeira e perguntou se ele queria algo para
beber. Ele queria, mas sabia que seria o primeiro passo em um caminho para a
completa obliteração se tivesse uma bebida agora. O desejo de beber até
afastar todo o conhecimento dos segredos que foram mantidos por tanto
tempo, de como ele foi incapaz de reconhecer seus próprios meio-irmãos
trabalhando para ele, o servindo, era muito forte. Brevemente desejou que seu
pai ainda estivesse vivo para que pudesse bater no homem por seu tratamento
insensível com relação ao próprio sangue. Não tinha havido nenhuma menção
aos homens e rapazes no testamento de seu pai e Brant não tinha nem ideia de
como resolver isso, como devia ter feito anos atrás. Ele se perguntou se isso
era o que tinha feito de sua mãe o que ela era, e imediatamente duvidou. Isso
pode ter ajudado, pode ter trazido à tona, mas Letitia Mallam tinha um
profundo traço de crueldade e uma grande dose de puro egoísmo, que não
poderia ter vindo à vida dentro dela, sem que as sementes já não estivessem lá.
Infidelidade e malandragem na vida de seu pai, tinha simplesmente regado as
sementes até que se transformaram em vida plena.
―Esse foi o sino do jantar, senhor―, disse Thomas.
―Então é melhor irmos comer depois de todos os problemas que Lady
Wherlocke teve para nos alimentar adequadamente.
―Talvez eu devesse ir e comer com os outros―, disse Thomas,
enquanto seguia Brant em direção à sala de jantar.
―É isso que você deseja? Continuar como um servo?
―Não, senhor, mas é uma vida melhor do que muitos outros bastardos
têm. Eu, pelo menos, tenho comida e um teto sobre minha cabeça. A maior
parte do tempo. Lady Mallam nos odeia, e isso não é algo em que a culpo, mas
pelo menos nós comemos e temos abrigo. Ganhamos moedas suficientes para
deixarmos isso de lado.
―E isso é tudo que você quer? Tudo que os outros querem?
―Sim, mais ou menos. Merry conseguiu que o vigário nos desse aulas
para que todos possamos ler e escrever, mesmo calcular um pouco. ―Ele
sorriu. ―Merry é jovem e pequena, mas ela tem muita fibra, sim tem.
―Parece que sim.― Brant fez uma pausa ao passar pela porta da sala de
jantar. ―Mas todos vocês devem ter mais. Vocês são os filhos de um conde.
Todos vocês devem ser mais do que servos. Vocês podem não ser herdeiros,
mas você poderia ser alguma coisa que queira. Não há necessidade de nenhum
de vocês passarem as suas vidas removendo esterco dos estábulos.
―Não tenho certeza de que tenha muito mais coisas para fazermos.
―Tem sim. Vocês podem se tornar professores, tutores, secretários ou
homens de negócios, advogados. . .
―Um advogado? Eu vi um deles uma vez. Pode ser uma coisa boa de
se ser.
―Bem, nós podemos discutir sobre isso assim que quiser. Agora― ele
abriu a porta para a sala de jantar, ―nós vamos comer. Seria muito deselegante
de nossa parte se deixássemos que uma mulher coma sozinha, especialmente
uma que ajudou a fazer a nossa refeição.
Olympia silenciosamente acenou para Enid e Merry afastarem-se
quando Brant e Thomas entraram. Ela esperou até a dupla chegar à mesa
antes de tomar seu assento. Brant parecia menos chocado do que antes, como
se ele estivesse começando a aceitar as verdades duras que teve que enfrentar
em um tempo tão curto. O fato de que estava tratando o jovem Thomas
como a um irmão, a fez acreditar que aceitaria os outros que seus pais tanto
tentaram esconder e negar. ―Teremos de partir para Londres em breve, se
quisermos retornar antes de escurecer―, disse ela depois de momentos de
uma refeição silenciosa. Brant suspirou. ―Eu sei. Eu só não sei onde vou ficar
enquanto estou na cidade. Todos os meus amigos estão longe no momento ou
eu seria um incômodo a eles.
―Você não tem casa na cidade?
―Eu tenho, mas minha mãe a controla. Foi da vontade de meu pai que
ela a usasse como sua quando ele morreu. Eu não posso ficar com ela, apesar
de que poderia ser melhor ter ficado, pelo bem de Agatha.
―Nenhuma pequena casa para as amantes?
―Você está muito bem informada sobre os caminhos dos homens―,
ele falou. ―Uma casa pequena, mas eu não posso ficar lá pois a deixei com
outra pessoa. Eu tinha planejado ficar no campo por um tempo e não via
necessidade de deixá-la vazia quando poderia me trazer algum lucro. Ainda
assim, há outras casas em que eu possa ficar, embora seja empurrado a casar
com alguma filha, sobrinha, prima, ou algo semelhante.
―Você poderia ficar em Warren. Está vazia, exceto por mim neste
momento e é grande o suficiente, além disso, não tem servos e iria poupar
tempo e dinheiro de encontrar algum.
―Você sabe que eu não posso fazer isso, Olympia. Isso iria destruir sua
reputação.
―Eu sou uma Wherlocke, Brant. Minha reputação, se eu ainda tiver
uma, é instável na melhor das hipóteses.
―Seria muito mais do que instável se eu passasse a morar com você.
Olympia podia dizer pelo tom duro de sua voz que não haveria
discussão com ele sobre o assunto. Ela iria continuar a trabalhar em alguma
solução sobre onde ele poderia ficar, no entanto, porque ela tinha a sensação
de que iria encontrar muitas portas fechadas. Isso ia ser mais um golpe para
ele, mas não havia nada que pudesse fazer para protegê-lo disso. Ele tinha se
afundado na libertinagem por tanto tempo que obviamente não tinha mantido
um ouvido nas fofocas sobre ele. Ela não acreditava que tivesse feito mais do
que muitos outros homens solteiros da aristocracia, certamente não as coisas
que ela tinha ouvido ocasionalmente sussurradas sobre ele, mas outros
acreditavam em tudo. Ele saiu para fazer as malas assim que terminou sua
refeição e ela se encontrou a sós com o jovem Thomas.
―Você não tem nada para levar?― Ela perguntou.
―Estou vestindo quase tudo que tenho e Merry está fazendo a mala de
nós dois. Sua senhoria disse que ele terá necessidade de uma empregada e de
mim na cidade. Está pensando que vai ser capaz de encontrar seus próprios
alojamentos, depois de alguns dias.
―Merry pode ficar comigo até que ele encontre então.
―Obrigado, milady. Ele pode estar certo, você sabe.
―Sobre o quê?― Ela perguntou enquanto servia o resto do chá.
―Isso seria ruim para o seu bom nome se ele ficasse com você. Não é
bom para uma mulher sozinha ter um homem que não é seu parente ficando
em sua casa.
―Isso é verdade, mas eu tenho vinte seis anos e já passei da idade de
me preocupar com minha delicada reputação. Eu também sou uma viúva e a
essas mulheres são permitidas mais liberdades. É também por isso que eu não
preciso sofrer com o tolo absurdo de ser uma solteirona e tudo.
Thomas franziu a testa. ―Seu homem estava doente? Você é um pouco
jovem para ser uma viúva.
―Casada muito, muito jovem. Meu marido não viveu por muito tempo
após o casamento. Não muitos se recordam disso mas eu os lembro quando
começam a agir como se eu fosse alguma pobre moça encalhada que precisava
de orientação. ―Ela piscou para o menino. ―Não que muitos tentem uma
coisa dessas comigo.― Thomas riu, mas depois ficou sério. ―Você ainda deve
ter algum homem para garantir que nenhum trapaceiro se aproveite de você.
―Oh, eu tenho mais parentes masculinos do que a maioria das
mulheres querem e posso chamá-los sempre que quiser. Vocês, sem dúvida,
conheceram alguns uma vez que eu acho que vamos precisar de alguma ajuda
antes que tudo isso acabe. Existe mais do que apenas Lady Letitia tentando
vender sua filha para tirar proveito do lucro.
―Eu acho que sim, milady. Tem também os desaparecimentos, sim? Eu
também acho que isso vai ser difícil para o conde. Muito difícil. Ele sabe que
sua mãe é uma mulher má, mas eu acho que ele não sabe o quão ruim ela é.
―Não ele não sabe. Eu sinceramente desejava que fosse de outra
forma, mas temo que ele está prestes a sofrer uma série de duros golpes
conforme esse problema for resolvido.
―Eu vou cuidar dele, milady. O mesmo acontecerá com os outros. Ele
é nosso irmão, mesmo que nunca lhe tenham dito isso. Ele era bom para nós
e irmãos devem cuidar uns dos outros.
Olympia assentiu com a cabeça, esperava que Brant tivesse planos para
ajudar o jovem Thomas a tornar-se mais do que um servo pelo resto de sua
vida. Havia tanta força no coração do menino que seria um desperdício se
tudo o que ele fizesse fosse atender aos cavalos de algum fidalgo para o resto
da vida. Era um bom ponto a favor do menino que não houvesse nenhum
indício de raiva ou ressentimento em relação ao homem que tem todos os
privilégios por ser filho do conde, enquanto ele e os outros tinham tão pouco.
Só por isso, merecia algo muito melhor do que ele tinha tido até agora. Duas
horas depois eles partiram para Londres. Olympia suspirou quando
acomodou-se confortavelmente em seu assento no carro, ignorando o olhar
severo de sua empregada. Brant e Thomas tinham partido em uma carruagem
separada, deixando a jovem Merry com ela e Enid. O homem estava
determinado a proteger sua reputação, Olympia pensou com um sorriso. Era
algo que ela estava bem acostumada. Os homens de sua família tinham sido
assim há anos, desde aquela noite horrível há treze anos. Ela havia desistido
há muito tempo atrás de fazê-los ver que não tinha sido culpa deles.
―Ele não sabe o que é dito sobre ele, sabe?― Perguntou Enid.
―Não―, respondeu Olympia, olhando a jovem Merry e sabendo, pela
aparência triste no rosto da menina, que ela sabia de pelo menos alguns dos
rumores sobre o conde. ―Você acha que eu deveria ter dito a ele?
―Não, ele já teve choques suficientes, eu penso. Precisa de um pouco
de descanso. Ele vai descobrir em breve.
―Mas, você não pode deixá-lo ficar em Warren com você.
―Enid, quem é a baronesa aqui?
―Não fique subindo no pedestal comigo. Você sabe que eu estou certa.
Se ele se mudar para Warren quando você está lá sozinha, não haveria nada de
sua reputação ao final da semana, se não mais cedo.
―Eu ainda não acredito que tenho uma reputação de qualquer maneira.
Eu apenas sou eu. E parte do que eu sou é Wherlocke e nossas reputações
não são grande coisa.
―Boa o suficiente para que você fosse convidada para um monte de
coisas e ser bem-vinda na maioria das melhores casas. O que em breve
chegará ao fim. ― Enid ergueu a mão quando Olympia começou a falar. ―E
não me diga que isso não iria incomodá-la. Pode não fazê-lo tanto quanto
faria a alguma outra senhora de educação, mas que iria doer iria, e você não irá
me convencer do contrário.
―Não, você está certa. Dependendo de quem fizer poderia machucar
bastante. Mais importante, poderia prejudicar outras pessoas da família.
Todavia, o homem está prestes a descobrir que não é bem-vindo em qualquer
lugar. O que se deve fazer? Ele mal pode ficar na rua ou mesmo em alguma
hospedaria durante todo o tempo que levará para salvar a jovem Agatha
―Então nós apenas temos que pensar em alguma solução enquanto
fazemos o nosso caminho para casa. Há uma resposta para tudo. Nós apenas
temos que encontrá-la.
―Você mudou sua opinião sobre ele.
―Um pouco. Merry me disse que não há maldade no homem, mesmo
quando ele está afundado nos copos. Há sim uma tristeza nele. Uma dor
profunda. Está tentando afogá-la em mulheres e bebida. Homem tolo. ―Enid
balançou a cabeça. ―Eu nunca entendi por que eles acham que isso vai
funcionar.
― Obscurece a memória e entorpece a dor por um tempo e, por vezes,
é bom o suficiente. E se o que Penelope me disse for verdade, eu acho que há
também um monte de culpa no homem. Eu posso sentir isso às vezes. Temo
que o problema com Agatha e a descoberta de que seu pai encheu suas casas
com os seus filhos ilegítimos só fez aumentar isso. Agora ele estará
enfrentando as consequências de tentar entorpecer essa dor.
―Então você acha que ele irá beber de novo.
―Não, porque ele tem o bom senso de saber que precisa de sua cabeça
limpa para ajudar sua irmã e sua necessidade de ajudar Agatha é forte. Muito
forte. Mas assim que começar sua busca por um lugar para ficar em Londres e
as portas forem fechadas para ele uma e outra vez, terá de ser vigiado.
―Mas você disse que não achava que ele estaria bebendo como um
beberrão de novo.
―E eu tenho certeza disso, mas ele vai ficar com raiva e ambas
sabemos a quem essa raiva será destinada. Nós temos de ter certeza de que ele
não vai fazer nada particularmente tolo até que tenha essa raiva sob controle.
Nenhuma das outras mulheres argumentou sua opinião e Olympia
suspirou, fechando os olhos contra o olhar de entendimento em seus rostos.
Brant estava prestes a entrar em uma verdade escura que tinha sido escondida
dele por muito tempo. Ele deveria saber que tinha se comportado mal por
dois anos, mas tinha obviamente sido mantido totalmente ignorante de como
sua mãe tinha usado seu comportamento para destruí-lo ainda mais aos olhos
da sociedade. Seu orgulho estava prestes a ser eviscerado.
Capítulo 5

Humilhação não era algo estranho para Brant. Mas geralmente ela não
vinha das mãos de um mordomo sarcástico. Ele era, afinal, o Conde de
Fieldgate, um homem com séculos de história e criação atrás dele e, devido a
alguns investimentos inteligentes, um monte de dinheiro. Não muito tempo
atrás uma mãe faria de tudo para levá-lo a se casar com sua filha. Agora
ninguém o queria perto de uma mulher. Ele olhou para os pedaços de seu
cartão de visita que o mordomo havia rasgado em seu rosto e jogado aos seus
pés, ao mesmo tempo recitando o desejo sincero que Lady Anabelle
Tottenham tinha de que Lord Fieldgate morresse. Houve uma referência a
uma viagem atrasada para o fogo do inferno também. Brant não podia se
recordar de ter insultado a mulher em momento algum, mas então, havia
muitas coisas que ele não recordava ter feito nos últimos anos. Nem podia
lembrar de insultar o filho idiota dela que em muitas vezes esteve com ele em
rodadas de dissipação. Ele estaria extremamente surpreso, no entanto, se
descobrisse que teria tentado seduzir ou conseguido seduzir a senhora de
sessenta anos.
Preguiçosamente ajeitou o casaco, voltou a descer os degraus e
começou a passear pela rua em direção à carruagem. Ele não tinha ideia de
onde estava indo agora. Cada porta, em que ele havia batido havia sido
fortemente fechada em seu rosto. Cada pessoa com quem tinha tentado falar,
recusou-se a vê-lo e enviou-o de volta a seu caminho com fria precisão ou
grosseria.
Ele balançou de lado sua confusão sobre o motivo disso, porque tinha um
problema mais importante para resolver. Onde ele deveria ir? Ele tinha a
esperança de encontrar algum velho conhecido, mas as mulheres da
aristocracia estavam barrando-o de seu objetivo em cada rodada. A casa
Mallam da cidade, propriedade dos Condes de Fieldgate há muitos anos,
nunca poderia ser negada a ele, mas o próprio pensamento de dormir sob o
mesmo teto que sua mãe virou seu estômago. Ele não tinha certeza que
poderia conter sua raiva para com ela. Olhou para Thomas, limpo e bem
vestido, andando ao seu lado.
―Parece que eu não tenho nenhum lugar para ficar―, disse ele.
―Mulheres tolas.― Thomas balançou a cabeça quando chegaram ao
carro. ―Você pode ser um porco no cio, senhor. . .
―Obrigado, Thomas,― murmurou Brant. ―Que gentil de sua parte
dizer isso.
Thomas ignorou a interrupção de Brant e continuou: ―Mas você
nunca, nunca feriria uma mulher, nem mesmo a mais mal-humorada vassoura.
―Obrigado. É uma pena que nenhum dos meus amigos esteja na
cidade agora. Se assim fosse, eu teria sido salvo deste exercício humilhante.
―Então é melhor voltarmos para Warren. Há muito espaço lá.
―Eu não posso ficar lá, Thomas.― Brant lutou para ignorar o quanto a
ideia de fazê-lo o tentava. ―Lady Olympia é solteira e nenhum de seus
parentes masculinos estão hospedados em Warren para atuar como
acompanhante. Compartilhar uma casa com ela nessas condições poderia
prejudicar sua reputação sem reparação.
Thomas fez um som que estava repleto de nojo e zombaria. ―A
sociedade está cheia de tolos. Ela não é uma jovem em idade delicada, mas
uma viúva. É uma coisa boa ser uma viúva, também, ou ela seria insultada por
ser uma solteirona.
―Ela seria?― Brant piscou quando tudo que Thomas tinha acabado de
dizer finalmente se estabeleceu em sua mente e agarrou o menino pelo braço.
―Espere! Lady Olympia é uma viúva?
―Você não sabia?― Thomas puxou o braço e começou a subir na
carruagem. ―Ela se casou quando era pouco mais do que um bebê e o tolo
depois morreu. Ela diz que há um monte de privilégios em ser uma viúva e
um deles é que ela não tem que ser cuidada por ninguém.
Desde que ele não tinha ideia de para onde ir, Brant disse ao motorista
para levá-los a Wherlocke Warrene subiu para a carruagem.― Isso pode ser
verdade, mas ela ainda deve tomar muito cuidado com sua reputação,
especialmente desde que eu duvido que muitos recordamos o breve
casamento. Mesmo que tivéssemos alguns de seus parentes mais próximos
nos acompanhando, isso ainda poderia provocar alguns sussurros prejudiciais
se eu ficasse em Warren enquanto estivesse na cidade. Nós acabamos de ver,
claramente, que eu sou uma pária.
Thomas franziu a testa por um momento. ―Isso significa que é uma
pessoa má?
―Muito má.
―O quê? Porque você bebeu demais e foi para acama com várias
mulheres? Hah! Isso é o que todos os bem nascidos fazem
―Talvez, mas não acredito que com o mesmo vigor que eu nos últimos
dois anos.― Ele suspirou e olhou para fora da janela da carruagem,
fugazmente desejando que não tivesse enviado sua própria carruagem de volta
para Fieldgate. ―Eu não acho que fiz alguma coisa digna de tanto escárnio, no
entanto.
Brant desejava que seus amigos estivessem na cidade. Ele sabia sem dúvida
que nenhum deles lhe teria negado um lugar para ficar. Ele tinha apenas
brevemente pensado em ir para a casa de um deles na cidade, o convite para
usá-las sempre que ele quisesse tinha permanecido aberto, mas decidiu que era
errado colocar a decisão de conceder-lhe ou negar-lhe entrada a algum de seus
empregados ou parentes.
―Não há, é claro, nada que nos impeça de ir a Warren para desfrutar de
um pouco de chá enquanto eu planejo meu próximo passo ―, disse ele depois
de um momento de arrependimento por permitir que os pensamentos sobre
seus amigos o atrasassem. Brant ficou satisfeito quando Thomas
simplesmente assentiu. A expressão do menino dizia que sabia que Brant não
tinha ideia do que ia fazer, mas pelo menos ele não expressou suas dúvidas
sobre a inteligência de Brant em voz alta. Para alguém que não tinha sido mais
do que o menino encarregado das botas há muito pouco tempo atrás, o jovem
Thomas tornou-se bastante confiante de seu lugar ao lado de Brant.
Em outras circunstâncias, Brant acharia graça do modo como Thomas
estava caminhando para fora do mundo da servidão para ser abertamente
conhecido como bastardo de um conde. O mundo não era particularmente
gentil com aqueles nascidos do lado errado do cobertor, mas, a cada momento
passado na companhia do menino, Brant suspeitava que o jovem Thomas se
sairia muito bem. Enquanto a carruagem seguia seu caminho através das ruas
para Warren, Brant pensou sobre os novos meio-irmãos que conheceu, bem
como os que tinham desaparecido. Ele sempre soube que seu pai tinha sido
consistentemente infiel a sua mãe, mas nunca havia considerado a
possibilidade de que o homem tivesse criado um pequeno exército com as
mulheres no campo. Isso tinha sido surpreendentemente ingênuo da parte
dele. Agora se perguntava o que iria encontrar na cidade uma vez que seu pai
tinha sido um sem vergonha tão grande em Londres como em qualquer outro
lugar. Após conhecer um estábulo cheio do que parecia ser os bastardos de
seu pai, Thomas havia sido o único interessado em se aventurar numa vida
fora do campo. Brant estava determinado a tornar a vida melhor para os
outros também, chocado que seu pai não tivesse deixado nada para as crianças
que ele tinha criado de forma tão descuidada. Havia muito que ele pudesse
fazer para ajudar os outros a melhorar de vida, mas ainda permitiria que eles
trabalhassem nos estábulos como muitos pareciam preferir. De acordo com
Thomas, Ned e Peter também queriam algo melhor para si mesmos. Brant só
esperava que os meninos realmente entendessem o que eles enfrentariam
como crianças nascidas no lado errado do cobertor, mesmo se esse pai tivesse
sido um conde.
―Aqui é onde vive sua senhoria, milorde―, disse Thomas,
interrompendo os pensamentos de Brant quando a carruagem parou.
Warren estava muito melhor do que lembrava da última vez que a tinha
visitado, Brant pensou quando pagou o motorista. Ele havia dado pouca
atenção ao lugar, quando tinha parado para garantir que lady Olympia estava
acomodada em sua casa antes de correr para encontrar um lugar para ficar em
uma carruagem alugada. Penelope e Ashton tinham trazido a casa de volta a
sua antiga glória. Olhando para cima na rua, ele podia ver que muitas das
outras casas também pareciam melhores do que se lembrava dois anos atrás, o
ar de lenta decadência quase completamente banido. Mais umas aquisições e
reparos e a pequena rua não seria mais a menos respeitável da vizinhança.
De repente, ele sorriu. Claro que também seria embalado com
Wherlockes e Vaughns. Quando bateu na porta, ele decidiu que poderia ser
sábio olhar para outras áreas que passavam despercebidas pelas bordas dos
bairros escolhidos pela sociedade para ver se eles também poderiam ser
trazidos para os padrões que a sociedade tinha. Poderia ser um risco muito
rentável. Ele se empurrou para fora desses pensamentos quando a própria
Olympia abriu a porta.
―Então, você fica ou você vai?― Olympia perguntou quando ela
acenou para que Brant e Thomas entrassem e fechou a porta atrás deles.
―Eu não posso ficar e você sabe disso―, disse Brant quando Pawl
chegou para tomar o seu casaco, chapéu e bengala.
―Mas você não tem outro lugar para ficar, tampouco, eu aposto.―
Antes que Brant pudesse responder, ela disse: ―Venha para a sala de estar.
Enid em breve trará algum chá e bolos e depois podemos conversar.
Ia ser embaraçoso ter que dizer a ela o que tinha acontecido com ele,
mas Brant a seguiu, sentindo que ela não estava muito surpresa com tudo isso.
Ele sentiu um breve lampejo de raiva porque ela tinha obviamente mantido
segredos para ele, mas facilmente baniu a raiva. O que quer que ele tinha se
transformado, em um cidadão não respeitável que ninguém queria em sua casa
provavelmente não era algo que ela teria se sentido confortável em dizer-lhe.
Ele não tinha certeza se teria acreditado plenamente nela de qualquer forma.
Com o canto do olho, ele observou Thomas desaparecer pelo corredor em
direção à cozinha. Enid estragaria o garoto com guloseimas assim como ela
estava mimando a jovem Merry também. Brant só poderia rezar para que ele
fosse capaz de encontrar a irmã da menina, outra tia de Thomas, que havia
desaparecido ao mesmo tempo que Ned e Peter.
No momento em que o chá e bolos foram servidos, e ele e Olympia
ficaram sozinhos novamente, Brant estava preparado para discutir o fato
humilhante de que não tinha nenhum lugar para ficar. Ele agora acreditava
que poderia fazê-lo sem reclamar, algo que ele sentiu que não tinha direito de
fazer. Foi por suas próprias ações que ele não era mais aceito em qualquer
lugar. Se ele tivesse parado para considerar as consequências de seu profundo
mergulho na devassidão, ele realmente não teria incluído a possibilidade de ser
totalmente banido da sociedade em que tinha nascido. Era, afinal, um dos
melhores cavalheiros ingleses. Ele era solteiro, tinha um título, não tinha
dívidas e possuía uma renda muito respeitável. E tinha a seu favor, o fato de
ser jovem e moderadamente bonito, de boa saúde, e tinha todos os dentes.
―Alguma coisa te diverte?― Perguntou Olympia. Brant nem tinha
percebido que seu último pensamento o fez sorrir, mas rapidamente ficou
sério mais uma vez. ―Eu só estava pensando em como deveria ser tudo o que
qualquer mãe gostaria como um marido para a filha.
―Ah, bem, sim, você é.― E o fato de que ela absolutamente odiava o
pensamento dele com qualquer outra mulher alarmava Olympia um pouco.
―Mas, mas devo ter apagado tudo isso nos últimos anos porque
ninguém quer mesmo me deixa entrar dentro de sua casa.
Olympia botou o chá de lado, cruzou as mãos no colo para refrear o
desejo de ir até ele e acariciar seu cabelo, e estudou-o por um momento.
―Você se jogou de cabeça na libertinagem e de alguma forma o fez um pouco
publicamente, assim como muitos outros cavalheiros. Eu não acredito, e
nunca acreditei, que você tenha feito mais do que muitos outros já fizeram, e
eles não foram banidos da sociedade.
―No entanto, todas as portas estão fechadas para mim agora.
―Talvez,― ela começou, mas depois hesitou enquanto tentava pensar
em como expressar seus pensamentos sobre a questão de uma forma que seria
menos dolorosa para ele suportar.
―Talvez meu comportamento tenha soado muito pior do que
realmente era por sugestão de alguém perto de mim, assim ninguém iria
questionar a veracidade de tais contos.
Olympia fez uma careta. ―Sim, esse foi o meu pensamento quando os
primeiros sussurros sobre você começaram a escorregar de uma sala de estar a
outra.
―Sussurros sobre o quê?
―Isso não é verdadeiramente importante.― Ela realmente não queria
repetir nenhum deles.
―Pode ser importante para mim desde que eu sou o único que deve
tentar refutá-los.
― Foi feito soar como se você fosse da mesma laia de homens como
Minden,― ela finalmente confessou e o viu ficar um pouco pálido.
―Minha mãe tem estado bem ocupada, me parece.― Ele notou que ela
não contestou a sua escolha de inimigo. ―Não só não sou bem-vindo dentro
de uma única casa, mas também parece que ninguém quer discutir a locação
de um quarto para mim. Eu me pergunto que tipo de males ela me acusou de
fazer. Minden tem tantos, se ela escolheu o seu modo de viver como o único a
denegrir meu nome, ela teve um grande número de pecados colocados aos
meus pés. Tremo só de pensar o que poderia ser.
―Eu suspeito que em breve você vai descobrir isso. Se for ruim o
suficiente, haverá muitas pessoas dispostas a sussurrar os rumores em seus
ouvidos ou aos meus. Após os primeiros, eu deixei de ouvir.
―Mas você deixou de acreditar neles?
―Claro. Eu conheço todos os seus verdadeiros amigos, Brant. Eles
nunca teriam nada a ver com um homem do tipo de Minden, portanto, você
estava sendo caluniado. Agora, onde vai ficar enquanto estiver na cidade, você
não precisa se preocupar quanto a isso.
―Não estou certo de que seria sensato para mim ficar aqui e não
apenas porque o meu nome foi tão machado que mesmo uma ligeira conexão
comigo poderia ser a sua ruína. ― Brant sabia que seria muito imprudente e
não só por causa do dano que seria feito a ela e seu bom nome. Ele a queria
muito para estar dentro de seu alcance dia e noite. Apenas sentado lá,
observando-a saborear o chá e mordiscar um bolo tinha-o posto tenso com a
luxúria. Apesar das quantas vezes que ele havia passado nos braços de uma
mulher ao longo dos últimos anos, percebeu que fazia muito tempo desde que
sentiu sua luxúria facilmente excitar-se, e apenas por assistir a uma mulher
fazendo o mais simples dos atos.
―Verdade. Injusto, mas é verdade ―, concordou Olympia.
―Nem mesmo o fato de você ser viúva a pouparia.―
Ela viu o brilho de irritação nos olhos cinzentos escuros e fez uma careta. Ele,
obviamente, pensava que ela vinha mantendo segredos dele. Em alguns
aspectos estava uma vez que não gostava de lembrar de seu curto casamento.
Ela certamente não gostaria de falar sobre isso. Olympia recusou-se a sentir
vergonha de seu reticente passado, no entanto.
―Eu sei, mas você poderia ficar na casa ao lado o que não causaria
fofocas. Está vazia no momento porque está sendo redecorada para Argus e
sua nova esposa, mas ainda está habitável. Ela não será ocupada por meses
ainda, e então, não haverá pressa para você encontrar um outro lugar para
ficar.
―Isso poderia servir, mas você está certa de que seu irmão não vai se
importar?
―De modo nenhum. Pode haver algum trabalho sendo feito na cozinha
enquanto você está lá, mas vai ser pouco incomodado por que, porque pode
compartilhar as refeições com a gente aqui.
―Olympia, isso é o mais gentil de sua parte, mas não acredito que eu
indo e vindo constantemente aqui seria uma ideia muito boa, também.
―Então, é bom que você possa fazê-lo sem ser visto.―
Ela levantou-se e fez-lhe sinal para segui-la. Brant fez isso, tentando muito
não olhar o balançar de seus quadris tão abertamente. Olympia levou-o para a
parte traseira da casa até um pequeno jardim de Inverno. Ao chegar ao final,
ele viu uma porta pela qual poderia passar de casa em casa despercebido. Um
longo arco coberto de hera cobria a porta, ele ficou de frente para a porta que
dava para o conservatório da outra casa. Ninguém iria ver ninguém deslizando
para trás e para frente ao longo do caminho coberto.
―Engenhoso mas tenho que perguntar por que foi feito―, disse ele
enquanto a olhava destrancar a porta.
―Argus gostava da ideia de ser capaz de ir e vir quando quisesse e nem
mesmo ter de se preocupar muito com o clima ―, respondeu Olympia. ―Ele
está tentando convencer nosso primo Quentin a fazer o mesmo na casa que
comprou recentemente do outro lado da de Argus. Veja bem, no momento
em que Argus começou o trabalho, ele não tinha qualquer intenção de se casar
e gostava da ideia de que poderia ser capaz de vir aqui para refeições, em vez
de apenas sentar-se em sua própria sala de jantar sozinho. As crianças muitas
vezes estão aqui e ele poderia vir quando eles estivessem para compartilhar as
refeições com a gente.
―E eu vou fazer o mesmo―, disse ele enquanto aceitava a chave que
ela lhe estendia. ―Obrigado, milady. Esta é a solução perfeita. ―Ele sorriu
brevemente. ―Não só para o meu problema com servos, mas também por
estarmos trabalhando em conjunto para colocar as mãos sujas de Minden
longe de minha irmã.
―Devo chamar Thomas?
―Sim por favor. Vamos começar a nos instalar na casa agora. Mais
tarde nós podemos discutir o que precisa ser feito. Aparentemente eu não vou
ser capaz de descobrir nada comparecendo aos eventos ao meu redor.
Houve um breve olhar de raiva e mágoa em seu rosto e ela estendeu a
mão para tocar seu braço em um gesto de simpatia. ―Vamos resolver isso,
Brant, e você será justificado.
―Eu duvido que saia limpo da mancha desse rumor. Não fui nenhum
anjo nestes dois últimos anos.
―O que você fez não foi mais do que os outros já fizeram e eles não
foram banidos da sociedade. Você sabe disso. Não, temo que sua mãe fez isso
para mantê-lo fora da sociedade para que ela não fosse incomodada por
qualquer interferência sua.
―E me prejudicado muito cuidadosamente em matéria de obter
qualquer informação sobre no que ela pode estar envolvida. Eu temo que vou
ter que chamá-la para coletar informações para mim.
―Algo em que sou muito boa, perdoe minha modéstia.―
Ele estendeu a mão e passou os seus dedos sobre sua bochecha, encontrando-
a tão suave e quente como parecia. ―Eu suspeito que você tem uma
habilidade invejável de cavar a verdade. Por causa do que minha mãe tem
feito, terei de percorrer um caminho mais escuro para tentar descobrir alguma
coisa útil que nos ajudará a acabar com seus jogos ―. Olympia colocou a mão
sobre a dele, embora soubesse que deveria se afastar dele, terminando a
carícia, mas estava gostando muito de seu toque para terminá-lo tão cedo. Ela
também queria confortá-lo. Brant sabia o que sua mãe era por causa do que
ela tinha feito a Faith, a garota com que ele tinha pensado em se casar, mas ela
duvidava que conhecesse as verdadeiras profundezas de sua crueldade e do
seu mal. Que destruí-lo aos olhos da sociedade iria feri-lo tanto. Ela podia ver
isso em seus olhos. Ele havia protegido esse seu nome simplesmente virando-
lhe as costas e permanecendo em silêncio sobre o que ela tinha feito. Em
agradecimento por isso, sua mãe tinha enfiado uma faca profundamente em
suas costas e torcido.
―Brant, você não será capaz de protegê-la de nenhuma forma dessa
vez―, disse ela calmamente.
―Eu sei.― Ele descansou sua testa contra a dela, precisando da
simpatia que ela ofereceu. ―Eu a bani da minha vida e até mesmo tentei levar
os mais jovens para longe dela, mas não poderia destruí-la totalmente. Eu
senti que iria prejudicar muito toda a família. Que todos iriam sofrer se toda a
verdade sobre ela aparecesse. Ela obviamente não sentiu gratidão por essa
bondade. Pior ainda, em meu espectáculo de modo a permiti recuperar o
equilíbrio e obter a vantagem de novo.
―Você estava de luto.
―Eu estava, mas também estava tentando afogar minha culpa.
―E que culpa você tem? Você não fez nada.
―Eu sei. Eu não fiz nada. E Faith morreu em medo e dor.
Olympia beijou. Ela não tinha certeza do por que, exceto que não podia
suportar ouvir a dor em sua voz. Ela se assustou quando ele passou os braços
em volta dela e puxou-a contra ele. Por momento, ela teve duvidas quando ele
pressionou sua língua contra seus lábios, mas quando ela os separou e ele
enfiou a língua em sua boca, ela rapidamente se agarrou a ele. Calor fluiu por
seu corpo e ela se sentiu fraca, como se todo o sangue fluísse para fora de sua
cabeça. O pensamento de que ela poderia realmente desmaiar em seus braços
como uma menina tola restaurou seu bom senso o suficiente para que
colocasse as mãos contra o peito e o empurrasse levemente. Brant percebeu
que ele estava beijando Olympia de uma forma que revelou toda a fome que
sentia por ela e deu um passo para trás. Sua falta de controle o embaraçava.
Ele não viu nenhuma condenação em seu rosto, no entanto, e relaxou um
pouco. Seu corpo estava tenso com a necessidade, mas estava certo de que ele
não tinha que pedir desculpas pelo que tinha acabado de fazer e queria muito
fazer novamente.
―E essa é a razão pela qual não podemos estar sob o mesmo teto―, ele
murmurou enquanto lutava para liberar seu aperto sobre ela.
―Hah, então aí estão vocês!― Olhando por cima do ombro de
Olympia, viu Thomas caminhar em direção a eles. Ele tinha um olhar em seu
rosto que dizia que sabia exatamente o que ela e Brant tinham acabado de
fazer. Recusando-se a se sentir constrangida por ser pega nos braços de um
homem, ela lentamente se afastou de Brant e sorriu para Thomas.
―Sim, aqui estamos―, disse ela. ―Eu estava prestes a chamar você.― Antes
de Thomas pudesse expressar a sua opinião sobre essa alegação, Brant agarrou
o menino pelo braço e apontou a porta. ―Nós temos um lugar para ficar.
―Oh. Portanto, não vamos estar aqui para comer o que Enid e Merry
cozinharam então. Conseguiremos nosso próprio cozinheiro? ― Thomas
perguntou com pouco entusiasmo.
―Nós iremos eventualmente, quando finalmente nos estabelecermos
em nossa própria casa. Por agora, vamos entrar e sair de Warren para
conseguir nossas refeições.
―Isso vai ser bom. Eu também poderei ver Merry sempre que quiser.
―Então deixe-nos ir recolher nossas coisas para que possamos nos
estabelecer.
―Vou enviar Merry e Enid para ter certeza de que as camas estão
prontas e vocês tenham tudo que precisarem―, disse Olympia enquanto
começava a sair da sala. No momento em que a porta se fechou atrás de
Olympia, Brant viu-se confrontado por um carrancudo Thomas. ―A casa não
é de seu gosto? Você prefere ficar aqui?
―Eu preferiria que você não jogasse nenhuma libertinagem com sua
senhoria―, disse Thomas. ―Eu posso ser um menino, mas posso ver quando
um companheiro está sendo um pouco para frente com uma moça.
―Ah, bem, sim, eu estava sendo um pouco para a frente. É por isso
que não vou ficar aqui. Temo que Olympia seja uma mulher por quem sinto
uma forte inclinação para chegar, er, para a frente. Eu não fiz nada, que ela
não tenha aceitado de bom grado ―, acrescentou ele em voz baixa. Thomas
assentiu. ―Então tudo bem. Melhor irmos nos instalar. Tenho a sensação de
estaremos correndo em breve.

Olympia bebeu um copo de vinho e olhou para o fogo morrendo.


Thomas e Brant tinha se juntado a eles para o jantar e, em seguida, correram
de volta para a casa de Argus. Embora Brant não tivesse se aproximado, ele
não havia agido como um homem que havia derretido seus ossos com um
beijo apenas algumas horas atrás, também. Olympia não queria ser apenas
mais um brinquedo para ele, mas ela não gostava particularmente como ele
poderia ser quente e frio. Ela ainda estava lutando para recuperar seus
sentidos depois daquele beijo, sua mente cheia de pensamentos sobre o que
ela deveria ou não deveria fazer em seguida. ―O homem é um safado―, disse
Enid quando ela entrou no quarto para atiçar o fogo. ―Apenas um dia em sua
presença e ele já está beijando você.― Ela olhou para Enid. ―O que faz você
pensar que ele me beijou?
―A forma como seus lábios estavam inchados e vermelhos depois que
ele se afastou trotando para a casa de seu irmão.― Olympia tocou sua boca.
―Inchado e vermelho?
―Não grotescamente, por isso não fique tão preocupada. Mas, você
deve ter bom senso suficiente para saber quando um homem é um patife.
Você tem um monte deles na sua família.
―Enid, eu sei que Brant é um patife e tem sido por dois anos. Ele não
era nenhum anjo antes disso, tampouco. Porém, eu também sou uma mulher
de vinte e seis anos, não alguma criança inocente e virginal. Foi apenas um
beijo. ―Ela suspirou. ―Ele parecia tão magoado sobre como sua mãe vem
destruindo completamente sua reputação, que me senti obrigada a tentar
confortá-lo. Para ser justa com o malandro, eu o beijei primeiro. Ele apenas
respondeu com entusiasmo.
―Você o quer.
―Sim, eu quero e isso tanto me alarma quanto me agrada. Eu temo não
poder ser capaz de, bem, desfrutar de um homem e ainda assim estou
contente que tenha considerado fazê-lo.
―Já faz treze anos, Ollie,― Enid disse calmamente. ―Foi horrível o que
você sofreu, mas a maior parte do medo e da mágoa devem ter aliviado agora.
―Eu também acho, mas ainda me preocupo de descobrir que não.
―Você acha que o conde é o homem que quer, o homem que você
poderia amar?
―Eu não sei sobre amar o homem, mas eu o desejo. O próprio fato de
que ele faz o meu sangue ferver me faz querer tanto fugir quanto jogá-lo no
chão para que eu possa violá-lo. ― Ela sorriu quando Enid riu. ―Eu ainda não
sei o que pretendo fazer com o homem.
―Se ele faz você sentir uma atração, faz com que o seu sangue ferva
quando nunca fez antes, então eu digo que você deve ver o que acontece. Não
tem que se preocupar em perder a sua virgindade e, em seguida, ter de explicar
a qualquer homem com quem queira casar. Você é uma viúva. Talvez já tenha
passado da hora de ver o quão ferida ou curada você está.
―Exatamente o que eu estava pensando.― Olympia terminou seu
vinho e, em seguida, começou a sair da sala. ―E, quando se considera o
assunto, quem melhor para me ajudar a descobrir isso que um homem que
tem tanta prática na arte do amor? ― Ela fechou a porta para as risadinhas de
Enid.
Capítulo 6

Olympia decidiu que compartilhar o café da manhã com um homem


por quem estava fortemente atraída era um negócio perigoso. Brant tinha
entrado, invisível como planejado, para se juntar a ela no desjejum. No
entanto, apesar de seus dois sobrinhos jovens e Thomas estarem com eles,
havia uma intimidade em tudo isso que ela não poderia abalar. Ele sentou-se à
mesa com ela vestido como muitos homens teriam se vestido para desfrutar
sua primeira refeição do dia, mas Brant usando camiseta simples era uma
visão que ela encontrou muito tentadora. O fato de ele ficar olhando para o
cabelo dela, que estava apenas levemente amarrado como sempre durante as
manhãs, e seu olhar aquecendo a cada vez que ele o fazia, só aumentou essa
tentação. Ela o tinha visto pouco nos últimos dois dias e percebeu que sentia
muita falta dele. Era estranho que se sentisse assim quando eles tinham apenas
se beijado um pouco e estado tão raramente um na companhia do outro
depois daquele dia em que ela tinha avisado sobre a ameaça à sua irmã. Ele
aparecia para o chá todos os dias, para que pudessem trocar as informações
que cada um estava ocupado conseguindo, mas era como se ele estivesse
tentando colocar, e manter, uma distância entre eles. Seria a coisa sensata a
fazer, mas ela sabia que não conseguia aguentar isso. Fazia seu coração doer.
Ela forçou sua atenção para seus sobrinhos Artemis e Stefan na
esperança de empurrar de lado sua mágoa e confusão. Aos dezenove e
dezessete anos, respectivamente, eram mais homens do que meninos, mas ela
ainda era muito cautelosa em envolvê-los no que poderia vir a ser uma
situação muito perigosa. Surpresa quando o pedido de ajuda que tinha enviado
no momento em que voltou para Londres os trouxe à sua porta com total
aprovação de Penélope. Eles tinham sido uma parte do primeiro grupo que
tinha descoberto a verdade nua e crua sobre o desaparecimento de Faith e da
parte de Lady Mallam nisso. Penelope era bem consciente de quão perigoso
este novo problema com a mulher poderia ser.
―Ashton também quis que viéssemos―, disse Artemis, com um leve
sorriso quando Olympia franziu o cenho por ele estar usando seu dom para
descobrir como ela se sentia, e então ele olhou para Brant. ―Ashton queria
vir, mas o parto de Pen está perto, ele se preocupa. Este bebê apareceu muito
rapidamente depois que os gêmeos nasceram e ele não quer deixá-la sozinha.
―Compreensível―, disse Brant, o agradou saber que Ashton ainda
estava do seu lado e sentindo uma pontada de inveja sobre tudo que seu
amigo agora tinha, mas ele rapidamente o sufocou antes que qualquer uma das
pessoas dotadas pudesse senti-lo. ―Eu não estou muito certo de como vocês
podem me ajudar, no entanto.
―Nós vivemos aqui durante anos, quando este não era um lugar tão
respeitável e nós aprendemos muito sobre os locais ainda menos respeitáveis
quando estávamos resolvendo os problemas de Pen.
―Fizemos um pouco menos do que respeitáveis amigos que poderiam
nos ajudar também―, acrescentou Stefan. ―Conhecemos com quem falar e
tudo.
―Ah, é claro.― Olympia assentiu enquanto espalhava creme nos pães
que Enid fizera. ―Eu também tinha pensado em fazer uso dos meninos.
―Que meninos?― Perguntou Brant.
―Os garotos que acabaram de chegar―, disse Artemis e então franziu a
testa. ―Algo não está certo.― Brant estava limpando as migalhas de sua boca
quando Enid abriu a porta da sala e quatro meninos esfarrapados se
apressaram a entrar. Divertiu-se um pouco quando foi apresentado a cada um
com toda a cortesia formal que teria sido usada se ele estivesse em uma
reunião com colegas membros da aristocracia. Os Wherlockes e Vaughns
obviamente não estavam em nenhum pedestal de boa educação, mas todas as
pessoas eram tratadas com dignidade até que, suspeitava, eles perdessem o
direito a tal respeito. Ele supôs que não deveria estar tão surpreso já que as
famílias tinham alguns dos servos mais fiéis que ele já tinha conhecido, alguns
agiam mais como família do que servos. Ele deu uma boa olhada em cada um
dos meninos enquanto os cumprimentava. Sob a sujeira e roupas pobres havia
sinais de linhagens que poderiam não ser completamente comuns. O maior
dos meninos, Abel Piggitt, parecia estar à beira da puberdade. Ele era alto,
com cabelos loiros e olhos verdes, bem como ossos finos, características que
o tornavam quase bonito. Daniel Ashburner tinha dez anos, o menino sentiu-
se obrigado a compartilhar essa informação quando foi apresentado, com o
cabelo vermelho e olhos castanhos escuros que lhe davam um olhar de doçura
que Brant estava certo que o menino saberia usar a seu favor. Menor que
Daniel, mas ainda sem dúvida, perto de sua idade, David Ewen tinha cabelo
preto e olhos cinzentos, bem como um semblante sombrio que fez Brant
querer faze-lo sorrir, pelo menos uma vez. Giles Green, claramente o mais
novo dos quatro, tinha cabelo preto e olhos tão azuis quanto Olympia,
fazendo Brant se perguntar se esse era mais um dos bastardos dos Wherlocke
ou Vaughn. Cada menino agiu e falou de uma forma que disse a Brant que
alguém havia providenciado alguma educação a eles.
―Enid, acredito que vamos precisar de mais um pouco de comida―,
disse Olympia enquanto acenava para os meninos em direção à mesa.
―Nós já lavamos as mãos―, anunciou Giles e todos os quatro rapazes
levantaram as mãos muito limpas para Olympia inspecionar. Apesar da fome
óbvia que os meninos revelavam, suas maneiras não continham o menor dos
erros enquanto eles avançavam para a comida restante. Brant teve ainda mais
certeza de que os meninos estavam sendo ensinados por alguém e suspeitava
que Olympia fosse a responsável pela fiscalização dos estudos que poderiam
fazê-los melhorar de vida. Ela revelava uma generosidade de espírito que sabia
que poucos iriam adivinhar que ela tinha. Ele tomou um gole do que foi
considerado o melhor café que já havia provado e esperou que mais comida
fosse trazida. Depois de algum tempo os meninos abrandaram em sua
alimentação o suficiente para explicar por que tinham ido a Warren. Saber que
qualquer informação que os meninos tivessem em breve seria revelada,
roubou de Brant a calma e o contentamento de um bom café da manhã e da
boa companhia que desfrutava. Os cabelos de sua nuca se eriçaram e ele não
conseguia afastar a sensação de que estava prestes a levar outro golpe.
―Perdão, Milady―, disse Abel quando limpou a boca com um
guardanapo finamente bordado. ―Nós estávamos com tanta fome que nos
esquecemos de porque corremos até aqui.
―Muito compreensível, Abel―, disse Olympia. ―Você pode me dizer a
notícia agora.
―A notícia mais importante é que a criada de Lady Aggie perdeu seu
irmão. Lady Aggie estava muito chateada sobre isso e nos fez jurar dizer-lhe
assim que possível.
―O que você quer dizer com perdeu seu irmão?
―O rapaz desapareceu ontem à noite. Ele tem apenas oito anos, o
mesmo que Giles aqui, e a empregada tem cuidado do menino desde que ele
nasceu. Logo que pôde ele começou a ajudar nas cozinhas ou nos estábulos
para ganhar seu sustento. Bom rapaz, ele era. Todo mundo diz isso. Ninguém
pensa que ele fugiu ou algo semelhante, mas ele se foi com certeza.
―Assim como o nosso Ned, Peter e minha tia―, disse Thomas.
―Aposto que o rapaz era outro bastardo.
―Ele era?― Perguntou Brant a Abel, temendo a resposta.
―Bem, a criada disse que seu irmão era,― Abel fez uma pausa e franziu
a testa, ―a última brincadeira de Sua Senhoria.
E lá estava, pensou Brant, o golpe que ele estava esperando. ―Parece
que meu pai brincou demais antes de morrer ―ele murmurou.
Outro meio-irmão. Outra criança que seu pai tinha feito e deixado para
ser não mais do que um servo em sua casa. Alguém poderia achar que seu pai
tinha decidido preencher sua necessidade de trabalhadores simplesmente
produzindo-os. E também parecia que sua mãe estava finalmente trabalhando
para livrar-se de tudo que a lembrasse da infidelidade constante de seu
falecido marido. O fato de que, ao fazê-lo, punia a criança e ao mesmo tempo
enchia sua bolsa, sem dúvida havia visto como um benefício adicional e
agradável. Ela não se importava com o fato de que estava destruindo uma
criança inocente. De repente, toda a comida que ele tinha comido se agitou
em sua barriga como vingança.
Olympia deu uma olhada no rosto pálido de Brant e silenciosamente
enviou todos os outros para fora da sala. Havia muita coisa que precisava ser
discutido, mas Brant estava profundamente chocado para participar disso. Ela
se moveu até a mesinha, derramou conhaque em um copo pequeno, e foi para
o seu lado. Enquanto segurava a bebida a sua frente, e levemente acariciava
seu cabelo castanho escuro, que estava apenas levemente amarrado por uma
fita. Era algo que ela fazia para confortar os meninos quando eles precisavam,
mas o desejo de confortar Brant era apenas uma pequena parte do que ela
experimentou quando tocou o cabelo macio, espesso e sedoso.
―Não tenho certeza se eu deveria beber isso―, disse Brant, enquanto
pegava o conhaque que ela tinha oferecido a ele.
―Por que não?― Olympia relutantemente tirou a mão de seu cabelo,
certa de que ele em breve poderia perceber que não era mais uma carícia
inocente.
―Eu me tornei alguém que gosta de beber―, Brant murmurou,
enquanto olhava para o líquido âmbar.
Olympia puxou uma cadeira para perto dele e sentou-se de frente para
ele. ―Você está começando a pensar que atingiu um ponto em que precisa da
bebida.
―Sim. Eu não bebi desde a noite antes de você vir a Fieldgate e estava
me perguntando se já tinha passado tanto tempo sem beber nos últimos anos.
Não tem realmente sido um tempo tão longo, ainda que agora tema que uma
bebida possa muito bem levar a muitas outras. E ainda é de manhã.
―Você sofreu um grande choque.
―Eu acredito que eu tenha tido alguns desde que você apareceu na
minha porta―, ele disse e sorriu levemente. ―Se você quer minha opinião
sobre isso, eu não acredito que seja um alcoólatra. Isso é muitas vezes uma
coisa que eu posso facilmente sentir sobre uma pessoa, apesar do quão bem
alguns podem escondê-lo dos outros. Não sinto essa fraqueza em
você. Posso, no entanto, conseguir outra coisa para beber, se você quiser. ―
Ele balançou a cabeça e tomou um gole. O calor do brandy rapidamente se
espalhou por seu corpo, colocando de lado o efeito entorpecedor do choque.
No momento em que terminou a bebida, o choque que o tinha acertado com
tanta força havia sumido, mas a dor do conhecimento continuava. Ele
estudou o copo vazio e ficou aliviado, quando uma certeza o agarrou. Isso lhe
disse que ele não conseguiria paz através da névoa da bebida desta vez e
pousou o copo na mesa.
―Eu sabia que meu pai era um porco infiel―, disse ele em voz baixa,
―mas nunca ouvi falar de nenhum bastardo sendo servo. Considerando o
número de camas em que ele brincou foi notavelmente cegueira de minha
parte. Mais cegueira minha porque vivi em meio a irmãos, e lhes permiti que
me servissem e a minha família, e nem ao mesmo uma vez os reconheci pelo
que eram.
―E por que deveria?
―Porque meu pai era irresponsável em tudo o que fazia. Em algum
momento na minha vida deveria ter me ocorrido que ele levaria a mesma
irresponsabilidade para as camas onde se deitou, e tabernas que frequentava.
― Ele fez uma careta. ―Ele teve seis crianças com a minha mãe, depois de
tudo. Três, quando ele era um jovem robusto e três, quando era um velho
cujos excessos foram esculpidos em seu rosto e corpo.
―A maioria dos meus parentes são companheiros inteligentes,
cautelosos em muitas coisas, mas a maioria deles também possuem um filho
ilegítimo ou dois―. Ela colocou a mão sobre as dele que estavam cerradas e
pousadas contra sua coxa. ―A única maneira de evitar a criação de uma
criança é não indo para a cama com uma mulher.
―Ah, mas seus parentes não escondem o fato de que eles têm filhos,
assumindo-os e cuidando deles como melhor podem. Na verdade, ninguém
na sua família tenta esconder essas crianças e eles certamente não colocam
seus filhos a serviço de suas próprias residências.
Olympia inclinou a cabeça, inclinando-se mais perto para que pudesse
lhe sorrir diretamente. ―Você conheceu as crianças de que Penelope tomava
conta. Você pode ver qualquer um deles ao serviço de alguém? ― Brant sorriu
com o pensamento. ―Não. Nunca. Lembro-me dos contos do jovem Hector
quando ele jogou páginas em Lady Clarissa Hutton-Moore. Se não fosse pelo
abuso físico sofrido pelo menino, todo o interlúdio teria sido fonte de muita
gargalhada. ―Ela riu e o calor de sua respiração acariciou seu rosto. Brant foi
surpreendido em como rapidamente sua luxúria ganhou vida. Seus dedos
coçaram para serem enterrados em seu cabelo espesso, preto, apenas
levemente confinado por uma fita que combinava com seus belos olhos, e
caindo em ondas pesadas ao longo de sua cintura delgada. Lá estava o brilho
remanescente de diversão em seus olhos. Seus lábios cheios se separaram um
pouco quando ela cedeu a sua diversão, e, de repente, ele tinha de beijá-la.
Quando ele se inclinou em direção e colocou sua boca na dela, a diversão de
Olympia se esvaiu debaixo de uma onda de calor. Ela sabia que deveria se
afastar dele. Era cedo demais para agir sobre o que ele a fazia sentir, muito
cedo para ter certeza em sua própria mente se ela queria explorar a atração
entre eles ao máximo. No entanto, não conseguia encontrar forças para se
mover.
Todo o seu corpo se suavizou e ela apertou-se contra ele quando ele
passou os braços em volta dela. Ela prontamente abriu a boca em resposta ao
impulso de sua língua. A maneira como ele acariciou o interior de sua boca
enviou inundações de calor por todo o seu corpo. Suas mãos enfiadas em seu
cabelo só aumentavam essa necessidade quente que tomou conta dela.
Olympia tinha bom senso suficiente para perceber que ela não sentia medo.
Sentia só desejo e necessidade. Um ávido desejo de ter ainda mais prazer com
este homem. Foi quando ele se moveu, seu cotovelo derrubando o copo em
cima da mesa, que ela ganhou força suficiente para afastar-se do desejo
inebriante que a encheu. Ela colocou a mão em seu peito e empurrou. O fato
de que ele imediatamente aliviou a pressão sobre ela só aumentou sua crença
de que podia confiar neste homem para tratá-la com carinho e respeito. Ela
olhou-o nos olhos, o cinza escurecido quase preto de desejo. Era inebriante
ter tal homem mostrando paixão por ela. Olympia gostou da maneira que se
sentiu ao saber que um homem como ele a queria.
Ela agora sabia por que tinha sentido uma pitada de inveja quando viu
como Ashton olhava para Penélope. Brant olhou para a mulher que ele
segurava levemente. Seus lábios ainda estavam molhados e avermelhados de
seu beijo, tentando-o como ele nunca tinha sido tentado antes. Ele sabia que
deveria lutar contra seu desejo por ela. Não era apenas uma baronesa com
uma família muito grande, a maioria do sexo masculino, mas havia uma
inocência sobre ela que lhe disse que o curto casamento não lhe tinha
ensinado muito e que ela não havia se entregado a um homem desde então.
Ele era um homem com uma mãe que pensava que não havia problema
vender crianças ao mercado negro, com um monte de pessoas a cargo,
incluindo o que poderia ser uma grande horda de irmãos ilegítimos, e uma
reputação como bêbado, jogador e mulherengo. Antes que ele pudesse pensar
no que dizer, ou ceder à tentação e tentar beijá-la novamente, os meninos
voltaram. Cada um olhou para ele com desconfiança flagrante, mas Olympia
logo atraiu a atenção do fato de estarem tão próximos, o que o fez sentir
vontade de se proteger. Brant apressadamente serviu-se de mais café quando
todos retomaram seus lugares.
―Eu acho que nós precisamos ir a procura do irmão da empregada e
dos meus irmãos―, disse Thomas.
―Nós temos procurado―, ele rapidamente acrescentou com um olhar
para Brant ―, mas principalmente para obter informações sobre o que Lady
Mallam faz.
―Bem, para ser franca―, disse Olympia, ―agora estamos bastante
certos de que Lady Mallam está por trás das crianças desaparecidas. Descobrir
com quem ela está lidando poderia nos levar às crianças.
―Eu sei, mas eu estou pensando que precisamos fazer ambos, de modo
a apressar as coisas. Coisas ruins podem estar acontecendo com os
desaparecidos ―. Brant não tinha dúvida de que coisas muito ruins estavam
acontecendo para aqueles que sua mãe tinha levado.
―Talvez eu devesse ir e falar com a minha mãe―, disse ele, ao mesmo
tempo que percebia que seria um desperdício de tempo.
―Eu acho que você sabe que não fará nenhum bem―, disse Olympia,
simpatia suavizando seu tom. ―Ela vai fazer o seu melhor para ou não falar
com você ou mentir. Sabemos apenas de sua parte no último incidente,
porque um fantasma falou com Penelope.
―Eu rezo para que não encontremos fantasmas desta vez.
―Como todos nós. Todavia, penso que Thomas está certo. Todos nós
precisamos nos esforçar mais e olhar em outras direções. Agora, a coisa mais
importante é encontrar essas crianças. ―Brant assentiu. ―Você está certa.
Tudo o que descobrir sobre a minha mãe ou Minden será apenas um
benefício adicional para finalmente pôr fim a seus crimes.
―Você também precisa falar com um advogado. Meu primo Andras
Vaughn poderia ajudar lá e não haverá necessidade de temer que ele possa ser
comprometido por qualquer poder que sua mãe possa fazer valer contra ele.
Duvido que exista alguma coisa que pudesse usar contra Andras uma vez que
ele é um homem muito bem comportado. ―Ela ficou satisfeita ao ver o breve
sorriso no rosto de Brant. ―Ele poderia começar a olhar para como você
pode recuperar o controle total de sua própria casa.
―E como ele faria isso?
―Ao descobrir como sua mãe conseguiu o poder para empurrá-lo de
lado como chefe da família. Isso é muito incomum. Na verdade, considerando
o tipo de homens que mantêm controle total de suas famílias apesar de suas
várias depravações, eu diria que é quase um milagre ―. Artemis assentiu.
―Para dar poder a uma mulher quando há um homem que possui o título é
inédito.
―Ela conseguiu isso e eu sei que é porque descobriu homens que
poderia forçar a faze-lo―, disse Brant. ―Mamãe sempre gostou de trazer à
tona os segredos mais sombrios das pessoas. Eu não tenho nenhuma dúvida
de que a chantagem e, talvez, um pouco de suborno foi utilizado. Eu preciso
descobrir quem ela detém em seu poder.
―Então é isso que vamos fazer―, disse Olympia. ―Procure por sinais
dos filhos perdidos, descubra quem foi dobrado à vontade de sua mãe e por
que, e consiga com que Andras fale com você e comece a usar sua magia para
cavar toda a verdade feia. E, claro, manter as mãos sujas de Mindem longe de
Agatha.
Em pouco tempo todos haviam ido embora, menos ela. Olympia caiu
de volta em sua cadeira enquanto tentava colocar seus pensamentos em
ordem. Brant e Thomas saíram para se encontrar com Andras. Os garotos,
cuidadosamente separaram todos os meninos pobres da rua, estavam fora
para tentar descobrir onde as crianças desaparecidas poderiam ter sido
levadas, e seus sobrinhos estavam fora para ver o que eles poderiam descobrir
sobre Minden. Agora tudo o que tinha a fazer era decidir o evento da
sociedade que pudesse assistir e que lhe daria a melhor chance de obter
alguma informação. ―Eu prefiro estar fora nas ruas com os meninos―, ela
resmungou enquanto olhava através dos restos dispersos de café da manhã
para ver se havia alguma coisa para comer.
―Não pense mesmo em se juntar a eles ―, disse Enid enquanto
caminhava até a mesa e começava a recolher os pratos. Olympia levantou-se
para ajudá-la apenas para ser mandada de volta a seu assento. ―Você fica
espreitando por trás da porta esperando que eu fale sozinha, para que possa
aparecer com alguma resposta?
―Mas é claro. É o meu jogo favorito. Ou isso ou você fala sozinha
demais.
―Eu suspeito que é o último. E perambular pelas ruas com os garotos
seria muito, muito preferível a me arrastar a algum evento chato da sociedade
apenas para que eu possa percorrer túneis de fofocas inúteis em uma vã
esperança de encontrar algum trecho útil.
―É verdade, mas os meninos não podem fazê-lo, e ao que parece, nem
o conde.
―Como pode uma mãe destruir a reputação de seu próprio filho?
―Como pode uma mulher vender crianças para uma vida de puro
inferno?
―Tem isso também. Devíamos ter feito algo sobre ela depois que
descobrimos sua parte na venda da pobre Faith para aquela madame má.
―Isso era direito do conde e ele escolheu simplesmente cortá-la para
fora de sua vida. Eu acho que ele tinha a arrogância dos homens a respeito das
mulheres e pensou que ela não teria compreendido exatamente o que havia
feito a Faith ou que ela se não se atreveria a continuar em seus maus
caminhos, depois de ser confrontada com o conhecimento de seus crimes. Eu
acho que a mulher conta muito fortemente com essa arrogância dos homens.
―Muito possivelmente. Isto tudo pode acabar muito mal. Ele está
horrorizado com o que ela fez, mas ela ainda é a mulher que lhe deu a vida.
Que castigo severo ele poderia dar a ela? Poderia entregá-la às autoridades
para prisão ou enforcamento? Isso poderia fazer mais mal a ele? É um negro e
trabalhoso problema.
Enid acariciou o cabelo de Olympia. ―Eu acredito que ele vai se
certificar que ela não possa fazer mal a ninguém novamente. Eu também
acredito que ele vai perder toda a suavidade, se ainda tiver algo dentro dele,
para com a mulher a medida que descobrir tudo o que ela tem feito. Ele trata
o seu meio-irmão pequeno bem e sei que ofereceu uma vida diferente e
escolaridade para os outros, de modo que ele se preocupa com os de seu
próprio sangue como um homem deveria. Pense em como ele vai se sentir
quando descobrir o que ela tem feito com as crianças.
―Mas ele já sabe.
―Ele acha que sabe, mas ainda não viu realmente com seus próprios
olhos.
―Ah, não, ele não viu. Pode-se pensar que sabe de algo, mas ver esse
algo sempre trás uma grande impressão. Ele ainda sofrerá um grande número
de golpes.
―E você quer ajudar a suavizar a dor, sim?
―Eu acho que sim.― Olympia levantou-se e limpou a saia de seu
vestido da manhã. ―É melhor eu ir me preparar para um dia de chás fracos e
bolos obsoletos. Tenho vários pequenos encontros para ir. Ore para eu
conseguir o que quero já no primeiro ou voltarei para casa de mau humor.
―Ela compartilhou um sorriso com Enid e, em seguida, correu para seu
quarto para aprontar-se.
Olympia observou Lady Nickerson gingando para longe e se forçou a não
demonstrar a dor que estava torturando suas têmporas. A mulher amava uma
conversa e a maioria eram fofocas nojentas e repetidas. Não era nada mais do
que ela tinha conseguido nas últimas três casas que havia ido, mas dessa vez
foi tempo demais. Era hora de desistir, ir para casa, e descobrir o que a
inteligente Enid podia dar-lhe para a dor de cabeça agora martelando por trás
de seus olhos.
Assim que ela começou a fazer seu caminho para Lady Brindle para se
despedir, mais convidados chegaram. Olympia quase gemeu de desânimo pois
era ninguém menos que Lady Mallam e a jovem Agatha. Ela estava orgulhosa
de Agatha, no entanto, quando a jovem olhou em sua direção, mas agiu como
se ela não tivesse visto ninguém que conhecia. Agatha podia ser jovem, mas
ela tinha sagacidade suficiente para saber como jogar o jogo que precisavam
jogar para libertá-la de sua mãe. E quase uma hora depois que ela foi
apresentada para Lady Mallam por sua anfitriã. Olympia tinha estado a ponto
de desistir e ir para casa quando a jovem, doce, mas um pouco boba Senhora
Brindle trouxe Lady Mallam e Agatha e apresentou-as. Embora elas nunca
tenham sido formalmente apresentadas antes, ficou claro a partir do olhar nos
olhos de Lady Mallam que ela sabia exatamente quem Olympia era e que sua
opinião sobre ela não era favorável.
―Sua família raramente frequenta tais eventos, Lady Wherlocke―, disse
Lady Mallam.
―Aconteceu de eu estar na cidade para fazer algumas compras e senti
que deveria fazer as rondas―, respondeu Olympia.
―Eu acredito que você se encontrou com o meu filho, no entanto. O
conde de Fieldgate?
―Sim, no casamento de Radmoor e minha sobrinha. E mais uma vez
quando meu irmão casou-se com a filha do duque de Sundunmoor.― Ela
podia dizer pelo lampejo de irritação nos olhos da mulher que ela não gostava
de ser lembrada das muitas conexões que os Wherlockes possuíam.
―Fiquei surpresa que o duque tenha permitido que meu filho
participasse do evento pois temo que ele tenha caído longe das graças da
sociedade.
―Realmente? Eu não acho que o duque tem muito a ver com a
sociedade. ―A forma como Agatha de repente encontrou um intenso
interesse nas cortinas das janelas disse a Olympia que a menina estava lutando
contra a vontade de rir, mais uma vez, revelando que tinha sagacidade
suficiente para saber que seria um erro.
―Me referia a meu filho. Ouvi dizer que você e ele chegaram na cidade
ao mesmo tempo. Cabe a mim avisá-la sobre ele. Ele não é o tipo a que uma
jovem de sua estatura deva associar-se, não se deseja manter seu lugar na
sociedade.
Olympia supôs que deveria estar satisfeita de que agora ela tinha provas
de que era Lady Mallam que estava manchando o nome de Brant, mas tudo o
que queria fazer era dar um soco na boca da mulher. Era estranho que uma
mulher pudesse ser tão má. Lady Mallam era atraente, a idade havia feito
pouco para diminuir sua beleza clássica. No entanto, havia uma frieza em seus
olhos, olhos exatamente iguais aos de Brant. Olympia sabia que a frieza vinha
de dentro da alma da mulher. Ela também sentia que Lady Mallam odiava seu
próprio filho. Duvidava que algum dia poderia entender isso.
―Fieldgate é o bom amigo de meu sobrinho por casamento.
―Claro, laços familiares e tudo mais. No entanto, mesmo isso deve ser
reconsiderado quando se lida com um homem da laia do meu filho. ―Ela
estendeu a mão e deu um tapinha no braço de Olympia. ―Você ainda é jovem
o suficiente para fazer um bom casamento, querida. Não seria sensato deixar
que mesmo uma estreita ligação diminua suas esperanças porque o seu bom
nome foi manchado por conhecer o homem em que se tornou meu filho.
Meu coração de mãe quebra ao dizer tais coisas, mas eu senti que você deveria
saber a verdade.
Olympia estava tão zangada que mal ouviu as coisas que a mulher disse
ao despedir-se, arrastando uma Agatha silenciosa em direção a Lady
Nickerson. Lady Mallam agiu como se aquela mulher fosse sua mais querida
amiga, o que disse a Olympia que a mãe de Brant sabia exatamente como
espalhar seu veneno sobre ele. Havia uma boa chance de ela estar agora
espalhando um pouco de veneno sobre Olympia também. O modo que
Agatha tensamente caminhava disse isso a Olympia. Rapidamente pedindo
licença a sua anfitriã, Olympia saiu e tomou uma respiração profunda. O ar de
Londres não era doce, mas era muito melhor do que o que ela tinha respirado
naquele pequeno ninho de víboras. Ela tinha esquecido quão viciosas as
senhoras da sociedade poderiam ser. Olympia tinha a suspeita, no entanto,
que estava prestes a ser fortemente lembrada. Lady Mallam sabia que ela e
Brant tinham chegado na cidade juntos. Se isso significava que eles eram
aliados ou não, não era algo com que preocupasse sua senhoria. Tudo o que
ela queria era se certificar de que ninguém iria escutar qualquer coisa que
alguém poderia dizer em defesa de seu filho e, se isso significasse destruir a
reputação de alguém ligado a Brant através do mais fino dos laços, ela iria
fazê-lo sem hesitação. Lady Mallam obviamente usava a tática de atacar
primeiro e se preocupar com a necessidade de fazê-lo mais tarde.
Enquanto ela dizia a Pawl para levá-la para casa e, em seguida, subia na
carruagem, Olympia tentou decidir se devia dizer a Brant que tinha provas
absolutas de que era sua própria mãe a destruí-lo na sociedade. Ele tinha
adivinhado que era ela, mas ainda seria um golpe para ele. Ela suspirou e
fechou os olhos.
Por enquanto, não diria nada. Não iria ajudar em nada ele saber e ela
simplesmente não queria dar a ele mais más notícias. Ele já teve o suficiente
desde que ela o havia arrastado de Fieldgate e ele estaria enfrentando muito
mais nos próximos dias. Ela só esperava que ele não conseguisse a prova disso
por conta própria ou poderia pensar que ela estava mantendo segredos dele e
ela estava certa de que a confiança era algo que Brant não dava facilmente.
Pegando-a no que poderia parecer uma mentira a ele, poderia custar caro a ela.
Mas novamente, ela já estava mantendo outros segredos dele. O que seria
mais um?
Capítulo 7

