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(Wherlock 05)
Hannah Howell
Sinopse
Lady Olympia Wherlocke tem o dom da clarividência. Quando Lady
Agatha Mallam pede a Olympia para localizar seu irmão para que ele possa
resgatá-la de um casamento arranjado, ela sabe exatamente onde encontrar
Lorde Brant Mallam, conde de Fieldgate. O que acontece em seguida é algo
que ela nunca imaginou...
Desde que sua noiva morreu, Lorde Brant Mallam afogou sua tristeza
com vinho e mulheres. Seus caminhos dissolutos só encorajaram sua
calculadora mãe. Mas com a ajuda da encantadora Olympia, ele inventa um
ousado plano para acabar com as tramas tortuosas de sua mãe para sua irmã.
Embora cada passo em seu arrojado esquema funcione com perfeição, os
pecados do passado poderiam desvendar um desejo crescente que nem
Olympia ou Brant pode controlar...
Capítulo 1
Londres
Outono, 1790
Brant olhou para Olympia, abriu a boca para falar, não conseguia
pensar em nada a dizer, e fechou a boca. Isso foi rude, mas, apesar do fato de
que Olympia ainda estava de pé, ele caiu na cadeira. Era como se todas as
forças tivessem deixado suas pernas. Ele olhou ansiosamente para a garrafa de
conhaque.
―Isso não irá ajudar em nada, milorde,― Olympia disse, fazendo uma
pausa diante da grande lareira de pedra. ―Você não precisa.
―Não?― Ele suspirou. ―Eu mal tinha terminado de tomar o desjejum
quando você chegou. Meu mordomo está agora no frio chão do corredor,
você teve uma briga com a assistente da cozinheira, a que eu acabei de
demitir, e me fizeram saber que o menino que limpa minhas botas é na
verdade o meu meio-irmão―. Ele olhou para Thomas, que lhe deu um grande
sorriso. ―Agora você me diz que a minha mãe está tentando vender minha
irmã, uma mera criança, para o pior libertino e o mais depravado na
aristocracia. Uma bebida pode ser exatamente do que eu preciso.
―Eu duvido que Minden seja realmente o pior libertino na
aristocracia,― murmurou Olympia recostando-se contra a parede ao lado da
lareira. Ela ficou tensa quando imagens cintilaram em sua mente. Uma mulher
loura pressionada contra a parede. Brant gemendo ferozmente com a mulher.
Seus olhos fechados. Havia outra mulher semi-nua atrás dele passando as
mãos por todo o corpo dele. Olympia rapidamente afastou-se da parede.
―Homens―, disse ela, nojo pesando em seu tom. ―A parede? Contra a
parede, Fieldgate?― Ela estremeceu, silenciosamente admitindo que parte de
seu desgosto veio da pontada de ciúme furioso que havia atingido seu
coração. ―E duas de uma vez?
Brant piscou lentamente em confusa surpresa. Em seguida, ele lembrou
qual era o dom de Olympia. Ele quase amaldiçoou quando o calor de um
rubor queimou suas bochechas. Um pouco do embaraço que ele sofreu foi
pelo fato de que apenas tinha uma vaga lembrança sobre o que ela tinha visto.
Se ele recordava bem o dom dela, Olympia provavelmente sabia mais sobre
esse incidente do que ele mesmo, o que foi ainda mais humilhante.
―Vamos voltar ao assunto da minha irmã?― Perguntou e acenou com a
mão em direção a uma cadeira em frente a ele em um convite silencioso para
que ela se sentasse. Olympia olhou para a cadeira um pouco com cautela antes
de se sentar. Ela não queria mais imagens do comportamento dissoluto de
Brant cruzando sua mente. Sentando-se cautelosamente, deu um suspiro de
alívio quando não houve memória de algum evento escandaloso passado
entrando em sua cabeça.
―Eu conheci sua irmã Agatha, há duas semanas, quando ela veio para
Warren em uma tentativa de encontrar Radmoor. Desde que ela chegou
sozinha, eu sabia que havia alguns problemas fervilhando. Levou algum
tempo para obter a história toda dela.― Olympia serviu-se de um pouco de
chá. ―Como eu disse, sua mãe está negociando com
Sir Horace Minden, o Barão de Minden Grange, a mão da jovem Agatha em
casamento. Sua irmã está totalmente aterrorizada de que um acordo seja
fechado em breve e que ela seja forçada a casar com o homem.
―Já é ruim o suficiente que ela esteja sendo oferecida a um homem
com idade para ser seu avô, mas ele é...― Olympia procurou por uma palavra
que fosse ruim o suficiente para descrever Sir Horace mas ainda não
completamente profana.
―Um porco―, disse Brant e arrastou as mãos pelos cabelos. ―Eu não
me associei com o homem, mas sei o suficiente sobre ele para saber que
nenhuma mãe desejaria dar ao homem sua filha.
―Eu temo que a sua deseje.
―Haverá dinheiro para ela nisso. Eu envio-lhe uma quantia mais que
generosa mas ela sempre foi gananciosa―. Brant serviu-se de mais chá, mas
duvidou que iria aliviar a raiva quente crescendo dentro dele. ―A necessidade
de mais sempre a guiou.
―E eu acredito que sua querida mãe e Minden negociam muito mais do
que um simples pagamento pelo sacrifício de uma virgem.
Doía ouvir que a criança que ele lembrava, que era toda sorrisos e
meiguice, estava sendo chamada para isso, mas ele suspeitava que isso estava
perto da verdade. Agatha mal tinha dado os primeiros passos para a
feminilidade. Era verdade que muitas meninas tinham sido casadas em idades
muito jovens durante séculos, mas a prática tinha começado a desaparecer.
Também era verdade que os casamentos na sociedade tinha pouco ou nada a
ver com amor ou romance, ou mesmo compatibilidade, mas casar uma garota
mal fora da sala de aula com um velho com idade para ser seu avô seria algo
desaprovado pela maioria dos contemporâneos. Não era nem desculpável o
fato de Minden estar precisando desesperadamente de uma jovem mulher
fértil para produzir um herdeiro para ele, que já tinha vários.
―Mamãe, evidentemente, não está buscando a aprovação da sociedade
com tal jogo.
―Não.― Olympia de braços cruzados terminou um pedaço de bolo
enquanto pensava sobre tudo o que Agatha tinha dito. ―Eu acredito que sua
mãe procura a ajuda de Minden em algum empreendimento. Agatha queixou-
se que a maior parte do que ela ouviu soou mais como conversas comerciais
do que o acerto de um acordo de compromisso. É verdade que muitos
noivados são pouco mais do que acordos comerciais, mas deve haver algo
incomum na discussão, para fazê-la pensar assim.
―Qualquer negócio com Minden só pode ser sórdido.― Ele
suavemente amaldiçoou quando Olympia simplesmente levantou uma
delicada sobrancelha negra enquanto tomava um gole de chá. ―Mas é claro.
Como eu aprendi por mim mesmo, o dinheiro sujo não é um problema para
minha mãe―. A amargura na voz dele revestindo cada palavra, Olympia teve
que lutar contra o impulso de estremecer. Ela se perguntou se ele ainda
lamentava-se pelo seu amor perdido, e logo em seguida duvidou disso. Ele
não tinha visto Faith por um ano antes de descobrir que sua própria mãe tinha
vendido a mulher para o bordel onde foi cruelmente assassinada. Fazia dois
anos desde a descoberta. Um toque de tristeza para as chances perdidas seria
razoável, mesmo depois de tanto tempo, mas Brant não se abateu como o tipo
de homem que se agarrava a tal perda, como um poeta melancólico. Era outra
coisa que o mantinha amargo e zangado, mas ela sabia que agora não era o
momento para tentar desvendar esse enigma. Agatha necessitava de ajuda e
sua causa necessitava mais urgência.
―Você não pode simplesmente se recusar a concordar com o acordo?―
Perguntou ela e franziu a testa quando ele a olhou um pouco envergonhado.
―Você é o chefe da família, não é?
―Eu sou, mas, deixe-me apenas dizer que o meu poder foi severamente
reduzido, sobretudo no que diz respeito a minha irmã Agatha.
―Como isso foi feito? A Lei sempre coloca o homem em posição
dominante.
―Bem, eu suspeito que foram utilizados alguns subornos muito
atraentes. Talvez um pouco de chantagem. E eu também ajudei na minha
perda de poder com o meu próprio comportamento nos últimos dois ou três
anos. Mamãe exigiu o controle total sobre Agatha e conseguiu. Eu estava
pensando em como poderia levar minha irmã para fora do alcance da mãe,
especialmente desde que não posso simplesmente mandá-la para a escola
como fiz com meus irmãos, quando toda chance de fazer alguma coisa foi
tirada abruptamente de mim. Era como se, de alguma forma mamãe tivesse
ouvido sobre meus planos cedo o suficiente para arruiná-los.
―Ah, bem, eu suspeito que ela fez exatamente isso. Eu acredito que o
seu mordomo é seu homem. Comecei a suspeitar que havia algo errado aqui
quando não havia nenhuma resposta a qualquer carta que Agatha enviou a
você ou a qualquer uma de minhas mensagens. Apesar de devasso ―, disse
ela, ignorando o cenho franzido dele, ―você nunca me pareceu ser o tipo de
homem assim tão, bem... rude. Então, quando o homem tão
desdenhosamente me dispensou e recusou minha entrada...
―Você derrubou-o.
―Eu percebi que as minhas suspeitas estavam certas.
―Ah, então isso foi o que aconteceu. A confirmação de suas próprias
suspeitas derrubou-o―. Ele sorriu quando ela fez uma careta e pôde ouvir
Thomas rindo. ―Vamos ter uma palavra com Wilkins?
―Eu acredito que é uma excelente ideia.
―Eu posso ter uma palavra com ele agora ou depois,― ele murmurou.
Olympia ignorou. ―Vamos falar com ele aqui ou no corredor?
―Vou fazer com que seu homem o traga aqui e vou ajudá-lo a sentá-lo.
Ela observou Brant caminhar até a porta. Para quem passou muito
tempo enterrado em uma garrafa ou em uma mulher, ele ainda era uma bela
figura de homem. Havia uma força graciosa em sua caminhada. Ombros
largos que não requeriam nenhum estofado para fazer seu casaco caber
perfeitamente. Suas longas pernas estavam perfeitamente em forma
declaradamente bem torneadas. Para se manter tão em forma, tinha de haver
momentos em que ele não estava afundado nos males nocivos da devassidão.
Olympia começou a se sentir um pouco ruborizada e quente de novo e fez
uma careta. Isso não fazia sentido para ela. Não era nenhuma garotinha
desacostumada a lidar com homens, e muito além da idade de ser
impressionada por um belo par de olhos cinzentos ajustados em um belo
rosto que faziam seu coração bater mais rápido. Quando Pawl chegou
arrastando um Wilkins, pouco instável sobre seus pés, ela forçou a atenção
para eles. Ela se recusava a envergonhar-se diante do conde com sinais de
alguma paixão tola. No momento em que Wilkins estava sentado com Pawl de
pé atrás dele, o homem começou a suar e toda a insolência que tinha
mostrado a Olympia rapidamente desapareceu. Ela olhou para Brant enquanto
ele estava na frente de Wilkins e decidiu que o nervosismo do mordomo se
justificava. Brant era em cada polegada o conde de Fieldgate no momento e,
ela sentiu, um conde muito irritado também. Ninguém gostava de ser
espionado. E ser espionado por uma mãe que repudiava mas que ainda
apoiava mais que generosamente deveria mortificar o homem.
―Foi-me dito que a minha irmã mais nova Agatha tentou fazer chegar a
mim algum tipo de problema que ela está tendo, contudo eu não vi nenhuma
palavra dela em semanas ―, disse Brant. ―A baronesa―, ele acenou com a
cabeça na direção de Olympia ―também me enviou mensagens relativas aos
mesmos problemas por quase duas semanas, mas, mais uma vez, eu não vi e
não ouvi nada.
―Meu senhor, você tem estado indisposto―, começou Wilkins e então
ele encolheu os ombros em um gesto protetor como se pudesse defender-se
contra a fúria que escurecia os olhos de Brant.
―Não tente lançar a culpa por isso sobre os meus ombros. Eu posso
ter me afundado profundamente em um poço de libertinagem para ainda ser
considerado respeitável, mas não tão profundamente que iria perder ou
esquecer semanas de mensagens desesperadas de minha própria irmã. Na
maioria dos dias eu sou capaz de lidar com os negócios que nos mantém
alimentados e vestidos. Eu acredito que era mais do que capaz de ler uma
mensagem ou duas de minha irmã ou da baronesa também. Por que não vi ou
ouvi nada, Wilkins?
Wilkins respondeu com uma voz trêmula. ―A senhora me avisou que
sua irmã estava tendo alguns problemas infantis sobre o casamento arranjado
para ela e que você não deveria ser perturbado por nada disso.
―Não deveria ser perturbado com a notícia de que minha mãe deseja
forçar a minha irmã, uma menina que recém completou dezesseis anos, a um
casamento com um homem que tem mais do que três vezes a sua idade, um
homem tão devasso e criticado que até mesmo suas grandes riquezas já não
podem ganhar-lhe a entrada em qualquer uma das melhores casas? Tão
criticado que apesar de seu bom nascimento, ele é considerado pela maioria
como não melhor do que alguns pagãos das docas?
―Sua senhoria me avisou que você não gostava do homem que ela
tinha escolhido para a jovem Lady Agatha.
―Ela disse? Então, você não só me negou o direito de ler a minha
própria correspondência, mas também discutiu o problema com a minha mãe.
Desde que você parece curvar-se à vontade de sua senhoria, e não a minha, eu
acredito que passou da hora de você juntar-se a ela.
―Mas, senhor. . .
―Não, Wilkins, não vou prestar atenção a nada que você tem a dizer a
menos que inclua outros segredos que tenha escondido de mim. Os que
trabalham para mim me devem sua lealdade. Você escolheu dar essa lealdade a
minha mãe em seu lugar. Agora, antes de sair para se juntar a quem você
realmente trabalha, eu gostaria dos nomes de quaisquer outros dentro de
minha casa que ela mantém em seu serviço.
Quando o mordomo não disse nada, Brant deu de ombros. ―Eu
suspeito que posso determinar quem na minha equipe quem se curva para a
minha mãe sem a sua ajuda.― Ele olhou para o menino das botas, a criança
que por sangue era seu irmão. ―Talvez, Thomas, você teria a bondade de
acompanhar Wilkins aos seus aposentos e ter certeza de que ele leve apenas o
que é verdadeiramente seu quando sair.
Wilkins ficou de pé, assustando Pawl, que deu um passo atrás para
permitir que o homem saísse da sala. ―Você colocaria aquele moleque
ilegítimo encarregado de mim? Eu sou o mordomo. Ele. . . ele nada mais é
que o menino das botas e um bastardo.
Brant cruzou os braços sobre o peito e estudou Wilkins. ―Posso
lembrá-lo que você não é mais o mordomo desta casa? Acabou de esquecer o
momento quando eu claramente demiti você? Estou curioso, no entanto, para
saber exatamente a quanto tempo você conhece a verdade sobre o jovem
Thomas.
―Desde o início, senhor―, respondeu Wilkins, o arrependimento que
sentia por ter sido forçado a dizer a verdade estava claro em sua voz. ―Sua
senhoria deixou muito claro para todos nós que ninguém deve falar do
assunto. Nunca. Especialmente para você. Foi uma pena que ela preferisse
manter escondido.
Balançando a cabeça, Brant perguntou: ―Existem outros?
―Eu posso dizer-lhe sobre os outros, senhor―, disse Thomas. ―Você
não precisa falar com esse idiota sobre isto.
―Veja como você fala com seus superiores, rapaz―, retrucou Wilkins.
―Fora―, Brant ordenou a Wilkins, sabendo que ele estava muito perto
de bater no homem e se recusava a se rebaixar a tal comportamento. ―Junte o
que é seu e saia daqui agora.
Passaram-se vários momentos antes de Wilkins, ainda relutante em ser
escoltado por Thomas, teve de aceitar o seu destino. Pawl foi junto com o
menino para manter um olho sobre o mordomo. Olympia observou enquanto
caminhava para Brant na janela e olhou para os jardins tristemente
negligenciados. ―Parece que eu tenho pago um jardineiro para fazer nada
também―, ele murmurou. ―Quando eu descobrir o que o homem faz na
verdade, ao invés de atender os meus jardins, vou mandá-lo trotar atrás da
minha mãe com Wilkins.
Olympia sabia que as palavras de aborrecimento sobre o jardim
negligenciado não eram uma mudança de assunto como muitos pensariam.
Apenas uma indicação tranquila de aborrecimento pelas muitas maquinações
em que sua mãe estava envolvida dentro de sua própria casa. Brant estava em
choque. Ela poderia ler os ecos das emoções fortes e dolorosas através dele;
que marcavam o ar onde quer que ele se encontrava. O homem estava
tentando aceitar a verdade que ele era inteligente demais para ignorar. Podia
ter virado as costas para sua mãe, mas ela nunca tinha tirado suas garras dele,
tinha continuado a manter um olhar atento sobre tudo o que ele fazia ou dizia.
Não certa do que fazer, Olympia moveu-se para ficar ao lado dele. Não
era um lugar confortável para se estar e ele a deixou, infelizmente, dividida
entre o desejo de conforto e a vontade de exigir que ele se apressasse a fazer
algo para ajudar sua irmã. Acostumada a homens teimosos, mesmo
temperamentais, Olympia calmamente estudou o jardim negligenciado, podia
ver os vestígios de um designer elegante entre as flores e o mato de ervas
daninhas, e decidiu que Lady Mallam não se importava em nada sobre
Fieldgate. Não enchia seus cofres o suficiente para fazer a mulher feliz.
Olympia também suspeita que a negligência flagrante da propriedade de seu
filho provavelmente encantou a mulher. Lady Letitia Mallam não era do tipo
que virava as costas ao próprio sangue e ignorava o que queria dele.
―Eu suspeito que minha família pode ajudá-lo a encontrar servos
confiáveis, pessoas trabalhadoras para substituir os que sua mãe corrompeu
―, disse Olympia.
