Вы находитесь на странице: 1из 36

Ano 8

Nº 38
Jul/Ago 2011
ISSN 0100-1485

ENTREVISTA
Miguel Rosseto,
Diretor da PETROBRAS
Biocombustível

TECNOLOGIA
TECNOLOGIA DE
DE PINTURA
PINTURA

EXPERTS INDICAM
NOVOS HORIZONTES
Sumário

A revista Corrosão & Proteção é uma publicação oficial da


ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão, fundada em
17 de outubro de 1968. ISSN 0100-1485

Av. Venezuela, 27, Cj. 412


Rio de Janeiro – RJ – CEP 20081-311
Fone: (21) 2516-1962/Fax: (21) 2233-2892
www.abraco.org.br
Foto: WEG Tintas
Diretoria Executiva – Biênio 2011/2012
Presidente
Eng. João Hipolito de Lima Oliver –
PETROBRÁS/TRANSPETRO
4
Vice-presidente Editorial
Eng. Rosileia Montovani – Jotun Brasil
O gargalo do crescimento sustentado
Diretores
Adauto Carlos Colussi Riva – RENNER HERRMANN
Eng. Aldo Cordeiro Dutra – INMETRO 6
Eng. Fernando de Loureiro Fragata – CEPEL
Bel. Marco Aurélio Ferreira Silveira – WEG TINTAS Entrevista
Dra. Olga Baptista Ferraz – INT
Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ PETROBRAS Biocombustível investirá
Dra. Zehbour Panossian – IPT
US$ 2,5 bilhões em produção até 2015
Conselho Científico
M.Sc. Djalma Ribeiro da Silva – UFRN
M.Sc. Elaine Dalledone Kenny – LACTEC 10
M.Sc. Hélio Alves de Souza Júnior
Dra. Idalina Vieira Aoki – USP Tecnologia de Pintura
Dra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTEC
Dr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPE Experts indicam os novos horizontes
Dr. Luís Frederico P. Dick – UFRGS
M.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPT
Dra. Olga Baptista Ferraz – INT 15
Dr. Pedro de Lima Neto – UFC
Dr. Ricardo Pereira Nogueira – Univ. Grenoble – França Boas-vindas
Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ

Conselho Editorial 26
Eng. Aldo Cordeiro Dutra – INMETRO
Dra. Célia A. L. dos Santos – IPT Cursos
Dra. Denise Souza de Freitas – INT
Dr. Ladimir José de Carvalho – UFRJ
Eng. Laerce de Paula Nunes – IEC
Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ 34
Simone Maciel – ABRACO
Dra. Zehbour Panossian – IPT Opinião
A ética nas empresas
Revisão Técnica
Dra. Zehbour Panossian (Supervisão geral) – IPT José Carlos Teixeira Moreira
Dra. Célia A. L. dos Santos (Coordenadora) – IPT
M.Sc. Anna Ramus Moreira – IPT
M.Sc. Sérgio Eduardo Abud Filho – IPT
M.Sc. Sidney Oswaldo Pagotto Jr. – IPT

Redação e Publicidade
Aporte Editorial Ltda.
Rua Emboaçava, 93
São Paulo – SP – 03124-010
Fone/Fax: (11) 2028-0900
aporte.editorial@uol.com.br Artigos Técnicos
Diretores
João Conte – Denise B. Ribeiro Conte 16 28
Editor
Camadas fosfatizadas: Avaliação por meio de ensaios
Alberto Sarmento Paz – Vogal Comunicações estudo da porosidade de imersão da resistência à corrosão
redacao@vogalcom.com.br Por Zehbour Panossian, em frestas dos aços
Repórteres Célia A. L. dos Santos, Antenor Ferreira AISI 316L e AISI F53
Henrique A. Dias e Carlos Sbarai Filho e Edwilson Leite Por Cristiane Vargas Pecequilo,
Projeto Gráfico/Edição Zehbour Panossian, Rafael Barreto de
Intacta Design – info@intactadesign.com 22 Matos, Neusvaldo Lira de Almeida e
Gráfica Otimização da proteção catódica Gutemberg de Souza Pimenta
Van Moorsel de sistema de refrigeração
de usina nuclear
Esta edição será distribuída em setembro de 2011. Por Simone L. D. C. Brasil, José Claudio F.
As opiniões dos artigos assinados não refletem a posição da Telles, José Antonio F. Santiago
revista. Fica proibida sob a pena da lei a reprodução total ou e Lidinei Neri
parcial das matérias e imagens publicadas sem a prévia auto-
rização da editora responsável.

C & P • Julho/Agosto • 2011 3


Carta ao leitor

O gargalo do crescimento sustentado


omos sacudidos rotineiramente por informações que dão conta do grande potencial de
crescimento do Brasil nos próximos anos. Muito desse otimismo está baseado na projeção de inves-
timentos para as áreas de petróleo, gás e biocombustíveis. A PETROBRAS, maior empresa desse
setor no Brasil e que está entre as dez maiores empresas de energia do mundo, capitaneia esse esforço pelo
desenvolvimento e vem anunciando números muitos expressivos.
O Plano de Negócios da empresa prevê, ao todo, US$ 224,7 bilhões de investimentos nos próximos
cinco anos. E a área de biocombustível anunciou aporte de US$ 4,1 bilhões nesse negócio, sendo US$ 2,5
bilhões para ampliar a produção de etanol e biodiesel, US$ 1,3 para a logística do etanol e US$ 300 mi-
lhões para pesquisas no segmento, entre outros investimentos. Os números anunciados por Miguel Rosseto,
diretor da PETROBRAS Biocombustível (veja entrevista na página 6) reforçam a importância dada pela
empresa aos bioenergéticos e a busca pela liderança do mercado nacional de produção do etanol.
Essas colocações iniciais nos levam a um paradoxo. Com tantos

“ Apesar de inúmeros esforços governamentais


e privados, alunos do curso fundamental
continuam tendo dificuldades para interpretar
investimentos previstos, haverá – ou seria correto afirmar – já ocorre
uma forte procura por produtos e serviços para o setor. Esse aumen-
to da demanda exige que as empresas se adaptem para atender o mer-
cado com qualidade e dentro de um cronograma plausível, e para isso
é necessária a disponibilidade de profissionais preparados.
textos e efetuar cálculos matemáticos básicos Apesar de inúmeros esforços governamentais e privados, alunos

” do curso fundamental continuam tendo dificuldades na interpreta-


ção de textos e em fazer cálculos matemáticos básicos. Obviamente,
se aos alicerces faltarem solidez, a construção não será confiável. Vê-se um evidente efeito cascata que passa
pelos cursos de nível médio, inclusive os técnicos, e reflete-se nas universidades. Enquanto não forem ado-
tadas políticas claras e investimentos substanciais em educação, com valorização do aprendizado e daqueles
que se dedicam ao ensino, não teremos um futuro promissor no que diz respeito às carreiras profissionais.
A educação de alto nível é o único caminho para o país atingir os mesmos índices de qualificação
profissional como, por exemplo, os da Coreia do Sul. Valorizar e remunerar à altura o professor para
que ele possa se sentir motivado a dar tudo de si em sala de aula é uma das questões, mas não a única.
Há que se investir na infraestrutura das unidades de ensino, tornar os programas pedagógicos mais ali-
nhados com a realidade e incentivar o aprendizado – ao invés de afastar o aluno da sala de aula. Enfim,
são inúmeros os passos a serem dados, mas, sobretudo, é necessário que se estabeleça uma política para
que esses mesmos passos possam efetivamente serem galgados com consistência, sem grandes tropeços
e sem possibilidade de retorno.

Reação em cadeia – Estamos vivendo uma crise de educação, sem precedentes e com consequências
drásticas para toda a sociedade. Falta educação de berço, na qual os pais são os responsáveis pela formação
dos filhos. Sem ela, ocorrerá uma reação em cadeia onde aquele que nada recebeu não terá condições de
transferir aos filhos os princípios básicos de cidadania. Precisamos resgatar a escola pública que já formou
inúmeros e relevantes homens públicos de bem.
Temos certeza de que estamos todos absolutamente conscientes da importância da formação daqueles
que serão responsáveis por levar o nosso país ao auge de seu destino. Que cada um faça a sua parte e que
contagie aquele que está a seu lado, numa batalha árdua, porém imprescindível para a formação das novas
gerações que terão enormes desafios pela frente. Tudo o que já foi feito, bem ou mal, possa servir-nos de
lição. Agora, compete a nós cuidar de cada amanhã, passo a passo, numa ação ininterrupta e exponencial.

Boa leitura!

