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PROGRAMA

1° bimestre: teoria das provas.

2° bimestre: medidas cautelares pessoais.

3° bimestre: procedimentos.

4° bimestre: teoria da nulidade e teoria dos recursos.

REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

Renato Brasileiro (juiz da justiça militar).

Aury Lopes Júnior (advogado).

Guilherme Nucci (desembargador).

Fernando Tourinho.

Eugêncio Paccieli (ministério público federal).

NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO PENAL

Finalidade do processo penal: é um instrumento que serve para


aplicação da lei penal e para a paz social; no entanto só haverá legitimidade
deste instrumento se servir também para garantir direitos do acusado.

Ato processual e procedimento: o processo se materializa por meio do


procedimento, o qual é um conjunto de atos processuais coordenados dentro
do contraditório.

Relação processual: os atos processuais são coordenados por meio da


dialética processual, em que as partes (acusação e defesa) tenham a
possibilidade de comprovar suas alegações, para que um terceiro não
participante desta dialética decida (juiz).

Sistema acusatório e inquisitório: a principal característica do sistema


acusatório é a separação da função de julgar e acusar, o que difere do
inquisitório em que há confusão entre as funções.

No Brasil prevalece o entendimento de que o juiz pode produzir provas


de ofício de maneira subsidiária ou complementar.
Obs.: A verdade real é um mito, pois nos limites do processo ela não
pode ser alcançada e ainda que fosse possível depende de uma decisão
pessoal; deve ser substituída pela verdade processual.

TEORIA DAS PROVAS

Conceito: a prova tem por objetivo elucidar um fato passado, para que
sua reconstrução seja mais próxima da realidade dos acontecimentos.

Meios de prova: são os instrumentos utilizados para elucidação dos fatos


ou circunstâncias.

Obs.: busca e apreensão, interceptação telefônica, delação


premiada, entre outros, são considerados meios de obtenção de prova.

Finalidade: influenciar o convencimento do julgador.

Objeto de prova: são os fatos principais e acessórios relevantes para a


ação penal.

Obs.: fatos irrelevantes, fatos notórios e presunções legais não são


objetos de prova.

Classificação da prova:

Quanto ao objeto: direta ou indireta. A prova direta não tem


intermediários. (Exemplo: direta é o médico analisando o corpo e indireta é um
perito analisando um vídeo).

Quanto ao sujeito: pessoal ou real. (Exemplo: prova pessoal é a


testemunha e prova real é o documento).

Quanto à forma: testemunhal, documental, pericial, confissão.

Sistemas de avaliação da prova:

Sistema das ordálias: a decisão dependia exclusivamente da sorte ou


de aspectos religiosos, o que implicava em julgamentos irracionais.

Sistema da intima convicção: o julgamento é vinculado exclusivamente


às convicções subjetivas do julgador, o qual não tem o dever de fundamentar
sua decisão. Obs.: no tribunal do júri ainda existe a íntima convicção por parte
dos jurados.
Sistema da prova legal: a lei elenca quais provas devem prevalecer,
vinculando, portanto, o juiz a esta hierarquia. Obs.: o parágrafo único do artigo
155 do código de processo penal determina que a comprovação quanto ao
estado das pessoas deve ser feita por meio de certidões ou documentos oficiais.

Sistema do livre convencimento motivado: embora o juiz não esteja


vinculado a nenhum tipo de hierarquia da prova tem o dever de fundamentar
sua decisão de forma racional tendo por base a lei e o processo.

Princípios:

Princípio da ampla defesa e contraditório: a ampla defesa se relaciona


com o direito de apresentar as provas para comprovar a tese apresentada; já
o contraditório é o direito de ter ciência dos atos processuais, de manifestação
e de ter a possibilidade de influenciar a decisão do juiz.

Princípio da comunhão das provas: a prova produzida e juntada ao


processo não pertence àquele que a produziu ou a requereu, mas sim as partes
inclusive ao juiz.

Princípio da liberdade probatória: prova ilícita é aquela produzida em


contrariedade à constituição ou a lei. Já a prova irregular é aquela que tem um
mero defeito procedimental não causando prejuízos às partes.