―E por que sua família iria querer me ajudar?― Ele perguntou quando
se encostou na enorme moldura da janela e olhou para Olympia.
―Você e Ashton são muito próximos e Ashton é agora parte do clã
Wherlocke-Vaughn.― Brant sabia que era tolice, mas ele ficou profundamente
tocado por suas palavras.
Fazia muito tempo desde que tinha ouvido alguém dizer tais coisas.
Através de suas próprias ações ele tinha perdido o contato com a maioria de
seus amigos. Ashton era casado e seus outros amigos mais próximos não se
importavam em se juntar a ele uma vez que ele tinha começado a se afundar
profundamente em libertinagem. Cordell, Whitney, e Victor estavam
ocupados fazendo visitas às várias propriedades e fazendo festas grandiosas, a
nenhuma das quais Brant foi convidado. Esse bom sentimento começou a
desaparecer debaixo da raiva embora ele não estava realmente certo do que ou
de quem exatamente estava com raiva. Era simplesmente errado que sua única
oferta de ajuda e apoio viesse de uma jovem mulher que mal conhecia. O fato
de que não havia mais ninguém por perto não era totalmente culpa dele,
apesar de seu pobre comportamento nos últimos dois ou três anos.
―Eu agradeço, minha senhora, mas este é o meu problema, minha
família, e eu vou cuidar dele.
―Eu acredito que você vai ter mais do que suficiente para fazer,
senhor, uma vez que não é apenas uma nova equipe que milorde vai precisar,
não é?
―O fato de que minha irmã Agatha esteja necessitando extremamente
de qualquer assistência que posso dar não escapou a minha atenção.
Olympia sabia que ela devia apenas dar um passo atrás e não dizer nada
por um tempo. O homem estava ficando com raiva. Ela sabia que não era
realmente uma raiva destinada a ela, mas o que quer que ele fizesse ou dissesse
seria direcionado diretamente para ela. Ela era o alvo mais próximo, o
portador da má notícia. Recuar de um argumento não era de sua natureza, no
entanto. ―Se você quer uma briga, senhor, então estou mais do que pronta
para dar-lhe uma. Mas, se tudo que está procurando é alguém ou algo para
agitar um punho, talvez você deva dar um passeio até seu sangue esfriar.
Brant amaldiçoou e começou a andar pela sala. Ele estava sendo
forçado a olhar muito de perto o naufrágio que sua vida tinha se tornado nos
últimos anos e não queria vê-lo. Ver isso o fez também ver o que poderia ter
feito de forma diferente. Por um lado, ele agora estava pensando no que
poderia fazer para ajudar Agatha e tê-la em casa, fora do alcance dos planos e
esquemas de sua mãe. ―Eu deveria ter feito algo sobre a mulher,― ele
murmurou.
―Como o quê? Ela é sua mãe, a condessa. Você provavelmente não
pode mesmo ameaça-la e empobrece-la para colocá-la na linha. Eu suspeito
que ela tenha algumas riquezas próprias, não é?
―Ela tem, mas nada de grande valor. Suas terras produzem um bom
rendimento, adequado para uma viúva. Era sua propriedade de dote. Quando
ela se casou com o meu pai parece que começou a ganhar mais e mais acesso a
todas as suas propriedades, sua habilidade com as finanças a fez aprazível ao
arranjo. E, ela manteve as terras funcionando de forma eficiente e com um
lucro impressionante por um tempo apesar de todos os seus caminhos
perdulários. Em seguida, pouco depois que meu pai morreu começou a ser
um pouco menos rentável e eficiente, o que me fez entrar em alguns
investimentos com meus amigos.
―Em outras palavras, assim que seu pai não estava mais olhando para
ela tão de perto ou talvez quando todas as terras foram para você em sua
morte, ela começou a não ser tão cuidadosa com o dinheiro.
―Você acredita que ela vem me enganando.
―Eu acredito.― Ele suspirou. ―Isso é altamente possível. Tenho sido o
único cuidando dos investimentos desde o começo então ela recebe apenas o
que mando para manter sua casa. Eu tenho tido dificuldade em obter todas as
contas das outras propriedades, mas consegui as dessa. Sendo a principal sede
dos condes de Fieldgate, foi bastante difícil para ela, ou o homem de negócios
de meu pai costumava escondê-las.
Olympia teve que morder a língua para não perguntar por que ele não
tinha tirado das pequenas mãos da mulher gananciosa tudo o que possuía.
Não era problema dela, nem de sua família. Ela supôs que era uma coisa difícil
de enfrentar. Ele teria sido obrigado a aceitar que sua mãe não só vendeu a
mulher que ele amava para a morte, mas tinha sido enganado com sua herança
desde o início. Um crime, não importa o quão vicioso e frio, poderia ser
desculpado, explicou, ignorado. Dois não poderiam ser. O que ele estava
sendo forçado a ver era que sua própria mãe não era simplesmente fria e
insensível aos outros, capaz de fazer coisas para os outros que
ele achava repreensíveis, mas que também não tinha nenhum sentimento real
para seus próprios filhos. Ele havia enfrentado isso o suficiente para tentar
obter que seus irmãos mais novos ficassem fora do alcance da mulher, mas
Olympia suspeita que uma grande parte das bebedeiras e das apostas foram
feitas para ajudá-lo a ignorara a verdade viciosa.
―Havia um monte de incoerências―, disse ele calmamente. ―Muitas.
―Então ela vem roubando você por um longo tempo.
―Eu suspeito que ela começou antes mesmo da morte de meu pai. Eu
estava pensando sobre isso, mas agora acredito que os homens que contratei
para fazer o trabalho de desenterrar a verdade já estavam sob seu comando,
nunca sob o meu.
―Inteligente―, Olympia murmurou. ―Ela provavelmente foi trazendo-
os para o lado dela durante anos.
―Você sabe, deveria ter sido o primeiro pensamento que tive quando
notei algumas das modificações nos livros de imobiliários. Eram sutis mas eu
pude ver o decréscimo sutil de fundos acontecendo há muito tempo. No
entanto, apesar do que tinha feito a Faith, eu não poderia aceitar
completamente o fato de que minha própria mãe iria roubar de mim, de todos
os seus filhos, sem dúvida, fundos roubados de todas as propriedades que
meu pai deixou para cada um de nós.
―Poderia haver desculpas para o que ela fez a Faith. Nada que poderia
perdoa-la do que ela fez, mas algo que poderia atenuar os terríveis resultados
de suas ações. Não há nada que se possa pensar para desculpar o roubo
descarado de seus próprios filhos.
―Tudo volta a razão pela qual ela está prestes a vender Agatha para
Minden.
―Dinheiro. Lotes dele, eu suspeito. Por que se incomodar com um
roubo lento quando você pode obter um lote de dinheiro rapidamente com a
venda de sua própria filha. Tenho a terrível suspeita de que ela pode ter feito o
mesmo para com minhas duas irmãs mais velhas, embora foi certamente feito
com pleno consentimento do meu pai, pois ele também amava o dinheiro e
estava sempre precisando de mais. Ou ele se curvou aos desejos da minha mãe
com muita frequência.
―Suas irmãs mais velhas são infelizes em seus casamentos?
―Miseravelmente e tem sido assim por muito tempo. Quando eu era
ainda jovem e idealista, fiz uma tentativa de trazer um pouco de fidelidade e
carinho em seus maridos, mas falhei. Eles se curaram e continuaram como
sempre viveram. Mary e Alice me disseram para não preocupar-me
novamente. Desde então, tenho notado que ambas têm vivido de forma difícil
e amarga.
―Você não teria esse tipo de problema comigo. Eu teria matado e
enterrando-os antes que você tivesse tempo de se sentir indignado. ―Ela
sorriu quando ele riu. ―Eu não gracejo apenas, como você pode ver.
―Oh, eu percebi isso.
―Tem que haver alguma maneira de tirar a sua irmã Agatha dessa
bagunça. Ela é uma criança doce e eu tremo só de pensar na imundície de
Minden tocando-a.
―É bom que você se importe tanto com o que acontece com a minha
irmã, mas agora eu sei de seus problemas e posso lidar com eles―. Brant
pensou que soou um pouco arrogante, mas não conseguia pensar em
nenhuma maneira de suavizar as palavras. ―É o meu lugar como seu irmão
fazer isso.
―Eu sou aquela que prometeu a ela a ajuda de que precisava e,
portanto, eu acredito que tenho lugar na resolução deste problema.
―Estou certo de que Agatha sabe que você tem feito tudo o que é
capaz ou o que se espera que possa fazer. O pensamento de que a minha irmã
pensaria que você realmente poderia resolver um assunto privado de família é
absurdo―. No momento em que as palavras saíram de sua boca, Brant sabia
que ele tinha acabado de cometer um grave erro.
Capítulo 4
Humilhação não era algo estranho para Brant. Mas geralmente ela não
vinha das mãos de um mordomo sarcástico. Ele era, afinal, o Conde de
Fieldgate, um homem com séculos de história e criação atrás dele e, devido a
alguns investimentos inteligentes, um monte de dinheiro. Não muito tempo
atrás uma mãe faria de tudo para levá-lo a se casar com sua filha. Agora
ninguém o queria perto de uma mulher. Ele olhou para os pedaços de seu
cartão de visita que o mordomo havia rasgado em seu rosto e jogado aos seus
pés, ao mesmo tempo recitando o desejo sincero que Lady Anabelle
Tottenham tinha de que Lord Fieldgate morresse. Houve uma referência a
uma viagem atrasada para o fogo do inferno também. Brant não podia se
recordar de ter insultado a mulher em momento algum, mas então, havia
muitas coisas que ele não recordava ter feito nos últimos anos. Nem podia
lembrar de insultar o filho idiota dela que em muitas vezes esteve com ele em
rodadas de dissipação. Ele estaria extremamente surpreso, no entanto, se
descobrisse que teria tentado seduzir ou conseguido seduzir a senhora de
sessenta anos.
Preguiçosamente ajeitou o casaco, voltou a descer os degraus e
começou a passear pela rua em direção à carruagem. Ele não tinha ideia de
onde estava indo agora. Cada porta, em que ele havia batido havia sido
fortemente fechada em seu rosto. Cada pessoa com quem tinha tentado falar,
recusou-se a vê-lo e enviou-o de volta a seu caminho com fria precisão ou
grosseria.
Ele balançou de lado sua confusão sobre o motivo disso, porque tinha um
problema mais importante para resolver. Onde ele deveria ir? Ele tinha a
esperança de encontrar algum velho conhecido, mas as mulheres da
aristocracia estavam barrando-o de seu objetivo em cada rodada. A casa
Mallam da cidade, propriedade dos Condes de Fieldgate há muitos anos,
nunca poderia ser negada a ele, mas o próprio pensamento de dormir sob o
mesmo teto que sua mãe virou seu estômago. Ele não tinha certeza que
poderia conter sua raiva para com ela. Olhou para Thomas, limpo e bem
vestido, andando ao seu lado.
―Parece que eu não tenho nenhum lugar para ficar―, disse ele.
―Mulheres tolas.― Thomas balançou a cabeça quando chegaram ao
carro. ―Você pode ser um porco no cio, senhor. . .
―Obrigado, Thomas,― murmurou Brant. ―Que gentil de sua parte
dizer isso.
Thomas ignorou a interrupção de Brant e continuou: ―Mas você
nunca, nunca feriria uma mulher, nem mesmo a mais mal-humorada vassoura.
―Obrigado. É uma pena que nenhum dos meus amigos esteja na
cidade agora. Se assim fosse, eu teria sido salvo deste exercício humilhante.
―Então é melhor voltarmos para Warren. Há muito espaço lá.
―Eu não posso ficar lá, Thomas.― Brant lutou para ignorar o quanto a
ideia de fazê-lo o tentava. ―Lady Olympia é solteira e nenhum de seus
parentes masculinos estão hospedados em Warren para atuar como
acompanhante. Compartilhar uma casa com ela nessas condições poderia
prejudicar sua reputação sem reparação.
Thomas fez um som que estava repleto de nojo e zombaria. ―A
sociedade está cheia de tolos. Ela não é uma jovem em idade delicada, mas
uma viúva. É uma coisa boa ser uma viúva, também, ou ela seria insultada por
ser uma solteirona.
―Ela seria?― Brant piscou quando tudo que Thomas tinha acabado de
dizer finalmente se estabeleceu em sua mente e agarrou o menino pelo braço.
―Espere! Lady Olympia é uma viúva?
―Você não sabia?― Thomas puxou o braço e começou a subir na
carruagem. ―Ela se casou quando era pouco mais do que um bebê e o tolo
depois morreu. Ela diz que há um monte de privilégios em ser uma viúva e
um deles é que ela não tem que ser cuidada por ninguém.
Desde que ele não tinha ideia de para onde ir, Brant disse ao motorista
para levá-los a Wherlocke Warrene subiu para a carruagem.― Isso pode ser
verdade, mas ela ainda deve tomar muito cuidado com sua reputação,
especialmente desde que eu duvido que muitos recordamos o breve
casamento. Mesmo que tivéssemos alguns de seus parentes mais próximos
nos acompanhando, isso ainda poderia provocar alguns sussurros prejudiciais
se eu ficasse em Warren enquanto estivesse na cidade. Nós acabamos de ver,
claramente, que eu sou uma pária.
Thomas franziu a testa por um momento. ―Isso significa que é uma
pessoa má?
―Muito má.
―O quê? Porque você bebeu demais e foi para acama com várias
mulheres? Hah! Isso é o que todos os bem nascidos fazem
―Talvez, mas não acredito que com o mesmo vigor que eu nos últimos
dois anos.― Ele suspirou e olhou para fora da janela da carruagem,
fugazmente desejando que não tivesse enviado sua própria carruagem de volta
para Fieldgate. ―Eu não acho que fiz alguma coisa digna de tanto escárnio, no
entanto.
Brant desejava que seus amigos estivessem na cidade. Ele sabia sem dúvida
que nenhum deles lhe teria negado um lugar para ficar. Ele tinha apenas
brevemente pensado em ir para a casa de um deles na cidade, o convite para
usá-las sempre que ele quisesse tinha permanecido aberto, mas decidiu que era
errado colocar a decisão de conceder-lhe ou negar-lhe entrada a algum de seus
empregados ou parentes.
―Não há, é claro, nada que nos impeça de ir a Warren para desfrutar de
um pouco de chá enquanto eu planejo meu próximo passo ―, disse ele depois
de um momento de arrependimento por permitir que os pensamentos sobre
seus amigos o atrasassem. Brant ficou satisfeito quando Thomas
simplesmente assentiu. A expressão do menino dizia que sabia que Brant não
tinha ideia do que ia fazer, mas pelo menos ele não expressou suas dúvidas
sobre a inteligência de Brant em voz alta. Para alguém que não tinha sido mais
do que o menino encarregado das botas há muito pouco tempo atrás, o jovem
Thomas tornou-se bastante confiante de seu lugar ao lado de Brant.
Em outras circunstâncias, Brant acharia graça do modo como Thomas
estava caminhando para fora do mundo da servidão para ser abertamente
conhecido como bastardo de um conde. O mundo não era particularmente
gentil com aqueles nascidos do lado errado do cobertor, mas, a cada momento
passado na companhia do menino, Brant suspeitava que o jovem Thomas se
sairia muito bem. Enquanto a carruagem seguia seu caminho através das ruas
para Warren, Brant pensou sobre os novos meio-irmãos que conheceu, bem
como os que tinham desaparecido. Ele sempre soube que seu pai tinha sido
consistentemente infiel a sua mãe, mas nunca havia considerado a
possibilidade de que o homem tivesse criado um pequeno exército com as
mulheres no campo. Isso tinha sido surpreendentemente ingênuo da parte
dele. Agora se perguntava o que iria encontrar na cidade uma vez que seu pai
tinha sido um sem vergonha tão grande em Londres como em qualquer outro
lugar. Após conhecer um estábulo cheio do que parecia ser os bastardos de
seu pai, Thomas havia sido o único interessado em se aventurar numa vida
fora do campo. Brant estava determinado a tornar a vida melhor para os
outros também, chocado que seu pai não tivesse deixado nada para as crianças
que ele tinha criado de forma tão descuidada. Havia muito que ele pudesse
fazer para ajudar os outros a melhorar de vida, mas ainda permitiria que eles
trabalhassem nos estábulos como muitos pareciam preferir. De acordo com
Thomas, Ned e Peter também queriam algo melhor para si mesmos. Brant só
esperava que os meninos realmente entendessem o que eles enfrentariam
como crianças nascidas no lado errado do cobertor, mesmo se esse pai tivesse
sido um conde.
―Aqui é onde vive sua senhoria, milorde―, disse Thomas,
interrompendo os pensamentos de Brant quando a carruagem parou.
Warren estava muito melhor do que lembrava da última vez que a tinha
visitado, Brant pensou quando pagou o motorista. Ele havia dado pouca
atenção ao lugar, quando tinha parado para garantir que lady Olympia estava
acomodada em sua casa antes de correr para encontrar um lugar para ficar em
uma carruagem alugada. Penelope e Ashton tinham trazido a casa de volta a
sua antiga glória. Olhando para cima na rua, ele podia ver que muitas das
outras casas também pareciam melhores do que se lembrava dois anos atrás, o
ar de lenta decadência quase completamente banido. Mais umas aquisições e
reparos e a pequena rua não seria mais a menos respeitável da vizinhança.
De repente, ele sorriu. Claro que também seria embalado com
Wherlockes e Vaughns. Quando bateu na porta, ele decidiu que poderia ser
sábio olhar para outras áreas que passavam despercebidas pelas bordas dos
bairros escolhidos pela sociedade para ver se eles também poderiam ser
trazidos para os padrões que a sociedade tinha. Poderia ser um risco muito
rentável. Ele se empurrou para fora desses pensamentos quando a própria
Olympia abriu a porta.
―Então, você fica ou você vai?― Olympia perguntou quando ela
acenou para que Brant e Thomas entrassem e fechou a porta atrás deles.
―Eu não posso ficar e você sabe disso―, disse Brant quando Pawl
chegou para tomar o seu casaco, chapéu e bengala.
―Mas você não tem outro lugar para ficar, tampouco, eu aposto.―
Antes que Brant pudesse responder, ela disse: ―Venha para a sala de estar.