Os editores

4 C & P • Julho/Agosto • 2011


Entrevista

Miguel Rosseto

PETROBRAS Biocombustível investirá


US$ 2,5 bilhões em produção até 2015
Em um momento que o mercado nacional enfrenta escassez de mão de obra qualificada,
o debate em torno da certificação profissional ganha maior importância
Por Carlos Sbarai

PETROBRAS, por meio tível desde maio de 2009, fazen- dem de US$ 600 milhões, a em-
da sua subsidiária PE- do parte da Diretoria desde presa manterá, nos próximos anos,
TROBRAS Biocombus- 2008. Acompanhe os principais participação de cerca de 25 % no
tível, investirá US$ 2,5 bilhões pontos da entrevista coletiva. mercado nacional, levando em
na ampliação da produção de consideração o crescimento orgâni-
etanol e biodiesel entre 2011 e Como será a participação da co da demanda de diesel e a vigên-
2015. Este volume faz parte do empresa no mercado nacional? cia do B5 (5 % de biodiesel adicio-
total de US$ 4,1 bilhões desti- Rosseto – A meta é chegar, com nado ao diesel).
nados ao negócio de biocom- nossos sócios, a um volume de 5,6
bustíveis, que prevê ainda US$ bilhões de litros em 2015 e 12% Qual o objetivo da aquisição de
1,3 bilhão para a logística do de participação no mercado na- 50 % da BSBIOS Energia Re-
etanol e US$ 300 milhões para cional. E, dessa forma, aumenta- novável?
pesquisas nesse segmento, entre mos em 30 % nosso planejamen- Rosseto – Com a recente aquisição
outros investimentos. O Plano to inicial de investimento em eta- de 50 % da BSBIOS, unidade de
de Negócios da PETROBRAS nol. Cerca de 70 % do volume de Passo Fundo, no Rio Grande do
prevê, ao todo, US$ 224,7 bi- investimentos em etanol será vol- Sul (Nota da Redação: As empresas
lhões de investimentos nos pró- tado à produção, com a constru- já tinham firmado parceria em
ximos cinco anos. Na área de ção de novas usinas, destilarias, 2009 para a produção de biodiesel
biocombustível, o aumento da aumento da capacidade de moa- em Marialva, no Paraná), a
produção de etanol terá priori- gem e renovação de canaviais. PETROBRAS Biocombustível pas-
dade. Será investido US$ 1,9 sou a contar com um parque pro-
bilhão, o que representa 76 % Quem são esses sócios? dutivo formado por cinco usinas e
do total destinado para produ- Rosseto – Os investimentos se capacidade para produzir cerca de
ção. O anúncio foi feito pelo darão, prioritariamente, a partir 700 milhões de litros de biodiesel
diretor da PETROBRAS Bio- das sociedades já firmadas com as por ano.
combustível, Miguel Rossetto, empresas Guarani, Nova Fron-
durante entrevista coletiva teira e Total Agroindústria Ca- Como estão os projetos Pará e
online que foi acompanhada navieira. O perfil deste plano é Belém?
pela reportagem da Revista mais voltado para a expansão de Rosseto – O projeto Pará prevê a
Corrosão & Proteção. plantas novas. Estamos concluin- implantação de usina naquele
Rosseto é formado em Ciên- do avaliações para ampliação de estado para atender a região Norte.
cias Sociais pela Universidade do investimentos, em Goiás, na usi- Já o projeto Belém, prevê a produ-
Vale dos Sinos. Trabalhou na Pe- na Nova Fronteira. ção de green diesel em Portugal,
troflex, no pólo petroquímico de em parceria com a empresa de
Triunfo (RS) entre 1984 a 2004. Como fica a questão do seg- energia portuguesa Galp. Os dois
Foi vice-governador do Rio mento de biodiesel e de supri- projetos somam investimentos de
Grande do Sul (1999-2002) e mento agrícola? R$ 884 milhões, geram atualmen-
ministro do Desenvolvimento Rosseto – Em relação ao segmento te 861 postos de trabalho e estão
Agrário (2003-2006). Está à fren- de biodiesel e de suprimento agríco- em fase de implantação da parte
te da PETROBRAS Biocombus- la, cujos investimentos são da or- agroindustrial.
6 C & P • Julho/Agosto • 2011
Quais as novidades na área de
pesquisa?
Rosseto – Na área de pesquisas
para biocombustíveis, o investi-
mento de US$ 300 milhões será
destinado a avanços no desenvolvi-
mento do etanol de segunda gera-
ção, o etanol celulósico, visando sua
produção em escala industrial.
Também receberão incrementos as
pesquisas para biocombustíveis de
aviação, e o aprimoramento dos
processos produtivos, com o objetivo
de assegurar a vanguarda em sus-
tentabilidade. Estamos em fase de
prospecção de tecnologia para pro-
duzirmos até 2015 o bioQAV
(querosene de aviação). Realizamos não há tecnologia dominada. segundo foi um movimento de en-

Fotos: Divulgação petrobras/Geraldo Falcão/Agência petrobras


pesquisas a partir de duas rotas tec- frentamento do trabalho escravo no
nológicas: uma utiliza o óleo vege- Acontecerá o mesmo para o eta- setor. Hoje há um padrão de quali-
tal como matéria prima, a outra, a nol celulósico? dade, uma perspectiva de cresci-
sacarose. Rossetto – A expectativa é de que o mento muito grande. É uma opor-
etanol celulósico seja anterior a isso. tunidade extraordinária de cresci-
Há alguma medida sendo ela- Há uma carga forte através do mento, geração de emprego, preser-
borada pela PETROBRAS para CENPES. vação da matriz energética brasi-
aumentar o percentual de eta- leira limpa. A expectativa é de que
nol na produção em relação ao Qual é a base do BioQAV? todas as medidas sejam orientadas
açúcar, impedindo flutuações Rossetto – Existem duas grandes pelo compromisso estratégico feito
quando o preço do açúcar esti- rotas tecnológicas. A primeira utili- pelo Brasil com o seu povo, sua eco-
ver mais alto? za o óleo vegetal, e através de um nomia e seu futuro. E o etanol e o
Rossetto – Prioritariamente os processo físico-químico, produz o biodiesel têm uma participação
investimentos são só para etanol. BioQAV. A outra rota utiliza os crescente neste compromisso. A PE-
açúcares, a sacarose, produzindo, a TROBRAS se prepara para ocupar
Serão usinas 100% etanol? partir deles, o BioQAV. parte deste mercado, com rentabili-
Rossetto – Esse é o objetivo. A dade, qualidade ambiental e sus-
empresa é produtora de etanol e Sobre a questão do marco re- tentabilidade exemplar. Por isso fo-
energia elétrica. Em São Paulo, gulatório, há participação da ram ampliados os investimentos de
há associação e compartilhamen- companhia nestas discussões toda a produção de biocombustível.
to da produção de açúcar. Mas a em âmbito governamental? É uma agenda definitiva e de ex-
referência de investimento está Quais as medidas que se pode pansão. Não é exagero falar que es-
em usinas 100 % etanol. esperar? te compromisso de ampliar a pro-
Rossetto – Todo o setor participa. A dução com sustentabilidade ambi-
Quanto ao projeto de BioQAV, agenda central é ampliar a oferta, ental, desenvolver tecnologias, au-
ele poderá ser produzido nos de forma a abastecer o mercado mentar a eficiência, passa a ideia
próximos dois anos? brasileiro a preços razoáveis para o de um segundo pré-sal no Brasil,
Rossetto – Não. O momento é de consumidor. As agendas têm cará- com energia renovável. O país tem
produção de tecnologia, prospec- ter tributário, de crédito, estimu- mais petróleo e mais gás e condições
tando diversas rotas existentes. Não lando a produção de etanol no país. de produzir energia renovável. Es-
há nenhuma rota consolidada eco- Há dois anos, o Brasil fez dois gran- sa é a equação do século XXI. Ao
nomicamente viável. Existem expe- des movimentos estruturais: o zo- mesmo tempo em que o excedente
rimentos sendo desenvolvidos. O neamento agroecológico, discipli- energético fóssil está sendo amplia-
ponto delicado é segurar - 40, que nando a expansão da cana-de-açú- do, petróleo e gás, também se
é o perfil do querosene. Até 2015 car, preparando um processo de amplia a capacidade de produção
espera-se produzir o QAV. Ainda expansão com sustentabilidade. O renovável.
C & P • Julho/Agosto • 2011 7
Vem aí o Maior Evento Internacional de Corrosão do Brasil
14 a 18 de maio de 2012 – Bahia Othon Palace/Salvador

Eventos Envolvidos
32º Congresso Brasileiro de Corrosão
4th International Corrosion Meeting
18º Concurso de Fotografia de Corrosão e Degradação de Materiais
32º Exposição de Tecnologias para Prevenção e Controle da Corrosão

Envie seu resumo

Chamada de Trabalhos, segundo o cronograma abaixo:


Envio de resumos 14 de outubro de 2011
Análise de resumos 21 de novembro de 2011
Envio de trabalhos Técnicos 16 de fevereiro de 2012
Análise de Trabalhos Técnicos 12 de março de 2012

Acesse o site da ABRACO e siga as instruções para enviar seu resumo: www.abraco.org.br/intercorr2012

E mais!
• Conferências Plenárias nacionais e internacionais
• Palestras Técnicas
• Mesas Redondas
• Trabalhos Técnicos: Oral / Pôster
• Minicursos

Aproveite e divulgue sua empresa em um dos mais importantes eventos de corrosão da América Latina.
Entre em contato conosco e saiba como tornar-se um patrocinador e/ou expositor.

Informações
ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão
Tel.: +55 (21) 2516-1962 - Fax: +55 (21) 2233-2892
E-mail: eventos@abraco.org.br
Foto: WEG Tintas
Tecnologia de Pintura

Experts indicam novos horizontes


Evento realizado no IPT, com organização da ABRACO, faz uma atualização sobre o tema pintura em
suas principais aplicações industriais: automotiva, aeronáutica, naval e em estruturas offshore