―Eu não quero pensar em ninguém de meu sangue sendo forçado a


entrar em um lugar como esse―, disse Brant enquanto permanecia nas
sombras de um beco em frente à rua Dobbin House.
―Ninguém iria querer, especialmente porque o pobre rapaz ou moça
que lá estão provavelmente foram forçados. Eu duvido que alguém entre aí de
bom grado. ― Thomas olhou para o edifício de tijolo velho sujo. ―É melhor
que eu não encontre Ned ou Peter lá ―. Havia um ódio tão frio na voz do
menino, um eco nas linhas duras de sua expressão, que Brant realmente temia
pela vida de sua mãe. Era um medo que rapidamente se extinguiu. Ela podia
ser a mulher que lhe dera a vida, mas não era mãe dele, não mais. Não era
porque ela tinha vendido a mulher que ele amava e com que queria se casar
para um assassinato brutal, tampouco, embora ele tivesse virado as costas para
ela depois disso. A mulher vendeu crianças, não era melhor do que alguns
comerciantes de escravos. Ele nunca mais a reconheceria como qualquer
familiar sua, já era tempo de remover todos os sinais dela de sua vida, da vida
de seus irmãos, e de cada uma de suas propriedades. Pouco a pouco, cada
pequeno pedaço de informação que tinha recolhido os tinha levado a este
lugar. Cada peça também o havia deixado saber quem teria vendido as
crianças para esta vida sórdida. Sua mãe era muito bem conhecida entre os
moleques de rua, muitos deles conhecendo alguém que ela tinha vendido para
uma forma de escravidão. Ele percebeu o medo em seus olhos quando seu
nome era mencionado. A partir do que tinham dito, havia meninas em idade
de se casar que foram colocadas à força em navios para plantações nas
colônias o que encheu os bolsos de sua mãe e seus compatriotas, um dos
quais era lorde Minden. Brant não sabia se poderia resgatar todos os que ela
tinha prejudicado.
―Isso não é culpa sua, senhor―, disse Thomas.
―Ela é minha mãe.―
―Verdade o que é uma coisa triste ter que admitir, mas ela também é
uma mulher crescida e deve saber que o que está fazendo é errado. Merry
sempre diz que é uma escolha fazer o certo ou errado e isso é algo pessoal.
―Quantos anos tem sua tia que desapareceu?
―Ela tinha dezesseis anos, senhor.
Brant amaldiçoou. ―Pelo que temos aprendido, não tenho certeza que
eu posso fazê-la voltar para Merry.
―Eu sei. O mesmo acontece com Merry. Você vai dar o seu melhor ao
tentar e isso é tudo que pode fazer.
―Nem tudo, Thomas. Eu também posso ter certeza de que a minha
mãe nunca possa fazer isso de novo. Eu não posso ver minha própria mãe
enforcada, mas posso fazer muitas outras coisas que vão diminuí-la, roubar
todo o poder e capacidade de continuar seus crimes.
―Nenhum sinal ou palavra deles, senhor―, disse Abel quando ele e os
outros três garotos se juntaram a eles ―, e nós estamos olhando e escutando
por aqui por um bom tempo ―.
Durante três dias inteiros, Brant pensava. Eles haviam discutido planos
para localizar Peter, Ned, a irmã de Merry, e Noah o irmão da empregada logo
após ele haver beijado Olympia. Três dias, catorze horas, e dez minutos atrás.
Brant acordou várias vezes durante a noite saboreando a doçura de sua boca
na dele, seu corpo em chamas com a necessidade. Ele queria outro beijo; ele
queria muito mais do que isso.
―Eu poderia ir lá dentro e dar uma olhada―, disse Giles,
interrompendo os pensamentos de Brant para seu alívio.
―Não―, disse Brant acentuadamente, os outros meninos ecoando seu
comando.
―Então, como vamos saber ao certo se Ned, Peter, ou Noah estão
lá?― Perguntou Thomas. ―Este é o lugar onde todos aqueles que
conversaram com a gente acham que eles estão.
―Vamos precisar de alguém para entrar, alguém que pode fingir estar
atrás de alguns dos produtos que este lugar oferece.
―A própria ideia de entrar em um tal lugar virou o estômago de Brant,
mas ele estava certo de que era o único jeito.
―Então, quando tivermos a certeza, se essa pessoa não puder libertar
os meninos, os companheiros de Bow Street precisaram ser chamados.
― Bow Street,― murmurou Abel. ―Nada mais que um bando de
músculos com pouco cérebro, sempre à procura de agarrar algumas moedas.
―Eu conheci um homem de lá que é um homem inteligente, honesto―,
disse Brant. ―Um homem chamado Obadiah Dobson. Eu o conheci há dois
anos e ele era um bom homem, em seguida, nos ajudou muito, e não fez nada
que eu ache errado ou tolo. Tenho amigos que foram a sua procura por ajuda
desde então, e eles ficaram impressionados por ele. Acho que ele iria
encontrar grande alegria em fechar este lugar.
―Tenho ouvido falar de Dobson.
―Oh? Porque você tinha necessidade dele ou porque você teve que
fugir dele?
―Um pouco de ambos―, disse Abel e todos os cinco meninos
sorriram. ―Ele não bate em um rapaz apenas para ouvi-lo gritar quando o
pega fazendo uma ronda por ladrões. Ele não os deixa serem enforcados
também. Eu estou cheio disso tudo. Lady O pensa que eu vou ser um bom
advogado.
―Isso é o que penso que gostaria de ser―, disse Thomas.
―Eu acho que os dois se sairiam muito bem.― Brant deu uma última
olhada longa, em Dobbin House. ―Devemos dar uma boa olhada ao redor
antes. Odeio a ideia de deixar qualquer criança lá dentro, mesmo por mais
alguns minutos, mas, se não tivermos muito cuidado, e aqueles que
administram o lugar desconfiarem de nossos planos, as crianças poderiam ser
escondidas ou pior. Disso eu tenho certeza.
―Melhor voltarmos para Lady O para planejarmos algo então―, disse
Abel.
Brant fez uma careta quando deslizou através dos becos sombrios da
cidade com os meninos. A ideia de mesmo mencionar um lugar como Dobbin
House para Olympia era o suficiente para assustar qualquer cavalheiro. Era o
lado escuro dos homens que ninguém queria que as mulheres conhecessem.
Ela não lhe permitiria protege-la de tal feiura, no entanto. Isso tanto o fazia
admirá-la quanto o fazia se sentir consternado. Tudo o que podia ter era
esperança de que ela seria tão enojada pela simples menção da tal casa que iria
deixar todo o planejando para ele, mas suspeitava que era uma esperança
muito tola, de fato.

―Dobbin House deve ser queimada até os alicerces, de preferência com


cada homem e mulher que tem lucrado com esse mal amarrados de forma
firme a uma cama enquanto as chamas os consomem. E, em seguida, as cinzas
deles e daquele lugar horrível devem ser espalhados aos quatro ventos,
―Olympia disse, a fúria fazendo sua voz soar baixa e rouca. ―Eu não entendo
como os nossos funcionários podem permitir que tal lugar exista.
―Olympia, você sabe muito bem que a simpatia pela situação das
crianças pobres está faltando em Londres, e no país todo. Embora, eu acredite
que as crianças pobres se saem melhor no campo. Mas eles também enforcam
uma criança faminta a cada dez por roubar um pedaço de pão ―, disse Brant
enquanto a olhava passear pela sala com raiva. ―E, é triste dizer, alguns desses
funcionários podem não estar fazendo nada, simplesmente porque valem-se
dos serviços oferecidos lá.
Ela sufocou o impulso de gritar e se sentou ao lado dele no sofá de
frente para a lareira. Olhar fixamente para as chamas lentamente a acalmou,
sua fúria desaparecendo, embora sua indignação permaneceu. Olympia não
era tão ingênua que não sabia que existiam tais lugares, que essas necessidades
eram perversas e sentidas por alguns homens e servidas por outros. Ela estava
muito cansada de ver a crueldade dos homens, o mal que parecia não
conhecer limites. Quando tais coisas se estendiam para ferir crianças inocentes
ela era dividida entre a vontade de chorar e querer se tornar uma mulher
guerreira que empunhava sua espada como uma foice, cortando todas essas
pessoas desprezíveis até o chão.
―Estou certa de que eles estão fazendo coisas dentro daquela casa que
são contra nossas leis―, disse ela finalmente.
―É por isso que vamos vê-los e, em seguida, ter Dobson e seus
homens invadindo o lugar―, disse a Brant. ―Eu só preciso encontrar uma
maneira de saber o que está lá dentro. E quem está.
A raiva dela foi virando uma tristeza de que ele quase podia sentir o
gosto. Brant não podia ignorar isso por mais tempo. Nem podia resistir ao
desejo, à necessidade profunda, para tentar aliviar isso. Ele colocou o braço
em volta dos ombros e puxou-a contra seu lado. A maneira como ela se
acomodou contra ele, acolhendo o abraço, foi muito tentadora. Ele sabia que
era um erro ficar tão perto dela, mas não teve força para afastar-se dela
quando estava tão necessitada de conforto.
―Isto não é prudente,― Olympia disse mesmo enquanto saboreava a
força morna dele, pois sua mente foi rapidamente preenchida com a memória
dos beijos que tinham compartilhado.
―Não, provavelmente não―, ele concordou. ―Não quando estamos. . .
―Ele gaguejou e parou enquanto procurava as palavras certas, aquelas que
não seriam nem sugestivas nem presuntivas. ―Atraídos um pelo outro. Tal
proximidade só contribui para aumentar a tentação.
Olympia Wherlocke não era uma tímida, sem reticência, ele pensou
com um sorriso interior. Ele podia atribuir isso ao fato de que ela havia estado
diretamente envolvida na resolução de vários crimes escuros nos últimos anos,
mas suspeitou que fosse muito mais que isso. Olympia também estava em
seus vinte e tantos anos, considerada exaustivamente uma solteirona pela
maioria da sociedade que tinha esquecido seu breve casamento, e tinha uma
vasta gama de parentes do sexo masculino.
―Isso mesmo―, ele concordou, observando que ela não fez nenhum
movimento para afastá-lo. ―Nós também somos adultos o suficiente e com
força de vontade suficiente para não nos importarmos. ―Ele sorriu quando
ela fez um barulho suave que revelou seu desprezo absoluto por sua
observação. ―Você não acha que nós somos adultos ou temos força de
vontade?
―Eu sei que você está brincando. É claro que somos. E, é claro que
nós dois sabemos que isso faz pouca diferença. Crianças correndo livremente
pela casa fazem a diferença, no entanto.
―É verdade.― Ele cedeu à vontade de acariciar seu cabelo espesso,
respirando o cheiro dela e fazendo uma careta quando sua virilha apertou com
a necessidade.
O calor de sua respiração contra o lado de seu pescoço fez Olympia
arrepiar-se de prazer, mas ela se esforçou para esconder sua reação. Brant era
o primeiro homem por quem ela tinha sentido qualquer desejo, mas ainda não
tinha certeza de que seria sábio para ela testar sua própria força com ele. A
única outra vez que tinha estado com um homem tinha sido uma experiência
terrível, um rasgar de sua infância e capacidade de confiar. Isso tinha ficado
em sua própria alma. Se ela estendesse a mão para o que seu corpo queria
apenas para descobrir que o medo e a dor do passado a seguravam, ela se
sentiria humilhada. No entanto, uma grande parte dela queria estender a mão,
queria agarrar com força e experimentar o prazer que tantos de sua família
experimentavam com abandono imprudente. Ela só desejava que não
estivesse levando tanto tempo para decidir-se. Outra coisa que a segurou era
algo que poderia virar-se contra ela, mesmo que desejasse. Fazer amor
requeria que se removessem as roupas. Uma vez que Brant era, obviamente,
um homem muito observador, ela temia que ele iria ver os sinais em seu corpo
que iriam dizer-lhe que ela tinha guardado outro segredo sobre si mesma, um
grande segredo. Olympia não achava que estivesse pronta para compartilhar
esse segredo com ele.
―Temos que começar a fazer planos para espionar Dobbin House―,
disse ela, rezando para que falar pudesse tornar sua mente clara de como era
bom sentir-se segura em seus braços enquanto ele acariciava o cabelo dela.
―Nós?― Brant afastou-se o suficiente para que ele pudesse encontrar o
seu olhar. ―Não há um nós nessa aventura em particular.
―Claro que há. Não podemos enviar os meninos para espionar aquela
casa. Eles poderiam muito facilmente ser levados e eu não posso permitir até
mesmo o pensamento de que isso aconteça. Você não tem ninguém para
enviar ali para olhar ao redor por você, não é? E não pode ir porque você não
deseja ser reconhecido, o que poderia acontecer se sua mãe for conhecida por
aqueles que administram a casa.
Ele xingou baixinho porque ela estava certa em tudo que disse. Não
havia ninguém que conhecesse para enviar para Dobbin House, seus amigos
estavam todos fora da cidade e os meninos eram muito jovens, e ele não podia
arriscar que uma palavra sobre isso chegasse até sua mãe. Eles tinham que
mantê-la tão ignorante quanto possível de como tão estreitamente estavam
olhando em seus assuntos ou ela poderia facilmente escapar dos castigos de
seus crimes.
―Eu mesmo vou fazer a espionagem―, disse ele depois de um
momento.
―Sem ninguém cuidando de suas costas?
―Olympia, este não é lugar para uma mulher. Você não deve sequer
saber que tal lugar existe, deve ser completamente protegida de tal
conhecimento. Isto. . . ―Ele parou de falar quando ela apertou um dedo sobre
seus lábios.
―Eu conheço a feiura, Brant. Não se esqueça o que sou e o que posso
fazer. Mesmo quando gostaria muito de permanecer ignorante, eu topo com a
feiura do que o homem é capaz de fazer todo o tempo. Tudo o que posso
aprender espionando Dobbin House importa menos do que nada contra a
necessidade de ajudar essas crianças. Seja qual for o choque ou a angústia que
poderei sofrer vai ser facilmente embalada pelo fato de que terei ajudado a
libertá-las daquele inferno.
―Você não vai entrar e não vai tocar em nada―, disse ele, pensando no
horror e privações que um dom como o dela poderia revelar. ―Eu quero
ouvir você concordar.― As palavras que ele disse foram um comando áspero
que normalmente faria com que Olympia imediatamente respondesse com
rebelião, mas ela não o fez. Em vez disso, queria sorrir para suas palavras que
diziam que ele acreditava em seu dom, no que ela poderia fazer. Olympia
começou a pensar que ele sempre o fez, desde seu primeiro dia em Fieldgate,
nunca havia questionado o que tinha visto quando ela se inclinou contra a
parede ou o que ela não podia ver. Ela duvidou que ele algum dia iria entender
o quanto isso significava para ela. Incapaz de resistir, escovou os lábios nos
dele e sussurrou: ―Eu concordo.
Embora o toque de sua boca fosse contra a dele, enviou-lhe uma onda
de calor direto para sua virilha e Brant quase gemeu em voz alta. Ele ignorou a
voz severa em sua cabeça que lhe disse para se afastar. Puxou Olympia
totalmente em seu abraço e beijou-a, nem mesmo tentando esconder a
necessidade arranhando suas entranhas. Sua boca era suave e quente sob a
sua, abrindo-se de boa vontade sob o estímulo suave de sua língua. O sabor
dela baniu toda a cautela de sua mente.
Quando ela acariciou sua língua com a sua própria, ele perdeu as
amarras que o seguravam. Desceu as mãos pelas suas costas magras e subiu-as
novamente, saboreando a maneira como ela tremeu sob seu toque. Quando
ele deu um beijo ao lado de sua garganta ela inclinou a cabeça para trás para
permitir a ele mais acesso. Tudo sobre o jeito que ela respondeu a ele o fez
doer por ela. Ele a beijou novamente e gentilmente moveu a mão até que ela
cobriu seu seio, a plenitude madura em sua mão o fazendo querer ver e beijar
o tesouro que agora acariciava. Olympia começou a sentir muito, a febre que
ele criou em seu interior era muito forte. A maneira como ele acariciou-lhe os
seios mesmo enquanto a língua dele acariciava o interior de sua boca a fez
tremer como um nunca. Ela gostava de estar no controle de si mesma e o que
ele a fazia sentir roubou-lhe o controle. Era maravilhoso e ainda aterrorizante.
No momento em que deixou a boca dela e se mudou para sua garganta, ela
colocou as mãos em seu peito e empurrou sempre muito gentil. Por um
momento, seu braço a segurou apertado, mas antes da centelha de medo
ganhar vida, ele recuou um pouco. ―Tem sido um tempo muito longo para
você?― Ele perguntou enquanto lutava para controlar seu desejo de fazê-la o
querer como ele a queria.
―Eu estive com um homem uma vez―, disse ela enquanto lutava para
ganhar o controle de sua respiração. ―Quando eu estava por volta dos treze.
O homem tornou-se meu marido. Ele morreu pouco depois. ― Choque
segurou-o em silêncio por um momento. Ele sabia que havia muito, muito
mais sobre a história do que ela estava lhe dizendo. Antes que ele pudesse
pensar nas perguntas certas a fazer, o som dos meninos retornando chamou
sua atenção. Ele se afastou dela e viu como ela apressadamente ajeitou o
vestido e tentou alisar os cabelos despenteados.
―Viemos para dizer boa noite, milady―, anunciou Abel enquanto
entrou na sala seguido de perto pelos outros quatro meninos. Cada um dos
rapazes olhou para ele de perto e Brant apenas sorriu. Ele se recusou a se
sentir culpado pelo que tinha acontecido entre ele e Olympia. Não tinha
tomado nada que ela não tinha de bom grado dado e tinha parado no
momento em que tinha indicado que ela não queria mais. Um rápido estudo
dela enquanto os meninos se reuniam em seu torno disse-lhe que tinha
recuperado a calma, e ele sentiu-se um pouco insultado sobre a rapidez com
que ela superou a paixão que haviam experimentado. Então notou suas mãos,
que estavam entrelaçadas em seu colo com muita força. Ela não era tão
indiferente como tentou parecer.
―Todos vocês estão ficando aqui?― Ela perguntou aos meninos.
―Thomas vai voltar para a outra casa com o seu senhor.―
Sua senhoria não estava pronto para retirar-se para sua casa, mas Brant não
disse nada. Provavelmente era melhor se fizesse exatamente isso. Olympia
confessou um segredo sobre seu passado e ele precisava considerar as
ramificações de tudo, antes de agir sobre seu desejo por ela novamente. Ele
não queria mais ser galante e deixá-la sozinha. Tal paixão que ele tinha
saboreado em seu beijo era do tipo que faria um homem parecer tolo caso
fugisse disso.
―Mas nós não precisamos discutir a espionagem em Dobbin House?―
Ela perguntou, virando-se para ele. Brant realmente não a queria em nenhum
lugar perto de lá, mas ela tinha razão em todos os argumentos contra deixá-la
presa em Warren. Ele não poderia usar os meninos e não tinha ninguém que
pudesse chamar para ir à casa como se fosse um cliente.
―Vamos amanhã à noite. Isso vai me dar e aos meninos um pouco
mais de tempo para pesquisar minuciosamente a área fora da Casa.
Precisamos saber exatamente a configuração do terreno antes de rastejar até lá
para fazer nossa espionagem. Rotas de fuga fáceis são as mais importantes.
―Justo. Vou fazer alguns planos eu mesma. ― Quando Brant saiu com
Thomas perguntou-se apenas o que ela acreditava que precisava planejar. De
alguma forma, ele sabia que ela iria surpreendê-lo.

―Você gosta do cavalheiro?―, Perguntou Abel quando Olympia levou


os meninos até os quartos que usariam.
―Eu gosto―, respondeu ela. ―Por que você pergunta?
―Ele tem uma má reputação, sabe. Tenho ouvido algumas coisas ruins
sobre ele.
―Ah sim. Eu temo que a maioria dessas coisas ruins sãos os boatos
espalhados por sua mãe.
―Sua mãe disse tais coisas sobre ele? E você está certa de que elas não
são verdadeiras?
―Muito certa. A mulher fez o que tinha que fazer muito bem para que
o conde não fosse aceito em nenhum lugar, assim ele seria duramente
pressionado para encontrar a prova de que precisa com relação aos seus
muitos crimes.
―Essa é a mulher que levou os meninos, sim?― Perguntou Giles
quando passou por Olympia e entrou no quarto que dividia com David
sempre que os meninos se hospedavam à noite em Warren.
―Sim, ela é. Acredito que ela vem fazendo essas coisas por um longo
tempo.
―Então, por que ele não a parou?
―Ela é sua mãe.
Todos os quatro rapazes assentiram solenemente e ela teve que lutar
contra o impulso de abraçá-los. Eles ainda estavam desconfiados de muito
carinho. Olympia especialmente queria abraçar o jovem Giles. Ela estava certa
de que ele estava relacionado a ela de alguma forma. A marca do clã
Wherlocke era forte em seu rosto jovem. Infelizmente, ele não tinha ideia de
quem eram seus pais, depois de ter sido jogado fora por sua mãe quando
ainda era um bebê e criado principalmente por Abel. Ele também era muito
jovem para revelar que dom poderia ter ganhado do sangue Werlocke, algo
que poderia ajudar a descobrir qual dos muitos patifes em sua família era seu
pai.
―Descansem um pouco, rapazes. Eu sinto que o conde irá mantê-los
muito ocupados durante a manhã. ― Os três garotos mais jovens rapidamente
se enfiaram nos dois aposentos, colocados lado a lado e conectados por uma
porta que ela podia ouvi-los abrir no momento em que chegaram no interior
do quarto. Abel permaneceu ao seu lado, estudando-a de uma forma que a fez
sentir-se desconfortável. Ele era muito mais velho em espírito do que os seus
doze anos e ela estava triste por isso. Ele nunca tinha tido uma infância.
―Onde estão Artemis e Stefan?― Perguntou Abel.
―Foram tentar descobrir algumas coisas assim como você ―,
respondeu ela e cedeu ao impulso de alisar alguns cachos rebeldes em seu
cabelo espesso brilhante. A maneira como ele curvou os ombros mas não se
afastou do contato tanto a divertia quanto a fazia feliz. ―Eles vão voltar em
breve e dormem no quarto em frente a esse.
―Bom. Eu poderia ajudá-la se houvesse problemas, mas eles são
homens e isso seria melhor.
Deixou-a em seguida enquanto fechava suavemente a porta atrás de si.
Balançando a cabeça, Olympia foi para o seu quarto sabendo que seus
sobrinhos iriam deixá-la saber quando eles voltassem, não importa o quão
tarde fosse. Ela estava justamente amarrando seu robe e pensando sobre ler
por um tempo quando uma batida suave veio da sua porta.
―Ah, bom, eu estava começando a me preocupar―, disse ela enquanto
deixava que seus sobrinhos entrassem para o quarto. ―Descobriram alguma
coisa de valor?
―Acho que a irmã da jovem Merry pode ter sido mandada para
longe―, disse Artemis enquanto se esparramava na cadeira em frente da
lareira.
―Eu temia que pudesse ser assim, ― ela disse e suspirou quando
sentou-se na beira da cama. ―Isso significa que ela está perdida para nós.
―Talve sim. Talvez não ―, disse Stefan quando ele se moveu para
sentar-se no braço da cadeira em que seu irmão estava sentado.― Nós
sabemos o nome do navio em que ela provavelmente foi enviada e ele irá
parar na costa da Escócia primeiro, em seguida, irá para uma dessas colônias
de plantação. Pode ser possível pegá-la na Escócia se pudéssemos falar com
alguém por lá a tempo.
―Fale com Pawl. Ele saberá se existe alguém e se existe a possibilidade
de falar com essa pessoa a tempo. Eu temo que iria levar algum tempo para eu
pensar em todos os nossos parentes e onde eles podem ou não estar nesta
época do ano. Pawl tem o tipo de memória afiada que mantém todo esse tipo
de informação certa nas pontas dos dedos.
―Muito bem.― Artemis se levantou e foi para a porta, fazendo uma
pausa para beijá-la no rosto, com Stefan fazendo o mesmo, mas Artemis
parou na porta para olhar para ela.
―Alguma coisa incomodando você?― Ela perguntou.
―O conde―, ele respondeu. Olympia suspirou. ―Eu sou uma viúva de
vinte e seis anos, Artemis.
―Eu sei e não tinha a intenção de tentar dizer-lhe o que fazer.― Ele
sorriu abruptamente. ―Eu vou deixar isso para o tio Argus. Não, só queria
dizer que o conde é um homem que precisa saber que as pessoas estão sendo
completamente honestas com ele. Agora ele acredita que você está sendo.
Então, apenas pensei que você poderia desejar dizer-lhe sobre Ilar.
Ela amaldiçoou quando ele saiu, fechando a porta silenciosamente atrás
dele. Argus poderia vir a ser um problema, mas rapidamente se livrou dessa
parte do que Artemis tinha dito. Ele estava certo sobre Brant e ela tinha visto
essa verdade sobre Brant quase desde o início. Brant tinha boas razões para
desconfiar de quem mantém segredos. Ele até tinha boas razões para ser
cauteloso sobre confiar em mulheres desde que a mulher mais importante em
sua vida havia traído sua confiança uma e outra vez. Essa desconfiança havia
crescido nele com cada novo meio-irmão que conheceu. Agora ele devia
pensar que a maior parte de sua vida tinha sido preenchida com mentiras.
Ela estava dando a ele a verdade, mas o estava fazendo em pequenas
doses e isso era errado. Olympia moveu-se para se servir de um pouco de
vinho. Ela, então, parou diante de sua janela e olhou para o pequeno jardim
enluarado abaixo. Seus segredos tinham sido apenas seus, compartilhados
apenas com a sua família, por tanto tempo que era quase doloroso revelá-los a
alguém. As coisas que ela lhe tinha dito já tinham sido difíceis de dizer a ele.
Tentar dizer a o seu maior segredo poderia facilmente sufocá-la. Ilar, pensou e
seu coração doeu. Ela sentia falta dele. Ele era seu maior tesouro e seu maior
segredo. Mesmo sua família nunca mencionou Ilar, assim como eles raramente
falavam de seu casamento. No entanto, Ilar foi listado como o Barão de
Myrtledowns se alguém se importasse de olhar e eles só precisavam de um
pouco mais de pesquisa para saber que o barão listado nos registro não era seu
marido. Em treze anos ninguém se preocupou em esclarecer a verdade e ela
decidiu deixar o assunto por si só, e permanecer em silêncio e até mesmo em
segredo, mantendo Ilar no campo. ―Onde ele deve ficar até que seja mais
velho―, disse ela em voz alta, como se ouvir as palavras fosse ajudar a lembrá-
la da necessidade do sigilo, o isolamento de seu próprio filho. Pensar em Ilar
tomou sua mente de volta para aquela noite horrível, há treze anos, a noite em
que havia concebido Ilar, e ela estremeceu, rapidamente bebeu um gole
profundo de seu vinho ainda com um medo crescente. Seu primo Maynard
sempre tinha vindo em volta da casa, foi seu companheiro de brincadeira
durante anos. No entanto, naquela noite, ele a tinha olhado de uma forma que
a gelou até os ossos. Antes que ela pudesse escapar-lhe, no entanto, ele usou
seu dom com ela, um dom muito semelhante ao de Argus. Muito jovem para
se proteger de sua habilidade, Maynard a tinha inclinado a sua vontade.
Olympia conseguia se lembrar muito pouco do que tinha acontecido. Ela
apenas acordou com a saia em volta da cintura e uma dor entre suas pernas.
Enquanto ficava em pé, ela tinha colocado as mãos no chão e conseguiu ler as
emoções restantes na grama apenas o que seu primo tinha feito a ela. O primo
Maynard havia pagado caro por seu ato brutal. Ainda em estado de choque,
ela se encontrou casada e, dentro de um curto espaço de tempo, viúva. Ela
sabia que seus irmãos haviam matado seu primo, tinham talvez sido ajudados
por outros em sua demasiado grande família, mas ela nunca tinha pedido os
detalhes de tudo.
Quando se encontrou com a criança, havia se sentido atordoada, pois
era pouco mais que uma criança também. Uma ou duas vezes se perguntava se
ela poderia livrar-se da memória permanente do abuso de Maynard, mas cada
vez que seu filho havia se mexido em seu ventre ela havia sido incapaz de
sequer tentar se livrar do bebê. E foi assim que Ilar nasceu, a fonte ocasional
de memórias que ela muito preferia esquecer, mas sua alegria também.
Artemis estava certo. Brant precisava saber antes de descobrir por si mesmo.
E ele o faria. Ela sabia que não seria capaz de resistir à necessidade de se
tornar sua amante por muito mais tempo. As marcas deixadas desde o
nascimento de Ilar eram fracas e pequenas, mas elas estavam lá e havia uma
boa chance de que Brant iria vê-las. Sua reticência em se tornar amante de
Brant estava quase no fim e com ele iria sua capacidade de dizer-lhe para
parar.
Só mais um pouco, pensou ela, enquanto desamarrou seu robe e se
arrastou para a cama. Foi bom ser desejada por um homem como Brant e
desejou deleitar-se com a simples alegria disso por mais algum tempo. Os
homens geralmente não reagiam bem ao descobrir que a mulher que eles
desejavam possuía um filho. Ela não queria nada perturbando o rápido
crescimento da paixão que ela e Brant compartilhavam tão facilmente. Era
egoísta e ela sabia disso, assim como ela sabia que poderia estar arriscando sua
confiança, mas por um tempo queria que o que estava acontecendo entre ela e
Brant fosse dela e só dela.
Capítulo 8

Brant olhou enquanto Olympia subia pela escada de estilo estranho da


Dobin House. Ele não tinha nenhuma dúvida de que era apenas uma das
muitas rotas de fuga para os proprietários e os patronos se alguma vez
houvesse uma necessidade de correr. O que prendeu sua atenção
completamente, no entanto, foi a visão das formas de Olympia mostradas
claramente nas calças que usava. Suas mãos, na verdade, coçavam para
acariciá-la lá.
Quando ela tinha descido as escadas na Warren para acompanhá-lo
nesta aventura ele quase tinha engolido a língua em sua primeira visão dela.
Olympia vestida como um homem era uma visão para aquecer o sangue de
qualquer homem e descansar em seus sonhos. Ele a tinha feito colocar um
manto pesado, mas ela deixou-o na carruagem, que esperava na esquina e foi
guardada por Pawl. Era tentador correr de volta para o transporte e pegá-la,
jogando-a ao redor dela para esconder o que ele tanto ansiava por tocar de sua
visão, e especialmente da visão de qualquer outra pessoa.
Olympia Wherlocke tinha longas e lindas pernas, as calças apertadas
revelando uma lacuna entre suas coxas fortes que chamava a um homem. Ela
também tinha o mais tentador traseiro que tinha sido abençoado de olhar. Ele
queria vê-lo nu, queria acariciá-lo, beijá-lo. Apesar do fato que eles estavam
aqui para salvar as crianças do inferno onde adultos insensíveis os haviam
colocado, estava encontrando difícil manter sua atenção totalmente no
trabalho que tinham de fazer. Forçando sua luxúria crescente em submissão,
ele começou a subir depois dela. As janelas em torno dos primeiros andares da
casa tinham sido muito bem trancadas por dentro e até mesmo fechadas pelo
lado de fora. As únicas janelas através das quais poderiam ser capazes de
espionar estavam nos andares superiores do edifício de seis andares. O
incomodava que Olympia estivesse junto a ele espionando o abismo que era
Dobbin House. Com toda honestidade, ele não queria perscrutar as janelas
deste lugar. Ele sabia o que estava acontecendo a todas as crianças que tinham
sido sentenciadas a este inferno. Se os meninos procurados estavam lá, eles
seriam libertados, mas estariam danificados no coração e na alma. Levaria
muito tempo para curar aquelas feridas e iriam deixar cicatrizes profundas.
Brant não achou que houvesse uma punição severa o suficiente para as
pessoas que maltratavam crianças dessa forma, entristecido com a verdade
sobre isso, ele sabia que era um dos poucos que realmente se importava com
o que acontecia com eles. A maioria das pessoas quase não via todas as
crianças pobres, e enquanto alguns bastardos de sangue bom eram apoiados
por seus pais, a maioria era descartada com a mesma facilidade que os filhos
dos pobres.
Uma pequena mão, macia envolveu-se em torno de seu pulso e puxou-
o. Brant percebeu que eles haviam chegado a um lugar estreito da escada. A
borda de madeira grande o suficiente para se poder andar sobre ela cercava a
casa, interrompida aqui e ali. Parecia forte o suficiente para segurá-los. Isso
também parecia mais uma forma de garantir que os clientes e proprietários
nunca fossem pegos se fossem avisados.
―O homem que controla este lugar tem, obviamente, pensado em
todas as maneiras necessárias para se permitir que os porcos dentro destas
paredes possam escapar de qualquer tentativa de trazê-los à justiça ―, disse
ele, sua voz quase um sussurro. ―Isso explica por que ainda existem tantas
janelas finas no lugar quando há outras seladas.
―Estou surpresa que eles não se preocupem com que os que eles
vendem aqui possam escapar pelas mesmas rotas ―, Olympia disse, sua voz
tão suave como a sua.
―Eu suspeito que aqueles que eles vendem estão bem seguros.
―Sim, eles estão.― O tom de sua voz chamou sua atenção e Brant
percebeu que ela estava olhando para a janela. Ela levantou-se para o lado da
moldura da janela e inclinou a cabeça em torno dela apenas o suficiente para
olhar para dentro. Fez o mesmo do outro lado da janela. Levou apenas um
olhar e ele estava lutando contra o desejo de arrastar Olympia longe de lá. Um
pequeno menino estava se aliviando em um maltratado penico. Ele estava nu
e havia uma corrente em torno de seu tornozelo fino. Brant duvidava que o
menino pudesse ter muito mais do que cinco anos. Enquanto observava a
criança rastejar para cima da cama, cada movimento gritava de desespero e
dor em que se encontrava, Brant jurou que iria tirar o menino de lá. O menino
não era um dos que eles estavam à procura, mas nenhuma criança deveria ser
tratada assim.
Antes que ele pudesse detê-la, Olympia moveu-se para estar diante da
janela e a criança olhou para cima, boquiaberto ao vê-la. Brant suavemente
amaldiçoou e esperou que o alarme fosse soado. Nenhum som se fez, no
entanto, e um momento depois, ouviu o grito da madeira da janela sendo
aberta.
―Quem é você?― Perguntou Olympia, suavemente passando a mão
pela bochecha da criança.
―Henry. Você é um anjo?
―Não, rapaz. Eu vim aqui à procura de alguns meninos que foram
tirados de nós.
―Ninguém veio por mim―, sussurrou o menino e seus olhos azuis
brilhavam com lágrimas.
―Eu vim.
―Você vai me levar se você encontrar os meninos que quer?
―Vou levá-lo daqui mesmo se eu não encontrá-los.
―Há um monte de outros. Nem todos eles são crianças. Há algumas
meninas aqui, meninas mais velhas. Uns homens gostam de pegar.
―Vamos ver a sua liberdade também. Agora, eu sei que você
provavelmente já viu algumas pessoas no interior destas paredes. . . ―Olympia
começou.
―Eles me levam para um banho nas noites quando vou ter companhia
e eu vejo um monte de outros aqui. Como se parecem seus meninos?
Olympia cuidadosamente descreveu Ned, Peter, e Noah, nomeando
cada menino caso a criança tenha apenas ouvido os nomes e não visto. Ela
achou difícil falar. Cada parte dela queria pegar o menino e correr, mas sabia
que só iria condenar os meninos que estavam atrás. Cortava seu coração em
pedaços ver este pequeno menino acorrentado como um animal, e saber o que
ele quis dizer quando falou sobre ter companhia. Ela rezou para que quando
eles derrubassem essa casa, um monte de homens maus que a frequentavam
também caíssem com ela. Ela iria assistir seus enforcamentos em seu melhor
vestido.
―Eu vi a mulher e seu homem trazerem o menino Noah. Outros
trouxeram seu Ned e Peter. Eles estavam gritando sobre essa cadela quando
eles foram arrastados. Eu acho que eles lutaram duramente porque tinham um
monte de contusões assim como o homem magro que estava recolhendo o
dinheiro do Sr. Searle.
―Como se parece esse homem magro?― Perguntou Brant e se sentiu
apunhalado no coração quando o garoto o olhou com medo. ―Eu estou com
esse anjo. Esses meninos são meus irmãos.
―Mas você tem seus olhos―, sussurrou Henry e ele estendeu a mão
para Olympia que rapidamente tomou a sua mão na dela. ―Eu temo que, por
vezes, o mal nasce em uma família. No meu caso, meu pai se casou com ele.
― Henry assentiu. ―Minha mãe era ruim também. Ela me vendeu ao senhor
Searle por dez moedas ―. Olympia sentiu bile no fundo de sua garganta, mas
lutou contra o desejo de ficar doente. ―Diga-nos como o homem magro se
parecia, Henry. ― Raiva afastou a bile ainda se torcendo em seu estômago
quando Henry descreveu o mordomo de Fieldgate. ―Parece que Wilkins,
sempre foi mais do que apenas o espião de sua mãe em Fieldgate, Brant.
―Então é assim. Henry, você pode descrever o homem que estava com
a minha mãe?
―Você não quer saber como o homem magro parecida?― Perguntou o
rapaz.
―Eu vou descobrir quem eles eram quando tiver uma conversinha com
Wilkins.― Henry balançou a cabeça e descreveu o homem que tinha vindo
com Lady Mallam e entregado o jovem Noah pelo que parecia ser uma
quantidade considerável de dinheiro. O olhar no rosto de Brant disse-lhe que
reconheceu o homem, mas ela reprimiu o desejo de exigir saber quem era
agora.
―Você sabe em que andar os meninos estão?
―Todos os garotos estão neste piso ou a abaixo. As meninas estão nos
pisos superiores. Esse é o lugar onde o Sr. Searle vive também. Você vai
ajudar a todos?
―Esse é o plano.
―Isso seria legal.― Olympia podia dizer que o menino não acreditava
neles. Seus olhos castanhos estavam escuros com resignação e desespero. Ela
queria levá-lo em seus braços e abraçá-lo, mas ele estava esticado até o limites
de suas correntes. Fizeram mais algumas perguntas, mas, em seguida, o
menino ficou tenso. Antes que Olympia pudesse perguntar o que estava
errado, ele fechou a janela, e puxou as cortinas velhas e desgastadas sobre ela e
ela ficou sozinha com Brant mais uma vez. Silenciosamente eles trabalharam
seu caminho ao redor da casa. Apenas pararam uma vez para que Brant
pudesse roubar um olhar por uma janela, mas ele rapidamente recuou e
ordenou-lhe para não olhar quando ela passou. Olympia ficou tentada a
desobedecê-lo, mas decidiu que não queria realmente ver o que tinha feito
Brant ficar tão pálido de raiva.
Eles foram logo parar no chão e ficaram em um lugar nas sombras, na
esquina da casa para que pudessem olhar a porta por um tempo. Levou algum
tempo para Olympia ser capaz de acabar com a vontade de ir direto para
Dobson e exigir que ele colocasse um fim a essa abominação. Ela sabia que
eles precisavam do máximo de informações possíveis para serem capazes de
convencer Dobson a trazer seus homens aqui e ajudar a libertar as crianças.
Dobson provavelmente não viria por nenhuma outra razão do que
curiosidade, mesmo simplesmente porque era a coisa certa a fazer, mas ele
precisava de seus homens para acabar com este lugar e a maioria deles
precisava de muito mais de um incentivo do que justiça.
―Brant,― ela sussurrou e puxou sua manga para chamar sua atenção
quando de repente pensou em algo a respeito de Henry, ― você percebeu a
forma como o jovem Henry falou?― Ele franziu a testa num primeiro
momento, se perguntando por que ela estava falando sobre essas coisas agora,
e então ele pensou no menino e tudo o que ele lhes tinha dito. ―Ele não é um
moleque de rua ou filho de um servo.
―Não ele não é. Talvez devêssemos ter perguntado exatamente quem
ele era.
―Você acha que o menino é alguma criança roubada, que pode haver
uma recompensa para Dobson e seus homens?
―Eu não acho que ele é roubado, como ele mesmo disse, sua mãe o
vendeu por dez moedas.
―Vamos ter de resolver isso mais tarde. Olha quem veio para jogar. ―
Assistindo a luta do homem com o excesso de peso sair de sua carruagem,
Olympia tinha que tapar a mão sobre sua boca para se impedir de ofegar em
voz alta. ―Esse é . . .
―Sim é. Eu sempre soube que ele era um bastardo, mas nunca tinha
pensado que era um pervertido também.
―Talvez ele esteja aqui pelas mulheres.
―Meninas, não mulheres. Se ele estiver aqui, quando nós trouxermos
Dobson sua ascensão rápida na política vai atender a uma morte rápida.
Gostaria de saber se é assim que sua mãe tem tanto poder.
―Ela sabe quem vem aqui. Ela sabe e ela os usa para conseguir o que
quer.
―Isso deve me ajudar e a Andras a tirar Agatha de suas garras. Esta
não é, infelizmente, a prova necessária para trazê-la a baixo. Ela fez seu lugar
nos mais altos escalões da sociedade e apenas porque sabe que um homem
que vai a um lugar como este não é suficiente para destruí-la. Na verdade, ela
vai provavelmente usá-lo para uma vantagem, alegando ignorância de seu mau
comportamento, o tempo todo delicadamente enxugando os cantos dos olhos
muito secos, com um pedaço delicado de renda.
―Sim, o pobre olhar de mulher tola que confiou demais e que teve essa
confiança quebrada, na maioria das vezes feito ante a maior multidão de
fofoqueiras amontoadas. ―Olympia sorriu quando sentiu sua risada suave
contra a parte de trás de seu pescoço. ―E olha lá, é Minden.
―Sim, o porco. E o homem que entrou antes dele seria um dos que
agora bate a porta na cara de Minden.
―Com uma grande demonstração de indignação hipócrita, eu suspeito.
―Do tipo mais alto.
―Você acredita que vimos o suficiente agora?
―Nós vimos. Vamos ir e falar com Dobson.

―Você está parecendo muito bem, milady―, disse Dobson e sorriu


para a carranca de Brant. ―O que traz os dois para o meu escritório neste
momento da noite? ―Ele acenou para os dois convidados as cadeiras em
frente de sua mesa.
―Eu não sabia que você trabalhava a noite inteira, Dobson―, disse
Olympia enquanto se sentava, cruzando suas pernas e ignorando o olhar feroz
que Brant deu a ela, bem como o riso suave que havia nos olhos de Dobson.
―A noite é quando a maioria das coisas ruins acontecem, milady. Devo
admitir, porém, que não estou frequentemente aqui a esta hora da noite. Só
tinha um pequeno trabalho a fazer.
―Acabamos de vir de Dobbin House e acredito que os proprietários
estão com meus meio-irmãos lá ―, disse Brant, o prazer de ver toda a luz
abruptamente desaparecer dos olhos de Dobson.
―Diga-me que você não entrou naquele lugar, milady, ou tocou em
nada―, disse Dobson.
―Tive que prometer ao conde a mesma coisa e eu mantive minha
promessa. Tudo o que toquei foi a mão de um menino pequeno, desesperado.
Eu não gosto de o ter deixado lá.
―Se você tem certeza que a casa mantém seus três meio-irmãos,
senhor, então podemos acalmar m'lady de sua angústia de ter que deixar um
rapaz pequenino naquele inferno.
―O rapaz com quem ela falou,― disse Brant ―, reconheceu meus
irmãos quando eu os descrevi. Ele, na verdade, os viu chegar. O menino
também não é moleque de rua, mas sua mãe vendeu-o para a vida. Assim,
como recompensa que aposto que aquele menino poderia trazer, pode ser um
trabalho rentável para você e seus homens.
―O que irá servi-los bem. Eu? Eu iria destruir aquele lugar e enterrá-lo
sem pedir uma só moeda. Só não posso ir lá com base em uma suposição ou
uma mentira. Eu poderia pegar algumas pessoas importantes por lá e gosto do
meu trabalho.
―Estamos certos,― Olympia assegurou. ―Você também estaria se
houvesse falado com o jovem Henry.
―Então eu devo perguntar o que você pretende fazer com sua mãe
neste momento, milorde?― Dobson cruzou seus braços em cima de sua mesa
e se inclinou para Brant. ―Agora você tem um rapaz que poderia apontar o
dedo para ela e em breve poderá ter alguns homens que poderiam fazê-lo
também.
―Eu quero fazê-la pagar por seus crimes, Dobson. Não vai ser fácil,
mas vou vê-lo feito. O garoto é apenas um pedaço disso. Apenas suas palavras
contra as dela não terão peso algum, nem o testemunho de qualquer um dos
outros meninos ou aqueles que executam esse lugar. Tal como para os de
melhor sangue que podem ser capturados hoje a noite, eles vão estar muito
ocupados tentando salvar-se e não acredito que o fato de que minha mãe pode
estar chantageando-os para obter algo que ela quisesse irá ajudar a eles. Eu
tenho uma esperança ou duas de que alguém estará disposto a arrastá-la para
baixo com ele, mas minha mãe é astuta e suspeito que ela cobriu seus rastros e
protegeu as costas muito bem.
―Até mesmo os mais astutos tropeçam nos próprios pés de vez em
quando.
―Como eu espero que aconteça. Todavia, acredito que a minha parte
em tudo isso deve ser mantido em segredo.― Ele explicou sobre Agatha. ―Eu
tenho que ter certeza de que isso não aconteça. Preciso recuperar dela o poder
que roubou de mim antes de eu tirar tudo dela. Eu posso fazer o último muito
mais fácil se ela permanecer ignorante sobre o quanto estou fazendo e quanto
sei.
―Não tenho certeza de que isso vá funcionar para você por muito
tempo.― Brant deu de ombros. ―Eu vou tomar o tempo que puder ganhar.
Se tiver, irei invadir a casa da cidade e levarei minha irmã de lá. Isso vai em
seguida, colocar a minha mãe na posição de estar na defensiva ―. Dobson se
levantou e pegou seu casaco. Depois de colocá-lo, caminhou até a porta e
berrou para alguém chamado Jack. Ele disse ao jovem alto e bonito, que
deveria ir correndo para reunir dez de seus homens e um carro ou dois para
os presos antes de fechar a porta voltando sua atenção para Brant e Olympia.
―Uma coisa que você não mencionou é o que pretende fazer com as crianças
que serão tiradas de lá hoje à noite ―, disse Dobson, cruzando os braços
sobre o peito largo.
―Eu vou levá-las comigo para começar―, disse Olympia.
―Pode ser um bom número delas.
―Eu tenho uma casa grande e duvido que a maioria deles permanecerá
por muito tempo. Três têm casas para onde ire embora eu acredite que o
jovem Noah não deva voltar para a casa da família na cidade―, ela
acrescentou, olhando para Brant.
―Não. Ele vai ficar comigo e Thomas assim como Ned e Peter ―, disse
Brant.
―Há orfanatos, asilos e lugares similares para as crianças―, começou
Dobson, seu desgosto por tais lugares claro em sua voz.
―E nós dois sabemos o que eles são na maior parte do tempo―, disse
Olympia. ―Não, eu vou lidar com as crianças. ― Dobson deu de ombros.
―Eu suspeito que muitos deles vão simplesmente fugir uma vez que
chegarmos lá.
―Oh, não, eu não acredito nisso. Veja bem, eles estão acorrentados às
camas.