Enid em breve trará algum chá e bolos e depois podemos conversar.
Ia ser embaraçoso ter que dizer a ela o que tinha acontecido com ele,
mas Brant a seguiu, sentindo que ela não estava muito surpresa com tudo isso.
Ele sentiu um breve lampejo de raiva porque ela tinha obviamente mantido
segredos para ele, mas facilmente baniu a raiva. O que quer que ele tinha se
transformado, em um cidadão não respeitável que ninguém queria em sua casa
provavelmente não era algo que ela teria se sentido confortável em dizer-lhe.
Ele não tinha certeza se teria acreditado plenamente nela de qualquer forma.
Com o canto do olho, ele observou Thomas desaparecer pelo corredor em
direção à cozinha. Enid estragaria o garoto com guloseimas assim como ela
estava mimando a jovem Merry também. Brant só poderia rezar para que ele
fosse capaz de encontrar a irmã da menina, outra tia de Thomas, que havia
desaparecido ao mesmo tempo que Ned e Peter.
No momento em que o chá e bolos foram servidos, e ele e Olympia
ficaram sozinhos novamente, Brant estava preparado para discutir o fato
humilhante de que não tinha nenhum lugar para ficar. Ele agora acreditava
que poderia fazê-lo sem reclamar, algo que ele sentiu que não tinha direito de
fazer. Foi por suas próprias ações que ele não era mais aceito em qualquer
lugar. Se ele tivesse parado para considerar as consequências de seu profundo
mergulho na devassidão, ele realmente não teria incluído a possibilidade de ser
totalmente banido da sociedade em que tinha nascido. Era, afinal, um dos
melhores cavalheiros ingleses. Ele era solteiro, tinha um título, não tinha
dívidas e possuía uma renda muito respeitável. E tinha a seu favor, o fato de
ser jovem e moderadamente bonito, de boa saúde, e tinha todos os dentes.
―Alguma coisa te diverte?― Perguntou Olympia. Brant nem tinha
percebido que seu último pensamento o fez sorrir, mas rapidamente ficou
sério mais uma vez. ―Eu só estava pensando em como deveria ser tudo o que
qualquer mãe gostaria como um marido para a filha.
―Ah, bem, sim, você é.― E o fato de que ela absolutamente odiava o
pensamento dele com qualquer outra mulher alarmava Olympia um pouco.
―Mas, mas devo ter apagado tudo isso nos últimos anos porque
ninguém quer mesmo me deixa entrar dentro de sua casa.
Olympia botou o chá de lado, cruzou as mãos no colo para refrear o
desejo de ir até ele e acariciar seu cabelo, e estudou-o por um momento.
―Você se jogou de cabeça na libertinagem e de alguma forma o fez um pouco
publicamente, assim como muitos outros cavalheiros. Eu não acredito, e
nunca acreditei, que você tenha feito mais do que muitos outros já fizeram, e
eles não foram banidos da sociedade.
―No entanto, todas as portas estão fechadas para mim agora.
―Talvez,― ela começou, mas depois hesitou enquanto tentava pensar
em como expressar seus pensamentos sobre a questão de uma forma que seria
menos dolorosa para ele suportar.
―Talvez meu comportamento tenha soado muito pior do que
realmente era por sugestão de alguém perto de mim, assim ninguém iria
questionar a veracidade de tais contos.
Olympia fez uma careta. ―Sim, esse foi o meu pensamento quando os
primeiros sussurros sobre você começaram a escorregar de uma sala de estar a
outra.
―Sussurros sobre o quê?
―Isso não é verdadeiramente importante.― Ela realmente não queria
repetir nenhum deles.
―Pode ser importante para mim desde que eu sou o único que deve
tentar refutá-los.
― Foi feito soar como se você fosse da mesma laia de homens como
Minden,― ela finalmente confessou e o viu ficar um pouco pálido.
―Minha mãe tem estado bem ocupada, me parece.― Ele notou que ela
não contestou a sua escolha de inimigo. ―Não só não sou bem-vindo dentro
de uma única casa, mas também parece que ninguém quer discutir a locação
de um quarto para mim. Eu me pergunto que tipo de males ela me acusou de
fazer. Minden tem tantos, se ela escolheu o seu modo de viver como o único a
denegrir meu nome, ela teve um grande número de pecados colocados aos
meus pés. Tremo só de pensar o que poderia ser.
―Eu suspeito que em breve você vai descobrir isso. Se for ruim o
suficiente, haverá muitas pessoas dispostas a sussurrar os rumores em seus
ouvidos ou aos meus. Após os primeiros, eu deixei de ouvir.
―Mas você deixou de acreditar neles?
―Claro. Eu conheço todos os seus verdadeiros amigos, Brant. Eles
nunca teriam nada a ver com um homem do tipo de Minden, portanto, você
estava sendo caluniado. Agora, onde vai ficar enquanto estiver na cidade, você
não precisa se preocupar quanto a isso.
―Não estou certo de que seria sensato para mim ficar aqui e não
apenas porque o meu nome foi tão machado que mesmo uma ligeira conexão
comigo poderia ser a sua ruína. ― Brant sabia que seria muito imprudente e
não só por causa do dano que seria feito a ela e seu bom nome. Ele a queria
muito para estar dentro de seu alcance dia e noite. Apenas sentado lá,
observando-a saborear o chá e mordiscar um bolo tinha-o posto tenso com a
luxúria. Apesar das quantas vezes que ele havia passado nos braços de uma
mulher ao longo dos últimos anos, percebeu que fazia muito tempo desde que
sentiu sua luxúria facilmente excitar-se, e apenas por assistir a uma mulher
fazendo o mais simples dos atos.
―Verdade. Injusto, mas é verdade ―, concordou Olympia.
―Nem mesmo o fato de você ser viúva a pouparia.―
Ela viu o brilho de irritação nos olhos cinzentos escuros e fez uma careta. Ele,
obviamente, pensava que ela vinha mantendo segredos dele. Em alguns
aspectos estava uma vez que não gostava de lembrar de seu curto casamento.
Ela certamente não gostaria de falar sobre isso. Olympia recusou-se a sentir
vergonha de seu reticente passado, no entanto.
―Eu sei, mas você poderia ficar na casa ao lado o que não causaria
fofocas. Está vazia no momento porque está sendo redecorada para Argus e
sua nova esposa, mas ainda está habitável. Ela não será ocupada por meses
ainda, e então, não haverá pressa para você encontrar um outro lugar para
ficar.
―Isso poderia servir, mas você está certa de que seu irmão não vai se
importar?
―De modo nenhum. Pode haver algum trabalho sendo feito na cozinha
enquanto você está lá, mas vai ser pouco incomodado por que, porque pode
compartilhar as refeições com a gente aqui.
―Olympia, isso é o mais gentil de sua parte, mas não acredito que eu
indo e vindo constantemente aqui seria uma ideia muito boa, também.
―Então, é bom que você possa fazê-lo sem ser visto.―
Ela levantou-se e fez-lhe sinal para segui-la. Brant fez isso, tentando muito
não olhar o balançar de seus quadris tão abertamente. Olympia levou-o para a
parte traseira da casa até um pequeno jardim de Inverno. Ao chegar ao final,
ele viu uma porta pela qual poderia passar de casa em casa despercebido. Um
longo arco coberto de hera cobria a porta, ele ficou de frente para a porta que
dava para o conservatório da outra casa. Ninguém iria ver ninguém deslizando
para trás e para frente ao longo do caminho coberto.
―Engenhoso mas tenho que perguntar por que foi feito―, disse ele
enquanto a olhava destrancar a porta.
―Argus gostava da ideia de ser capaz de ir e vir quando quisesse e nem
mesmo ter de se preocupar muito com o clima ―, respondeu Olympia. ―Ele
está tentando convencer nosso primo Quentin a fazer o mesmo na casa que
comprou recentemente do outro lado da de Argus. Veja bem, no momento
em que Argus começou o trabalho, ele não tinha qualquer intenção de se casar
e gostava da ideia de que poderia ser capaz de vir aqui para refeições, em vez
de apenas sentar-se em sua própria sala de jantar sozinho. As crianças muitas
vezes estão aqui e ele poderia vir quando eles estivessem para compartilhar as
refeições com a gente.
―E eu vou fazer o mesmo―, disse ele enquanto aceitava a chave que
ela lhe estendia. ―Obrigado, milady. Esta é a solução perfeita. ―Ele sorriu
brevemente. ―Não só para o meu problema com servos, mas também por
estarmos trabalhando em conjunto para colocar as mãos sujas de Minden
longe de minha irmã.
―Devo chamar Thomas?
―Sim por favor. Vamos começar a nos instalar na casa agora. Mais
tarde nós podemos discutir o que precisa ser feito. Aparentemente eu não vou
ser capaz de descobrir nada comparecendo aos eventos ao meu redor.
Houve um breve olhar de raiva e mágoa em seu rosto e ela estendeu a
mão para tocar seu braço em um gesto de simpatia. ―Vamos resolver isso,
Brant, e você será justificado.
―Eu duvido que saia limpo da mancha desse rumor. Não fui nenhum
anjo nestes dois últimos anos.
―O que você fez não foi mais do que os outros já fizeram e eles não
foram banidos da sociedade. Você sabe disso. Não, temo que sua mãe fez isso
para mantê-lo fora da sociedade para que ela não fosse incomodada por
qualquer interferência sua.
―E me prejudicado muito cuidadosamente em matéria de obter
qualquer informação sobre no que ela pode estar envolvida. Eu temo que vou
ter que chamá-la para coletar informações para mim.
―Algo em que sou muito boa, perdoe minha modéstia.―
Ele estendeu a mão e passou os seus dedos sobre sua bochecha, encontrando-
a tão suave e quente como parecia. ―Eu suspeito que você tem uma
habilidade invejável de cavar a verdade. Por causa do que minha mãe tem
feito, terei de percorrer um caminho mais escuro para tentar descobrir alguma
coisa útil que nos ajudará a acabar com seus jogos ―. Olympia colocou a mão
sobre a dele, embora soubesse que deveria se afastar dele, terminando a
carícia, mas estava gostando muito de seu toque para terminá-lo tão cedo. Ela
também queria confortá-lo. Brant sabia o que sua mãe era por causa do que
ela tinha feito a Faith, a garota com que ele tinha pensado em se casar, mas ela
duvidava que conhecesse as verdadeiras profundezas de sua crueldade e do
seu mal. Que destruí-lo aos olhos da sociedade iria feri-lo tanto. Ela podia ver
isso em seus olhos. Ele havia protegido esse seu nome simplesmente virando-
lhe as costas e permanecendo em silêncio sobre o que ela tinha feito. Em
agradecimento por isso, sua mãe tinha enfiado uma faca profundamente em
suas costas e torcido.
―Brant, você não será capaz de protegê-la de nenhuma forma dessa
vez―, disse ela calmamente.
―Eu sei.― Ele descansou sua testa contra a dela, precisando da
simpatia que ela ofereceu. ―Eu a bani da minha vida e até mesmo tentei levar
os mais jovens para longe dela, mas não poderia destruí-la totalmente. Eu
senti que iria prejudicar muito toda a família. Que todos iriam sofrer se toda a
verdade sobre ela aparecesse. Ela obviamente não sentiu gratidão por essa
bondade. Pior ainda, em meu espectáculo de modo a permiti recuperar o
equilíbrio e obter a vantagem de novo.
―Você estava de luto.
―Eu estava, mas também estava tentando afogar minha culpa.
―E que culpa você tem? Você não fez nada.
―Eu sei. Eu não fiz nada. E Faith morreu em medo e dor.
Olympia beijou. Ela não tinha certeza do por que, exceto que não podia
suportar ouvir a dor em sua voz. Ela se assustou quando ele passou os braços
em volta dela e puxou-a contra ele. Por momento, ela teve duvidas quando ele
pressionou sua língua contra seus lábios, mas quando ela os separou e ele
enfiou a língua em sua boca, ela rapidamente se agarrou a ele. Calor fluiu por
seu corpo e ela se sentiu fraca, como se todo o sangue fluísse para fora de sua
cabeça. O pensamento de que ela poderia realmente desmaiar em seus braços
como uma menina tola restaurou seu bom senso o suficiente para que
colocasse as mãos contra o peito e o empurrasse levemente. Brant percebeu
que ele estava beijando Olympia de uma forma que revelou toda a fome que
sentia por ela e deu um passo para trás. Sua falta de controle o embaraçava.
Ele não viu nenhuma condenação em seu rosto, no entanto, e relaxou um
pouco. Seu corpo estava tenso com a necessidade, mas estava certo de que ele
não tinha que pedir desculpas pelo que tinha acabado de fazer e queria muito
fazer novamente.
―E essa é a razão pela qual não podemos estar sob o mesmo teto―, ele
murmurou enquanto lutava para liberar seu aperto sobre ela.
―Hah, então aí estão vocês!― Olhando por cima do ombro de
Olympia, viu Thomas caminhar em direção a eles. Ele tinha um olhar em seu
rosto que dizia que sabia exatamente o que ela e Brant tinham acabado de
fazer. Recusando-se a se sentir constrangida por ser pega nos braços de um
homem, ela lentamente se afastou de Brant e sorriu para Thomas.
―Sim, aqui estamos―, disse ela. ―Eu estava prestes a chamar você.― Antes
de Thomas pudesse expressar a sua opinião sobre essa alegação, Brant agarrou
o menino pelo braço e apontou a porta. ―Nós temos um lugar para ficar.
―Oh. Portanto, não vamos estar aqui para comer o que Enid e Merry
cozinharam então. Conseguiremos nosso próprio cozinheiro? ― Thomas
perguntou com pouco entusiasmo.
―Nós iremos eventualmente, quando finalmente nos estabelecermos
em nossa própria casa. Por agora, vamos entrar e sair de Warren para
conseguir nossas refeições.
―Isso vai ser bom. Eu também poderei ver Merry sempre que quiser.
―Então deixe-nos ir recolher nossas coisas para que possamos nos
estabelecer.
―Vou enviar Merry e Enid para ter certeza de que as camas estão
prontas e vocês tenham tudo que precisarem―, disse Olympia enquanto
começava a sair da sala. No momento em que a porta se fechou atrás de
Olympia, Brant viu-se confrontado por um carrancudo Thomas. ―A casa não
é de seu gosto? Você prefere ficar aqui?
―Eu preferiria que você não jogasse nenhuma libertinagem com sua
senhoria―, disse Thomas. ―Eu posso ser um menino, mas posso ver quando
um companheiro está sendo um pouco para frente com uma moça.
―Ah, bem, sim, eu estava sendo um pouco para a frente. É por isso
que não vou ficar aqui. Temo que Olympia seja uma mulher por quem sinto
uma forte inclinação para chegar, er, para a frente. Eu não fiz nada, que ela
não tenha aceitado de bom grado ―, acrescentou ele em voz baixa. Thomas
assentiu. ―Então tudo bem. Melhor irmos nos instalar. Tenho a sensação de
estaremos correndo em breve.
Olympia estava exausta pelo tempo que todas as crianças tinham levado
para povoar Warren. Ela podia só esperar que nenhum deles tentasse escapar,
que ela tinha ganhado a confiança suficiente deles que iriam ficar o tempo
suficiente para que pudesse ajudá-los. Alisando a saia do vestido que tinha
trocado, ela fez seu caminho até a biblioteca para sentar-se calmamente por
um tempo e saborear um pouco de vinho antes de procurar sua própria cama.
A primeira coisa que viu quando entrou na sala foi Brant. Ele se sentara em
uma cadeira de frente para a lareira acesa, inclinado para frente com os
cotovelos sobre os joelhos, e olhando fixamente para um copo meio cheio de
brandy. Olympia fechou a porta silenciosamente atrás dela, pegou o copo de
vinho que queria, e sentou-se em uma cadeira de frente para Brant. Ele ainda
parecia pálido, mas não mais como se estivesse prestes a esvaziar seu
estômago.
―Minha mãe é verdadeiramente má,― disse Brant calmamente, sem
tirar os olhos do copo de brandy.
―O que ela fez é mau, mas eu acredito que ela está doente ou
perturbada de alguma forma―, disse Olympia. ―Possivelmente ela tenha
nascido com algo faltando. Há um frio vazio em seus olhos que eu achei
bastante difícil de olhar.
―Henry disse que eu tenho seus olhos.― Brant finalmente olhou para
Olympia e não achou aversão ou medo em seus olhos que o tivesse
preocupado. ―Você trocou de roupa,― ele murmurou, percebendo que tinha
gostado de vê-la vestida como um homem um pouco demais.
―A roupa de homem cheirava a cidade e eu queria algo fresco, para
tentar remover o cheiro daquele lugar horrível. Agora, sobre seus olhos. ―Ela
estreitou os olhos para ele quando ele sorriu para ela com a brusca mudança
de assunto. ―Você tem a mesma cor de olhos que sua mãe, o que é
dificilmente uma surpresa, mas os seus não são nada como os dela. Quando
eu olhei em seus olhos eu não vi nenhuma emoção, nenhuma profundidade,
apenas a determinação fria e dura de me fazer acreditar nas mentiras que ela
estava dizendo sobre você. Há até mesmo uma frieza em sua voz, não importa
o quanto ela tente se comportar de uma maneira correta, sociável. ―Olympia
olhou diretamente em seus olhos. ―Você não tem essa frieza dentro de você.
―Como você pode ter tanta certeza disso?
―Eu saberia. Posso não ter a sensibilidade de alguns da minha família,
como Artemis, porque esse não é meu dom, mas eu iria saber de algo assim.
Artemis iria certamente saber e veria isso em você. Ele teve um pequeno
confronto com sua mãe um ano atrás, no parque onde tinha levado as crianças
para jogar. Ela não apreciava a presença de tantas crianças barulhentas
enquanto estava tomando seu passeio à tarde, com aquele lacaio gigante dela.
Artemis disse que estar ao lado dela o fez sentir algo muito semelhante a estar
sendo arremessado em uma lagoa gelada.
―E você não acredita que possuo essa frieza; que não se esconde
dentro de mim em algum lugar?