Por Carlos Sbarai

Associação Brasileira de Corrosão (ABRACO) organizou, ficamente de esquemas de pintu-


neste semestre, no auditório do Instituto de Pesquisas ra, aplicação de tintas e controle
Tecnológicas – IPT, em São Paulo, um seminário sobre de qualidade da pintura e ensaios
Pintura Industrial. O evento técnico reuniu cerca de 100 profissio- de qualificação de tintas.
nais do segmento de pintura de manutenção industrial para discu- “Os revestimentos por pintu-
tir as tendências atuais do mercado e as novas tecnologias de pro- ra aplicados nas aeronaves têm
dutos e de aplicação para prevenção da corrosão em estruturas, diversas funções, dentre as quais
equipamentos e plantas de processo. A vice-presidente da ABRA- quero destacar as propriedades
CO, Rosileia Montovani, avaliou positivamente o evento, pois con- de proteção anticorrosiva do
seguiu reunir empresas de diferentes segmentos, como por exemplo substrato metálico e decorativo.
a indústria naval, aeronáutica e automotiva e dos setores de pesqui- Como todo mundo sabe, o avião
sa, fabricação e de aplicação de tintas. em operação fica exposto a dife-
“Essa é uma iniciativa recorrente da ABRACO com apoio do rentes condições agressivas, co-
IPT, pois o evento já é promovido desde 2007”, observa Rosileia. mo por exemplo os níveis inten-
Para ela, a oportunidade de levar renomados especialistas do mer- sos de radiação ultravioleta e di-
cado a compartilhar suas ideias com um público ávido por atuali- ferentes temperaturas, sendo que
zação técnica e comercial é uma forma importante de qualificar o neste último caso as mudanças
mercado. “Tudo o que há de mais moderno em pintura é apresen- térmicas ocorrem em curto pra-
tado no seminário. Neste cenário, é importante ter como parceiro zo. Portanto, os revestimentos
o IPT, que está sempre empenhado em apresentar tudo o que exis- por pintura têm que possuir re-
te de mais avançado para este segmento, que está aquecido e neces- sistência a estas condições”, ex-
sitando, cada vez mais, novas tecnologias para atender à forte de- plica Santos.
manda”, comenta Rosileia. O engenheiro da Eletrobrás-
O ciclo de palestras teve início com a apresentação do consultor CEPEL, Fernando de L. Fragata,
de empresas dos setores de tintas, vernizes e de seus usuários, Nilo trouxe a público o resultado de
Martire Neto. Com larga experiência internacional no setor de re- um estudo realizado pelo labora-
vestimentos automotivos e industriais, o especialista comentou que tório de corrosão da empresa so-
o mercado de tintas automotivas mantém-se em constante evolu- bre o desempenho de tintas de
ção, havendo substancial alocação de recursos no desenvolvimento fundo em pó pigmentadas com
de novas alternativas técnicas para a melhoria anticorrosiva e de zinco, bem como de esquemas
aparência dos produtos tratados, resultando na redução de custos e de pintura contendo as referidas
do impacto ambiental em suas aplicações. tintas.
Martire Neto chamou a atenção para a posição mercadológica “Para tal, tintas e esquemas
das tintas automotrizes e o histórico do desenvolvimento global de pintura com tintas líquidas
destes materiais. Ressaltou ainda os principais tipos de tintas e o tradicionais, com mesmo meca-
processo de pintura com as suas características de performance e nismo de proteção anticorrosiva,
aplicação. foram utilizados como referên-
“Quero destacar o Primer Anticorrosivo de Aplicação por Ele- cia. Por meio de técnicas eletro-
trodeposição Catódica, que é um dos mais importantes materiais químicas, bem como por meio
para o combate à corrosão e para o prolongamento da vida útil da realização de ensaios acelera-
média da pintura nos veículos automotivos”, pondera Martire Neto. dos e não acelerados de corrosão
Também falou sobre as diferenças entre tecnologias à base de sol- constatou-se, na região da inci-
ventes orgânicos e à base de água, bem como as novidades do setor são dos revestimentos, um de-
aplicadas principalmente em veículos automotivos. sempenho anticorrosivo superior
O engenheiro de materiais da Embraer, Cleber Mesquita, em par- ao dos esquemas de pintura com
ceria com Luiz Fernando dos Santos, apresentou um trabalho sobre as tintas em pó tradicionais com
tecnologias empregadas na pintura das aeronaves fabricadas pela mecanismo de proteção por bar-
empresa, assim como os métodos de preparação de superfície, especi- reira”, explicou Fragata.
C & P •Julho/Agosto • 2011 11
Rosileia Montovani, vice-presidente Nilo Martire Neto, consultor de Cleber Mesquita, da Embraer
da ABRACO empresas

Foto: Vinagre
Fernando de L. Fragata, da Ildo da Costa, da Expanjet Dauton Luis de F. Menezes, da
Eletrobrás-CEPEL Marinha do Brasil

“Portanto, trata-se de um O especialista concluiu sua


avanço tecnológico importante apresentação, destacando que o
neste campo da proteção anticor- processo de fabricação das tintas
rosiva. Além disso, em ambos os em pó pigmentadas com zinco
casos, o tratamento da superfície pode também influenciar as pro-
por meio de fosfatização propor- priedades eletroquímicas da pelí-
cionou, na região da incisão, cula. Esta constatação foi funda-
melhor desempenho aos revesti- mental para que um dos fabri-
mentos com tintas em pó do que cantes, parceiro no desenvolvi-
aquele realizado por meio de ja- mento do estudo, pudesse me-
teamento abrasivo. As tintas de lhorar a resistência à corrosão de
fundo em pó pigmentadas com seus produtos.
zinco apresentaram desempenho Joaquim Pereira Quintela, da A palestra do engenheiro Ildo
inferior aos das tintas líquidas PETROBRAS da Costa, da empresa Expanjet
tradicionais ricas em zinco, prin- Sul, tratou da tecnologia de jatea-
cipalmente no que diz respeito às mento com esponjas abrasivas de poliuretano, que, ao contrário dos
propriedades eletroquímicas. Tal abrasivos convencionais (granalha de aço, por exemplo), não geram pó
fato refletiu diretamente no de- (redução de 99,9 % do pó) e, por isso, preservam a saúde ocupacional.
sempenho dos esquemas de pin- Outra característica operacional importante é que com a Tecnologia
tura correspondentes, na região Sponge Jet não existe a presença do ricochete e não há geração de calor
da incisão dos revestimentos. na peça ou no equipamento a ser jateado. "Esta esponja é feita de poliu-
Certamente, o teor mais baixo de retano e contém diversos tipos de abrasivo como, por exemplo, óxido
zinco metálico na película das de alumínio, carbonato de cálcio, melamina e outros. Esta esponja de
tintas em pó foi um dos fatores poliuretano é muito mais resistente e porosa, o que facilita criar vácuo
responsáveis por este comporta- no momento do impacto e eliminar o pó, proporcionando uma
mento”, constata Fragata. melhor visão ao operador de jato”, comenta Costa.
12 C & P • Julho/Agosto • 2011
"As esponjas abrasivas são projetadas por ar comprimido até a quela apresentada pela indústria
superfície a ser tratada. No impacto, toda energia cinética é trans- aeronáutica e por outros seg-
formada em potencial e dissipada neste local, removendo o que tem mentos. “Foi levantada ainda a
para ser removido, criando sucção para carregar as impurezas, cole- necessidade de conscientização
tando todo o pó, resíduos de pintura, óleo, material corrosivo e ou- de todos os envolvidos no pro-
tros contaminantes e ainda produzindo a rugosidade especificada cesso produtivo, não apenas dos
quando necessário”, conclui Costa. técnicos diretamente ligados à
preparação de superfície e aplica-
Aplicações na indústria naval e em estruturas offshore ção de revestimentos (parte inte-
Dauton Luis de F. Menezes, capitão de fragata da Marinha do grante básica e cujo conheci-
Brasil, falou sobre o desempenho da pintura naval e da influência da mento sobre o assunto deve ser
especificação e aplicação das tintas. Foram apresentados pontos rele- periodicamente atualizado), mas
vantes a serem observados no processo de pintura industrial nas embar- principalmente, dos gerentes que
cações, como normas, especificações, procedimentos e diversos pro- devem sempre observar, entre
blemas de pintura acompanhados ao longo dos anos na indústria naval. outras coisas, o custo-benefício
Menezes comentou sobre a necessidade dos técnicos e/ou enge- do ‘querer agilizar’ a tarefa, que
nheiros conhecerem os equipamentos e a estrutura a ser protegida e o muitas vezes, mal realizada, aca-
meio que a cerca. “Também é importante que os novos profissionais ba comprometendo o desempe-
saiam da frente de seus computadores e vão a campo, a fim de co- nho do material, do trabalho efi-
nhecer a realidade não descrita nos livros, na qual as técnicas atual- ciente do setor de controle de
mente tão divulgadas são, muitas vezes, deixadas em segundo plano qualidade da empresa e levando,
em nome da agilidade da entrega do produto para o cliente”. assim, ao retrabalho e à conse-
Com o objetivo de exemplificar tais situações, estudos de casos quente elevação do custo final do
foram expostos para alertar o público presente sobre a realidade da processo industrial”, finaliza
proteção anticorrosiva na indústria naval, que é bastante diferente da- Menezes.
Artigo Técnico

Camadas fosfatizadas:
estudo da porosidade
Phosphated layers: a study of the porosity