Ainda se recuperando um pouco da rapidez com que Dobson tinha


deixado seus homens prontos e se dirigido para Dobbin House, Olympia
estava ao lado Pawl enquanto observava o homem levar seus homens para o
lugar. Dobson, com seu discurso de orfanatos, asilos e lugares similares,
parecia despreocupado com o que aconteceria com as crianças depois de tirá-
las de Dobbin House, mas Olympia sabia que a pose era mentira. Dobson
provavelmente se importava muito tendo sofrido em algum desses lugares
quando criança. O arrombamento da porta era doce música para seus ouvidos.
Depois do que ela e Brant tinham dito a Dobson, ele tinha colocado seus
homens em pontos estratégicos ao redor da casa e eles foram logo pegando os
patronos que tentavam escapar. Gritos indignados de alguns dos que se
consideravam muito importantes para sofrerem este tipo de tratamento em
breve encheram o ar. Ela não se importava com nada disso, o olhar fixo na
porta por onde as crianças logo sairiam.
―É bastante humilhante estar escondido no carro desta forma―, disse
Brant, suas palavras um pouco abafadas pelas cortinas puxadas para escondê-
lo.
―Você é muito bem conhecido, senhor―, disse Olympia.
―Alguém poderia reconhecê-la.
―Eu realmente duvido disso, uma vez que vou muito pouco à cidade,
assisto apenas a alguns eventos sociais, e estou vestida como um homem. Ah,
aqui vêm as crianças. ― E a ele quebrou o coração ao vê-los. A maioria dos
que estavam sendo levados para fora se agarrou firmemente a seus cobertores,
olhando atordoados e com medo. A maioria deles também era muito jovem,
os garotos de longe superando as meninas. Algumas das meninas pareciam ter
passado da puberdade, mas Olympia duvidou que fosse por muito.
Ela levantou-se um pouco mais ereta quando Dobson liderou quatro meninos
para ela. Não foi difícil reconhecer Henry porque ele olhou para ela com os
olhos arregalados cheios de choque e de esperança e quando ela suspendeu
sua mão, ele correu para o lado dela e agarrou-a. Os três outros meninos a
observavam com cautela depois que Dobson deixou-os com ela.
―O conde espera por vocês na carruagem―, disse ela, e o
reconhecimento nos olhos dos três meninos disse-lhe que tinham encontrado
os certos. ―Thomas está esperando na minha casa.
Enquanto os outros meninos escorregavam para a carruagem sem
expor Brant a quaisquer olhares indiscretos, ela se abaixou e levantou Henry
em seus braços. Quando o menino passou os braços em volta do pescoço e
colocou seu rosto contra sua garganta ela teve que engolir em seco várias
vezes para não chorar. Ela lhe daria algum tempo para se recuperar antes de
pressioná-lo para obter mais informações sobre seus pais.
―As carruagens estão cheias com as crianças―, disse Dobson, que de
bom grado emprestou seus homens para dirigir a carruagem extra que foi
necessária. ―Perto de trinta deles embora os mais velhos já estejam falando de
ir para casa. Tem certeza de que quer todos eles em sua casa?
―Eles precisam de um lugar para dormir por pelo menos esta noite,
mas talvez mais. Eles precisam de roupas, alimentos, e assim por diante. Eles
vão ficar bem, Mestre Dobson. Uma coisa que Warren está acostumada é a
estar repleta de crianças. Podemos saber quem são e se eles têm outro lugar
para ir mais tarde. ―Ela acenou com a cabeça para os vagões cheios de
homens e mulheres de dentro de Dobbin House. ―O que vai acontecer com
eles?
―Além de encherem meus bolsos e aos meus homens, eu vejo algumas
extradições, um ou dois enforcamentos, e um monte de novos residentes de
Newgate que vão recebe-los muito bem, uma recepção calorosa dos detentos,
uma vez que eles souberem o que faziam para ganhar a vida.
―Outros criminosos vão achar o que estes homens fizeram errado?
―Nem todos, mas o suficiente para tornar a vida deles miserável. Um
monte de criminosos agora em Newgate foram uma vez pobres rapazes que
podiam ser comprados e vendidos por uma ninharia, a qualquer momento e
todos eles detestam os homens que lidam com isso. Certifique-se de deixar-
me saber se as crianças lhe disserem qualquer coisa de importância. Eu estarei
certo de deixá-la saber se houver alguém procurando por alguma criança. Se
cuide, milady.
―Você está pronto para ir a minha casa, Henry?― Perguntou ao
menino ainda agarrado a ela. ―Sim, milady. Eu gostaria disso.― Com a ajuda
de Pawl, Olympia entrou no carro lotado e colocou Henry em seu colo. Ela
estudou os três rapazes que eram meio-irmãos de Brant e quase sorriu. Era
como se ela estivesse olhando para Brant em várias fases de sua vida. Ned
realmente tinha olhos cinzentos e ela tinha certeza de que vinha de sua mãe
porque o pai de Brant tinha olhos azuis, que Peter também tinha. Ned e Peter
pareciam machucados e ela suspeitava que nunca tinham deixado de lutar.
Pobre Noah parecia absolutamente aterrorizado e sentou-se tão perto de
Brant quanto podia.
―Eu preciso perguntar isso―, disse Brant, relutância clara podia ser
ouvida em sua voz. ―Quem os levou para lá?
―Aquele desgraçado do Wilkins nos levou―, disse Ned e depois corou
e olhou para Olympia. ―Perdão, milady.
―Muito bem―, ela murmurou enquanto acariciava as costas de Henry.
Ned olhou para Brant. ―Wilkins nos encontrou na aldeia e ele tinha trazido
dois brutos de Londres. Não teve muita luta, é triste dizer, eu e Peter
sabíamos que íamos ser atirados naquele lugar do mal. ― Peter estava perto da
idade da puberdade, Olympia adivinhou, e ele era, em uma palavra, muito belo
com seu cabelo loiro suave em um turbilhão incontrolável de ondas e cachos e
seus grandes olhos azuis. Ned tinha um ar mais áspero e seu cabelo preto era
liso e um pouco longo demais, mas ele também não estava ainda em idade de
ser considerado nem perto um homem. O pequeno Noah tinha olhos verdes
suaves e os mesmos cabelos da cor dos de Brant. Um menino de aparência
angelical, ela esperava que ele não tivesse estado em Dobbin House tempo
suficiente para sofrer muito.
―Noah?― Brant cutucou. ―Você não nos contou como você chegou
lá.
―A senhora veio até mim enquanto eu estava puxando ervas daninhas
no jardim. Ela tinha Holt o lacaio com ela e ele apenas estendeu a mão e me
agarrou, batendo a mão sobre a minha boca para que eu não pudesse chamar
ajuda. Eles me trouxeram a esse lugar e receberam um bom dinheiro por mim.
Ela me disse que estava limpando a casa e eu não entendia. Eu não ir para a
casa principal de qualquer modo, como eu poderia sujá-la? Quando perguntei
isso a ela apenas riu de mim e disse que eu nasci sujo e morreria sujo mas pelo
menos ela não me teria que alimentar mais.
―Você vai ficar comigo e nunca terá de vê-la novamente.
―Bom, mas eu gostaria de ver a minha irmã.
―Vou ver o que posso fazer sobre isso.
―Você nos enviará de volta para Fieldgate, senhor?― Perguntou Peter.
―Eu posso se é onde você deseja ir. Descansem esta noite, acalmem as
preocupações de Thomas, e nós podemos falar sobre isso na parte da manhã.
― Brant olhou para Olympia e havia tanta fúria em seus olhos que ela teve
que lutar contra o medo. Ele tinha falado com tanta calma com os meninos,
tinha ficado calmamente dentro da carruagem, que ela não tinha realmente
entendido o quanto isso o irritava. Sob essa raiva havia dor, no entanto. Muita
dor e, temia, um monte de culpa. Ela olhou para Henry, que estava olhando
para Brant com olhos desconfiados. ―Henry, você pode nos dizer como
chegou a esse lugar?
―Eu disse que minha mãe me levou e deram-lhe um pouco de
dinheiro―, disse Henry.
―Eu sei. Eu só queria ter certeza de que era mesmo isso que você tinha
me dito. Qual é o nome da sua mãe?
―Polly. Isso é como papai a chamava. Sua doce Polly, ele sempre dizia.
―Você sabe o nome do seu pai?
―Gerald.
―Eu preciso de um pouco mais do que isso, meu querido menino.―
Ela escovou os cachos de seu rosto. ―Gerald quê? Gerald um padeiro?
Gerald o Açougueiro? ―Ela ficou encantada quando ele sorriu e esperava que
significasse que ele não tinha sofrido muito mal, enquanto preso em Dobbin
House.
―Gerald o Marquês.― Ele balançou a cabeça. ―Gerald Humphrey
Thomas William Understone o quinto Marquês de Understone Hill.― Ele
sorriu após a recitação cuidadosa do nome de seu pai. ―Ele me fez decorar
isso e me disse que iria me ensinar todos os seus títulos quando fizesse seis
anos.
―Seu pai é o Marquês de Understone Hill?― Perguntou Brant, choque
fazendo a sua voz um pouco rouca.
―Mas eu o chamo de papai―, disse Henry.
―Mas sua mãe lhe vendeu a Dobbin House?
―Ela disse que não gostava mais de mim e que estava com raiva de
papai. Disse que isso iria fazê-lo amá-la novamente ao invés de ele dar-me
todo o seu amor. ―Seu lábio inferior tremeu. ―Eu não ia ficar com tudo.
Apenas com um pouquinho.
Olympia segurou a criança perto e acariciou seus cabelos. ―Claro que
você não ia pegar tudo. Papais devem amar seus pequenos meninos. Você não
fez nada de errado.
―Mas ele não veio me encontrar.
―Isso não significa que ele não está procurando por você. Só que o
achamos primeiro que ele. ―Olympia rezou para que ela estivesse certa sobre
isso. ―Agora, uma última pergunta. A senhora com os olhos como os de sua
senhoria? Ela viu você?
―Ela era a minha companhia e por que eu tive que tomar banho.
Estava frio também. Ela ia me visitar e dizia-me que tinha grandes planos para
mim e que eu iria fazê-la uma mulher muito rica. Ela disse que Searle era um
tolo ao deixá-la comprar-me dele por tostões quando eu estava no valor de
milhares. Eu não entendi o que ela queria dizer. Eu só queria que papai fosse
me encontrar.
―Veremos isso para você, rapaz.― Olympia olhou para Brant e
interiormente suspirou. Ele parecia doente. Isso a fez querer ir e bater em
Lady Mallam até que ela perdesse o último sinal de beleza fria e, em seguida,
acorrentá-la a uma cama, como ela tinha deixado essa criança para ser
acorrentada. Tais pensamentos eram inúteis, no entanto. Nem ela tinha tempo
para saciar esse sonho. Ela tinha várias carruagens com crianças que
precisavam ser cuidada e um homem que precisava saber que não era a
culpado pelo mal que sua mãe fez. Olympia tinha a sensação de que o
primeiro seria mais fácil de realizar do que o último.
Capítulo 9

Olympia estava exausta pelo tempo que todas as crianças tinham levado
para povoar Warren. Ela podia só esperar que nenhum deles tentasse escapar,
que ela tinha ganhado a confiança suficiente deles que iriam ficar o tempo
suficiente para que pudesse ajudá-los. Alisando a saia do vestido que tinha
trocado, ela fez seu caminho até a biblioteca para sentar-se calmamente por
um tempo e saborear um pouco de vinho antes de procurar sua própria cama.
A primeira coisa que viu quando entrou na sala foi Brant. Ele se sentara em
uma cadeira de frente para a lareira acesa, inclinado para frente com os
cotovelos sobre os joelhos, e olhando fixamente para um copo meio cheio de
brandy. Olympia fechou a porta silenciosamente atrás dela, pegou o copo de
vinho que queria, e sentou-se em uma cadeira de frente para Brant. Ele ainda
parecia pálido, mas não mais como se estivesse prestes a esvaziar seu
estômago.
―Minha mãe é verdadeiramente má,― disse Brant calmamente, sem
tirar os olhos do copo de brandy.
―O que ela fez é mau, mas eu acredito que ela está doente ou
perturbada de alguma forma―, disse Olympia. ―Possivelmente ela tenha
nascido com algo faltando. Há um frio vazio em seus olhos que eu achei
bastante difícil de olhar.
―Henry disse que eu tenho seus olhos.― Brant finalmente olhou para
Olympia e não achou aversão ou medo em seus olhos que o tivesse
preocupado. ―Você trocou de roupa,― ele murmurou, percebendo que tinha
gostado de vê-la vestida como um homem um pouco demais.
―A roupa de homem cheirava a cidade e eu queria algo fresco, para
tentar remover o cheiro daquele lugar horrível. Agora, sobre seus olhos. ―Ela
estreitou os olhos para ele quando ele sorriu para ela com a brusca mudança
de assunto. ―Você tem a mesma cor de olhos que sua mãe, o que é
dificilmente uma surpresa, mas os seus não são nada como os dela. Quando
eu olhei em seus olhos eu não vi nenhuma emoção, nenhuma profundidade,
apenas a determinação fria e dura de me fazer acreditar nas mentiras que ela
estava dizendo sobre você. Há até mesmo uma frieza em sua voz, não importa
o quanto ela tente se comportar de uma maneira correta, sociável. ―Olympia
olhou diretamente em seus olhos. ―Você não tem essa frieza dentro de você.
―Como você pode ter tanta certeza disso?
―Eu saberia. Posso não ter a sensibilidade de alguns da minha família,
como Artemis, porque esse não é meu dom, mas eu iria saber de algo assim.
Artemis iria certamente saber e veria isso em você. Ele teve um pequeno
confronto com sua mãe um ano atrás, no parque onde tinha levado as crianças
para jogar. Ela não apreciava a presença de tantas crianças barulhentas
enquanto estava tomando seu passeio à tarde, com aquele lacaio gigante dela.
Artemis disse que estar ao lado dela o fez sentir algo muito semelhante a estar
sendo arremessado em uma lagoa gelada.
―E você não acredita que possuo essa frieza; que não se esconde
dentro de mim em algum lugar?
―De modo nenhum. Na verdade, eu acredito que você leva as coisas a
sério, muitas vezes, muito profundamente, e por muito tempo. ―Ela sorriu e
tomou um gole de vinho quando ele fez uma careta para ela, obviamente,
tentando decidir se essa definição de sua personalidade era uma crítica ou não.
―O que devo fazer sobre ela?― Perguntou ele, encolhendo os ombros
de lado para o que Olympia tinha dito. ―Ela precisa ser parada, ainda assim
como posso fazer isso sem destruir toda a minha família, colocando uma
mancha sobre o nome dos Mallam que permanecerá por muito tempo?
―Estou certa de que podemos pensar em alguma maneira de fazê-lo.
―Aí está o nós novamente.
―Sim, aí está. Até agora, tudo o que temos é a palavra dela contra a
palavra de crianças e de pessoas achadas usando ou executando uma casa que
vende crianças. Mal, certamente algo que poderia destruir sua reputação e
posição com alguns membros da sociedade, mas não o suficiente para acabar
com seu reinado e roubar todo o seu poder. Ela estabeleceu-se como uma
potência muito respeitada entre os membros da sociedade.
―E me estabeleceu como seu filho pródigo, o filho malvado que se
entrega a cada pecado conhecido pelo homem.
―Bem, nem todo pecado. Eu não acredito que ela tenha mencionado
ainda ovelhas.
Brant quase engasgou com o conhaque que tinha acabado de tomar.
Uma vez que acalmou a necessidade de tossir, sorriu para ela. ―Escandaloso,
Olympia.
―Eu temo que às vezes os pensamentos estourem em minha mente e
imediatamente fluam da minha boca.― Ela sorriu e balançou a cabeça. ―É
uma das razões para eu fazer poucas aparições em eventos e reuniões da
sociedade. Algumas das pessoas com quem devo lidar em tais eventos tentam
a minha parte descontrolada em demasiado.
―Eu posso imaginar. Então, o que acontece com todas essas crianças
que você tomou?
―Muitas delas não foram vendidas por suas famílias, mas tiradas delas e
já manifestaram uma forte desejo de ir para casa. Vou enviar-lhes se isso é
realmente o que eles querem, mas eu também lhes darei moedas suficientes
para voltarem para mim se acharem que sua casa não é mais tão acolhedora.
Embora seja errado, desde que o que lhes aconteceu não foi culpa deles, um
monte de gente pode e vai julgá-los severamente por isso. Os demais vendidos
pela sua própria família não têm nenhum desejo de voltar, como seria de
esperar. Devem ser tratados também. Tem seus irmãos com você agora, de
modo que deixa apenas o pequeno Henry para me preocupar.
―Devemos dizer a seu pai onde ele está.
―É verdade, nós devemos, mas talvez devêssemos tentar descobrir por
que a mãe do menino o vendeu e porque sua mãe estava muito interessada
nele antes de dizer ao marquês que temos seu filho. Você já conheceu o
marquês? O nome soa um pouco familiar para mim, mas não posso colocar
um rosto no homem então não devo tê-lo encontrado ou conhecido alguém
que falou dele.
―Eu não conheço o homem, mas sei dele porque houve um escândalo
sobre ele. Casou-se com alguém inferior a ele e se afastou da forte
desaprovação da sociedade. A história que ouvi é que a sua família também
ficou indignada e ele quase foi renegado, mas, em seguida, sua esposa lhe deu
um filho.
―Henry. E assim tudo foi perdoado porque o herdeiro era o mais
importante e havia nascido.
―Não completamente, mas muito próximo a isso. Os rumores
começaram sobre a esposa, a filha de um açougueiro da aldeia perto da
propriedade, não só era absolutamente comum, mas um pouco estranha. Em
seguida, o marquês recuou ainda mais da sociedade. O fato de que agora
sabemos que a mulher vendeu o único herdeiro vivo do Marquês por dez
moedas apoia as acusações sussurradas que ela é estranha. Quanto ao interesse
de minha mãe no menino? Ela teve o herdeiro ao seu alcance e agora sabe
alguns segredos muito feios sobre a esposa do marquês e seu jovem filho. Ou,
ela pretende encontrar no menino uma adequada, e muito larga,
recompensa oferecida por ele. Talvez já tenha uma oferecida e tivemos muita
sorte de encontrá-lo lá e vivo.
―Sua mãe é uma mulher muito astuta mas você realmente acredita que
ela iria matar uma criança?
―Uma vez que ela devolvesse Henry a seu pai, o menino poderia
apontar o dedo para ela, revelar que ela não era quem dizia ser, e, sim, para
salvar-se, eu acredito que minha mãe faria quase qualquer coisa. Eu finalmente
aceito essa dura verdade.
―Vamos enviar uma mensagem para o marquês imediatamente, mas
algo adequadamente vago que nos permitirá negar todo o conhecimento sobre
o menino se o pai se provar inadequado. Eu não acho que ele será porque
Henry não mostra nenhum medo do homem, nenhuma relutância em ser
levado para ele. Na verdade, o menino está bastante ferido e surpreso que seu
pai não tinha vindo para encontrá-lo. ―Ela estendeu a mão para dar um
tapinha na mão de Brant. ―Vamos ganhar isso, Brant. Pode levar mais tempo
do que gostaríamos, mas vamos ganhar. Você deve mirar sua mente em como
exatemente vai recuperar seu poder.
Brant baixou seu copo de conhaque, apertou a mão de Olympia, e
puxou-a para ele. Ele riu suavemente quando ela graciosamente tropeçou para
seu colo. Era disso que ele precisava. Paixão aliviava a dor, mais do que
qualquer bebida que já havia bebido. Olympia excitava sua paixão de um jeito
que limpava sua mente de tudo menos dela. Ele queria isso agora, seu corpo e
mente consumidos por ela e tudo que ela o fazia sentir.
―Isso não é prudente― Olympia disse, enquanto enlaçava seus braços
em volta de seu pescoço ao invés de saltar para fora de seu alcance como uma
pequena voz em sua mente dizia que devia fazer.
―Você será a prudente e fugirá do quarto?
―Eu acho que não.
O beijo rapidamente limpou a mente dela de todos os pensamentos,
deixando apenas seu sabor, e como ele deixava o corpo dela queimando.
Olympia sabia que desta vez não iria impedi-lo. Brant não fez segredo de sua
fome por ela e a fome logo a possuiu também. Enquanto Olympia conhecia a
profunda intimidade de seus beijos, ela o ajudou a tirar seu casaco, colete e
gravata. Ela beijou a cavidade na base de sua garganta e respirou
profundamente seu cheiro, o de um homem limpo com apenas um toque de
colónia.
―No quarto ou no chão?―, disse Brant, sua voz não mais do que um
sussurro rouco. Olympia olhou fixamente em seus olhos quase pretos e soube
que era hora de tomar uma decisão, embora, ela pensou com um toque de
diversão através da paixão que a tomava, que ele poderia ter achado uma
maneira mais galante de perguntar isso.
―Quarto―, respondeu ela, não surpresa ao ouvir que sua voz estava tão
rouca quanto a dele.
Brant a deixou de pé, levantou-se e agarrou-a pela mão. Olympia
hesitou por apenas uma pulsação do coração ou duas antes de levá-lo a seu
quarto. Seu coração batia com pura antecipação e não medo. Ela queria isso.
Queria a ele. Ela se virou para ele quando entrou no quarto e fechou a porta
atrás deles, prestes a fazer a confissão sobre seu filho, apenas para tê-lo
silenciando-a com um beijo. Olympia segurou-o enquanto ele lentamente
guiava, nunca terminando o beijo até que a parte de trás de suas pernas
tocaram a borda da cama. O calor de seus longos dedos contra sua pele era o
único aviso que ela tinha de que ele estava removendo seu vestido. Ela nunca
tinha estado nua na frente de um homem antes e uma súbita onda de
embaraço tentou destruir o prazer que a prendia. Brant levemente mordiscou
o lado de seu pescoço enquanto puxava seu vestido fora de seu corpo, mas o
primeiro toque de suas mãos calejadas levemente sobre a pele de seus braços
foi suficiente para afastar esse mal-estar recém-nascido. Havia uma fome em
Brant, em seu toque e em cada beijo dele, que rapidamente invadiram o corpo
de Olympia. Logo, o fato de que ele estava tirando toda a sua roupa com uma
habilidade impressionante não a perturbava mais. Ela começou a remover as
dele com a mesma velocidade, se não com a mesma habilidade. Até no
momento embaraçoso quando eles tiveram de se afastar, seus corpos não se
tocando mais, para que ele pudesse puxar as botas não diminuiu a febre que
compartilhavam.
Quando ambos estavam nus, finalmente, Olympia estava tão fascinada
com o corpo alto e magro de Brant, que teve pouco conhecimento de como
acabou estatelada na cama com ele agachando-se sobre ela. Ele tinha toda a
pele cor de mel esticada tensamente sobre os músculos duros. Seu peito era
largo e liso, um pequeno triângulo de cabelo no meio e uma linha fina de
pêlos começando debaixo de seu umbigo, levando a um ninho arrumado de
pêlos em sua virilha. Ela ficou satisfeita quando o comprimento duro dele que
se levantando do ninho não agitou seu medo. Ela estava apenas colocando as
mãos sobre seu peito, deleitando-se com o calor de sua pele e de senti-lo sob
as palmas das mãos, quando se deu conta de quão intensamente ele estava
olhando para seu estômago. Em seguida, ele traçou levemente cada linha
tênue entre colchetes de seu ventre. Quando olhou para ela, foi com uma
carranca leve de confusão. Não havia nenhum indício de raiva ou repulsa e o
medo que tinha começado a se construir em seu coração rapidamente
desapareceu.
―Olympia?― Ele traçou cada linha pequena de novo, certo de que elas
eram as cicatrizes de uma mulher que tinha tido um filho.
―Podemos discutir isso mais tarde?― Ela deslizou uma mão em seu
peito e levemente agarrou sua ereção, satisfeita ao descobrir que a descoberta
de que ela tinha tido um filho não tinha diminuído sua fome por ela em tudo.
Brant quase engasgou em voz alta com a força do prazer que o atravessou
quando ela enrolou seus suaves dedos longos, em torno dele.
―Sim. Mais tarde seria ótimo.― Brant não tinha certeza de quanto
tempo ele poderia esperar antes de enterrar-se profundamente dentro dela.
Ele queria ir devagar, para tocar sua pele macia, perder tempo com aqueles
seios com bicos cor de rosa e lentamente explorar com beijos e carícias cada
côncavo e curva de sua forma requintada. Sua paixão estava correndo muito
quente e ele não sabia como fazer para refreá-la, no entanto. O jeito que ela
tinha falado de seu casamento a tal idade jovem disse que havia muito mais
sobre isso do que ela estava dizendo a ele, embora o pouco que tinha dito
tinha-lhe esfriado um pouco. Ela era uma mulher que precisava ser amada
lentamente, mostrando o quão verdadeiramente bom poderia ser o desejo
entre um homem e uma mulher. No entanto, a cada toque de suas mãos, a
sensação de suas suaves curvas pressionadas perto dele, teve que lutar
duramente pelo controle.
Olympia ficou tanto surpresa como com medo de como Brant a estava
fazendo se sentir. Ela estava tremendo de necessidade por ele, seu sangue
correndo tão quente em suas veias que ficou surpresa por não estar suando. A
forma como o calor de sua pele infiltrou-se nela, a aspereza do cabelo em suas
pernas quando roçava contra as dela, e o toque de suas mãos levemente
calejadas em seus seios enquanto os acariciava a fez segurar o fôlego. Quando
ele lambeu a ponta de um seio dolorido ela engasgou da labareda de calor que
disparou através de seu corpo. Quando ele tomou a dura, dolorida ponta do
seio em sua boca e chupou, a fez gritar e enfiar as mãos em seus cabelos para
segurá-lo perto.
O desejo selvagem correndo através dela era quase demais para
suportar. Houve uma perda de controle o que causou que o menor indício de
resistência começasse a borbulhar através da paixão que a tinha agarrado. Ela
estava pronta para afastá-lo, apenas o suficiente para que pudesse se acalmar,
retardar tudo apenas um pouco, quando ele deslizou a mão para baixo sobre
sua barriga e entre suas pernas. O toque de sua mão foi suficiente para
destruir aquela pequena resistência.
Foi quando ele começou a empurrar-se dentro dela que ela recuperou
seus sentidos o suficiente para entender o que estava acontecendo e não
apenas agarrar-se a ele com uma fome cega. Um arrepio de um velho e
esquecido medo passou por ela, mas lutou para mantê-lo longe de diminuir
completamente sua paixão. Isso era o que ela queria, o que todo o seu corpo
clamava. Era apenas sua mente que estava tentando parar o que estava
acontecendo e ela se recusou a permitir que isso lhe negasse a oportunidade
de descobrir exatamente o que um homem e mulher poderiam compartilhar.
Olympia envolveu as pernas ao redor de seus quadris estreitos e engasgou
quando ele empurrou dentro dela. Ela se sentiu tão cheia, tão completamente
próxima a ele de maneira que estava muito envolvida pelo desejo para
entender, que não poderia fazer mais do que se segurar a ele enquanto ele se
movia. Ele estava dizendo algo enquanto lhe beijava o pescoço, mas ela estava
tão extasiada com a sensação dele se movendo dentro dela que mal conseguia
entendê-lo. Depois que ele a beijou e ela perdeu o último fio de pensamento
coerente que tinha sido capaz de agarrar. Foi quando todo o seu corpo se
apertou, a tensão na parte baixa de seu ventre tornando-se próxima a dor, que
Olympia desejou ficar livre do aperto duro da paixão o suficiente para
começar a pensar novamente. Pensar não era exatamente o que ela queria
fazer, no entanto. Ela queria perder-se no calor e selvajaria do desejo que eles
estavam compartilhando.
―Quieta, Olympia,― Brant sussurrou contra sua bochecha. ―Permita-
se ser livre. Voe comigo, amor. Voe comigo agora.
―Voar―, ela sussurrou de volta. ―Sim, eu quero voar.―
Um momento depois, ela o fez. O nó em seu ventre estalou e todo o seu
corpo foi preenchido com um prazer que correu por suas veias e fez sua pele
formigar como se tocada por pequenas faíscas de fogo. Um grito suave
escapou dela enquanto fechava seu aperto em cima dele como se temesse cair.
Ela se agarrou firmemente em Brant enquanto ele entrava e saía com uma
força que a fez se mover contra os lençóis e, em seguida, ele ficou tenso. Um
gemido gutural escapou dele e ela sentiu o calor da sua semente banhar seu
ventre quando ele empurrou um pouco em sua posse e depois caiu contra ela.
Ainda atordoada, levou vários minutos antes de se tornar ciente do fato de
que Brant era pesado. Ainda assim, ela hesitou em deixá-lo ir. Ela gostava da
maneira como o sentia em seus braços, junto dela na mais íntima das
maneiras. Um suspiro de pesar escapou de seus lábios quando ele deslizou
para fora dela e virou de lado. Um pouco envergonhada, ela demorou a virar a
cabeça para encontrar seu olhar, mas o calor que viu em seus olhos a aliviou.
Ela podia ver que lhe tinha dado prazer e que o agradou.
―Eu queria ir devagar,― ele disse enquanto levemente arrastava seus
dedos para cima e para baixo entre seus seios.
―Pode-se fazer isso mais devagar?― Ela perguntou, movendo-se de
modo que ficasse perto o suficiente para sentir o roçar de sua pele contra a
dela enquanto ele respirava.
―Sim―, respondeu ele e beijou a ponta de seu nariz. ―Eu pensei que
seria melhor para você. Menos assustador.
―Ah. Você tem uma ideia do por que eu teria me casado em uma idade
tão jovem.
―Estou errado?
―Não, mas eu acho que não desejo trazer o fantasma de Maynard para
esta cama com a gente.
―Eu acho que preferiria que você não o fizesse também.
―Eu vou apenas dizer que você está certamente certo no que pensou.
Não era o que eu queria. ―Ela beijou o peito dele. ―Isso era o que eu queria.
Ele rolou de costas e puxou-a sobre ele. ―Isso era o que eu queria
também. Demais. Eu acho que a necessidade ainda é muito feroz.
Ela descansou a testa contra a dele. ―Isso faz com que eu fique
desprotegida. Eu não gosto de perder o controle ―. Por debaixo de suas
pestanas ela pode vê-lo sorrir. ―Safado arrogante.
―Sim. Um homem gosta quando uma mulher perde o controle em seus
braços.
―Hmm, e o homem não fez o mesmo?
―Ele fez.― Ele acariciou suas costas, gostando do jeito que ela se
pressionou contra ele, esfregando seu corpo contra o dele tão levemente
apreciando seu toque. ―Daí a incapacidade de ir devagar.
―Isso é um pouco reconfortante.
―Você gostaria de ver se podemos manter algum controle dessa vez?
―Isso pode ser testado desta maneira?
―Permita-me mostrar-lhe.
Olympia estava apenas recuperando o fôlego quando Brant cutucou
suavemente no lado e beijou-a. Ela não tinha percebido que havia mais do que
uma maneira de fazer amor. Monte-me, ele tinha dito, e ela o fez. Uma parte
dela estava um pouco envergonhada com o entusiasmo com que ela tinha
feito isso, mas Olympia estava determinada a estrangular a parte modesta,
gentil dela enquanto ela e Brant permanecessem amantes. Ela não permitiria
que nada interferisse com o prazer que poderiam encontrar nos braços um do
outro.
―Eu tenho que sair,― ele disse e deu um beijo em sua boca.
―Sim, eu suponho que seria o melhor.
―Eu não desejo. Eu prefiro muito mais ficar aqui, enrolado com você
na cama. ―Ele piscou para ela. ―E com fácil acesso a você.
―Safado.
Ele riu suavemente enquanto saia da cama e começou a se vestir. Seu
corpo sentiu-se plenamente saciado pela primeira vez em anos. Brant odiava
sequer pensar em outra mulher, enquanto na companhia de Olympia e tendo
desfrutado um interlúdio tão apaixonado com ela, mas sua mente não pararia
as memórias. Nenhuma vez, ele percebeu, ele havia saído dos braços de uma
mulher com tanta relutância e com a satisfação zumbindo em suas veias. Era
algo em que realmente precisava pensar. Mas não agora, decidiu enquanto
colocava as botas, parando para beijar Olympia novamente quando ela se
agachou ao seu lado envolta em um lençol.
―Meu filho se chama Ilar e ele tem doze anos de idade.
―Está tudo bem, Olympia. Eu apenas fiquei surpreso. O que é tolo de
minha parte porque sabia que você era uma viúva. Podemos falar disso outra
hora. Você não precisa falar sobre tudo agora.
Era covarde dela, mas balançou a cabeça, aceitando o adiamento.
―Amanhã à noite?― Perguntou.
―Se for possível.
Considerando o quão cheia a casa estava, ele sabia que era tudo o que
podia prometer. A última coisa que queria era todas as crianças em casa
pensando mal de seus salvadores. Eles precisavam ver um bom
comportamento das pessoas, aqueles com bondade e comportamento gentil
depois de tudo por que tinham passado. Brant admitiu que também não
queria lidar com os sobrinhos de Olympia, Thomas, ou os quatro meninos de
rua super protetores, também.
Depois de vários beijos, Olympia viu-o sair. No momento em que a
porta se fechou atrás dele, caiu de volta na cama e suspirou. O fato de que ele
teve que escapar no meio da noite, para evitar ser visto pelos outros da casa,
acrescentou a menor das impurezas ao que tinham compartilhado. Ela não
deixaria que isso roubasse seu prazer, no entanto, disse a si mesma com
firmeza, e levantou-se rapidamente para lavar-se e vestir sua camisola.
Assim que estava prestes a voltar para sua cama, ela pensou no
pequeno Henry e foi para sua mesa. Como a decisão tomada de entrar em
contato com o pai do menino ela não viu nenhuma razão para esperar. Levou
algum tempo para compor a nota para o marquês, no entanto, como precisava
ser muito cuidadosa em sua redação, cuidadosa o suficiente para que ele não
pudesse saber com certeza que ela tinha o menino apenas no caso de ele não
ser um homem a quem poderia dar a criança. Ela, então, encontrou seu livro
sobre a nobreza e o endereçou a sua casa em Londres. Vestindo seu robe,
levou a carta para a pequena mesa na sala sabendo que Pawl veria a nota e a
enviaria antes mesmo de que todos acordassem. Agora que a tarefa havia sido
feita, ela percebeu que era por isso que não tinha ido para a cama
imediatamente dormir. Bastou colocar a mensagem em cima da mesa para ser
atingida por uma onda de alívio para sua consciência que antes a impedia de ir
para a cama. Agora o corpo dela estava exigindo que voltasse para sua cama,
dores em seu corpo estavam começando a se fazer sentir por tudo que ela se
deixou fazer naquela noite. Quem diria que o ato sexual podia ser uma
atividade tão extenuante, pensou e sorriu enquanto fazia seu caminho para sua
própria cama.
Mesmo depois que ela se aconchegou debaixo de suas mantas, no
entanto, seus olhos se recusaram a fechar e percebeu que havia mais uma
coisa que prendia sua mente, negando-lhe o descanso de que precisava. Sua
casa estava cheia de crianças que haviam sofrido. Eram tantas que ela tinha
que encontrar um lugar para eles. Isso poderia não ser fácil. E então pensou
em sua família muito grande e sorriu. Pode não ser tão difícil resolver esse
problema, afinal de contas, ela decidiu, e finalmente fechou os olhos.
Brant estava deitado de costas na cama e olhava para o teto. Sua cama
nunca pareceu tão vazia. Ele queria o exuberante corpo de Olympia enrolado
ao seu lado, mas sabia que era impossível no momento. A casa dela estava tão
cheia que nunca poderia ser capaz de escapar invisível durante a manhã. Ele
também não queria ter que enfrentar todos aqueles meninos enquanto saia do
dormitório de Olympia. Nenhum deles era tão alegremente inocente que não
pudesse adivinhar exatamente o que tinha acontecido. Ele ainda podia sentir o
gosto dela em sua boca; ainda sentir o cheiro dela em sua pele. Fazer amor
com ela tinha sido rápido e feroz, o desejo que provocou entre eles uma coisa
gananciosa. Toda a habilidade que ele deveria ter ganho ao longo dos últimos
anos tinha desaparecido no momento em que ela tinha ficado nua em seus
braços. Uma questão que o incomodava, impedindo-o de cair no sono
imediatamente, era o porque de Olympia o ter levado para sua cama. Ela era
uma viúva e para essas mulheres lhes eram dadas certas liberdades. Muitas
tomavam um amante de vez em quando. Ele tinha até apreciado algumas em
seu tempo. No entanto, Olympia não o tinha feito, nem uma vez em todos os
anos desde que tinha se tornado viúva. Ele ficou intrigado de que ela de
repente se tornasse uma amante tão ardente em seus braços. Ele também se
sentiu lisonjeado, mas sabia que não seria sensato deleitar-se muito. Os beijos
dela lhe disseram que ela o desejava, mas ele se encontrou perguntando se era
o tipo de desejo que levava a algo mais.
Ele imediatamente balançou de lado esse pensamento. Ele não era uma
boa escolha para qualquer mulher. Tinha uma mãe que iria enviar qualquer
mulher gritando de seu lado, e um grande contingente de meio-irmãos que
agora tinha que ajudar a apoiar, três irmãos mais novos que ele queria ver
livres de sua mãe, e uma reputação que era tão negra que nenhum membro
decente da sociedade queria nada a ver com ele. E então havia sua
incapacidade comprovada de proteger aqueles que deveria cuidar. Ele poderia
ter salvo seus dois irmãos mais novos das maquinações da mãe, que era sua
única reivindicação provando que poderia ser um homem que protegeria
alguém.
Havia tantas falhas em seu passado que doía pensar nelas. Havia Faith,
a doce e inocente filha de um vigário com quem ele tinha pensado em se
casar. Sua mãe tinha destruído a menina e ele tinha cegamente acreditava que
ela havia fugido e o traído com outro homem. Não houve uma vez em que ele
houvesse questionado ou procurado por ela. Por isso acreditava que fosse tão
culpado da morte de Faith quanto sua mãe era. Agora havia a pobre Agatha,
presa com sua mãe e enfrentando um casamento horrível com um homem
que mais da metade da sociedade queria ver enforcado. Ele nunca tinha sequer
pensado que seu pai pudesse ter tido bastardos, o que era o auge da
ignorância, mas parecia haver um monte deles e ele havia falhado com todos
eles também.
Se ele fosse um bom homem, um homem forte, iria se afastar de
Olympia tão rápido quanto pudesse. Ela merecia algo muito melhor do que
ele, mesmo apenas como amante. No entanto, sabia que iria ficar com ela por
tanto tempo quanto ela permitisse. Se por nada mais, ela o fazia sorrir e ele
não tinha feito isso por um longo tempo. Tudo o que ele podia fazer era rezar
para que não tivesse nenhuma chance de falhar com ela também.
Capítulo 10

O café estava bom como sempre. Enid tinha uma verdadeira habilidade
com a confecção de café, tanto que Brant tinha estado um pouco impaciente
para que a horda de crianças terminasse sua refeição da manhã para que ele e
Olympia pudessem desfrutar a sua. Ele olhou para ela, sua beleza calma o
agitava como sempre, mas sua mente se fixou sobre aquele fato novo que
sabia sobre essa mulher que agora era sua amante. Olympia era a mãe de um
menino de doze anos de idade.
Brant tentou ver Olympia como uma menina de apenas treze anos,
provavelmente tomando seus primeiros passos para a feminilidade. Não foi
fácil. Ela era uma mulher tão forte, confiante, segura de quem era mesmo com
todas as suas excentricidades, que só se podia pegar uma simples sugestão da
criança que ela poderia ter sido enquanto crescia travessa com as crianças. E
ela não era mais do que uma criança, quando havia sido cruelmente violada
por um homem que, se o nome que carregava fosse uma indicação, tinha sido
membro de sua própria e larga família. ―Bom Deus, você não era mais do que
uma criança quando teve seu filho―, disse ele e, em seguida, fez uma careta.
―Desculpa.
―Você parece ter se infectado com a minha doença de linha reta entre
mente e língua― Ela sorriu para ele enquanto mexia seu chá. ―Não precisa se
desculpar. Eu era realmente uma criança quando dei à luz ao meu filho Ilar.
Houve momentos em que acho que Ilar e eu estávamos mais para
companheiros de brincadeira do que para mãe e filho.
―Por que ele não está aqui com você?
―Porque eu vim aqui para fazer compras, para comprar algumas coisas
frívolas, alguns vestidos, e talvez para participar de alguns eventos sociais.
Não é uma coisa que um menino iria desfrutar. Ele ainda não está realmente
preparado o suficiente para estar dentro dos limites de uma cidade lotada.
Seus dons ainda precisam de algum controle.
―Ele tem dons também?― Brant quis indagar sobre as dificuldades que
deviam surgir ao se criar uma criança com tais dons, mas mordeu a língua, não
querendo distraí-la de falar mais sobre seu filho.
―Ele é o filho de dois Wherlockes.
―Ah, claro. Seria muito incomum se ele não tivesse um.
―Bastante. É uma forte razão pela qual nós desencorajamos o
casamento de primos, mas, ―ela deu de ombros ―Não é completamente
proibido quando a família é muito grande e tem havido muitas gerações de
sangue misturado. Ilar pode mover coisas com sua mente. Às vezes, quando
suas emoções estão correndo quentes e selvagens, pode perder o controle e as
coisas começam a voar pelo quarto. Ele está muito melhor nisso do que
quando era mais novo, quando muitas vezes fazia isso no meio de alguma
brincadeira, mas o garoto está começando o seu caminho através desse
tumultuado caminho que leva à masculinidade então o controle que tinha
aprendido tem sofrido um pouco.
―Eu não estou surpreso. Pode ser um momento muito difícil para um
menino.― Ela assentiu com a cabeça. ―Achei que a mudança de menina para
mulher não foi tão agradável para mim também. A voz dele mudou um pouco
antes de eu viajar até aqui. Continuo pensando que estou perdendo meu
bebê.― Ela balançou a cabeça e engoliu a súbita onda de emoção que o
pensamento sempre trouxe com ele. ―Tolice.― Ele estendeu a mão sobre a
mesa e apertou-lhe a mão. ―Um pouco, sim. Ele não pode parar a mudança
mas ele é seu filho. O próprio fato de tê-lo mantido com você, o criado como
seu filho, apesar da maneira brutal em que ele foi concebido, me diz quão bem
amado ele é.― Ele lutou contra o desejo de ir a seu lado para poder beijar o
rubor que coloriu suas bochechas. ―Eu estou com um pouco de inveja―, ele
murmurou, e silenciosamente admitiu que era mais do que um pouco.
―É verdade, ele sempre será meu filho, minha criança, mesmo quando
eu preciso subir em um banquinho para puxar suas orelhas.― Ela sorriu
quando ele riu. ―Ilar também é muito, bem, receptivo a forma como as
pessoas ao seu redor se sentem. Ele tem grande empatia. Talvez demais.
―Outro dom?
―Sim, embora não tão forte quanto o primeiro. Isso frequentemente
acontece quando um de nós tem dois dons. Mesmo assim é forte suficiente,
porém, para fazer a sua chegada a cidade muito difícil para ele, especialmente
neste momento da vida dele.
―É por isso que você o tem mantido em segredo?
―Eu não tenho realmente tentado manter ele em segredo. Eu era
casada depois de tudo, para que ele pudesse ter alguma mancha de ser um
bastardo e para que minha reputação não fosse ferida pela sua presença. No
entanto, eu era tão jovem quando ele nasceu que minha família nos manteve
afastados em Myrtledowns, vigiados por minha tia Antigone assim como por
minha prima Tessa.― Ela corou. ―O meu leite não veio e Tessa chegou com
seus cinco filhos, um ainda um bebê de colo, para ser ama de leite de Ilar. Ela
esteve conosco por três anos até que seu marido deixou o exército e eles
compraram uma pequena fazenda não muito longe de nós. Tia Antigone ainda
está lá, porque ela era uma viúva quando veio e permaneceu, ela é muito boa
em ensinar controle a Ilar.
―Até o momento em que eu atingi a idade de sair na sociedade, e
realmente tive um desejo de sair de tempos em tempos, meu casamento foi
esquecido pela maioria das pessoas e ninguém parecia saber que eu tinha tido
um filho. Decidimos deixá-lo assim. Ninguém na família menciona meu
casamento ou Ilar na frente de ninguém que não seja da família. Eu mesma só
menciono o meu casamento, quando sinto que a informação é necessária para
impedir que alguém me empurre para um casamento. ―Ela fez uma careta.
―Eu acredito que algumas pessoas passaram a deter a ideia romântica tola de
que eu enterrei o meu coração com o meu marido, Maynard. A única coisa
que eu enterrei com aquele homem foi a minha inocência e a minha aliança de
casamento.
―Você não o perdoou pelo que fez.― Brant não estava surpreso, se
surpreenderia se ela o tivesse perdoado.
―E nunca vou. Eu sei que as pessoas dizem que se deve, mas eu não
posso, não, embora eu veja Ilar como meu tesouro, meu coração. Maynard
quebrou a fé de todos nós, e usou seu dom para fazê-lo. Veja bem, ele não
forçou apenas meu corpo inocente, forçou minha mente também, rasgando e
afastando tudo o que eu tinha. O pior é que quase destruiu a minha confiança
em Argus, pois ele tem o mesmo dom. Eu sabia no meu coração que Argus
nunca iria usar o seu dom dessa forma, mas levou um longo tempo antes que
pudesse parar de temer o meu próprio irmão. Muito tempo. Mesmo agora,
embora confiasse a Argus a minha vida, muitas vezes eu me sinto um pouco
desconfortável quando ele usa o seu dom―. Brant afagou-lhe a mão e, em
seguida, voltou para sorver seu café. ―Mas o que Maynard fez manteve você
longe dos homens, não é?
―Eu pensei que sim, mas...― ela interiormente amaldiçoou quando
outro rubor aqueceu suas bochechas ―Agora acredito que foi simplesmente
porque ninguém realmente despertou meu interesse.
―Até eu chegar.― Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo que
Olympia considerou brevemente lançar um bolinho em sua cabeça. Então ela
lembrou como a tinha olhado na noite passada antes que eles tivessem feito
amor. O olhar provocando a confiança de que agora estava em seu rosto, o
brilho do riso em seus olhos, era uma maravilhosa mudança da dor que tinha
estado lá, que ela não teve coragem de diminuir isso.
―Sim, até você chegar.― Então, novamente, pensou, ninguém iria
culpá-la por considerar aquele sorriso confiante masculino e irritante o
suficiente para querer dar um tapa direto em seu rosto. ―Mesmo assim, eu
temia que pudesse estar tão danificada que iria parar naquela última barreira.
Eu vim a acreditar que as cicatrizes daquele dia eram tão profundas quanto
temia que fossem, porque Maynard tinha tomado tão firme a minha vontade
que eu estava, na verdade, sem saber o que tinha acontecido até muitos
momentos depois quando acordei. ―Ela estremeceu. ―Eu não posso
compreender, e provavelmente nunca poderei, porque ele fez isso, por que eu
não era melhor do que um cadáver, só um pouco mais quente.
Brant em silêncio ecoou sua repulsa. ―Mas, ele está morto agora,
correto?
―Oh, sim, muito morto. Ele foi morto não muito tempo depois que
nos casamos. Ele viveu tempo suficiente para que toda a papelada fosse
assinada e verificada para proteger tudo o que é por direito de Ilar. E, para
garantir que ninguém poderia questionar a legitimidade do pedido. Eu posso
ver pelo jeito que você está balançando a cabeça que encontra tal ação
completamente aceitável.
―Eu o faço. Qualquer homem o faria. Acho que foi especialmente
importante para os homens em sua família agir assim em seu caso. Sua família
é diferente. Do que eu vim a conhecer, há muitos em sua família que tem
dons que poderiam ser facilmente utilizados de forma imoral. Este tal de
Maynard usou o seu para roubar algo que você não tinha vontade de dar a ele,
era jovens demais para dar, e traiu sua família inteira com esse brutal ato. Ele
revelou que não tinha escrúpulos usando seu dom poderoso para conseguir o
que queria não pensou no direito ou errado do que ele estava fazendo. Sua
família não podia permitir-lhe viver e não simplesmente por causa do crime
que ele havia cometido contra você. Ele era um perigo para todos vocês.
Olympia queria tanto beijá-lo, mas lutou contra o impulso de correr
para o lado dele e fazê-lo. Ele entendia. Não tinha sido uma matança por
vingança, embora soubesse que tinha havido um monte disso por trás do ato.
Tinha sido uma execução necessária de um homem que havia revelado que ele
não era apenas um perigo para ela, mas uma clara ameaça para todo o clã
Wherlocke-Vaughn. A maneira como ele tinha usado seu dom para arrancar
dela o que nunca tinha dado a ele de boa vontade era a mesma coisa que
poderia causar o retorno de perigos, e às vezes mortais, medos supersticiosos
que tinham atormentado a família na maior parte de sua história. O
assassinato de Maynard tinha sido, de muitas maneiras, um ato de auto-defesa.
―Não, ele não poderia ser autorizado a continuar. Ele estava em uma
idade de ter o controle total de seu dom, de modo que isso revelou uma
escuridão em sua alma, ou mente, que teria sido uma ameaça para todos nós, a
quem ele conheceu, durante o tempo que viveu. Triste, mas acontece de vez
em quando. A família tem regras e todos sabem disso. Você usa seus dons
para fazer o mal de qualquer forma, até mesmo por meio de fraude e roubo, e
você vai pagar. O tribunal foi convocado para ele e o julgamento foi
executado. Isso permitiu que a minha família tomasse a vingança que todos
estavam berrando por ter.
―Vocês tem um tribunal?
―Sim. Nós temos um. Dificilmente podemos tomar tal assunto ante o
tribunal do rei, podemos?
―Ah, não, claro que não. Então, um tribunal familiar privado é fácil de
entender. Ele deve exigir uma grande força de caráter para não usar algumas
das habilidades com que nascem em benefício próprio.
―Bem, eu nunca diria que alguns de nós não fazem isso de qualquer
maneira, mesmo que apenas em pequenas formas.
―Mas não para prejudicar.
―Não, nunca prejudicar. Todos somos ensinados sobre o perigo de tal
tentação e a penalidade para tais atos desde o berço. Nós observamos a todos
da família e, acredite em mim, isso tem ficado mais difícil pois a família tem
crescido bastante através dos anos, somos muito férteis e não temos mais
pessoas nos perseguindo para nos enforcar ou queimar como bruxos.
―Milady―, disse Pawl quando ele apareceu de repente na porta, ―há
um homem pedindo para falar com vocês. Ele diz que é o Marquês de
Understone Hill.
―Bom Deus, a mensagem que enviei a ele só poderia ter saído há
poucas horas,― disse Olympia e apressadamente se virou em seu assento para
verificar sua aparência no espelho sobre o aparador.
―Eu a enviei a ele no momento em que subi esta manhã.
―Vou precisar de trocar. Eu não posso atender um marquês vestida
com meus trajes da manhã.
―Eu não tenho certeza de que ele vai esperar para que você faça isso.
O homem está muito agitado.
―Você parece perfeitamente apresentável―, disse Brant.
―O homem chegou a sua casa num momento em que ninguém, só a família
ou o mais próximo dos amigos iria admiti-lo. Ele pode levar-nos como
estamos ―, acrescentou, acenando com a mão o seu próprio traje de camisa,
calças de equitação e botas de montaria.
―Então deixe-o entrar, Pawl, e nos traga um pouco de chá e café
fresco.― No momento em que Pawl saiu, ela olhou para Brant e levantou uma
sobrancelha. ―Você percebe o que ele vai pensar quando nos vir partilhar
uma refeição da manhã e vestidos dessa maneira.
―Eu acredito que sua mente estará muito cheia da necessidade de
encontrar seu filho para se importar em como estamos.
Ela estava balançando a cabeça em concordância quando um jovem
alto, de cabelos louros entrou na sala. Ele passou direto por Pawl, que ainda
estava anunciando-lhe, em seguida hesitou quando viu que Olympia não
estava sozinha. Brant levantou-se para se apresentar e a Olympia antes de
mostrar ao homem uma cadeira. Olympia quase sorriu ao ver o olhar do
homem de frustração quando ele começou a falar só para ser interrompido
por Pawl entrando com mais café e chá, instigando a formalidade de garantir
tudo o que um hóspede pudesse querer.
―Por favor―, disse o marquês assim que Pawl saiu da sala de novo ―,
você disse que pode ter notícias do meu filho.― Olympia reprimiu o desejo de
chamar imediatamente Henry e reunir pai e filho. Ela estudou o homem
deslocando-se nervosamente no assento ao lado de Brant. Ele era bonito,
lembrando a um escudeiro Inglês, mas era alto e magro. Ela podia ver um
pouco de Henry na forma de sua boca, o cabelo justo que se recusava a ficar
onde ele o havia colocado, e seus olhos azuis bonitos. Ela também podia
sentir uma necessidade profunda nele, uma luta contra o medo e a esperança
enchendo seu coração. Este homem amava seu filho. O que ela precisava
saber era se ele amava sua esposa tanto que se recusaria a ver o perigo que a
mulher apresentava a sua criança.
―Meu senhor, eu não tinha percebido que você estava na cidade―,
disse ela. ―Como pode ver claramente, eu não estava em nada preparada para
a sua visita.
―Então você não sabe onde meu filho realmente está, sabe.― Ele
arrastou as mãos pelos cabelos. ―Eu não posso acreditar que ela fez isso.
Como ela pôde fazer isso com seu próprio filho? Eu não tinha percebido o
quão terrivelmente doente ela estava.
―Ela?― Olympia cutucou quando ele ficou em silêncio.
―Eu poderia muito bem dizer-lhe como estou certo de que o escândalo
vai estourar em breve, se os sussurros já não começaram. Minha esposa. Ela
levou meu menino embora. Disse-me que o vendeu por dez moedas e que eu
nunca iria vê-lo novamente. Eu não podia acreditar, mas a maneira como ela
falou de Henry. . . ― Ele engoliu em seco. ―Era como se ela tivesse esquecido
que ele era seu filho também. Você teria pensado que ela estava falando de
algum animal. Eu temo que estivesse tão chocado que não segurei minhas
palavras. Eu fui muito duro. Não se deve ser duro com uma mulher que
perdeu claramente sua mente, não deveria. Mas eu fui.
―Meu senhor, eu duvido que importe e ninguém iria culpá-lo por
chicoteá-la com as palavras depois do que ela fez.
―Ela enforcou-se―, ele sussurrou. ―Naquela mesma noite, enquanto
eu trabalhava para começar a procurar o meu filho, ela enforcou-se no nosso
quarto. Bem, na janela do quarto de dormir. Amarrando a corda na cama, em
seguida, em torno de seu próprio pescoço, e então pulou para fora da janela.
Doutor Martin disse que ela não teria sofrido porque quebrou o pescoço.
―Então ela se foi?
―Sim, enterrei-a fora do lote da família porque a igreja não iria colocá-
la em solo sagrado e eu não estava disposto a discutir por isso. Então vim aqui
para procurar por Henry, mas, ― sua voz quebrou,― Eu não pode encontrá-
lo. Ele é apenas um menino. De apenas cinco anos. Como pode sobreviver
para o que quer que ela o tenha vendido?
Olympia olhou para Brant, que assentiu com a cabeça e silenciosamente
foi até a porta para chamar Pawl. Sabendo que não demoraria muito para que
o menino aparecesse, ela se voltou, toda a sua atenção para o marquês. ―Ela o
vendeu para Dobbin House―. A forma como o homem empalideceu disse a
ela que, pelo menos uma vez, ele tinha claramente passado tempo suficiente
em Londres para saber do lugar, e ela se perguntou como tantos poderiam
saber e não fazer nada sobre o lugar, mas deixando de lado sua raiva sobre
isso, porque agora não era o momento de ir em uma cruzada. ―Ele não foi
prejudicado. Havia uma mulher lá que o reconheceu e que pensou que poderia
fazer algum dinheiro com ele e manteve-o para si mesma. Nós suspeitamos
que ela estivesse esperando por notícias de uma recompensa.
―Então ele não estava ferido?
―Não, mas ele estava muito assustado. Receio que tenha se perguntado
o por que de você não ter vindo buscá-lo. Eu lhe disse que era só porque você
não sabia onde ele estava e precisava de tempo para procurar por ele. Ele
também sabe que sua própria mãe o vendeu, porque ela não fez segredo sobre
isso. Ela disse a ele que tomou todo o seu amor dela e ela não iria respeitar
isso.
―Isso foi o que ela gritou para mim―, ele sussurrou. ―O que eu
poderia ter feito? Eu amo meu menino. É claro, que amo meu menino, mas
eu ainda amava minha esposa apesar do quão problemática ela havia se
tornado. Confesso, que o amor havia esmaecido porque ela era tão difícil às
vezes, tão irritada, tão ciumenta, tão temperamental, que isso me afetava. Isso,
o que ela fez com o meu filho, bem, eu acho que terminou com o que restava
do meu amor por ela. Possivelmente ela viu isso e foi por isso que ela se
matou.
―Nunca se pode adivinhar as razões pelas que alguém faz uma coisa
dessas. Não carregue o peso disso. Foi a doença em sua mente. Se o seu filho
não tivesse se tornado o centro de seus delírios, algo ou alguém mais teria.
―Ela ouviu alguém se aproximando e sorriu para ele. ―Temos o menino,
senhor. Estavamos a procura de alguns de nossos meninos perdidos, nós
tropeçamos em cima de seu Henry. Eu hesitei, em dizer-lhe diretamente, pois
não estava completamente segura do porque de sua esposa o tê-lo vendido.
―Claro. Eu nunca o teria levado de volta para a mesma casa que ela.
Não depois do que ela fez.
―Tenho certeza disso agora, Milorde. Mas precisava da garantia para
que não enviasse a criança de volta ao perigo.
―Eu entendo.
A porta se abriu e o marquês saltou para seus pés. E o pequeno Henry
entrou e parou para olhar o pai dele. Olympia podia ver o mal-estar da
criança, seu olhar correndo ao redor da sala, como se para ter certeza de que
seu pai estava sozinho.
―Você me encontrou, papai?― Henry perguntou quando ele
lentamente avançou para o marquês. ―Mamãe sabe que você me encontrou?
―Sua mãe nunca mais vai te machucar, Henry.― O marquês caminhou
até seu filho e se agachou para ficar de frente para o menino, tocando os
cachos de Henry com a mão trêmula. ―Sua mãe tinha uma doença, filho, que
a fez fazer coisas ruins. Ela levou de nós sua mente e, em seguida, seu corpo.
Somos só você e eu agora.
―Eu estava com medo, papai,― Henry gritou e jogou-se nos braços de
seu pai. ―Eu estava esperando por você para me encontrar, mas você não
veio. ―Eu estava procurando por você, filho. Eu teria encontrado você.
Temos de ser felizes e agradeço a Deus que Lady Wherlocke e Lorde
Fieldgate encontraram você antes que sofresse muito ―. Ele colocou Henry
de volta em seus pés, levantou-se, mas manteve a mão sobre o menino, e
olhou para Olympia. ―Eu não posso lhe agradecer o suficiente. Não apenas
por encontrá-lo, salvá-lo, e também por estar pronta a mantê-lo seguro
mesmo de mim, se necessário. ― Henry liberou lentamente seu abraço
apertado sobre a perna do pai e olhou para a comida na mesa. ―Bolinhos e
creme de leite. Posso pegar um? ― Satisfeita com o desvio da sincera gratidão
do homem, das lágrimas em seus olhos, a deixavam um pouco desconfortável,
Olympia sorriu para o menino. Henry tinha seu pai agora e, na mente do
menino, tudo voltaria a estar bem novamente. Haveria feridas que precisavam
de cura, mas ela podia ver o amor entre os dois e sabia que seria isso que
lentamente apaziguaria o medo persistente da criança e as feridas.
―Só se o seu papai disser que você pode,― ela disse.
Ela não se surpreendeu quando, depois de um olhar suplicante do menino, o
marquês assentiu. Quando Henry subiu na cadeira ao lado dela e serviu-se de
um bolinho e um monte de creme de leite, o marquês retomou seu assento.
Ela fez com que o marquês tivesse uma xícara de café fresco e esperou pelo
que ele diria. Era fácil ver pela forma como sua expressão ficou séria e um
pouco severa, que o homem queria mais informações. Olympia olhou para
Brant quando ele se sentou e balançou a cabeça, concordando em silêncio que
não deveria haver segredos guardados mesmo que isso significasse revelar a
parte de sua mãe em tudo.
―Quem era a mulher que planejou usá-lo para conseguir uma
recompensa?― Perguntou.
―Minha mãe―, disse Brant e encolheu os ombros quando o marquês
olhou para ele com surpresa. ―Ela gosta de dinheiro e não tem escrúpulos
sobre como o obtém.
―Ela tinha que saber que eu teria pago, mas também que Henry é
muito jovem para se manter em silêncio sobre sua parte nisso. Uma vez que
isso fosse conhecido ela seria destruída na sociedade.
―É verdade.― Ele acenou com a cabeça quando o marquês franziu a
testa pensou por um momento e depois empalideceu. ―Eu temo que minha
mãe não está bem. Lady Wherlocke acredita que ela está doente ou que falta
aquela parte que diz a você que algo está errado e que você não deve fazê-lo.
―E o que você pretende fazer com ela?
―Destruí-la.
Embora o marquês concordasse com a cabeça, Olympia olhou para
Brant. Ela podia ver a fria determinação nele, mas tinha que saber como isso
iria afetá-lo. Sua inimiga mortal era a sua própria mãe. Poderia ele, quando
tivesse a chance, fazer o que precisava ser feito para acabar com sua ameaça
sobre ele e sobre os inocentes como as crianças e as jovens, que ela tão
alegremente vendia aos vendedores de pessoas? E se pudesse como ele ficaria
uma vez que estivesse tudo acabado? Ela afastou os pensamentos, sabendo
que não haveria resposta até que tudo fosse encerrado. Tudo o que podia
fazer era rezar para que ele saísse de tudo isso com o coração e a mente não
muito machucados.
―Ela tem dito algumas coisas bastante horríveis sobre você―, disse o
marquês a Brant. ―Embora eu apareça na sociedade muito pouco, mesmo
assim ouvi os sussurros. Perguntei-me, mas não poderia realmente acreditar
neles porque parecia uma mudança muito grande em um homem que nunca
antes tinha sido objeto desses contos. Ela estava tomando cuidado para que o
que dissesse fosse espalhado por toda parte.
―Eu sei. Todas as portas estão fechadas para mim agora. É o que torna
muito difícil obter o que é necessário para terminar seus jogos maliciosos.
―Não há portas fechadas para mim.
Olympia juntou-se a Brant em encarar o marquês, que apenas sorriu e,
em seguida, tomou um gole de café, tomando-o com um barulho suave de
apreciação para a bebida que Enid era tão hábil em fazer.
―Mas, não está de luto?
―Eu deveria estar.― Ele suspirou. ―Mas, quando ela me disse o que
tinha feito, como eu disse, o último vestígio do que me fez chocar a sociedade
e me casar com ela, morreu de forma rápida. O fato de que ela terminou sua
própria vida ―, acrescentou com uma voz suave,― será suficiente para me
desculpar por não estar de luto por ela.
―Isso e o fato de que você é um jovem marquês que agora está sem
uma esposa―, falou lentamente Brant.
―É verdade, embora não importe quem eu poderia conhecer, acho que
tive o suficiente de casamento por um tempo. Além disso, vai levar algum
tempo para que a notícia de sua morte atinja a sociedade porque as pessoas
em Undertone Hill são leais e suicídio é algo tão escandaloso que eles vão
tentar mantê-lo em segredo. Eu não estou preocupado de chocar muito a
sociedade se eu vagar por alguns salões e saletas de baile por enquanto.
―Obrigado―, disse Brant. ―Precisamos de toda a informação que
puder obter para trazer seu reinado ao fim.
―Você tenta fazê-la cair em desgraça tão quietamente quanto possível?
―Por causa dos meus irmãos mais novos, sim. Eles não devem ser
punidos pelo que ela fez. Mas, eu também sei que pode ser impossível. Isso
não vai me parar. ―Ele olhou para onde Olympia suavemente limpava o
creme do rosto de Henry com um guardanapo que ela tinha umedecido em
um copo.
―Eu não posso permitir que ela continue fazendo as coisas más que
vem fazendo. Muitos estão sendo prejudicados.
―Sim eles estão.
Quando o marquês e Henry tinham ido embora, Olympia moveu-se
para sentar-se ao lado de Brant e beijou sua bochecha.
―Pode ser bom ter a sua ajuda.
―Será. O escândalo sobre sua esposa vai vazar logo, não importa quão
leal seu povo seja, mas eu não acredito que a sociedade vai se importar tanto
que ele não esteja seguindo um período de luto adequado. Casou-se muito
abaixo dele mesmo e eles nunca reconheceram a mulher de qualquer maneira.
Eu suspeito que muitos acreditarão que a mulher não merece luto.
―Triste mas verdade.
―Você está com medo que eu vá vacilar quando chegar a hora de
destruir minha mãe― Ele beijou-a quando ela pareceu culpada. ―Eu não vou,
Olympia. Não vou dizer que não vai me incomodar quando o fizer, mas não
posso permitir que isso continue. Eu falhei por não acabar com seu reinado
após o que ela fez a Faith e não falharei novamente. Tudo o que posso esperar
é que possa fazer isso sem trancá-la na prisão ou tê-la enforcada.
E isso, pensou ela, era uma triste verdade contra a qual ela não poderia
argumentar.
Capítulo 11