―De modo nenhum. Na verdade, eu acredito que você leva as coisas a
sério, muitas vezes, muito profundamente, e por muito tempo. ―Ela sorriu e
tomou um gole de vinho quando ele fez uma careta para ela, obviamente,
tentando decidir se essa definição de sua personalidade era uma crítica ou não.
―O que devo fazer sobre ela?― Perguntou ele, encolhendo os ombros
de lado para o que Olympia tinha dito. ―Ela precisa ser parada, ainda assim
como posso fazer isso sem destruir toda a minha família, colocando uma
mancha sobre o nome dos Mallam que permanecerá por muito tempo?
―Estou certa de que podemos pensar em alguma maneira de fazê-lo.
―Aí está o nós novamente.
―Sim, aí está. Até agora, tudo o que temos é a palavra dela contra a
palavra de crianças e de pessoas achadas usando ou executando uma casa que
vende crianças. Mal, certamente algo que poderia destruir sua reputação e
posição com alguns membros da sociedade, mas não o suficiente para acabar
com seu reinado e roubar todo o seu poder. Ela estabeleceu-se como uma
potência muito respeitada entre os membros da sociedade.
―E me estabeleceu como seu filho pródigo, o filho malvado que se
entrega a cada pecado conhecido pelo homem.
―Bem, nem todo pecado. Eu não acredito que ela tenha mencionado
ainda ovelhas.
Brant quase engasgou com o conhaque que tinha acabado de tomar.
Uma vez que acalmou a necessidade de tossir, sorriu para ela. ―Escandaloso,
Olympia.
―Eu temo que às vezes os pensamentos estourem em minha mente e
imediatamente fluam da minha boca.― Ela sorriu e balançou a cabeça. ―É
uma das razões para eu fazer poucas aparições em eventos e reuniões da
sociedade. Algumas das pessoas com quem devo lidar em tais eventos tentam
a minha parte descontrolada em demasiado.
―Eu posso imaginar. Então, o que acontece com todas essas crianças
que você tomou?
―Muitas delas não foram vendidas por suas famílias, mas tiradas delas e
já manifestaram uma forte desejo de ir para casa. Vou enviar-lhes se isso é
realmente o que eles querem, mas eu também lhes darei moedas suficientes
para voltarem para mim se acharem que sua casa não é mais tão acolhedora.
Embora seja errado, desde que o que lhes aconteceu não foi culpa deles, um
monte de gente pode e vai julgá-los severamente por isso. Os demais vendidos
pela sua própria família não têm nenhum desejo de voltar, como seria de
esperar. Devem ser tratados também. Tem seus irmãos com você agora, de
modo que deixa apenas o pequeno Henry para me preocupar.
―Devemos dizer a seu pai onde ele está.
―É verdade, nós devemos, mas talvez devêssemos tentar descobrir por
que a mãe do menino o vendeu e porque sua mãe estava muito interessada
nele antes de dizer ao marquês que temos seu filho. Você já conheceu o
marquês? O nome soa um pouco familiar para mim, mas não posso colocar
um rosto no homem então não devo tê-lo encontrado ou conhecido alguém
que falou dele.
―Eu não conheço o homem, mas sei dele porque houve um escândalo
sobre ele. Casou-se com alguém inferior a ele e se afastou da forte
desaprovação da sociedade. A história que ouvi é que a sua família também
ficou indignada e ele quase foi renegado, mas, em seguida, sua esposa lhe deu
um filho.
―Henry. E assim tudo foi perdoado porque o herdeiro era o mais
importante e havia nascido.
―Não completamente, mas muito próximo a isso. Os rumores
começaram sobre a esposa, a filha de um açougueiro da aldeia perto da
propriedade, não só era absolutamente comum, mas um pouco estranha. Em
seguida, o marquês recuou ainda mais da sociedade. O fato de que agora
sabemos que a mulher vendeu o único herdeiro vivo do Marquês por dez
moedas apoia as acusações sussurradas que ela é estranha. Quanto ao interesse
de minha mãe no menino? Ela teve o herdeiro ao seu alcance e agora sabe
alguns segredos muito feios sobre a esposa do marquês e seu jovem filho. Ou,
ela pretende encontrar no menino uma adequada, e muito larga,
recompensa oferecida por ele. Talvez já tenha uma oferecida e tivemos muita
sorte de encontrá-lo lá e vivo.
―Sua mãe é uma mulher muito astuta mas você realmente acredita que
ela iria matar uma criança?
―Uma vez que ela devolvesse Henry a seu pai, o menino poderia
apontar o dedo para ela, revelar que ela não era quem dizia ser, e, sim, para
salvar-se, eu acredito que minha mãe faria quase qualquer coisa. Eu finalmente
aceito essa dura verdade.
―Vamos enviar uma mensagem para o marquês imediatamente, mas
algo adequadamente vago que nos permitirá negar todo o conhecimento sobre
o menino se o pai se provar inadequado. Eu não acho que ele será porque
Henry não mostra nenhum medo do homem, nenhuma relutância em ser
levado para ele. Na verdade, o menino está bastante ferido e surpreso que seu
pai não tinha vindo para encontrá-lo. ―Ela estendeu a mão para dar um
tapinha na mão de Brant. ―Vamos ganhar isso, Brant. Pode levar mais tempo
do que gostaríamos, mas vamos ganhar. Você deve mirar sua mente em como
exatemente vai recuperar seu poder.
Brant baixou seu copo de conhaque, apertou a mão de Olympia, e
puxou-a para ele. Ele riu suavemente quando ela graciosamente tropeçou para
seu colo. Era disso que ele precisava. Paixão aliviava a dor, mais do que
qualquer bebida que já havia bebido. Olympia excitava sua paixão de um jeito
que limpava sua mente de tudo menos dela. Ele queria isso agora, seu corpo e
mente consumidos por ela e tudo que ela o fazia sentir.
―Isso não é prudente― Olympia disse, enquanto enlaçava seus braços
em volta de seu pescoço ao invés de saltar para fora de seu alcance como uma
pequena voz em sua mente dizia que devia fazer.
―Você será a prudente e fugirá do quarto?
―Eu acho que não.
O beijo rapidamente limpou a mente dela de todos os pensamentos,
deixando apenas seu sabor, e como ele deixava o corpo dela queimando.
Olympia sabia que desta vez não iria impedi-lo. Brant não fez segredo de sua
fome por ela e a fome logo a possuiu também. Enquanto Olympia conhecia a
profunda intimidade de seus beijos, ela o ajudou a tirar seu casaco, colete e
gravata. Ela beijou a cavidade na base de sua garganta e respirou
profundamente seu cheiro, o de um homem limpo com apenas um toque de
colónia.
―No quarto ou no chão?―, disse Brant, sua voz não mais do que um
sussurro rouco. Olympia olhou fixamente em seus olhos quase pretos e soube
que era hora de tomar uma decisão, embora, ela pensou com um toque de
diversão através da paixão que a tomava, que ele poderia ter achado uma
maneira mais galante de perguntar isso.
―Quarto―, respondeu ela, não surpresa ao ouvir que sua voz estava tão
rouca quanto a dele.
Brant a deixou de pé, levantou-se e agarrou-a pela mão. Olympia
hesitou por apenas uma pulsação do coração ou duas antes de levá-lo a seu
quarto. Seu coração batia com pura antecipação e não medo. Ela queria isso.
Queria a ele. Ela se virou para ele quando entrou no quarto e fechou a porta
atrás deles, prestes a fazer a confissão sobre seu filho, apenas para tê-lo
silenciando-a com um beijo. Olympia segurou-o enquanto ele lentamente
guiava, nunca terminando o beijo até que a parte de trás de suas pernas
tocaram a borda da cama. O calor de seus longos dedos contra sua pele era o
único aviso que ela tinha de que ele estava removendo seu vestido. Ela nunca
tinha estado nua na frente de um homem antes e uma súbita onda de
embaraço tentou destruir o prazer que a prendia. Brant levemente mordiscou
o lado de seu pescoço enquanto puxava seu vestido fora de seu corpo, mas o
primeiro toque de suas mãos calejadas levemente sobre a pele de seus braços
foi suficiente para afastar esse mal-estar recém-nascido. Havia uma fome em
Brant, em seu toque e em cada beijo dele, que rapidamente invadiram o corpo
de Olympia. Logo, o fato de que ele estava tirando toda a sua roupa com uma
habilidade impressionante não a perturbava mais. Ela começou a remover as
dele com a mesma velocidade, se não com a mesma habilidade. Até no
momento embaraçoso quando eles tiveram de se afastar, seus corpos não se
tocando mais, para que ele pudesse puxar as botas não diminuiu a febre que
compartilhavam.
Quando ambos estavam nus, finalmente, Olympia estava tão fascinada
com o corpo alto e magro de Brant, que teve pouco conhecimento de como
acabou estatelada na cama com ele agachando-se sobre ela. Ele tinha toda a
pele cor de mel esticada tensamente sobre os músculos duros. Seu peito era
largo e liso, um pequeno triângulo de cabelo no meio e uma linha fina de
pêlos começando debaixo de seu umbigo, levando a um ninho arrumado de
pêlos em sua virilha. Ela ficou satisfeita quando o comprimento duro dele que
se levantando do ninho não agitou seu medo. Ela estava apenas colocando as
mãos sobre seu peito, deleitando-se com o calor de sua pele e de senti-lo sob
as palmas das mãos, quando se deu conta de quão intensamente ele estava
olhando para seu estômago. Em seguida, ele traçou levemente cada linha
tênue entre colchetes de seu ventre. Quando olhou para ela, foi com uma
carranca leve de confusão. Não havia nenhum indício de raiva ou repulsa e o
medo que tinha começado a se construir em seu coração rapidamente
desapareceu.
―Olympia?― Ele traçou cada linha pequena de novo, certo de que elas
eram as cicatrizes de uma mulher que tinha tido um filho.
―Podemos discutir isso mais tarde?― Ela deslizou uma mão em seu
peito e levemente agarrou sua ereção, satisfeita ao descobrir que a descoberta
de que ela tinha tido um filho não tinha diminuído sua fome por ela em tudo.
Brant quase engasgou em voz alta com a força do prazer que o atravessou
quando ela enrolou seus suaves dedos longos, em torno dele.
―Sim. Mais tarde seria ótimo.― Brant não tinha certeza de quanto
tempo ele poderia esperar antes de enterrar-se profundamente dentro dela.
Ele queria ir devagar, para tocar sua pele macia, perder tempo com aqueles
seios com bicos cor de rosa e lentamente explorar com beijos e carícias cada
côncavo e curva de sua forma requintada. Sua paixão estava correndo muito
quente e ele não sabia como fazer para refreá-la, no entanto. O jeito que ela
tinha falado de seu casamento a tal idade jovem disse que havia muito mais
sobre isso do que ela estava dizendo a ele, embora o pouco que tinha dito
tinha-lhe esfriado um pouco. Ela era uma mulher que precisava ser amada
lentamente, mostrando o quão verdadeiramente bom poderia ser o desejo
entre um homem e uma mulher. No entanto, a cada toque de suas mãos, a
sensação de suas suaves curvas pressionadas perto dele, teve que lutar
duramente pelo controle.
Olympia ficou tanto surpresa como com medo de como Brant a estava
fazendo se sentir. Ela estava tremendo de necessidade por ele, seu sangue
correndo tão quente em suas veias que ficou surpresa por não estar suando. A
forma como o calor de sua pele infiltrou-se nela, a aspereza do cabelo em suas
pernas quando roçava contra as dela, e o toque de suas mãos levemente
calejadas em seus seios enquanto os acariciava a fez segurar o fôlego. Quando
ele lambeu a ponta de um seio dolorido ela engasgou da labareda de calor que
disparou através de seu corpo. Quando ele tomou a dura, dolorida ponta do
seio em sua boca e chupou, a fez gritar e enfiar as mãos em seus cabelos para
segurá-lo perto.
O desejo selvagem correndo através dela era quase demais para
suportar. Houve uma perda de controle o que causou que o menor indício de
resistência começasse a borbulhar através da paixão que a tinha agarrado. Ela
estava pronta para afastá-lo, apenas o suficiente para que pudesse se acalmar,
retardar tudo apenas um pouco, quando ele deslizou a mão para baixo sobre
sua barriga e entre suas pernas. O toque de sua mão foi suficiente para
destruir aquela pequena resistência.
Foi quando ele começou a empurrar-se dentro dela que ela recuperou
seus sentidos o suficiente para entender o que estava acontecendo e não
apenas agarrar-se a ele com uma fome cega. Um arrepio de um velho e
esquecido medo passou por ela, mas lutou para mantê-lo longe de diminuir
completamente sua paixão. Isso era o que ela queria, o que todo o seu corpo
clamava. Era apenas sua mente que estava tentando parar o que estava
acontecendo e ela se recusou a permitir que isso lhe negasse a oportunidade
de descobrir exatamente o que um homem e mulher poderiam compartilhar.
Olympia envolveu as pernas ao redor de seus quadris estreitos e engasgou
quando ele empurrou dentro dela. Ela se sentiu tão cheia, tão completamente
próxima a ele de maneira que estava muito envolvida pelo desejo para
entender, que não poderia fazer mais do que se segurar a ele enquanto ele se
movia. Ele estava dizendo algo enquanto lhe beijava o pescoço, mas ela estava
tão extasiada com a sensação dele se movendo dentro dela que mal conseguia
entendê-lo. Depois que ele a beijou e ela perdeu o último fio de pensamento
coerente que tinha sido capaz de agarrar. Foi quando todo o seu corpo se
apertou, a tensão na parte baixa de seu ventre tornando-se próxima a dor, que
Olympia desejou ficar livre do aperto duro da paixão o suficiente para
começar a pensar novamente. Pensar não era exatamente o que ela queria
fazer, no entanto. Ela queria perder-se no calor e selvajaria do desejo que eles
estavam compartilhando.
―Quieta, Olympia,― Brant sussurrou contra sua bochecha. ―Permita-
se ser livre. Voe comigo, amor. Voe comigo agora.
―Voar―, ela sussurrou de volta. ―Sim, eu quero voar.―
Um momento depois, ela o fez. O nó em seu ventre estalou e todo o seu
corpo foi preenchido com um prazer que correu por suas veias e fez sua pele
formigar como se tocada por pequenas faíscas de fogo. Um grito suave
escapou dela enquanto fechava seu aperto em cima dele como se temesse cair.
Ela se agarrou firmemente em Brant enquanto ele entrava e saía com uma
força que a fez se mover contra os lençóis e, em seguida, ele ficou tenso. Um
gemido gutural escapou dele e ela sentiu o calor da sua semente banhar seu
ventre quando ele empurrou um pouco em sua posse e depois caiu contra ela.
Ainda atordoada, levou vários minutos antes de se tornar ciente do fato de
que Brant era pesado. Ainda assim, ela hesitou em deixá-lo ir. Ela gostava da
maneira como o sentia em seus braços, junto dela na mais íntima das
maneiras. Um suspiro de pesar escapou de seus lábios quando ele deslizou
para fora dela e virou de lado. Um pouco envergonhada, ela demorou a virar a
cabeça para encontrar seu olhar, mas o calor que viu em seus olhos a aliviou.
Ela podia ver que lhe tinha dado prazer e que o agradou.
―Eu queria ir devagar,― ele disse enquanto levemente arrastava seus
dedos para cima e para baixo entre seus seios.
―Pode-se fazer isso mais devagar?― Ela perguntou, movendo-se de
modo que ficasse perto o suficiente para sentir o roçar de sua pele contra a
dela enquanto ele respirava.
―Sim―, respondeu ele e beijou a ponta de seu nariz. ―Eu pensei que
seria melhor para você. Menos assustador.
―Ah. Você tem uma ideia do por que eu teria me casado em uma idade
tão jovem.
―Estou errado?
―Não, mas eu acho que não desejo trazer o fantasma de Maynard para
esta cama com a gente.
―Eu acho que preferiria que você não o fizesse também.
―Eu vou apenas dizer que você está certamente certo no que pensou.
Não era o que eu queria. ―Ela beijou o peito dele. ―Isso era o que eu queria.
Ele rolou de costas e puxou-a sobre ele. ―Isso era o que eu queria
também. Demais. Eu acho que a necessidade ainda é muito feroz.
Ela descansou a testa contra a dele. ―Isso faz com que eu fique
desprotegida. Eu não gosto de perder o controle ―. Por debaixo de suas
pestanas ela pode vê-lo sorrir. ―Safado arrogante.
―Sim. Um homem gosta quando uma mulher perde o controle em seus
braços.
―Hmm, e o homem não fez o mesmo?
―Ele fez.― Ele acariciou suas costas, gostando do jeito que ela se
pressionou contra ele, esfregando seu corpo contra o dele tão levemente
apreciando seu toque. ―Daí a incapacidade de ir devagar.
―Isso é um pouco reconfortante.
―Você gostaria de ver se podemos manter algum controle dessa vez?
―Isso pode ser testado desta maneira?
―Permita-me mostrar-lhe.
Olympia estava apenas recuperando o fôlego quando Brant cutucou
suavemente no lado e beijou-a. Ela não tinha percebido que havia mais do que
uma maneira de fazer amor. Monte-me, ele tinha dito, e ela o fez. Uma parte
dela estava um pouco envergonhada com o entusiasmo com que ela tinha
feito isso, mas Olympia estava determinada a estrangular a parte modesta,
gentil dela enquanto ela e Brant permanecessem amantes. Ela não permitiria
que nada interferisse com o prazer que poderiam encontrar nos braços um do
outro.
―Eu tenho que sair,― ele disse e deu um beijo em sua boca.
―Sim, eu suponho que seria o melhor.
―Eu não desejo. Eu prefiro muito mais ficar aqui, enrolado com você
na cama. ―Ele piscou para ela. ―E com fácil acesso a você.
―Safado.
Ele riu suavemente enquanto saia da cama e começou a se vestir. Seu
corpo sentiu-se plenamente saciado pela primeira vez em anos. Brant odiava
sequer pensar em outra mulher, enquanto na companhia de Olympia e tendo
desfrutado um interlúdio tão apaixonado com ela, mas sua mente não pararia
as memórias. Nenhuma vez, ele percebeu, ele havia saído dos braços de uma
mulher com tanta relutância e com a satisfação zumbindo em suas veias. Era
algo em que realmente precisava pensar. Mas não agora, decidiu enquanto
colocava as botas, parando para beijar Olympia novamente quando ela se
agachou ao seu lado envolta em um lençol.