A prova derivada da ilícita é quando existe uma fonte probatória ilícita


que é a causa da prova derivada; assim, pela teoria do fruto da árvore
envenenada, a prova derivada também ilícita.

Não haverá prova derivada da ilícita quando houver uma fonte


independente lícita que conduziu ao objeto da prova.

Se houver uma investigação lícita que fatalmente chegaria à prova


derivada da ilícita esta prova será descontaminada tornando-se lícita (teoria da
descoberta inevitável).

Consequências da prova ilícita: desentranhamento da prova (retirar do


processo), inutilização da prova, impossibilidade de usá-la como fundamento
(o juiz deve contato com a prova ilícita, ao desentranhar ele não pode utilizar
essa prova em sua decisão).
Princípio da paridade de armas: está relacionado com a igualdade
processual, ou seja, a disposição de instrumentos probatórios de forma
equilibrada entre as partes.

Sistema do livre convencimento motivado: de acordo com o artigo 155


o juiz pode apreciar livremente as provas, pois não há nenhuma vinculação
relacionada à hierarquia probatória. Porém deverá fundamentar sua decisão
com base nas provas judiciais, podendo conjugar tais provas com os elementos
colhidos na frase pré processual. Poderá decidir exclusivamente com base nos
elementos da investigação somente nos seguintes casos: prova cautelar (busca
e apreensão, etc.), prova não repetível (testemunha ocular faleceu, etc.), prova
antecipada (artigo 225 do código de processo penal).

Ônus da prova: o encargo probatório no processo penal, de acordo


com o artigo 156 compete àquele que alega. Em razão disso, para
jurisprudência dominante, cabe ao Ministério Público comprovar a autoria e
materialidade do fato típico, cabendo à defesa comprovar eventuais
excludentes de ilicitude e culpabilidade além de outras alegações. Obs.: existe
uma corrente minoritária que defende ser dever da acusação comprovar os
elementos constitutivos do crime (fato típico, ilícito, culpável).

O juiz pode produzir provas nas seguintes situações: na fase pré


processual quando a prova for urgente e relevante (a doutrina contesta a
constitucionalidade desta hipótese); na fase processual para dirimir dúvida de
ponto relevante antes da sentença (alguns doutrinadores defende que essa
hipótese defende o sistema acusatório.

Indícios e presunção: a partir de um fato comprovado, que tenha


vínculo com outro que se quer comprovar, é possível concluir a existência deste
por meio de presunção.

Outra forma de entender o indício diz respeito ao valor probante, pois


este não conduz a um juízo de certeza e sim de possibilidade. A condenação
com base em indício somente é possível se houver um conjunto razoável que
implique em um juízo de certeza. Obs.: é possível sustentar que caso um
elemento de prova não passe pelo crivo do contraditório seu valor probante é
rebaixado para mero indício.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

Conceitos: interceptação telefônica é quando um terceiro faz a


captação da conversa sem o consentimento dos interlocutores. Escuta
telefônica é quando um terceiro faz a captação da conversa com o
consentimento de apenas um dos interlocutores. Gravação clandestina é
quando um interlocutor grava a conversa do outro sem o seu consentimento.
Obs.: as duas primeiras espécies necessitam de autorização judicial; pela
jurisprudência atual a gravação clandestina não necessita de autorização
judicial.

Base legal: artigo 5º inciso XII da constituição federal e lei 9.296 de 96.

Regras constitucionais:

1ª decisão judicial fundamentada.

2ª existência de lei regulamentando a matéria.

3ª deve ser determinada para fins de investigação ou instrução


processual penal.

Obs.: a jurisprudência admite a utilização das provas obtidas por meio


da interceptação em outros procedimentos de natureza distinta da penal.

Requisitos legais:

Para deferir a interceptação telefônica o juiz deve verificar se estão


presentes os seguintes requisitos:

1º indícios razoáveis de autoria (a interceptação é complementar, pois


já deve existir uma investigação em curso).

2º insuficiência dos outros meios probatórios (a interceptação é


subsidiária em relação aos outros meios de prova).