Preguiçosamente se perguntando se ela precisava de mais doces para a


pequena tribo de crianças que agora alojava, Olympia hesitou do lado de fora
da loja, decidiu que tinha o suficiente, e então começou a curta caminhada de
volta para Warren.
Ela esperava que ninguém a tivesse visto escapar para fora para não ter
palestras sobre sair sozinha, que ela teria de aguentar se alguém a tivesse visto
escapar. Ela sabia que uma lady não deveria ir a qualquer lugar sozinha, mas
não era uma moça virginal que precisava de proteção apenas para manter-se
longe dos insultos das fofoqueiras destruindo seu bom nome e além disso
ainda era dia, assim como era uma curta distância a pé de sua casa. Apesar
dessa conversa austera, porém, ela começou a se sentir culpada e um tanto
nervosa sobre estar sozinha. Olympia orou para que não fosse alguma
previsão e apressou o passo. Depois de três dias de trabalho duro, sua casa
não estava tão cheia quanto tinha estado. Um por um, os meninos que não
podiam ou não seriam devolvidos a suas casas estavam sendo acomodados
com sua família, mas ela ainda abrigava seis meninos, uma menina que estava
perto de ser uma mulher, os quatro rapazes de rua, e seus dois sobrinhos que
viviam com ela. Os resgatados de Dobbin House precisariam de muita ajuda,
não importava quão boa a situação em que fossem colocados. Eles tinham
nascido no escuro, nas favelas perigosas da cidade e tiveram uma aceitação,
mesmo uma expectativa, de crueldade da vida que as crianças do lado mais
próspero nunca iriam ter, mas eles ainda estavam gravemente feridos em
mente e espírito. Ela queria pegar todos os que tinham enviado as crianças
para aquele inferno e espancá-los até que suas peles estivessem penduradas em
pedaços de seus corpos e gostaria de ver ainda pior sendo feito por aqueles
que pagaram para fazer uso daquelas pobres crianças. Ela respirou fundo e
soltou o ar lentamente, lutando para limpar a névoa de raiva de sua mente.
Somente quando começou a se sentir mais calma, ouviu o som de um gato.
Olympia olhou para baixo do fortemente sombreado beco entre dois edifícios
envelhecidos quando uma repetição do barulho disse a ela que não era um
gato, mas um gatinho. Bom senso e uma sensação insidiosa de mau agouro,
mas o bom senso desmoronou rapidamente sob os sons feitos pelo pequeno
animal em perigo. Cautelosamente, ela entrou no beco. No momento em que
estava totalmente dentro de seus limites, ela fez uma pausa para permitir que
seus olhos se ajustassem a penumbra em torno dela. A primeira coisa que viu
claramente foi uma pequena bola amarelada de pêlos pendurada por suas
pernas traseiras em um gancho no alto do lado do edifício à sua direita. Estava
tentando freneticamente libertar suas pernas traseiras da corda que as unia, a
outra extremidade da corda estava ligada ao gancho na parede. Chocada com a
crueldade de uma coisa dessas, ela correu para o gatinho.
Olympia estava apenas tentando descobrir como chegar à ponta da
corda onde o gatinho estava pendurado quando dois homens correram para
fora das sombras alguns metros mais abaixo do beco. Ela segurou seu guarda-
sol como uma espada, mas não causou nenhuma exitação no avanço dos
homens para ela. Olympia começou a usá-lo como porrete, balançando-o com
força contra qualquer parte do corpo dos homens que ela pudesse alcançar.
Tudo isso enquanto os mantinha à distância, ela tentou voltar por seu
caminho para fora da armadilha que tinham montado para ela. Um pequeno
passo em falso terminou sua fuga. O calcanhar de sua bota bateu em um
paralelepípedo liso fazendo-a tropeçar. Foi o suficiente para permitir que um
dos homens a agarrasse e que o outro desferisse um golpe no lado de sua
cabeça. Em vez disso, assim que o balanço de seu punho caía sobre ela, ela
virou a cabeça e pegou um duro golpe no lado do rosto. Olympia teve que
lutar duramente para não ceder à dor lancinante do golpe. A força dele a tinha
empurrado com força contra o homem que a agarrou e ele tropeçou,
soltando-a. Ela forçou todo o seu medo e indignação nos homens que
tentavam machucá-la e, quando eles tentaram se apossar dela novamente, ela
mostrou-lhes que poderia lutar quase tão bem quanto qualquer homem. Ela
também lutava sujo.
―Cadela!― O mais alto dos dois homens gritou quando ela enfiou os
dedos nos olhos dele e a soltou para cobrir os olhos que agora escorriam com
suas mãos. ―Ela me cegou!
―Cala a boca, Will!― Ordenou o homem ligeiramente mais baixo e
mais musculoso. ―você acabará denunciando nosso lugar com todo esse
barulho que está fazendo. ― Sua advertência terminou em um grito agudo
quando Olympia bateu o joelho em sua virilha. Ele cambaleou para trás e ela
se virou, com a intenção de fugir, só para ser agarrada firmemente por trás
pelo homem em cujos olhos ela cravou seus dedos. Ele poderia, obviamente,
ainda ver bem o suficiente.
―Pensei que você tivesse dito que ela era uma lady―, disse o homem,
ofegando enquanto lutava para manter uma Olympia longe de escapar de seu
alcance. ―Sim, aquela milady disse isso. Vá matar a baronesa, disse ela.
Baronesa? ― Seu riso estava cheio de um repúdio amargo da verdade, que esta
mulher tentando o seu melhor para machucá-lo não era uma lady. ―Ela quase
tirou meus olhos, e quase conseguiu empurrar seus colhões até sua garganta.
Ela não é nenhuma lady.
―Calado!― Will cambaleou até ela e levantou a mão para bater nela
novamente. ―Milady quer ela morta. Diz que ela é problema e que quer que o
problema acabe. ―Ele puxou seu punho para trás novamente. ―Diz que seu
filho deve ficar sozinho. ―Ele sorriu sombriamente para Olympia. ―Então
sim, milady, deve ir.
Sem fôlego e um pouco aturdida, Olympia encarou esse punho imundo
apontado para seu rosto. O homem que a segurava tinha um aperto tão firme
sobre ela que ela não conseguiria quebrá-lo, não importa o quanto tentasse.
Ele até manteve a cabeça pressionada contra o lado dela para que ela não
pudesse dar uma cabeçada em seu rosto. Ela estava impotente e odiava isso.
Assim quando respirou fundo com a intenção de gritar por ajuda, algo que ela
suspeitava que não lhe traria nada de bom, houve o som distinto de madeira
fazendo contato duro com a carne de uma pessoa. Ela tinha ouvido brigas
suficientes para adivinhar que o que havia sido atingido era a cabeça de
alguém. O homem preparando-se para atacá-la a empurrou, um olhar de
choque total no rosto enquanto lentamente caía de joelhos, onde ele balançou
para trás e para frente por um momento antes de cair em seu rosto. Atrás dele
estava Abel com um taco em suas mãos e um olhar selvagem de satisfação no
rosto.
Olympia tentou se libertar do homem ainda segurando-a apenas para
ouvir mais dois golpes graves, friamente, e os sons de ossos quebrando. Seu
captor gritou e caiu no chão, liberando-a para agarrar suas pernas quando caiu.
Ela perdeu o equilíbrio e caiu sobre suas mãos e joelhos. Um rápido olhar
para seu captor, que estava se contorcendo e gemendo no chão perto dela foi
suficiente para lhe dizer que pelo menos uma das pernas fora quebrada.
Daniel entrou em sua vista e atingiu o homem na cabeça, parando o ruído do
homem e enviando-o para a inconsciência.
―Lady O―, disse David quando ele jogou de lado o taco com que tinha
claramente atingido o homem na outra perna e agachou-se ao lado dela.
―Você está muito ferida?
―Não, não muito―, respondeu ela enquanto aceitava sua ajuda para
ficar de pé. ―O gatinho?
―Gatinho?― David olhou em volta e, após uma cuidadosa busca pelo
beco, finalmente viu o pequeno animal onde estava pendurado. ―Ah,
coitadinho. A isca, hein?
―Sim. Precisa colocá-lo no chão. ― Cada parte sua doía por cada vez
que os homens a tinham agarrado, e eles não o tinham feito tão
delicadamente, mas ela moveu-se de volta para onde o gatinho estava
pendurado, ainda consciente, mas não mais lutando, e tremendo de uma
forma que quebrou o coração dela. O lado de sua cabeça latejava bastante, o
suficiente para fazer seu estômago revirar, mas ela não poderia deixar o animal
onde estava. O que a gelou até os ossos foi a prova de que alguém tinha
tomado tempo para aprender o suficiente sobre ela para saber que tinha tal
fraqueza. Olympia jurou para si mesma que ela iria se lembrar disso e
considerar as implicações mais tarde.
Com a ajuda dos meninos, ela recolheu seu xale do solo e envolveu o
gatinho em cima dele quando David, com a ajuda de Abel, desatou a
extremidade da corda presa no gancho. Daniel cautelosamente desamarrou as
pernas do gatinho. Olympia recolheu sua bolsa, e fez os meninos pegarem
seus pacotes espalhados, e forçou-se a começar a caminhada de volta para
Warren.
―Devemos chamar uma carruagem―, disse Abel, enganchando seu
braço através do dela para ajudar a estabilizá-la.
―Não, não estamos longe―, disse Olympia.
―Ou pedir a alguém de Bow Street para vir e pegar essa escória que
tentou feri-la―, disse David, andando rapidamente para o outro lado dela.
―Nós podemos fazer isso mais tarde.― Quando ela viu Warren entrar
em sua vista sinceramente desejou que tivesse força para correr para a
segurança que a casa prometia. Ela sabia que estava uma bagunça e estava
mais cambaleando do que andando. Isso estava, sem dúvida, chamando a
atenção de todos que passavam. Os três rapazes ajudando-a certamente
chamavam a atenção de todo mundo, pois não se pareciam com o tipo de
rapazes com que uma moça de renome andaria. Haveria fofocas desta
desventura, mas ela estava muito dolorida para ligar. Então, novamente,
pensou enquanto os garotos a ajudavam a entrar na casa, ela era uma
Wherlocke e fofocas sobre eles verdadeiramente nunca desapareceram.
―Ollie!
Ela fez uma careta para Enid que estava correndo para seu lado ao
mesmo tempo que um barulho começava a encher a cabeça dela.
―Não me chame assim.― Um momento depois, tanto Pawl quanto
Enid chegaram a seu lado, Olympia sabia que ela estava prestes a entrar em
colapso. ―Gatinho―, ela conseguiu dizer pouco antes da escuridão aglomerar-
se em sua mente e arrebata-la.

Olympia podia ouvir as pessoas sussurrando. Ela não queria abrir os


olhos para ver quem era, contudo. Sua cabeça doía e estava certa de que abrir
os olhos só iria aumentar a dor que ela estava sentindo. A confusão se
estabeleceu quando percebeu que estava em uma cama e, pela sensação de
que, tinha sido despojada de suas roupas e colocada em uma camisola. Então
começou lentamente a se lembrar do que tinha acontecido com ela.
Empurrando para trás uma onda de medo, cautelosamente abriu os olhos e
ficou aliviada ao encontrar-se em sua própria cama com apenas Enid e seus
sobrinhos em sua cabeceira.
―Gatinho?― Ela perguntou quando Artemis moveu-se para ajudá-la a
beber um pouco de cidra.
―Ele está bem―, disse Enid e ela apontou para o gatinho minúsculo
em cima da cama. ―Eu o lavei.― Olympia olhou para o pequeno animal. Era
de uma cor dourada suave e tinha olhos de um dourado escuro. Seu pêlo fora
todo lavado e ele ainda tremia. Ela queria saber como alguém poderia
descobrir que tinha um grande ponto fraco para os animais quando o gatinho
começou a se arrastar em direção a ela. Um momento depois, ele enrolou-se
acima da curva onde seu pescoço encontrava o ombro. Embora ele ainda
tremesse um pouco, começou a ronronar. Enid suspirou. ―Eu suponho que
nós teremos de manter esse aí também. Agora, diga-nos o que aconteceu,
milady?
―Será que os meninos não te disseram?
―Eles disseram, mas eu gostaria de ouvir a história de você.
Acariciando o gatinho levemente e satisfeita quando lentamente parou
de tremer, Olympia disse-lhes o que tinha acontecido com ela. Era difícil
manter o medo sob controle enquanto ela recordava a sua sensação absoluta
de desamparo. Alguém tinha tentado machucá-la ou até matá-la. Enquanto se
lembrava de quem eles disseram que seguiam ordens, e ela suspeitava de quem
poderia ser. Havia apenas uma pessoa que tais rufiões chamariam de milady e
ela queria saber se a mãe de Brant a achava um risco tão grande para
permanecer viva.
―Enviamos um aviso para Brant,― disse Stefan.
―Oh. Eu desejaria que vocês não o tivessem feito. Ele está se reunindo
com Andras hoje sobre o que precisa ser feito para obter a custódia de sua
irmã daquela mulher miserável.
―Ele precisa saber que você foi atacada. Nós todos sabemos quem
ordenou isso também. David os ouviu falar sobre uma milady encomendando
que fosse feito. Algo precisa ser feito sobre aquela mulher.
―Eu sei. Eu apenas não tenho certeza exatamente se pode ser feito
ainda.
―Ele é o conde. Não importa que a mulher conseguiu fazer com que
alguns tolos lhe concedessem poder, qualquer verdadeiro tribunal, qualquer
verdadeiro juiz, acabaria rapidamente com seu poder em favor do conde.
O que provavelmente era verdade, Olympia pensou, mas no momento
em que ele fosse para os tribunais, não seria capaz de fazê-lo em silêncio.
―Seria um escândalo―, ela murmurou.
―Não tão grande quanto seria se ela fosse pendurada por seu
assassinato.
―Ah, é verdade. É melhor eu descansar um pouco, porque suspeito
que quando ele chegar, terei de contar tudo isso novamente.
Enid livrou o dormitório dos sobrinhos com uma eficiência que
Olympia não pode evitar admirar. Ela, então, forçou Olympia a tomar uma
poção que iria aliviar a sua dor. Quando tentou remover o gatinho do pescoço
de Olympia, no entanto, o animal assobiou para ela e Olympia a despediu com
um aceno.
―Besta miserável―, Enid murmurou, mas não havia verdadeira raiva
em sua voz. ―Suas pernas não estavam tão feridas embora a corda e sua luta
tenham deixado uma queimadura pequenina. Não valia a pena sua vida, no
entanto, que é o que você teria perdido caso os meninos não a salvassem.
―Por que eles estavam me seguindo?
―Porque eu lhes disse para fazê-lo. Agora, descanse.
―Grande tirana,― Olympia conseguiu dizer pouco antes da poção de
Enid forçá-la a dormir.

Brant olhou para o jovem sentado do outro lado da mesa. Andras


Vaughn tinha a aparência de muitos outros homens do clã Wherlocke-
Vaughn, aquela beleza irritante com um toque de mistério que chamava as
mulheres para eles como uma chama atraía as traças. Andras era magro e
ainda mais alto que Brant e suspeitava que havia uma força perigosa naquele
corpo gracioso que seria surpresa para muitos. Ele também tinha olhos azuis
com uma forte sugestão de verde. Brant ficou tentado a perguntar ao homem
qual era seu dom especial mas estava certo de que era um que se adequasse a
sua escolha de profissão.
―Toda esta informação certamente pinta um quadro sombrio de Lady
Mallam mas, se ela ganhou o poder que você acredita que ela possui, então vai
fazer pouco mais do que ferir sua reputação um pouco―, Andras disse.
―Apenas um pouco?
―Ela é uma das damas reinantes da sociedade. As mulheres ou a
temem ou reverenciam. Você, por outro lado, foi marcado como o mais
desprezível das criaturas, um filho ingrato que se afundou em pecado
quebrando assim o coração de sua pobre mãe.
Os Vaughns obviamente tinham a mesma tendência para a leviandade
mal colocada que os seus primos Wherlockes tinham, Brant decidiu. ―O que
você está dizendo é que eu tenho que pegá-la com sangue fresco nas mãos?
―Talvez não, mas tudo isso, não importa o quão fascinante seja, não
será suficiente. Você está enfraquecido pelo fato de que a maioria de suas
testemunhas não são da classe social certa. O único que é, é o jovem Henry
Understone e ele não tem mais do que cinco anos de idade. Não é um bom
testemunho contra alguém como a sua mãe.
―E terminar com o controle de minha mãe sobre Agatha?
―Você teria que ser um padre durante alguns anos para ganhar por
causa de sua reputação. Ou, sua mãe teria que ter uma queda bastante
espetacular na graça da sociedade. Eu preciso de uma testemunha credível.
Bem, talvez precise não seja a palavra correta. Irá tornar mais fácil de obter o
que você deseja, se tivermos uma testemunha mais credível.
―Não muito esperançoso.
―Não, mas agora que você começou a reunir essas informações, eu
posso ser capaz de usá-las para fazer com que aqueles que lhe deram a
custódia de sua irmã comecem a mudar as suas mentes. Não importa o quanto
sua mãe tenha forçado seu lugar na sociedade, você ainda é o conde, o que vai
contar para alguma coisa.
―Isso não conseguiu abrir uma única porta para mim ainda.
Andras abriu a boca para falar, mas franziu a testa quando houve um
barulho alto e uma gritaria vindo do lado de fora da porta do escritório. Ele se
levantou e moveu-se para abri-la. No momento em que o fez o jovem Daniel
correu para dentro e moveu-se para colocar Brant entre ele e o funcionário
que o estava seguindo.
―Isso é tudo, Carter―, disse Andras. ―O menino era esperado.
No momento em que Andras fechou a porta, Brant olhou para Daniel.
―Aconteceu alguma coisa?
―Lady O foi atingida em um beco. Eu, Abel, e David a salvamos, mas
ela pegou algumas pancadas duras,― Daniel respondeu.
―Quão mal ela foi machucada?― Brant começou a vestir o casaco e o
chapéu.
―Não é tão ruim, mas ela vai ter um monte de contusões e bateram-lhe
um pouco.
―Vá―, disse Andras quando Brant olhou para ele. ―Vou continuar
tentando encontrar algo que possamos usar contra ela para quebrar seu poder.
Brant estava correndo para fora da porta com Daniel em seus
calcanhares no momento seguinte. Ele sabia que o menino falava a verdade
quando disse que Olympia não tinha sido ferida gravemente, mas isso fez
pouco para aliviar a necessidade de vê-la o mais rapidamente possível, a sua
necessidade de ver por si mesmo que ela ficaria bem. Até o momento em que
ele chegou a Warren havia recuperado mais da calma que a mensagem do
jovem Daniel havia lhe tirado. Em seguida, ele entrou no quarto de Olympia e
a viu. Ela estava dormindo e Enid estava mudando a bolsa de gelo sobre o
rosto de Olympia, revelando a profunda marca ao lado de seu rosto. Brant
deu um passo mais perto da cama para olhar para ela e suavemente exigiu que
Daniel lhe dissesse o que tinha acontecido. Quando o menino repetiu o que
um dos homens tinha dito, raiva rapidamente inundou as veias de Brant.
―Eu vou voltar em breve―, disse ele e saiu. Não foi até que ele tivesse
chegado até a porta da casa da cidade dos Mallam que foi capaz de segurar
mesmo o menor resquício de controle sobre sua raiva. Ele bateu na porta e
empurrou o mordomo quando o homem abriu. Com o canto do olho, viu o
lacaio correr para o pequeno salão azul o favorito de sua mãe e, empurrando o
mordomo de lado mais uma vez, caminhou em direção a ela.
Havia várias peças novas e caras de mobiliário na pequena sala de estar,
ele observou enquanto caminhava até ela. Sentada em um sofá coberto por
um rico azul profundo, sua mãe olhou para ele. Por um breve momento,
vislumbrou surpresa e, em seguida, uma pitada de medo em sua expressão,
mas ela rapidamente recuperou o controle.
―Você foi banido dessa casa―, disse ela.
―Essa é minha casa, mãe. Mas eu permiti que você me barrasse dela,
mas não é sobre isso que vim aqui falar. Vou deixar que meus advogados
resolvam essas questões.
―Diga o que quiser e depois saia.― Havia de fato uma frieza em sua
voz, ele pensou. Tão profundamente no coração dela, embora ele se
perguntasse se ela ainda possuía um. O frio sempre esteve lá, ele percebeu. Ela
não tinha dado a nenhum de seus filhos qualquer afeto. Ao longo dos anos o
frio nela havia se tornado ainda pior, enterrou-se mais fundo em seu coração,
mas, sem dúvida, tinha estado com ela desde o dia em que nasceu. Olympia
estava certa. Havia algo faltando em Letitia Mallam.
―Você fez Lady Wherlocke ser atacada hoje―, ele disse sem rodeios e
viu apenas a mais fraca das reações a sua acusação que meramente cintilou por
trás de uma pálpebra.
―Você está sendo completamente absurdo. Por que eu deveria pedir
que algo fosse feito para aquela mulher? ―Ela olhou para ele. ―Ou é apenas
mais uma de suas muitas vagabundas? Acho que ela é de melhor qualidade do
que suas escolhas habituais, embora os Wherlockes não sejam altamente
considerados em todos os lugares.
―Não jogue este jogo comigo, mãe. Eu começo a pensar que você
acredita em suas próprias mentiras. Não sou nenhum estúpido bêbado que
você pode enganar. Talvez eu tenha passado muito tempo nos últimos anos
mergulhado em bebida mas você deve se lembrar que também administrei as
propriedades e meus investimentos bem o suficiente para enviar-lhe uma
nobre soma de dinheiro a cada trimestre. Preste atenção agora, enviei todos os
seus espiões embora e retomei a minha casa. Fieldgate, se você não se recorda
de onde eu moro, não é mais seu pequeno terreno de caça. E, sim, eu descobri
uma verdadeira horda de bastardos do papai.
―Ele não tinha o direito de colocar seus bastardos em minha casa.―
Sua voz estava tão fria que Brant ficou surpreso de não ver a respiração
formando-se no ar.
―Nem Fieldgate nem esta casa são suas e elas nunca foram. Poderia ser
melhor se você tentasse recordar isso de vez em quando. Temo que seu
subsídio possa ser reduzido para que eu possa arrumar todos esses meio-
irmãos. É algo que está há muito atrasado. ―Ele pode ver a menor contração
na esquina de seu olho esquerdo e sabia que a menção dos bastardos de seu
pai não era um assunto em que ela pudesse manter essa calma gelada que
usava como armadura. Nem a ameaça de diminuir sua renda seria aceite de
ânimo leve.
―Você não tem direito de fazer isso. Foi feito um acordo entre nós e
você deve honrá-lo. Você é, afinal de contas, um cavalheiro nascido e criado.
Talvez devesse lê-lo melhor.
―Não, eu não tenho de lê-lo, afinal ajudei a escrevê-lo e o li com o
maior cuidado. E farei com que ele seja anulado o mais rápido que puder. O
ataque contra Lady Wherlocke terminou todos os acordos entre nós. Você
não cumpriu com sua parte do trato.
―Eu estava movendo-me lentamente para destruí-la, mas não mais. Sei
o que você tem feito milady, e uma vez que você não viu necessidade de
obedecer ao contrato, então eu também não vou. Estava disposto a esquecer a
sua existência, mas você não ficaria satisfeita em ficar aqui, curtindo o lugar na
sociedade que construiu para si mesma, ficaria? Você teve que jogar seus jogos
novamente. Bem, eles irão falhar desta vez. ―Ele inclinou-se tão perto dela
que poderia quase provar sua fúria que ele podia ler em seus olhos. ―Se você
alguma vez tentar machucar Lady Wherlocke de novo, vou fazer muito mais
do que avisá-la.
―Não acredite, nem por um único momento, que o fato de nós
compartilharmos o sangue vá fazer qualquer diferença do quão duro virei
atrás de você.― Com medo de estar prestes a fazer algo de que ele iria se
arrepender para sempre, suas mãos coçando com a necessidade de esbofeteá-
la até que o aperto gelado que ela tinha sobre si mesma quebrasse, ele saiu. Ele
tinha advertido. Isso tinha que ser suficiente. Não se sentia confiante disso, no
entanto, enquanto ele voltava para Warrene para o dormitório de Olympia.
Sua mãe era arrogante e ela havia escapado de seus muitos crimes por tanto
tempo que poderia muito bem provar que só a própria morte poria fim a ela.
Ela provavelmente pensava que era inteligente demais para ser capturada e
provavelmente estava muito segura de sua inteligência.
Quando ele entrou no dormitório de Olympia, viu que ela ainda dormia
e moveu-se para se servir de uma caneca da cidra que ela mantinha em seus
aposentos. Ele realmente queria um grande gole de conhaque mas resistiu ao
impulso. Em vez disso, tomou um gole de uma cidra bem temperada e se
sentou-se em uma cadeira ao lado da cama. O rosto de Olympia estava ainda
mais brilhantemente machucado do que quando ele a havia deixado. Não
havia inchaço por causa do uso rápido e criterioso de Enid de compressas
frias, mas ele odiava vê-la dessa maneira. Ela não merecia isso, estava apenas
tentando ajudá-lo. Brant sentiu a mordida de um novo fracasso em manter
alguém seguro. E então viu o gatinho. Ele estava olhando para ele, seus olhos
dourados espiando por baixo do queixo de Olympia. Pensando que tinha que
ser desconfortável, e, provavelmente, pouco saudável para Olympia ter uma
criatura dessas tão perto, ele estendeu a mão para movê-lo e ele rosnou para
ele. Assim quando ele pensou em tentar agarrá-lo pelo cangote rápido o
suficiente para evitar todas aquelas garras e dentes, Olympia abriu os olhos e
olhou para ele.
―Eles não deveriam ter arrastado você para fora de sua reunião com
Andras―, disse ela. ―Eles te disseram o que aconteceu?
―Apenas Daniel e, sim, ele me contou o que aconteceu.― Ele franziu a
testa para o pequeno gato. ―Você tem certeza de que quer essa besta tão
perto de seu rosto?
―Ele estava apavorado. Temo que seja por isso que fui pega naquele
beco. Eu o ouvi gritar e, embora soubesse que era imprudente, tive que ir ver
se podia ajudar. ―Ela rapidamente disse-lhe tudo o que tinha acontecido e
não se surpreendeu ao ver a raiva em seu rosto. ―Eu sei que cometi muitos
erros tolos.
―Além de sair sozinha, não. Você foi para lojas bem próximas daqui e
durante o dia. Deveria ser seguro ou, bem, tão seguro quanto esta cidade pode
ser. Daniel me disse que era uma mulher que tinha dito aos homens para
machucá-la e que foi certamente a minha mãe porque eles continuavam
dizendo: ―milady― nos disse para fazer isto. Que ela queria que seu filho
ficasse sozinho.
―Sim, eles disseram isso. Desculpe. O que eu gostaria de saber é como
ela descobriu que eu não posso ignorar um animal em necessidade. Alguém
parece ter descoberto tudo o que pode sobre mim. Parece que não somos os
únicos fazendo espionagem.
―Eu não posso pensar em como ela descobriu tudo isso sobre você.
―Há sempre aqueles que prestam atenção na cidade. Ficou claro para
nós por um tempo que ela é uma especialista na coleta de informações.
―Eu estava com tanta raiva―, ele murmurou enquanto acariciava seu
rosto machucado, a necessidade de tocá-la adicionada a preocupação de fazê-
la sofrer mais dor do que já estava sentindo. ―Eu fui vê-la. Invadi a casa e a
ameacei.
Disse-lhe para deixá-la em paz. Lembrei-lhe que a ela está sendo permitido
chamar aquela casa como dela pois eu dei essa permissão, que, agora que eu
sei sobre os bastardos de meu pai, irei ajudá-los o que poderia bem significar a
diminuição de seu subsídio a cada trimestre. Algumas outras coisas também,
mas essa foi a essência. Não foi um movimento muito sábio.
―Considerando tudo o que ela fez e como ela provavelmente sabe que
estamos caçando-a, eu não acho que seja uma coisa tão ruim ―, disse Olympia
e rapidamente sufocou um bocejo. ―Ela estava certa de saber mais sobre nós
e talvez até mesmo adivinhar os nossos planos para com ela, mais cedo ou
mais tarde.
―Você estava certa.
―Então você tem que me dizer em que eu estava certa antes de eu ir
dormir. Isso deve trazer alguns bons sonhos. Não é muitas vezes que alguém
diz a uma mulher que ela está certa. ―Ela sorriu quando ele apenas
resmungou. ―Sobre a frieza nela. Tanto você quanto Artemis perceberam. Eu
deveria porque ela não tinha nenhum interesse em nós, seus próprios filhos. E
é tão profunda que acredito que sempre esteve lá. Não que eu tente desculpá-
la por suas ações, só que me sinto um pouco tolo por nunca tê-lo visto antes.
Simplesmente acreditava que ela apenas não ligava muito para seus filhos, mas
que tinha feito seu dever para com nosso pai. ―Ele endireitou-se e disse com
firmeza, ―E agora você vê por que nunca deve ir a qualquer lugar sozinha.
Não só ela virou sua atenção para você, mas está mais do que disposta a matá-
la simplesmente por me ajudar.
―Eu serei mais cuidadosa daqui em diante. Andras deu alguma boa
notícia?
―Na verdade não, mas ele está ansiosamente trabalhando nisso.― Ele
se levantou e beijou-a na bochecha. ―Durma. Você está bocejando tão
ferozmente que há uma chance de que acidentalmente engula seu pequeno
companheiro.
Ele ficou satisfeito ao vê-la fechar os olhos. Apenas um batimento
cardíaco mais tarde, ela estava dormindo profundamente. Brant sentiu uma
pontada de culpa. Ele não conseguiu mantê-la segura. Cada contusão em sua
pele clara era um tapa em seu rosto, um lembrete de que ele estava falhando
com ela assim como havia falhado a tantos outros. Por um breve momento,
depois que eles haviam se tornado amantes, ele tinha pensado que poderia ser
capaz de ter tudo o que sempre quis na vida, mas o ataque contra Olympia lhe
havia mostrado que não era um bom protetor. Era melhor se permanecesse
sozinho. Quando esse pensamento doeu mais do que ele pensou que doeria,
rapidamente saiu do quarto.
Capítulo 12

―Não há necessidade de seguir-me como se vocês esperassem que eu


fosse desmaiar a qualquer momento―, disse Olympia quando entrou na sala
onde o café da manhã estava sendo servido, com seus sobrinhos em seus
calcanhares. ―Eu estou totalmente recuperada das minhas lesões, após uma
semana inteira sendo mantida em cativeiro no meu quarto.
Brant levantou-se e puxou uma cadeira para Olympia, lutando contra
um sorriso por causa do jeito que ela olhava para Artemis e Stefan. Ele ficou
surpreso que ela houvesse permanecido em seu quarto durante todo esse
tempo, mas isso havia estado longe de qualquer espécie de prisão. Olympia
tinha usado o tempo necessário para se recuperar do espancamento que
sofrera para cuidadosamente encontrar lugares seguros para as últimas
crianças de Dobbin Housee recolhendo cada pequeno sussurro de informação
que os meninos, Brant, e muitos outros coletavam para ela. Ela passou mais
tempo em sua mesa de escrita do que em sua cama e tinha contado com a
ajuda de sua vasta família na busca de informações sobre sua mãe.
―Você ainda está muito colorida―, ele murmurou enquanto a olhava
encher seu prato com alimentos, fugazmente tocando a contusão amarelada
desaparecendo em seu rosto. ―E devo ficar por mais algum tempo, eu
suspeito, mas nada dói agora―, respondeu ela quando serviu-se de chá. ―Mas,
começo a me sentir desconfortavelmente enjaulada.
―Apesar do verdadeiro rio de visitantes que vêm para vê-la?
Ela riu. ―Verdade. Havia muitos. Peça para um Wherlocke desenterrar
segredos de alguém e eles pulam alegremente com a chance. ―Olympia olhou
para ele e acrescentou calmamente: ―Não deve demorar muito agora.― Ele
balançou a cabeça enquanto espalhava um pouco de manteiga recém-batida
em um pedaço de pão torrado. ―Eu não deveria ter ido enfrentar minha mãe.
Vejo isso mais claramente a cada dia. Isso simplesmente lhe permitiu começar
a cobrir seus muitos crimes.
―Que é algo que ela não pode fazer, Brant. Há muitos crimes. Há
muitas pessoas que ela tem subornado, chantageado, ou simplesmente tentado
a se juntar a ela nesses crimes. Podemos ter apenas algumas testemunhas para
apontar o dedo para ela como parte de tais crimes, mas os números estão
crescendo lentamente e continuará a crescer. Depois, há todos os que ela usa
para obter informações. Na verdade, eu acho que a maioria daqueles que se
curvam aos seus comandos são coagidos de alguma forma. Dobson disse que
recebeu muito poucas informações de qualquer um da pequena nobreza
capturada na Dobbin House. Eles não vão ser de muita utilidade para ela
agora, claro. Eles todos fugiram da cidade e foram se esconder. ―Ela fez uma
careta para o bolinho que estava prestes a sufocar com creme. ―Eu preferiria
que eles tivessem sido enforcados.
―Dobson disse algo muito similar. Ele também estava satisfeito por
você ter conseguido acomodar todas as crianças resgatadas daquele inferno.
Na verdade, ele apenas resmungou e balançou a cabeça quando eu lhe disse,
mas foram definitivamente grunhidos e acenos de aprovação―.
Olympia riu, facilmente vendo o grande e rude Dobson fazendo exatamente
como descrito por Brant. Embora endurecido para a situação das crianças
pobres, de certa forma, ele havia mudado rapidamente, uma vez que ela lhe
dissera que usavam correntes para prender as crianças prisioneiras em Dobbin
House. Ele revelou ainda mais a sua inquietação, ajudando-a a reunir
informações sobre Lady Mallam. Dobson compartilhou seu desejo de livrar o
mundo daquela mulher e sem dúvida, compartilhou de sua decepção que isso
provavelmente não poderia ser feito de uma forma agradável e permanente.
―Sim, mas está sendo tão devagar. Eu tento aliviar minha mente,
recordando que estamos ganhando aliados.
―Exatamente. E ela está os perdendo. ―Ela começou a cortar uma
maçã e colocar as fatias em seu prato. ―Eu tenho de participar de um chá na
minha amiga Sra. Poston― ela anunciou com calma e comeu sua comida
enquanto esperou os muitos argumentos contra seus planos. Eles começaram
imediatamente. Seus sobrinhos desistiram rapidamente, bem familiarizados
com sua teimosia. Os cinco meninos mais novos deram uma tentativa maior,
mas logo desistiram também, desviados pela necessidade de preencher suas
barrigas até que doessem. Brant não verbalizou seu descontentamento, ou
mesmo discutiu com ela, mas o olhar em seus olhos lhe disse que ele queria
muito. Ela pensou sobre como seu tempo como amantes havia chegado a um
impasse grosseiro com ela sendo espancada. Ainda que certamente já
houvesse se curado o suficiente para apreciar isso, ele hesitava. Desde que
suas visitas deixaram de aparecer por volta da hora do jantar, ele não tinha
nenhuma razão real para não vir. Ela tentou não temer que ele já houvesse se
cansado dela, mas o medo continuava escorregando em seu coração e mente
em momentos inoportunos e se recusava a se dispersar completamente. Uma
parte dela a dizia para deixar bem claro que estava curada e ansiosa, enquanto
outra temia que ele revelasse que seus ferimentos não eram a razão pela qual
não deslizou para sua cama durante a noite.
―Quando e onde?―, Perguntou no momento em que a porta se fechou
atrás dos meninos mais jovens e ele foi deixado a sós com Olympia e seus
sobrinhos. Por um breve momento, ela temeu que ele tivesse lido seus
pensamentos e teve que lutar para não corar. Em seguida, seu bom senso
voltou e soube que era impossível. Se ele tivesse qualquer tipo de dom, teria
dito a ela. Ele sabia muito sobre os Wherlockes para que soubesse que poderia
ser totalmente honesto sobre uma coisa dessas. Levou um momento para
recordar sobre o que estavam falando antes de ela ficar perdida em seus
próprios pensamentos.
―Como eu disse, Sra. Emily Poston―, ela respondeu. ―Ela tem uma
pequena reunião uma vez por ano e eu só perdi uma vez desde que completei
treze anos porque ela é tanto uma amiga enquanto uma vizinha no campo.
―Olympia poderia dizer pela maneira como ele olhou para ela, pelo ligeiro
estreitamento de seus olhos, que ele tinha adivinhado exatamente em que ano
ela havia perdido a reunião.
―Eu sei onde é. Não muito longe daqui. Ela e seu marido vivem na
beira do melhor endereço na cidade. Eu posso ter certeza de que chegue lá em
segurança, e volte em segurança, também ―, disse ele, silenciosamente
amaldiçoando o fato de que não podia comparecer, não poderia estar ao seu
lado durante todo o evento para prestar atenção ao seu inimigo.
Olympia queria discutir com o seu plano, mas mordeu a língua ao invés disso.
A maioria das razões que ele tinha para não ir com ela, até mesmo como um
guarda invisível, tinha nascido do fato de que sua própria mãe o tinha levado a
ser completamente rejeitado pela sociedade. E isto estava finalmente
começando a aliviar, mais e mais as pessoas começavam a questionar os
contos que Lady Mallam contava sobre seu filho. Olympia estava certa de que
eles tinham de agradecer ao Marquês de Understone Hill por isso. Não era o
suficiente ainda, porém, muitas portas ainda estavam fechadas para ele. Ele
nunca recebeu um convite para qualquer evento. Se alguém avistasse a Brant
acompanhando-a em qualquer lugar, sussurros sobre o que ele e ela poderiam
estar fazendo juntos iriam começar a voar rápidos e furiosos em todo lugar.
Era apenas a sua preocupação sobre os sentimentos dele que a perturbava
sobre essa possibilidade, porque ela sabia que ele iria assumir toda a culpa por
qualquer dano causado à sua reputação. Ele não precisava de mais culpa
acabando com ele. Isso também poderia ser o suficiente para destruir os
poucos reparos que haviam sido feitos em sua bem escurecida reputação.
―Contanto que você não se permita ser visto―, disse ela, ―pois tem
havido pessoas que começaram a questionar tudo o que a sua mãe disse sobre
você e nós não desejamos destruir isso. Nós vamos precisar deles mais tarde,
eu acredito.
―Eu sei, mas não posso simplesmente sentar aqui e não fazer nada
enquanto você anda para aquele poço de víboras. E todas as suas contusões?
Você acha que não haverá perguntas feitas a respeito de porque seu rosto está
dessa cor?
―Vou apenas dizer que alguém tentou roubar-me quando eu voltava
para casa depois de fazer algumas compras. Não é algo raro, é triste dizer. Eu
também irei diminuir a intensidade da feiura deles com um toque de
cosméticos. ― Artemis balançou a cabeça. ―Isso pode funcionar, mas eu não
entendo por que você continua a ir lá só para escutar. Há pouca informação a
ser adquirida a partir de fofocas.
―Você está completamente errado, Artemis,― Olympia disse e ficou
satisfeita ao ver Brant acenar em acordo. ―Embora grande parte da fofoca
tenha pouco fundamento, ou é apenas mesquinharia e notícias inúteis, às
vezes pode ser a dica de um fato muito interessante. Ela lhe diz contra quem a
sociedade se voltou contra, no entanto, e muitas vezes lhe dá uma ideia sobre
quem está fazendo a difamação.
―Nós já sabemos quem está caluniando Fieldgate.
―A pessoa também precisa saber o que está sendo dito nas mentiras
para refutá-las.― Ela sorriu levemente. ―E Emily sempre foi uma amiga.
Nunca se deve tratar o dom da amizade de ânimo leve. Este é seu único
grande encontro, tudo o que ela pode pagar, e é por isso que escolheu um
momento em que muitos na sociedade estão em suas casas de campo. Ela
nunca deixa de me convidar. Nunca. Eu tenho que ir. ―Ela olhou para o
relógio sobre a lareira. ―E é melhor eu ir e começar o tedioso e longo
processo de me preparar.
―Há momentos em que uma mulher forte pode ser o melhor trunfo
que qualquer homem pode ter―, disse Brant enquanto assistia a porta fechar
atrás de Olympia.
―E mais vezes em que ela pode se tornar uma dor no traseiro―,
murmurou Artemis e riu junto com Stefan e Brant. ―Por que isso está
demorando tanto?― Ele perguntou assim que o riso acalmou.
―Se eu fosse o único filho de minha mãe, já teria sido feito e ela já teria
se ido. Eu não me importaria em nada com um escândalo ou uma mancha no
meu nome, além disso, minhas perspectivas de casamento não seriam muito
abaladas. Mas tenho uma irmã mais nova e dois irmãos mais novos. Eu
também tenho duas irmãs mais velhas, casadas e na sociedade. Estou tentando
realmente terminar com tudo isso o mais silenciosamente possível.
―O que significa que você deve deslizar através das legalidades de tudo
com o menor número possível de pessoas.― Artemis assentiu. ―Eu posso
entender isso. É apenas que ela fez minha tia ser atacada e a teria feito ser
morta. Isso me deixa ansioso para ter a ameaça removida.
Apesar do fato de que Artemis e Stefan ainda serem considerados
meninos aos olhos de muitas pessoas, os olhares em seus rostos quando
Artemis disse essas últimas palavras diziam que não deviam ser ignorados.
Eles queriam que sua mãe se fosse. Ele duvidou que o menino soubesse o que
significava um isolamento simples no campo, quando falou em removê-la.
Uma vez que ele tinha entendido quão facilmente Olympia poderia ter
morrido naquele dia, no beco, tinha começado a pensar o mesmo.
―Isso ainda pode acontecer. Novamente, uma vez que a verdade seja
conhecida, eu não irei sofrer nenhuma penalidade por livrar minha família de
uma ameaça, mas os outros em minha família sofreriam. Através da sociedade,
a fofoca que eles amam tanto, e a crueldade que pode ser muito prevalente, os
faria sofrer.
Stefan balançou a cabeça. ―Nunca entendi por que alguém iria lutar
tanto para continuar a ser parte de algo que parece repleto de mentirosos e
traidores e ainda pior.
―Para casamentos, informações, alianças que podem engordar os
bolsos. Muitas coisas lá são úteis se alguém deseja tomar o tempo e esforço de
percorrer o escárnio para encontrá-lo. Meu primeiro investimento, o que
ajudou Ashton a sair de sua dívida, foi algo que começou ao conhecer um
homem em um evento da sociedade.
―Ah, tem isso, eu suponho.
―Sim― Brant sorriu, ―muitos de nós não têm tantos parentes que
podem preencher um grande salão de baile ao apenas convidar a família mais
próxima e primos de primeiro grau. ―Quando os meninos riram, Brant
limpou a boca com um guardanapo e, em seguida, levantou-se. ―Eu
negligenciei ao não descobrir exatamente quando Olympia tem a intenção de
sair para os Postons.
Ele escapou da sala do café da manhã antes que qualquer jovem
pudesse questionar a sua desculpa. Eles não eram estúpidos, no entanto. Brant
tinha quase certeza de que todos em Warren estavam cientes de que ele e
Olympia tinham se tornado amantes. Ele tinha se perdido em seus braços na
última semana. Seu corpo doía por ela. Seu caso ainda era novo, mas ele
estava certo de que nunca tinha ansiado por uma mulher como ele o fazia por
Olympia. Desde que ela estava preparando-se para uma tarde de chá, ele sabia
que ela não estaria dando a ele o que ele sofria por ter agora, mas isso não
diminuiu o seu passo em tudo. Ele só queria abraçá-la, beijá-la, e se ela estava
curada o suficiente para ir a um evento da sociedade, estava curada o
suficiente para isso também.
Brant quase engasgou com sua língua quando entrou em seu quarto de
dormir. Olympia estava de pé lá com nada mais do que uma grande toalha, e
colocando com precaução um pouco de óleo perfumado em uma grande
banheira, o perfume rapidamente flutuando pelo quarto, juntamente com os
tufos de vapor saindo da água. Seu rico cabelo preto estava preso em uma
forma desordenada, longos, ondulados pendendo para baixo sobre os ombros
dela. Poderia ser impossível de parar em apenas um beijo. Quando ela de
repente virou-se para olhar para ele com surpresa, sua necessidade por dela
tornou-se doloroso aquando seus seios fartos subiram acima da toalha com a
qual ela se enrolou, e neles havia um brilho de cor feito pelo vapor.
―Eu vim perguntar quando você desejaria sair―, disse ele enquanto se
aproximava e levemente passava os nós dos dedos sobre sua bochecha. ―E
você estava certa, você está curada o suficiente para fazer o que quiser.
A fome que ela podia ler em seus olhos a fez derreter. ―Eu temo que
se fosse fazer tudo o que quisesse essa maravilhosa água iria esfriar antes que
eu pudesse entrar nela.
Quando suas palavras o atingiram foi como um soco no estômago, ele
sorriu. ―Uma moça corajosa. Se eu não temesse que tivéssemos alguma visita
não desejada em meio a isso, gostaria de lhe mostrar o quanto pode ser
divertido compartilhar um banho.― Ele deu um beijo em seus lábios. ―E
você pode querer pegar esse gatinho antes que ele caia―.
Olympia piscou e levou um momento antes de pegar o significado do que ele
tinha dito. Ela engoli em seco e pegou seu gato, que estava se equilibrando
precariamente na borda da banheira. Como parecia ser seu hábito, ele
imediatamente se enrolou contra sua garganta e começou a ronronar.
―Eu não acredito que já vi um gato ser tão afetuoso, mas até então a maioria
que conheci são gatos que ficam em celeiros e que são quase selvagem.
―Oh, os gatos podem ser carinhosos. É apenas que muitos deles
decidem quando desejam ser e são cuidadosos em sua programação. Mas,
―ela disse, esfregando o queixo contra a cabeça do gato,― se você pegá-los
desde pequenos como este aqui, eles podem se transformar em animais muito
afetuosos, assim como a mãe dos filhotes de certa forma. ― Ela apontou para
o gato grande e malhado dormindo em um cobertor no canto. ―Este pequeno
pode considerar o gato dos jardins sua mãe, mas ele ainda vem a mim mais do
que ao gato malhado.
―Talvez ele tenha sentido o suficiente para entender que você salvou a
sua vida.― Ele estendeu a mão para arranhar a cabeça do gato e, embora o
animal o permitiu, ele o observou com atenção e resmungou baixinho.
―Hmmm. Ciúme. ―Ele olhou para o gato malhado, que estava observando
de perto também. ―A mãe pode não ter sido sua primeira escolha, mas ela
ainda cuida de sua carga.
―Venha, Isca. Sente-se com Jantar. ―Olympia colocou o gatinho sobre
o cobertor com o a mãe gato e viu como ele foi submetido a um banho.
―Obtendo o cheiro dela―, disse Brant enquanto se aproximava por
trás e beijava a curva de seu ombro. ―A que horas pretende sair?
―Três. Emily gosta de que eu chegue um pouco mais cedo para que
possamos conversar e, acredito, ela gosta que alguém olhe o que ela preparou
e aprove antes que os convidados cheguem.
Ele balançou a cabeça e se dirigiu para a porta, certo de que, se não
saísse em breve estaria empurrando-a para a cama, mas fez uma pausa, franziu
a testa e olhou para os gatos.
―Isca? Jantar?
―Bem, o gatinho foi uma isca, não foi? A atração para me puxar para o
beco. Quanto ao gato malhado, ela vive no jardim e agora aparece sempre na
porta da cozinha, quando o jantar está sendo colocado, fielmente, a cada noite
e na hora certa. Ela perdeu seus filhotes logo depois que eles nasceram.
Então, Enid sentiu que seria capaz de cuidar desse aqui. ― Ele riu. ―Tão bom
quanto qualquer outro nome. Eu estarei aqui com uma carruagem às três.
―Olympia suspirou quando ele foi embora. Ele ainda a queria. Ela desejou
que não tivesse programado para irem a lugar algum e que a casa não estivesse
cheia de meninos bem acordados que nem sempre se lembravam de bater
antes de entrar no quarto. Não conseguia pensar em nada que gostaria mais
no momento do que passar o resto do dia enrolada na cama com Brant.
―Você se tornou uma devassa―, ela murmurou, desenrolando a toalha
em volta dela, e entrando em seu banho. O dever chamava. A hora de brincar
teria de esperar até mais tarde.
Brant observou quando Olympia desceu as escadas. Ele se perguntou
se ela sabia que um pequeno gato dourado a seguia. Então, olhou-a da cabeça
aos pés e desejou que não tivesse de mandá-la sozinha no meio da sociedade
sem ele a seu lado e cerrou as mandíbulas. Vestida com um vestido azul, laço
branco no pescoço e nas extremidades das mangas, ela estava linda. O vestido
também mostrou a vantagem de todas aquelas curvas pelas quais sentia fome.
Ele percebeu que estava se sentindo muito possessivo com ela e tentou matar
o sentimento. Ela merecia algo melhor do que um homem que não conseguia
proteger ninguém perto dele.
―Você sabe que tem uma sombra?― Ele perguntou quando ela chegou
ao fundo das escadas, e ele apontou para a bainha de sua saia. Olympia olhou
para baixo e suspirou. ―Isca. Gatinho mau. ―Ela pegou o gatinho e avistou
Pawl descansando no fundo do salão da frente lendo um livro e chamou-o,
―Pawl, você pode colocar este pequeno demônio de volta em meu quarto?
―Ela ouviu um uivo descendo das escadas. ―Melhor ser rápido sobre isso ou
Jantar tentará abrir caminho pela porta através de suas garras. Gatas mães
ficam muito chateadas quando elas não podem encontrar seus pequenos. ―
Assim que o gatinho se foi, Brant ajudou-a com seu casaco e a escoltou até a
carruagem.
Ela tinha janelas com cortinas que eram necessárias para mantê-lo
escondido enquanto a levava até a casa dos Poston, algo que o irritou. Ele
deveria ter prestado mais atenção ao que sua mãe estava fazendo, mas teve
que admitir que nunca havia lhe ocorrido que sua mãe iria encontrar qualquer
razão para fazê-lo um pária entre a sociedade.
A viagem foi agradável o suficiente, mas sempre lembrando a Brant o
quanto ele a queria. O cheiro dela, os cachos negros contra os ombros, e até
mesmo a maneira como ocasionalmente mordia o lábio inferior enquanto
pensava sobre a visita que tinha pela frente o deixava ansioso para empurrar
suas saias e possuí-la ali mesmo na carruagem. Hoje à noite, ele prometeu a si
mesmo.
―Quando a devo recolher?― Ele perguntou quando a carruagem parou
em frente da casa dos Postons. Enquanto ela se inclinava para a frente se
preparando para sair da carruagem, Olympia estava prestes a responder
quando houve uma batida suave na janela. Ela ficou ainda mais assustada
quando Brant empurrou seu corpo para a frente, escondendo-a atrás dele
enquanto olhava para fora da janela. Por cima do ombro, viu o marquês e se
perguntou por que Brant não relaxou com a visão de um homem que
conhecia muito bem agora.
―Milady?― Disse o marquês, ou Stone, como ele preferia ser chamado.
―Eu pensei que a houvesse reconhecido.
―Brant,― ela sussurrou e cutucou, suas costelas. ―Eu acho que é
maravilhoso que ele esteja aqui e pode me servir como um acompanhante, se
necessário, alguém que posso usar como escudo se eu encontrar razão para
isso. ― Brant suspirou e afastou-se da janela, sabendo que estava se arriscando
a ser visto. Ele sabia que ela estava certa, como sabia que não tinha nenhuma
razão para ter ciúmes do marquês. O homem estava ansioso para fazer alguém
pagar pelo que havia acontecido com seu filho. Ainda melhor, ele havia
totalmente compreendido por que tudo tinha de ser feito com cuidado. No
entanto, era jovem, bonito e de um posto elevado. Sem dúvida, tão rico
quanto ele pensou um pouco amargo.
―Estou disposto a levá-la para casa, Brant,― o marquês disse enquanto
ajudava Olympia a sair da carruagem. A palavra não estava na ponta da língua,
mas ele a mordeu. Isso seria conveniente e diminuiria o risco de que alguém o
o conhecesse com Olympia. Também lhe daria um adicional de protegê-la das
fofocas se a vissem de amizade com ele. ―Isso seria conveniente. Obrigado,
Stone. ― Quando a carruagem se afastou Brant decidiu que usaria seu tempo
para se preparar para uma noite romântica com Olympia. Seu tempo como
amantes não só tinha sido curto, mas um pouco áspero, sua fome um pelo
outro muito nova e quente para permitir tanto sedução quanto romance. Ele
sorriu, seu bom humor revivido pela ideia e começou a fazer planos.