―Meu filho se chama Ilar e ele tem doze anos de idade.
―Está tudo bem, Olympia. Eu apenas fiquei surpreso. O que é tolo de
minha parte porque sabia que você era uma viúva. Podemos falar disso outra
hora. Você não precisa falar sobre tudo agora.
Era covarde dela, mas balançou a cabeça, aceitando o adiamento.
―Amanhã à noite?― Perguntou.
―Se for possível.
Considerando o quão cheia a casa estava, ele sabia que era tudo o que
podia prometer. A última coisa que queria era todas as crianças em casa
pensando mal de seus salvadores. Eles precisavam ver um bom
comportamento das pessoas, aqueles com bondade e comportamento gentil
depois de tudo por que tinham passado. Brant admitiu que também não
queria lidar com os sobrinhos de Olympia, Thomas, ou os quatro meninos de
rua super protetores, também.
Depois de vários beijos, Olympia viu-o sair. No momento em que a
porta se fechou atrás dele, caiu de volta na cama e suspirou. O fato de que ele
teve que escapar no meio da noite, para evitar ser visto pelos outros da casa,
acrescentou a menor das impurezas ao que tinham compartilhado. Ela não
deixaria que isso roubasse seu prazer, no entanto, disse a si mesma com
firmeza, e levantou-se rapidamente para lavar-se e vestir sua camisola.
Assim que estava prestes a voltar para sua cama, ela pensou no
pequeno Henry e foi para sua mesa. Como a decisão tomada de entrar em
contato com o pai do menino ela não viu nenhuma razão para esperar. Levou
algum tempo para compor a nota para o marquês, no entanto, como precisava
ser muito cuidadosa em sua redação, cuidadosa o suficiente para que ele não
pudesse saber com certeza que ela tinha o menino apenas no caso de ele não
ser um homem a quem poderia dar a criança. Ela, então, encontrou seu livro
sobre a nobreza e o endereçou a sua casa em Londres. Vestindo seu robe,
levou a carta para a pequena mesa na sala sabendo que Pawl veria a nota e a
enviaria antes mesmo de que todos acordassem. Agora que a tarefa havia sido
feita, ela percebeu que era por isso que não tinha ido para a cama
imediatamente dormir. Bastou colocar a mensagem em cima da mesa para ser
atingida por uma onda de alívio para sua consciência que antes a impedia de ir
para a cama. Agora o corpo dela estava exigindo que voltasse para sua cama,
dores em seu corpo estavam começando a se fazer sentir por tudo que ela se
deixou fazer naquela noite. Quem diria que o ato sexual podia ser uma
atividade tão extenuante, pensou e sorriu enquanto fazia seu caminho para sua
própria cama.
Mesmo depois que ela se aconchegou debaixo de suas mantas, no
entanto, seus olhos se recusaram a fechar e percebeu que havia mais uma
coisa que prendia sua mente, negando-lhe o descanso de que precisava. Sua
casa estava cheia de crianças que haviam sofrido. Eram tantas que ela tinha
que encontrar um lugar para eles. Isso poderia não ser fácil. E então pensou
em sua família muito grande e sorriu. Pode não ser tão difícil resolver esse
problema, afinal de contas, ela decidiu, e finalmente fechou os olhos.
Brant estava deitado de costas na cama e olhava para o teto. Sua cama
nunca pareceu tão vazia. Ele queria o exuberante corpo de Olympia enrolado
ao seu lado, mas sabia que era impossível no momento. A casa dela estava tão
cheia que nunca poderia ser capaz de escapar invisível durante a manhã. Ele
também não queria ter que enfrentar todos aqueles meninos enquanto saia do
dormitório de Olympia. Nenhum deles era tão alegremente inocente que não
pudesse adivinhar exatamente o que tinha acontecido. Ele ainda podia sentir o
gosto dela em sua boca; ainda sentir o cheiro dela em sua pele. Fazer amor
com ela tinha sido rápido e feroz, o desejo que provocou entre eles uma coisa
gananciosa. Toda a habilidade que ele deveria ter ganho ao longo dos últimos
anos tinha desaparecido no momento em que ela tinha ficado nua em seus
braços. Uma questão que o incomodava, impedindo-o de cair no sono
imediatamente, era o porque de Olympia o ter levado para sua cama. Ela era
uma viúva e para essas mulheres lhes eram dadas certas liberdades. Muitas
tomavam um amante de vez em quando. Ele tinha até apreciado algumas em
seu tempo. No entanto, Olympia não o tinha feito, nem uma vez em todos os
anos desde que tinha se tornado viúva. Ele ficou intrigado de que ela de
repente se tornasse uma amante tão ardente em seus braços. Ele também se
sentiu lisonjeado, mas sabia que não seria sensato deleitar-se muito. Os beijos
dela lhe disseram que ela o desejava, mas ele se encontrou perguntando se era
o tipo de desejo que levava a algo mais.
Ele imediatamente balançou de lado esse pensamento. Ele não era uma
boa escolha para qualquer mulher. Tinha uma mãe que iria enviar qualquer
mulher gritando de seu lado, e um grande contingente de meio-irmãos que
agora tinha que ajudar a apoiar, três irmãos mais novos que ele queria ver
livres de sua mãe, e uma reputação que era tão negra que nenhum membro
decente da sociedade queria nada a ver com ele. E então havia sua
incapacidade comprovada de proteger aqueles que deveria cuidar. Ele poderia
ter salvo seus dois irmãos mais novos das maquinações da mãe, que era sua
única reivindicação provando que poderia ser um homem que protegeria
alguém.
Havia tantas falhas em seu passado que doía pensar nelas. Havia Faith,
a doce e inocente filha de um vigário com quem ele tinha pensado em se
casar. Sua mãe tinha destruído a menina e ele tinha cegamente acreditava que
ela havia fugido e o traído com outro homem. Não houve uma vez em que ele
houvesse questionado ou procurado por ela. Por isso acreditava que fosse tão
culpado da morte de Faith quanto sua mãe era. Agora havia a pobre Agatha,
presa com sua mãe e enfrentando um casamento horrível com um homem
que mais da metade da sociedade queria ver enforcado. Ele nunca tinha sequer
pensado que seu pai pudesse ter tido bastardos, o que era o auge da
ignorância, mas parecia haver um monte deles e ele havia falhado com todos
eles também.
Se ele fosse um bom homem, um homem forte, iria se afastar de
Olympia tão rápido quanto pudesse. Ela merecia algo muito melhor do que
ele, mesmo apenas como amante. No entanto, sabia que iria ficar com ela por
tanto tempo quanto ela permitisse. Se por nada mais, ela o fazia sorrir e ele
não tinha feito isso por um longo tempo. Tudo o que ele podia fazer era rezar
para que não tivesse nenhuma chance de falhar com ela também.
Capítulo 10
O café estava bom como sempre. Enid tinha uma verdadeira habilidade
com a confecção de café, tanto que Brant tinha estado um pouco impaciente
para que a horda de crianças terminasse sua refeição da manhã para que ele e
Olympia pudessem desfrutar a sua. Ele olhou para ela, sua beleza calma o
agitava como sempre, mas sua mente se fixou sobre aquele fato novo que
sabia sobre essa mulher que agora era sua amante. Olympia era a mãe de um
menino de doze anos de idade.
Brant tentou ver Olympia como uma menina de apenas treze anos,
provavelmente tomando seus primeiros passos para a feminilidade. Não foi
fácil. Ela era uma mulher tão forte, confiante, segura de quem era mesmo com
todas as suas excentricidades, que só se podia pegar uma simples sugestão da
criança que ela poderia ter sido enquanto crescia travessa com as crianças. E
ela não era mais do que uma criança, quando havia sido cruelmente violada
por um homem que, se o nome que carregava fosse uma indicação, tinha sido
membro de sua própria e larga família. ―Bom Deus, você não era mais do que
uma criança quando teve seu filho―, disse ele e, em seguida, fez uma careta.
―Desculpa.
―Você parece ter se infectado com a minha doença de linha reta entre
mente e língua― Ela sorriu para ele enquanto mexia seu chá. ―Não precisa se
desculpar. Eu era realmente uma criança quando dei à luz ao meu filho Ilar.
Houve momentos em que acho que Ilar e eu estávamos mais para
companheiros de brincadeira do que para mãe e filho.
―Por que ele não está aqui com você?
―Porque eu vim aqui para fazer compras, para comprar algumas coisas
frívolas, alguns vestidos, e talvez para participar de alguns eventos sociais.
Não é uma coisa que um menino iria desfrutar. Ele ainda não está realmente
preparado o suficiente para estar dentro dos limites de uma cidade lotada.
Seus dons ainda precisam de algum controle.
―Ele tem dons também?― Brant quis indagar sobre as dificuldades que
deviam surgir ao se criar uma criança com tais dons, mas mordeu a língua, não
querendo distraí-la de falar mais sobre seu filho.
―Ele é o filho de dois Wherlockes.
―Ah, claro. Seria muito incomum se ele não tivesse um.
―Bastante. É uma forte razão pela qual nós desencorajamos o
casamento de primos, mas, ―ela deu de ombros ―Não é completamente
proibido quando a família é muito grande e tem havido muitas gerações de
sangue misturado. Ilar pode mover coisas com sua mente. Às vezes, quando
suas emoções estão correndo quentes e selvagens, pode perder o controle e as
coisas começam a voar pelo quarto. Ele está muito melhor nisso do que
quando era mais novo, quando muitas vezes fazia isso no meio de alguma
brincadeira, mas o garoto está começando o seu caminho através desse
tumultuado caminho que leva à masculinidade então o controle que tinha
aprendido tem sofrido um pouco.
―Eu não estou surpreso. Pode ser um momento muito difícil para um
menino.― Ela assentiu com a cabeça. ―Achei que a mudança de menina para
mulher não foi tão agradável para mim também. A voz dele mudou um pouco
antes de eu viajar até aqui. Continuo pensando que estou perdendo meu
bebê.― Ela balançou a cabeça e engoliu a súbita onda de emoção que o
pensamento sempre trouxe com ele. ―Tolice.― Ele estendeu a mão sobre a
mesa e apertou-lhe a mão. ―Um pouco, sim. Ele não pode parar a mudança
mas ele é seu filho. O próprio fato de tê-lo mantido com você, o criado como
seu filho, apesar da maneira brutal em que ele foi concebido, me diz quão bem
amado ele é.― Ele lutou contra o desejo de ir a seu lado para poder beijar o
rubor que coloriu suas bochechas. ―Eu estou com um pouco de inveja―, ele
murmurou, e silenciosamente admitiu que era mais do que um pouco.
―É verdade, ele sempre será meu filho, minha criança, mesmo quando
eu preciso subir em um banquinho para puxar suas orelhas.― Ela sorriu
quando ele riu. ―Ilar também é muito, bem, receptivo a forma como as
pessoas ao seu redor se sentem. Ele tem grande empatia. Talvez demais.
―Outro dom?
―Sim, embora não tão forte quanto o primeiro. Isso frequentemente
acontece quando um de nós tem dois dons. Mesmo assim é forte suficiente,
porém, para fazer a sua chegada a cidade muito difícil para ele, especialmente
neste momento da vida dele.
―É por isso que você o tem mantido em segredo?
―Eu não tenho realmente tentado manter ele em segredo. Eu era
casada depois de tudo, para que ele pudesse ter alguma mancha de ser um
bastardo e para que minha reputação não fosse ferida pela sua presença. No
entanto, eu era tão jovem quando ele nasceu que minha família nos manteve
afastados em Myrtledowns, vigiados por minha tia Antigone assim como por
minha prima Tessa.― Ela corou. ―O meu leite não veio e Tessa chegou com
seus cinco filhos, um ainda um bebê de colo, para ser ama de leite de Ilar. Ela
esteve conosco por três anos até que seu marido deixou o exército e eles
compraram uma pequena fazenda não muito longe de nós. Tia Antigone ainda
está lá, porque ela era uma viúva quando veio e permaneceu, ela é muito boa
em ensinar controle a Ilar.
―Até o momento em que eu atingi a idade de sair na sociedade, e
realmente tive um desejo de sair de tempos em tempos, meu casamento foi
esquecido pela maioria das pessoas e ninguém parecia saber que eu tinha tido
um filho. Decidimos deixá-lo assim. Ninguém na família menciona meu
casamento ou Ilar na frente de ninguém que não seja da família. Eu mesma só
menciono o meu casamento, quando sinto que a informação é necessária para
impedir que alguém me empurre para um casamento. ―Ela fez uma careta.
―Eu acredito que algumas pessoas passaram a deter a ideia romântica tola de
que eu enterrei o meu coração com o meu marido, Maynard. A única coisa
que eu enterrei com aquele homem foi a minha inocência e a minha aliança de
casamento.
―Você não o perdoou pelo que fez.― Brant não estava surpreso, se
surpreenderia se ela o tivesse perdoado.
―E nunca vou. Eu sei que as pessoas dizem que se deve, mas eu não
posso, não, embora eu veja Ilar como meu tesouro, meu coração. Maynard
quebrou a fé de todos nós, e usou seu dom para fazê-lo. Veja bem, ele não
forçou apenas meu corpo inocente, forçou minha mente também, rasgando e
afastando tudo o que eu tinha. O pior é que quase destruiu a minha confiança
em Argus, pois ele tem o mesmo dom. Eu sabia no meu coração que Argus
nunca iria usar o seu dom dessa forma, mas levou um longo tempo antes que
pudesse parar de temer o meu próprio irmão. Muito tempo. Mesmo agora,
embora confiasse a Argus a minha vida, muitas vezes eu me sinto um pouco
desconfortável quando ele usa o seu dom―. Brant afagou-lhe a mão e, em
seguida, voltou para sorver seu café. ―Mas o que Maynard fez manteve você
longe dos homens, não é?
―Eu pensei que sim, mas...― ela interiormente amaldiçoou quando
outro rubor aqueceu suas bochechas ―Agora acredito que foi simplesmente
porque ninguém realmente despertou meu interesse.
―Até eu chegar.― Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo que
Olympia considerou brevemente lançar um bolinho em sua cabeça. Então ela
lembrou como a tinha olhado na noite passada antes que eles tivessem feito
amor. O olhar provocando a confiança de que agora estava em seu rosto, o
brilho do riso em seus olhos, era uma maravilhosa mudança da dor que tinha
estado lá, que ela não teve coragem de diminuir isso.
―Sim, até você chegar.― Então, novamente, pensou, ninguém iria
culpá-la por considerar aquele sorriso confiante masculino e irritante o
suficiente para querer dar um tapa direto em seu rosto. ―Mesmo assim, eu
temia que pudesse estar tão danificada que iria parar naquela última barreira.
Eu vim a acreditar que as cicatrizes daquele dia eram tão profundas quanto
temia que fossem, porque Maynard tinha tomado tão firme a minha vontade
que eu estava, na verdade, sem saber o que tinha acontecido até muitos
momentos depois quando acordei. ―Ela estremeceu. ―Eu não posso
compreender, e provavelmente nunca poderei, porque ele fez isso, por que eu
não era melhor do que um cadáver, só um pouco mais quente.
Brant em silêncio ecoou sua repulsa. ―Mas, ele está morto agora,
correto?
―Oh, sim, muito morto. Ele foi morto não muito tempo depois que
nos casamos. Ele viveu tempo suficiente para que toda a papelada fosse
assinada e verificada para proteger tudo o que é por direito de Ilar. E, para
garantir que ninguém poderia questionar a legitimidade do pedido. Eu posso
ver pelo jeito que você está balançando a cabeça que encontra tal ação
completamente aceitável.
―Eu o faço. Qualquer homem o faria. Acho que foi especialmente
importante para os homens em sua família agir assim em seu caso. Sua família
é diferente. Do que eu vim a conhecer, há muitos em sua família que tem
dons que poderiam ser facilmente utilizados de forma imoral. Este tal de
Maynard usou o seu para roubar algo que você não tinha vontade de dar a ele,
era jovens demais para dar, e traiu sua família inteira com esse brutal ato. Ele
revelou que não tinha escrúpulos usando seu dom poderoso para conseguir o
que queria não pensou no direito ou errado do que ele estava fazendo. Sua
família não podia permitir-lhe viver e não simplesmente por causa do crime
que ele havia cometido contra você. Ele era um perigo para todos vocês.
Olympia queria tanto beijá-lo, mas lutou contra o impulso de correr
para o lado dele e fazê-lo. Ele entendia. Não tinha sido uma matança por
vingança, embora soubesse que tinha havido um monte disso por trás do ato.
Tinha sido uma execução necessária de um homem que havia revelado que ele
não era apenas um perigo para ela, mas uma clara ameaça para todo o clã
Wherlocke-Vaughn. A maneira como ele tinha usado seu dom para arrancar
dela o que nunca tinha dado a ele de boa vontade era a mesma coisa que
poderia causar o retorno de perigos, e às vezes mortais, medos supersticiosos
que tinham atormentado a família na maior parte de sua história. O
assassinato de Maynard tinha sido, de muitas maneiras, um ato de auto-defesa.
―Não, ele não poderia ser autorizado a continuar. Ele estava em uma
idade de ter o controle total de seu dom, de modo que isso revelou uma
escuridão em sua alma, ou mente, que teria sido uma ameaça para todos nós, a
quem ele conheceu, durante o tempo que viveu. Triste, mas acontece de vez
em quando. A família tem regras e todos sabem disso. Você usa seus dons
para fazer o mal de qualquer forma, até mesmo por meio de fraude e roubo, e
você vai pagar. O tribunal foi convocado para ele e o julgamento foi
executado. Isso permitiu que a minha família tomasse a vingança que todos
estavam berrando por ter.
―Vocês tem um tribunal?
―Sim. Nós temos um. Dificilmente podemos tomar tal assunto ante o
tribunal do rei, podemos?
―Ah, não, claro que não. Então, um tribunal familiar privado é fácil de
entender. Ele deve exigir uma grande força de caráter para não usar algumas
das habilidades com que nascem em benefício próprio.