Introdução their microstructure (scanning elec- por diferentes autores (freeman,


As camadas de fosfato de tron microscope), their mass and 1988, p.39).
zinco sobre aço são amplamente their electrochemical behavior. Deve-se ressaltar que nem
empregadas nos processos de sempre espessura maior significa
conformação a frio para reduzir As camadas fosfatizadas sem- menor porosidade, visto que esta
Por Zehbour o atrito entre as partes, no entan- pre apresentarão determinada não depende somente da espes-
Panossian to, existem outros tipos de cama- porosidade, mesmo que uma ca- sura, mas também de outros
das fosfatizadas, como por exem- mada esteja completamente for- fatores como o tipo de fosfato, o
plo: fosfato de zinco modificado mada, ela conterá certo grau de tamanho de cristais de fosfato, a
que são principalmente empre- porosidade intrínseca. Esta poro- saber:
gadas sobre aço galvanizado e sidade expõe o substrato ao meio, • camadas com cristais finos e
pouco aplicadas sobre aço para sendo esta a razão pela baixa uniformes apresentam baixa
fins de conformação a frio. Este capacidade apresentadas pelas porosidade, com poros de di-
Célia A. L. trabalho tem por objetivo estu- camadas de fosfato em proteger o mensões pequenas;
dos Santos dar, em escala laboratorial, o substrato, do ponto de vista de • camadas de cristais grandes e
comportamento de três tipos de proteção contra a corrosão. não-uniformes apresentam alta
camadas fosfatizadas sobre aço: A porosidade de camadas porosidade, com poros de di-
fosfato de zinco acelerado com fosfatizadas pode ser determi- mensões grandes.
nitrito (tradicional); fosfato de nada através de vários métodos A porosidade de camadas
zinco acelerado com acelerador e pode assumir valores de 0,2 % produzidas sobre o aço polido é
orgânico e fosfato de zinco mo- a 2,0 % (nair & subbaiyan, menor do que camadas produzi-
dificado. As camadas fosfatizadas 1993). das sobre aço decapado (rausch,
foram caracterizadas consideran- Convém citar que quando 1990, p. 81).
do-se a sua microestrutura (mi- camadas fosfatizadas são subme- A adição de substâncias hi-
croscopia eletrônica de varredu- tidas a um pós-tratamento como drófobas em banhos de fosfatiza-
ra), a sua massa e o seu compor- o de selagem ou passivação, a ção determina a diminuição da
tamento eletroquímico. porosidade diminui de maneira porosidade. Nair & Subbaiyan,
significativa (em cerca de 50 % - 1993, estudaram a influência de
Introduction nair & subbaiyan, 1993). Esta alguns surfactantes tais como 1-
The phosphated coatings on redução não significa alterações octa-decanotiol, 1-octadecilxan-
steel are widely used in cold-form- dos cristais de fosfato, mas, a pas- tanato e 1-octadecanol em
ing processes to reduce the friction sivação do aço exposto ou mes- banhos à base de fosfato de zinco
between the parts, however, there mo selagem dos poros existentes. modificado com cálcio. Eles veri-
are different other types of phos- Muitos pesquisadores relacio- ficaram que camadas assim obti-
phated coatings for example: mod- naram a porosidade das camadas das, apesar de apresentarem
ified zinc phosphate which are fosfatizadas com o teor de carbo- menor massa de fosfato por uni-
mainly used on galvanized steel no superficial presente na super- dade de área, possuíam menor
and less applied on steel in cold- fície do substrato de aço antes de porosidade e atribuíram este fato
forming processes. This work aims sua imersão no banho de fosfati- à incorporação destas substâncias
to realize a laboratory-scale study zação. Esta correlação foi estuda- às camadas de fosfato.
of three different phosphated coat- da por meio de ensaios de névoa Machu apud Biestek &
ings on steel: zinc phosphate accel- salina conduzidos com chapas de Weber, 1976, desenvolveu um
erated by nitrite (traditional); zinc médio e baixo teor de carbono método que consiste na imersão
phosphate accelerated by organic fosfatizadas e pintadas. Os resul- de um corpo de prova fosfatiza-
compound and modified zinc tados relatados na literatura não do em uma célula eletrolítica
phosphate. The phosphated coat- foram concludentes, pois, resul- contendo uma solução de sulfato
ings were characterized considering tados conflitantes foram obtidos de sódio 2,0 mol.L-1, contra-ele-
16 C & P • Julho/Agosto • 2011
TABELA 1 – VALORES DE MASSA DE FOSFATO POR UNIDADE DE ÁREA PARA AS CAMADAS FOSFATIZADAS ESTUDADAS OBTI-
DAS SOBRE OS AÇOS BAIXO E ALTO CARBONO
Processo Substrato Massa por unidade de área (g.m-2)
Média Desvio padrão
Tradicional Aço baixo carbono 3,06 0,20
Aço alto carbono 3,59 0,21
Acelerador orgânico Aço baixo carbono 3,00 0,15
Aço alto carbono 2,90 0,26
Modificado Aço baixo carbono 2,45 0,21
Aço alto carbono 2,76 0,20

trodo de platina e eletrodo de camada de fosfato. potencial de –0,550 V/ECS).


referência. Este método é basea- A literatura registra o empre- Kiss & Coll-Palagos, 1987,
do na aplicação de um potencial go de outras técnicas eletroquí- empregaram a voltametria cíclica
anódico ao corpo de prova. Ini- micas. Zurilla & Hospadaruk, para avaliar a porosidade de
cialmente a corrente é elevada, 1978, utilizaram a polarização camadas fosfatizadas. Aços reves-
pois o aço exposto nos poros está potenciodinâmica para a avalia- tidos com fosfato de zinco foram
ativo. O aço passiva-se, com o ção da porosidade de camadas estudados. Os ensaios de volta-
decorrer do tempo, fato que é fosfatizadas. Polarizações lineares metria cíclica varreram a faixa de
percebido pela diminuição dos com varreduras catódicas foram potencial entre –1,500 V/ECS e
valores de corrente que atingem feitas com o objetivo de determi- –0,250 V/ECS em solução de
valores constantes (corrente de nar a densidade de corrente de NaCl 5% (saturada com ar) e
passivação). O tempo decorrido redução do oxigênio. Os autores pH = 6,5. O aparecimento de
entre a aplicação do potencial verificaram que as amostras de um pico de corrente ao redor de
anódico e a estabilização da cor- aço-carbono fosfatizadas que -0,85 V/ECS indica o grau de
rente é o tempo de passivação tiveram pior desempenho nos porosidade da camada fosfatiza-
citado por Machu. A partir da ensaios de névoa salina, apresen- da. A ausência deste pico signifi-
expressão desenvolvida por taram as maiores densidades de ca que a porosidade é muito bai-
Müller apud Biestek & Weber, corrente de redução de oxigênio xa. Quanto maior a porosidade
1976, calcula-se a porosidade da (as correntes foram medidas no mais cedo aparecerá o pico (me-
Aço baixo carbono

Tradicional Acelerador Orgânico Modificado


Aço alto carbono

Tradicional Acelerador Orgânico Modificado


Figura 1 – Imagens de MEV obtidas por meio de elétrons secundários para os processos tradicional,
com acelerador orgânico e modificado sobre aço baixo e alto carbono. Magnificação: 500 X
C & P • Julho/Agosto • 2011 17
Aço baixo carbono Processo tradicional
Processo tradicional
a a
b

Processo com acelerador orgânico


c d

Processo modificado
e f
b

Figura 2 – Mapeamento de raios X para os processos


tradicional, com acelerador orgânico e modificado
sobre aço baixo e alto carbono. Magnificação: 1000 X.
(a), (c) e (e) imagens obtidas por meio de elétrons
retroespalhados; (b), (d) e (f) mapeamento referente
ao elemento fósforo

nor número de ciclos) e maior foram expres-


será a sua altura. sos em porcen-
Losch & Schultz, 1991, tagem. Figura 3 – Voltamogramas cíclicos para os aços baixo
determinaram a área livre de a- Kwiatkow- e alto carbono fosfatizados. Processo tradicional
mostras de aço fosfatizado em- ski, 2004, ava- (Trad). (a) aço baixo carbono (BC); (b) aço alto car-
pregando voltametria cíclica, me- liou a porosi- bono (AC)
didas de capacitância, espectros- dade de cama- Ei= -1,500 V/ECS Einv= -0,250 V/ECS
copia de impedância eletroquí- das fosfatiza- Ef= -1,500 V/ECS. v= 20 mV s-1. Célula plana;
mica e microscopia eletrônica de das por meio área exposta: 1,0 cm2; meio: NaCl 0,85 mol.L-1
varredura. Os mesmos autores de métodos
empregaram espectroscopia de voltamétricos, espectroscopia de Parte experimental
impedância eletroquímica e pola- impedância eletroquímica, ruído As camadas fosfatizadas obti-
rização potenciodinâmica para eletroquímico e sonda Kelvin. O das pelos processos: fosfato de
estudar os processos envolvidos autor, a partir destes resultados, zinco acelerado com nitrito (tra-
durante o processo de fosfatiza- considera que o estado da super- dicional); fosfato de zinco acele-
ção (losch & schultz, 1993). fície do aço fosfatizado na base rado com acelerador orgânico e
Ponte e colaboradores, 2002, do poro é diferente daquela ob- fosfato de zinco modificado fo-
estudaram camadas fosfatizadas servada para o aço com baixo ram aplicadas sobre chapas de
sobre aço zincado por meio da teor de carbono livre de fosfato. aço baixo e alto carbono empre-
voltametria de dissolução anódi- Estas diferenças observadas estão gadas como substratos.
ca (VDA). A porosidade de relacionadas às várias etapas A microestrutura das cama-
camadas fosfatizadas foi determi- anteriores ao processo de fosfati- das fosfatizadas foi caracterizada
nada comparando-se as cargas zação propriamente dito e que por microscopia eletrônica de
obtidas das curvas anódicas para resultam em uma superfície varredura (MEV). As análises por
o aço zincado sem e com camada metálica mais ativada no fundo MEV foram realizadas nos
fosfatizada, sendo que os valores do poro. microscópios JEOL JSM 6300 e
18 C & P • Julho/Agosto • 2011
Processo com acelerador orgânico Processo modificado

a a

b b

Figura 4 – Voltamogramas cíclicos para os aços baixo Figura 5 – Voltamogramas cíclicos para os aços baixo
e alto carbono fosfatizados. Processo com acelerador e alto carbono fosfatizados. Processo modificado
orgânico (AO). (a) aço baixo carbono (BC). (b) aço (Mod). (a) aço baixo carbono (BC). (b) aço alto car-
alto carbono (AC) bono (AC)
Ei= -1,500 V/ECS Einv= -0,250 V/ECS Ei= -1,500 V/ECS Einv= -0,250 V/ECS
Ef= -1,500 V/ECS. v= 20 mV s-1. Célula plana; Ef= -1,500 V/ECS. v= 20 mV s-1. Célula plana;
área exposta: 1,0 cm2; meio: NaCl 0,85 mol.L-1 área exposta: 1,0 cm2; meio: NaCl 0,85 mol.L-1