―É muito gentil de sua parte se oferecer para me acompanhar até em


casa, Stone,― Olympia disse quando o mordomo recolheu seus casacos.
―Eu temo que Fieldgate não ficou tão satisfeito com a oferta.― Ele riu
e balançou a cabeça ao ver sua expressão de confusão. ―Ele aceitou, mas eu
pude ver que ele não queria entregá-la aos meus cuidados.― O pensamento de
que Brant pudesse realmente estar com ciúmes de Stone era inebriante.
Olympia queria considerá-lo um pouco mais, mas sua amiga correu até ela e
um momento depois, apenas o tempo suficiente para acomodar Stone na
biblioteca com uma bebida, Emily a teve olhando para todos os arranjos que
havia feito e falando de tudo o que havia acontecido em sua vida nos meses
desde que elas não tinham se visto.
Emily tinha uma vida feliz e plena e Olympia internamente sentiu uma
pontada fugaz de inveja e ciúme. O marido de sua amiga era um bom homem,
fiel, gentil e apaixonado por sua esposa. Eles já tinham duas crianças bonitas e
saudáveis, um menino e uma menina. Era tudo o que Olympia pensou que
queria no futuro. Apesar da desafortunada experiência que sua família tinha
com maridos e esposas, ela nunca tinha deixado de sonhar, não até a noite em
que Maynard havia destruído sua inocência.
―Então, o marquês está cortejando você?― Perguntou Emily e então
ela corou com o olhar assustado no rosto de Olympia. ―Eu percebo que ele
está apesar de recém-enviuvado, mas a partir dos sussurros que tenho ouvido
era um casamento malfadado, desigual se preferir, e a esposa era, bem, doente.
― Desde que Stone tinha dado permissão para falar abertamente de tudo isso
se fosse perguntado diretamente, Olympia disse-lhe uma versão mais discreta
do acontecido. Henry tinha sido levado para fora da cidade, e não vendido, e
Polly o tinha cometido suicídio, mas não da maneira horrível que ela tinha. Ela
fez com que ela também tivesse deixado uma pitada de discórdia conjugal na
história.
―Tão triste. Ele é um homem muito bom. Ele nunca agiu como se
estivesse muito acima de nós para se preocupar com a gente como muitos de
sua posição e eu sei que ele ama o seu menino. Eu acreditava que ele amava
sua esposa, mas se ela tivesse estado doente por um longo tempo. . .
―Ela estava. E, ele a amava, Em. Amava a cada dia e noite durante o
tempo que o casal manteve-se junto. Ele é um bom homem, e havia ainda um
pouco de amor lá, mas não havia nenhuma possibilidade de consertar o que
afligia o casamento porque ela estava doente em sua mente e raramente existe
uma cura para isso. O que ela fez para Henry matou os últimos vestígios desse
amor
―Eu posso ver como isso faria. Bem, vá se juntar ao marquês porque
meus lacaios me deram sinal de que os convidados estão chegando. ―Ela
piscou para Olympia. ―Eu acho que o marquês irá apreciar um pouco de
proteção.
Olympia foi sentar-se com Stone e quase riu do suspiro de alívio que
ele deu. Ele pode não estar de luto, mas não estava pronto para estar à
procura de outra mulher. Ela esperava que ele não desistisse do pensamento
de se casar, porque ela tinha a sensação de que Stone era um daqueles homens
que gostavam de se casar. Sutilmente acariciando sua mão e sorrindo quando
ele riu, ela voltou sua atenção para os convidados que chegavam.
Não demorou muito para Olympia sentir que apenas alguns visitantes
estavam bem com ela. Eles não a esnobavam abertamente porque ela era
amiga da anfitriã e do marquês. Por um momento ela se perguntou se temiam
que ela já houvesse tomado o excelente prêmio de casamento para fora do
mercado, mas logo percebeu que era algo mais. Lady Mallam tinha virado seus
talentos caluniosos contra ela.
―Eu não vou aguentar isso―, disse Stone em uma voz fria que
cruamente a lembrou de que este homem estava a um passo de ser um duque.
―Será que eles pensam que eu não posso ver o que eles estão fazendo?
―Não preocupe sua mente com isso, Stone. Ela ainda está tentando me
separar de seu filho, para roubar o que parece ser sua única aliada. Isso não vai
funcionar por muito tempo se eu não for vista com Brant. ―Ela suspirou
quando Emily preocupada correu para o lado dela.
―O que está errado?― Emily sussurrou e deslizou o braço em volta da
cintura de Olympia. ―Quem tem dito coisas sobre você para que estas vacas
tolas agissem como se pudessem pegar alguma doença terrível se ficarem
perto de você?
―Não é nada, minha amiga.― Ela beijou o rosto de Emily. ―Alguém
quer me mandar correndo para casar eu me recuso a fazer isso. Vou dizer-lhe
o porquê de tudo isso quando eu puder.
―Eu sei quem espalha tais contos. É a desagradável Lady Mallam. Ela
deseja que você seja impedida de entrar nas melhores casas e isso significa que
é algo que poderia ser uma desvantagem para ela. Tudo o que ela faz é para
melhorar a si mesma ou engordar sua bolsa. Eu nunca entendi por que alguém
sequer ouve o que ela fala. Meu querido me disse que ela destruiu vários bons
homens e, em seguida, deslizou exatamente para os investimentos ou negócio
que eles tinham antes de ela começar sua campanha de ódio contra eles ―.
Vendo uma fonte maravilhosa de algumas das melhores fofocas, Olympia
pressionou sua amiga para mais. Enquanto a tarde avançava, Emily dividiu seu
tempo entre agradar os seus convidados e encher os ouvidos de Olympia com
todos os tipos de informação fascinante. No momento em que Stone a
colocou em sua carruagem e eles começaram seu caminho para Warren ela
estava ansiosa para começar tudo em escrito. Havia algum padrão ali que ela
ainda não estava vendo mas que tinha certeza de que poria Lady Mallam de
joelhos.
―Um dia frutuoso, suponho―, disse Stone.
―Eu acho que sim, mas preciso estudá-lo mais um pouco antes que
possa ter certeza. Como está Henry?
―Ele dorme comigo todas as noites. Eu vou permitir isso por agora
porque ele acorda apavorado se não estou por perto, mas terá de parar
eventualmente. Ele não sente falta de sua mãe em nada. Eu percebi que ele
ama sua babá, Moira. Minha esposa deve ter deixado de cuidar de nosso filho
muito mais cedo do que eu tinha pensado.
―Isso vai passar, Stone. Ele é pouco mais que um bebê e estava
apavorado. Ele também ficou profundamente magoado. Eu estou feliz que ele
tenha a sua Moira embora esteja triste que tenha se virado para outra pessoa
em busca do carinho que precisava. Estar com ela novamente vai amolecer
alguns dos machucados que sofreu.
―Eu espero que você esteja certa. Henry gostaria de vir visitá-la. Ele
diz que sente falta dos bolinhos de Enid e de brincar com os meninos.
―Ele é bem-vindo sempre que quiser vir. Ah, aqui estamos nós.
―Tome cuidado, Olympia,― ele disse enquanto a ajudava a sair da
carruagem. ―Uma mulher como Lady Letitia Mallam é um inimigo perigoso
de se ter. Parece que ela pode vê-la como uma ameaça. Essa tentativa de
denegrir seu nome é apenas uma parte bem menor em sua guerra contra você
―. Olympia assentiu com a cabeça e dirigiu-se até sua casa. Tinha machucado
um pouco ser esnobada com base nas palavras de uma mulher fria, mas ela
achou mais fácil empurrar a mágoa de lado. Seus amigos tinham se mantido
firmes ao seu lado. O único problema real que ela tinha sobre o que Lady
Mallam estava fazendo era que agora teria que relatar esse comportamento a
Brant. Ela esperava que ele não se sentisse ferido ou envergonhado pelo que
sua mãe fez.
Capítulo 13

O aroma de velas perfumadas caras atingiu Olympia primeiro quando


ela entrou em seu quarto de dormir. Fechou a porta atrás dela e olhou ao
redor, mas não viu ninguém. Retirando suas luvas e arremessando-as sobre a
mesa, se moveu em direção as velas alinhadas na lareira. Elas eram adoráveis e
cheiro era agradável. Ela estava prestes a ir descobrir quem as tinha colocado
lá quando Brant entrou no quarto seguido por Pawl carregando uma bandeja
que estava tão carregada com alimentos e bebidas, que ficou surpresa que ele
pudesse carregá-la. Foi então que percebeu que alguém tinha colocado uma
pequena mesa e duas cadeiras ao lado da lareira. Ela não disse nada enquanto
os dois colocavam a comida na mesa e um sorridente Pawl escapulia. Não
tinha comido muitas das iguarias delicadas de Emily e o cheiro de frango
assado teve seu estômago roncando. Brant estendeu a cadeira para ela e ela
sorriu para ele enquanto tomava seu assento.
―É um pouco cedo para tal refeição―, ela disse, e então franziu a testa
e olhou em volta. ―Onde está Jantar e Isca?
―Com Enid e Pawl. Eu o paguei bem pelo favor, também ―, disse
Brant enquanto se sentava em frente a ela. ―Eu pensei que essa refeição
provocaria uma tentação maior do que eles poderiam resistir.
―Confesso que estou faminta. Emily tem sempre delícias maravilhosas
em seus chás mas raramente obtenho uma oportunidade de comer muitas
delas. Muitas são um pouco doces demais para o meu gosto de qualquer
maneira.
―E como Stone se comportou?― Ele perguntou enquanto cortava um
pouco de carne e colocava no prato dela.
―Ele me usou como escudo. Uns poucos já ouviram falar que está
viúvo e não parecem excessivamente ofendidos por sua falta de luto. Mas
então, ele é jovem, rico, e na linha para um ducado. Minha permanência ao
seu lado não detém todos mas ajuda. Ele perguntou se Henry poderia vir para
visitar porque o menino quer um dos bolinhos de Enid e quer ver os meninos
que ficaram aqui.
―Será que ele está sofrendo pelo que passou?― Ele ouviu quando ela
repetiu o que havia dito Stone sobre seu filho e uma pequena parte do ciúme
dele diminuiu ao ouvir o tom de voz com que ela falava do homem. Stone era
um amigo para ela, não mais. Brant sabia que era egoísmo de sua parte e que
não poderia mantê-la só para ele, mas não queria vê-la com outro homem.
―Eu descobri outra coisa,― ela começou timidamente, relutante em
estragar o tempo agradável que gastavam juntos.
―Eu não vou gostar disso, vou?
―Como você pode saber?
―Algo na maneira que você está olhando para mim. O que minha mãe
fez agora?
―Eu temo que ela decidiu que já que não pode me atacar fisicamente
irá fazê-lo arruinando-me aos olhos da sociedade. Ao me ligar a você.
―Por que alguém iria prestar atenção a ela? Ninguém nos viu juntos.
―Brant percebeu que estava segurando sua faca com tanta força que
machucava sua palma da mão e forçou-se a controlar sua raiva.
―Isso não parece incomodar ninguém. Emily fez um show ao me
favorecer e espero que não tenha lhe custado muito. E, claro, eu tinha um
marquês ao meu lado. E ainda era pouco mais que um sussurro e uma
sugestão de afronta de poucas pessoas.
―Por que alguém a ouviria? Alguns já estão vendo que o que ela disse
sobre mim poderia ser tudo mentira e ainda assim eles agora acatam o que ela
diz sobre você?
―Fofoca, especialmente do pior tipo que pode arruinar completamente
as pessoas, é o sangue da vida da aristocracia. Stone deixou sua desaprovação
muito clara, embora ele raramente tenha dito uma palavra contra alguém que
estava tentando sussurrar algo em seus ouvidos. Ele fez uma grande diferença.
A sensação de ser quase desprezada começou a desaparecer rapidamente. Eu
acho que ela pode falhar em seu truque desta vez.
―Talvez se eu a banir para sua casa no campo.
―Ela iria em breve começar seus jogos lá e então você teria que estar
constantemente de olho nela. Eu não acho que você deseje fazer isso.
Consegui obter algumas informações, porém, da própria Emily. ―Ela disse a
ele tudo o que tinha descoberto sobre alguns homens que haviam perdido
seus negócios, investimentos, ou até mesmo em dois casos, suas heranças.
―Estas podem ser as pessoas com alguma credibilidade que
poderíamos usar para trazê-la à justiça.
―Sabe, se ela tinha colocado todo esse empenho em investimentos e
negócios honestos ela poderia ter-se tornado muito rica sem ferir ninguém ou
violar a lei.
―Eu descobri ao longo dos anos que muitos vêem essas coisas,
investimentos e negócios, como uma marca pior do que qualquer
empreendimento criminoso em que pudesse se pego.
―Eu sinto muito que você tenha sido ferida neste mais recente truque
dela.
―Oh, não foi tão ruim. Eu senti uma pontada no começo, mas o modo
como Stone e Emily mostraram a sua aprovação para comigo de formas que
começaram a se tornar um pouco embaraçosas ―, ela sorriu quando ele riu,―
mas ao mesmo tempo tocante. E também funcionou. A maioria dos que
espalhavam os contos rapidamente fechou a boca e recusou-se a ouvir a
qualquer um que os repetisse. Tudo vai ficar bem. Foi apenas uma surpresa.
Mas, eu realmente devo fazer anotações de tudo o que ouvi sobre esses
negócios e tudo.
―Mais tarde. Coma, mulher. ―Ele piscou para ela. ―Você vai precisar
de força.
Ela corou e voltou sua atenção para a refeição. Seu coração começou a
retumbar quando entendeu o que Brant estava fazendo. Ele a estava
seduzindo. Ela estava mais do que pronta para ser seduzida. Olhando para as
velas, percebeu que ele também estava tentando ser um pouco romântico. No
momento em que terminaram a refeição e sentaram-se no tapete em frente a
lareira para beber vinho, Olympia percebeu que provavelmente não estava
inclinada para seduções, longas e lentas. Todo o seu corpo estava doendo para
se livrar das roupas que de repente pareciam demais e para livrar Brant das
suas. Ela queria estar pele a pele com ele.
―Relaxe, Olympia―, disse ele quando se inclinou para mais perto e
beijou o lado de seu pescoço. ―Você está certa agora que nós nos separamos
por um tempo?― Ele se sentiu compelido a perguntar, mas rezou para que ela
dissesse que não.
―Eu só estava pensando que não sou o tipo de mulher que gosta do
que eu acredito que seja uma sedução lenta. Ou ― ela virou o rosto para o
dele e roçou os lábios nos dele― que faz muito tempo desde que senti sua
pele sob minhas mãos. ― Ele estremeceu. ―Mulher miserável. Eu queria ir
devagar. Para mostrar como se pode construir esse delicioso calor lentamente,
saboreá-lo, deleitar-se com ele.
―Oh. Isso soa lindo, mas talvez seja tudo muito novo para mim. ― Ele
começou a desatar seu vestido. ―Isso é novo para mim também.― Ele
percebeu como seus olhos se estreitaram em suspeita. ―Não é um elogio
vazio, eu juro Olympia. Isso é tudo. Estou envergonhado de admitir que em
muitas vezes eu estava tão bêbado que nem me lembro do que aconteceu.
Você? Eu sofro. Eu quero. Eu lembro-me de cada toque, cada beijo, e quero
mais. ―Ela pensou sobre isso enquanto desabotoava seu colete. Fazia sentido,
embora odiasse pensar nele com aquelas outras mulheres. Elas não eram mais
do que um tipo diferente de bebida para ele. Ele perdeu-se nos prazeres da
carne, mas não tinha interesse em quem lhe desse esse prazer. Uma coisa que
ela tinha certeza era de que ele gostava de sua companhia. Parecia uma coisa
estranha se sentir tão feliz, quando ele havia oferecido a ela não mais do que
as delícias de fazer amor, mas isso a fazia feliz. Ela abriu sua camisa e beijou
seu peito, apreciando o tremor leve que passou por ele.
―Olympia―, ele sussurrou e tentou remover seu vestido com alguma
habilidade, embora suas mãos não estivessem tão firmes como deveriam. ―Eu
começo a pensar que você pode estar certa.
―Ah, que bom.― Ela tirou o colete e jogou para o lado. ―Eu realmente
gosto de estar certa. Gosto ainda mais do fato de que você realmente diz que
eu estou. Os homens da minha família sempre estão relutantes em dizer tais
coisas.― Ela tirou sua camisa e jogou-a depois de seu colete. O toque da sua
boca contra sua pele fez o seu sangue correr mais quente, Brant não
conseguiu pensar com clareza por um momento. Ele jogou seu vestido para
um lado e olhou para o seu laçado em um estilo rendilhado, algo considerado
escandalosamente escandaloso pela maioria da sociedade adequada. Havia um
lado impertinente em sua Olympia e ele decidiu que gostava muito desse fato,
pouco antes de começar a remover a última de suas roupas. Ele estava um
pouco surpreso com o quão habilmente e rapidamente ela tirou as dele, as
botas a única coisa que lhes obrigava a fazer uma pausa em despir um ao
outro.
―Eu deveria removê-las no momento em que ficasse sozinho com
você―, ele murmurou enquanto as jogava de lado e, em seguida, sentava-se
enquanto ela removia o resto de suas roupas.
―Não levaria muito tempo para minha família adivinhar por que você
está sempre descalço em torno de mim.
―Eu sei. Mesmo os meninos são um pouco inteligentes demais.
―Beije-me―, ela sussurrou enquanto colocava os braços ao redor de
seu pescoço e pressionava seu corpo contra o dele, saboreando a sensação de
sua pele quente contra a dela. Ele fez enquanto a empurrava para baixo sobre
o tapete macio. O calor suave de sua carne foi suficiente para tirar seu
controle. Ele queria estar enterrado profundamente dentro dela agora, mas
cerrou os dentes e lutou para recuperar o controle sobre seu desejo. Olympia
tinha uma verdadeira habilidade para fazê-lo perder toda a experiência na arte
de fazer amor. Ele cresceu selvagem com a necessidade e suspeitava que fosse
em parte porque ela também o fazia. Olympia era uma mulher muito
apaixonada.
Olympia cantarolava com prazer enquanto ele beijava e acariciava seus
seios. Ela teve o pensamento fugaz de que era uma coisa boa que nunca
tivesse tido qualquer ideia do quanto de prazer poderia ser encontrado nos
braços de um homem ou ela teria se tornado notória em sua ganância. Em
seguida, aceitou que era algo que apenas Brant poderia fazê-la sentir. Ela sabia
que deveria pensar sobre isso por um momento, mas depois ele tomou a
ponta dura de seu seio em sua boca e esqueceu tudo menos do desejo que
estava correndo através de seu corpo, terminando em uma dor de necessidade
entre suas coxas.
Ele começou a beijar o caminho para baixo em seu corpo e ela se
moveu ligeiramente abaixo de seus beijos e carícias. Cada toque de sua boca
contra sua pele era como o brilho de uma chama, aquecendo-a, adicionando
mais a sua paixão. Quando ele acariciou-lhe entre as coxas com os dedos
longos ela se abriu ao seu toque. Era como se ele estivesse acariciando-a da
maneira certa que ela precisava para manter seu desejo quente corrente.
Não foi até que ele tocou a boca no lugar onde seus dedos estavam
tocando que seu desejo foi abalado um pouco. A intimidade era tão profunda
que ficou chocada e também intrigada. Então ele enfiou a língua dentro dela e
ela perdeu toda a capacidade de pensar. Uma pequena parte de sua mente
nublada de paixão ficou perturbada por tal intimidade, mas essa hesitação
desapareceu rapidamente quando ele beijou e acariciou-a tão intimamente.
Quando o nó em seu ventre cresceu em uma dor que era ao mesmo tempo
prazer ela tentou puxá-lo em seus braços para que pudesse juntar seus corpos,
mas ele resistiu. Então ela explodiu, gritando seu nome quando sua liberação
rasgou por ela. Ela o agarrou e segurou com força quando ele empurrou-se
dentro dela e se uniu a onda de prazer com ela, chamando seu nome enquanto
ele estremecia e a segurava firmemente contra seu corpo.
Brant não podia se mover, mas conseguiu de alguma forma mover seu
corpo saciado para o lado para que não estivesse descansando todo seu peso
em cima dela. Olympia era puro fogo em seus braços. Ele não achava que
alguma vez tivesse ido para a cama com uma mulher que gostava tanto de
fazer amor ou estava tão pronta para retribuir cada beijo e cada toque.
Mulheres que eram pagas para isso muitas vezes tinham treinamento, mas o
treinamento realmente contaminava seu toque porque se podia sentir a arte
praticada nele, mesmo quando sua paixão se agitava. Olympia não tinham
mais do que uma habilidade natural e uma fome que se igualava a sua.
―Devemos ir para a cama,― Olympia disse quando finalmente foi capaz de
encontrar sua voz. ―O carpete é bom, mas se percebe o quão duro o piso é
depois de algum tempo.
―Eu me sinto confortável―, ele disse e sorriu quando ela deu um tapa
no traseiro. Ele se levantou, pegou-a em seus braços, e ignorou seus protestos
enquanto a levava para a cama. Seu cabelo lindamente feito não estava tão
arrumado agora e ele amava o jeito como estava. Atirando-a na cama,
rapidamente se juntou a ela e puxou o cobertor sobre eles. No momento em
que se acomodou em suas costas, Olympia se enrolou em seus braços. ―Eu
não tinha percebido que quando se faz amor se poderia beijar uma pessoa em
todos os lugares―, ela murmurou contra seu peito. ―Quando se faz amor há
muitas coisas que podemos fazer, mas apenas se desejar fazê-lo.
―Tal como ter duas mulheres ao mesmo tempo,― ela falou e quase riu
de seu corado embaraço que foi o suficiente para acalmar a raiva que a
memória trouxe com isso.
―Muitos homens pensam que é a melhor coisa que pode acontecer a
eles. Eu prefiro continuar não recordando disso.
―Você não se lembra de nada disso?
―Nem um único beijo mas também pode não ter tido nenhum beijo.
Eu não vou dizer que não há esposas infiéis andando por aí que me conhecem
muito bem, ou algumas viúvas, mas em sua maioria são as que um homem
paga e possuem algumas habilidades. E depois, isso é o que é. Uma sessão
com alguém a quem foi ensinado algumas habilidades. ―Ele fez uma careta.
―Não é algo que eu deveria estar discutindo com você.
―Não se esqueça do que este lugar era, Brant. O Wherlocke Warren.
Cheio até o teto com os bastardos da minha família. Enquanto vou admitir
alguma ignorância sobre os métodos e posições e tudo mais, nunca fui
ignorante do ato ou do falar do desejo ou prazer ou de todo o resto.
―Os homens de sua família deviam, talvez, tomar um pouco mais de
cuidado na forma como falam ante as mulheres da família.
―Por quê? Não se espera que todas as mulheres se tornem esposas?
Para se deitar com o marido todas as noites?
―E você acha que saber sobre essas coisas enquanto ainda é inocente é
uma boa ideia?
―Eu acho que muita ignorância é uma má ideia. Seja honesto comigo,
Brant. Você ficou desapontado que eu não fosse virgem?
―Tão bom quanto―, ele murmurou e pensou por um momento.
―Não. Eu não estava. Ir para a cama com uma virgem é algo que nunca fiz,
mas ouvi muitas conversas sobre isso, não soa como sendo tão agradável. Eu
até tive um amigo cuja esposa desmaiou ao vê-lo nu em sua noite de
casamento. Acontece que ela achava que ele tinha alguma estranha mutação.
―Ele sorriu quando ela começou a rir. ―Sim, todos nós rimos, também, mas
pensando bem, não é tão engraçado quando você é o homem que está lá com
a sua nova noiva, uma mulher que ele amava muito, como ele disse, em uma
pilha flácida aos seus pés. Por isso, talvez algum conhecimento seria bom, mas
eu suspeito que poucas vão conseguir. Iria preocupar aos pais que sua virginal
menininha pudesse tentar descobrir por si mesma se tudo o que lhe disseram
era verdade.
―Tolice―. Ela arrastou seus dedos para cima e para baixo de sua
barriga. ―Então, beijar em qualquer lugar é aceitável? Como montá-lo é
aceitável?
―Sim. Se ambos apreciarmos, é aceitável. ― Ele engasgou quando de
repente ela mergulhou debaixo da colcha. Brant então ficou tenso quando
sentiu o calor de seus lábios e língua em seu estômago. Embora tivesse
esperança de que ela pretendesse fazer o que ele esperava que ela fizesse,
prometeu a si mesmo que não iria pressioná-la a fazê-lo. Então ela passou a
língua até o comprimento do seu eixo já bastante duro e fechou os olhos,
perdendo-se no prazer disso.

―Olympia!― Ela golpeou a mão trêmula de seu ombro. ―Vá embora.


―Acorda. Algo aconteceu em Myrtledowns.― Olympia acordou e
sentou-se. Ela ainda estava grogue, mas o crescente medo empurrou de lado a
sonolência e invadiu seu coração. Esfregando rápido o sono dos seus olhos,
ela olhou para um meio vestido Brant em pé ao lado da cama. ―O que quer
dizer alguma coisa aconteceu no Myrtledowns?
―Alguém tentou levar o seu filho―, ele respondeu e rapidamente
agarrou-a pelo braço, quando ela ficou pálida, tinha certeza que ela estava
prestes a desmaiar.
―Quem trouxe a mensagem?
―Um de seu ajudantes de estábulo. Hugh Pugh, eu acredito que ele
disse.
Ela pulou da cama e começou a se vestir. ―Esse é o seu nome. Preciso
falar com ele e, em seguida, me preparar para voltar a Myrtledowns.
―Eu vou te levar. Posso ter o transporte aqui em um tempo muito
curto. ―Olympia o assistiu se jogar dentro de sua camisa e correr para a porta.
Tanto esforço para fazer o seu caso de amor ser um segredo, ela pensou, e
depois deu de ombros. De todos os problemas de sua família o menos
importante era ela tomar um homem como amante. Colocou seus chinelos e
correu para fora. Hugh estava na base das escadas parecendo cansado e
encharcado de suor. Olympia quase saltou para baixo o resto da escada e
agarrou-o pelo braço.
―Ilar?
―Ele está muito bem, minha senhora. Muito bem. O magistrado tem
um dos homens que tentou levar o menino preso. Pode que tenha algo que ele
possa dizer.
―Como eles conseguiram chegar até ele?
―Vieram como os homens que entregavam carvão. A velha Moll não
estava prestando atenção porque ela estava fazendo pão para a pobre
paróquia, você sabe e assim eles deslizar direto para dentro da casa.
Nocauteando a pobre Moll e, em seguida, entrando na casa. O menino estava
dormindo na biblioteca. Disse que o livro que estava tentando ler o tinha
colocado direto para dormir. ―Hugh sorriu brevemente. ―Então ele acordou
para encontrar dois homens tentando o amordaçar. Ele conseguiu se soltar e,
em seguida, começou a diversão.
―Oh, céus, ele usou seu dom―, ela resmungou e passou a mão em seus
cabelos. ―Essa notícia poderia se espalhar rápido.
―Quem acreditará em um par de idiotas que não conseguiram nem
raptar um rapaz magro, hein? As pessoas vão apenas achar que os homens
estão tentando esconder o fato de que são pobres lutadores que não podiam
sequer segurar rápido o suficiente uma criança.
―Eu tenho a carruagem, Olympia―, disse Brant quando chegou ao seu
lado e ergueu um pequeno saco. ―Também embalei algumas coisas.
―Claro. Devo fazer o mesmo. ― Ela correu de volta para seu quarto,
olhou para os restos do belo jantar de Brant para dois, e suspirou. Era quase
madrugada e ela tinha esperado acordar em seus braços para mais um turno
sexual antes que ele tivesse de escorregar de volta para sua casa. Então, agora
que todo mundo sabia, sem dúvida de que tinha estado em sua cama, ele
poderia parar de escapar de sua cama, ela decidiu enquanto começou a jogar
algumas roupas em uma sacola. Uma vez que ela levou a sacola lá para baixo,
olhou para Hugh, Pawl em pé ao lado dele. ―Descanse, Hugh. Volte para
Myrtledowns depois de ter tido um bom descanso e uma boa refeição. Brant e
eu estaremos bem.
―Eu vou fazer isso, então, milady. E você não se preocupe, o menino
está bem. ― Mais fácil dizer do que fazer, ela pensou quando subiu na
carruagem seguida por Brant. Havia várias coisas para se preocupar. Quem iria
tentar roubar seu filho? Em todos os anos que tinham vivido em
Myrtledowns, lar ancestral do barão, ninguém os tinha incomodado, nem
mesmo a família de Maynard que havia se ressentido no início com a perda do
título e da terra. E eles não tinham o tipo de fortuna que levasse a uma
tentativa de sequestro. E eles nem sequer se envolviam com política. Isso
deixou apenas uma opção. Lady Mallam tinha tentado roubar seu filho. A
mulher estava tentando fazer com Ilar o que fizera com tantos outros, ou
queria usar o menino para fazer com que Olympia fizesse o que ela quisesse.
Se não fosse tão assustador seria engraçado. A mulher não tinha ideia do que
estava prestes a roubar ou do inferno que choveria em cima dela pelo que
havia tentado fazer. Respirando fundo, disse a Brant tudo o que Hugh havia
dito e ele franziu a testa. Em seguida, um olhar apertado veio ao seu rosto e
ela soube que ele tinha acabado de chegar à mesma conclusão que ela. Ela
moveu-se para sentar ao lado dele e, após um momento de silêncio tenso, ele
colocou um braço em volta dos ombros e abraçou-a. Ele podia ter pensado
que tinha entendido a verdade completa do que sua mãe era, mas, mesmo que
o fizesse, deveria doer ter de ouvir mais um pecado que ela havia cometido.
Ou tentou, Olympia meditou, e realmente sorriu. Letitia havia acabado de
cutucar o ninho de vespas errado. Agora sua família viria em massa e o que ela
ainda não tivesse encontrado, eles iriam descobrir por ela.
―Eu estou muito arrependido―, disse Brant e beijou o topo de sua
cabeça.
―Você não tem nada que se desculpar. Acredite em mim, Brant, nossa
família está repleta de más mães, e pais, e alguns outros, e quando um
Wherlocke é ruim, isso pode ficar bem feio. Nossas mães abandonam maridos
e filhos. Nossos pais também, mas não com tanta frequência. Não se pode
escolher os pais. Nem todos conseguimos alguém como Stone.
―Não, nem todos. Henry é uma criança muito sortuda. Stone não só
ama seu filho e não tem problemas em demonstrar, mas ele é um bom
homem, um homem estável que não se faz de tímido ao trabalhar, bebe
pouco, e, eu suspeito, era totalmente fiel à sua esposa louca.
―Eles são um tesouro. A maioria dos homens da minha família,
quando se casam, seguem os votos feitos. Eu acho que essa é uma das razões
para que as esposas se afastem, porque não podem entender o que somos,
pensando que todos nós somos filhos de Satanás ou alguma coisa idiota assim,
é um golpe duro. É também por isso que muitos dos homens da minha
família são bastante lentos para se casar.
―Quem pode culpá-los?
―Bem, nós instituímos algumas regras novas na família. A pessoa que
quer se casar com alguém que não possui dons deve contar sobre seu dom à
pessoa com quem quer se casar antes do casamento. Para pessoas que têm o
dom de Argus é difícil. Na maioria dos casos, a proposta, por vezes, até
mesmo a intenção de aceitar, pode ser introduzida na mente da pessoa. Não
completamente, claro, mas não é algo que eu possa entender muito bem, ou
porque está além do meu alcance ou porque os que têm o dom simplesmente
não conseguem explicar isso claramente. Mas todos nós concordamos, melhor
a ruptura do coração antes do casamento e os filhos.
―Isso realmente pode ser mais um fardo do que um dom, então.
―Sim, embora a aceitação fique mais fácil a cada geração, com a
distância do passado de caça às bruxas e temores de satanás em qualquer coisa
ou pessoa incomum. Sua mãe, no entanto, bem, eu poderia facilmente
acreditar que ela é filha de Satanás.
―Eu começo a pensar que ela está doente em sua mente.
―Mas não na forma usual. Nunca houve nada para que as pessoas
pensassem nela como estranha. Eu ainda acredito que ela nasceu com algo
faltando.
―Como uma consciência.
―Você está certa de que os homens dela não feriram o menino?
―Hugh não iria mentir sobre isso. Minha outra preocupação é como
Ilar conseguiu escapar de ser levado. Ele usou seu dom. Aposto que minha
biblioteca agora está uma bagunça. Eles até conseguiram capturar um de
modo que podemos finalmente ter algumas respostas, algum testemunho que
podemos usar contra ela.
―Isso seria uma coisa boa, mas eu acredito que não deva levantar
minhas esperanças. ― Olympia descansou a cabeça em seu ombro e tentou
controlar o medo que ainda estava se contorcendo dentro dela. Ela precisava
fazer planos para manter Ilar seguro até Letitia Mallam não ser mais um
perigo. Ela não podia fazer nada quando estava tão amarrada com medo por
seu filho.
A mãe de Brant tinha tido seis filhos e ainda assim ela não tinha um
único osso maternal em seu corpo. A mulher tratava as crianças, até mesmo as
suas próprias, como nada mais do que mercadorias. Vindo de uma família
que, apesar de suas longas histórias de pais desertando e temendo seus
próprios filhos, crianças amáveis, ela não entendia uma mulher assim, não
podia entendê-la. Ia ser difícil se defender contra uma mulher assim. Olympia
encontrou conforto no pensamento de que Lady Mallam não era uma mulher
que fazia seus próprios trabalhos.
―Ela teme você―, disse Brant enquanto descansava a cabeça para trás
contra o encosto da carruagem e fechou os olhos. ―É disso que se trata tudo
isso.
―Você acha que ela acredita no que é sussurrado sobre os Wherlockes
e seus primos os Vaughns? ― Perguntou Olympia, temendo que os dons de
seu filho fossem exatamente o que a mulher quisesse.
―Eu não pensei nisso. Ela não tem qualquer imaginação então por que
acreditaria em algo que até mesmo aqueles que possuem imaginação
questionam e temem?
―Verdade. Isso é um alívio. ―Se ela descobrir que o que é sussurrado
sobre nós é verdade― disse Olympia, estremecendo ligeiramente quando uma
onda de medo frio passou por ela, ―Eu não acho que nenhuma de nossas
crianças estaria a salvo. Sua mãe sabe como colocar e tirar as pessoas de seus
lugares, ou ela contrata aqueles que sabem.
―Bem, com exceção de um dos que entraram em sua biblioteca.―
Olympia sorriu. ―Verdade.
―Eu acho que nós deveríamos descansar. Não é uma longa viagem até
sua casa, mas vai nos dar um bom descanso para que possamos enfrentar o
problema em Myrtledowns com a cabeça limpa.
―Concordo―, disse ela e conteve o impulso de dizer a ele que estava
usando agora a palavra nós. Ela fechou os olhos, mas duvidava que o sono
viesse. Depois de ouvir que alguém tinha tentado levar seu filho, Olympia
suspeitava de que haveria um monte de noites pela frente onde ela iria
encontrar dificuldade em dormir. Nunca tinha havido uma ameaça contra ele
antes e ela não tinha conhecimento de como poderia arranjar as coisas para
que ele nunca mais precisasse temer uma ameaça novamente.
Ilar também ia estar muito cheio de si, pensou, e descobriu que podia
sorrir sobre isso. Desde que o uso de seu dom o salvou, ela não seria capaz de
repreendê-lo por usá-lo na frente de estranhos. Ela também suspeitava que
sua tia estivesse estragando o menino agora. Mesmo Tessa poderia estar lá
fazendo a mesma coisa no momento em Olympia chegasse. Ela queria abraçar
o menino agora. Queria ouvir seu coração e vê-lo respirar. O pensamento de
que alguém tentou tomar sua criança, tentou machucá-lo de qualquer forma,
aterrorizou sua própria alma. Ele era seu tesouro. Ela sempre havia duvidado
de que teria outro filho. E agora, com o homem que amava roncando
suavemente ao seu lado, estava ainda mais certa de que seu futuro era estéril.
Por um momento Olympia apenas olhou para o casaco onde seu rosto estava
descansando. Os pensamentos continuaram a girar em sua mente até que
realmente percebeu o que acabara de admitir silenciosamente para si mesma.
Ela amava Brant.
―Oh inferno.
Capítulo 14

Brant olhou para a casa onde a carruagem parou em frente. Foi


construída em uma pedra cinza suave, elegante e maciça. Ele estava um pouco
surpreso de que não houvesse fosso porque havia torres em cada canto do
edifício quadrado. O que poderia ter sido uma casa medieval havia sido
suavizada com árvores e flores. Era convidativa apesar da austeridade à
primeira vista.
Olympia pulou para fora do carro e ele rapidamente recolheu sua bolsa.
Dizendo ao motorista para esperar por um momento e iria descobrir onde o
homem poderia descansar e obter um pouco de comida se preferisse, e depois
seguiu Olympia para dentro da casa.
O interior da casa revelou que um dos barões havia tido muito dinheiro
ou afundado toda a família em dívidas. O piso era de mármore preto e branco
polido que brilhava exceto onde os sapatos de Olympia haviam deixado uma
marca. As paredes eram todas de madeira, madeira escura, mas ele não era um
especialista para adivinhar o tipo de madeira. Apenas pareceu quente e rico,
caro. Todas as portas que podia ver eram de carvalho pesado com esculturas.
Quem quer que tivesse construído esta casa havia enterrado uma fortuna nela.
Um homem alto e magro se apressou em direção a eles a partir do fundo da
sala. ―Milady! Nós não esperávamos que você viesse tão rapidamente. Hugh
deve ter voado para Londres.
―Eu acredito que ele o fez, Jones Dois. Ele certamente parecia exausto.
Eu disse a ele para descansar antes de retornar. Além disso, o cavalo também
precisava de descanso. Hugh mima seus cavalos ―, disse a Brant com um
olhar por cima do ombro e, em seguida, virou-se de volta para seu mordomo.
―Este é o conde de Fieldgate, Lorde Brant Mallam.
―Milorde, eu vou fazer que um quarto seja preparado para você.
―Obrigado, Jones Dois.― Brant entregou ao homem as suas malas
quando ele chegou perto. ―O motorista de nossa carruagem vai precisar de
um lugar para dormir e um pouco de comida.
―Eu também farei com que seja preparado. Milady, o jovem mestre
está na biblioteca com sua tia e prima, tentando limpar tudo.
―Obrigado, Jones Dois.
Olympia já estava caminhando pelo corredor enquanto falava e Brant
correu para alcançá-la. Ela parou diante de duas portas talhadas que
representavam ninfas que brincavam na água, tomou uma profunda
respiração, e abriu as portas. Brant seguiu até a sala e olhou para o caos total.
A maior parte das prateleiras da biblioteca haviam sido limpas de livros. Várias
cadeiras foram fixadas em um canto distante e ele podia ver de relance que
iriam precisar de algum reparo. Pilhas de livros foram empilhados perto das
prateleiras, mas muitos ainda cobriam o chão. Ele olhou para Olympia e
observou-a girar lentamente, absorvendo cada polegada do quarto. ―Tenho o
prazer de ver que você não quebrou as lâmpadas desta vez, Ilar,― ela disse e
sorriu para o rapaz alto e magro levantando-se de onde ele tinha estado
sentado no chão empilhando livros.
―Mãe!― Ele correu para seus braços. ―Estou tão feliz por você ter
vindo para casa. Tivemos uma grande quantidade de excitação aqui.
―Eu posso ver isso.― Ela segurou seu filho apertado por um
momento, tranquilizando a si mesma de que ele estava vivo e notando
dolorosamente o fato de que mais um surto de crescimento e ele ficaria mais
alto que ela. ―Eu trouxe companhia comigo.― Ela virou Ilar em direção a
Brant e apresentou-o a todos. ―E esta é a minha tia, Antigone Wherlocke.―
Ela acenou para a mulher mais velha que agora estava ao lado dela. ―E a
minha prima, Sra. Tessa Vaughn.― Brant curvou-se para a mulher que o
observava um pouco demais com seus profundos olhos castanhos. ―É um
prazer conhecer todos vocês.
―Tem certeza de que você é Fieldgate?― Perguntou Tessa, enxugando
as mãos empoeiradas no avental volumoso que usava sobre seu vestido verde.
―Tessa! Claro que é ―, retrucou Olympia. ―Você acha que eu não saberia?
―Não. É apenas que ele não parece ser como o libertino bêbado que se
ouve falar.
―Oh. Bem, não, ele não é um bêbado. Quanto ao libertino ―, disse ela
e grunhiu quando recebeu uma cotovelada de Brant nas costelas. ―Não mais
do que muitos outros homens da nobreza.
―Obrigado―, murmurou Brant. ―Você é muito gentil.―
Olympia trocou um sorriso com Tessa antes de olhar para a tia. ―Você tem
alguma ideia de porque alguém iria tentar levar Ilar?
―Nenhuma. Eu acredito que o problema veio a partir de Londres. Os
homens tinham a forma de falar da cidade. Eu ouvi um pouco quando aquele
que foi pego estava ameaçando todos nós.
―Então vamos ter algo para comer e beber e Ilar pode me dizer sua
parte do conto. E então eu gostaria de ouvir o seu, tia Tig.
―Eu poderia contar-lhe um conto ou dois também,― ofereceu Tessa.
―Você estava aqui quando tudo aconteceu?― Olympia perguntou, sabendo
que era rude manter Brant trotando junto a seus calcanhares, como um cão
de estimação, mas ela se sentia incapaz de soltar seu filho ainda.
―Não, mas eu ainda posso lhe contar um conto ou dois, se você quiser.― Ela
piscou para Olympia e ambas riram. Brant se sentiu um pouco ignorado por
um momento, mas entendeu. Ele duvidava de que um time pudesse arrastar
Olympia para longe de seu filho. Era um garoto de boa aparência com o seu
lustroso, ondulado, cabelo preto e olhos como os de sua mãe. Suas feições
estavam começando a perder a suavidade de menino e seria tão bonito como
muitos de seus outros parentes. O que era fácil de ver na maneira como o
menino segurava Olympia e sorria para ela, era que Ilar amava muito sua mãe.
Eles entraram em um quarto que tinha um toque mais feminino do que
a biblioteca. Ele tinha cortinas em um azul suave, combinando com uma das
cores do carpete, e as paredes foram pintadas de uma cor rosa suave, não uma
cor que já tinha visto antes. Olympia acenou para um assento ao lado dela,
fazendo Ilar sentar do outro lado, sua tia na cabeceira da mesa, e a irreprimível
Tessa no assento em frente a ela. Alguns momentos depois, o mordomo
entrou com três servos que depositaram uma grande quantidade de comida
além de café e chá para a mesa. Um rápido olhar para fora da janela disse a
Brant que de fato era hora do café da manhã
―Então, Ilar, me diga o que você se lembra―, disse Olympia enquanto
empilhava alguns ovos em seu prato.
―Eu estava dormindo na biblioteca―, disse o menino. ―Não tinha a
intenção de ter um cochilo, mas o livro que escolhi para ler era dolorosamente
chato. Enfim, eu acordei com o som de passadas e um agudo senso de que
algo estava simplesmente errado. Enquanto me levantava do sofá e largava o
meu livro sobre a mesa tive uma distinta sensação de que alguém estava me
observando. Eu abri meus olhos e este enorme, companheiro estava tentando
me alcançar. Eu pulei para fora do sofá e comecei a correr, mas um deles me
pegou. O outro tentou colocar uma mordaça sobre minha boca porque eu
estava fazendo muito barulho. Eu estava chutando e gritando e então pensei
comigo mesmo, bem, por que estou ficando todo suado?
O jeito que ele estava olhando para ela, um brilho de malícia e mal-estar
em seus olhos, olhos assim como os dela, quase fez Olympia sorrir, mas ela
sabia que tinha que ser firme, séria. ―Então, o que fez o meu suado e gritante
filho?
―Limpei as prateleiras―, disse ele com um pouco de cautela. ―Eu
estava mirando o melhor que pude em suas cabeças. Consegui um bom golpe
em um deles, mas o outro ficou muito apavorado e começou a rezar e correu.
E então os outros entraram.
―Você fez bem, Ilar. Muito bem. Você lutou, pediu ajuda, e depois
usou o que tinha para ter certeza que não fosse arrastado para fora do alcance
da ajuda que precisava.― Ela sorriu para ele. ―Você também procurou por
mim e começou a limpar sua bagunça.
―Com uma gentil ajuda―, ele disse e sorriu para ambas, Tessa e
Antigone, com um doce encanto que a deixou doendo de vontade de pegá-lo
e abraçá-lo, como sempre fazia quando ele era pequeno. Ela franziu a testa e
ficou tensa quando ouviu um barulho vindo de fora do quarto. ―Agora, o que
aconteceu?― Assim quando ela se levantou para ir e olhar, Jones Dois entrou,
a mão atrás das costas. ―Jones Dois? Há algo errado?
―Nós estávamos cuidando de sua bagagem, Milady, e Milorde. Eu
acredito que vocês possam ter trazido bichos para dentro.
―Bichos?― Jones Dois retirou a mão de trás das costas e segurou-a a
frente. Pendurado em sua mão e tentando parecer feroz estava um pequeno
gato dourado. ―Bichos.
―Isca!― Ela correu e pegou o gato de seu mordomo. ―Como foi parar
na minha bolsa? Eu tinha certeza de que ela não estava nem mesmo em meu
quarto ontem à noite.― Olympia lembrou por que o gato não tinha estado em
seu quarto e ferozmente tentou não corar.
―Se Milady descobrir como essa criatura entrou em suas coisas, então
talvez explique como a outra também entrou.― Ele levantou a mão e estalou
os dedos e um magro e sorridente lacaio entrou carregando Jantar. ―Isso
estava na bolsa de sua senhoria.― Ele olhou para Brant. ―Eu tenho um dos
rapazes já escovando o pêlo de suas roupas, milorde.
―Milady?― Perguntou o lacaio e estendeu Jantar. ―Apenas a coloque
no chão, Morris,― Olympia disse, lutando para não rir. ―Eu vou arranjar algo
para eles em meu quarto depois que acabar de comer.― Ela suspirou quando
o gatinho se contorceu livre de seu aperto, subiu no ombro dela até sua
cabeça onde se sentou. ―Lá se vai minha dignidade.― Ela se juntou a sua
família e a Brant, que começou a rir. ―Alguém tire esta criatura tola da minha
cabeça, por favor.― Uma vez que seu filho desceu o gatinho, ela retornou ao
seu lugar enquanto os servos saíam, fechando aporta atrás deles. ―Mais
gatos―, murmurou Antigone mas viu sua tia sorrateiramente soltar um
pequeno pedaço de presunto para Jantar. ―Eles devem ter saído do quarto de
Enid e Pawl enquanto estávamos correndo ao redor para embalar as coisas ―,
disse Olympia e depois franziu o cenho para Brant. ―Isso não explica como
Jantar entrou em sua mala, no entanto.
―Eu a deixei no corredor enquanto esperava por você e estava
aberta―, ele respondeu. ―Eu não percebi isso até que estávamos na
carruagem. Estou surpreso que não vi um gato tão grande, no entanto.
―Um gato é mestre na arte de se esconder, milorde―, disse Antigone.
―E, Olympia, querida, por que os gatos se chamam Isca e Jantar? ― Olympia
decidiu explicar o nome de Jantar primeiro e, em seguida, tomou uma
respiração profunda, contou-lhes como Isca recebeu seu nome. Ela colocou
um braço em torno de seu filho quando ele rapidamente moveu-se para
sentar-se ao lado dela. Era ainda horror novo o suficiente para fazê-la tremer
ao recordar. ―Assim quando nós chegamos aqui, ocorreu-me que o que acaba
de acontecer a Ilar poderia ser uma parte do que está acontecendo comigo.
Realmente não levaria muito tempo para qualquer um descobrir que tenho um
filho e onde ele poderia estar. Eu só quero saber como eles sabiam que nunca
seria capaz de deixar que o pobre gato ficasse amarrado lá.
―Isso não seria tão difícil, qualquer um, minha querida. Qualquer
pessoa só precisava falar com alguém aqui ou na Vila. Mesmo Warren tem sua
cota de animais que você resgatou. Não só os animais, mas muitos são do tipo
de animais que a maioria das pessoas simplesmente mataria ou jogaria fora.
―Isso era o que eu temia. No momento em que Lady Mallam decidiu
que eu era aliada de Brant ela foi caçar qualquer coisa que pudesse encontrar
contra mim. Ela descobriu uma fraqueza antes mesmo de colocar seus
homens atrás de mim e eu fortemente suspeito, que ela então descobriu você,
Ilar.― Ela passou levemente a mão sobre seu cabelo. ―Se ela tivesse
encontrado você em primeiro lugar, acho que nós teríamos visto este ataque
muito mais cedo. Eu apenas não estou segura do que ela esperava conseguir,
tendo você em suas mãos.
―Usá-lo para domar você―, disse Brant. ―Quem pode ter a certeza de
que ela iria decidir a melhor maneira de usar o seu filho contra você? Ela viu
uma boa e dura possibilidade de colocá-la ao serviço dela e estendeu a mão
para agarrá-la.
―A primeira coisa que precisamos fazer é conseguir mais alguns
homens aqui para guardar a casa―, disse Olympia. ―Ter nunca foi problema,
é muito fácil chegar aqui, como sabemos agora. Assim, alguns guardas. Então,
de volta a Londres para parar esta mulher.
Ignorando as pessoas que partilhavam a mesa com eles, Brant estendeu
a mão e acariciou a mão dela onde repousava sobre a mesa, com o punho
cerrado com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Ele podia ver
um persistente medo em seus olhos. Esta era uma verdadeira mãe, ele pensou.
Esta era uma mulher que cuidou da criança que havia colocado no mundo, iria
lutar pela criança, e pelo conforto da criança se precisasse. Esta era uma
mulher que sua mãe nunca tinha sido. Brant sacudiu o momento de auto-
piedade e perguntou: ―Há homens fortes na aldeia em quem você pode
confiar? Isto não é permanente, apenas até que possamos detê-la. Pode haver
alguns que gostariam de receber uma moeda extra para agir como guarda para
o seu filho, Olympia.
―Há certamente ―, disse Antigone. ―Jones Dois e eu podemos ver
isso para hoje. Na verdade, porque todos nós não damos uma volta pela
aldeia. O magistrado tem uma bela casa na extremidade da aldeia e o homem
que foi capturado aqui está trancado em sua adega de vinho.
―A ideia é esplêndida, tia. Vou terminar esta boa comida, colocar esses
gatos tolos no meu quarto e, em seguida, todos nós devemos ir para a aldeia,
―Olympia disse, suspirando quando Isca puxou seu pequeno corpo dourado
pelas suas saias e sentou em seu colo. ―Eu acho que eu vou ter problemas
com este aqui. Ela sorriu quando Ilar começou a acariciar o gato levemente e
ele começou a ronronar bem alto, muito alto para um corpo tão pequeno.
―Sim, eu vou definitivamente ter problemas com este.
Olympia queria segurar a mão de Brant enquanto seguiam Peter Jenkins
para baixo em sua adega de vinhos, mas sabia que não podia. Este era o
escudeiro local, um homem que podia viver à margem da sociedade, mas
ainda assim era movido por ela. Ele não seria capaz de resistir a contar a sua
esposa sobre a baronesa e o conde, sobre como eles deram as mãos. Sua
esposa iria dizer a sua irmã, que diria a seus amigos mais queridos, que diriam
a seus amigos mais queridos, e assim por diante até que toda a sociedade iria
começar a se perguntar o que estava acontecendo entre aquela garota
Wherlocke estranha o filho dissoluto e miserável de Lady Letitia Mallam. Ela
endureceu sua espinha e esperou que seu rosto mantivesse a calma e doce
expressão que estava lutando para manter. ―Aqui está ele, milady―, disse
Peter. ―Realmente sinto muito, não cheguei lá a tempo de pegar o outro, mas
o seu garoto estava orgulhoso. ―O homem na cela levantou-se e olhou para
Olympia. Ele era de estatura média, de cabelo marrom, e olhos castanho
claros. Ela viu o medo em seus olhos e sabia que ele via seu filho quando
olhava para ela. ―Por que você tentou levar o meu filho?―, Ela perguntou.
―A senhora disse a Jake que ela queria o menino para que pudesse
governar a mãe.― Ele olhou ao redor.
―Vocês encontraram Jake?
―Não―, respondeu Peter. ―Ele o deixou aqui para ser enforcado por
ele.
―É melhor ser enforcado do que voltar e dizer a cadela maldita que nós
falhamos.― Ele olhou de volta para Olympia. ―Você tem um rapaz corajoso,
mas eu estava pensando que ele tem um poder estranho, também. Melhor
você manter aquele garoto longe das mãos daquela cadela.
―Qual é o nome da mulher?― Perguntou Brant. ―Você acha que pode
impedi-la?― Disse o homem. ―Pensa que você pode fazê-la ir embora? Não,
rapaz. Ela tem um coração frio de uma mulher diabólica e pretende governar.
Melhor você e a moça permanecerem instalados aqui por causa da senhora
que tem seus olhos. Ela odeia os homens, isso ela faz, mas com certeza ela
odeia você, rapaz.
―Agora você fique quieto―, disse Peter. ―Eles estavam pedindo por
um nome.
―Nós temos isso, Peter. Nós temos isso ―, disse Olympia e desistiu da
discrição, tomando a mão de Brant na dela. Ela sabia que isso devia doer. Pelo
menos deveria cutucar as feridas em seu coração que não tiveram tempo
suficiente para curar corretamente.
―Tudo bem então. Eu vou estar julgando este homem amanhã e
suspeito que ele vai ser enforcado na árvore da praça em breve.
―Não, ele deve permanecer vivo, Peter. Talvez eu tenha necessidade
dele quando capturar aquela mulher. Ela entrou em minha casa e tocou o meu
filho, e eu quero vê-la pagar caro por isso. Esse sujeito, uma vez que sabe
quem ela é, pode vir a ser de grande ajuda ao fazer isso.
―Milady,― o homem na cela chamou quando Olympia se virou para
sair. ―Você está prestes a dizer que não pode me ajudar?
―Oh, eu posso ajudá-la, mas o magistrado também devem ter alguns
novos guardas.
―Você está ameaçando-o?
―De modo algum. Parece um bom sujeito. Não, sua senhoria não gosta
de deixar vivos as pessoas que podem falar. Eu posso falar. O magistrado
pode falar. Milady prefere o silêncio. Jake não voltou para dizer que falhou.
Ele está correndo por sua vida.
Olympia ficou em silêncio todo o caminho de volta para a casa e, em
seguida, se juntou a seu filho a guardar os livros que ele tinha usado em sua
luta para salvar sua vida. Ela estava sentada no chão no meio de várias pilhas
de livros e perguntando quais deveriam ser colocadas de volta nas prateleiras
em primeiro lugar quando Brant chegou e sentou ao lado dela. Ele estava
pensativo e nada mais. Ela tinha que perguntar se ele tinha se acostumado a
ouvir más notícias a respeito de sua mãe.
―Você jogou tudo isso das prateleiras?― Perguntou.
―Eu o fiz.― Ilar olhou para Olympia e ela balançou a cabeça, em
silêncio, dando-lhe permissão para falar do que ele poderia fazer. ―Era tudo
que eu poderia pensar. Eu não tinha nenhuma arma. ― Olhando ao redor de
todas as prateleiras quase vazias e dos livros no chão, Brant balançou a cabeça
e sorriu. ―Oh, eu acho que você tinha.― Com a ajuda de Brant e Ilar, eles
haviam retornado quase todos os livros para as prateleiras quando o sino do
jantar tocou. Olympia correu para seu quarto para limpar a poeira e sujeira.
Enquanto lavava suas mãos e rosto, ela disse a si mesma para não encontrar
nada esperançoso na forma como Brant e Ilar se deram bem. Isto poderia ser
simplesmente porque Brant tinha uma habilidade em falar com um jovem
rapaz a beira da masculinidade e Ilar tinha fome de companhia masculina.
No momento em que ela chegou à sala de jantar todos já estavam lá
esperando por ela. Ela tomou o assento ao lado de Brant e a frente de sua tia,
Tessa, e Ilar. Foi uma refeição agradável e Olympia gostou de ouvir todas as
últimas notícias sobre os vários membros da família, mas não conseguia parar
de pensar no homem que o magistrado havia prendido. ―Você acha que o
que o homem quis dizer era que sua mãe ia matá-los, porque eles falharam?
Que ele queria guardas extras para o magistrado principalmente porque ele
tinha medo de que alguém viesse até o magistrado para matá-lo? ―Olympia
realmente queria que ele dissesse não. ―Sim, temo que sim. Oh, ela não vai
sujar as mãos com um trabalho, mas ela vai conseguir alguém que o faça.
―Devemos advertir Peter com mais firmeza para que entenda que há
uma ameaça real para ele.
―O homem que Peter prendeu irá dizer-lhe.
―Eu espero que sim, porque Peter é um bom homem.
―Se minha mãe enviar alguém para silenciar aquele homem, ela vai tê-
lo feito de tal modo que Peter não vai saber de nada até que desça ao porão
para ver um corpo ao invés do homem que prendeu.― Brant serviu-se de
carne assada, percebendo que gostava da forma como os Wherlockes não
tinham servos em pé silenciosamente as suas costas enquanto comiam. Os
servos entravam, colocavam a comida em cima da mesa, e deixavam a
obrigação de servir para as pessoas na mesa. Isso deixava todos à vontade,
enquanto estavam na mesa.
―Você acha que ela é tão boa?― Olympia simplesmente não podia ver
Lady Letitia Mallam matando qualquer coisa.
―Eu acho que ela sabe quem contratar que seja assim tão bom. Se não
fosse pelo dom de Ilar, esses homens o teriam levado.
―Isso é verdade―, disse Ilar e, em seguida recheou sua boca com um
pouco da carne assada macia. Olympia estremeceu. Se ela soubesse o quão
longe o alcance de Lady Mallam ia e quão letal a mulher poderia ser, Olympia
não estava certa de que ela teria tão ansiosamente tentado ajudar a jovem
Agatha. Um momento depois ela decidiu que estava enganando a si mesma.
Não importava os riscos, sabia que não teria sido capaz de ficar parada e
assistir a uma jovem ser forçada a casar com um homem imundo e amoral
como Sir Horace Minden.
―Essa bagunça está ficando cada vez mais confusa e complicada―, ela
murmurou e recostou-se na cadeira quando Jones Dois e dois jovens
cozinheiros vieram para limpar a refeição e deixar as variadas sobremesas para
eles escolherem.
―Minha mãe sempre foi eficiente e completa em cada
empreendimento. Ela será uma criminosa eficiente e completa. Sei apenas
uma coisa de fato, não tenho nenhuma dúvida sobre isso, e que é que pelo
tempo que ela tiver pessoas para usar, ela nunca sujará as próprias mãos. O
que ela vai fazer quando nós roubarmos dela todos esses cúmplices
cuidadosamente escolhidos, eu não sei.
―Ela vai ficar muito zangada―, disse Antigone enquanto ela se servia
de algumas maçãs cozidas em uma tigela e derramou um pouco de creme
espesso sobre elas.
Brant olhou para a mulher mais velha com seu cabelo negro espesso
levemente polvilhada com cinza e suas belas feições, o mais impressionante de
tudo eram os olhos verdes brilhantes.
―Eu suspeito que, de algum modo estarei roubando também a sua
fonte de renda.
―Não, você estará roubando seu poder.― Foi difícil, mas Brant
reprimiu a série de maldições que subiu para a sua língua. A mulher estava
certa. Sua mãe nunca iria aceitar a perda de seu poder. Ela passara a vida
inteira de adulta adquirindo esse poder, algo que ela sempre desejava.
―Escolha uma sobremesa, Brant,― Olympia disse, libertando-o da raiva que
estava torcendo suas entranhas. Ele serviu-se de um pouco de bolo, coberto
com algumas das maçãs cozidas e, em seguida, olhou para isso por um
momento. Havia uma coisa boa que podia ver em todas as dificuldades que
agora giravam em torno deles. Eles estavam muito perto de quebrar sua mãe.
Brant só não estava certo de como se preparar e aos outros para essa
eventualidade. Desta vez, parecia que ele não estava apenas falhando ao
proteger as pessoas ao seu redor, mas estava trazendo o problema direto às
suas portas.