―Bem, eu nunca diria que alguns de nós não fazem isso de qualquer
maneira, mesmo que apenas em pequenas formas.
―Mas não para prejudicar.
―Não, nunca prejudicar. Todos somos ensinados sobre o perigo de tal
tentação e a penalidade para tais atos desde o berço. Nós observamos a todos
da família e, acredite em mim, isso tem ficado mais difícil pois a família tem
crescido bastante através dos anos, somos muito férteis e não temos mais
pessoas nos perseguindo para nos enforcar ou queimar como bruxos.
―Milady―, disse Pawl quando ele apareceu de repente na porta, ―há
um homem pedindo para falar com vocês. Ele diz que é o Marquês de
Understone Hill.
―Bom Deus, a mensagem que enviei a ele só poderia ter saído há
poucas horas,― disse Olympia e apressadamente se virou em seu assento para
verificar sua aparência no espelho sobre o aparador.
―Eu a enviei a ele no momento em que subi esta manhã.
―Vou precisar de trocar. Eu não posso atender um marquês vestida
com meus trajes da manhã.
―Eu não tenho certeza de que ele vai esperar para que você faça isso.
O homem está muito agitado.
―Você parece perfeitamente apresentável―, disse Brant.
―O homem chegou a sua casa num momento em que ninguém, só a família
ou o mais próximo dos amigos iria admiti-lo. Ele pode levar-nos como
estamos ―, acrescentou, acenando com a mão o seu próprio traje de camisa,
calças de equitação e botas de montaria.
―Então deixe-o entrar, Pawl, e nos traga um pouco de chá e café
fresco.― No momento em que Pawl saiu, ela olhou para Brant e levantou uma
sobrancelha. ―Você percebe o que ele vai pensar quando nos vir partilhar
uma refeição da manhã e vestidos dessa maneira.
―Eu acredito que sua mente estará muito cheia da necessidade de
encontrar seu filho para se importar em como estamos.
Ela estava balançando a cabeça em concordância quando um jovem
alto, de cabelos louros entrou na sala. Ele passou direto por Pawl, que ainda
estava anunciando-lhe, em seguida hesitou quando viu que Olympia não
estava sozinha. Brant levantou-se para se apresentar e a Olympia antes de
mostrar ao homem uma cadeira. Olympia quase sorriu ao ver o olhar do
homem de frustração quando ele começou a falar só para ser interrompido
por Pawl entrando com mais café e chá, instigando a formalidade de garantir
tudo o que um hóspede pudesse querer.
―Por favor―, disse o marquês assim que Pawl saiu da sala de novo ―,
você disse que pode ter notícias do meu filho.― Olympia reprimiu o desejo de
chamar imediatamente Henry e reunir pai e filho. Ela estudou o homem
deslocando-se nervosamente no assento ao lado de Brant. Ele era bonito,
lembrando a um escudeiro Inglês, mas era alto e magro. Ela podia ver um
pouco de Henry na forma de sua boca, o cabelo justo que se recusava a ficar
onde ele o havia colocado, e seus olhos azuis bonitos. Ela também podia
sentir uma necessidade profunda nele, uma luta contra o medo e a esperança
enchendo seu coração. Este homem amava seu filho. O que ela precisava
saber era se ele amava sua esposa tanto que se recusaria a ver o perigo que a
mulher apresentava a sua criança.
―Meu senhor, eu não tinha percebido que você estava na cidade―,
disse ela. ―Como pode ver claramente, eu não estava em nada preparada para
a sua visita.
―Então você não sabe onde meu filho realmente está, sabe.― Ele
arrastou as mãos pelos cabelos. ―Eu não posso acreditar que ela fez isso.
Como ela pôde fazer isso com seu próprio filho? Eu não tinha percebido o
quão terrivelmente doente ela estava.
―Ela?― Olympia cutucou quando ele ficou em silêncio.
―Eu poderia muito bem dizer-lhe como estou certo de que o escândalo
vai estourar em breve, se os sussurros já não começaram. Minha esposa. Ela
levou meu menino embora. Disse-me que o vendeu por dez moedas e que eu
nunca iria vê-lo novamente. Eu não podia acreditar, mas a maneira como ela
falou de Henry. . . ― Ele engoliu em seco. ―Era como se ela tivesse esquecido
que ele era seu filho também. Você teria pensado que ela estava falando de
algum animal. Eu temo que estivesse tão chocado que não segurei minhas
palavras. Eu fui muito duro. Não se deve ser duro com uma mulher que
perdeu claramente sua mente, não deveria. Mas eu fui.
―Meu senhor, eu duvido que importe e ninguém iria culpá-lo por
chicoteá-la com as palavras depois do que ela fez.
―Ela enforcou-se―, ele sussurrou. ―Naquela mesma noite, enquanto
eu trabalhava para começar a procurar o meu filho, ela enforcou-se no nosso
quarto. Bem, na janela do quarto de dormir. Amarrando a corda na cama, em
seguida, em torno de seu próprio pescoço, e então pulou para fora da janela.
Doutor Martin disse que ela não teria sofrido porque quebrou o pescoço.
―Então ela se foi?
―Sim, enterrei-a fora do lote da família porque a igreja não iria colocá-
la em solo sagrado e eu não estava disposto a discutir por isso. Então vim aqui
para procurar por Henry, mas, ― sua voz quebrou,― Eu não pode encontrá-
lo. Ele é apenas um menino. De apenas cinco anos. Como pode sobreviver
para o que quer que ela o tenha vendido?
Olympia olhou para Brant, que assentiu com a cabeça e silenciosamente
foi até a porta para chamar Pawl. Sabendo que não demoraria muito para que
o menino aparecesse, ela se voltou, toda a sua atenção para o marquês. ―Ela o
vendeu para Dobbin House―. A forma como o homem empalideceu disse a
ela que, pelo menos uma vez, ele tinha claramente passado tempo suficiente
em Londres para saber do lugar, e ela se perguntou como tantos poderiam
saber e não fazer nada sobre o lugar, mas deixando de lado sua raiva sobre
isso, porque agora não era o momento de ir em uma cruzada. ―Ele não foi
prejudicado. Havia uma mulher lá que o reconheceu e que pensou que poderia
fazer algum dinheiro com ele e manteve-o para si mesma. Nós suspeitamos
que ela estivesse esperando por notícias de uma recompensa.
―Então ele não estava ferido?
―Não, mas ele estava muito assustado. Receio que tenha se perguntado
o por que de você não ter vindo buscá-lo. Eu lhe disse que era só porque você
não sabia onde ele estava e precisava de tempo para procurar por ele. Ele
também sabe que sua própria mãe o vendeu, porque ela não fez segredo sobre
isso. Ela disse a ele que tomou todo o seu amor dela e ela não iria respeitar
isso.
―Isso foi o que ela gritou para mim―, ele sussurrou. ―O que eu
poderia ter feito? Eu amo meu menino. É claro, que amo meu menino, mas
eu ainda amava minha esposa apesar do quão problemática ela havia se
tornado. Confesso, que o amor havia esmaecido porque ela era tão difícil às
vezes, tão irritada, tão ciumenta, tão temperamental, que isso me afetava. Isso,
o que ela fez com o meu filho, bem, eu acho que terminou com o que restava
do meu amor por ela. Possivelmente ela viu isso e foi por isso que ela se
matou.
―Nunca se pode adivinhar as razões pelas que alguém faz uma coisa
dessas. Não carregue o peso disso. Foi a doença em sua mente. Se o seu filho
não tivesse se tornado o centro de seus delírios, algo ou alguém mais teria.
―Ela ouviu alguém se aproximando e sorriu para ele. ―Temos o menino,
senhor. Estavamos a procura de alguns de nossos meninos perdidos, nós
tropeçamos em cima de seu Henry. Eu hesitei, em dizer-lhe diretamente, pois
não estava completamente segura do porque de sua esposa o tê-lo vendido.
―Claro. Eu nunca o teria levado de volta para a mesma casa que ela.
Não depois do que ela fez.
―Tenho certeza disso agora, Milorde. Mas precisava da garantia para
que não enviasse a criança de volta ao perigo.
―Eu entendo.
A porta se abriu e o marquês saltou para seus pés. E o pequeno Henry
entrou e parou para olhar o pai dele. Olympia podia ver o mal-estar da
criança, seu olhar correndo ao redor da sala, como se para ter certeza de que
seu pai estava sozinho.
―Você me encontrou, papai?― Henry perguntou quando ele
lentamente avançou para o marquês. ―Mamãe sabe que você me encontrou?
―Sua mãe nunca mais vai te machucar, Henry.― O marquês caminhou
até seu filho e se agachou para ficar de frente para o menino, tocando os
cachos de Henry com a mão trêmula. ―Sua mãe tinha uma doença, filho, que
a fez fazer coisas ruins. Ela levou de nós sua mente e, em seguida, seu corpo.
Somos só você e eu agora.
―Eu estava com medo, papai,― Henry gritou e jogou-se nos braços de
seu pai. ―Eu estava esperando por você para me encontrar, mas você não
veio. ―Eu estava procurando por você, filho. Eu teria encontrado você.
Temos de ser felizes e agradeço a Deus que Lady Wherlocke e Lorde
Fieldgate encontraram você antes que sofresse muito ―. Ele colocou Henry
de volta em seus pés, levantou-se, mas manteve a mão sobre o menino, e
olhou para Olympia. ―Eu não posso lhe agradecer o suficiente. Não apenas
por encontrá-lo, salvá-lo, e também por estar pronta a mantê-lo seguro
mesmo de mim, se necessário. ― Henry liberou lentamente seu abraço
apertado sobre a perna do pai e olhou para a comida na mesa. ―Bolinhos e
creme de leite. Posso pegar um? ― Satisfeita com o desvio da sincera gratidão
do homem, das lágrimas em seus olhos, a deixavam um pouco desconfortável,
Olympia sorriu para o menino. Henry tinha seu pai agora e, na mente do
menino, tudo voltaria a estar bem novamente. Haveria feridas que precisavam
de cura, mas ela podia ver o amor entre os dois e sabia que seria isso que
lentamente apaziguaria o medo persistente da criança e as feridas.
―Só se o seu papai disser que você pode,― ela disse.
Ela não se surpreendeu quando, depois de um olhar suplicante do menino, o
marquês assentiu. Quando Henry subiu na cadeira ao lado dela e serviu-se de
um bolinho e um monte de creme de leite, o marquês retomou seu assento.
Ela fez com que o marquês tivesse uma xícara de café fresco e esperou pelo
que ele diria. Era fácil ver pela forma como sua expressão ficou séria e um
pouco severa, que o homem queria mais informações. Olympia olhou para
Brant quando ele se sentou e balançou a cabeça, concordando em silêncio que
não deveria haver segredos guardados mesmo que isso significasse revelar a
parte de sua mãe em tudo.
―Quem era a mulher que planejou usá-lo para conseguir uma
recompensa?― Perguntou.
―Minha mãe―, disse Brant e encolheu os ombros quando o marquês
olhou para ele com surpresa. ―Ela gosta de dinheiro e não tem escrúpulos
sobre como o obtém.
―Ela tinha que saber que eu teria pago, mas também que Henry é
muito jovem para se manter em silêncio sobre sua parte nisso. Uma vez que
isso fosse conhecido ela seria destruída na sociedade.
―É verdade.― Ele acenou com a cabeça quando o marquês franziu a
testa pensou por um momento e depois empalideceu. ―Eu temo que minha
mãe não está bem. Lady Wherlocke acredita que ela está doente ou que falta
aquela parte que diz a você que algo está errado e que você não deve fazê-lo.
―E o que você pretende fazer com ela?
―Destruí-la.
Embora o marquês concordasse com a cabeça, Olympia olhou para
Brant. Ela podia ver a fria determinação nele, mas tinha que saber como isso
iria afetá-lo. Sua inimiga mortal era a sua própria mãe. Poderia ele, quando
tivesse a chance, fazer o que precisava ser feito para acabar com sua ameaça
sobre ele e sobre os inocentes como as crianças e as jovens, que ela tão
alegremente vendia aos vendedores de pessoas? E se pudesse como ele ficaria
uma vez que estivesse tudo acabado? Ela afastou os pensamentos, sabendo
que não haveria resposta até que tudo fosse encerrado. Tudo o que podia
fazer era rezar para que ele saísse de tudo isso com o coração e a mente não
muito machucados.
―Ela tem dito algumas coisas bastante horríveis sobre você―, disse o
marquês a Brant. ―Embora eu apareça na sociedade muito pouco, mesmo
assim ouvi os sussurros. Perguntei-me, mas não poderia realmente acreditar
neles porque parecia uma mudança muito grande em um homem que nunca
antes tinha sido objeto desses contos. Ela estava tomando cuidado para que o
que dissesse fosse espalhado por toda parte.
―Eu sei. Todas as portas estão fechadas para mim agora. É o que torna
muito difícil obter o que é necessário para terminar seus jogos maliciosos.
―Não há portas fechadas para mim.
Olympia juntou-se a Brant em encarar o marquês, que apenas sorriu e,
em seguida, tomou um gole de café, tomando-o com um barulho suave de
apreciação para a bebida que Enid era tão hábil em fazer.
―Mas, não está de luto?
―Eu deveria estar.― Ele suspirou. ―Mas, quando ela me disse o que
tinha feito, como eu disse, o último vestígio do que me fez chocar a sociedade
e me casar com ela, morreu de forma rápida. O fato de que ela terminou sua
própria vida ―, acrescentou com uma voz suave,― será suficiente para me
desculpar por não estar de luto por ela.
―Isso e o fato de que você é um jovem marquês que agora está sem
uma esposa―, falou lentamente Brant.
―É verdade, embora não importe quem eu poderia conhecer, acho que
tive o suficiente de casamento por um tempo. Além disso, vai levar algum
tempo para que a notícia de sua morte atinja a sociedade porque as pessoas
em Undertone Hill são leais e suicídio é algo tão escandaloso que eles vão
tentar mantê-lo em segredo. Eu não estou preocupado de chocar muito a
sociedade se eu vagar por alguns salões e saletas de baile por enquanto.
―Obrigado―, disse Brant. ―Precisamos de toda a informação que
puder obter para trazer seu reinado ao fim.
―Você tenta fazê-la cair em desgraça tão quietamente quanto possível?
―Por causa dos meus irmãos mais novos, sim. Eles não devem ser
punidos pelo que ela fez. Mas, eu também sei que pode ser impossível. Isso
não vai me parar. ―Ele olhou para onde Olympia suavemente limpava o
creme do rosto de Henry com um guardanapo que ela tinha umedecido em
um copo.
―Eu não posso permitir que ela continue fazendo as coisas más que
vem fazendo. Muitos estão sendo prejudicados.
―Sim eles estão.
Quando o marquês e Henry tinham ido embora, Olympia moveu-se
para sentar-se ao lado de Brant e beijou sua bochecha.
―Pode ser bom ter a sua ajuda.
―Será. O escândalo sobre sua esposa vai vazar logo, não importa quão
leal seu povo seja, mas eu não acredito que a sociedade vai se importar tanto
que ele não esteja seguindo um período de luto adequado. Casou-se muito
abaixo dele mesmo e eles nunca reconheceram a mulher de qualquer maneira.
Eu suspeito que muitos acreditarão que a mulher não merece luto.
―Triste mas verdade.
―Você está com medo que eu vá vacilar quando chegar a hora de
destruir minha mãe― Ele beijou-a quando ela pareceu culpada. ―Eu não vou,
Olympia. Não vou dizer que não vai me incomodar quando o fizer, mas não
posso permitir que isso continue. Eu falhei por não acabar com seu reinado
após o que ela fez a Faith e não falharei novamente. Tudo o que posso esperar
é que possa fazer isso sem trancá-la na prisão ou tê-la enforcada.
E isso, pensou ela, era uma triste verdade contra a qual ela não poderia
argumentar.
Capítulo 11
Olympia sorriu quando relaxou na cama de Ilar e o ouviu ler para ela a
The Taming of the Shrew de Shakespeare. Ele sempre gostou das peças
mesmo quando ainda era uma criança pequena. Olhando para ele onde estava
deitado a seu lado, ela podia ver mais do homem nele agora do que da criança
que tinha sido.
―Você está partindo amanhã―, disse Ilar quando deixou de lado o livro
e virou de lado, e estudou sua mãe.
―Eu devo, amor―, disse ela. ―Eu fiz uma promessa à irmã de Brant.
Sua mãe está planejando casá-la com um homem mau que tem idade
suficiente para ser seu avô. Ela veio à procura de ajuda e eu disse que a
ajudaria. Eu não posso deixá-la à mercê daquela mulher e estamos muito
longe da cidade aqui para que possa correr para o lado dela, se ela estiver em
perigo.
―Então a leve para longe da mulher.
―Estamos trabalhando para fazer exatamente isso. Brant contratou o
primo Andras para trazer a menina para sua tutela.
―Oh. Isso é muito bom porque Andras é muito inteligente.― Ele
bocejou. Olympia saiu da cama e beijou-o no rosto. ―Descance, amor. Você
usou muito o seu dom ultimamente o que rouba muito a força de alguém
como nós.
―Eu vou. Estou feliz que você voltou para casa por um tempo.
―Eu também, Ilar. Eu também.― Ela escorregou para fora da sala e se
dirigiu para seu próprio quarto. A necessidade de se levantar e começar a
jornada para Myrtledowns a uma hora tão cedo e, em seguida, correr ao redor
tentando separar o que tinha acontecido e o que precisava ser feito a tinha
esgotado. Ela entrou em seu quarto e sorriu para os gatos que dormiam.
Então viu que tinha companhia porque Brant estava esparramado em cima de
sua cama. Desde que ele estava completamente vestido ela suspeitou de que
não estava lá para tentar seduzi-la para fazer amor, algo que não podiam fazer
enquanto estavam na casa que ela dividia com seu filho.
―Como você entrou no meu quarto, sem ninguém o ver ou ouvir?― Ela
perguntou enquanto caminhava até a cama e sentava-se ao lado dele.
―Eu posso ser muito furtivo, se eu quiser.― Ele puxou-a para seus
braços e beijou-a.
―Brant, eu não posso,― ela começou.