JEOL JSM 5200. A tensão de Os valores de massa por P. A. A seguir foram secas com
aceleração usada foi de 15,0 kV unidade de área das camadas correntes de ar quente, armaze-
para a obtenção de imagens de fosfatizadas foram obtidos pelo nadas em dessecador até atingi-
elétrons secundários. Para as aná- método gravimétrico. As cha- rem a temperatura ambiente e,
lises de mapeamento de raios X, a pas fosfatizadas foram pesadas por fim, pesadas. O resultado fi-
tensão de aceleração utilizada foi em balança analítica e tiveram nal foi obtido pela diferença en-
de 10 kV. Esta diminuição da as suas dimensões determinadas tre a massa inicial (com fosfato)
tensão de aceleração teve como para posterior cálculo das áreas. e a massa final (sem fosfato) divi-
objetivo promover uma menor As camadas fosfatizadas foram dido pela área de cada chapa en-
penetração do feixe de elétrons removidas com solução forte- saiada.
na amostra, privilegiando, assim, mente alcalina (hidróxido de A porosidade das camadas
a análise das camadas fosfatiza- sódio a 50 % m/m). Após a fosfatizadas foi avaliada por meio
das, reduzindo a influência do remoção das camadas de fosfato, de técnicas eletroquímicas (san-
substrato na análise. O tempo as chapas foram lavadas com tos et alli, 2006) uma vez que as
das análises de mapeamento de grande quantidade de água desti- reações de transferência de carga
raios X foi de dez minutos. lada e, por último, com acetona ocorrem, somente, através dos
C & P • Julho/Agosto • 2011 19
poros presentes nas camadas fos- Figura 2, mostrou que, para os das pelos processos tradicional,
fatizadas. processos tradicional (Figura 2 com acelerador orgânico e mo-
A voltametria cíclica foi utili- b) e modificado (Figura 3 d), dificado, encontram-se apre-
zada para avaliar a porosidade o elemento fósforo (P) se con- sentados nas Figuras 3, 4 e 5,
das camadas de fosfato. Empre- centrou nas regiões em que respectivamente. As curvas vol-
gou-se um Potenciostato/Galva- houve o predomínio de cristais tamétricas foram realizadas
nostato E&G PAR modelo inclinados em relação ao subs- para a avaliação da porosidade
273A. Foram adotadas as trato. O substrato, por sua vez, das camadas estudadas.
seguintes condições de ensaio: encontra-se representado pelas Verifica-se, nos voltamogra-
• condicionamento do eletrodo regiões brancas. mas cíclicos das camadas fosfati-
de trabalho (chapa fosfatizada): O mapeamento para o pro- zadas pelo processo tradicional,
-1,00 V/ECS por 300 s; cesso modificado mostrou que o que o chamado “pico de porosi-
• intervalo de potencial: elemento P, (Figura 2 f) se dis- dade” (região entre –0,8 V/ECS
de -1,50 V/ECS a tribuiu por toda a região analisa- e –0,6 V/ECS) definiu-se no
-0,25 V/ECS; da de maneira uniforme, dispos- quarto ciclo para ambos os subs-
• velocidade de varredura (v): to em agregados regulares que tratos, vide Figura 3. Este fato
20 mV.s-1; expuseram pouco o substrato denota que a porosidade das
• número de ciclos: nove; por completo, visto que há pe- camadas foi semelhante, po-
• célula eletroquímica de vidro quenas regiões completamente rém, as densidades de corrente
capaz de expor 1,0 cm2 de área brancas. para o processo tradicional so-
da chapa fosfatizada; O mapeamento de raios X bre aço baixo carbono, Figura
• contraeletrodo: tela de platina; evidenciou que o processo modi- 3 a, foram menores do que as
• eletrodo de referência: eletrodo ficado proporcionou a formação densidades de corrente sobre o
de calomelano saturado (ECS); de cristais pequenos e densamen- aço alto carbono, Figura 3 b,
• solução de NaCl 0,85 mol.L-1. te distribuídos. tanto para o primeiro quanto
Os valores de massa por uni- para o quarto ciclo. Esta densida-
Resultados dade de área das camadas fosfati- de de corrente menor sugere que
As microestruturas dos fosfa- zadas encontram-se apresentados o substrato se encontra mais pro-
tos estudados encontram-se na Tabela 1. Pode-se observar tegido pela camada fosfatizada.
apresentadas na Figura 1. Verifi- que a massa de fosfato por uni- Assim, considerou-se que a
ca-se que, para as três condições dade de área variou de 2,5 g.m2 camada de fosfato sobre o aço
estudadas, houve a formação de a 3,6 g.m2 para os três processos baixo carbono é ligeiramente
camadas fosfatizadas uniformes e estudados. Os valores inferiores menos porosa que a camada
homogêneas. Para o processo foram obtidos pelo processo mo- obtida sobre aço alto carbono
tradicional, os cristais obtidos dificado e os superiores pelo pro- para o processo tradicional.
sobre o aço alto carbono foram cesso tradicional sobre aço alto O comportamento dos volta-
maiores do que os obtidos sobre carbono. mogramas cíclicos para o proces-
o aço baixo carbono. Para o pro- A menor massa obtida pelo so com acelerador orgânico apre-
cesso com acelerador orgânico o processo modificado, Tabela 1, sentou o “pico de porosidade” no
tamanho dos cristais foi seme- pode indicar uma maior nuclea- terceiro ciclo para ambos os
lhante sobre ambos os substra- ção da camada para este sistema, substratos, Figura 4, com valo-
tos. O mesmo comportamento pois, quanto maior o número de res de densidade de corrente se-
pode ser observado para o pro- núcleos formados maior o nú- melhantes para ambos os aços
cesso modificado, sendo que, mero de cristais formados, me- estudados.
para este último, os cristais nores são os cristais e mais rapi- As densidades de corrente
foram os menores dentre os três damente a camada de fosfato se anódica para os voltamogramas
processos estudados. forma, com redução da massa cíclicos do processo modificado
A técnica de mapeamento por unidade de área (lorin, foram as mais baixas, Figura 5
de raios X por EDS foi utiliza- 1974, p. 130). Esta possibilida- Sobre o aço baixo carbono, o pri-
da com o objetivo de verificar de se mostra coerente visto que meiro ciclo alcançou valores infe-
qual das camadas se apresenta o mapeamento de raios X riores a 200 A.cm-2. No quarto
mais densamente formada. Fo- apontou a formação de cristais ciclo, as densidades elevaram-se
ram analisadas as superfícies fos- pequenos com pequena exposi- para cerca de 1500 A.cm-2, ou
fatizadas pelos três processos em ção do substrato. seja, 1,500 mA.cm-2 que são infe-
estudo sobre aço baixo carbono. Os voltamogramas cíclicos riores aos primeiros ciclos dos
O mapeamento de raios X, das camadas fosfatizadas obti- processos tradicional e modifica-
20 C & P • Julho/Agosto • 2011
do. Para o aço alto carbono, as Referências bibliográficas da Brasmetal Waelzholz S.A. Indústria e
densidades de corrente anódica BIESTEK, T.; WEBER, J. Conversion Comércio e membro do Conselho da
não ultrapassaram 700 A.cm-2, Coatings, cap. 3, p. 128-130, 1a Associação Brasileira de Metalurgia e
sendo que do segundo ao sexto edição, Portcullis Publishing, Redhill, Materiais.
ciclo as curvas se sobrepuseram United Kingston, 1976.
(na Figura 5 b locou-se, apenas, KISS, K.; COLL-PALAGOS, M. Edwilson Leite
o sexto ciclo). Corrosion, 43, 1, 8, 1987. Mestrado Profissional pelo Instituto de
Os ciclos voltamétricos indi- KWIATKOWSKI, L. Surf. Eng., 20, 4, Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
caram, com clareza, que o pro- 292, 2004. Paulo – IPT e graduação pela Faculdade
cesso modificado produziu ca- LOSCH, A.; SCHULTZE, J. W. Appl. de Engenharia Industrial. Atua há mais
madas fosfatizadas menos poro- Surf. Sci., 52, 29, 1991. de 20 anos na área de gestão da produção.
sas e, portanto, com maior pro- LOSCH, A.; SCHULTZE, J. W. J. É Supervisor de Produção da Brasmetal
babilidade de proteção do subs- Electroanal. Chem., 359, 39, 1993. Waelzholz S.A. Indústria e Comércio
trato por efeito barreira. NAIR, U. B.; SUBBAIYAN, M. Trans.
Inst. Metal Finish., 71, 2, 68, 1993. Contato com os autores:
Conclusões PONTE, H. A.; MAUL, A. M.; ALVA- zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
O presente trabalho permitiu RENGA, E. A. Mat. Res, 5, 4, 439, fax: (11) 3767-4036
concluir que: 2002.
• do ponto de vista da técnica RAUSCH, W. The Phosphating of
de análise – a voltametria cí- Metals. Finishing Publications Ltd.,
clica mostrou-se útil para o London, 1990.
estudo da porosidade de ca- SANKARA NARAYANAN, T. S. N.
madas fosfatizadas, sobretu- Rev. Adv. Mater. Sci., 9,130, 2005.
do, por não depender exclusi- ZURILLA, R. W.; HOSPADARUK, V.
vamente da observação visual. SAE Technical Paper Series no
Ela permitiu observar o nú- 780187, 762, 1978.
mero de ciclos e, a partir daí,
determinar a porosidade das
camadas fosfatizadas. Por ser
uma técnica eletroquímica Zehbour Panossian
bastante conhecida e propici- Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
ar ensaios de curta duração, a Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
voltametria cíclica mostra-se Proteção – LCP. Doutora em Ciências
uma boa alternativa para a (Fisico-Química) pela USP.
avaliação da porosidade de ca- Responsável pelo LCP.
madas fosfatizadas;
• do ponto de vista do processo Célia A. L. dos Santos
de fosfatização – as camadas Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
obtidas pelo processo modifi- Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
cado mostraram-se as menos Proteção – LCP. Doutora em Química
porosas, sobre ambos os aços (Fisico-Química) pela USP.
estudados, devido à maior Pesquisadora do LCP.
nucleação dos cristais de fos-
fato (comprovada pela menor Antenor Ferreira Filho
massa de fosfato por unidade Graduado em Engenharia Metalurgica
de área). Esta característica pela Faculdade de Engenharia
pode favorecer a proteção do Industrial – FEI (1981), pós-graduação
substrato pelo efeito de bar- em Engenharia de Produção pela
reira. Faculdade de Engenharia Industrial –
FEI (1984), Mestrado em Engenharia
Agradecimentos Metalúrgica e Materiais pela Escola
Os autores agradecem à Bras- Politécnica da Universidade de São Paulo
metal Waelzholz e à FAPESP – (2000) e Doutorado em Engenharia
Fundação de Apoio à Pesquisa Metalúrgica e Materiais pela Escola
do Estado de São Paulo (proces- Politécnica da Universidade de São Paulo
so N° 04/08042-5). (2005). Atualmente é diretor industrial