Olympia sorriu quando relaxou na cama de Ilar e o ouviu ler para ela a
The Taming of the Shrew de Shakespeare. Ele sempre gostou das peças
mesmo quando ainda era uma criança pequena. Olhando para ele onde estava
deitado a seu lado, ela podia ver mais do homem nele agora do que da criança
que tinha sido.
―Você está partindo amanhã―, disse Ilar quando deixou de lado o livro
e virou de lado, e estudou sua mãe.
―Eu devo, amor―, disse ela. ―Eu fiz uma promessa à irmã de Brant.
Sua mãe está planejando casá-la com um homem mau que tem idade
suficiente para ser seu avô. Ela veio à procura de ajuda e eu disse que a
ajudaria. Eu não posso deixá-la à mercê daquela mulher e estamos muito
longe da cidade aqui para que possa correr para o lado dela, se ela estiver em
perigo.
―Então a leve para longe da mulher.
―Estamos trabalhando para fazer exatamente isso. Brant contratou o
primo Andras para trazer a menina para sua tutela.
―Oh. Isso é muito bom porque Andras é muito inteligente.― Ele
bocejou. Olympia saiu da cama e beijou-o no rosto. ―Descance, amor. Você
usou muito o seu dom ultimamente o que rouba muito a força de alguém
como nós.
―Eu vou. Estou feliz que você voltou para casa por um tempo.
―Eu também, Ilar. Eu também.― Ela escorregou para fora da sala e se
dirigiu para seu próprio quarto. A necessidade de se levantar e começar a
jornada para Myrtledowns a uma hora tão cedo e, em seguida, correr ao redor
tentando separar o que tinha acontecido e o que precisava ser feito a tinha
esgotado. Ela entrou em seu quarto e sorriu para os gatos que dormiam.
Então viu que tinha companhia porque Brant estava esparramado em cima de
sua cama. Desde que ele estava completamente vestido ela suspeitou de que
não estava lá para tentar seduzi-la para fazer amor, algo que não podiam fazer
enquanto estavam na casa que ela dividia com seu filho.
―Como você entrou no meu quarto, sem ninguém o ver ou ouvir?― Ela
perguntou enquanto caminhava até a cama e sentava-se ao lado dele.
―Eu posso ser muito furtivo, se eu quiser.― Ele puxou-a para seus
braços e beijou-a.
―Brant, eu não posso,― ela começou.
―Eu sei, mas eu desejava dar um beijo de boa noite.―
Ela riu e deu-lhe um. Rapidamente se transformou em um profundo beijo
apaixonado e ela estava respirando instavelmente quando finalmente se
afastou. ―Isso é muito imprudente.
―Provavelmente, mas eu não vou me comportar mal. Seu filho está tão
calmo quanto pareceu?
―Acredito que sim. Ele estava mais alerta do que assustado ou
machucado. Ele também descobriu que seu dom deu-lhe a força necessária, a
arma que ele precisava usar, para libertar-se o que é uma coisa inebriante eu
acredito. Ele poderia ter feito um ataque mais temperado em seus atacantes,
mas foi bom.
―Eu posso ver porque você é cautelosa sobre trazê-lo para a cidade.―
Ele a beijou novamente, em seguida, saiu da cama antes que desistisse diante
do forte desejo por mais do que beijos. ―Eu sinto mais do que posso dizer
sobre a forma como a minha mãe ameaçou seu filho. ― Ela sentou-se e pegou
a mão dele na sua mão, colocando um beijo na palma. ―Nada mais de pedir
desculpas pelo que não é obra sua. Este erro pertence a sua mãe. Nunca a
você.― Ele não tinha certeza se acreditava nisso mas sorriu, deu um beijo em
sua boca, e saiu do quarto quase tão furtivamente quanto tinha entrado. Foi
difícil sair do seu lado. Brant surpreendeu-se com a percepção de que gostava
de enrolar-se com ela na cama durante a noite. Ele nunca tinha passado uma
noite inteira com uma mulher com exceção das poucas vezes que tinha estado
tão bêbado que tinha tomado o seu prazer e caído em um estupor quase
imediatamente.
―Você está desonrando a minha mãe?― Olhando nos olhos do menino
irritado que tinha a voz de um homem e prometia ser alto, Brant
interiormente amaldiçoou, mas manteve a voz calma. ―Nunca. Eu só vim
dizer boa noite para ela, e pedir desculpas pelo que a minha mãe tentou fazer
com você, e com ela.― Ele curvou-se para o menino. ―Peço desculpas a você
também.
―Não há necessidade―, disse Ilar. ―Eu não fui prejudicado.― Ele
sorriu. ―E descobri que estou longe de ser indefeso também. Isso é uma coisa
boa.
―Sim.
―Minha mãe está em perigo porque ela está ajudando a sua irmã?
―Sim, ela está, mas ela não vai parar até que isso tenha terminado, não
importa o quanto eu lhe dissesse que deveria parar. Ela diz que fez uma
promessa a minha irmã que vai fazer com que seja cumprida.
―Ah, claro. Minha mãe nunca iria quebrar uma promessa. Eu entendo
agora. Boa noite, Milorde. ― Brant murmurou uma boa noite e viu o menino
retornar para seu quarto. Ele tinha sabido quase desde o início de sua aventura
que Lady Wherlocke era uma mulher honrada. A confiança que o filho tinha
na manutenção de uma promessa revelou que sua honra era uma parte
profunda de quem ela era. Ele descobriu que isso era um pouco sedutor.
Assim quando ele estava começando a lembrar-se, pela centésima vez que não
era bom para ela, algo roçou contra sua perna. Brant olhou para a gata
malhada que tinha sido trazida para alimentar o gatinho. Uma rápida olhada
ao redor não revelou nenhuma sombra pequena e ele olhou de volta para a
gata. ―Você deve voltar para o quarto e para seu novo filho,― ele calmamente
disse a gata e ela respondeu com um piscar lento, mas não se moveu. ―Eu
não tenho nenhuma caixa de areia no meu quarto.― Ainda assim, a gata não
se moveu. ―Bem, venha, então.― A gata o seguiu para dentro de seu quarto,
olhou para a cama, e pulou em cima dela. Depois de vários momentos
circulando, ela estabeleceu-se bem no meio da cama. Brant balançou a cabeça,
preparando-se para a cama e, em seguida, depois de perder um jogo de olhares
com a gata, deslizou sob as cobertas, contorcendo o corpo um pouco para
caber em torno da gata. Lady Olympia Wherlocke, a bela baronesa de
Myrtledowns, tinha muito a responder, pensou antes de fechar os olhos. Ele
só esperava não acordar de manhã muito duro para se mover.
Capítulo 15

Pawl os encontrou na porta quando eles pararam na porta de Warren.


Ele olhou para os dois gatos em uma gaiola pequena que Olympia carregava e
fez uma careta. ―Então é para onde vocês foram.
―Desculpe por isso, Pawl―, disse Olympia enquanto o deixava tomar a
jaula dela. ―Basta colocá-los de volta em meu quarto.
―Como está Ilar?
―Muito bem, mas parece que o inimigo elevou as apostas.― Ela franziu
a testa quando ouviu vozes femininas vindas do quarto de visitas. ―Eu tenho
companhia?
―Seu primo Quinton Vaughn chegou. Parece que viu um pequeno
pedaço de seus assuntos na Escócia ―. Olympia virou-se para sorrir para
Brant, que estava atrás dela. ―Ele encontrou as meninas roubadas.― Ela se
apressou para a sala ao ouvir o clique das botas de Brant enquanto a seguia.
Dentro da sala de visitas estavam sete meninas. Ele duvidava que qualquer
uma delas fosse mais velha do que quinze anos.
Thomas sentou-se ao lado de uma fina e assustada jovem com cabelos
castanhos encaracolados e olhos castanhos enormes, segurando sua mão e
acariciando-a. Brant soube que era sua outra tia. E então o homem na sala
levantou-se e sorriu para Olympia. Ela deu um grito de alegria e correu para
abraçá-lo. Se não fosse por esse olhar muito distinto de um Wherlocke, Brant
sabia que ele estaria sofrendo muito mais do que a pequena pitada de ciúme
com que ele estava. Este tinha de ser Quinton e, se Brant fosse qualquer juiz,
o primo de Olympia era o tipo de homem em que as mulheres se reuniam
atrás. Ele não apenas tinha mais do que um metro e oitenta de altura, tinha
ombros largos, longos cabelos negros que não se preocupou em amarrar em
uma fita, mas deixou fluir sobre os ombros largos, e estava impecavelmente
vestido. Quando o homem olhou por cima dos ombros de Olympia e estudou
Brant como se fosse algum novo tipo de inseto, Brant teve que lutar para
acabar com o desejo de ir lá e socar o homem direto no nariz elegante. As
introduções levaram algum tempo quando cada menina foi identificada.
Thomas levou-as para encontrar algum lugar onde poderiam se limpar e
descansar enquanto Pawl chegou com um pouco de comida e bebida. Quando
Olympia sentou-se no pequeno sofá, Brant foi rápido sentar-se ao lado dela.
Ele apenas sorriu ao ver o olhar frio que Quentin Vaughn deu-lhe enquanto
seu primo sentava seu copo enorme no sofá de frente para Olympia.
Enquanto ela contava a Quentin uma versão severamente editada de tudo o
que acontecera até agora, Brant serviu-se de uma xícara de café, perguntando-
se brevemente se poderia conseguir que Enid ensinasse sua cozinheira a fazer
a bebida. Depois ele lembrou que tinha extrema necessidade de uma lista
nova de servos em Fieldgate e iria sem dúvida precisar substituir muitos da
casa da cidade também.
―Havia apenas seis meninas?― Perguntou Olympia enquanto servia
chá para os homens. ―Não―, respondeu Quentin. ―Havia vinte, mas várias
eram da cidade em que o navio estava ancorado, e algumas mais foram
deixadas em suas casas no caminho até aqui. Tirando a tia de Thomas, o resto
vive na cidade. Todas elas deixaram muito claro que haviam sido roubadas de
suas casas
―Minha mãe―, disse Brant e suspirou.
―Se sua mãe for de alguma forma magra, não muito alta, e ainda uma
mulher bonita, apesar de sua idade, então, sim, eu suspeito que era sua mãe.
A jovem Anna, tia de Thomas, disse que a mulher agiu na direção de todas
elas como se não fossem mais do que gado. Ela chegou em uma carruagem
com um enorme lacaio, olhou todas as meninas e, em seguida, exigiu o
pagamento do capitão do navio.
―Isso certamente soa como ela. Você viu a minha mãe, então?
―Não, essa descrição foi-me dada por algumas das meninas enquanto
todas elas estavam no porão e a mulher apareceu para inspecioná-las. Uma
moça disse que do jeito que a mulher olhou para todas ela esperava que fosse
pedir-lhes para que mostrassem os dentes. Eu acredito que tenha tirado todas
para fora de lá antes que qualquer dano físico fosse feito a elas. Estavam
prestes a serem enviadas para fora quando eu cheguei com meus homens e,
em seguida, não tiveram de se preocupar por mais tempo. O capitão também
não ―, acrescentou com um sorriso frio.
―Muito obrigado, Quentin―, disse Olympia. ―Temos de ter feito a ela
algum dano agora, uma vez que esvaziamos Dobbin House. Eu só gostaria
que pudéssemos resgatar a todos.
―O resgate das meninas não feriu suas finanças, Olympia, pois é claro
que ela já havia conseguido seu pagamento por elas ―, disse Brant. ―A perda
do capitão pode ter sido mais prejudicial. Se nada mais, ela vai ter de arranjar
outro. Eu só desejaria poder dizer com certeza que isso será uma coisa difícil
para ela fazer.
Quentin terminou um bolinho e depois balançou a cabeça. ―É um
comércio sujo mas tem acontecido sempre e vai continuar acontecendo. Nós
salvo alguns e aqueles aos quais salvamos vão estar muito mais conscientes
dos perigos lá fora. Eu descobri, Fieldgate, que muitas das meninas foram
retiradas de terras pertencentes a você, o conde de Fieldgate.
―Ela pretende ajudar a si mesma tratando minhas terras como se
fossem um mercado.― Ele suspirou. ―Eu havia pensado que eram apenas os
bastardos de meu pai, mas a pequena tia de Thomas não tem meu sangue. Ela
é apenas uma moça bonita.
―Moças bonitas foram vítimas antes e serão novamente. Isso é algo
que você nunca vai parar. Então, como pretende parar a sua mãe? ― O fato
de que nenhum dos Wherlockes parecer horrorizado que uma mulher gentil,
uma mãe e pilar da sociedade, faria tais coisas como vender crianças disse a
Brant que a família tinha sofrido. Eles também tinham visto um monte de
sofrimento. A Olympia também havia sido dito tudo o que havia acontecido
quando Ashton encontrou sua Penelope e a salvou de apuros. Às vezes Brant
ainda cambaleava em choque sobre tudo o que sua mãe tinha feito quando
pensava sobre isso. Ele nem mesmo desejava procurar por outros crimes que
possam ter sido cometidos no passado por sua mãe porque já tinha muitos
para aceitar agora. Mais horrores certamente o quebrariam. Ele então explicou
cuidadosamente novamente como estava tentando suavizar o golpe da família
para o bem de seus irmãos e do nome de Fieldgate. Com cada coisa nova que
ele descobriu sobre sua mãe, essas razões começaram a parecerem egoístas e
indiferentes.
Quentin assentiu. ―Você tem três irmãos que ainda nem sequer saíram
para o mundo. Sofrer esse tipo de escândalo para cima de suas cabeças
poderia quebrá-los. Alguns precisam de certa têmpera antes de ficar eretos e
orgulhosos enquanto a tempestade se enfurece sobre sua cabeça. E sua irmã
merece sua chance de fazer um bom casamento.
―Minha mãe acredita ter cuidado disso, ao negociar um acordo de
casamento com Lorde Sir Horace Minden.― Brant acenou com a cabeça
quando Quentin olhou para ele, arregalando os olhos lentamente. Parecia que
os Wherlockes e seus primos Vaughns poderiam de fato ficar chocados.
―Isso é algo que você deve se apressar para impedir. Ele é sujo e é incrível
que não tenha sido eviscerado antes disso. De tudo que eu sei e tenho ouvido
sobre ele não há nenhuma perversão que o homem não tente ou não gostaria
de tentar. Eu também ouvi que ele gosta de virgens porque acha que deitar-se
com elas irá livrá-lo da varíola que está acabando com ele.
―Lorde Fieldgate?― Pawl chamou da porta. ―Andras Vaughn acaba de
enviar-lhe uma mensagem. Ele gostaria de lhe encontrar o mais rapidamente
possível. Você deseja responder? O menino que ele enviou está à sua espera.
― Ele acenou com a cabeça quando tanto Brant quanto Olympia
empalideceram.
Agitando a cabeça para livrar-se do horror de sua mãe vendendo sua
filha a um homem com varíola e sentindo suas esperanças subindo, Brant foi
conversar com o menino que Andras havia enviado, fez com que ele
entendesse a resposta, e deu-lhe uma moeda. Ele correu de volta para a sala de
estar e sorriu para Olympia. Talvez os assuntos agora começassem a correr a
sua maneira.
―Eu tenho que me trocar e ir falar com Andras,― ele disse a ela.
―Claro.― Olympia levantou-se e, sem se importar com o que Quentin
pensasse, deu a Brant um breve abraço e um beijo na bochecha. ―Vou rezar
para que essa seja a notícia que você está procurando.
No momento em que Brant saiu e Olympia retomou seu assento, pode
sentir o olhar de Quentin sobre ela. Vagamente desejou que não tivesse o tipo
de família que achava que tinha o direito de manter seus longos narizes em
todos os assuntos privados dentro da família. Ela não podia reclamar muito,
porém, porque também era culpada desse pequeno pecado.
―Então, quão boa amiga de Fieldgate você é?― Perguntou Quentin.
―Você esquece que eu sou uma baronesa―, disse ela, ignorando sua
risada sobre seu anúncio ―e uma viúva de vinte e seis anos? Eu não acredito
que seja necessário que saiba de tais coisas. O que acontece entre mim e Brant
não é da sua conta.― O olhar no belo rosto de Quentin disse a ela que ele
estava apenas esperando pacientemente que ela terminasse de falar e que não
estava realmente ouvindo. Ela queria bater nele.
―E ele tem uma mãe que vende bebês no mercado.― Ela suspirou.
Havia isso a considerar. Sua família não seria o abrigo que era a todos seus
parentes se não se preocupasse quando um deles se ligava a um homem assim.
―Brant não está envolvido em nada isso.
―Oh, eu sei disso. Pode ver isso imediatamente. Ele não tem essa
mancha.
―Ele ficaria feliz de saber disso porque eu sei que ele se preocupa.
Como poderia não se preocupar quando ela é a pessoa que lhe deu a luz? Mas,
ele vai terminar seus crimes de uma forma ou de outra ―. Quentin assentiu.
―Eu pude ver isso também. Homem honesto. Homem bom. Também um
homem tão cheio de culpa que poderia tomar forma, sair dele, e caminhar ao
seu lado como um irmão.
―Tanto assim?
―Ele está justamente se afogando nisso. Ele acredita que é um fracasso
―, disse Quentin, seus olhos se tornando distantes. ―Eu suspeito que seja
muito mais do que apenas a menina que Penelope e seu marido encontraram,
o quê, há dois anos atrás?
―Sim, mais ou menos isso. Mas, ele não falhou com ela. Seu pai era um
vigário, e quando ele disse a Brant que Faith havia fugido com um soldado, o
que mais ele poderia fazer, senão aceitá-lo? Ele não tinha motivo para
acreditar que tal homem, muito respeitado iria mentir para ele.
―Não, ele não tinha, mas isso não impede que o homem pense que ele
poderia ter feito mais.― Quentin sorriu para ela. ―Nós somos o que nossa
natureza nos faz, amor. Nós acreditamos que é nosso dever proteger o menor
e mais fraco.― Ele riu quando ela olhou para ele. ―Você pode ficar tão
irritada quanto desejar. Não vai mudar isso também. Eu duvido que você vá
encontrar algum homem que não acreditasse no que o vigário disse, mas
haverá sempre aquela vozinha na cabeça de um homem sugerindo que ele
poderia ter feito mais, feito mais uma pergunta ou feito uma coisa pequena
que poderia ter-lhe mostrado a verdade em tempo de salvá-la
―Homens podem ser criaturas tolas.
―Nós podemos, mas você pode me dizer honestamente que, se algum
mal tivesse acontecido a seu filho, você não teria o peso da culpa em cima de
seu próprio coração? Você não poderia ter mudado o que aconteceu. Não
podia nem sequer imaginar que aquela mulher tentaria levar o menino. ―
―Eu deveria ter―, disse ela e, em seguida, fez uma careta quando percebeu
que tinha acabado de comprovar que Quentin estava certo em suas
suposições. Ele não precisava parecer tão presunçoso sobre isso, no entanto,
ela pensou e em seguida perguntou: ―Eu sei que é errado usar os nossos dons
de tal forma, mas ainda não consigo parar de me perguntar o que mais você
viu. Eu só quero aliviar seu coração e mente, por mais tolo que possa parecer.
―É a culpa que pesa nele em sua maioria. É como se ele carregasse o
fantasma de tudo o que acredita que errou ou falhou. O homem precisa
aprender a perdoar a si mesmo.
―Mas ele não tem feito nada de errado.
―Não, ele não tem, mas a menos que perdoe a si mesmo por não estar
ali, de espada na mão para proteger a todos perto dele, a culpa permanecerá.
―Vagabundo.― Quentin riu. ―Agora, me diga como está minha filha.
Eu pretendo ir ver Juno enquanto estou no campo e gostaria de ser avisado se
houver alguma coisa a incomodando. E então você pode me dizer como seu
filho conseguiu livrar-se de ser levado por esse demônio que se chama a mãe
de Fieldgate.

Brant olhou para Andras e, em seguida, para os papéis colocados a sua


frente e depois olhou para Andras novamente.
―Está resolvido?
―Você deve apenas assinar os papéis.― Andras sorriu e Brant pensou
que o homem chegava um pouco perto demais de ser bonito quando o fazia.
―Eu não esperava que fosse tão fácil também. Eu fui ao nosso primo
Leopold. Ele trabalha para o governo, embora não em coisas como esta. Mas
senti que poderia me dar o nome de alguém com quem poderia falar, talvez
até obter alguma ajuda de modo que nós não tivéssemos que arrastar tudo
através dos tribunais. O homem foi muito mais do que útil.
―Percebo que você não mencionou o nome dele.
―E eu não vou porque prometi a ele manter a sua parte nisto tão
tranquila quanto possível. Ele é dificilmente educado como ele gosta de dizer
e não pode se dar ao luxo de ser visto usando seu conhecimento ou
habilidades para ajudar em qualquer coisa que interfiram assuntos tão
importantes quanto os de uma condessa.
Brant balançou a cabeça, ainda tocando os papéis que lhe davam a
guarda de Agatha como se temesse que fossem desaparecer. ―Isso poderia
acabar com sua carreira.
―Exatamente. Ele não achou que ajudar nesse assunto iria machucá-lo,
mas não podia arriscar. Ele pretende se casar em breve, veja bem. E, parece
que uma dessas crianças que você resgatou e devolveu a sua família é o filho
de seu melhor amigo.
―Quanta sorte de minha parte, então.
―Exatamente, embora eu acredite que ele teria me ajudado de qualquer
maneira. Ele disse que mesmo que você tivesse, er, se comportado mal não
deveria nunca haver qualquer dúvida de quem era o chefe da casa, mesmo
com relação a filha mais nova, sua irmã. Você é, afinal, o conde.
―Então, como é que ele reverteu todas as decisões tomadas?
―Primeiro ele farejou o único que tinha feito as decisões, e por que
teria feito algo tão contrário ao que qualquer outro homem nessa posição teria
feito. Então foi e teve um bate-papo com o homem. É claro que o homem
não se atreveu a mudar sua decisão abertamente porque os segredos que sua
mãe possuía sobre ele poderiam destruir seu novo casamento com uma
mulher que ama carinhosamente. ―Andras franziu a testa.
―Meu novo amigo―, ele sorriu ―, disse ao homem para deixar de ser
um covarde e dizer a sua esposa porque mesmo que sua mãe caia, outros
poderiam descobrir os mesmos segredos e tentar usá-los para seus próprios
ganhos também. Em seguida, ele foi atrás de um homem cujo posto é um
degrau acima deste último, um homem muito próximo desse meu novo
amigo, e tudo foi rescindido. Esse homem não tem segredos que sua mãe
poderia usar contra ele. Ele é uma dessas raras criaturas nos corredores do
poder, um homem honesto, uma minoria, completamente limpo.
―Soa como se pudesse haver alguns outros. Triste que as pessoas
precisam caçá-los de forma tão complicada.
―Então o que você pretende fazer?
―Vou chutar a minha mãe para fora da minha casa.― Ele sorriu. ―Vou
gostar muito disso.
―Você não acha que seria melhor se ela permanecesse onde pode
encontrá-la? Você não ganhou ainda o que precisa para fazer com que ela
pague pelos seus crimes, e assim, confiná-la.
―Não é bem assim.― Brant franziu a testa, enquanto pegava a pena
que Andras oferecia e assinou os papéis. ―Eu irei dar-lhe um prazo de
algumas semanas para arrumar suas coisas, colocar seus assuntos em ordem, e
depois passar para uma de suas propriedades do dote. Minha mãe nunca iria
apenas fugir. Ela exige seu conforto, sua sociedade, suas lojas. Ela nunca iria
apenas correr e se esconder, qualquer um dos dois, pois é cegamente
arrogante. Eu acho que ela tem mantido o poder sobre muitos por muito
tempo e pensa-se acima de qualquer punição.― Ele fez uma careta. ―Ela pode
até não ver que o que faz é errado.
―Ou pode não se importar―, Andras acrescentou suavemente. ―Se eu
puder ser direto. . .
―Você pode dizer o que quiser.
―Nós não somos nossos pais. Embora seja verdade que algumas
doenças da mente e do corpo podem ser passadas de pai para filho, crianças
nascidas de pais assim não precisam carregar sementes do mal, se quiserem.
Você não tem nenhuma mancha em você, milorde. Sua mãe, no entanto tem,
mas eu não acredito que é daquelas que podem ser transmitidas de mãe para
filho.
―Quando você conheceu minha mãe?
―Nunca. Mas eu fiz meu trabalho de estar de vez em enquanto onde
ela estava depois que você veio até mim. Sempre bom conhecer o inimigo. Eu
posso ver a mancha em uma pessoa, a mancha de culpa ou loucura ou doença
apenas.
Eu também posso quase cheirar uma mentira. Sua mãe era uma pessoa muito
difícil de se estar perto, mas o que a transformou no que ela é não é uma coisa
que possa ser passada para uma criança. Eu acho que você tem muita sorte
que ela nunca foi materna porque tal mácula poderia, através de diversos
meios, eventualmente manchar uma criança, mesmo não sendo através do
sangue.
―Eu vim lentamente a perceber isso. Nenhum dos meus irmãos têm
sua frieza, como Artemis chama. Nenhum. Minhas irmãs mais velhas são
duras e amargas, mas isso é culpa de seus maridos. Meus irmãos mais novos
são bons meninos e Agatha é uma menina doce, amorosa. Nada disso veio de
minha mãe.― Ele sorriu um pouco triste. ―É triste, não é mesmo, que se
possa realmente encontrar-se grato que os próprios pais nunca realmente
tivessem nada de semelhante com eles.
―Milorde, se você ficar perto da minha família por um tempo, vai
descobrir que muitas pessoas tem esse sentimento e sim, é triste.

Ele levantou-se, e quando Andras fez o mesmo, apertou a mão do


rapaz. ―Obrigado. Envie-me a conta― ele se apressou a dizer quando Andras
começou a protestar:― Eu não vou ouvir nenhum argumento sobre isso.
Você, de alguma forma, salvou a minha irmã. Isso também irá dar-me poder
sobre minha mãe de novo e quem sabe quantos mais isso vai salvar. Eu tenho
uma bolsa bem cheia assim poso muito bem pagar minhas próprias contas.
Você ganhou seu salário. Você também ganhou minha recomendação se
alguém alguma vez me perguntar sobre um advogado.
―Obrigado, Milorde. Ah, e como está o jovem Ilar?―
Brant olhou para o homem mais jovem com surpresa. ―Como você sabe
sobre o que aconteceu com Ilar? Olympia e eu chegamos à cidade há pouco
tempo. ― Andras apenas sorriu. ―Nós temos as nossas maneiras.
―Ilar está bem. Mais do que bem. Como ele me disse, descobriu que,
com seu dom, tem a capacidade de se proteger de pessoas maiores e mais
fortes do que ele. Eu suspeito que foi uma descoberta que veio como um
grande conforto.
Brant saiu da carruagem e olhou para a fachada da moradia familiar.
Estava limpa, bem conservada, e exalava um ar de riqueza. Ele não podia
reclamar sobre o quão bem sua mãe prezava por este pedaço de propriedade.
Ela ia odiar o fato de que ele realmente tinha total poder para expulsá-la para
rua e agora ele saboreou isso por um momento. Ele subiu os degraus bem
varridos e bateu na porta. Quando o mordomo abriu a porta e, em seguida,
apressadamente tentou fechá-la em seu rosto, ele apenas sorriu e chutou para
abrir com tanta força que o homem tropeçou para trás e caiu de costas. Brant
entrou em cena e olhou para o homem
―Eu sugiro que você encontre uma nova posição o mais rápido
possível―, disse ele. ―Eu não ficaria confortável tendo um servo que uma vez
tentou me manter fora da minha própria casa. Ah, e não pense em pesar seus
bolsos com os meus bens antes de fugir deste lugar porque tenho
contabilizado tudo o que está aqui.― Era uma mentira, mas não estava muito
preocupado com isso. ―Assim como eu acredito, que minha mãe tenha
também.
Quando o homem empalideceu e depois ficou de pé para fugir pela
parte de trás da casa, Brant balançou a cabeça. Era triste quando a ameaça de
um homem tinha menos peso do que a ameaça de sua mãe. Ele pegou o braço
de um jovem criado que estava encolhido em uma alcova a poucos passos de
distância da porta. Tinha que ter uma razão pela qual os funcionários estavam
todos tão aterrorizados com a condessa, mas ele iria cavar o porquê disso mais
tarde.
―Onde está minha mãe?― Perguntou.
―No conservatório, senhor. Logo ali e para a direita. ―Ele corou.
―Oh, suspeito que saiba disso.
―Essa deve ser uma excessão porque eu suspeito que este
conservatório seja uma nova adição da casa.
―Tem cerca de dois anos , talvez alguns meses a menos do que isso.
Você quer ser anunciado? ― Brant sorriu quando o lacaio empalideceu e
recuou um pouco, ele suspeitava que era um sorriso predatório. ―Não,
obrigado, rapaz. Vou anunciar-me. Já que ela não vai estar de muito bom
humor em breve, você pode querer encontrar algum lugar para ficar fora de
seu alcance. Nome?
―James. James Tompkin. Eu só fui contratado na semana passada.
Parece que o último lacaio desapareceu subitamente
―Ah, eu entendo. Esconda-se por um tempo, rapaz.―Ele fez uma
pausa e decidiu que podia confiar no menino, Brant duvidava que tivesse
muito mais do que dezoito anos. ―Se acontecer alguma coisa que você ache
que está errado uma vez que eu sair daqui, posso ser encontrado no
Wherlocke Warren, que é o número 10 da Bennington Road ―. O garoto
balançou a cabeça e saiu correndo. Brant continuou pelo corredor até que
chegou até a porta que o menino tinha indicado. Ele entrou no conservatório
e quase amaldiçoou. Ele não era alguém que sabia muito sobre o custo das
coisas como marquises ou móveis, mas reconhecia quando algo era caro. Ele
não queria pensar no quanto sua mãe tinha gasto para adicionar este quarto na
casa. Havia até mesmo uma pequena fonte em algum lugar no meio de todas
as plantas porque conseguia ouvir a água enquanto estava lá estudando o chão
de mármore verde.
Balançando a cabeça, ele começou a passear pelo lugar até que
encontrou sua mãe. Ela estava lá sentada vestindo nada melhor do que uma
camisola e um robe de seda tão finos que ele podia realmente ver suas formas
através dele. Não é algo que um filho desejasse ver, pensou ele, e desviou os
olhos. Era o homem sem camisa sentado aos seus pés sendo alimentado com
uvas que o chocou. Ele nunca considerou sua mãe uma mulher sensual, mas
então percebeu que não era um ato de luxúria que ele estava vendo mas um
exercício do poder de uma mulher sobre o homem. A condessa de Fieldgate
tinha descoberto uma maneira de manter um homem encantado. Não o
surpreendeu ao ver que o homem que atualmente tinha a seus pés era o
grande lacaio com quem ela tinha sido vista muitas vezes.
―Olá, Mãe― ele demorou enquanto entrava em seu campo de visão.
―Desfrutando de sua manhã, eu vejo.
O fato de que ela nem sequer pareceu envergonhada o enojou. Ela
simplesmente acenou para que o lacaio saísse. Foi só o homem que revelou
qualquer indício de emoção que foi um olhar de tal raiva frustrada que Brant
pensou que poderia ser arrastado para uma luta. Em vez disso, o homem
agarrou a camisa e botas e saiu, não hesitando em obedecer a condessa.
―O que você está fazendo aqui?― Ela alisou as mãos sobre as saias de sua
roupa escandalosa com toda a calma e equilíbrio como se estivesse usando um
vestido adequado. ―Eu acredito que deixei claro que não queria que você
nesta casa.
―E eu acredito que deixei claro que você está aqui com meu
consentimento.
―Ah, sim, bem, eu estou trabalhando para mudar isso.
―Muito tarde. Eu tenho tudo por escrito. Eu também já tenho plena
autoridade sobre os meninos e Agatha ―. Por um momento houve tanta fúria
em seu rosto que ele teve que lutar com o desejo de dar um passo atrás. E, em
seguida, com a mesma rapidez, a fria expressão distante com que estava
acostumado retornou. Isso seria talvez, baixo de sua parte, mas ele iria
desfrutar completamente de tomar esta casa dela. Ela tinha feito isso sozinha,
feito o que quisesse com ela, embora ela sempre soubesse que não tinha
direito algum a propriedade. Ele tinha permitido isso simplesmente porque
seria problemático demais fazer o contrário. A pequena casa que tinha
comprado para abrigar sua amante ocasional lhe convinha mais.
―Você é homem e solteiro cujos caminhos perdulários são bem conhecidos.
Ninguém lhe daria poder total sobre uma garota de dezesseis anos.
―A garota é minha irmã e eu sou cabeça dessa família. Agora, estou
disposto a dar-lhe algumas semanas para colocar os seus assuntos em ordem
antes de você retirar-se para uma de suas propriedades de dote, mas o
contrato de casamento que está negociando com Minden está terminado. Não
haverá negociações com aquele homem e ele está, na verdade, proibido de vir
a esta casa.
―Eu vou ver a prova de seu poder antes.― Ela estendeu uma mão, os
seus dedos pesados com anéis, jóias e ouro. Brant mostrou-lhe os papéis. A
forma como as mãos dela se apertaram sobre eles, os nós dos dedos bancos, o
agradou que houvesse pedido duas cópias para si mesmo. Havia uma boa
chance esta cópia em breve estar em pedaços. No entanto, no momento em
que seu aperto diminuiu, tomou os papéis para longe dela.
―Eu não reconheço esse nome―, disse ela. Ele não tinha certeza de
porque, mas sabia que ela estava mentindo. ―Você não precisa o conhecer. A
única coisa que importa é que ele está mais acima na escada do que o homem
que você usou para usurpar meu lugar nesta família. Ele é também
incorruptível.
―Ninguém é.
―Exceto, talvez, um homem que teve seu filho roubado e colocado em
Dobbin House por você.― Ele notou que ela nem sequer tentou negar sua
participação no mal daquela casa. ―Eu gostaria de ver Agatha agora.
―Isso vai ter que esperar. Ela está fora em seu passeio da manhã com
suas amigas.
Ele queria questionar isso, mas decidiu que tinha pressionado o
suficiente por enquanto. ―Então diga a ela quando retornar que eu virei
chamá-la as três.
―Como quiser.
Essa aceitação branda enviou um frio a espinha, mas Brant novamente
decidiu que seria prudente não empurrar. Sua mãe não estava completamente
sã e não queria causar a Agatha mais problemas. Ele não tinha dúvidas, sua
mãe faria Agatha sofrer com sua raiva pela perda da casa e de seu poder sobre
a menina. Brant podia ver a frieza que Olympia e Artemis tinham falado nos
olhos cinzentos fixos nele agora. Se sua mãe tivesse tido uma arma sabia que
estaria lutando por sua vida.
―Eu vou deixar você planejando sua aposentadoria para o campo
agora―, disse ele e, depois de lhe dar uma reverência que foi tão rasa e rápida
igual a um tapa na cara, começou a sair da sala. Ele não pode resistir e parar
apenas dentro de sua vista pela última vez e sorrindo para ela dizer: ―Eu
aprovo este quarto e estou certo de que vou apreciá-lo em sua plenitude
quando morar aqui, depois de você se for. ―Ele ouviu o som de algo
quebrando antes de fechar a porta atrás dele e sorriu. Não havia ninguém
perto dela então ela poderia curtir sua raiva sem machucar ninguém por
enquanto. O lacaio que sua mãe tinha a seus pés passou por ele, obviamente,
correndo de volta ao seu lado. Brant estava ansioso para voltar a Warren para
que pudesse compartilhar sua boa notícia com Olímpia e, empurrando tudo
sobre a fúria de sua mãe para fora de sua mente, ele correu de volta para sua
carruagem.
Capítulo 16

―Bastardo!― Letitia pegou o pequeno vaso de flores que ela tinha


posto em cima da mesa e atirou-o através do quarto. ―Ele acha que ganhou?
Ele acha que pode fazer isso comigo? ―Ela encontrou outro vaso, um pouco
maior do que o primeiro e o arremessou também, mas o som da destruição
não fez nada para esfriar a fúria queimando dentro dela. ―Vamos ver quem
detém o poder.
―Milady?― Ela se virou para ver o grande homem que tomara como
amante, de pé a poucos metros de distância olhando para ela enquanto
esperava que fizesse mais do que jogar vasos. ―Ele se foi?
―Sim, milady.― Letitia respirou fundo e empurrou com cuidado a fúria
quente para baixo até que chiasse abaixo de sua pele. Ela tinha aprendido em
tenra idade que a raiva deveria ser mantida fria. Raiva quente fazia com que se
cometessem erros. Ela precisava planejar agora. Brant tinha encontrado uma
maneira de tirar seu poder e isso não podia ser tolerado. Ela olhou em volta
do quarto que tinha construído. Tais lugares necessitavam uma grande
quantidade de dinheiro para construir, era uma nova moda apenas começando
a tomar forma e tão cara que poucos poderiam realmente comprá-los mesmo
entre os mais prósperos da aristocracia. Para ela, era um sinal de que tinha
conseguido que tinha a sorte e o poder de fazer o que quisesse. Que não
precisava de um homem para se tornar uma pessoa temida. Não podia
permitir que Brant a colocasse nessa posição onde seu único poder vinha do
homem que era seu marido, pai, ou, neste caso, filho. Ela ia ter tempo para
reverter isso, no entanto. Seu filho já lhe custara muito e ela tinha perdido um
bom número de suas pessoas mais úteis. Com a queda de Dobbin House, o
ataque ao navio, e até mesmo o resgate do filho do marquês, ela havia sofrido
muitas perdas para recuperar tudo rapidamente. Pior ainda, os que ela
devidamente lidava estavam agora cautelosos em fazer negócios com ela, com
medo de que de alguma forma, seu filho houvesse descoberto todos os seus
negócios e logo estariam vindo atrás deles.
Brant e aquela cadela no cio Wherlocke precisavam morrer, pensou
maldosamente e, novamente, lutando para arrefecer o calor de sua raiva. Até
que pudesse encontrar uma maneira de conseguir o que precisava para mudar
tudo, para deixá-lo provar o sabor amargo da derrota. Ela também tinha de
fazê-lo de tal forma que ninguém pudesse provar que tinha qualquer parte
nisso.
Ela olhou para John, e seu amante atual, ela admitiu, escravo. Uma
coisa que tinha aprendido de seu bastardo e lascivo marido era como jogar
com a verdadeira fraqueza de um homem - suas paixões. John não poderia
recusar-lhe nada. Uma vez que ela podia fazê-lo ser enforcado uma dúzia de
vezes pelo sangue em suas mãos. Era um assassino relutante, no entanto, e
precisaria de persuasão quando chegasse a hora de mandá-lo atrás de seu filho
e sua mulher. Letitia realmente se perguntou por um momento se não devia
apenas incendiar a casa. Privaria o filho do prazer. Ela olhou em volta de novo
e sabia que não podia fazê-lo. Era o monumento ao seu sucesso e ela tinha a
intenção de mantê-lo, mesmo se fosse forçada a desistir dela por um tempo.
Isso deixava o outro prêmio que Brant tinha roubado dela. Agatha, sua
suave, e fraca filha. Ou, talvez não tão fraca como ela tinha pensado, porque a
menina, de alguma forma conseguiu que seu irmão a ajudasse em Londres. No
entanto, Minden queria desesperadamente a menina. Ele havia se convencido
de que, uma jovem tão inocente, de excelente linhagem, seria a cura da varíola
que estava comendo seu corpo e mente. Era uma crença tola, pois nada
poderia salvar o homem agora, mas Letitia tinha visto uma oportunidade de
tirar uma bolsa pesada do homem. Agora ela tanto conseguiria o dinheiro e
tanto cuspiria nos olhos de seu filho arrogante.
―John―, disse ela, e sorriu para ele de uma maneira que sabia que iria
agitar suas paixões, ―eu tenho algo que preciso que você faça.
―Sabe que eu vou fazer qualquer coisa para você―, disse ele enquanto
se aproximou e puxou-a em seus braços. Letitia engoliu a onda de aversão que
sempre a inundou a primeira vez que qualquer homem a segurava perto. Ela
odiava sexo. Odiava a bagunça dele, o suor, o cheiro, e a necessidade de ter
um homem tão perto para conseguir o que ela precisava. Tinha levado um
longo tempo para afiar suas habilidades sedutoras e aprender como esconder
o fato de que ela odiava tudo a ver com o ato sexual e os odiados homens.
Mas a primeira vez que percebeu que tinha algo que os homens desejavam,
havia começado a usá-lo para sua vantagem e tinha funcionado muito bem
para ela.
Ela deslizou os braços ao redor de seu pescoço. ―Eu preciso de você
vá e encontre Minden. Você deve dizer-lhe que a menos que ele aja
rapidamente perderá Agatha. Tudo que ele precisa fazer é trazer-me a soma
que nós acordamos da última vez e pode levá-la hoje.
―Eu sei exatamente onde ele está, milady.― Ele beijou seu pescoço.
―Você quer que eu saia agora?― Ela podia sentir o cume duro de sua
masculinidade pressionada contra ela e quase amaldiçoou. Havia um monte de
coisas que exigiria dele num futuro próximo, o tipo de coisas que ele sempre
precisava ser persuadido a fazer. Seria melhor se o começasse a persuadir
agora.
―Não, eu acredito que nós temos tempo.

Brant encontrou Olympia sentada em seu quarto à mesa de trabalho.


Pelo olhar dela, havia um monte de cartas entregues recentemente. Sua família
estava provando ser assustadoramente hábil em desenterrar os segredos de sua
mãe, bem como os que ela havia usado para forçar as pessoas a fazer o que
queria. Logo eles teriam mais do que suficiente para enforcar a mulher ou
extraditá-la. Ele estava pensando que o último seria bom, mesmo que ela
conseguisse escapar da cadeia, levaria um tempo muito longo para chegar
novamente à Inglaterra.
Ele se aproximou e beijou-a na lateral de seu pescoço, respirando o
cheiro dela e sentindo seu corpo apertar com a necessidade. ―Ocupada como
sempre. Sabe, você, com a ajuda de sua família, poderia ser uma boa
investigadora? ― Olympia riu. ―Então, eu poderia cansar minha família com
pedidos de informações sobre várias coisas.
―Talvez não. Você me disse que eles gostam de bisbilhotar nos
segredos das pessoas.
―Verdade―. Ela virou-se em seu assento para olhar para ele. ―Você
está parecendo muito satisfeito consigo mesmo. Será que você descobriu algo
que vai finalmente acabar com os jogos de sua mãe? ― Ele pegou os papéis do
bolso e entregou a ela. Estava ansioso para dar-lhe o presente que tinha tido
tempo de encontrar antes de vir para Warren, mas isso podia esperar até um
momento mais apropriado. Agora, foi um prazer para ele ver o rosto dela
enquanto lia. O sorriso que ela deu a ele quando terminou o deixou ainda mais
ansioso para levá-la para seus braços.
―Você fez isso―, disse ela e pulou para abraçá-lo e beijá-lo.
―Andras fez isso―, ele corrigiu. ―Quando fui pela primeira vez falar com ele
o achei muito jovem, talvez até mesmo muito gentil por natureza, para lidar
com isso, mas confiei em seu julgamento e estou muito feliz por tê-lo feito.
Ele sabe quais os caminhos a tomar para obter informações e, neste caso,
onde ir quando a autoridade que você precisa está corrompida.
―Então, ela tinha um segredo que usou contra um homem.
―Ela tinha e ele se recusou a mudar sua decisão por causa do medo de
que ela iria contar seu segredo para a única pessoa que ele não queria o
conhecesse, uma jovem mulher que ama muito. Seu primo não aceitou sua
recusa, disse que ele precisava contar o segredo para ela ou sempre seria um
peão usado pelos outros e, em seguida, procurou um homem com o poder de
mudar a decisão que o outro homem havia feito. Mamãe em breve terá de
deixar a casa da cidade e ela não tem autoridade sobre Agatha deste dia em
diante. ― Olympia o beijou, incapaz de resistir a ele quando parecia tão
satisfeito e relaxado. Levou apenas um instante para perceber que ambos
estavam famintos um pelo outro para estarem satisfeitos com apenas beijos.
Ela o queria muito quando eles estavam em Myrtledowns, queria o prazer que
podia dar-lhe para lavar o medo que sentira por seu filho. No entanto, eles
tiveram de dormir separados e não poderiam mesmo tentar roubar um pouco
de privacidade para si mesmos, a fim de alimentar a sua necessidade do outro.
Brant sabia que tinha que tê-la agora. Não ia ser qualquer ataque doce e terno
de amor, tampouco. Ele estava com muita fome dela. O olhar em seus olhos
lhe disse que ela compartilhava de sua ganância.
―A porta precisa ser trancada―, disse ele, relutante em soltá-la e trancá-
la. ―Depressa, então.― No momento em que ele deu um passo atrás, ela
começou a desatar seu vestido. Ele trancou a porta e, enquanto tirava o casco
e o colete caminhou de volta para ela. ―Não tenho certeza se quero esperar
até que você se dispa, não importa o quanto eu gosto de vê-la nua.
―Rápido, então.
―Muito rápido. Tão rápido que eu deveria ter vergonha de mim
mesmo. ― Ele beijou-a e levantou-a em seus braços. O momento em que ela
entrelaçou os braços e as pernas em torno dele, ele caminhou e a pressionou
contra a parede. As pequenas calçolas que ela usava eram fáceis de remover e
quando ele deslizou a mão entre as pernas dela a encontrou quente, as úmidas
boas-vindas de que tanto precisava. Ele rosnou sua aprovação contra o oco na
base de sua garganta quando ela desabotoou suas calças com seus dedos
longos e ágeis. No momento em que ele estava livre moveu-se contra seu
corpo até que o dela estivesse aberto para ele e, em seguida, empurrou para
dentro. Olympia segurou com força quando Brant empurrou nela uma e outra
vez. Foi um ato de amor duro, feroz e com pouca sutileza, mas seu corpo não
tinha nenhuma queixa. A fome dentro dela era tão feroz que rapidamente
começou a sentir que a tensão dentro dela lhe dizia que a felicidade estava
apenas ao virar da esquina. Beijou-o e um momento depois gritou em sua
boca quando o prazer tomou conta dela em ondas quentes. Ele se juntou a ela
naquele lugar doce em um batimento cardíaco mais tarde. Brant
cuidadosamente retirou-se de seu corpo e, ainda segurando-a nos braços,
cambaleou até a cama e caiu nela. Ele gostava da sensação de seu riso suave
contra sua garganta enquanto ela ajeitou-se em uma posição de modo a ficar
esparramada mais confortavelmente em cima dele. Olympia era a amante
perfeita, ele pensou. Ela combinava com sua paixão com perfeição e era tão
livre com a sua própria, que ainda se maravilhava sobre o fato de ele ser seu
primeiro amante real.
―Bem, isso foi uma boa celebração de vitória―, disse ela enquanto
acariciava seu peito, preguiçosamente se perguntando se ela devia desfazer sua
camisa para que pudesse sentir sua pele sob suas mãos.
―Um esforço digno, mas, talvez, se nós descansarmos um pouco,
podemos tentar ultrapassá-lo.
O riso borbulhando na garganta de Olympia de repente desapareceu e
uma frieza tomou conta dela. Ela olhou para a cabeceira da cama, mas
realmente não a via. O que ela viu foi uma Agatha aterrorizada lutando contra
um feio velho. Atrás deles estava uma senhora Mallam sorrindo com um
lacaio quase nu a seus pés. E em seguida, assim como rapidamente veio, a
visão se foi. Ela sentou-se em Brant, lutando contra a tontura, que sempre
vinha e acompanhava as visões raras que tinha.
―Agora você controlar tudo o que acontece com Agatha, correto?―
Ela perguntou. Algo em sua voz fez com que ele ficasse tenso e agarrou os
quadris dela com um pouco mais de força. ―Sim. Seja qual for o tipo de
negociação que minha mãe estava fazendo com Minden agora é nula e sem
efeito sem a minha aprovação completa.
―E onde está Agatha agora?
―Ela estava passeando com as amigas, mas poderia ter voltado para
casa agora. Por quê?
Olympia saltou dele e agarrou suas roupas do chão enquanto as vestia.
―Você tem que voltar.― Ele se levantou e começou a recolocar seu colete.
―Por quê? Como você sabe que eu tenho que voltar?
―Às vezes, na verdade raramente, tenho uma visão. Não como minha
prima e Chloe, é claro, mais rápida, imagens nítidas ou mesmo apenas uma
imagem acentuada de que eu faço algo ou vou a algum lugar. Eu só vi Agatha
lutando com um homem velho desagradável. Sua mãe estava lá assistindo,
com um sorriso no rosto. E por algum motivo estranho, havia um grande
lacaio de forma charmosa, ajoelhando-se a seus pés. ― Ele jogou o casaco e se
dirigiu para a porta. Seu medo por sua irmã renovado. ―Seria apenas a forma
como minha mãe acharia de me punir destruindo a Agatha ―. Correndo atrás
dele, Olympia disse: ―Você tomou o seu poder dela e o símbolo de seu
poder, que é aquela maldita casa. Ela provavelmente está tentando ofuscar sua
vitória sobre ela. ― Uma vez no hall, Olympia chamou Pawl, Artemis, e
Stefan. ―Não discuta―, disse ela quando Brant fez uma careta. ―Você não
sabe o que pode encontrar quando voltar para aquela casa. Seria sensato ter
alguém à sua volta.
―Concordo―, disse ele.
―E não faria mal nenhum ter um desses também―, disse Pawl quando
ele se aproximou e entregou a Brant uma pistola. ―Bom homem,― ele
murmurou enquanto embolsou a arma, mas Pawl já tinha saído para chamar a
carruagem. ―Vamos apenas rezar para que não seja tarde demais.― Ele olhou
para Olympia. ―Com que antecedência você vê algo antes que aconteça?
―Eu tenho tão poucas visões que é difícil dizer. Não muito, se bem me
lembro. Então, vá, e desta vez traga Agatha de volta para cá.
―Eu irei.
Ele não iria deixar a menina dentro de um quilometro perto de sua mãe
nunca mais. Quando pulou para dentro da carruagem que Pawl havia
chamado, e os outros se juntaram a ele, amaldiçoou a si mesmo por ser um
idiota. Ele devia conhecer sua mãe o suficiente para saber que ela iria procurar
alguma vingança por aquilo que ele tinha feito. Que melhor maneira de atacá-
lo do que ferir a irmã que tinha tentado tão duramente salvar. Sua mãe sabia
que a casa não dizia muito para ele.
―Você conseguiu essa carruagem rapidamente, Pawl―, disse ele,
esperando que falar mantivesse sua mente afastada de tudo que poderia estar
acontecendo com sua irmãzinha. ―Eles normalmente são um pouco mais
lentos para responder a uma chamada.
―Eu não chamei―, disse Pawl e sorriu. ―Viu-o sentado fora da casa do
primo de milady e disse ao homem que Sir Orion tinha nos dito para usá-la.―
Artemis e Stefan riram e Brant descobriu que ele era capaz de sorrir. ―Espero
que este Orion não repreenda muito Olympia por este roubo.
―Não,― disse Artemis, ―especialmente quando ele descobrir por que
roubou.― E assim rapidamente sua mente voltou a pensar em tudo o que
poderia estar acontecendo com Agatha. Ele estava tão tenso no momento em
que chegaram à rua onde Mallam House estava que seus ossos doíam. Assim
quando a carruagem parou atrás de outro carro estacionado diante da casa,
Minden lançou uma gritante Agatha na carruagem e pulou atrás dela. Brant
saltou de sua carruagem, mas já era tarde demais porque o motorista da outra
instigou os cavalos da carruagem de Minden que deu uma guinada e entrou
em movimento. Brant pulou ao lado do motorista de seu carro.
―Siga-os!
―Pode ser perigoso ir tão rápido por essas estradas―, protestou o
homem.
―Eu vou pagar por qualquer dano. Agora, mova-se!
―Milorde,― ele começou novamente. ―Mova-se agora ou eu vou
chutar você fora desta caixa e conduzir a carruagem eu mesmo. Aquela é a
minha irmã e aquele porco acabou de fugir com ela.
O motorista não discutiu mais. Brant logo percebeu que, apesar de sua
hesitação, o homem sabia como lidar com sua equipe nas estradas estreitas e
fazê-lo em alta velocidade. Pelo jeito da carruagem que perseguiram, o
motorista de Minden não era tão habilidoso. Brant só podia rezar para que sua
irmã não fosse prejudicada durante o que era para ser seu resgate.
O motorista de Minden fez o seu melhor, mas o desastre aconteceu
rapidamente. Ao virar uma esquina, o homem julgou errado e Brant prendeu a
respiração quando o carro balançou em duas rodas e depois caiu. Ele podia
ouvir Agatha gritar e viu como os cavalos arrastavam o carro um pouco mais
até parar. O fato de que o motorista tinha caído fora da caixa e as rédeas não
estavam mais nas mãos de ninguém provavelmente havia ajudado a parada
rápida, Brant pensou, no momento em sua carruagem parou, ele pulou para o
chão. O motorista, os sobrinhos de Olympia e Pawl, estavam bem atrás dele
enquanto corria para o carro caído.
―Veja como o motorista está―, disse ele a Pawl e, em seguida, olhou
seu motorista. ―Você pode fazer alguma coisa com os cavalos?
―Sim, milorde―, disse o homem e correu para acalmar os animais
assustados. Brant se aproximou do carro caído lentamente, Artemis e Stefan
flanqueando-o. O silêncio interior o deixava inquieto. Acidentes de carruagens
causavam muitas mortes para ele não ter medo por sua irmã. Ele estava a
apenas um passo quando a porta, agora situado na parte superior da estrutura
do móvel, abriu e Minden escalou para fora. Brant pulou para a frente, mas,
para uma velho devasso, Minden provou ser muito ágil e desceu do outro lado
da carruagem. Ele correu em volta e viu Minden mancando para longe. Era
fácil pegá-lo, mas, quando se aproximou, Brant estava relutante em tocar no
homem. Minden não podia mais esconder que tinha varíola. Ele parecia
miserável e imundo. Ou tinha saído com tanta pressa que não se preocupou
em tentar esconder as feridas no rosto ou elas estavam tão ruins agora que
não podia escondê-las por mais tempo.
―Desista, Minden―, disse ele.
―Eu tenho direito a menina. Sua mãe ganhou um bom dinheiro por ela
e assinou os papéis de noivado ―, o homem disse, olhando ao seu redor
como se alguma porta mágica fosse se abrir para ajudá-lo a escapar.
―Minha mãe não tinha o direito de negociar com você e você sabe
disso. O quê? Será que pensa que despojando minha irmã mais nova irá curá-
lo?― Ele podia dizer pelo olhar que passou sobre o homem de rosto
arruinado que Minden tinha pensado exatamente isso. ―Idiota. Tudo o que
teria acontecido seria que você teria infectado uma inocente com sua doença.
Eu acho que a loucura que vem com a podridão já se infiltrou em sua mente.
―Valia a pena tentar.― Minden deu de ombros e, em seguida, puxou
sua pistola. Brant tentou alcançar a sua mesmo sabendo não teria tempo para
tirá-la do bolso e mirar antes de Minden atirar nele. Enquanto pensava em
qual era a melhor direção para se mover, um tiro ecoou. Minden parou por
um momento e então lentamente desabou no chão. Brant então viu Pawl de
pé atrás do homem com uma pistola na mão. Que ele correu e tirou de Pawl.
―Melhor se dissermos eu atirei nele―, disse e entregou sua não disparada
arma para Pawl.
―Isso certamente vai salvar-me de ter que falar com um monte de
gente. Sua irmã está bem. Algumas contusões e alguns rasgos em seu vestido,
mas nada mais. Artemis e Stefan estão mantendo-a atrás da carruagem, para
que ela não possa ver isso.
―O motorista de Minden?
―Morto. Cabeça aberta quando caiu na estrada. Tenha certeza de que
sua irmã não possa ver isso também.
Brant viu Agatha de pé entre os sobrinhos de Olympia, cada menino
falando baixinho enquanto tentavam aliviar seu medo. Ela o viu e correu para
seus braços. Por um momento, Brant apenas segurou-a, grato de que não
houvesse sido prejudicada. Uma vez que seu próprio medo se acalmou, ele
segurou-a para longe dele e olhou-a, vendo somente o que Pawl tinha dito que
estava lá.
―Ele tocou em você?― Perguntou a ela.
―Não da forma que eu acho que você quer dizer. Ele estava tão
doente, Brant. Miseravelmente doente. Cada vez que ele falava você poderia
quase sentir o cheiro da podridão dentro dele. Mamãe me deu a ele de
qualquer maneira. Ele entregou-lhe uma conta no banco e ela me entregou a
ele.― Ela balançou a cabeça. ―Eu não reconheço aquela mulher,― ela
sussurrou.
―Nem eu o que provavelmente é uma coisa muito boa. Espere com os
meninos, Aggie―, ele disse em voz baixa quando notou um homem com
cabelo cor de prata e um ar de autoridade caminhar em direção a eles. Como
Brant esperava, o homem era um magistrado. Ainda mais conveniente para
Brant que o homem tivesse visto tudo, de sua janela, enquanto lutava para se
vestir. Isso significava que ele tinha visto quem atirou em Minden, mas não
disse nada quando Brant confessou o tiroteio, só escreveu tudo e, em seguida,
disse que ele estava livre para sair. Quando Brant caminhou até seu carro, viu
o magistrado tocando o braço de Pawl, parando o primo de Olympia para
algumas palavras antes de sorrir e deixar Pawl ir.
―Eu não quero ir para casa, onde nossa mãe ainda está, Brant―, disse
Agatha no momento em que ele subiu na carruagem.
―Vou levá-la para Warren e logo vou te levar para Fieldgate se quiser,―
ele disse enquanto se sentava ao lado dela e colocava seu braço ao redor dela.
―Eu acho que gostaria disso,― ela murmurou e descansou a cabeça em seu
ombro.
Brant olhou para Pawl. ―O que o magistrado disse para você?―
Pawl sorriu. ―Perguntou-me se eu já havia sido um soldado. Eu disse que não
e ele disse que era uma pena porque como militar ele poderia usar um homem
com um olho bom para atirar. ― Balançando a cabeça, Brant riu. ―Eu sabia
que ele tinha visto tudo, mas quando não questionou a minha afirmação de ter
atirado em Minden, pensei que ele fosse deixar isso de lado.
―Por que isso importa?― Perguntou Agatha. ―Minden estava prestes a
atirar em você, não estava?
―Pawl é um servo―, respondeu Brant. ―Não deveria importar, mas
importa. Mais fácil apenas deslizar uma pequena mentira e terminar tudo.
No momento em que chegaram a Warren, Brant entregou sua irmã aos
cuidados de Olympia. ―Eu irei precisar voltar para Mallam House. Tenho de
ter certeza de que minha mãe saia livre disso.
―O que vai acontecer com a mamãe?― Perguntou Agatha de onde ela
se pressionava perto de Olympia, disposta a aceitar o conforto que ela oferecia
com um braço em volta dos ombros da garota.
―Há muito que poderia ser feito. Eu estava pensando que o melhor
seria mandá-la para o mais remota de suas terras de dote com alguns guardas
que sejam confiáveis. Vou deixar claro para ela que deve permanecer lá e deve
cessar o que tem feito. Se ela fugir ou começar a jogar seus jogos viciosos
novamente, eu vou vê-la punida como a criminosa que é mesmo que eu tenha
de enviá-la para o carrasco.
―E você faria isso? Realmente?
―Se ela não ficar onde for colocada e tentar voltar para o que vem
fazendo aqui há anos, sim. Sem hesitação. Eu estou oferecendo-lhe uma
prisão confortável. Ela seria sensata ao aceitar isso.
Ela seria, Olympia pensou enquanto assistia Brant sair, mas Lady Letitia
não era uma mulher que aceitaria sua queda do poder com dignidade e graça.
Um arrepio de presságio tomou conta dela, mas lutou para ignorá-lo. Olympia
disse a si mesma que era apenas um temor de que Lady Mallam era, uma fria,
má mulher, e nada significava. Ela voltou sua atenção para Agatha.
―Vamos para o meu quarto e você poderá ter um banho―, disse ela
enquanto encaminhava a menina para as escadas.
―Oh, sim, por favor, aquele homem estava doente―, disse Agatha e
estremeceu. ―Ele tinha feridas no rosto e cheirava como se já estivesse morto,
mas alguém tivesse se esquecido de dizer-lhe para se deitar ―. Olympia
reprimiu um sorriso. Havia espírito na garota. Um pouco de tempo sem Lady
Mallam sobre ela a controlar sua vida, e a menina ia rapidamente florescer na
mulher que deveria ser.
Levou algum tempo para deixar Agatha limpa o suficiente para sua
própria aprovação. Olympia compreedeu. Ainda que a menina não tivesse
sido violada, ou até mesmo acariciada, ela tinha estado na presença de um
homem que planejava fazer ambos. Pior que o homem tinha estado
obviamente doente e qualquer um gostaria de ter certeza de que nada da
infecção os tivesse tocado. Olympia não estava prestes a explicar à menina
que o toque não era o caminho para se obter uma doença como a de Minden,
pelo menos não um simples toque, como uma mão que agarra um braço
vestido, que foi, aparentemente, tudo o que ele tinha feito a Agatha.
―Então, Brant é agora o verdadeiro chefe da casa?― Agatha perguntou
quando Olympia ajudou-a a se vestir com um velho vestido de Olympia.
―Sim, ele tem os papéis assinados e tudo para prová-lo também.
―Espero que a acorrente em algum lugar.
―Para sua mãe, ser confinado em um canto remoto do campo, incapaz
de governar a sociedade pela qual ela respira e vive, para ela vai ser como se
estivesse acorrentada.
―Bom.
―Isso certamente vai tornar a vida mais pacífica.
―Eu acho que ela era uma mulher muito má. Eu não sei de tudo o que
ela fez, mas posso adivinhar. Havia um monte de crianças que simplesmente
desaparecia enquanto ela tinha o controle sobre mim.
―Você já tinha dito isso a Brant?― Olympia não podia acreditar que ele
teria ignorado uma coisa dessas. ―Sim, mas agora estou certa de que todas as
minhas cartas para ele foram lidas e qualquer uma que dissesse algo que
mamãe não quisesse ou não gostasse, eram destruídas. Eu ficava tão triste e
com raiva de Brant e ele não merecia isso. Minha mãe que estava fazendo
tudo isso. ― Havia tanta fúria na voz da moça que Olympia queria abraçá-la,
mas sabia que palavras e toques reconfortantes não iriam curá-la. Agatha tinha
que consertar seu próprio coração. Um tempo sem sua mãe em torno dela iria
ajudar tremendamente. Uma companhia ou governanta firme, mas amorosa
também ajudaria e ela tinha algumas pessoas que iria recomendar a Brant
quando ele voltasse.
Bastou mencionar o nome dele e ela estremeceu, mas desta vez não era
de prazer. Olympia fez uma pausa em escovar o cabelo de Agatha e estudou o
que ela estava sentindo. O frio não estava saindo, só estava crescendo pior. A
escova caiu de sua mão quando Olympia entendeu o que aquilo significava.
Lady Mallam não tinha terminado com a sua vingança.
Capítulo 17