―Eu sei, mas eu desejava dar um beijo de boa noite.―
Ela riu e deu-lhe um. Rapidamente se transformou em um profundo beijo
apaixonado e ela estava respirando instavelmente quando finalmente se
afastou. ―Isso é muito imprudente.
―Provavelmente, mas eu não vou me comportar mal. Seu filho está tão
calmo quanto pareceu?
―Acredito que sim. Ele estava mais alerta do que assustado ou
machucado. Ele também descobriu que seu dom deu-lhe a força necessária, a
arma que ele precisava usar, para libertar-se o que é uma coisa inebriante eu
acredito. Ele poderia ter feito um ataque mais temperado em seus atacantes,
mas foi bom.
―Eu posso ver porque você é cautelosa sobre trazê-lo para a cidade.―
Ele a beijou novamente, em seguida, saiu da cama antes que desistisse diante
do forte desejo por mais do que beijos. ―Eu sinto mais do que posso dizer
sobre a forma como a minha mãe ameaçou seu filho. ― Ela sentou-se e pegou
a mão dele na sua mão, colocando um beijo na palma. ―Nada mais de pedir
desculpas pelo que não é obra sua. Este erro pertence a sua mãe. Nunca a
você.― Ele não tinha certeza se acreditava nisso mas sorriu, deu um beijo em
sua boca, e saiu do quarto quase tão furtivamente quanto tinha entrado. Foi
difícil sair do seu lado. Brant surpreendeu-se com a percepção de que gostava
de enrolar-se com ela na cama durante a noite. Ele nunca tinha passado uma
noite inteira com uma mulher com exceção das poucas vezes que tinha estado
tão bêbado que tinha tomado o seu prazer e caído em um estupor quase
imediatamente.
―Você está desonrando a minha mãe?― Olhando nos olhos do menino
irritado que tinha a voz de um homem e prometia ser alto, Brant
interiormente amaldiçoou, mas manteve a voz calma. ―Nunca. Eu só vim
dizer boa noite para ela, e pedir desculpas pelo que a minha mãe tentou fazer
com você, e com ela.― Ele curvou-se para o menino. ―Peço desculpas a você
também.
―Não há necessidade―, disse Ilar. ―Eu não fui prejudicado.― Ele
sorriu. ―E descobri que estou longe de ser indefeso também. Isso é uma coisa
boa.
―Sim.
―Minha mãe está em perigo porque ela está ajudando a sua irmã?
―Sim, ela está, mas ela não vai parar até que isso tenha terminado, não
importa o quanto eu lhe dissesse que deveria parar. Ela diz que fez uma
promessa a minha irmã que vai fazer com que seja cumprida.
―Ah, claro. Minha mãe nunca iria quebrar uma promessa. Eu entendo
agora. Boa noite, Milorde. ― Brant murmurou uma boa noite e viu o menino
retornar para seu quarto. Ele tinha sabido quase desde o início de sua aventura
que Lady Wherlocke era uma mulher honrada. A confiança que o filho tinha
na manutenção de uma promessa revelou que sua honra era uma parte
profunda de quem ela era. Ele descobriu que isso era um pouco sedutor.
Assim quando ele estava começando a lembrar-se, pela centésima vez que não
era bom para ela, algo roçou contra sua perna. Brant olhou para a gata
malhada que tinha sido trazida para alimentar o gatinho. Uma rápida olhada
ao redor não revelou nenhuma sombra pequena e ele olhou de volta para a
gata. ―Você deve voltar para o quarto e para seu novo filho,― ele calmamente
disse a gata e ela respondeu com um piscar lento, mas não se moveu. ―Eu
não tenho nenhuma caixa de areia no meu quarto.― Ainda assim, a gata não
se moveu. ―Bem, venha, então.― A gata o seguiu para dentro de seu quarto,
olhou para a cama, e pulou em cima dela. Depois de vários momentos
circulando, ela estabeleceu-se bem no meio da cama. Brant balançou a cabeça,
preparando-se para a cama e, em seguida, depois de perder um jogo de olhares
com a gata, deslizou sob as cobertas, contorcendo o corpo um pouco para
caber em torno da gata. Lady Olympia Wherlocke, a bela baronesa de
Myrtledowns, tinha muito a responder, pensou antes de fechar os olhos. Ele
só esperava não acordar de manhã muito duro para se mover.
Capítulo 15
―Eu quero que você, Pawl, veja quais servos ainda ficaram e tenha
certeza de que nenhum deles vá atrás de mim. E eu acho que, provavelmente,
você possa dizer quais podem valet ou não a pena manter ―disse Brant.
―Sim.― Pawl assentiu. ―Isso eu posso fazer. Nós entraremos agora?
Brant suspirou enquanto olhava para frente da casa, que temia que
tivesse sido irremediavelmente maculada por sua mãe ao longo dos últimos
anos. Ele nunca saberia tudo o que tinha acontecido naquela casa ou tudo o
que tinha sido comprado com dinheiro obtido pela venda de inocentes. Tinha
que haver alguma maneira de deixa-la nova porque ela guardava a longa
história de sua família e ele sabia que odiaria desistir da casa.
―Sim, é melhor terminar com isso,― ele finalmente disse.
Pawl, Artemis, e Stefan seguiram para a casa. Uma vez lá dentro, os três
saíram para encontrar quaisquer servos que pudessem. Brant teve de decidir
onde sua mãe poderia estar. ―Milady está na sala de estar.
Ele olhou para cima para ver o mesmo jovem lacaio que o havia
ajudado antes. ―Disseram-lhe para sair daqui? ― Ele perguntou, um pouco
surpreso porque estava certo de que era um bom homem e que não se
importaria de tê-lo a seu serviço.
―Não, me disseram para descer e ir para a cozinha porque eu disse ao
jovem no andar de cima que lá havia algumas coisas que seria sábio que
mandasse embalar.
―Vá em frente. A casa em breve será só minha de novo e você terá um
emprego se desejar.
―Isso desejo, milorde. Tenho que ajudar a minha família. Tenho oito
irmãos. ―Ele passeou para as cozinhas, obviamente, mais do que pronto para
ajudar na separação das ervas daninhas dos bons.
Brant fez o seu caminho para a sala de desenho. Entrou e viu sua mãe
imediatamente. Ela estava perto da janela com um vestido lavanda que devia
ter custado mais do que muitos ganhavam em um ano, mesmo entre a
nobreza. Era elegante, feito do melhor material e amarrado com o mais caro
dos laços, mas tudo o que ele viu foi a miséria das crianças que ela tinha
vendido para pagar por isso. Quando ela tinha começado a odiar crianças, ele
se perguntava, por que ele não tinha outra explicação para como ela tratava os
jovens e inocentes como fizera.
―Mãe, está na hora―, disse ele.
―Na hora de quê, filho ingrato?― Não havia raiva em sua voz ainda
assim Brant estava certo de que ela estava violentamente furiosa e essa falsa
calma o deixava inquieto.
―De você fazer as malas para ir para sua casa no campo.
―Você me disse que eu tinha tempo para colocar as coisas em ordem.
―Isso foi antes que você vendesse Agatha para Minden. Você sabia que
não tinha o direito de fazer isso, sabia que ia contra todos os documentos
legais que eu disse que estavam corretos, mas você entregou-a de qualquer
maneira.
―Ela está na idade para se casar e começar a ter filhos.
―Ela tem dezesseis anos apenas. Minden também estava doente,
crivado com a varíola, e você sabia disso muito bem. A estava vendendo a um
homem que iria começar a matá-la na primeira vez em que se deitasse com ela.
―E essa não é a carga de uma mulher?― Ela virou-se para enfrentar
Brant e pode ver seu marido nele, algo que fez a fúria que estava lutando para
controlar se remexer dentro dela, exigindo a libertação. ―Eu não era muito
mais velha quando o meu pai me vendeu para o seu. Mesmo quando o seu pai
compartilhou a cama comigo e me fez ter seus filhos enquanto ele estava
compartilhando a cama de tudo o mais que usasse saias e a que pudesse por as
mãos. Quando ele ficou muito velho e pobre demais para jogar entre as
cortesãs voltou para casa e fez de novo. Comigo, com as empregadas, com as
moças da aldeia, e nos fez ter seus filhos. Então ele colocou as
crianças feitas em outras mulheres bem em frente de mim, tornando-os
nossos servos para que eu tivesse que vê-los todos os dias.
―Uma situação miserável, mas você não pode culpá-los pelas coisas
que você fez.― Ela encolheu os ombros. ―Eu precisava de dinheiro.
―Dinheiro feito à custa de crianças inocentes. Você sabia o que
acontecia em Dobbin House. Você entrou lá. Você sabia o destino que essas
crianças sofreriam e ainda assim os vendeu e comprou caros vestidos.
―Você não me deu muito com o que viver, não é? Eu tinha uma
posição a manter.
Ele balançou a cabeça como se pudesse tirar suas palavras de sua
memória. Seria reconfortante de certa forma pensar que ela tinha perdido
completamente sua mente, mas, embora ele admitisse abertamente que havia
algo errado com ela, não achava que ela era louca. Era uma mulher mercenária
e fria que não se importava com o que tivesse de fazer ou quem tivesse de
machucar para manter o que considerava ser seu lugar no mundo. Isso, e
todas as coisas caras que ela sentia que eram realmente importantes na vida.
―E agora você tenta me culpar―, disse ele. ―Você fez o que fez por si
mesma. Eu começo a pensar que tudo o que já fez em sua vida foi por você
mesma.
―Eu não passei pelo inferno de dar à luz por mim.
―De certa forma, eu acho que você pode ter passado sim. Papai não
era o único que queria ter certeza de que teria um herdeiro. Você precisava de
um, precisava de um filho que pudesse moldar como quisesse para que
pudesse ter o poder sempre. Agatha, Emery e Justin eram apenas a sua
segurança. Mais dois filhos em caso de eu não me sair como você desejava, e
outra filha. Afinal, veja o quanto de lucro que ganhou ao vender as outras.
―Seu pai vendeu Mary e Alice.
―Não, eu começo a pensar que você tinha as rédeas firmes no papai e
sabia como levá-lo para o que você desejasse que fosse feito. A infidelidade?
Eu não acredito que se incomodou nem um pouco porque deixou-a livre para
fazer o que quisesse, para assumir o controle de tudo. Papai estava tão
ocupado no cio, bebendo, e jogando, ele estava mais do que feliz em entregar-
lhe todo o trabalho. Eu deveria ter visto isso antes, mas era fácil para mim só
achar que papai era tolo. ―E assim como eu porque nunca realmente percebi
que você tinha essas suas mãozinhas delicadas em tudo. Só recentemente
percebi que você estava roubando de todos nós há anos. Eu pretendo reunir
todos os papéis de todas as propriedades e fazer uma visita ao seu advogado,
o instinto me diz que pode ter sido deixado algo para todos os meus meios-
irmãos. Pareceria como se você tivesse feito para que eles ficassem com nada,
até mesmo papai deixaria algo para eles.
―Eu fiz todo o trabalho. Eu construí tudo o que fez Fieldgate rentável.
Eu era mais o conde daquelas terras do que ele já foi e ainda assim ele sentia
que poderia dar os lucros de meu trabalho duro para seus bastardos? Tolo.
Tenho governado o advogado dele desde pouco depois que você nasceu. ―
Havia o fantasma de uma fúria borbulhando em sua voz e Brant se perguntou
o quão longe ele a poderia pressionar. Pela primeira vez estava recebendo
algumas informações de que precisava. Agora ele sabia que seu irresponsável
pai realmente tinha deixado algo para todos os filhos que tinha criado. Poderia
até haver uma prestação de contas de onde cada uma dessas crianças, ou
homens, estavam.― Agatha e os meninos têm alguma coisa sobrando? Tão
fácil para você roubá-los uma vez que no momento em que eles nasceram
você já estava realmente com controle completo de todas as contas.
―Eu não precisei de nada para vender Agatha para Minden, não é? Ele
estava disposto a pagar por uma virgem bem-educada em uma vã esperança
de que ela seria sua cura.
―Não, você não precisou de nada.― Ele suspirou. ―Então, responda a
minha pergunta. Você sangrou suas heranças até secarem?
―Eu não as sangrei. Tive a certeza de que eles nunca tivessem uma,
para começar.
―Eu vou resolver isso. Agora, eu sugiro que você vá e embale suas
coisas porque está indo para Hillsbury House. ― Ele não ficou surpreso ao
vê-la estremecer. Era uma casa linda, espaçosa com uma bela área no Lake
Country. Lá não teria nada remotamente parecido com uma sociedade, no
entanto. Haveria uma beleza natural, mas sua mãe não era ninguém que se
interessasse por essas coisas. Ela estaria completamente isolada de tudo o que
lhe importava e interessava. E ele iria ter certeza de que os guardas que tivesse
não eram do tipo que ela poderia seduzir como havia feito com seu lacaio.
Pensando naquele homem grande, Brant olhou em volta. ―Onde está seu
amante?
―Ele se foi. Ele não tinha nenhum desejo de deixar a cidade. ―Ela
puxou sua mão para cima de onde ela tinha estado dobrada em suas saias e
apontou uma pistola que tinha escondido lá direto para o coração dele. ―E eu
também. Não pretendo desperdiçar o que resta da minha vida em uma
pequena cabana no meio do nada.
―Você iria matar o seu próprio filho para escapar desse destino?
―Na verdade, Brant, no momento eu iria matá-lo apenas pelo prazer de
fazê-lo.
Olympia correu para fora de seu quarto chamando por Pawl. No meio
da escada, ela lembrou-se que Pawl tinha ido com Brant. Ela só se acalmou
um pouco porque não achava que teria tido um pressentimento tão forte se
Pawl estivesse próximo de Brant
―Porque você está gritando por meu marido?― Disse Enid quando ela
veio correndo para fora da cozinha, com Thomas e os outros quatro meninos
bem atrás dela.
―Eu preciso chegar a Brant―, disse Olympia.
―Há algo errado?―, Perguntou Agatha quando ela chegou ao lado de
Olympia.
―Eu só sei que eu tenho que chegar até Brant.― Enid olhou para ela
por um momento e então assentiu. Ela marchou para a porta da frente e
olhou para a rua em direção a casa de sir Orion. ―Você está com sorte. A
carruagem de seu primo ainda está lá fora.― Ela olhou para os meninos.
―Vocês todos vão com ela.
―O que está errado?―, Perguntou Agatha. ― Brant está em apuros?
―Bem, isso é o que Olympia está prestes a descobrir. Agora venha para
a cozinha comigo e nós poderemos começar a fazer esse cabelo secar mais
rápido se você se sentar ao lado do fogão.
Olympia pegou sua capa e correu pela rua. Ela viu o motorista olhar
para ela e os meninos nervosamente. O pobre homem já tinha tido uma
aventura com sua família. Ela suspeitava que ele não tinha muito desejo de ter
outra.
―Eu preciso que você nos leve para Mallam House―, disse ela quando abriu a
porta da carruagem e todos os cinco meninos saltaram dentro.
―Eu acabei de voltar e de descansar por ter feito isso da primeira vez.
Não tenho mente para fazê-lo novamente.
―Se você não fizer isso e milorde Fieldgate for ferido, eu vou caçá-lo e
atirar em você como um cão.
―Entre―, disse ele em uma voz resignada.
―E você tem que chegar lá o mais rápido que puder.
―Claro. Nenhum de vocês parecem querer ir devagar. ―
Olympia saltou para dentro do carro e sentou-se entre Thomas e David.
Quando a carruagem começou para se mover, ela olhou pela janela e viu seu
primo Orion sair para embasbacar com a visão de sua carruagem correndo
pela rua. Poderia ter sido uma boa ideia pedir-lhe para vir junto, mas ela
encolheu os ombros. Era tarde demais agora.
―Exatamente por que nós estamos correndo para aquele lugar para
encontrar a sua senhoria?― Perguntou Abel. ―Tenho a sensação de que ele
vai ter necessidade de nós muito em breve―, ela respondeu.
―Você tem um desses dons que os outros têm?
―Sim, embora não tenha visões com frequência. Eu apenas sei que nós
temos que chegar a Brant assim que pudermos.
―Então nós iremos também, eu estava pensando que o motorista irá
correr ante nossa visão pelos próximos meses. ― Olympia realmente riu.
―Sim, muito possivelmente.― Ela sabia que o homem havia chegado a
Mallam House com velocidade impressionante, mas ainda sentiu como se
fossem horas. Com cada volta das rodas temia que fosse tarde demais. Ela não
sabia de que tipo de ajuda ele precisava, mas o frio em seu sangue estava
muito afiado para se ignorar.
―Obrigado!― Ela disse enquanto saltava do carro. ―Pare em Warren e
diga a minha empregada que você precisa ser pago.― Ela ignorou suas
murmuradas maldições e correu para dentro da casa. Assim que entrou pela
porta Olympia quase foi de encontro a um homem alto, um magro lacaio. ―A
condessa?
―Quem é você?
―A baronesa de Myrtledowns e eu preciso ver o conde de imediato. Eu
sei que ele está com a condessa.
―Sala de estar,― ele disse e apontou o caminho a percorrer.
Olympia permitiu que seus instintos a guiassem. Ela não correu até as
escadas quando seu coração exigiu, mas foi lenta e silenciosamente. Ela se
surpreendeu um pouco em quão tranquilos estavam cada um dos meninos.
Sinalizou-os a parar quando eles estavam perto da porta, ela chegou mais
perto. Quando ouviu o que estava sendo dito seu coração doeu por Brant.
―Eu não pretendo desperdiçar o que resta da minha vida em uma
pequena cabana no meio do nada―, disse Lady Mallam.
―Você iria matar o seu próprio filho para escapar desse destino?
―Na verdade, Brant, no momento eu iria matá-lo apenas pelo prazer de
fazê-lo.
Essas palavras enviaram um tremor de medo através de seu corpo, e
Olympia acabou se movendo mais para perto. Lady Mallam estava de frente
para Brant, uma pistola na mão. A mulher tinha um leve sorriso no rosto, mas
nada mais sobre sua expressão revelou emoção alguma. O que preocupou
Olympia, no entanto, foi a forma de parar o que estava prestes a acontecer,
sem ser morta ou deixar Brant ser morto. Um tapinha em suas costas a fez
afastar-se lentamente da porta e olhar para Abel.