3º a infração penal deve ser punida com pena de reclusão.

Legitimidade: autoridade policial; somente na fase pré processual.


Ministério público; na fase pré processual e na judicial. Juiz; de ofício.
Sigilo da interceptação: a interceptação telefônica será
procedimentalizada em incidente apartado, o qual tramitará em sigilo e as
gravações que não interessar à investigação será inutilizada.

Encontro fortuito de prova (serendipidade ou crime achado): quando


durante a interceptação telefônica for colhido elemento probatório
relacionado a outro crime a utilização de tal elemento está disciplinada em três
correntes.

1ª corrente: é inadmissível a utilização mesmo que haja conexão entre


os crimes, pois além de ser uma ofensa à um direito fundamental, que exige
uma interpretação restritiva, não foram preenchidos requisitos legais.

2ª: será possível utilizar a prova encontrada ao acaso haja vista, que a
premissa nuclear está centrada no preenchimento dos requisitos originais
fugindo do controle os elementos que serão captados posteriormente.

3ª: se houver conexão com o crime investigado a informação será


admitida como prova; inexistindo conexão valerá como mera noticia criminis
possibilitando novas investigações.

Prazo: de acordo com o artigo 5º a interceptação terá prazo inicial de


15 dias, renovável por igual período desde que comprovada a
indispensabilidade da medida.

A jurisprudência firmou entendimento de que o prazo possa extrapolar


os 30 dias, mas sempre respeitando o período máximo de 15 dias por
deferimento.

Prova emprestada: é a utilização da prova produzida em um processo


em outro processo distinto; no processo penal, após evolução jurisprudencial,
passou a ser possível desde que tenha ocorrido o contraditório com a parte do
novo processo, neste caso não haverá desvaloração da prova, ou ainda
quando utilizada como mero documento o que implicará na redução do seu
valor probatório, pois não houve contraditório.

EXAME DE CORPO DE DELITO

Conceito de corpo de delito: é a materialidade delitiva, isto é, são os


vestígios materiais deixados pela prática da infração.
Conceito de exame de corpo de delito: é a análise feita por perito
tendo por objeto a materialidade do crime. O exame será subscrito por um
perito quando este for oficial e por pelo menos dois quando a perícia for
realizada por não oficiais.

O laudo é a formalização do exame sendo que o código de processo


penal admite a nomeação de assistente técnico para acompanhar a
elaboração do laudo, apresentar parecer técnico e quesitos.

Para o perito ser ouvido em audiência as perguntas deverão ser


enviadas para ele com até 10 dias de antecedência.

Exame direto e indireto: o direto é quando a análise é feita diretamente


na materialidade do crime; já o indireto a análise é feita em algum intermediário
que está vinculado a materialidade, por exemplo: fichas hospitalares.

Indispensabilidade do exame: de acordo com o artigo 158 havendo


vestígio, o exame direto ou indireto é indispensável.

Caso o vestígio desapareça outra prova pode suprir a ausência do


exame (artigo 167).

Obs.: a jurisprudência flexibilizou a indispensabilidade do exame, na


medida em que mesmo havendo vestígio autoriza a comprovação da
materialidade por outros meios probatórios idôneos.

Autópsia (artigo 162): é o exame realizado no cadáver, podendo ser


interno ou externo. Se for interno o perito deverá esperar seis horas para realiza-
lo, salvo, se já houver evidência segura quando a morte. Não será necessário o
exame interno nos casos de morte violenta, quando: a) não houver indicativos
de infração penal; b) as lesões externas forem suficientes para a conclusão
tornando desnecessária a análise interna.

Exumação: é a retirada do cadáver após seu sepultamento, tendo por


objetivo exame cadavélico para apuração de ponto relevante para apuração
do crime.