―Eu quero que você, Pawl, veja quais servos ainda ficaram e tenha
certeza de que nenhum deles vá atrás de mim. E eu acho que, provavelmente,
você possa dizer quais podem valet ou não a pena manter ―disse Brant.
―Sim.― Pawl assentiu. ―Isso eu posso fazer. Nós entraremos agora?
Brant suspirou enquanto olhava para frente da casa, que temia que
tivesse sido irremediavelmente maculada por sua mãe ao longo dos últimos
anos. Ele nunca saberia tudo o que tinha acontecido naquela casa ou tudo o
que tinha sido comprado com dinheiro obtido pela venda de inocentes. Tinha
que haver alguma maneira de deixa-la nova porque ela guardava a longa
história de sua família e ele sabia que odiaria desistir da casa.
―Sim, é melhor terminar com isso,― ele finalmente disse.
Pawl, Artemis, e Stefan seguiram para a casa. Uma vez lá dentro, os três
saíram para encontrar quaisquer servos que pudessem. Brant teve de decidir
onde sua mãe poderia estar. ―Milady está na sala de estar.
Ele olhou para cima para ver o mesmo jovem lacaio que o havia
ajudado antes. ―Disseram-lhe para sair daqui? ― Ele perguntou, um pouco
surpreso porque estava certo de que era um bom homem e que não se
importaria de tê-lo a seu serviço.
―Não, me disseram para descer e ir para a cozinha porque eu disse ao
jovem no andar de cima que lá havia algumas coisas que seria sábio que
mandasse embalar.
―Vá em frente. A casa em breve será só minha de novo e você terá um
emprego se desejar.
―Isso desejo, milorde. Tenho que ajudar a minha família. Tenho oito
irmãos. ―Ele passeou para as cozinhas, obviamente, mais do que pronto para
ajudar na separação das ervas daninhas dos bons.
Brant fez o seu caminho para a sala de desenho. Entrou e viu sua mãe
imediatamente. Ela estava perto da janela com um vestido lavanda que devia
ter custado mais do que muitos ganhavam em um ano, mesmo entre a
nobreza. Era elegante, feito do melhor material e amarrado com o mais caro
dos laços, mas tudo o que ele viu foi a miséria das crianças que ela tinha
vendido para pagar por isso. Quando ela tinha começado a odiar crianças, ele
se perguntava, por que ele não tinha outra explicação para como ela tratava os
jovens e inocentes como fizera.
―Mãe, está na hora―, disse ele.
―Na hora de quê, filho ingrato?― Não havia raiva em sua voz ainda
assim Brant estava certo de que ela estava violentamente furiosa e essa falsa
calma o deixava inquieto.
―De você fazer as malas para ir para sua casa no campo.
―Você me disse que eu tinha tempo para colocar as coisas em ordem.
―Isso foi antes que você vendesse Agatha para Minden. Você sabia que
não tinha o direito de fazer isso, sabia que ia contra todos os documentos
legais que eu disse que estavam corretos, mas você entregou-a de qualquer
maneira.
―Ela está na idade para se casar e começar a ter filhos.
―Ela tem dezesseis anos apenas. Minden também estava doente,
crivado com a varíola, e você sabia disso muito bem. A estava vendendo a um
homem que iria começar a matá-la na primeira vez em que se deitasse com ela.
―E essa não é a carga de uma mulher?― Ela virou-se para enfrentar
Brant e pode ver seu marido nele, algo que fez a fúria que estava lutando para
controlar se remexer dentro dela, exigindo a libertação. ―Eu não era muito
mais velha quando o meu pai me vendeu para o seu. Mesmo quando o seu pai
compartilhou a cama comigo e me fez ter seus filhos enquanto ele estava
compartilhando a cama de tudo o mais que usasse saias e a que pudesse por as
mãos. Quando ele ficou muito velho e pobre demais para jogar entre as
cortesãs voltou para casa e fez de novo. Comigo, com as empregadas, com as
moças da aldeia, e nos fez ter seus filhos. Então ele colocou as
crianças feitas em outras mulheres bem em frente de mim, tornando-os
nossos servos para que eu tivesse que vê-los todos os dias.
―Uma situação miserável, mas você não pode culpá-los pelas coisas
que você fez.― Ela encolheu os ombros. ―Eu precisava de dinheiro.
―Dinheiro feito à custa de crianças inocentes. Você sabia o que
acontecia em Dobbin House. Você entrou lá. Você sabia o destino que essas
crianças sofreriam e ainda assim os vendeu e comprou caros vestidos.
―Você não me deu muito com o que viver, não é? Eu tinha uma
posição a manter.
Ele balançou a cabeça como se pudesse tirar suas palavras de sua
memória. Seria reconfortante de certa forma pensar que ela tinha perdido
completamente sua mente, mas, embora ele admitisse abertamente que havia
algo errado com ela, não achava que ela era louca. Era uma mulher mercenária
e fria que não se importava com o que tivesse de fazer ou quem tivesse de
machucar para manter o que considerava ser seu lugar no mundo. Isso, e
todas as coisas caras que ela sentia que eram realmente importantes na vida.
―E agora você tenta me culpar―, disse ele. ―Você fez o que fez por si
mesma. Eu começo a pensar que tudo o que já fez em sua vida foi por você
mesma.
―Eu não passei pelo inferno de dar à luz por mim.
―De certa forma, eu acho que você pode ter passado sim. Papai não
era o único que queria ter certeza de que teria um herdeiro. Você precisava de
um, precisava de um filho que pudesse moldar como quisesse para que
pudesse ter o poder sempre. Agatha, Emery e Justin eram apenas a sua
segurança. Mais dois filhos em caso de eu não me sair como você desejava, e
outra filha. Afinal, veja o quanto de lucro que ganhou ao vender as outras.
―Seu pai vendeu Mary e Alice.
―Não, eu começo a pensar que você tinha as rédeas firmes no papai e
sabia como levá-lo para o que você desejasse que fosse feito. A infidelidade?
Eu não acredito que se incomodou nem um pouco porque deixou-a livre para
fazer o que quisesse, para assumir o controle de tudo. Papai estava tão
ocupado no cio, bebendo, e jogando, ele estava mais do que feliz em entregar-
lhe todo o trabalho. Eu deveria ter visto isso antes, mas era fácil para mim só
achar que papai era tolo. ―E assim como eu porque nunca realmente percebi
que você tinha essas suas mãozinhas delicadas em tudo. Só recentemente
percebi que você estava roubando de todos nós há anos. Eu pretendo reunir
todos os papéis de todas as propriedades e fazer uma visita ao seu advogado,
o instinto me diz que pode ter sido deixado algo para todos os meus meios-
irmãos. Pareceria como se você tivesse feito para que eles ficassem com nada,
até mesmo papai deixaria algo para eles.
―Eu fiz todo o trabalho. Eu construí tudo o que fez Fieldgate rentável.
Eu era mais o conde daquelas terras do que ele já foi e ainda assim ele sentia
que poderia dar os lucros de meu trabalho duro para seus bastardos? Tolo.
Tenho governado o advogado dele desde pouco depois que você nasceu. ―
Havia o fantasma de uma fúria borbulhando em sua voz e Brant se perguntou
o quão longe ele a poderia pressionar. Pela primeira vez estava recebendo
algumas informações de que precisava. Agora ele sabia que seu irresponsável
pai realmente tinha deixado algo para todos os filhos que tinha criado. Poderia
até haver uma prestação de contas de onde cada uma dessas crianças, ou
homens, estavam.― Agatha e os meninos têm alguma coisa sobrando? Tão
fácil para você roubá-los uma vez que no momento em que eles nasceram
você já estava realmente com controle completo de todas as contas.
―Eu não precisei de nada para vender Agatha para Minden, não é? Ele
estava disposto a pagar por uma virgem bem-educada em uma vã esperança
de que ela seria sua cura.
―Não, você não precisou de nada.― Ele suspirou. ―Então, responda a
minha pergunta. Você sangrou suas heranças até secarem?
―Eu não as sangrei. Tive a certeza de que eles nunca tivessem uma,
para começar.
―Eu vou resolver isso. Agora, eu sugiro que você vá e embale suas
coisas porque está indo para Hillsbury House. ― Ele não ficou surpreso ao
vê-la estremecer. Era uma casa linda, espaçosa com uma bela área no Lake
Country. Lá não teria nada remotamente parecido com uma sociedade, no
entanto. Haveria uma beleza natural, mas sua mãe não era ninguém que se
interessasse por essas coisas. Ela estaria completamente isolada de tudo o que
lhe importava e interessava. E ele iria ter certeza de que os guardas que tivesse
não eram do tipo que ela poderia seduzir como havia feito com seu lacaio.
Pensando naquele homem grande, Brant olhou em volta. ―Onde está seu
amante?
―Ele se foi. Ele não tinha nenhum desejo de deixar a cidade. ―Ela
puxou sua mão para cima de onde ela tinha estado dobrada em suas saias e
apontou uma pistola que tinha escondido lá direto para o coração dele. ―E eu
também. Não pretendo desperdiçar o que resta da minha vida em uma
pequena cabana no meio do nada.
―Você iria matar o seu próprio filho para escapar desse destino?
―Na verdade, Brant, no momento eu iria matá-lo apenas pelo prazer de
fazê-lo.

Olympia correu para fora de seu quarto chamando por Pawl. No meio
da escada, ela lembrou-se que Pawl tinha ido com Brant. Ela só se acalmou
um pouco porque não achava que teria tido um pressentimento tão forte se
Pawl estivesse próximo de Brant
―Porque você está gritando por meu marido?― Disse Enid quando ela
veio correndo para fora da cozinha, com Thomas e os outros quatro meninos
bem atrás dela.
―Eu preciso chegar a Brant―, disse Olympia.
―Há algo errado?―, Perguntou Agatha quando ela chegou ao lado de
Olympia.
―Eu só sei que eu tenho que chegar até Brant.― Enid olhou para ela
por um momento e então assentiu. Ela marchou para a porta da frente e
olhou para a rua em direção a casa de sir Orion. ―Você está com sorte. A
carruagem de seu primo ainda está lá fora.― Ela olhou para os meninos.
―Vocês todos vão com ela.
―O que está errado?―, Perguntou Agatha. ― Brant está em apuros?
―Bem, isso é o que Olympia está prestes a descobrir. Agora venha para
a cozinha comigo e nós poderemos começar a fazer esse cabelo secar mais
rápido se você se sentar ao lado do fogão.
Olympia pegou sua capa e correu pela rua. Ela viu o motorista olhar
para ela e os meninos nervosamente. O pobre homem já tinha tido uma
aventura com sua família. Ela suspeitava que ele não tinha muito desejo de ter
outra.
―Eu preciso que você nos leve para Mallam House―, disse ela quando abriu a
porta da carruagem e todos os cinco meninos saltaram dentro.
―Eu acabei de voltar e de descansar por ter feito isso da primeira vez.
Não tenho mente para fazê-lo novamente.
―Se você não fizer isso e milorde Fieldgate for ferido, eu vou caçá-lo e
atirar em você como um cão.
―Entre―, disse ele em uma voz resignada.
―E você tem que chegar lá o mais rápido que puder.
―Claro. Nenhum de vocês parecem querer ir devagar. ―
Olympia saltou para dentro do carro e sentou-se entre Thomas e David.
Quando a carruagem começou para se mover, ela olhou pela janela e viu seu
primo Orion sair para embasbacar com a visão de sua carruagem correndo
pela rua. Poderia ter sido uma boa ideia pedir-lhe para vir junto, mas ela
encolheu os ombros. Era tarde demais agora.
―Exatamente por que nós estamos correndo para aquele lugar para
encontrar a sua senhoria?― Perguntou Abel. ―Tenho a sensação de que ele
vai ter necessidade de nós muito em breve―, ela respondeu.
―Você tem um desses dons que os outros têm?
―Sim, embora não tenha visões com frequência. Eu apenas sei que nós
temos que chegar a Brant assim que pudermos.
―Então nós iremos também, eu estava pensando que o motorista irá
correr ante nossa visão pelos próximos meses. ― Olympia realmente riu.
―Sim, muito possivelmente.― Ela sabia que o homem havia chegado a
Mallam House com velocidade impressionante, mas ainda sentiu como se
fossem horas. Com cada volta das rodas temia que fosse tarde demais. Ela não
sabia de que tipo de ajuda ele precisava, mas o frio em seu sangue estava
muito afiado para se ignorar.
―Obrigado!― Ela disse enquanto saltava do carro. ―Pare em Warren e
diga a minha empregada que você precisa ser pago.― Ela ignorou suas
murmuradas maldições e correu para dentro da casa. Assim que entrou pela
porta Olympia quase foi de encontro a um homem alto, um magro lacaio. ―A
condessa?
―Quem é você?
―A baronesa de Myrtledowns e eu preciso ver o conde de imediato. Eu
sei que ele está com a condessa.
―Sala de estar,― ele disse e apontou o caminho a percorrer.
Olympia permitiu que seus instintos a guiassem. Ela não correu até as
escadas quando seu coração exigiu, mas foi lenta e silenciosamente. Ela se
surpreendeu um pouco em quão tranquilos estavam cada um dos meninos.
Sinalizou-os a parar quando eles estavam perto da porta, ela chegou mais
perto. Quando ouviu o que estava sendo dito seu coração doeu por Brant.
―Eu não pretendo desperdiçar o que resta da minha vida em uma
pequena cabana no meio do nada―, disse Lady Mallam.
―Você iria matar o seu próprio filho para escapar desse destino?
―Na verdade, Brant, no momento eu iria matá-lo apenas pelo prazer de
fazê-lo.
Essas palavras enviaram um tremor de medo através de seu corpo, e
Olympia acabou se movendo mais para perto. Lady Mallam estava de frente
para Brant, uma pistola na mão. A mulher tinha um leve sorriso no rosto, mas
nada mais sobre sua expressão revelou emoção alguma. O que preocupou
Olympia, no entanto, foi a forma de parar o que estava prestes a acontecer,
sem ser morta ou deixar Brant ser morto. Um tapinha em suas costas a fez
afastar-se lentamente da porta e olhar para Abel.
―Ela irá atirar nele.― Abel agarrou-a pelo braço e fez avançar ainda
mais longe da porta. ―Ele vai mantê-la falando, na esperança de que alguém
venha. Tenho certeza em meus ossos de que temos algum tempo. Como você
é em escalar?
―Excelente. Por quê?
―Deverá ser uma subida fácil à direita da parede e na janela à direita
atrás de onde aquela bruxa está de pé. Você pode chegar lá em cima nessas
saias?
―Eu posso, mas não seria melhor que um de vocês, rapazes, a. . . ― Ela
gaguejou quando viu o medo em seus rostos que todos eles lutavam para
esconder. A subida até a janela era obviamente uma altura que nenhum deles
tinha estômago para aguentar. ―Eu posso fazer isso. Mas, o que você
pretende fazer? Eu não quero nenhum de vocês se colocando em risco.
―Nós vamos ficar bem. David, vai encontrar Pawl porque eu sei que
ele tem uma pistola. ―Ele olhou para Olympia. ―A janela, senhora? ― Ela
assentiu com a cabeça e saiu correndo tão rápido quanto podia sem alertar
Lady Mallam de sua presença.
Abel faria um excelente soldado, ela pensou enquanto corria para fora
da porta e para o lado da casa. Ela fugazmente notou que o carro que haviam
roubado de Orion ainda estava lá e o motorista estava assistindo a tudo.
Curiosidade ou uma necessidade de ter certeza de que seria pago, supôs.
Parando sob a janela, ela amarrou as saias e rezou silenciosamente para que
ninguém estivesse olhando para fora de suas janelas nas casas vizinhas.
Olhando para cima, percebeu que era uma escalada fácil. Havia tanta alvenaria
decorativa no lado da casa que era quase como se alguém tivesse colocado
passeios lá em cima. Assim quando ela começou a subir olhou ao redor para
ter certeza de que não havia ninguém que poderia ser uma ameaça para ela na
área. Algo chamou sua atenção próximo ao muro do jardim e uma vez que
estava um pouco mais em cima, ela olhou novamente e quase engasgou. Um
homem grande estava esparramado no chão apenas no interior das paredes do
jardim e até mesmo de cima, ela podia ver que ele estava muito morto. Lady
Mallam estava limpando a casa, ela decidiu.
Orando a cada passo do caminho, ela subiu até a janela. Não foi até que
chegou lá que percebeu que tinha demasiada confiança em Abel. Ela não tinha
nem sequer perguntado se a janela estava aberta. Para seu alívio estava e
suspeitava que ele tinha visto isso também na breve espiada que tinha tomado
do quarto. Olympia disse a si mesma que tinha que se lembrar de mencionar
essas habilidades para Brant e talvez um ou dois de sua família. Abel tinha um
grande potencial. Espiando por cima do parapeito, ela suspirou interiormente
com um alívio tão forte que teve que segurar com firmeza o peitoril da janela.
Brant ainda estava vivo. Ele estava falando, fazendo tempo para alguma
chance de resgate, assim como Abel tinha predito. Ela só queria que tivesse
perguntado o que ele esperava que ela fizesse agora que estava pendurada na
parede da casa atrás de Lady Mallam.

Brant olhou fixamente para sua mãe e leu a intenção de matá-lo em


seus olhos. Ele esperou que isso doesse mas não sentiu nada. Ao longo dos
últimos dias quando havia descoberto mais e mais sobre a mulher que o tinha
colocado no mundo, o último de seu vínculo com ela, ténue, se é que havia
existido, tinha sido cortado.
―Eu não vim aqui sozinho, você sabe―, disse ele. ―Você não pode me
matar e ir embora. Desta vez irá pagar por seus crimes, como eu começo a
pensar que deveria ter sido enforcada muitas vezes antes.
―Eu nunca matei ninguém.
―Não, eu suspeito que você nunca sujou suas próprias mãos, embora
não por falta de estômago para fazê-lo. Vocês só queria ter certeza de que, se
um corpo fosse encontrado e todos os sinais apontassem para você, poderia
virar-se e apontar o dedo para outra pessoa.
Ela encolheu os ombros ligeiramente. ―Sacrifícios devem ser feitos.
―Você realmente acredita que tudo que diz ou fez você apenas não se
importa?― Ele pensou sobre o que ela tinha respondido quando ele tinha
perguntado sobre seu amante. ―Você o matou. Você assassinou seu amante.
Com medo de que ele soubesse demais para deixá-lo viver?
―Como eu disse, sacrifícios devem ser feitos. Agora, para o meu
próprio bem-estar, você está me forçando a matar um dos meus próprios
filhos. Você deveria ter apenas ficado no campo, bebendo e fornicando, e
lentamente tornando-se assim como o seu pai. Ou isso, ou você poderia ter
feito como um bom filho e casado com uma mulher que eu tivesse escolhido
para você.
―É por isso que você fez com que Faith morresse?
―Ela era claramente fraca. Eu perdi um monte de dinheiro quando
você se recusou a casar-se com Henriette.
―Minhas desculpas.― Ele sabia que não estava sendo tão bem sucedido
em manter toda a sua emoção, todo o seu desgosto e fúria, fora de sua voz
quando ela olhou para ele como se fosse alguma estranha curiosidade. ―Você
deve saber que não pode vencer esta. Se me matar e será enforcada.
―É um risco, mas um que eu estou disposta a tomar. Tenho me
tornado muito boa em julgar as probabilidades―. Ela franziu o cenho quando
houve um ruído suave no corredor. ― que foi isso?
―Eu disse que não vim aqui sozinho.
―Bem, não importa porque eu posso atirar em você antes que qualquer
um entre aqui para me impedir. Eu sou na verdade uma atiradora muito boa.
Brant queria perguntar-lhe se seu pai tinha realmente morrido de
insuficiência cardíaca como todos pensavam quando notou um rosto muito
familiar aparecer ao longo da borda da janela atrás de sua mãe. Seu coração
parou em seu peito por um momento e ele teve que lutar muito para manter
seu medo por Olympia fora de seu rosto. Não só ela tinha se arriscado a subir
o lado da casa, mas agora corria o risco de ser baleada por sua mãe. Se eles
saíssem dessa com vida, ele iria estrangulá-la. E então ele soube. Foi um
momento incrivelmente estranho para seu coração revelar uma verdade, que
sua mente tinha tentado ignorar. Ele amava a mulher que agora atirava uma
das pernas sobre o peitoril da janela. Amava mais do que sua própria vida.
― Fico feliz de ouvir isso. Eu odiaria que você me machucasse e me
deixasse sofrer de dor e de uma possível infecção.
―Você desenvolveu uma língua muito afiada. Não é algo próprio de
um cavalheiro. ― Ele piscou e não se surpreendeu ao ver Olympia parar em
sua entrada furtiva para olhar para a sua mãe em estado de choque e de boca
aberta. Lady Mallam tinha soado muito como uma mãe em um momento de
bronca. Ela estava prestes a matá-lo e estava preocupada sobre como ele era
cavalheiresco? Brant perguntou se ele estava errado em sua avaliação de seu
estado mental. Em seguida, o som mais fraco de pano rasgando quebrou o
silêncio. Brant gritou quando sua mãe se virou para o som. Ele se lançou em
direção a ela, mas ela disparou sua pistola antes que ele pudesse alcançá-la.
Olympia gritou e desapareceu sob o peitoril. Brant, nem mesmo considerando
o fato de que estava dando a sua mãe a chance de recarregar ou rearmar,
correu para a janela. O som de um outro tiro o deteve mas não sentiu nada.
Ele olhou para trás para ver Pawl em pé na porta. Ele então olhou para a sua
mãe e viu-a no chão, uma pistola em seus pés e outra em sua mão. Ela tinha
estado pronta para matá-lo novamente. Brant voltou para a janela. Ele
respirou fundo para se firmar. Temia ver o corpo partido de Olympia no
chão.
―Ela está morta?
Ele recuou um passo com surpresa. ―Olympia?
―Sim, e você poderia se apressar e me dar uma mão, por favor? Não
estou certa de quanto tempo mais posso me segurar e estou certa de que
alguém deve estar olhando pela janela agora. ― Ele se inclinou para fora da
janela e a viu pendurada por seus dedos a partir da borda estreita do lado de
fora.
Brant estava tão aliviado ao vê-la viva, ele estava tremendo. Ele se inclinou,
agarrou-a pelos pulsos e puxou-a pela janela. No minuto em que seus pés
tocaram o chão, ele a abraçou até que um suave rangido seu lhe disse que
estava abraçando-a com muita força.
―Sua mãe?― Perguntou Olympia.
―Morta―, ele respondeu e pensou que Olympia parecia um pouco
pálida.
―Ainda não―, disse Pawl de onde ele se agachou diante de Lady
Mallam ―, mas não há como salvá-la. Sinto muito, senhor.
―Não há nada que você precise se desculpar,― disse Brant quando
relutantemente soltou Olympia e passou a se ajoelhar ao lado de sua mãe.
Letitia Mallam, condessa de Fieldgate, estava morrendo. Ele podia ver isso em
seus olhos e na maneira como ela estava respirando. Seria difícil para os
Mallams mais jovens, mas ele suspeitou que não seria assim tão difícil. Uma
coisa que isso dava ele a era oportunidade de esconder todos os crimes que ela
tinha cometido. Ele só tinha que vir com uma razão muito boa do porque ela
havia sido baleada em sua casa.
―Eu acho que o lacaio dela está morto nos jardins―, disse Olympia
quando apressadamente colocou para baixo as saias, sabendo que não
conseguiu esconder a sua própria condição por muito mais tempo.
―Briga de amantes?― Perguntou Pawl.
―Excelente―, concordou Brant, ―e eu sei de um homem para nos
ajudar a fazer isso acontecer.― Ele olhou para os rapazes todos se reunidos na
porta. ―Pode um de vocês trazer Dobson para mim?― Ele perguntou.
―Eu vou―, disse Abel e franziu a testa para Olímpia ―, mas. . . ―
Olympia balançou a cabeça, silenciando-o, sabendo que ele tinha percebido
que algo estava errado com ela. ―Mas você pode ter que dar-me algum
dinheiro. A carruagem que viemos não foi paga e a que você veio também
exigirá algum dinheiro para levar o menino para obter Dobson.― Ela se
sentou sob a janela e encostou-se à parede para preservar sua força.
Brant às pressas colocou algum dinheiro para Abel, que o menino
tomou e, em seguida, correu para buscar Dobson. Ele voltou sua atenção de
volta para sua mãe, que estava olhando para ele com aquele mesmo
inquietante sorriso. Era como se ela ainda soubesse de algo que ele não sabia e
teve a sensação de que não desejava saber, tampouco. Ele conseguiu segurar o
impulso de perguntar por vários minutos enquanto a olhava morrer
lentamente com tanta calma tranquila que ele estava desconfortável com isso.
No entanto, quando olhou novamente, não tinha dúvida de que o ferimento
era fatal, que era realmente muito surpreendente que ela estivesse se
segurando a vida por tanto tempo.
―Você ia atirar em mim pelas costas―, disse ele.
―Sim.― Sua voz era suave, mas constante, apesar da dor que ele sabia
que ela estava sentindo. ―Eu sei onde apontar para que a bala ainda teria
passado através do seu coração.
―Uma habilidade admirável para uma condessa. Eu não suponho que
você esteja inclinada a pedir perdão antes de morrer.
―Não acho que não. Eu já sabia há muito tempo que estava indo para
o inferno. Veja bem, eu menti quando disse que não matei ninguém. Eu matei
o seu pai.
―Ele morreu de insuficiência cardíaca. O doutor...
―Era meu amante e tinha um extenso conhecimento de venenos,
especialmente aqueles que não deixavam nenhuma pista de que foi utilizado.
―O médico morreu de insuficiência cardíaca, um ano depois.
―Sim, eu aprendi bem nas minhas aulas, sempre o tive, e foi um
veneno tão fácil de obter.
―Foxglove―, disse Olympia e acenou com a cabeça quando Brant
olhou em sua direção.
―Não é surpresa que uma bruxa saberia.
―Olympia não é uma bruxa.
―É claro que ela é, mas eu acho tudo angustiante em seu sangue
Wherlocke, o sangue de bruxas e feiticeiros e todos esses dons poderosos, e
ela não faz um uso real desse poder. Muito decepcionante. Gostaria de ter
recebido tal poder. Há uma última coisa que eu preciso te dizer.
―E o que é isso?
―Emery não é filho de seu pai.― Brant franziu o cenho e pensou nos
nove anos de idade de Emery. O rapaz era alto para sua idade e segurava a
promessa de ser um homem grande. Ele tinha cabelo castanho tão leve que
detinha mechas loiras quando exposto ao sol. E os seus olhos eram de uma
cor avelã com uma grande quantidade de marrom neles. Então ele percebeu
onde tinha visto tal coloração antes.
―O seu lacaio. O caso é bastante antigo, então.
―Ele era um amante muito obediente e um grande recurso para mim.
Claro que, quando decidiu que não me amava o suficiente para sair de
Londres, sua utilidade terminou. ― Um momento depois, ela morreu. Brant
suspirou e estendeu a mão para fechar os olhos. ―Amarga e cruel até o final.
―Calma, também, para alguém que tem certeza de que está indo para o
inferno e que a viagem vai começar com a próxima respiração.
Um momento depois Dobson andou a passos largos. ―Vocês
Wherlockes tendem a atrair os corpos,― ele disse quando se aproximou e
olhou para Lady Mallam. ―Sua mãe?― Brant assentiu. ―Sim, ela estava
prestes a atirar em mim pelas costas quando Pawl atirou nela. Estava
esperando que você pudesse nos ajudar a manter esse tipo de coisa sem ser
conhecida.
―Bem, existem todos os seus crimes para se pensar, mas, isso não vai
salvar a taxa do carrasco, por isso vou pensar em algo.
―O corpo de seu amante está no jardim. Ela atirou nele, porque ele
realmente não queria ir para o exílio com ela.
―E aí está sua resposta. Escandalosa. A briga de amantes entre uma
condessa e seu lacaio. Ela atira nele, mas ele vive o tempo suficiente para
matá-la e ambos morrem. Será escândalo suficiente para aguçar os apetites de
todas as fofocas tão bem que eles não procuraram mais. Poderá ter de esperar
algum tempo antes de nós trazermos o corpo do lacaio, então. Boa ideia,
milorde.
―Foi ideia de Olympia. Ela viu o corpo quando estava subindo a
parede para tentar me ajudar ―. Dobson olhou para Olympia e então franziu a
testa. ―É foi aí que levou um tiro, Milady?
―Tiro?― Disse Brant e ouviu Pawl ecoar seu grito quando ele se virou
para olhar para Olympia. Ele correu para o lado dela e, em seguida, viu. Seu
vestido era de um verde escuro, até então ele não tinha notado o sangue no
ombro. Agora, no entanto, havia muito mais do mesmo.
―Por que você não disse alguma coisa?― Ele perguntou quando rasgou
a manga de seu vestido para olhar para a ferida.
―Sua mãe estava morrendo e com vontade de dizer-lhe segredos.― Ela
estremeceu quando ele gentilmente a puxou longe da parede para que pudesse
ter certeza de que a bala tinha passado todo o caminho, o que tinha. ―Eu
pensei que ela poderia realmente dizer-lhe algo de importância, mas parece
que permaneceu mesquinha até o fim.
―Eu preciso levá-la para casa para ser vista por um médico.
―Você pode andar?― Perguntou Dobson.
―Eu posso carregá-la―, disse Brant.
―Ficaria melhor se ela pudesse andar.― Ele esfregou o queixo
escurecido com a barba. ―Um pouco mais difícil para chegar a um bom conto
que iria incluí-la ao ser baleada também.
Vendo sentido nisso, Brant ainda insistiu em levá-a em seu colo até à
porta da frente. Ele, então, segurou-a firme pelo braço para firmá-la enquanto
ela caminhava para o carro. Ele disse ao motorista para levá-los para Warren
quando a acomodou confortavelmente na carruagem e, em seguida, subiu para
se sentar ao lado dela.
―Eu não posso acreditar que você subiu até a janela―, disse ele
enquanto a carruagem começou a se mover. Quando ela não respondeu, ele
olhou para ela e seu coração parou por um momento. Ela estava inconsciente
e seu rosto estava tão pálido como a neve. Ele se inclinou para fora da janela e
disse ao motorista para se apressar. Voltando para o lado dela, a abraçou para
aliviar a dureza da viagem, embora soubesse que ela não estava sentindo
nenhuma dor.
―Não morra, Baronesa―, ele sussurrou em seu cabelo. ―Não se atreva.
Eu vou arrastar Penelope de sua cama de parto para vir e caçar seu espírito
para que eu possa repreendê-lo até seus ouvidos queimarem. Por favor,
Olympia. Não. Morra.
Capítulo 18

Brant passeava fora do dormitório de Olympia. Ele mal tinha chegado a


colocá-la na cama quando Enid e Merry o expulsaram do quarto. As pessoas
logo começaram a chegar, alguns ficaram no térreo, mas vários chegando e
sendo autorizados a entrar no quarto. Stefan estava lá, bem como o Doutor
Pryne. Ele também havia reconhecido Septimus Vaughn como aquele jovem
que foi apressadamente autorizado a entrar no quarto. No entanto, ele fora
banido.
―Venha para baixo e tome uma bebida.― Ele se virou para olhar para o
homem que tinha falado. Não havia dúvida de que era um Wherlocke
também. Ele até tinha olhos semelhantes aos de Olympia salvo que os dele
eram de um azul escuro. De repente, Brant soube quem eram todas as pessoas
que tinha ouvido chegar. Ele lembrou-se da vez em que tinha ajudado a
Ashton que os Wherlockes e Vaughns pareciam saber quando um deles era
ferido.
―Eles não vão me deixar entrar lá―, disse ele.
―Ainda não. Sou Orion, primo de Olympia.
―Sim, eu achei que você estivesse relacionado a ela. Vocês Wherlockes
têm um certo olhar.
―Um olhar? Espero que seja uma coisa boa. ―Orion tomou-o pelo
braço e puxou-o para baixo ao longo das escadas. ―Vamos tomar uma
bebida. Eles vão deixar você saber quando puder ir lá. Com Septimus, Stefan,
e Doutor Pryne todos lá, além de Enid e aquela pequena serva, o quarto
estaria cheio de qualquer maneira.
―Ela sangrou muito―, disse ele, a preocupação suavizando sua voz
como se temesse até mesmo dizer as palavras.
―Ela vai ficar bem.
―Você sabe disso com certeza?
―Ah, não, só sinto que isso é verdade. Eu realmente não tenho a visão.
No entanto, Chloe e Alethea, outras primas, já enviaram palavra dizendo que
ela vai ficar bem. Elas têm a visão. Elas sabiam que ela seria ferida, mas a
família está tão dispersa no momento que não pudemos chegar aqui a tempo
de ajudar com o problema que ela estava lidando.
―Ashton e Penelope enviaram seus irmãos. Eu pensei que era porque
Olympia tinha pedido por ajuda. ―Ele olhou ao redor, onde todas as pessoas
se reuniram quando Orion o levou para a sala de visitas.
―Embora houvesse muitos que descobrissem coisas que precisávamos
saber.― Orion entregou-lhe um copo de conhaque. ―Somos muito bons
nisso. É por isso que existem tantos de nós aqui. Nós não estávamos tão
longe. Infelizmente, não perto o suficiente para parar isso ou capaz de saber
que estava chegando. Ou que ele viria― Orion murmurou e olhou para a
porta. Brant sentiu todos os pêlos de seus braços cruzados se arrepiando. Ele
olhou na direção onde todas as pessoas estavam bem a tempo de ver um
homem alto, de cabelos negros passar pela porta. O olhar do homem fixo nele
fez Brant ter que lutar contra o desejo pisar atrás.
―Então é você que fez minha irmã levar um tiro―, disse o homem
enquanto caminhava até ficar na frente de Brant. Argus Wherlocke, que havia
se casado recentemente com a filha de um duque, pensou Brant enquanto
olhava para os escuros olhos azuis do homem. O desejo de confessar tudo
cresceu dentro dele e, em seguida, Orion entrou na frente dele e segurou a
mão na frente dos seus olhos. Aquela vontade de derramar suas entranhas
para este homem desapareceu lentamente e Brant franziu a testa.
―Não há necessidade de fazer isso, Argus―, disse Orion. ―Até agora
não houve segredos aqui e você sabe disso.
―Minha irmã está ferida, primo. Eu tenho o direito de saber tudo o que
aconteceu.
De repente, recordando o que Ashton lhe contara sobre seu tio por
casamento, Brant suspirou. ―Você podia apenas ter pedido ―, ele disse e
tomou um gole de conhaque. ―Minha mãe atirou nela. Olympia viu que a
minha mãe estava planejando atirar em mim, escalou a parede da casa e foi
entrando pela janela quando sua saia rasgou. O ruído foi o suficiente para
chamar a atenção de minha mãe que atirou nela. Infelizmente, sua irmã
decidiu que podia esperar para avisar sobre a ferida porque a minha mãe, que
foi baleada por Pawl, estava falando e liberando mais alguns segredos
desagradáveis antes de morrer. Nenhum dos quais valiam a sua irmã
sangrando tranquilamente no canto. Algo que eu quero dizer-lhe se alguma
vez me permitirem vê-la.
Argus estudou-o por um momento, olhou para a porta como se
pensasse em correr até a escada e vê-la ele mesmo, e então olhou para Brant.
―Parece com algo que ela faria.― Ele olhou para Orion. ―Quem está com
ela?
―Septimus, Stefan, Enid, uma jovem serva, e o Dr. Pryne.
―Bom o bastante. Sobrou um pouco desse conhaque?―
Brant tentou relaxar enquanto esperava que Orion desse um pouco de
conhaque a Argus. Não foi fácil relaxar em torno de um homem como Argus,
mesmo que ele não fosse já uma massa de emoções conflitantes a respeito de
Olympia. Quando finalmente conseguiu a coragem de olhar para Argus, o
homem sorriu, e Brant sabia que não era uma expressão amigável. Um
homem não sentia arrepios o percorrerem de cima a baixo quando um
homem lhe dava um sorriso amigável. ―Então porque a minha irmã foi
envolvida em seus problemas, milorde?― Argus perguntou quando Orion
entregou-lhe sua bebida. ―Não me lembro de que vocês dois fossem
particularmente familiarizados.
―Nós não estávamos.― Brant não ficou surpreso ao ver os olhos de
Argus estreitarem, mas ele não ia pensar nas implicações disso. ―Minha irmã
veio aqui para encontrar Ashton, mas encontrou Olympia em vez disso.― Ele
cuidadosamente contou a história toda, ignorando como o quarto tinha ficado
em silêncio enquanto todos ouviam embora suspeitasse que muitos deles já
estavam bastante familiarizados com o que ele dizia. Olympia tinha enviado
mensagens para seus parentes sobre o assunto desde o início.
Uma vez que terminou o conto, ele tomou outro gole cuidadoso de seu
conhaque e esperou por Argus pesar cada palavra que tinha acabado de dizer.
Brant sabia que o homem iria reconhecer a verdade, mas suspeitava que Argus
estivesse olhando através do todo e qualquer indício de que sua irmã tinha
sido involuntariamente arrastada para o perigo. Quando Argus calmamente
amaldiçoou, Brant quase sorriu. O homem conhecia sua irmã bem o suficiente
para saber que ninguém poderia forçá-la a fazer algo que ela não quisesse,
assim como ninguém poderia convencê-la a sentar-se e ficar segura se ela não
quisesse, também.
―Essa minha tola irmã deveria apenas ter entregado a confusão para
você―, murmurou Argus.
―Ela fez uma promessa.― Aquela voz suave, feminina assustou Brant
tanto quanto a Argus e Brant virou para olhar para sua irmã. Agatha estava
um pouco pálida e, para seu desgosto e raiva, ele podia ver uma pitada de
hematomas em sua garganta, mas ela estava de pé calmamente com as mãos
cruzadas na frente de suas saias. Ela também estava enfrentando aquele
escuro, intimidante olhar de Argus sem nenhum sinal de medo.
―Para você―, disse Argus.
―Sim, para mim. E para minha dama quando seu irmão foi levado e
para muitos outros, eu acredito. Eu sei que ela teria me ajudado não importa o
quê, mas quando se tornou claro que as crianças estavam em perigo, ela estava
ainda mais determinada a fazer alguma coisa. Qualquer coisa.― Agatha deu de
ombros, mas havia uma sugestão de lágrimas em seus olhos. ―Minha mãe era
um mal que precisava ser parado.
Brant colocou o braço em volta dos ombros de sua irmã. ―Ela foi,
Agatha. Desculpe. Eu deveria ter vindo direto para você e lhe dito, mas. . . ―
Agatha sorriu. ―Eu não estava sofrendo. Eu entendo, Brant. Pawl me disse
tudo o que tinha acontecido porque ele sentiu a necessidade de se desculpar
por ser a pessoa que atirou nela. Eu acho que o convenci de que não sinto
animosidade contra ele por isso e nunca, jamais, tentarei fazê-lo pagar por algo
que, penso eu, deveria ter sido feito há muito tempo.
―É verdade, eu posso sentir isso mas algo ainda incomoda você,
criança―, disse Orion. Brant se surpreendeu um pouco ao ver uma fugaz raiva
nos olhos de sua irmã quando Orion a chamou de criança, mas então o
problema que o homem se referiu escureceu os olhos dela novamente.
―Apenas o que qualquer pessoa temeria ao encarar o fato de que sua mãe era
tão má. Pior, eu não estou certa de que ela era realmente insana,
apenas completamente má, sem consciência. É difícil ser sensata e convencer-
se de que tal sangue ruim não esteja correndo em suas veias também.
―Não se preocupe com isso―, disse Argus. ―Nem todas as doenças
continuam através da família. Confie em nós sobre isso.― Ele sorriu quando
houve uma onda de risadas pela sala. ―Algumas pessoas apenas nasceram
com a sua consciência faltando, milady. Alguns as têm destruídas quando
ainda crianças ou nem mesmo foram ensinados a usá-la. Há muitas razões
para uma pessoa se tornar o que sua mãe era, mas eu posso dizer, sem sombra
de dúvida, que a mancha não está em você.― Houve um murmúrio de
concordância dos outros.
―Obrigado, isso é um grande conforto para mim.― Ela olhou para
Brant. ―Como está Olympia?
―Eu não fui autorizado a vê-la ainda, mas aqui ninguém parece
particularmente preocupado, assim tentarei encontrar conforto nisso ―, disse
Brant e olhou para Argus ―bem como no que ele disse.
―Huh.― Argus sorriu aquele sorriso que deixou Brant inquieto. ―Não
acredita que eu tenha falado o mesmo sobre você.― Ele resmungou e virou
para olhar para a mulher alta atrás dele. ―Tia Gone, o que está fazendo aqui?
―Não me chame por esse nome tolo―, disse ela, sem calor e, em
seguida, olhou para Brant. ―Eu vim por causa de Ilar. Ele precisava saber
como sua mãe está e ainda não é permitido na cidade. E trazê-lo para essa
turbulência seria ainda pior. ― Brant fez uma reverência para a tia de Olympia
Antigone. ―Todos parecem acreditar que ela vai ficar bem. Ela perdeu muito
sangue.
―Sepitmus e Stefan estão lá em cima―, disse Argus. Ela assentiu com a
cabeça. ―Bem. Busque para mim um pouco desse conhaque, Argus―. Para
surpresa de Brant, Argus obedeceu sem hesitação. Ele se virou para Antigone
só para encontrá-la olhando para os quatro meninos de rua de Olympia. Antes
que ele pudesse dizer a ela quem eram, ela marchou para eles e olhou
fixamente para o jovem Giles Green.
―Orion!― Ela retrucou. Incapaz de resistir, Brant seguiu Orion para o
lado de Antígone. Ele sabia que estava sendo seguido por Agatha e
brevemente considerou dizer-lhe para esperar. Em seguida, ele considerou
tudo o que ela tinha atravessado em sua vida jovem e não disse nada. Ela
ainda podia precisar de proteção de muitas maneiras, mas não mais dos
escândalos ou das partes feias da vida.
―Sim, tia?― Orion olhou para o rapaz que ela estava apontando. ―Ah,
um dos meninos que tornou um hábito roubar minha carruagem.
―Eu não estou surpresa―, disse Antigone. ―Ele é do seu sangue. ―
Ignorando o quão pálido Orion se tornou, ela olhou para Giles e inclinou a
cabeça. ―Definitivamente do seu sangue. Quantos anos você tem, rapaz?
―Oito―, respondeu Giles. ―Acabei de fazer, nós achamos. Não tenho
certeza quando eu nasci porque não era mais do que um bebê de colo quando
a minha mãe me deixou no beco. Eu tinha uma nota em uma fita em volta do
meu pescoço. Dizia que meu nome era Giles Green.― Ele olhou Orion com
cautela. ―O que você quer dizer que eu tenho o seu sangue?
―Exatamente o que eu disse. Ele é o seu pai.
―Como você sabe?
―Eu só sei, rapaz. Eu sempre pude cheirar um toque no sangue dos
Wherlocke ou Vaughn, se eu pensar realmente sobre isso, posso dizer qual
dos patifes deixou o toque. Com você, está o desse malandro. Sir Orion
Wherlocke que estava se comportando mal como sempre, obviamente, há
cerca de oito anos e dez meses atrás. ―Ela olhou para Orion, que tinha
começado a recuperar a compostura. ―Você ainda recorda de alguma moça
com o nome de Green?
―Tenho certeza de que vou descobrir quem é a mãe dele―, disse
Orion. Antigone assentiu com a cabeça e depois se dirigiu para a porta. ―Eu
preciso ver como anda Olympia―. Antes de chegar à porta, no entanto, Enid
entrou na sala e anunciou: ―Milady está bem. A ferida foi atendida e o médico
diz que ela vai se curar bem se ela se acalmar, e repousar como deveria, e
comer bem. Ela está acordada agora se algum de vocês quiser dizer uma ou
duas palavras, mas mantenha a visita curta.
Antes que Brant pudesse se mover Argus saiu da sala com Antigone ao
seu lado. Ele suspirou e olhou para um assento na sala lotada. Demoraria
tempo antes que pudesse ir e ver Olympia. A família teria precedência sobre
ele, como deveriam ter uma vez que não estava oficialmente ligado a ela de
qualquer maneira. Ele sorriu para sua irmã quando ela sentou-se ao lado dele
no sofá em que também estavam Orion e Giles, que estavam conversando em
voz baixa enquanto se tornavam familiarizados um com o outro. Brant olhou
para os outros meninos e sentiu uma pontada. Eles pareciam felizes por Giles,
mas era uma felicidade com um leve toque de tristeza por trás dele. Abel
parecia o mais triste e Brant percebeu que era porque o garoto mais velho
tinha sido quase um pai para Giles, criando-o desde que era apenas um bebê
abandonado no beco. Ele esperava que Orion fosse o tipo de homem que
pudesse compreender a ligação que os quatro rapazes tinham.
―Eu acho que Sir Wherlocke vai ver que ele precisa ajudar todos os
meninos, Brant, e não apenas levar um deles para longe dos outros―, disse
Agatha com uma voz suave o suficiente para chegar apenas aos seus ouvidos.
―Espero que sim―, respondeu Brant com igual suavidade e, em
seguida, olhou para a porta.
―Você vai vê-la logo.

Logo acabou por ser quatro horas mais tarde. Não querendo beber
muito conhaque, Brant tinha começado a beber chá e estava farto dele no
momento em que os parentes haviam deixado de visitar, Olympia tinha tido o
outro resto, e ele foi finalmente permitido a vê-la. Ele andou até o lado da
cama e muito do seu medo por ela aliviou quando ela sorriu para ele.
―Você não tem uma família, você tem um exército ―, disse ele, em seguida,
se sentiu culpado por fazê-la rir quando ela estremeceu e tocou de leve o
ombro enfaixado. ―Desculpe.
―Pelo quê?
―Bem, por agora, por fazer você rir. Mas, eu sinto muito que você foi
puxada para esta tragédia.
―Agatha está segura agora como estão várias crianças. A ferida de bala
no ombro é um preço muito pequeno a pagar por isso.
―Verdade mas eu gostaria que você tivesse permanecido segura. Eu
desejava que pudesse tê-la mantido a salvo. ― E agora ela tinha adicionado
mais um pouco de culpa a todas as outras que ele carregava como um talismã,
ela pensou. ―Uma pessoa nunca está verdadeiramente segura, Brant, e
ninguém pode manter uma pessoa segura por cada minuto de cada
dia. Ela ia atirar em você. Os meninos e eu não podíamos ficar parados lá e
não fazer nada.
―Por que nenhum dos meninos escalou a parede?― Ele perguntou,
tentando ignorar o que ela disse. ―Parece que eles têm um pequeno problema
com altura. Pelo menos com alturas como as que teriam de enfrentar caso
tentassem escalar a parede. Eu era a única que poderia fazê-lo, embora o
plano desse um pouco errado. ― Ele sentou-se na beira da cama, tomou-lhe a
mão, e beijou a palma. ―Mais do que um pouco. Pobre Pawl está
provavelmente muito feliz porque isso acabou. Ele ficará mais do que feliz de
ver o último dos Mallams ― Olympia sentiu seu coração tropeçar com dor,
mas lutou para não perguntar o que ele quis dizer com isso. Se ele estava com
intenção de acabar com a sua associação agora que Agatha estava segura e que
o problema com sua mãe tinha acabado, ela estava determinada a levar a perda
com toda a dignidade que conseguisse reunir. Orgulho daria a ela a força para
não deixá-lo ver o quanto isso iria machucá-la.
―Pawl foi treinado como um guarda. Ele é, de muitas maneiras, tanto
um soldado quanto um lacaio ―. Ela sorriu fracamente. ―E, ocasionalmente,
um cocheiro e ocupou muitas outras posições em minha casa desde que se
juntou a nós. Você já viu para que ele não fosse conhecido por ter puxado o
gatilho?.
―Sim. Com a ajuda de Dobson tudo isso vai acabar como uma tragédia
horrível cheia com o delicioso escândalo de um caso de amor que deu errado
entre uma condessa e seu lacaio.
―Bom. Vai ser difícil para Agatha quando ela finalmente for
apresentada a sociedade, mas não tão difícil como seria para a sua família se
toda a verdade fosse conhecida.
―Nós não somos os únicos que sabem a verdade.
―Os outros não vão falar porque terão muitos olhando para eles, como
eles saberiam tais coisas. Se toda a verdade fosse dita, cada pessoa que teve
alguma coisa a ver com a sua mãe poderia ser contaminada e sofrer por tudo.
Eu desejava que alguns fossem, mas assim é melhor. Os que estavam
envolvidos com ela em qualquer uma das coisas farão o seu melhor para
espalhar qualquer conto que você ousar inventar sobre sua mãe.
―Como você está? Com muita dor?
―Septimus levou a maioria, e o médico deixou uma poção se eu
precisar dela. Eu vou ficar bem. ―Ela não pode dominar completamente um
bocejo.
―Descanse, Olympia.― Ele se inclinou para frente e lhe deu um beijo
na boca. ―Isso é o melhor remédio. Eu irei agora acomodar Agatha mas vou
estar de volta para vê-la amanhã. Oh, uma coisa que você talvez possa estar
interessada ―, disse ele, enquanto se levantava. ―De acordo com sua tia
Antigone, Orion é pai de Giles.
―Que maravilha. Ela não disse, estava mais interessada em saber como
eu estava para que pudesse dizer a Ilar. Orion vai ser bom para o menino. Eu
suspeito que ele vai assumir o cuidado de todos os meninos porque eles são
como uma família de muitas maneiras e não devem ser separados. Orion é
sábio o suficiente para ver isso.
―Bom. Eu me perguntava sobre isso. Descanse, amor. Eu vou vê-la
novamente em breve.
Olympia observou a porta se fechar atrás dele e suspirou. Não havia
dúvida de sua profunda preocupação com ela, mas ela esperava mais. Ela
quase sorriu quando em seus poucos momentos de pensamento claro
enquanto estava ferida e era atendida, havia imaginado ele percebendo onde
seu coração estava no momento em que percebia que ela fora ferida. Ela tinha
imaginado um momento terno, com palavras de amor eterno enquanto se
aproximava do lado da cama dela para ver se de fato sobreviveria. Olympia
nunca teria imaginado que seria propensa a tais voos fantasiosos de menina.
Mas não tinha sido mais do que um sonho bobo, pensou, e fechou os olhos.
Mesmo se Brant tivesse declarado seu amor eterno, ela teria hesitado em
aceitar plenamente. Ele podia não vê-lo, mas um fantasma vivia em seu
coração. Faith estava lá, embora ela soubesse que a mulher não queria estar.
Ele ainda carregava a culpa do que tinha acontecido com ela. Agora,
acrescentava a culpa de não ter visto o que a sua mãe realmente era, de não
proteger Agatha o suficiente, e, agora, não protegê-la o suficiente. Não era
algo que ela poderia tirar dele. Ele tinha que fazer isso sozinho.
A pergunta era, ela deveria aceitar qualquer declaração de amor dele,
ficar ao seu lado, e esperar que ele encontrasse a força para lançar fora a culpa
que não tinha qualquer razão para ter? Era um veneno em muitas maneiras,
mas ele era o único que poderia livrar seu coração da culpa. Cansada demais
para decidir, e sabendo que todas as especulações não adiantariam, uma vez
que ele não havia declarado nenhum tipo de amor a ela, Olympia decidiu
apenas lidar com isso depois de ficar bem e forte novamente.