―Ela irá atirar nele.― Abel agarrou-a pelo braço e fez avançar ainda
mais longe da porta. ―Ele vai mantê-la falando, na esperança de que alguém
venha. Tenho certeza em meus ossos de que temos algum tempo. Como você
é em escalar?
―Excelente. Por quê?
―Deverá ser uma subida fácil à direita da parede e na janela à direita
atrás de onde aquela bruxa está de pé. Você pode chegar lá em cima nessas
saias?
―Eu posso, mas não seria melhor que um de vocês, rapazes, a. . . ― Ela
gaguejou quando viu o medo em seus rostos que todos eles lutavam para
esconder. A subida até a janela era obviamente uma altura que nenhum deles
tinha estômago para aguentar. ―Eu posso fazer isso. Mas, o que você
pretende fazer? Eu não quero nenhum de vocês se colocando em risco.
―Nós vamos ficar bem. David, vai encontrar Pawl porque eu sei que
ele tem uma pistola. ―Ele olhou para Olympia. ―A janela, senhora? ― Ela
assentiu com a cabeça e saiu correndo tão rápido quanto podia sem alertar
Lady Mallam de sua presença.
Abel faria um excelente soldado, ela pensou enquanto corria para fora
da porta e para o lado da casa. Ela fugazmente notou que o carro que haviam
roubado de Orion ainda estava lá e o motorista estava assistindo a tudo.
Curiosidade ou uma necessidade de ter certeza de que seria pago, supôs.
Parando sob a janela, ela amarrou as saias e rezou silenciosamente para que
ninguém estivesse olhando para fora de suas janelas nas casas vizinhas.
Olhando para cima, percebeu que era uma escalada fácil. Havia tanta alvenaria
decorativa no lado da casa que era quase como se alguém tivesse colocado
passeios lá em cima. Assim quando ela começou a subir olhou ao redor para
ter certeza de que não havia ninguém que poderia ser uma ameaça para ela na
área. Algo chamou sua atenção próximo ao muro do jardim e uma vez que
estava um pouco mais em cima, ela olhou novamente e quase engasgou. Um
homem grande estava esparramado no chão apenas no interior das paredes do
jardim e até mesmo de cima, ela podia ver que ele estava muito morto. Lady
Mallam estava limpando a casa, ela decidiu.
Orando a cada passo do caminho, ela subiu até a janela. Não foi até que
chegou lá que percebeu que tinha demasiada confiança em Abel. Ela não tinha
nem sequer perguntado se a janela estava aberta. Para seu alívio estava e
suspeitava que ele tinha visto isso também na breve espiada que tinha tomado
do quarto. Olympia disse a si mesma que tinha que se lembrar de mencionar
essas habilidades para Brant e talvez um ou dois de sua família. Abel tinha um
grande potencial. Espiando por cima do parapeito, ela suspirou interiormente
com um alívio tão forte que teve que segurar com firmeza o peitoril da janela.
Brant ainda estava vivo. Ele estava falando, fazendo tempo para alguma
chance de resgate, assim como Abel tinha predito. Ela só queria que tivesse
perguntado o que ele esperava que ela fizesse agora que estava pendurada na
parede da casa atrás de Lady Mallam.
Logo acabou por ser quatro horas mais tarde. Não querendo beber
muito conhaque, Brant tinha começado a beber chá e estava farto dele no
momento em que os parentes haviam deixado de visitar, Olympia tinha tido o
outro resto, e ele foi finalmente permitido a vê-la. Ele andou até o lado da
cama e muito do seu medo por ela aliviou quando ela sorriu para ele.
―Você não tem uma família, você tem um exército ―, disse ele, em seguida,
se sentiu culpado por fazê-la rir quando ela estremeceu e tocou de leve o
ombro enfaixado. ―Desculpe.
―Pelo quê?
―Bem, por agora, por fazer você rir. Mas, eu sinto muito que você foi
puxada para esta tragédia.
―Agatha está segura agora como estão várias crianças. A ferida de bala
no ombro é um preço muito pequeno a pagar por isso.
―Verdade mas eu gostaria que você tivesse permanecido segura. Eu
desejava que pudesse tê-la mantido a salvo. ― E agora ela tinha adicionado
mais um pouco de culpa a todas as outras que ele carregava como um talismã,
ela pensou. ―Uma pessoa nunca está verdadeiramente segura, Brant, e
ninguém pode manter uma pessoa segura por cada minuto de cada
dia. Ela ia atirar em você. Os meninos e eu não podíamos ficar parados lá e
não fazer nada.
―Por que nenhum dos meninos escalou a parede?― Ele perguntou,
tentando ignorar o que ela disse. ―Parece que eles têm um pequeno problema
com altura. Pelo menos com alturas como as que teriam de enfrentar caso
tentassem escalar a parede. Eu era a única que poderia fazê-lo, embora o
plano desse um pouco errado. ― Ele sentou-se na beira da cama, tomou-lhe a
mão, e beijou a palma. ―Mais do que um pouco. Pobre Pawl está
provavelmente muito feliz porque isso acabou. Ele ficará mais do que feliz de
ver o último dos Mallams ― Olympia sentiu seu coração tropeçar com dor,
mas lutou para não perguntar o que ele quis dizer com isso. Se ele estava com
intenção de acabar com a sua associação agora que Agatha estava segura e que
o problema com sua mãe tinha acabado, ela estava determinada a levar a perda
com toda a dignidade que conseguisse reunir. Orgulho daria a ela a força para
não deixá-lo ver o quanto isso iria machucá-la.
―Pawl foi treinado como um guarda. Ele é, de muitas maneiras, tanto
um soldado quanto um lacaio ―. Ela sorriu fracamente. ―E, ocasionalmente,
um cocheiro e ocupou muitas outras posições em minha casa desde que se
juntou a nós. Você já viu para que ele não fosse conhecido por ter puxado o
gatilho?.
―Sim. Com a ajuda de Dobson tudo isso vai acabar como uma tragédia
horrível cheia com o delicioso escândalo de um caso de amor que deu errado
entre uma condessa e seu lacaio.
―Bom. Vai ser difícil para Agatha quando ela finalmente for
apresentada a sociedade, mas não tão difícil como seria para a sua família se
toda a verdade fosse conhecida.
―Nós não somos os únicos que sabem a verdade.
―Os outros não vão falar porque terão muitos olhando para eles, como
eles saberiam tais coisas. Se toda a verdade fosse dita, cada pessoa que teve
alguma coisa a ver com a sua mãe poderia ser contaminada e sofrer por tudo.
Eu desejava que alguns fossem, mas assim é melhor. Os que estavam
envolvidos com ela em qualquer uma das coisas farão o seu melhor para
espalhar qualquer conto que você ousar inventar sobre sua mãe.
―Como você está? Com muita dor?
―Septimus levou a maioria, e o médico deixou uma poção se eu
precisar dela. Eu vou ficar bem. ―Ela não pode dominar completamente um
bocejo.
―Descanse, Olympia.― Ele se inclinou para frente e lhe deu um beijo
na boca. ―Isso é o melhor remédio. Eu irei agora acomodar Agatha mas vou
estar de volta para vê-la amanhã. Oh, uma coisa que você talvez possa estar
interessada ―, disse ele, enquanto se levantava. ―De acordo com sua tia
Antigone, Orion é pai de Giles.
―Que maravilha. Ela não disse, estava mais interessada em saber como
eu estava para que pudesse dizer a Ilar. Orion vai ser bom para o menino. Eu
suspeito que ele vai assumir o cuidado de todos os meninos porque eles são
como uma família de muitas maneiras e não devem ser separados. Orion é
sábio o suficiente para ver isso.
―Bom. Eu me perguntava sobre isso. Descanse, amor. Eu vou vê-la
novamente em breve.
Olympia observou a porta se fechar atrás dele e suspirou. Não havia
dúvida de sua profunda preocupação com ela, mas ela esperava mais. Ela
quase sorriu quando em seus poucos momentos de pensamento claro
enquanto estava ferida e era atendida, havia imaginado ele percebendo onde
seu coração estava no momento em que percebia que ela fora ferida. Ela tinha
imaginado um momento terno, com palavras de amor eterno enquanto se
aproximava do lado da cama dela para ver se de fato sobreviveria. Olympia
nunca teria imaginado que seria propensa a tais voos fantasiosos de menina.
Mas não tinha sido mais do que um sonho bobo, pensou, e fechou os olhos.
Mesmo se Brant tivesse declarado seu amor eterno, ela teria hesitado em
aceitar plenamente. Ele podia não vê-lo, mas um fantasma vivia em seu
coração. Faith estava lá, embora ela soubesse que a mulher não queria estar.
Ele ainda carregava a culpa do que tinha acontecido com ela. Agora,
acrescentava a culpa de não ter visto o que a sua mãe realmente era, de não
proteger Agatha o suficiente, e, agora, não protegê-la o suficiente. Não era
algo que ela poderia tirar dele. Ele tinha que fazer isso sozinho.
A pergunta era, ela deveria aceitar qualquer declaração de amor dele,
ficar ao seu lado, e esperar que ele encontrasse a força para lançar fora a culpa
que não tinha qualquer razão para ter? Era um veneno em muitas maneiras,
mas ele era o único que poderia livrar seu coração da culpa. Cansada demais
para decidir, e sabendo que todas as especulações não adiantariam, uma vez
que ele não havia declarado nenhum tipo de amor a ela, Olympia decidiu
apenas lidar com isso depois de ficar bem e forte novamente.
Brant levou Agatha de volta para a casa da cidade. Ele sabia que não
podia ficar lá por muito tempo. As memórias de tudo que havia acontecido
ainda eram muito fortes. No entanto, ele tinha que ficar na cidade até ter
certeza de que Olympia estivesse bem.
Quando ele e Agatha sentaram-se no pequeno salão para compartilhar
um pouco de chá e comida, olhou para ela, mas não viu sinal de que ela estava
sofrendo de qualquer forma.
―Como você está, Aggie?
―Eu vou ficar bem, Brant. Foi assustador quando Minden tentou me
levar embora. E também dói saber que minha mãe deu-lhe plena aprovação
para que isso acontecesse. No entanto, a dor foi passageira. Eu aprendi há
muito tempo que ela nunca realmente se importou com nenhum de nós.
―Agatha suspirou. ―Isso foi difícil porque eu ainda era muito criança e estava
ansiosa para agradar minha mãe. Eventualmente se tornou evidente que não
havia nada que eu pudesse fazer, nada que qualquer um de nós pudéssemos
fazer, para agradá-la, a menos que nós avançássemos seu lugar na sociedade
ou enchesse bolsa. Uma verdade feia, mas que eu aceito.
―Eu deveria ter estado aqui, nunca deveria ter deixado você em seu
alcance.
―Brant, você parece gostar muito de assumir a culpa por coisas que
não poderia ter mudado. Ela iria fazer o que iria fazer, não importa onde você
estivesse, ela apenas teria feito isso de forma diferente. E, eu morava com ela
mais do que você o fez, mas mesmo eu não compreendia verdadeiramente
quão má ela era. Isso é um choque que vai levar tempo para superar.
―Eu acho que você me perdoa muito rapidamente. Eu estava me
afundado em meu próprio mundo, sem prestar atenção a qualquer coisa só no
que eu queria. Muitas vezes eu estava afundado na bebida e mais inútil para
todos que precisavam de mim ou para que pudesse me importar. ―
Agatha sorriu para ele e acariciou sua mão. ―Você estava de luto. Eu acho
que você também estava tentando muito para não acreditar que a nossa mãe
sabia exatamente o que iria acontecer com Faith quando ela vendeu a pobre
menina para aquela casa. Eu acho que ela sabia, mas levou pouco para eu
acreditar nesse último.
―Você sabe sobre Faith?
―Ah sim. Mamãe gostava de manter seus segredos, mas ela era muito
arrogante, e também descuidava de mim, o suficiente para falar disso
abertamente. Eu sei muito, muito mais do que ela jamais teria permitido se
tivesse estado prestando atenção.
Brant esqueceu toda sua culpa por um momento. ―Apenas me diga o
que você sabe, Aggie? O suficiente para que eu possa ver alguma punição para
aqueles que trabalharam com ela ou soubessem o que estava fazendo? Aqueles
que podem ter ajudado a esconder seus crimes? ― Agatha sorriu ainda mais.
―Ah sim. Eu sei de um grande negócio. Por onde você quer que eu comece?
Brant logo descobriu que sua irmã não estava fazendo uma bravata
ociosa. Ele não queria pensar em quão jovem, ela devia ter sido quando
começou a espionar sua mãe. As coisas que ela tinha aprendido não eram
aquelas que qualquer jovem deveria ter sequer ouvido falar. No entanto, ele
não podia ainda abafar completamente o seu entusiasmo enquanto ela falava,
dizendo-lhe nomes, informando-o de onde poderia encontrar os papéis para
sustentar quaisquer acusações que fizesse, e até mesmo quanto dinheiro a sua
mãe tinha recolhido e onde ele estava.
―Meu Deus, Agatha, por que você não nos disse isso antes?
―Você nunca teria sido capaz de chegar a ela. Estava sendo muito
cuidadosa. Ela não confiava em você também, por toda a sua falta de cuidado,
ela respeitava seu cérebro e sua força o suficiente para ser cautelosa sobre
você, para estar em guarda.― Agatha deu de ombros. ―Eu não era nada que
ela tivesse visto como uma ameaça.
―Grande tola―, ele murmurou e passou a mão pelo cabelo. ―Vai levar
algum tempo para que eu possa arrumar tudo isso. Você está desconfortável
nessa casa agora?
―Não, é apenas uma casa. É verdade, ela carrega a sua marca, mas ela
tinha bom gosto. Levará algum tempo para que o frio de sua presença
desapareça, mas se tivermos de ficar aqui por um tempo, não se preocupe que
isso vá me incomodar muito.
―Bom, porque eu tenho necessidade de trazer alguns destes homens à
justiça.
―E para ver Olympia, eu suspeito.― Ela riu quando Brant corou um
pouco. ―Ela é uma mulher muito boa. Forte e inteligente, mas com um
coração muito grande.
―Eu não sou bom o suficiente para ela.
―Bobagem. Está mais do que suficientemente bom para ela,
especialmente se você a ama como eu acho que você ama.
―Eu falhei com ela como eu falhei a muitos outros.― Ele começou e se
surpreendeu quando ela lhe deu um leve tapa no rosto.
―Você precisa se livrar dessa culpa.― Ela levantou-se e alisou suas
saias. ―É inútil, imerecido, e vai ser um veneno para o que quer que você
possa querer construir com Olympia. Você a ama?
―Sim.
―E você acredita que ela te ama?
―Eu sinto que sim.― Ele não estava prestes a explicar por que se sentia
assim desde que envolvia questões muito pessoais para compartilhar com uma
garota de dezesseis anos.
―Então você deve ir para ela de coração e mente limpos.
―E o que diabo isso significa?― Ele perguntou a si mesmo depois que
Agatha foi embora.
Ele suspirou e percebeu que estava completamente exausto. Amanhã
seria bom suficiente para lidar com este tesouro de informações que sua irmã
lhe entregara. Ele poderia até ter que trazer Dobson de volta à bagunça que
sua mãe tinha feito.
Quando fazia o seu caminho para seu quarto de dormir, ele decidiu que
iria fixar sua mente em fazer alguns dos aliados de sua mãe pagarem pelo que
haviam feito. Ele iria visitar Olympia tão frequentemente quanto podia
também. Uma vez que ela estivesse bem o suficiente, ele iria declarar-se a ela.
Quanto a todo o resto, a conversa da culpa que carregava e limpar seu
coração? Havia tempo suficiente no futuro para lidar com isso, uma vez que
ele descobrisse como fazê-lo.
Capítulo 19
―Você tem certeza de que era a coisa certa a fazer?― Perguntou Enid
quando o carro deixou a cidade e se dirigiu em direção a Myrtledowns.
Olympia suspirou e descansou a cabeça para trás. ―Sim. Era. Eu pensei sobre
isso, e pensei, e pensei. Eu sei que ele me ama e que, por sinal, é o mais
maravilhoso dos sentimentos ―. Ela sorriu quando Enid assentiu. ―Mas ele
está permitindo que a culpa por tanta coisa o devore, dia após dia, e isso será
um veneno lento para o que quer que possamos ser capazes de compartilhar.
Ele tem que jogar tudo fora.
―Eu suponho que você esteja certa. De certa forma, seria como ter o
fantasma de alguma outra mulher em sua cama. Ele ainda está vinculado a sua
Faith por causa da culpa.
―Exatamente. Ela estará sempre em seu coração. Eu sei disso. Eu
posso aceitar isso. Mas, porque ele não pode aceitar que não fez nada de
errado, que não podia saber que um vigário, seu pai e um homem altamente
respeitado, iria mentir para ele, ele acredita ser responsável por sua morte. O
que a mantém acorrentada em seu coração e faz com que seja difícil para mim,
para Ilar, para todas as crianças com que ele e eu poderíamos ser abençoados,
encontrar nosso lugar.
―É porque a culpa parece vir de sua incapacidade de proteger a todos
perto dele todo o tempo e de tudo ―, ela balançou a cabeça concordando com
o ruído desdenhoso de Enid―, isso poderia agir de forma que lentamente
estrangulasse o amor que sinto por ele.
―Ah, é claro.― Enid assentiu. ―Para você se amarrar a um homem que
se debruçará sobre você, observando cada movimento seu, e, talvez,
restringindo-a de qualquer maneira, seria puro veneno para o que sente por
ele. Ele iria espremer lentamente o amor, a vida, direto para fora de você.
―É melhor um pouco de dor agora do que muito mais tarde, e a dor
que poderia se estender a todas as crianças que compartilharmos. Eu posso
apenas rezar para que ele saiba o que precisa ser feito, o faça, e venha atrás de
mim.
―Quanto tempo você vai dar-lhe para ele vir atrás de você?
―Você está insinuando que eu vou fazer alguma coisa se ele não o
fizer?
―Não, eu sei que você vai fazer alguma coisa. Então... quanto tempo
ele tem?
―Dois meses e depois vou caçá-lo.