Lesões corporais: quando o primeiro exame para atestar a lesão


corporal for incompleto é possível realizar exame complementar objetivando
suprir eventuais deficiências ou erros. O parágrafo 2º do artigo 168 determina a
realização de exame complementar, após 30 dias da data do crime, para
comprovar a qualificadora do artigo 129, §1º inciso I do código penal. Obs.: a
prova testemunhal pode suprir a falta do exame complementar, havendo
discussão sobre esta possibilidade em relação ao parágrafo 2º do artigo 168,
tendo em vista, ser esta norma obrigatória e sem vínculo com o parágrafo que
autoriza a substituição por prova testemunhal.

Outras perícias:

1ª – exame do local (artigo 169),

2ª – exame laboratorial (artigo 170),

3ª – exame para as qualificadoras do furto (artigo 171),

4ª – laudo de avaliação (artigo 172),

5ª – exame nos crimes de incêndio (artigo 173),

6º - exame para reconhecimento de escritos (artigo174. Obs.: também


conhecido como exame grafotécnico, sendo certo que o investigado não está
obrigado a fornecer o material gráfico).

INTERROGATÓRIO

Conceito e natureza jurídica: é o ato processual que tem por objetivo


possibilitar a oitiva do acusado perante a autoridade judiciária sendo
obrigatória a presença de um defensor. Trata-se de meio de defesa e meio de
prova.

Obs.: a designação deste ato é indispensável ficando a cargo do


acusado exercer seu direito ao silencio.

Local: réu preso: a prática forense demonstra que quando o réu estiver
preso, como primeira opção, será ouvido perante o juiz da causa, cabendo ao
Estado transportá-lo para audiência.

Obs.: Caso requeira, ou aceite, poderá ser ouvido por precatória na


comarca mais próxima do presídio.
Também será possível realizar o interrogatório por meio de
videoconferência nas hipóteses elencadas nos incisos de I a IV do §2º, do artigo
185 do código de processo penal.

Obs.: Em qualquer hipótese o acusado tem direito de ter uma conversa


reservada com seu defensor.

O código de processo penal também possibilita a realização do


interrogatório no próprio estabelecimento em que o preso estiver recolhido,
desde que haja segurança.

Princípio do “nemo tenetur se detegere”: este princípio traduz a ideia


sobre a impossibilidade do Estado exigir do acusado atitudes que possam
comprovar sua culpa. Em razão disso, é possível sustentar que este princípio está
fundado em três direitos:

Direito ao silêncio:

Base legal: artigo 5º, inciso LXIII da constituição federal/88 e artigo 186
do código de processo penal.

Características: 1ª. Pode ser exercido em todas as fases da persecução


criminal. 2ª. É possível exercer tal direito de forma parcial ou integral, tendo o réu
o direito de escolher para quem vai responder e qual pergunta irá responder.
3ª. O direito ao silêncio não pode ser interpretado em prejuízo da defesa, sob
pena de nulidade.

Direito da não auto-incriminação:

Base legal: pacto de san josé da costa rica artigo 8º, item 2, alínea “g”.

Características: 1ª. Para que a pessoa produza prova contra si mesmo é


necessário que tenha plena consciência sobre tal consequência. 2ª. O exercício
deste direito está fundamentado na impossibilidade de realizar condutas ativas
que possam implicar em provas contrárias ao acusado. 3ª. O acusado não
pode impedir eventuais diligências que exijam somente sua inércia.

Direito de mentir: Não existe disposição legal sobre este termo, no


entanto, não há o crime de perjúrio no Brasil.
Diante disso três orientações podem ser destacadas: 1ª. Não há
nenhuma consequência caso o acusado minta em seu depoimento, ainda que
a mentira esteja tipificada em uma lei penal. 2ª. O direito de mentir sofre
limitação, pois somente haverá consequência caso a mentira esteja tipificada
penalmente, ao contrário não poderá prejudicar o acusado. 3ª. O
ordenamento não pode aceitar a mentira sem prever nenhum tipo de
consequência ao réu, pois o direito ao silencio não se confunde com o direito
de mentir. Assim, a mentira do acusado, mesmo que não esteja tipificada
penalmente, poderá ser utilizado na dosimetria da pena em seu desfavor.

Características do interrogatório:

1ª. Voluntariedade: o acusado não pode ser obrigado a depor (obs.:


em se tratando de qualificação o acusado pode ser coagido para esclarecer
sua identidade).