C & P • Julho/Agosto • 2011 21


Artigo Técnico

Otimização da proteção catódica


de sistema de refrigeração
de usina nuclear
Optimization of cathodic protection cooling system for nuclear plant

Introdução tion quite a challenge. The analy- metria dos condensadores e de


Visando otimizar a proteção ses considered a condenser and its suas tubulações. No projeto do
catódica do sistema de refrigera- pipelines and helped to find the sistema de proteção catódica,
ção de uma usina nuclear, foi rea- ideal positioning of anodes and outro parâmetro a ser considera-
lizado um estudo baseado em si- reference electrodes, in order to do é a presença de diferentes
mulações numéricas. O sistema optimize the current distribution materiais. Os condensadores dos
Por Simone L. possui características específicas and ensure protection of the whole sistemas de refrigeração (Figura
D. C. Brasil como geometria complexa e pre- cooling system. 1) são constituídos de diferentes
sença de diferentes materiais, o materiais: aço-carbono revestido
que torna a distribuição unifor- Condensadores e tubulações com ebonite (interior dos con-
me de corrente um grande desa- metálicas de admissão e descarga densadores e suas tubulações),
fio. As análises realizadas em um de água de refrigeração necessi- aço-carbono revestido com titâ-
condensador e suas tubulações tam de proteção interna contra a nio (espelhos dos condensado-
permitiu definir os locais ideais corrosão. O sistema adotado na res), tubos de titânio e aço inox
para posicionamento dos anodos usina nuclear de Angra 2 consis- (sistema de limpeza contínua dos
e dos eletrodos de referência, de te em proteção catódica por cor- condensadores).
forma a otimizar a distribuição de rente impressa. Visando otimizar Em virtude da diversidade de
corrente e garantir a proteção de tal sistema de proteção, foi reali- materiais e da complexidade de
todo o sistema de refrigeração. zado um estudo que consistiu geometria, a distribuição de ano-
em simulações numéricas basea- dos e de eletrodos de referência
Introduction das em resultados experimentais, torna-se um desafio. Objetivan-
In order to optimize the catho- obtidos em laboratório. No pre- do otimizar o sistema, optou-se
dic protection of a cooling system sente caso, a água do mar é utili- pela realização de simulações
of a nuclear power plant, a study zada como água de refrigeração e numéricas o que foi feito através
based on numerical simulation hipoclorito de sódio é adiciona- de um programa computacional
was carried out. The system has do para evitar a formação de cra- baseado no Método dos Elemen-
specific characteristics such as com- cas. A distribuição de corrente de tos de Contorno. Foi analisado
plex geometry and the presence of proteção catódica, parâmetro um circuito típico, constituído
different materials, which makes sob análise, é função do posicio- de uma tubulação de admissão,
effective uniform current distribu- namento dos anodos e da geo- um condensador e uma tubula-
a b

Figura 1 – (a) Vista externa dos condensadores; (b) Parte interna.


22 C & P • Julho/Agosto • 2011
Figura 2 – Trecho vertical das Figura 3 – Circuito típico Figura 4 – Vista da geometria 3D
tubulações. representado nas simulações do condensador e da tubulação
de admissão
ção de descarga. Tendo em vista condensadores e tubulações, op-
a igualdade com os demais cir- tou-se pela realização de simula- Os seguintes dados obtidos
cuitos em termos geométricos e ções numéricas que pudessem em campo, fornecidos pela Ele-
de materiais, essas simulações determinar a distribuição de tronuclear, foram adotados nas
também são aplicáveis aos de- potencial em função de diferen- simulações:
mais condensadores da Usina. tes posicionamentos de anodos. • Temperatura: entrada: 27 a
Para essas simulações, resultados Para isso, um programa com- 31 ºC; saída: 22 a 38 ºC
experimentais foram considera- putacional baseado no Método • Velocidade do fluido na tubu-
dos, incluindo medições físico- dos Elementos de Contorno foi lação de admissão e descarga:
químicas e curvas de polarização aplicado e, a partir dos resulta- 2,4 m/s
do aço-carbono, aço inox e titâ- dos das simulações numéricas, • Condutividade:
nio em meio agitado de água do foi possível sugerir alterações na admissão: 50,7 mS/cm;
mar com adição de hipoclorito configuração original com rela- descarga: 53,0 mS/cm
de sódio. Obteve-se a distribui- ção ao número e posicionamen- • Área do circuito de admissão:
ção de corrente e de potencial no to de anodos e eletrodos de 1210 m2
interior dos equipamentos, con- referência. • Área do circuito de descarga:
siderando diferentes posiciona- 882 m2
mentos de anodos. A partir dos Dados experimentais • Área interna do condensador
resultados dessas simulações, fo- Em trabalho prévio1 foram sem revestimento orgânico
ram definidos os locais ideais pa- obtidas curvas de polarização de (titânio): 23 m2
ra posicionamento dos eletrodos aço-carbono e titânio em meio • Área interna revestida com
de referência, assim como uma com adição de hipoclorito. Ca- ebonite: 63 m2
disposição otimizada dos anodos racterísticas do sistema como • Eficiência do revestimento
nesses equipamentos. velocidade do fluido e tempera- interno de ebonite: 80 %
O posicionamento dos ano- tura foram levadas em considera- • Capacidade de corrente dos
dos determina a distribuição de ção, tendo em vista influencia- anodos de Ti revestidos com
corrente e, consequentemente, rem as condições de polarização MMO: 29,45 A/anodo
do potencial. Para que seja ava- do sistema. Tais curvas serviram • Área útil dos anodos:
liado o desempenho do sistema, para representar o sistema anali- 0,049 m2, distribuídos nas
os eletrodos de referência devem sado neste trabalho, sendo ado- tubulações e nas caixas do con-
ser inseridos, sempre que possí- tadas como condições de contor- densador.
vel, em regiões onde níveis críti- no nas simulações numéricas.
cos de potencial de proteção ca- De acordo com a literatura2, a Análise numérica
tódica são observados. Desta for- densidade de corrente necessária Os sistemas de condensado-
ma, a manutenção de potenciais para a proteção de estruturas em res apresentam as mesmas carac-
em níveis mínimos de proteção água do mar apresenta pouca terísticas podendo ser analisado
nestas regiões críticas, garante a variação em temperaturas acima apenas um condensador tipo
proteção de toda a estrutura. A de 20 ºC. No caso em estudo, foi (Figura 3).
Figura 2 apresenta um trecho da admitido que a densidade de cor- O sistema de proteção cató-
tubulação vertical, que também rente necessária para proteção dica por corrente impressa foi
foi objeto deste estudo. não teria variação significativa em modelado através de discretiza-
relação às curvas obtidas em tem- ção numérica em elementos de
Metodologia peratura ambiente e, sendo as- superfície com condições de
De forma a otimizar o siste- sim, estas curvas foram adotadas contorno não-lineares (curvas de
ma de proteção catódica dos como condições de contorno. polarização) e fontes internas de
C & P • Julho/Agosto • 2011 23
TABELA 1 – VALORES DE POTENCIAL NA PAREDE DE TITÂNIO DO CONDENSADOR
Parede de
Titânio do Potencial mínimo Potencial máximo
condensador
mVAg/AgCl mVZn mVAg/AgCl mVZn
Admissão e
Descarga -740 310 -690 360