Brant levou Agatha de volta para a casa da cidade. Ele sabia que não
podia ficar lá por muito tempo. As memórias de tudo que havia acontecido
ainda eram muito fortes. No entanto, ele tinha que ficar na cidade até ter
certeza de que Olympia estivesse bem.
Quando ele e Agatha sentaram-se no pequeno salão para compartilhar
um pouco de chá e comida, olhou para ela, mas não viu sinal de que ela estava
sofrendo de qualquer forma.
―Como você está, Aggie?
―Eu vou ficar bem, Brant. Foi assustador quando Minden tentou me
levar embora. E também dói saber que minha mãe deu-lhe plena aprovação
para que isso acontecesse. No entanto, a dor foi passageira. Eu aprendi há
muito tempo que ela nunca realmente se importou com nenhum de nós.
―Agatha suspirou. ―Isso foi difícil porque eu ainda era muito criança e estava
ansiosa para agradar minha mãe. Eventualmente se tornou evidente que não
havia nada que eu pudesse fazer, nada que qualquer um de nós pudéssemos
fazer, para agradá-la, a menos que nós avançássemos seu lugar na sociedade
ou enchesse bolsa. Uma verdade feia, mas que eu aceito.
―Eu deveria ter estado aqui, nunca deveria ter deixado você em seu
alcance.
―Brant, você parece gostar muito de assumir a culpa por coisas que
não poderia ter mudado. Ela iria fazer o que iria fazer, não importa onde você
estivesse, ela apenas teria feito isso de forma diferente. E, eu morava com ela
mais do que você o fez, mas mesmo eu não compreendia verdadeiramente
quão má ela era. Isso é um choque que vai levar tempo para superar.
―Eu acho que você me perdoa muito rapidamente. Eu estava me
afundado em meu próprio mundo, sem prestar atenção a qualquer coisa só no
que eu queria. Muitas vezes eu estava afundado na bebida e mais inútil para
todos que precisavam de mim ou para que pudesse me importar. ―
Agatha sorriu para ele e acariciou sua mão. ―Você estava de luto. Eu acho
que você também estava tentando muito para não acreditar que a nossa mãe
sabia exatamente o que iria acontecer com Faith quando ela vendeu a pobre
menina para aquela casa. Eu acho que ela sabia, mas levou pouco para eu
acreditar nesse último.
―Você sabe sobre Faith?
―Ah sim. Mamãe gostava de manter seus segredos, mas ela era muito
arrogante, e também descuidava de mim, o suficiente para falar disso
abertamente. Eu sei muito, muito mais do que ela jamais teria permitido se
tivesse estado prestando atenção.
Brant esqueceu toda sua culpa por um momento. ―Apenas me diga o
que você sabe, Aggie? O suficiente para que eu possa ver alguma punição para
aqueles que trabalharam com ela ou soubessem o que estava fazendo? Aqueles
que podem ter ajudado a esconder seus crimes? ― Agatha sorriu ainda mais.
―Ah sim. Eu sei de um grande negócio. Por onde você quer que eu comece?
Brant logo descobriu que sua irmã não estava fazendo uma bravata
ociosa. Ele não queria pensar em quão jovem, ela devia ter sido quando
começou a espionar sua mãe. As coisas que ela tinha aprendido não eram
aquelas que qualquer jovem deveria ter sequer ouvido falar. No entanto, ele
não podia ainda abafar completamente o seu entusiasmo enquanto ela falava,
dizendo-lhe nomes, informando-o de onde poderia encontrar os papéis para
sustentar quaisquer acusações que fizesse, e até mesmo quanto dinheiro a sua
mãe tinha recolhido e onde ele estava.
―Meu Deus, Agatha, por que você não nos disse isso antes?
―Você nunca teria sido capaz de chegar a ela. Estava sendo muito
cuidadosa. Ela não confiava em você também, por toda a sua falta de cuidado,
ela respeitava seu cérebro e sua força o suficiente para ser cautelosa sobre
você, para estar em guarda.― Agatha deu de ombros. ―Eu não era nada que
ela tivesse visto como uma ameaça.
―Grande tola―, ele murmurou e passou a mão pelo cabelo. ―Vai levar
algum tempo para que eu possa arrumar tudo isso. Você está desconfortável
nessa casa agora?
―Não, é apenas uma casa. É verdade, ela carrega a sua marca, mas ela
tinha bom gosto. Levará algum tempo para que o frio de sua presença
desapareça, mas se tivermos de ficar aqui por um tempo, não se preocupe que
isso vá me incomodar muito.
―Bom, porque eu tenho necessidade de trazer alguns destes homens à
justiça.
―E para ver Olympia, eu suspeito.― Ela riu quando Brant corou um
pouco. ―Ela é uma mulher muito boa. Forte e inteligente, mas com um
coração muito grande.
―Eu não sou bom o suficiente para ela.
―Bobagem. Está mais do que suficientemente bom para ela,
especialmente se você a ama como eu acho que você ama.
―Eu falhei com ela como eu falhei a muitos outros.― Ele começou e se
surpreendeu quando ela lhe deu um leve tapa no rosto.
―Você precisa se livrar dessa culpa.― Ela levantou-se e alisou suas
saias. ―É inútil, imerecido, e vai ser um veneno para o que quer que você
possa querer construir com Olympia. Você a ama?
―Sim.
―E você acredita que ela te ama?
―Eu sinto que sim.― Ele não estava prestes a explicar por que se sentia
assim desde que envolvia questões muito pessoais para compartilhar com uma
garota de dezesseis anos.
―Então você deve ir para ela de coração e mente limpos.
―E o que diabo isso significa?― Ele perguntou a si mesmo depois que
Agatha foi embora.
Ele suspirou e percebeu que estava completamente exausto. Amanhã
seria bom suficiente para lidar com este tesouro de informações que sua irmã
lhe entregara. Ele poderia até ter que trazer Dobson de volta à bagunça que
sua mãe tinha feito.
Quando fazia o seu caminho para seu quarto de dormir, ele decidiu que
iria fixar sua mente em fazer alguns dos aliados de sua mãe pagarem pelo que
haviam feito. Ele iria visitar Olympia tão frequentemente quanto podia
também. Uma vez que ela estivesse bem o suficiente, ele iria declarar-se a ela.
Quanto a todo o resto, a conversa da culpa que carregava e limpar seu
coração? Havia tempo suficiente no futuro para lidar com isso, uma vez que
ele descobrisse como fazê-lo.
Capítulo 19

―Cuidado com esse baú, Pawl. Eu tenho algumas coisas quebráveis lá


―. Brant deslizou enquanto passava por Pawl e parava no hall de entrada de
Warren olhando ao redor. Baús e caixas o enchiam e seu coração afundou.
Olympia estava partindo. Ela não disse uma palavra sobre isso na quinzena
desde que havia sido baleada, mas ele deveria ter sabido que ela não poderia
ficar em Londres por tempo indeterminado. Ela tinha um filho que estava,
sem dúvida ansioso por vê-la, talvez apenas para ver com seus próprios olhos
que ela estava bem novamente.
―Olympia?― Ele chamou, e sorriu quando ela se virou certificando-se
de que um baú fosse bem fechado para olhar para ele. ―Você não me disse
que estava indo embora.
―Eu insinuei várias vezes, Brant,― ela disse quando o pegou pela mão
e o levou para a sala. ―Ilar tem sido muito paciente, mas eu tenho estado fora
de casa por muito mais tempo do que qualquer um de nós tinha antecipado.
―Eu sei.― Ele esperou até que ela se sentou no sofá e sentou-se ao
lado dela. Ela estava parecendo muito saudável novamente e seu corpo se
apertou quando pensou em todas as maneiras que ele pretendia tirar proveito
de sua boa saúde. ―Eu tinha acabado de pensar que teríamos um dia ou dois
para desfrutar de sua recuperação antes de você partir.―
Olympia sabia que o calor de suas palavras agitando em seu corpo estavam
colorindo suas bochechas então ela virou a sua atenção em servir um copo de
vinho a ambos. Ela não gostaria de nada mais do que escorregar para o andar
de cima com ele. A surpreendia pelo quanto ansiava por seu toque, embora ela
soubesse que o amava.
Não tendo tido nada a ver com os homens, nunca mais sentido
qualquer grande paixão ou mesmo desejo leve, ela nunca tinha pensado que
isso seria algo que poderia atormentá-la dia e noite. E o fazia, porém, a
atormentava até mesmo em seus sonhos. Por um momento vacilou em sua
decisão de partir, mas, em seguida, ajeitou a postura e agarrou-se a sua
determinação. Esta era a melhor maneira de lidar com este assunto. Ele era o
homem que ela queria e duvidava que jamais fosse querer a outro, mas ele
precisava curar a si mesmo. Ela o queria por inteiro e amando-a e ele não
estava aqui ainda. Mesmo Artemis, antes que houvesse deixado a casa, tinha
dito a ela que a tristeza em Brant ainda pesava, e a negra culpa tinha realmente
crescido, não diminuído. Ela não era a pessoa que poderia limpá-lo dessa
escuridão, não importava o quanto o amasse.
Brant colocou o braço em volta dela e puxou-a para perto depois que
ela tinha acabado de encher os copos. ―Eu preciso falar com você sobre algo.
―Você terminou de ver a punição de todos aqueles que
compartilhavam a culpa de sua mãe?― Apesar de suas melhores intenções, ela
inclinou-se para ele a espera, saboreando o calor e a força dele.
―Quase pronto. Não, eu quis dizer que queria falar sobre nós ―. Esta
não era a maneira como ele tinha planejado fazer isso, ele pensou um pouco
irritado. Brant tinha planejado um jantar romântico, fazer amor, e palavras
suaves de amor seguidas de suas propostas. Sentado na sala de estar enquanto
os sons de pessoas e embalagens ecoava da porta e não era nada romântico.
Não havia tempo a perder, no entanto. Ele poderia não ter tempo para ir a
Myrtledowns para cortejá-la durante várias semanas ainda mas não queria que
ela saísse sem saber como ele se sentia.
―Nós?― Disse Olympia e encontrou seu olhar. ―Qual de nós, Brant?
Você nunca realmente indicou que haveria um nós depois de Agatha estar
segura.
―Não? Eu me tornei seu amante. ―Ele fez uma careta quando ela
apenas levantou uma sobrancelha para ele. ―Tudo bem. Pode não ter sido a
melhor das pistas, considerando tudo. Maldição, Olympia, eu te amo.
Ela estava tanto emocionada quanto divertida. ―Maldição, Brant, eu
também te amo.
―Você ama?
―Sim, eu amo.
―Então você quer se casar comigo?
―Não.
Ele se sentou de volta, mais chocado do que magoado porque tinha
certeza que ela tinha acabado de confessar amá-lo.
―Você não deseja ter um marido, é isso? ― Ele sabia que ela era uma
mulher muito forte e independente, mas nunca tinha considerado a
possibilidade de que ela não iria querer se casar.
―Eu quero um marido se esse marido for você.― Ela estendeu a mão
para acariciar seu rosto com a mão. ―Eu disse que amo você e eu não lanço
essas palavras tão facilmente quanto as outras pessoas. Eu amo você do fundo
da minha alma ―. Ela permitiu-lhe silenciá-la com um beijo, afundando em
seu abraço e absorvendo todo o prazer que pôde de seu beijo. Depois que ele
terminou, no entanto, ela se mudou para fora de seus braços e se levantou.
Um pouco inquieta sobre o que tinha a dizer a seguir, ela pegou o copo de
vinho e bebeu tudo. Cuidadosamente colocando o copo de volta na mesa, ela
olhou para ele, não surpresa ao encontrá-lo franzindo o rosto em raiva e
confusão.
―Eu te amo. Nunca duvide disso. Eu não vou me casar com você.
Ainda não. Veja bem, eu não vou amarrar a minha vida e meu coração a um
homem que leva à sua volta um fantasma.
―Um fantasma?
―O fantasma de Faith ou melhor, de tristeza e culpa por sua morte que
você nunca deixou ir. E, oh, como você tem adicionado a essa carga nas
últimas semanas. Você carrega tanto que é como se tivesse outra pessoa
dentro de você, curvado sob o peso de tudo isso.
―Olympia. . . ― Ele parou de falar quando ela colocou os dedos em
boca.
―Escute-me. Eu te amarei para sempre, mas quero o homem inteiro.
Eu não vou compartilhá-lo com o fantasma de outra mulher ou essa culpa
viva que vive no fundo do seu coração. Limpe seu coração, Brant. Diga adeus
à Faith e implore seu perdão se isso o aliviar, embora eu não pense que você
tenha muito pelo que ser perdoado. Venha para mim quando você estiver
pronto, quando não houver tal peso em seu coração, e eu vou me casar com
você sem hesitação.
Ele observou-a caminhar para fora da sala, incapaz de pensar em algo
para dizer que pudesse detê-la. Ele ainda estava sentado lá quando ouviu as
carruagens se afastarem. Brant bebeu seu vinho, levantou-se, e saiu da casa.
Por um momento, apenas ficou no lado da estrada olhando cegamente na
direção em que ela havia ido.
―Eu espero que você não esteja pensando em pegar a minha
carruagem de novo―, disse Orion quando ele andou até o lado de Brant.
―Não faria nenhum bem persegui-la―, disse Brant. ―Ela não vai se
casar comigo.
―Realmente? Eu estou surpreso.
―Ela disse que eu tenho que vir para ela com um coração limpo.―
Brant poderia sentir-se começar a ficar com raiva.
―Ah, é claro.
Ele olhou para Orion. ―Claro? Claro? O que isso significa? Um
coração limpo? Será que eu não acabei de oferecer isso a ela? Isso não é o
suficiente para mostrar que ele é dela? Ela fala de fantasmas e culpa e tudo o
mais, e em seguida parte.
―Será que ela recusou a sua proposta de casamento totalmente ou
apenas por agora?
―Só por enquanto. Eu tenho de limpar meu coração. Minha irmã me
disse o mesmo e maldição se eu sei do que elas estão falando.
―O passado, milorde. Você está se apegando ao passado. Quanto a
culpa? Oh, sim, você transporta uma carga que já o deveria ter quebrado. Eu
ouvi tudo sobre o que sofreram e o que sua mãe era. Com o tempo você vai
aceitar plenamente que, com um inimigo como aquele, por vezes, só se pode
aceitar que nada poderia ser feito. E, às vezes, feio como ele é, o destino tenha
feito sua parte. Sua mãe é a culpada por tudo que você sofreu. Ninguém mais.
Isso é o que você tem que aceitar. Ponha de lado o eu poderia ter, o eu
deveria ter, o eu podia ter em seus pensamentos e aceite que isso aconteceu.
―Há uma grande quantidade de poderias.
―E sempre existem e sempre existirão. Mas eles são apenas a voz da
culpa. Aconteceu. Simples assim. Foi o que aconteceu e você tem feito tudo o
que podia para corrigi-lo. Se for necessário que sangre até secar revivendo
cada coisa que você se sinta culpado por não fazer, Faça-o. Você verá que vai
ser o melhor para você, verá que está carregando uma culpa desmerecida.
Então poderá ir e conseguir sua Olympia.
Brant observou o homem atravessar a rua e subir em sua carruagem.
Dentro dela estavam os meninos de rua de Olympia e Brant acenou de volta
para eles. Brant se perguntou se Orion estava cuidando da sua própria
quantidade de deveres a respeito de como Giles tinha sido tratado. Então ele
percebeu que o homem provavelmente estava, mas tinha o bom senso de
livrar-se deles como inutilidades.
―Limpar meu coração―, ele murmurou quando disse a seu motorista
para levá-lo para casa e subiu em sua carruagem. Ele tinha uma pálida ideia do
que precisava ser feito agora, mas não tinha certeza do quão bem sucedido
seria. Se essa era a única maneira de fazer Olympia legalmente sua, porém, ele
iria trabalhar até que acertasse. E depois ele iria buscá-la e era melhor ela ter
falado sério quando disse que iria se casar com ele sem hesitação porque ele
não permitiria nenhuma.

―Você tem certeza de que era a coisa certa a fazer?― Perguntou Enid
quando o carro deixou a cidade e se dirigiu em direção a Myrtledowns.
Olympia suspirou e descansou a cabeça para trás. ―Sim. Era. Eu pensei sobre
isso, e pensei, e pensei. Eu sei que ele me ama e que, por sinal, é o mais
maravilhoso dos sentimentos ―. Ela sorriu quando Enid assentiu. ―Mas ele
está permitindo que a culpa por tanta coisa o devore, dia após dia, e isso será
um veneno lento para o que quer que possamos ser capazes de compartilhar.
Ele tem que jogar tudo fora.
―Eu suponho que você esteja certa. De certa forma, seria como ter o
fantasma de alguma outra mulher em sua cama. Ele ainda está vinculado a sua
Faith por causa da culpa.
―Exatamente. Ela estará sempre em seu coração. Eu sei disso. Eu
posso aceitar isso. Mas, porque ele não pode aceitar que não fez nada de
errado, que não podia saber que um vigário, seu pai e um homem altamente
respeitado, iria mentir para ele, ele acredita ser responsável por sua morte. O
que a mantém acorrentada em seu coração e faz com que seja difícil para mim,
para Ilar, para todas as crianças com que ele e eu poderíamos ser abençoados,
encontrar nosso lugar.
―É porque a culpa parece vir de sua incapacidade de proteger a todos
perto dele todo o tempo e de tudo ―, ela balançou a cabeça concordando com
o ruído desdenhoso de Enid―, isso poderia agir de forma que lentamente
estrangulasse o amor que sinto por ele.
―Ah, é claro.― Enid assentiu. ―Para você se amarrar a um homem que
se debruçará sobre você, observando cada movimento seu, e, talvez,
restringindo-a de qualquer maneira, seria puro veneno para o que sente por
ele. Ele iria espremer lentamente o amor, a vida, direto para fora de você.
―É melhor um pouco de dor agora do que muito mais tarde, e a dor
que poderia se estender a todas as crianças que compartilharmos. Eu posso
apenas rezar para que ele saiba o que precisa ser feito, o faça, e venha atrás de
mim.
―Quanto tempo você vai dar-lhe para ele vir atrás de você?
―Você está insinuando que eu vou fazer alguma coisa se ele não o
fizer?
―Não, eu sei que você vai fazer alguma coisa. Então... quanto tempo
ele tem?
―Dois meses e depois vou caçá-lo.

Brant olhou ao redor de sua casa em Fieldgate e de repente teve um


mau pressentimento. Ele tinha pensado nisso antes, mas esqueceu-se por
causa do trabalho duro que tinha feito nas últimas três semanas que havia
consumido toda a sua energia e pensamentos. Não tinha sido fácil levar à
justiça os que haviam compartilhado e lucrado com os crimes de sua mãe, mas
ele tinha feito isso. Agora, estudava cuidadosamente a sua casa e sabia que
tudo no lugar levava alguma lembrança de seus caminhos através da
depravação. Ele não havia feito nada com ninguém na suite Master ou no
quarto de dormir, mas não havia praticamente qualquer outro lugar que
Olympia podia tocar que não iria dar-lhe uma visão do passado que ele
realmente não queria que ela visse. Já era ruim o suficiente que
ela soubesse o que ele tinha vindo a ser durante os últimos anos.
Ele marchou para a sua biblioteca e rapidamente escreveu uma nota para
Argus. O homem sabia o que Brant vinha fazendo nos últimos anos, assim
não ficaria surpreso com o pedido. Brant só rezava que, entre todos aqueles
dotados Wherlockes e Vaughns, houvesse alguém que soubesse como
escurecer ou vencer todas essas pequenas lembranças que manchavam as
camas, paredes e os outros lugares. Quando ele trouxesse Olympia para cá, e
ele o faria, queria que a casa estivesse tão limpa que ela pudesse tocar em tudo.
Quaisquer memórias que ficassem no ar ou no mobiliário seriam aquelas que
ele e ela fizessem. Uma vez que ele enviou a mensagem, foi trabalhar na
contratação de novos funcionários. Ele e Agatha poderiam ser servidos muito
bem com os que tinham sido deixados depois que ele limpou todos os espiões
e aliados de sua mãe, mas ele estaria adicionando mais pessoas na família em
breve. Sua determinação de preparar sua casa para a noiva significava que
havia consumido sua atenção muito bem durante as noites. Não foi até que ele
estivesse sozinho, sentado em seu jardim negligenciado bebericando alguma
cidra, que finalmente voltava sua mente para a outra coisa que tinha de
realizar, limpar seu coração. Doeu, quase mais do que poderia aguentar, mas
fez como Orion sugeriu. Ele reviveu tudo a partir do momento em que
encontrou o corpo da pobre Faith até Olympia sendo baleada. Cada doloroso,
angustiante momento. Ele deixou todos os poderias desfilarem em sua mente
e fez o seu melhor para olhar para eles com apenas lógica, nenhuma emoção.
Não foi até que sentiu uma pequena mão em seu ombro delicadamente
estendendo um lenço que percebeu que estava chorando. ―Desculpe,― ele
murmurou enquanto limpava as lágrimas de suas bochechas.
Agatha sentou-se ao lado dele. ―Será que Olympia não te ama?
―Oh, sim, ela ama. Ela o disse tantas vezes.
―Então o que está quebrando o seu coração?
―Fiz o que o safado do Orion me disse para fazer. Eu acabei de reviver
tudo o que deu errado, todas as coisas que feriram as pessoas que eu deveria
ter cuidado como você. Não foi fácil.
Ela deslizou o braço no dele e descansou a cabeça em seu ombro. ―Eu
posso só imaginar. Funcionou?
Brant levou um longo momento ao olhar para dentro de si mesmo. Seu
coração doía, mas também sentia-o mais leve. Ele poderia pensar em Faith e
não sentir mais do que uma ligeira pontada de arrependimento, não a tristeza
apertando-o e culpa que sempre o havia atingindo com a necessidade de uma
garrafa ou de mulheres. Ele aceitou, percebeu. Ele aceito tudo. Não houve
súbita torrente de possibilidades onde poderia ter mudado o destino em sua
mente. A única coisa que ele ainda sentia culpa por, e apenas ligeiramente, era
quando Olympia havia sido baleada. Ele suspeitava que ainda estivesse muito
fresco em sua mente para corretamente aceitar. ―Sim, Funcionou. Terei de
agradecer ao homem. Talvez da próxima vez que precisar de uma carruagem,
vou tentar não roubar a dele. ―Ele sorriu quando ela riu.
―Estou feliz que funcionou. Eu suspeito que você se sentirá muito
melhor também.
―Eu me sinto. Muito mais leve de coração. Eu não entendi a princípio,
mas agora entendo. Eu tive que deixar ir. ― Agatha beijou sua bochecha.
―Sim, você teve. E Faith? ― Ele descansou sua bochecha contra seu cabelo e
suspirou. ―E Faith. Eu preciso dizer adeus a ela. Eu pensei que já tivesse, mas
não tinha. Não completamente. Eu me agarrei a ela como o símbolo de todas
as falhas que senti que tinha.
―Você não é perfeito, querido irmão, mas não tem falhas. Você só
tropeçou um pouco. ― Sentou-se e sorriu para ela. ―Uma maneira muito
delicada e agradável para dizer o que eu fiz. Nós podemos apenas ignorar a
parte onde, ao tropeçar um pouco, eu caí de cara no chão.― Ele riu junto com
ela e em seguida, levantou-se, ajudando-a ficar de pé. ―Eu vou para a cama e
você deve fazer o seu caminho para a cama também. Eu preciso ir a algum
lugar na parte da manhã. Eu posso ficar fora por um tempo.
―Para a casa de Olympia?
―Ainda não. Eu preciso da minha casa limpa e eu preciso dizer adeus a
Faith. Eu suspeito que ela tem estado esperando por isso por um longo
tempo.

O cemitério ao lado da igreja era lindo. O filho do vigário fez um


trabalho excelente cuidando dele. Brant estava satisfeito e sabia que, muito em
breve, um dos filhos iria substituir o pai e o último dos que havia injustiçado
Faith teria ido embora. Talvez, pensou enquanto caminhava até o túmulo de
Faith, Peter, que cuidou tão bem do cemitério, gostaria de se tornar seu
jardineiro.
Ele se ajoelhou na grama e colocou o buquê de flores que tinha trazido
contra a lápide. Pobre Faith. Ela tinha sido tão jovem, tão inocente. Ele podia
vê-la tão facilmente às vezes, mas esses tempos eram cada vez menores. Ela
tinha sido o seu primeiro gosto do amor, mas ele tinha percebido no passeio
até aqui que ela não tinha sido realmente o amor que tocou em sua alma; não
como Olympia fazia. Brant não tinha dúvida de que ele e Faith poderiam ter
sido felizes juntos, criado uma família e se dando bem facilmente, com ele
nunca perecendo que algo estava faltando. Simplesmente estar sem Olympia
por quase um mês era como se alguém tivesse arrancado um pedaço de seu
coração. Ela nunca seria uma doce, e obediente noiva como Faith teria sido,
ou alguém que sempre se esconde atrás de seu homem. Olympia era uma
mulher que um homem deveria manter a seu lado, e como apoio se precisasse.
―Ah, Faith, você deveria ter tido muitos mais anos do que foram
concedidos a você. Você não merecia a traição de seu pai, ou a morte que
sofreu. Eu também injusticei você do jeito em que acreditei que você iria me
trair com outro homem e por isso peço perdão. Era como um ronronar sob a
minha cela há anos, mas eu a removi. Sim, talvez devesse ter feito uma
pergunta ou duas. Sim talvez eu devesse ter tentado te caçar e exigir as razões
do por que você me deixou e quando eu o fizesse pudesse ter visto logo que
algo estava errado. Mas seu pai era um vigário e eu acreditei nele como agora
vejo que a maioria do mundo teria. Então, eu peço perdão por meu lapso de
confiança.
―Eu também peço perdão por não deixá-la ir. Eu pensei que tinha e
Penélope disse que você tinha ido, mas eu ainda estava apegado a você. Eu
alimentei minha culpa com sua memória. Eu não sei se isso perturbou o seu
descanso, mas agora te liberto. Totalmente. Completamente. Encontre aquele
descanso que você merece, amor. ― Com o dedo, ele traçou levemente seu
nome gravado na lápide. ―Posso dizer que, se tivéssemos nos casado,
teríamos sido felizes. Eu sei disso. Eu a amei. Eu teria sido um marido fiel e
nós teríamos tido filhos lindos. No entanto, eu descobri que há muitas
profundidades no amar. Eu tenho um novo amor agora e seu nome é
Olympia. Ela está em meu coração tão profundamente que me sinto como se
uma parte estivesse faltando quando ela não está ao meu lado. Eu acho que,
apesar de você e ela serem muito diferentes, você a aprovaria. Eu gostaria de
pensar em que você está sorrindo para nós, satisfeita por termos encontrado
um ao outro.
―Eu suspeito que ela está, Milorde.
Brant levantou-se e limpou as calças antes de apertar a mão de Peter. O
irmão de Faith tinha crescido e havia se tornado o homem que ele tinha visto
quando havia trazido o corpo de Faith para casa naquele dia. O jovem homem
tinha mantido um olho muito atento sobre seu pai para ter certeza de que o
homem não mais fizesse mal às suas próprias crianças. Não levaria muito para
que o velho morresse porque ele mesmo estava bebendo quase até a morte. E
não levaria muito tempo mais para a bebida terminar o trabalho. Brant o teria
removido como vigário mas ele não queria o nome de Faith manchado por
qualquer coisa que pudesse surgir durante tal remoção.
―Você realmente acredita?― Ele perguntou quando ambos olhavam
para a sepultura.
―Sim, essa era nossa Faith. Amável e generosa. Isso foi um
desperdício. É algo que nenhum de nós perdoou porque não importa como o
bom livro fala de perdão. Isso não é possível.― Brant afagou o homem no
ombro. ―Me foi dito recentemente para limpar meu coração. Eu carregava
um monte de culpa.
―Por isso? Isso não era culpa sua.
―Não, não era. Como havia um monte de outras coisas que não eram
minha culpa. Também não é sua. Eu acho que talvez você possa sofrer um
pouco do que eu sofri.
―E como foi que você limpou seu coração, milorde?
―Eu revivi tudo, tudo o que me levou a sentir-me culpado, e foi um
inferno fazê-lo, mas funciona. É muito mais semelhante a tirar uma lasca só
que você o tira para fora de seu coração e não de seu pé.
―Eu vou tentar então, milorde, porque seria bom ter um coração limpo
novamente. Meu pai vai morrer em breve, dentro de uma semana, eu acredito.
―Você quer assumir seu lugar como vigário?
―Não, mas meu irmão assumiu. Ele pode ser muito jovem, tendo
apenas vinte anos, mas se houvesse uma maneira de segurar o lugar aberto
para ele. . .
―Veja como as pessoas em sua congregação se sentem, Peter. Eles vão
deixar você saber se eles acham que o seu irmão precisa de ser um pouco mais
de velho. Dependendo do que eles disserem, vamos decidir o que fazer. Mas
você não deseja o cargo.
―Estou disposto a segurá-lo para ele até que ele seja velho o suficiente,
mas, não, eu não quero ser um vigário. Eu não posso lidar bem com as
pessoas como um bom vigário deve fazer.― Ele olhou ao redor do cemitério.
―Isto é o que eu gosto. O aberto. Trabalhar com a terra para trazer para fora
a beleza da coisa. ― Brant sorriu. ―O suficiente para se tornar o jardineiro-
chefe em Fieldgate? Eu sei que não é a melhor posição para se oferecer ao
filho de um vigário.
―Assim que souber se devo ficar aqui mais algum tempo ou não,
estarei à sua porta. Eu quero dizer, sim, obrigado, milorde. Se nada mais, eu
posso usar seus jardins para treinar-me, talvez algo um pouco maior. Mas, sim,
eu adoraria ser seu jardineiro.
―Jardineiro-chefe.
Peter acenou com a cabeça e depois se desculpou. Brant poderia dizer
pelo jeito que o jovem estava correndo em direção ao presbitério que ele tinha
a necessidade de contar a alguém a boa notícia. Não era a melhor posição para
o filho de um vigário, mas Brant estava satisfeito que Peter iria levá-la, pelo
menos por um tempo. Ele tinha o dom e, ele pensou enquanto olhava em
volta. Talvez ele também devesse ver para que o jovem tivesse algum
conhecimento de alguns dos mais famosos para a concepção de jardins em
muitas outras casas de campo. Ele se curvou e beijou o topo da lápide.
―Descanse em paz, meu amor. Você merece isso.
No momento em que Brant voltou para Fieldgate no dia seguinte, ele
encontrou sua casa um pouco cheia com o que parecia ser quase uma dúzia de
mulheres. Agatha rapidamente arrastou a mais velha do grupo até ele. Não
levou mais que um olhar de Brant para saber que ele tinha uma grande
multidão de Wherlockes em sua casa. Ele orou para que eles fossem a
resposta à sua carta para Argus.
―Este é Lady Mel Vaughn―, disse Agatha, que rapidamente introduziu
os outros tão rapidamente, que Brant esperava nunca ser pressionado a
lembrar todos os seus nomes.
―Eles dizem que Argus enviou-os a limpar a casa. Eu não tenho
certeza do que isso significa, exceto para saber que isso não inclui qualquer
uso de vassouras ou espanadores. ― Lady Vaughn olhou para ele a partir de
sua altura diminuta e piscou seus grandes olhos castanhos. ―Foram-nos dados
alguns quartos muito agradáveis, bem alimentados, e vamos começar a
trabalhar em breve. Este é um lugar muito sujo, Milorde ―, acrescentou ela
com uma carranca que teria feito qualquer bronca mãe orgulhosa.
―Eu sei, milady, é por isso que tenho tanta necessidade de suas
habilidades, bem como as de suas companheiras.
―É também por isso que Argus disse que eu deveria trazer comigo
muitos dos meus semelhantes, tanto quanto pudesse encontrar. Eu zombei de
sua insistência de que eu precisaria de um pequeno exército, mas agora vejo
que ele estava certo. E, você está certo. Nossa Olympia nunca poderia ter sido
feliz neste lugar. O próprio fato de que pediu-nos para vir aqui antes de trazê-
la quase desculpa a maneira com que maculou a energia deste lugar.
Brant murmurou seu pedido de desculpas e, em seguida, assistiu como
Lady Mel Vaughn levava seu pequeno exército as escadas, anunciando em voz
alta que eles iriam começar no sótão. Quando uma pequena loira disse que ela
não via o que um homem poderia chegar a fazer lá cima, Lady Mel informou-
a de que este homem em particular parecia ter subido em tudo e em qualquer
lugar, então porque não lá em cima. Brant podia sentir-se corar, mas lutou
contra seu embaraço, mesmo quando ele olhou para Agatha para encontrá-la
tentando em vão sufocar o riso.
―Bem, pelo menos, será feito em breve―, disse ele e se dirigiu-se para
sua biblioteca. Agatha o seguiu. ―Era provavelmente melhor que você não
estivesse aqui quando eles chegaram. Lady Vaughn foi muito, er, expressiva.
Levou algum tempo para ela aceitar a, hum, imensidão do trabalho ante elas.
Quando Agatha deixou-se cair em uma cadeira perto da lareira e
começou a sufocar com o riso, o seu embaraço começou a diminuir. Isso não
queria dizer que ele não iria parar de querer bater na cabeça de Argus com
algo duro e pesado por causa das suas considerações sobre ser necessário um
exército. Ele tinha enviado a Brant o que ele havia pedido e por isso ficaria
eternamente grato.
―Ela é uma pequena mulher poderosa ―, disse Agatha quando
finalmente parou de rir.
―Ela parecia ser. Eu não suponho que eles tenham lhe dito como elas
iam fazer isso...
―Elas disseram, mas eu não tenho certeza se realmente entendi. Haverá
alguns cheiros embora ela me assegurou de que eles não serão desagradáveis.
Algo sobre a necessidade de um pouco de fumaça e incenso e ervas. ― Agatha
deu de ombros. ―Ela estava falando tão rápido enquanto marchou pela casa
com todas as outras senhoras arrastando-se atrás dela, que eu realmente não
acho que poderia lhe fazer perguntas.
―Ela parecia ser uma mulher que não gosta de ser interrompida.―
Brant sentou-se em sua mesa e olhou em volta. Ele estava ansioso para que
elas limpassem esse quarto para ele porque ainda podia ver o rosto de
Olympia quando ela se inclinou contra a parede ao lado da lareira. Ele gostaria
de pensar que era a única memória que precisava limpar. Então, novamente,
com a quantidade de bebida que havia consumido, às vezes, ele não poderia
alegar ter certeza sobre muita coisa que tinha feito e onde tinha feito isso.
―Não. Ela achava que eles iriam precisar de dois, possivelmente três
dias para fazê-lo corretamente.
―Então vou fazer meus planos baseados nisso.
―E o que poderiam ser esses planos?― Perguntou ela, mas estava
sorrindo para ele.
―Para ir e recolher minha noiva é claro. Primeiro vou precisar de uma
licença especial para ela, uma vez que meu coração esta limpo, ela irá se casar
comigo sem hesitação e eu quero ter certeza de que ela o faça.
Capítulo 20

Olympia suspirou enquanto olhava para fora da janela de seu quarto.


Ela olhava demais para a carruagem em frente a sua casa, uma carruagem que
havia passado muitas horas olhando ao longo do último mês. Ela tinha
pensado que esperar dois meses para que ele viesse atrás dela seria fácil, mas
agora estava lutando para se segurar a isso. Isso estava tomando mais e mais
de seu esforço de ficar e esperar a cada dia, cada hora, que passava. Ela sentia
falta dele.
―Você gostaria de ir dar um passeio nos jardins, mamãe?
Ela se virou e sorriu para seu filho. ―Isso seria ótimo. Obrigado.― Ela
caminhou ao lado dele e permitiu-lhe enlaçar o braço através do dela. ―Eu
estava apenas pensando que era um dia lindo.― Ela franziu a testa para ele
quando ele fez um barulho que era pesado com incredulidade e zombaria.
―Isso foi rude.
―Sim, mas uma mentira merece um pouco de grosseria.―
Ela suspirou. Às vezes, se esquecia dos dons que seu filho possuía. Ele podia
senti-la, sem dúvida, infelicidade, provavelmente até sua decepção quando
mais outro dia passava e não havia nenhum sinal de Brant. Era difícil manter
segredos dele. Havia um, no entanto, que ela duvidava que ele podia sentir, e
era o único que poderia empurrá-la para ir atrás de Brant antes que os dois
meses terminassem. Ilar não tinha o dom que poderia dizer-lhe se ela estava
ou não grávida.
―Sim, foi uma pequena mentira, mas principalmente para salvar as
aparências. Nenhuma mulher gosta de ser pega de surpresa suspirando de
anseio por um homem. É embaraçoso.
―Por quê? Você o ama.
―Eu amo, mas todo esse negócio de suspirar e sentir saudade é uma
miséria. Achava-me mais forte do que isso.
―Oh, você é. Você ainda come muito bem.
―Talvez seja simplesmente porque eu não sabia que suspiros e
saudades de um homem também traziam um toque decorativo de fome.― Ela
sorriu quando ele riu.
―Estamos sendo seguidos você sabe.― Olympia olhou para trás para
ver Isca e Jantar andando atrás deles. ―Às vezes penso que eles estão com um
pouco de medo de serem deixados para trás para se defenderem sozinhos de
novo.
―Eu não tenho nenhuma dúvida de que isso é exatamente o que é.―
Ilar espiou atrás deles e, em seguida, sorriu para ela. ―Eu também acho que
Isca acredita que você é a mãe dele, embora ele receba o seu jantar de Jantar.
―Ele riu de sua própria piada.
―Muito engraçado―, ela falou lentamente, mas houve uma pitada de
riso em seu tom. ―Eu acredito que eles também de alguma forma, saibam que
estamos indo para o jardim e gostariam de ir junto.
―Verdade. Eles não gostam de sair a menos que alguém saia com eles.
A vida deve ter sido muito difícil para que eles sejam tão avessos a ir para fora.
Jantar terá de ser colocada no galpão em breve, no entanto. Eu acho que ela
entrará no cio em cerca de quinze dias. ― Ilar sabia demais sobre os animais e
seus caminhos para ela questioná-lo. Seu amor e compreensão deles
ultrapassavam o dela. Essa foi uma das razões que ele nunca realmente
argumentou sobre sua longa permanência no campo. Ela sabia que ele gostaria
de ver a cidade, mas também sabia que não tinha inclinação para viver lá.
Ela olhou ao redor do jardim bem cuidado e de repente pensou no de
Fieldgate. ―Eu me pergunto se Brant tem sido capaz de limpar seus jardins.
Eles pareciam como se, uma vez cuidados, ficariam belos.
―Você quer ser a que contrata sua equipe?
―Não, embora eu possa vir a desejar que eu tivesse alguma palavra
sobre isso se eu fosse viver lá.
―Não, se, Mãe. Quando.
―Você parece muito certo disso.
―Eu estou.
―Você já teve alguma, bem, premonição sobre isso?― Ela realmente
esperava que ele não tivesse um dom de previsão porque ele já tinha muito
com que lidar
―Não. Mas eu tenho uma audição muito boa e uma carruagem está
sendo conduzida até a porta. ― Seu coração pulou com esperança e medo.
―Pode não ser ele.
―É verdade, o som de carro não me disse isso, mas sua voz chamando
por alguém para cuidar dos cavalos o fez.― Ela parou e olhou para ele. ―Eu
não ouvi isso.
―Você estava pensando em seus jardins e, como eu disse, tenho uma
audição muito boa. Eu suspeito que ele vai se juntar a nós aqui em breve.
Devo ser grosseiro?
―Só se você desejar que as suas orelhas sejam puxadas―.
Ilar riu com a confiança de uma criança que nunca tinha sido.
―Eu irei então passear com Agatha.
―Você a ouviu também?
―Eu ouvi. Muito boa audição. ― Olympia assistiu e seu filho partiu, os
dois gatos o seguindo, embora Isca ficasse olhando para trás como se ele
temesse que ela iria ficar e ele não teria ninguém para enrolar-se na cama.
Claro se Brant estava aqui pelas razões que ela rezou que estivesse, Isca ia
encontrá-la um pouco cheia demais de agora em diante. Duvidava que Brant
gostasse de compartilhá-la com um gato. No momento em que ele entrou no
jardim seu coração começou a correr. Olympia disse a si mesma para não ser
boba, mas isso não ajudou. Ela precisava dele, precisava que ele pertencesse
inteiramente a ela. Enquanto o observava caminhar para ela, a esperança de
que ele era dela e só dela cresceu. Havia uma diferença em seus passos, uma
calma que não tinha estado lá antes. Antes que ela pudesse dizer Olá, ele
puxou-a em seus braços e beijou-a. Olympia afundou em seu abraço, tão
faminta por ele como ele por ela. Quando ele interrompeu o beijo, não a
soltou e ela olhou para aqueles belos olhos dele, olhos ainda mais bonitos pela
ausência de sombras.
―Você fez―, ela sussurrou, contente por ele e preocupada com o que
isso significava para ela, pelo futuro que ela rezava para que ele fosse oferecer
a ela novamente.
―Eu fiz.― Ele tomou-a pela mão e levou-a até um banco, deslizando
seu braço em volta de seus ombros quando eles se sentaram. ―Eu admito,
pensei que era tudo bobagem. Não fazia sentido para mim. Limpar meu
coração. Que diabo que isso quer dizer, eu ficava perguntando. Mas, em
seguida, Orion me deu algum aconselhamento. Eu fiz o que ele sugeriu e
funcionou.
―O que ele sugeriu?
―Reviva tudo. Olhe para tudo e ver que a minha culpa estava
equivocada. Jogar fora todos os deverias inúteis. Doeu demais, para ser
franco. Mas funcionou. E, em seguida, fui dizer um adeus definitivo a Faith.
―Ele sorriu quando ela tomou sua mão na dela e beijou as costas dela.
―Eu entendo que você a amava. Eu posso aceitar isso. Não pense que
você nunca deva falar o nome dela.
―Eu sei. Eu a amava e acho que teríamos tido uma vida muito boa
juntos, mas eu não a amei como amo você. Ela estava no meu coração e
sempre manterei um cantinho para ela pois foi o meu primeiro amor, mas
você está em meu coração e alma. Você é o meu par perfeito. Eu teria sido
um bom marido para a Faith, mas percebi que a vida não teria sido tudo o que
deveria ter sido se eu tivesse casado com ela porque ela era tão doce, tão
pronta para fazer o que eu dissesse ou quisesse.― Ele começou a sorrir
quando Olympia começou a franzir a testa para ele, e, em seguida, beijou a
ponta de seu nariz. ―Você vai me fazer viver, Olympia. Você não me
permitirá me estabelecer. A vida será plena e divertida e vigorosa com você.
Isso é o que eu quero. Eu quero esta vida tanto quanto eu quero o meu
próximo fôlego. Então, Lady Olympia Wherlocke, Baronesa de Myrtledowns,
você vai se casar comigo agora?
―Ah sim.
Em vez do beijo que ela esperava, Olympia encontrou seu dedo sendo
preenchido por um belo anel de safira e Brant rebocando-a de volta para a
casa.
―O que você está fazendo?
―Levando você para se casar. Você disse que iria se casar comigo sem
hesitação e eu quero dizer que vou fazer com que você cumpra isso. Eu
também pretendo fazer amor com você até que não consiga lembrar seu
próprio nome e não vou fazê-lo aqui, na casa de seu filho, a menos que
estejamos casados.
A ela foi dado tempo suficiente apenas para buscar um chapéu e logo
depois ela, seu filho, Agatha, tia Antígona, e Enid na carruagem com Pawl
sentados ao lado do motorista. Enquanto a colocavam dentro da carruagem
ela espiou pela janela para ver sua prima Tessa e toda a sua família em seu
carro esperando para seguí-los. Ela olhou para Brant.
―Você estava muito confiante.
―Esperançoso―, disse ele. ―Muito esperançoso.
O vigário estava esperando por eles e Olympia percebeu que não se
importava se não tinha um vestido de casamento. Ela estava cercada por
pessoas que se importavam com ela, em pé ao lado do homem que amava
mais que a vida, e prestes a começar aquele futuro que havia sonhado. Era, ela
decidiu, um casamento perfeito. Tudo o que faltava, mas apenas brevemente,
era seu irmão para levá-la até o altar. Ela só esperava que Argus não ficasse
muito irritado com a falta dessa chance.
Estava quase escuro quando Brant a libertou de sua família e levou-a
até o quarto. Ela tinha sido incapaz de esconder totalmente a cor que subia
para as bochechas porque sabia que eles estavam todos conscientes do que ela
estava prestes a fazer e sua confiança tinha vacilado por um momento.
Lembrando-se de que era agora uma mulher legalmente casada e Brant era o
seu marido aliviou a onda de constrangimento.
―Eu senti sua falta―, ele sussurrou quando começou a desfazer seu
vestido. ―Nós não dividimos a cama muitas vezes, e eu sempre tive que
rastejar para longe antes que alguém pudesse nos pegar juntos, ainda assim
encontrava minha cama muito vazia à noite.
―Assim como eu―, admitiu ela, enquanto o ajudava a sair de seu
casaco e começou a desfazer seu colete. ―Eu também senti saudades de você
na parte da manhã, senti saudade de vê-lo do outro lado da mesa.
―Agrada-me que eu não estivesse sozinho nisso.― E depois a conversa
cessou quando ambos trabalharam tão rapidamente quanto possível para tirar
a roupa. Olympia sabia que a necessidade que tinha de estar carne a carne com
ele era compartilhada. No momento em que a última das suas roupas
caíram no chão, ele a pegou e colocou-a na cama. Ambos tremeram levemente
quando seus corpos finalmente tocaram pele quente contra a pele quente.
―Eu senti falta disso também―, disse ele enquanto beijava seu pescoço,
movendo suas mãos sobre seu corpo como se para renovar sua familiaridade
com cada curva e recanto.
―Pode ser errado para uma mulher a fazê-lo, mas eu o fiz também,―
ela sussurrou.
―Não é errado quando for de mim que você sentir falta.
―Só você.
―E só você para mim, Olympia. Acredite em mim. Eu sei como muitos
de nossa classe agem após o casamento, mas eu não irei. Serei fiel. Eu não
quero a ninguém mais.
―Mesmo quando esse fogo entre nós cessar?
―Mesmo assim―. E então ele a beijou e Olympia entregou-se à paixão
que compartilhavam. Cada toque dele e beijo fazia o desejo que sentia por ele
crescer até que ela agarrou-se a ele como uma criança morrendo de fome
apertava um pedaço de pão. Olympia sabia que nunca iria precisar outro, que
nenhum outro poderia dar-lhe isso. Ela começou a acariciá-lo onde quer que
pudesse, deliciando-se com o calor de sua pele, a força que ela podia sentir
por baixo. Quando ele lambeu e mordiscou seus seios ela deslizou sua mão
para baixo e enrolou os dedos ao redor de sua ereção. A sensação dura, de
seda em sua mão, a maneira como ele gemeu contra ela quando o tocou, só
aumentou o seu desejo até que ela estava quase se contorcendo em sua
necessidade de senti-lo dentro dela. Ela não pode silenciar seu miado de
decepção quando ele retirou a mão, mas, em seguida, ronronou de prazer
quando ele começou a beijar seu caminho para baixo de seu corpo.
Olympia fechou os olhos e arqueou em seu beijo quando começou a
fazer amor com ela com sua boca. Cada golpe de sua língua a teve tremendo
de necessidade, a dor dentro dela cada vez mais forte até que seu ventre se
torceu a um ponto que era uma estranha mistura de prazer e dor. Ela agarrou-
o em seus braços e puxou-o, tentando puxá-lo de volta em seus braços.
―Agora, Brant,― ela engasgou quando seu corpo faminto arqueou-se a
procura de algo mais do seu íntimo beijo. ―Eu quero você dentro de mim. Eu
quero que sejamos um novamente.
Brant gemeu, incapaz de resistir a esse pedido. Ele beijou seu caminho
de volta até seu corpo, levantou as pernas até que ela envolveu-as em torno de
sua cintura, e juntou seus corpos em um impulso duro. Por um momento,
permaneceu imóvel, saboreando o calor apertado dela e o fato de que eles se
juntaram, que eles eram novamente um como ela pediu. Era uma alegria estar
com ela dessa forma novamente, uma alegria que aumentou com o
conhecimento de que podia saboreá-la sempre que ele quisesse para o resto
de sua vida. ―Brant,― Olympia disse, tentando levá-lo a mover-se com as
pernas. ―Eu preciso . . .
―Eu sei―, disse ele, e beijou-a quando começou a mover seu corpo.
Não demorou muito para que eles já não pudessem se mover lentamente, com
movimentos medidos que ambos saboreavam. Necessidade encheu-o até que
ele mal conseguia pensar direito, mas quando começou a mover-se com uma
maior ganância, ela ia a seu encontro com a mesma avidez. Ele agarrou-se aos
farrapos de seu controle até que sentiu seu aperto em torno de seu corpo,
ouviu-a chamar seu nome quando seu prazer a atingiu, e, em seguida, ele
procurou o seu próprio.
Não tendo certeza de quanto tempo ele tinha ficado esparramado sobre
a forma inerte de Olympia, Brant moveu-se para o lado e olhou para ela. Ele
sorriu. Ela parecia uma mulher bem satisfeita e ele era homem o suficiente
para achar que isso fosse extremamente gratificante. Quando ela lentamente
abriu um olho para olhar para ele, ele beijou a ponta de seu nariz.
―Você está parecendo muito arrogante, meu bom marido―, ela murmurou.
―E você está parecendo muito satisfeita. Minha vaidade masculina
ficou satisfeita com isso. ―Ela riu. ―Então, agora estamos casados.
―Sim, agora estamos casados. Casamento devidamente consumado.
―Seu devidamente foi muito bem feito, se assim posso dizer.
―Você pode. Você está prestes a começar a se preocupar com coisas
práticas?
―Eu temo que eu poderia estar.― Ela cantarolou baixinho com um
prazer preguiçoso quando ele começou a acariciar seu estômago. ―Eu
realmente tenho um barão como filho quando tudo isso foi feito.
―Sua tia disse que está mais do que feliz em cuidar da casa, com Ilar
vindo a aprender como administrar o lugar como lhe agradar. Eu tenho o
sentimento que sua prima Tessa e sua família estão considerando mudar-se
novamente para que eles possam ajudá-la.
Olympia piscou. ―E, assim, tudo está resolvido. Eu sou a única que
não teve de fazer arranjos enquanto esperava por você? ― Ele riu e começou
a mordiscar sua orelha. ―Será que você começou a duvidar que eu voltasse
para você?
―Às vezes, sim. Eu vou admitir que também pensei que
ocasionalmente eu deveria fazer algo em preparação para o futuro. Eu estava
planejando, mas depois de algumas ideias mais estranhas sobre como isso
poderia amaldiçoa-lo. ―Ela sorriu quando ele riu de novo. ―Nós somos
abençoados, meu amor. Verdadeiramente abençoados. E não é estranho que
você tivesse dúvidas. Eu sabia que você sabia que estava pronta para iniciar
nossa nova vida juntos, e sabia que eu era o único que estava segurando-a.
Considerando-se o que eu precisava consertar, você não precisa se sentir
culpada sobre uma dúvida ocasional.
O que ela tinha a intenção de responder a isso foi rapidamente perdido
quando ele começou a fazer amor com ela novamente.
Olympia permitiu-lhe o seu caminho por um tempo e, em seguida, teve
seu próprio caminho. Ela empurrou-o para trás e começou a beijar seu
caminho para baixo de seu corpo, renovando sua familiaridade com a lisa,
dura força dele. O gosto dele, mesmo o aroma de sua excitação só aumentou
o seu desejo de levá-lo a necessidade selvagem por ela. Ela fez amor com ele
com sua boca, tomando-o profundamente dentro e saboreando suas palavras
um tanto incoerentes de incentivo. Brant lutou para manter o seu controle,
para manter o seu desejo em cheque quando Olympia o deixou insano com
sua boca. Ele sabia que estava dentro de um batimento cardíaco de perder o
último resquício de controle quando ela gentilmente usou seus dentes nele e
ele agarrou-a debaixo dos braços, puxando-a de volta até seu corpo. O roçar
de sua carne macia contra a sua o fez gemer, e ele rapidamente a posicionou
sobre sua virilha. ―Leve-me para dentro, amor.― O sorriso que ela deu-lhe
quando lentamente o levou em seu corpo o deixou quase berrando de prazer.
E então ela começou a montá-lo. Antes de perder o último de seus sentidos,
ele olhou para ela, com a cabeça jogada para trás, os seios saltando e prazer
claro em seu rosto e pensou que era a mais bela vista que ele já tinha visto. E
então ele caiu no abismo, ouviu-a gritar seu nome e sentiu-a se juntar a ele em
sua queda, mesmo quando ele afundou sob as ondas de desejo que só ela
podia jogá-lo dentro.

Um empurrão acordou Olympia e ela levantou a cabeça do ombro de


Brant, tocando a boca para fazer certeza de que não tinha graciosamente
babado em cima dele. ―O quê?
―Fieldgate―, respondeu ele, sorrindo enquanto ela mexia em seu
cabelo e lutava para acordar. Eles tinham passado dois dias e duas noites em
Myrtledowns e a maior parte deles fazendo amor em qualquer lugar que
puderam encontrar vazio e pela maior parte da noite, quando eles iam para a
cama. Não era de se admirar que ela estivesse cansada. Olympia olhou pela
janela quando eles pararam em frente as portas. Era uma linda casa e ela sabia
que gostaria de viver nela. Só havia uma coisa que ela tinha tentado muito
fortemente não pensar sobre. Seu dom poderia revelar-se uma verdadeira
maldição considerando como seu marido amoroso havia se comportado antes
que ela o houvesse arrastado para longe da casa. Quando ele a ajudou a sair do
carro e levou-a para a porta, ela jurou que não permitiria que nenhuma visão,
nenhum conhecimento de seu passado que ela pudesse inadvertidamente ver,
destruísse o que tinham encontrado juntos. Ela entrou no hall de entrada e um
jovem mordomo com muita elegância estava ali para tomar suas coisas.
Olympia olhou para Ilar que estudou o novo mordomo por um momento e
depois sorriu enquanto ele também entregava ao homem suas coisas. Ela
esperava que todas as novas contratações tivessem a mesma aprovação que
esta, sua última dúvida sobre se estava ou não carregando o filho de Brant
tinha desaparecido quando ela tinha esvaziado seu estômago em um balde. Foi
apenas pura sorte que ele não estava ali para vê-lo.
Enquanto caminhava para a sala de visitas, ela começou a notar algo
diferente sobre a casa. Quando tinha estado aqui antes havia um ar de tristeza
no local, e a pista do que Brant tinha sido durante seu mergulho em
libertinagem estava em todos os lugares também. Isso tinha ido embora. Ela
cheirou o ar, certa de que havia um perfume que não tinha estado lá antes e
que ela deveria reconhecer. Não foi até que entrou na sala de visitas que ela
soube que algo tinha mudado, ela apenas não sabia o quê. Olympia olhou para
Brant e viu que ele estava tenso, apesar de seu sorriso e conversa informal
com Agatha e Ilar. Ele acenou com a direção a uma cadeira, mas havia um
olhar tão estranho em seu rosto que ela estava relutante em sentar-se nela.
Cautelosamente, recordando o que tinha visto a última vez que tinha tocado
algo em sua casa, ela se sentou. Nada. Em seguida, a verdade a acertou. Era
isso que estava diferente na casa. Não havia nada. Nenhuma tristeza. Sem
nada. Era como se a casa tivesse sido construída apenas ontem e nada tivesse
acontecido em ainda.
―Brant, se foi―, disse ela, olhando para o marido e vê-lo relaxar e
sorrir. ―Como é tudo se foi? É como se nada tivesse acontecido aqui.
―A casa está limpa―, disse ele.
―Exatamente, mas como isso é possível?
―Eu escrevi a seu irmão e lhe disse que precisava limpar minha casa da
mancha de minhas ações dos últimos anos. Ele enviou uma Lady Mel Vaughn
e um verdadeiro exército de outras mulheres e elas limparam minha casa. ―
Levou um momento para recordar Lady Mel Vaughn e então ela olhou para
Brant. ―Você limpou todas as energias. Tudo.
―Tudo. Levou três dias ―, acrescentou ele e parecia envergonhado por
isso.
―Eu não estou surpresa―, disse ela e encontrou seu olhar severo, com
um sorriso, mesmo quando ela se levantou. Ela lembrou como ele tinha
olhado quando ele tinha pedido a ela para se sentar na cadeira e, mesmo que
não sentisse e visse nada, ela sabia que ele temia que ela fosse. ―Eu gostaria
que aquela cadeira se fosse entretando.― Ela piscou para ele quando ele
corou. ―Eu não vi nada, não senti nada, exceto o seu receio quanto você me
pediu para sentar-me nela.
―Entendido.― Brant foi até a porta, chamou um lacaio, e
imediatamente teve a cadeira colocada no sótão. ―Melhor?― Ele perguntou
quando voltou para o lado dela. ―Basta tentar esconder suas expressões
quando eu sentar em algum lugar ou você pode achar que vai precisar
substituir mais do que você tinha planejado. ― Ela ficou satisfeita quando ele
riu. Seu passado não ia perturbá-la. Olympia entendeu a escuridão em que ele
havia sido pego e compreendeu as formas muitas vezes inaceitáveis que um
homem de sua classe tentava lidar com a turbulência emocional. Agradou-lhe
que ele havia limpado sua casa só para ela, mas o que lhe agradava ainda mais
era que ele tinha também aceito seu dom e que tinha pensado em como viver
aqui, onde ele tinha se comportado tão completamente mal, poderia afetá-la.
Brant não iria fugir quando seu filho revelasse o dom que ele ou ela tinha. Ele
aceitou sua família tão plenamente que ela teve que piscar para conter as
lágrimas. Ele provavelmente nunca iria entender completamente como
profundamente importante isso era para alguém em sua família.
―Então, está tudo bem?
―Tudo está bem.― Ela caminhou até a janela e olhou para seus jardins.
Um jovem estava lá dirigindo vários trabalhadores.
―Você tem um novo jardineiro.
―Esse é o irmão de Faith, Peter. Ele ama o trabalho. Como filho de um
vigário isso poderia ser um pouco humilde para ele, mas ele agarrou a
oportunidade. Uma vez que a congregação estava mais do que disposta a
aceitar o seu irmãos mais novo como seu vigário, uma vez que seu pai acabou
de morrer, ele não esperou passar nenhum dia para embalar suas coisas e vir
aqui para trabalhar.
―Se ele fizer um bom trabalho com os seus jardins, você pode perdê-lo
quando outros lhe pedirem para ir e deixar o deles tão bonito.
―Então ele vai. De alguma forma eu duvido que ele vá sair daqui, no
máximo projetará outros jardins. Ele estava muito satisfeito de vir aqui e agora
tem uma bela casa de campo de sua autoria. Eu não vou segurá-lo, no
entanto.― Ele colocou o braço em volta de seus ombros. ―Se isso te
incomoda que um dos da família de Faith esteja aqui...
―Não, não incomoda. É perfeito. É certo que você seja o único a
ajudá-lo a conseguir o que ele quer na vida. E, eu acho que devo ir lá e ver o
que é que ele está planejando.
―Você tem certeza que quer fazer esse trabalho depois de uma viagem
tão longa?
Olympia acenou com a mão em sua direção quando ela saiu pela porta.
―Eu preciso ter certeza de que o jardim seja um lugar perfeito para o nosso
filho conseguir um pouco de sol.
―O quê?― Brant teve de sacudir a cabeça, mas suas palavras caíram na
mesma ordem em sua mente, e tinham o mesmo significado. ―Olympia!― Ele
ouviu suas risadas de algum lugar no corredor. ―Droga mulher ―, ele
murmurou e correu atrás dela. Ele deu um passo para fora da porta e ouviu
Agatha e Ilar rindo. O doce som da risada de Olympia ainda permanecia em
sua mente. Ele percebeu que tinha sido um tempo muito longo desde que tais
sons haviam ecoado pelas paredes da casa. Sua infância não foi preenchida
com as memórias de um família jogando juntos ou rindo juntos. Tinha sido
uma mistura perturbadora de raiva fria e uma completa falta de parentalidade.
Mesmo as babás e tutores tinham sido indiferentes. Não tinha havido
nenhuma alegria na casa, apenas a tristeza e uma raiva fria. Olympia disse que
estava tudo acabado, que era como se a casa fosse nova. Brant olhou para
baixo para ver Isca e Jantar esperando pacientemente por ele para levá-los
para o jardim. Ele podia ouvir Ilar e Agatha amigavelmente discutindo sobre
quem iria receber o último pedaço de bolo, assim como dois jovens normais
fariam. Sua esposa rindo acabara de lhe dizer que em breve teriam um filho e
estava indo para fora para o jardim para ter certeza de que seria perfeito para
o seu filho. Ele suspeitava que também seria arranjado de modo a suportar a
presença de uma grande variedade de animais resgatados.
De repente, ele sorriu, colocou as mãos nos bolsos, e passeou atrás de
sua esposa. A casa estava mais que purificada. Estava viva agora com a
felicidade de sua família e era perfeito.

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