2ª. Ato personalíssimo: não pode delegar a terceiros.

3ª. Judicialidade: realizado perante autoridade judiciária.

4ª. Oralidade: é permitida a leitura de menos apontas, e em regra, não


pode substituir o interrogatório por declarações escritas.

Procedimento:

1º. O acusado tem direito de conversar reservadamente com o seu


advogado antes do seu depoimento.

2º. Antes de iniciar o depoimento o juiz deve indagar ao acusado sobre


o direito ao silêncio.

3º. Caso queira apresentar sua versão o juiz deve perguntar se são
verdadeiras as acusações.

4º. Independentemente da resposta o juiz formulará questões relativas


ao fato.

5º. O juiz deve possibilitar que o acusado alegue em sua defesa outros
pontos que não foram indagados.
6º. O juiz também deve perguntar sobre a vida pessoal do acusado,
inclusive se possui filhos, as respectivas idades e os responsáveis, bem como se
é responsável por pessoa com deficiência.

7º. O juiz deve possibilitar que as partes formulem seus questionamentos,


iniciando pela acusação e valendo-se do sistema presidencialista.

8º. Havendo mais de um réu os outros advogados também poderão


indagar o interrogando.

9º. Havendo mais de um acusado o interrogatório será realizado de


forma separada, sem que um acompanhe a oitiva do outro.

10º. Havendo justificativa o juiz poderá realizar novo interrogatório.

Casos especiais:

1º. Surdo-mudo: sendo somente surdo a pergunta será feita por escrito
e a resposta será oral. Sendo somente mudo a pergunta será oral e a resposta
por escrito. Sendo surdo-mudo tanto a pergunta como a resposta serão escritas.
(Obs.: em último caso será nomeado intérprete).

2º. Acusado que não fala língua nacional: será nomeado um intérprete
mesmo que o juiz seja fluente no idioma.

3º. Autoridades descritas no artigo 221: o Presidente da República, o


Vice Presidente e os Presidentes do Senado, da Câmara e do STF podem optar
por responderem as indagações por escrito.

CONFISSÃO

Conceito e natureza jurídica: É o ato pelo qual a pessoa atribui para si


a autoria da infração, tendo valor probatório relativo.

Características:

1º. Divisibilidade: a confissão pode ser parcial e servirá como atenuante


caso o juiz a utilize como fundamentação.

2º. Retratabilidade: o acusado pode retratar a confissão, sendo que


para alguns a confissão deixará de existir, no entanto há quem entenda que o
juiz poderá considera-la em conjunto com outras provas.
3ª. Voluntariedade: não pode haver vício de consentimento e será
válida mesmo se não for espontânea.

Obs.: confissão extrajudicial: a maioria da doutrina entende como


elemento probatório a confissão obtida na fase pré processual, porém, face a
ausência do contraditório, não terá o mesmo valor da confissão judicial.

Obs.: para ter status de confissão é preciso que seja formalizada.

DELAÇÃO PREMIADA

Nomenclatura e conceito: em que pese posicionamento contrário a


colaboração premiada é sinônimo de delação premiada, pois o objeto e o
objetivo são idênticos, quais sejam, cooperação investigado na elucidação do
crime em troca de benefícios penais.

Constitucionalidade e base legal: o STF por diversas vezes já confirmou


a constitucionalidade deste instituto. A lei que melhor regulamenta a matéria é
a 12 850/13 (organização criminosa). Obs.: outras leis disciplinam a matéria
como, por exemplo, lei antidrogas, lei de lavagem de dinheiro, lei de proteção
à testemunha e à vítima, código penal.

Natureza jurídica e valor probatório: tem natureza hibrida, pois pode se


comportar tanto como meio de obtenção de prova como meio de prova.

O juiz não pode sentenciar com base exclusivamente nas declarações


dos colaboradores (artigo 4º, §16 da lei 12 850/13).

Requisitos de validade:

1º. Oportunidade (por não se tratar de direito subjetivo, cabe ao


Ministério Público, ou ao delegado, verificar a conveniência e a oportunidade
para a realização do acordo).