corrente (anodos). Pontos nodais ram avaliados numericamente. O ção da demanda de corrente pe-
internos e/ou no contorno foram número de anodos, 2 no trecho las caixas dos condensadores e
adotados para otimizar o posi- vertical e 6 no horizontal, foi pelas tubulações.
cionamento dos eletrodos de determinado numericamente Embora tenham sido calcula-
referência3,4. após diversas tentativas e corres- dos valores de, aproximadamen-
Para as tubulações e as caixas ponde à distribuição otimizada te, -1,2 VAg/AgCl junto aos anodos,
internas do condensador foram de corrente no circuito de admis- na prática são utilizados isolantes
adotados elementos triangulares são. As Figuras 7 e 8 ilustram gra- em torno dos anodos que evitam
constantes. Como condições de ficamente as equipotenciais nos a elevada polarização catódica da
contorno para os anodos foram trechos vertical e horizontal das superfície metálica. Sendo assim,
admitidos valores de corrente tubulações. A distribuição de os potenciais extremamente ne-
impressa e nas superfícies metáli- potenciais no condensador é vis- gativos encontrados nas simula-
cas foram adotadas as respectivas ta na Figura 9. Nestes gráficos as ções para as regiões próximas aos
curvas de polarização catódica cotas estão em centímetros, per- anodos, são de fato evitados na
considerando a eficiência do mitindo a definição dos locais de prática.
revestimento orgânico emprega- anodos e eletrodos de referência. Cabe ressaltar que, nestas si-
do (no caso das superfícies de Foram admitidas correntes mulações, a eficiência de revesti-
aço-carbono). iguais em todos os anodos, tendo mento considerada foi de 80 % e
O condensador e as tubula- em vista que a variação destes va- que, maiores eficiências do reves-
ções de admissão e de descarga lores tornaria impossível a avalia- timento levam à distribuição de
foram modelados através de ele- ção, devido às inúmeras possibi- potencial mais uniforme. Sendo
mentos triangulares. A Figura 4 lidades a serem implementadas. assim, os resultados apresentados
apresenta a modelagem típica No circuito de entrada foi consi- simulam uma condição bastante
empregada para o condensador e derada corrente de 3,8 A em cada desfavorável, sendo a favor da se-
a tubulação de admissão. um dos doze anodos considera- gurança em relação à quantidade
dos. No circuito de descarga, o de anodos considerada.
Resultados das Simulações valor de corrente em cada anodo Como indicado nas figuras,
Neste trabalho são apresenta- individualmente foi de 4 A, sen- há diversos locais onde os poten-
dos apenas os resultados das do considerados oito anodos no ciais máximos se aproximam de -
simulações do sistema de admis- total. A menor quantidade de 700 mVAg/AgCl (350 mVZn).
são, tendo em vista o mesmo anodos no circuito de descarga é Sendo este valor admitido como
método de análise ter sido usado função da menor tubulação no limite para a proteção da estrutu-
no circuito de descarga. trecho horizontal. Na prática, ra, estes são os locais ideais para
As Figuras 5 e 6 apresentam contudo, as distribuições de cor- instalação de eletrodos de refe-
os trechos das tubulações que fo- rente serão diferenciadas em fun- rência. A viabilidade técnica de
instalação dos eletrodos pode ser
um fator decisivo na escolha dos
locais sugeridos. Conforme visto
na Figura 9, é desejável a instala-
ção de, no mínimo, um eletrodo
próximo à visita do condensador
(vista na Figura 1a). Nos trechos
verticais e horizontais, sugere-se
a instalação dos eletrodos de refe-
Figura 5 – Trecho vertical da Figura 6 – Trecho horizontal da rência nos locais onde foram
tubulação de admissão tubulação de admissão encontrados valores de poten-
24 C & P • Julho/Agosto • 2011
Figura 7 – Distribuição de Figura 8 – Distribuição de potencial no trecho horizontal da tubulação
potencial no trecho vertical
da tubulação cos de equipotenciais. 4. Telles, J. C. F., Brasil, S. L. D. C.,
Tendo em vista a alta concen- Baptista, W, Assessing Internal
tração de titânio e a complexida- Cathodic Protection for Seawater
de da geometria das caixas dos Collection Pipelines at Oil Platforms.
condensadores, são necessários Materials Performance, v.43, p.20 -
quatro anodos para melhor dis- 24, 2004.
tribuição da proteção.
Cumpre enfatizar que os po-
tenciais de superproteção obser-
vados nas regiões próximas aos
anodos não são esperados na prá- Simone L. D. C. Brasil
tica, desde que seja aplicado iso- D.Sc., Escola de Química / Universidade
lamento no entorno dos anodos. Federal do Rio de Janeiro
Os eletrodos de referência de-
vem ser posicionados nas regiões José Claudio F. Telles
Figura 9 – Distribuição de onde o potencial limite é verifica- Ph. D., COPPE/Universidade Federal do
potencial no condensador do, sendo recomendada a presen- Rio de Janeiro
ça de, ao menos, um eletrodo nas
ciais mais desfavoráveis à prote- caixas dos condensadores. José Antonio F. Santiago
ção catódica. Os retificadores devem ser D. Sc., COPPE / Universidade Federal do
Na Tabela 1 apresentam-se os distribuídos de forma a permi- Rio de Janeiro
valores de potenciais máximos e tir o fornecimento de corrente
mínimos observados nas paredes de maneira diferenciada entre Lidinei Neri
de titânio das caixas de entrada e as caixas dos condensadores e Engº de Sistemas e Componentes Elétricos,
saída do condensador. Para me- tubulações. ELETRONUCLEAR
lhor compreensão dos valores,
estes são indicados com referên- Referências bibliográficas Contato: simone@eq.ufrj.br
cia ao eletrodo de prata/cloreto 1. Análise de Sistema de Proteção Cató-
de prata, considerado neste estu- dica em Condensador de Angra 2, L.
do, e em relação ao eletrodo de R. Miranda, relatório Coppetec
zinco, usado na prática nessa ins- PEMM-5336, março 2004.
talação. 2. Norma ISO 15589-2 – Petroleum
and natural gas industries – Cathodic
Conclusões Protection of pipeline transportation
Foi observada a necessidade systems – Part 2 – offshore pipelines,
da instalação de um maior nú- 2004
mero de anodos tanto no circui- 3. Brasil, S. L. D. C., Telles, J. C. F.,
to de admissão quanto no de Santiago, J. A. F., Marques, L. B. S.,
descarga em relação ao aplicado Gervasio, J. P. K., Castinheiras Jr,W.
na prática, objetivando distribui- G., Internal Cathodic Protection of
ção de corrente mais homogê- Formation Water Pipelines, Materials
nea. Os locais sugeridos para os Performance – NACE, v.49, p.32 -
anodos são observados nos gráfi- 38, 2010.

C & P • Julho/Agosto • 2011 25


Cursos e Eventos

Calendário 2011 – De Julho a Dezembro

Cursos horas Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Pintura Industrial
Inspetor de Pintura Industrial N1 / RJ 88 8 a 195 12 a 235 17 a 285 21/11 a 2/125
Inspetor de Pintura Industrial N1 / RJ 1 88 25/9 a 3/12
Inspetor de Pintura Industrial N1 / BA 88 5 a 16
Inspetor de Pintura Industrial N1 / SP 88 22/8 a 3/95 28/11 a 10/12
Inspetor de Pintura Industrial N2 40 7 a 12
Pintor e Encarregado de Pint. Industrial 40 5a9
Inspetor de Pintura – Módulo de Doc. 40
Curso Intensivo – Inspetor N1 40 12 a 16
Básico de Pintura Industrial (BA) 16 29 e 30

Corrosão
Corrosão 2 24
Corrosão e Inibidores 2 24
Tratamento d’água 24
Corrosão: Fund., Monit. e Controle 24 23 a 25
Corrosão em Concreto 16

Inspeção e Monitoração da Corrosão


Inspeção e Corrosão em Aeronaves / SP 3 24
Recuperação, Reforço e Tratamento 16 20 a 22
de Estruturas de Concreto Armado

Proteção Catódica
Básico de Proteção Catódica / SP 24
Revest., Pint. Industrial e Prot. Catódica 2 24
Insp. e Manut. de Sistemas de Proteção 32
Catódica em Dutos Terrestres 2
Básico Prot. Catódica de Dutos Terrestres 16
Formação em Proteção Catódica: 80
Inspeção e Manutenção
Proteção Catódica em Plataformas, 24
Equipamentos e Dutos Submarinos 2

Revestimento Anticorrosivo
Fundamentos de Resistência à Corrosão 16
Básico de Revestimentos Anticorrosivos 24
Orgânicos de Dutos Terrestres
Revest. Metálicos Resistentes à Corr. 2 24

1 Turma somente aos sábados Mais informações: Atenção:


2 Parceria com o IBP cursos@abraco.org.br As datas estão sujeitas a alterações
3 Parceria com a ABENDI eventos@abraco.org.br
4 Parceria com o IPT
5 Turma completa

26 C & P • Julho/Agosto • 2011


Artigo Técnico

Avaliação por meio de ensaios de


imersão da resistência à corrosão em
frestas dos aços AISI 316L e AISI F53
Evaluation of crevice corrosion resistance of AISI 316L and AISI F53
stainless steels through laboratory immersion tests and field tests

Introdução Introduction mais incidente e menos reconhe-


O trabalho apresenta os re- This paper presents the results cida. Este tipo de corrosão locali-
sultados de ensaios conduzidos of tests conducted aiming at verify- zada é um problema que em ge-
com o objetivo de verificar a re- ing the crevice corrosion resistance ral envolve os metais passiváveis
sistência à corrosão em frestas of AISI 316L austenitic stainless e, portanto, materiais relativa-
do aço inoxidável austenítico steel and AISI F53 super duplex mente resistentes à corrosão, co-
Por Cristiane AISI 316L e do aço inoxidável stainless steel. Specific tests were mo, por exemplo, aços inoxidá-
Vargas Pecequilo superdúplex AISI F53. Foram conducted in order to simulate ex- veis, titânio e alumínio. Por esta
conduzidos ensaios específicos ternal corrosion condition of off- razão, a corrosão em frestas é fre-
que procuraram simular a cor- shore oil extraction pipelines, qüentemente negligenciada, le-
rosão externa de um sistema de where synthetic sea water with vando a falhas prematuras de es-
extração de petróleo offshore. Pa- bubbling atmospheric air was tes- truturas e equipamentos, algu-
ra isto, o meio de exposição foi ted, which intent to simulate shal- mas vezes com conseqüências ca-
a água do mar sintética com low water immersion condition, tastróficas. Este tipo de corrosão
Zehbour borbulhamento de ar atmosféri- where the seawater is very aerated também ocorre com metais fer-
Panossian co, que teve o objetivo de simular due to natural waves and splashes. rosos e outras ligas menos resis-
a corrosão na condição de imer- Additionally, field tests were con- tentes à corrosão, expostos a am-
são em água do mar não profun- ducted through exposition of bientes altamente oxidantes ou
da, onde a água do mar é muito metallic coupons directly in natu- passivantes. Em todos os casos, a
aerada devido as ondas e maro- ral sea. The immersion tests in sea- ocorrência deste problema limi-
las. Adicionalmente, foram rea- water showed that the AISI 316L ta-se a frestas muito estreitas que
lizados ensaios em campo com austenitic stainless steel and AISI são formadas quando são utiliza-
Neusvaldo Lira exposição de corpos de prova no F53 superduplex stainless steel are das gaxetas, parafusos e arruelas,
de Almeida laboratório flutuante instalado susceptible to crevice corrosion, estando presente também em
em São Sebastião. Os ensaios de and this susceptibility is highly juntas sobrepostas e depósitos de
imersão tanto em laboratório dependent on the surface finishing. superfície (deposição de areia,
como em campo, mostraram Laboratory tests can be used to produtos de corrosão permeá-
que a liga austenítica AISI 316L access the susceptibility of crevice veis, incrustações marinhas e
e a liga superdúplex AISI F53 corrosion for AISI 316L but not outros sólidos), além de outras
são susceptíveis à corrosão em for AISI F53. heterogeneidades superficiais, co-
frestas, sendo a susceptibilidade mo trincas, borrifos de solda e
altamente dependente do aca- A corrosão em frestas consis- outros defeitos metalúrgicos1,2.
bamento superficial. te em uma das formas de ataque Para que ocorra a corrosão, a