2º. Voluntariedade (não pode existir vício de consentimento, ou seja,


qualquer constrangimento pesando sobre o colaborador pode invalidar o
acordo. Obs.: existe questionamento sobre a contaminação da voluntariedade
quando o acordo é realizado no curso da prisão preventiva).

3º. Efetividade (para a colaboração produzir efeitos é necessário que o


agente consiga elucidar fato que se comprometeu no acordo).
4º. Legalidade (existem algumas formalidades legais que devem ser
observadas como, por exemplo, presença do defensor, acordo escrito, não
participação do juiz nas tratativas, etc.).

Formas de colaboração:

1ª. Identificação dos crimes e dos autores.

2ª Revelação da hierarquia e das tarefas na organização criminosa.

3ª Prevenção de outros crimes.

4ª Recuperação total ou parcial do produto ou proveito do crime.

5ª Localização de eventual vítima com sua integridade preservada.

Benefícios previstos em lei ao colaborador:

Quando a colaboração for anterior à sentença:

1º perdão judicial;

2º redução de até dois terços da pena;

3º conversão da pena privativa em restritiva;

4º não oferecimento da denúncia, desde que o colaborador não seja


chefe da organização e tenha sido o primeiro a delatar (Obs.: Ministério Público
pode suspender o oferecimento da denúncia ou o processo pelo prazo de seis
meses prorrogável por igual período).

Quando a colaboração for após a sentença:

1º redução de até metade da pena;

2º progressão de regime independente dos requisitos legais.

Deveres do colaborador:

1º cumprir os termos do acordo.

2º dar eficácia à colaboração.

3º renunciar o direito ao silêncio.

4º assumir o compromisso de dizer a verdade.


Direitos do colaborador:

1º receber os benefícios acordados.

2º ter sempre a presença de um defensor.

3º usufruir de medidas protetivas quando necessário.

4º ter sua qualificação e imagem preservadas.

5º ser transportado separadamente dos demais autores.

6º cumprir pena em local distinto dos demais autores.

7º participar das audiências sem ter contato com os outros autores.

Formalidades do acordo:

O acordo deve ser escrito, subscrito pelas partes e pelo advogado do


colaborador e conter as formalidades do artigo 6º da lei 12850.

OFENDIDO OU VÍTIMA

Conceito: é o titular do bem jurídico ofendido.

Natureza jurídica: é meio de prova, porém, em razão da sua vinculação


à infração penal tem valor probatório reduzido.

Obs.: a jurisprudência pacificou o entendimento no sentido de


aumentar o valor probatório da declaração da vítima em alguns crimes, como
por exemplo, crime sexual. No entanto é necessário que a palavra da vítima
seja verossímil e sem contradições.

Obrigatoriedade: sempre que possível o juiz deve ouvir a vítima mesmo


que não haja requerimento das partes.

Obs.: a vítima não tem o compromisso de dizer a verdade, no entanto


caso seja devidamente intimada e não compareça poderá ser conduzida
coercitivamente.

Procedimento:

1º O juiz deverá colher as declarações da vítima, evitando as


apreciações pessoais.
2º Após, as partes poderão formular perguntas, iniciando pela
acusação.

3º O sistema de inquirição (direto ou indireto) fica a cargo do juiz, mas


na prática utiliza-se o direto.

4º A vítima pode prestar declaração sem a presença do acusado.

Direitos da vítima:

1º Ser informada sobre a prisão ou soltura do acusado, sobre as


audiências designadas e sobre sentença/acórdão.

2º De ficar em sala separada antes da audiência.

3º De receber atendimento multidisciplinar.

4º De ter preservada sua identidade, privacidade, honra e imagem.

TESTEMUNHA

Conceito: é a pessoa que presta compromisso de dizer a verdade para


depor sobre fato relevante à ação penal.

Natureza jurídica: é meio de prova e não se identifica com o réu ou com


a vítima.

Informantes: são pessoas que não prestam compromisso de dizer a


verdade, não se confundindo com o réu ou a vítima, mas ainda assim, é meio
de prova com valor reduzido. Não prestam compromisso de dizer a verdade: as
pessoas do artigo 206 (desobrigadas), os menores de 14 anos, e os doentes
mentais. Obs.: excluindo os desobrigados, os menores de 14 anos e os doentes
mentais, em regra, são obrigados a prestarem depoimento.

Pessoas proibidas de serem testemunhas: de acordo com o artigo 207


as pessoas que devam guardar segredo em razão da função ou profissão são
proibidas de depor. Se a parte interessada autorizar e se a pessoa quiser poderá
testemunhar assumindo compromisso de dizer a verdade.

Características da testemunha:

1ª) compromisso de dizer a verdade.

2ª) obrigatoriedade.
Obs.: a testemunha devidamente intimada que
não comparece à audiência e nem apresenta justificativa terá as seguintes
consequências: 1ª) condução coercitiva. 2ª) pagamento de multa. 3ª) crime de
desobediência. 4ª) pagamento das custas das diligências.

3ª) objetividade. Na forma do artigo 213 a


testemunha deve evitar apreciações pessoais.

4ª) oralidade.

Contradita e arguição de defeito: a contradita é um instrumento


utilizado para impedir a oitiva das pessoas proibidas (art.207) ou impedir que o
informante preste o compromisso de dizer a verdade. Já a arguição de defeito
tem por objetivo fazer constar quando do depoimento da testemunha eventual
suspeita de parcialidade ou ausência de credibilidade (indigna de fé). Neste
caso, o juiz após a arguição colherá a resposta da testemunha sobre a arguição
tomando na sequência seu depoimento sobre os fatos. O objetivo da arguição
é influenciar no valor probatório.

Procedimento:

1) testemunha ficará em sala reservada e não poderá se


comunicar com as demais.

2) testemunha será ouvida separadamente.

3) o juiz deve advertir a testemunha o testemunho de dizer


a verdade.

4) a parte que arrolou a testemunha iniciará a inquirição,


e posteriormente, será dada a palavra à parte contrária.

5) o sistema utilizado é o direto.

6) o juiz deve indeferir as perguntas repetidas, irrelevantes,


ou que induzirem à resposta.

7) o juiz será o último a perguntar.

Obs.: a inversão desta ordem não necessariamente gera


nulidade, pois se não houver manifestação oportuna nem comprovação do
prejuízo o ato será válido.
BUSCA E APREENSÃO

São dois institutos distintos e podem funcionar conjuntamente. A busca


é o ato de pesquisar e diligenciar para localizar; a apreensão é o ato de tomar
posse, de passar a ter a guarda.

Natureza jurídica: é meio de obtenção de prova.

Busca pessoal: é aquela realizada no suspeito ou em objetos que


pertencem ao suspeito. Como, por exemplo, carteiras, bolsas e carros.

Será realizada sem mandado em três casos: 1º)


quando houver fundada suspeita de estar portando alguma arma ou objeto
que constitua corpo de delito. 2º) quando da prisão. 3º) quando da busca
domiciliar.

Obs.: A busca pessoal em mulher, em regra, será feita


por mulher.

Obs.: Há uma divisão na jurisprudência em relação ao


acesso aos dados do celular, pois alguns entendem que se for elemento
probatório da prática do crime é possível acessar sem mandado; já outros
defendem a necessidade do mandado, tendo em vista o sigilo constitucional
dos dados.

Obs.: A busca pessoal por fundada suspeita não pode


ter natureza discriminatória.

Obs.: Embora haja divergência a busca pessoal


realizada por guarda municipal somente é possível se for dentro de um contexto
de flagrante delito.

Obs.: Segurança particular não tem legitimidade


para realizar busca pessoal, salvo se for condicionante de acesso para todos ou
em notória situação de flagrante.

Busca domiciliar:

Conceito de domicílio: é todo compartimento que


serve de abrigo para moradia, não necessariamente (com caráter de
permanência. O §4º do artigo 150 do código penal é a base normativa para a
conceituação de domicílio.

Restrições à busca domiciliar: de acordo com a


constituição federal a casa é um asilo inviolável e o ingresso somente pode
ocorrer nos seguintes casos: flagrante delito, desastre ou perigo (necessidade
de prestar socorro), autorização do morador e autorização judicial.

Obs.: no caso de autorização judicial o ingresso


somente ocorrerá durante o dia (das 6h às 18h).

Obs.: o estatuto da ordem prevê a possibilidade de


busca e apreensão em escritório de advocacia, desde que o advogado seja
investigado por participação no crime. A apreensão deve ficar restrita aos
documentos do advogado e de eventuais clientes investigados também pela
participação no crime. O representante da ordem poderá acompanhar a
diligência.

Finalidades da busca: o §1º do artigo 240 do


código de processo penal elenca as finalidades da busca domiciliar,
como por exemplo, apreender criminosos, vítimas, ou qualquer outro
documento ou objeto de interesse à investigação. Esta mesma norma
prevê a possibilidade de apreensão de correspondência aberta ou não;
no entanto este dispositivo deve ser interpretado à luz do artigo 5º inciso
XII que proíbe a violação de correspondência. Desta forma, por não
existir direito fundamental absoluto, o STF adotou o entendimento de que
a violação de correspondência será permitida desde que exista
autorização judicial especifica.

Requisitos do mandado: 1º) descrição do motivo e


da finalidade da busca domiciliar. 2º) indicação do investigado. 3º) indicação
do local e do respectivo morador. 4º) assinatura do escrivão e do juiz.

Obs.: se durante a execução do mandado de busca


e apreensão for localizado objeto de prova distinto daquele contido na ordem
judicial (encontro fortuito de prova) a apreensão será lícita se houver flagrante;
não sendo caso de flagrante a autoridade deverá preservar o local e requerer
mandado específico relativo à prova encontrada.

Execução do mandado: 1º) será executado somente


durante o dia. 2º) será lido e apresentado o mandado ao morador. 3º) será
solicitada sua cooperação. 4º) caso não haja ninguém no local a diligência será
acompanhada, se possível, por qualquer pessoa ou testemunha. 5º) em caso
de desobediência do morador poderá ser utilizada a força para a entrada. 6º)
será lavrado um auto descrevendo toda a diligência, o qual será assinado por
testemunhas. 7º) caso haja um indicativo de crime por parte do morador este
será conduzido até autoridade policial para adoção das medidas cabíveis.
Obs.: muito embora haja previsão da possibilidade do juiz executar a busca e
apreensão a corrente majoritária defende que tal dispositivo não foi
recepcionado pela constituição federal tendo em vista o sistema acusatório.

Busca e apreensão em comarca distinta: Se houver necessidade de


ingressar em comarca distinta para a realização da busca e eventual
apreensão a autoridade executora deverá se apresentar a autoridade local
antes ou após a diligência dependendo do caso.

A perseguição que autoriza o ingresso em território


alheio ocorre quando a autoridade executora toma conhecimento do
paradeiro da pessoa ou da coisa seja em razão do contato visual seja em razão
de informações, passando ao seguimento ainda que de forma descontínua.

RECONHECIMENTO DE PESSOAS OU COISAS

De acordo com o código de processo penal o reconhecimento de


pessoas e coisas será realizado de forma presencial, devendo ser adotado o
seguinte procedimento:

1º) a pessoa deverá descrever o acusado ou objeto.

2º) o acusado será colocado ao lado de outras pessoas,


preferencialmente semelhantes.

3º) a pessoa que fará o reconhecimento deverá apontar o possível


autor do crime
4º) por cautela, o procedimento deve ser realizado sem que o suspeito
tenha contato com a pessoa que fará o reconhecimento.

Obs.: estas regras quando cabíveis são aplicadas quando do


reconhecimento de objetos.

Obs.: ao final será lavrado um auto pormenorizado.

Reconhecimento fotográfico: não está disciplinado em lei, mas é aceito


como elemento probatório. De acordo com a jurisprudência o reconhecimento
fotográfico tem valor probatório reduzido, devendo ser conjugado com os
outros elementos.

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