Fita Teflon®
Dispositivo 1

Espaçador

Dispositivo 2
a b c
Figura 1 – Ilustração esquemática da montagem dos dispositivos formadores de frestas com o espaçador (a).
Corpo-de-prova do aço inoxidável AISI 316L montado com o conjunto parafuso/porca/arruelas em aço inoxidá-
vel AISI 316, utilizado para fixar os dispositivos formadores de frestas em cada lado do corpo de prova (b) e (c).
28 C & P • Julho/Agosto • 2011
TABELA 1 – RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE SIMPLES IMERSÃO NA CONDIÇÃO AERADA,
COM AGITAÇÃO, A 30 °C
Material Superfície Região de frestas
Jateados: foi observada corrosão Lixados: foi observada corrosão
Para os dois tipos de de intensidade moderada. de intensidade moderada.
AISI 316L acabamento superficial, Nota da quantidade: 0,83 Frestas atacadas: 1,33
não foi observada Intensidade de ataque: 4 Intensidade de ataque: 5
nenhuma alteração na Média: 2,42 Média: 3,17
superfície fora das frestas. Jateados: sem sinais Lixados: sem sinais de
O material permaneceu de ataque nas frestas. ataque nas frestas.
AISI F53 passivo. Nota da quantidade: 0 Nota da quantidade: 0
Intensidade de ataque: 0 Intensidade de ataque: 0
Média: 0 Média: 0

fresta deve ser grande o sufi- das com o auxílio de dispositi- foram envolvidos com fita Te-
ciente para permitir o acesso do vos, ou seja, discos com diâme- flon® (ver Figuras 1 (b) e 1 (c)).
meio corrosivo, mas também, tro de 25 mm, com sulcos e O material usado para a confec-
suficientemente pequena para “plateaus” (superfícies planas) ção dos dispositivos formadores
prevenir o transporte de maté- alternados, onde cada plateau, de frestas e dos espaçadores foi o
ria entre o anólito e o católito, em contato com a superfície do acrílico.
funcionando como célula oclu- corpo-de-prova, determinou Com o objetivo de verificar
sa. Segundo Shreir3, as abertu- um possível local para a inicia- a influência das condições da
ras típicas de frestas são da or- ção da corrosão em frestas. superfície das ligas metálicas
dem de 0,025 mm a 0,1 mm. Com o objetivo de uniformizar ensaiadas na resistência à corro-
as dimensões das frestas na são em frestas, foram adotados
Materiais e Métodos superfície dos corpos de prova, dois tipos de acabamento su-
Ensaios de simples imersão foi aplicado um valor de torque perficial: jateamento com mi-
em laboratório simulando a pré-estabelecido (8,5 N.m) ao croesfera de vidro e lixamento
corrosão externa de dutos conjunto parafuso/porca/arrue- com lixa grana 120. Realizado
offshore las (em aço inoxidável AISI o jateamento ou o lixamento,
Os ensaios de simples imer- 316), utilizado para fixar os dis- foi feita a lavagem dos corpos
são com borbulhamento de ar positivos em cada lado do de prova com detergente neu-
atmosférico (condição aerada) corpo-de-prova. A Figura 1 (a) tro até eliminação de toda a su-
foram baseados na norma apresenta uma ilustração esque- jidade superficial, com enxágue
ASTM G 784. Para a execução mática da montagem dos dis- em água corrente e depois em
de tais ensaios foram usados três positivos formadores de frestas água destilada. Por fim, os cor-
corpos de prova com dimensões com o espaçador, utilizado para pos de prova foram lavados
100 mm x 70 mm x 4 mm isolar eletricamente os parafu- com etanol comercial e secos
para cada liga metálica. sos dos corpos de prova. com ar quente.
Em todos os corpos de A fim de melhorar este isola- A água do mar sintética uti-
prova, as frestas foram forma- mento elétrico, os parafusos lizada foi preparada de acordo

AISI 316L AISI F53

Acabamento jateado Acabamento lixado Acabamento jateado Acabamento lixado


Figura 2 – Detalhe da região de alguns corpos de prova onde os dispositivos formadores de frestas estiveram
instalados, após ensaio de imersão em laboratório e limpeza em solução de ácido nítrico 20 %
C & P • Julho/Agosto • 2011 29
TABELA 2 – RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO NA CONDIÇÃO DE IMERSÃO TOTAL
EM ÁGUA DO MAR NATURAL
Material Superfície Região de frestas
Após a limpeza com ácido Lixados: somente um dos três corpos-
nítrico, tanto os corpos-de- Jateados: um dos três corpos de prova ensaiados de-prova ensaiados apresentou severa
prova jateados como os lixa- apresentou intensa corrosão em várias frestas. corrosão em algumas frestas, ocorrendo
dos apresentaram sinais de até a perfuração de uma delas.
AISI 316L ataque em algumas regiões Nota da quantidade: 1,33 Nota da quantidade: 0,67
onde houve formação de Intensidade de ataque: 8 Intensidade de ataque: 10
frestas na interface incrusta- Média: 4,67 Média: 5,33
ção/metal e nas bordas.
Após a limpeza com ácido Jateados: dois dos três corpos-de-prova ensaiados Lixados: sem sinais de ataque nas frestas.
nítrico, tanto os corpos-de- apresentaram corrosão em várias frestas.
prova jateados como os lixa-
AISI F53 dos não apresentaram sinais Nota da quantidade: 2,17 Nota da quantidade: 0
de ataque onde haviam ade- Intensidade de ataque: 5 Intensidade de ataque: 0
rido os animais marinhos. O Média: 3,58 Média: 0
material permaneceu passivo.

com a norma ASTM D Ensaios de campo vos formadores de frestas e os


11415. A temperatura dos ensaios (Flutuante Isabel) mesmos procedimentos para a
adotada foi igual a 30 °C e o pe- Os ensaios de campo tam- preparação e limpeza pós-ensaio
ríodo de exposição aos meios bém foram baseados na norma dos corpos de prova, descritos
corrosivos foi de 90 dias. Após os ASTM G 784. Neste caso, as para os ensaios de imersão em
ensaios de imersão, os corpos de dimensões adotadas dos corpos laboratório. Estes ensaios foram
prova foram retirados do meio de prova foram iguais a 150 mm conduzidos no Flutuante Isabel
de ensaio e limpos com uma so- x 100 mm x 4 mm. Foram (estação de corrosão instalada no
lução de ácido nítrico 20 %. utilizados os mesmos dispositi- canal da cidade de São Sebastião,
AISI 316L
Logo após a retirada Após a limpeza Logo após a retirada Após a limpeza

Acabamento jateado Acabamento lixado


AISI F53
Logo após a retirada Após a limpeza Logo após a retirada Após a limpeza

Acabamento jateado Acabamento lixado


Figura 3 – Superfícies dos corpos de prova após 150 dias de imersão em água do mar natural não profunda,
imediatamente após a retirada e depois da limpeza com solução de ácido nítrico 20 %
30 C & P • Julho/Agosto • 2011
AISI 316L AISI F53

Acabamento jateado Acabamento lixado Acabamento jateado Acabamento lixado

Figura 4 – Detalhe da região de alguns corpos de prova onde os dispositivos formadores de frestas estiveram
instalados, após ensaio de campo e limpeza em solução de ácido nítrico 20 %

SP), por um período de 150 Resultados prova das duas ligas metálicas
dias para cada tipo de acabamen- Ensaios de simples imersão da água do mar, foi observada a
to superficial dos corpos de em laboratório aderência de grande quantidade
prova. Na Tabela 1 são apresenta- de cracas e outros animais mari-
dos resumos dos resultados dos nhos sobre a superfície dos
Metodologia utilizada na ensaios de imersão em água do mesmos, para os dois acaba-
avaliação dos resultados mar sintética com borbulha- mentos superficiais.
dos ensaios de imersão em mento de ar atmosférico, tendo Já a Figura 4 apresenta em
laboratório e de campo sido destacadas em azul as notas detalhe, a região onde os dispo-
Para a avaliação final com- atribuídas segundo a metodolo- sitivos formadores de frestas
parativa, foi adotado como res- gia de avaliação dos resultados estiveram instalados nos corpos
posta o exame visual detalhado adotada. de prova (já limpos em ácido
da região de frestas, com indi- A Figura 2 apresenta em de- nítrico), após o término dos en-
cação do número de frestas talhe, a região onde os disposi- saios de campo na condição de
com corrosão em relação ao tivos formadores de frestas esti- imersão total.
número total de frestas, consi- veram instalados em alguns dos
derando as duas faces dos cor- corpos de prova dos aços inoxi- Discussão
pos de prova e a intensidade do dáveis AISI 316L e superdúplex Os ensaios de imersão, tan-
ataque das frestas. Para maior AISI F53 (já limpos em ácido to em laboratório como em
facilidade, foram atribuídas nítrico), respectivamente, após campo, mostraram que o aço
notas de desempenho quanto à o término dos ensaios de sim- inoxidável AISI 316L é suscep-
corrosão em frestas, seguindo o ples imersão. tível à corrosão em frestas à
seguinte critério: temperatura ambiente, sendo
• quantidade de frestas corroídas: Ensaios de campo esta susceptibilidade fortemen-
foi calculada a porcentagem de (Flutuante Isabel) te dependente do acabamento
frestas corroídas em relação ao Na Tabela 2, são apresenta- superficial, isto porque os cor-
número total de frestas, sendo dos resumos dos resultados dos pos de prova jateados quase
o valor encontrado normaliza- ensaios de campo na condição sempre apresentaram corrosão
do para 10; de imersão total em água do mais intensa nas frestas do que
• intensidade de ataque nas fres- mar natural, tendo sido desta- os lixados. Quanto ao aço ino-
tas: foram atribuídas notas de 0 cadas em azul as notas atribuí- xidável superdúplex AISI F53,
a 10 para a intensidade de ata- das segundo a metodologia de os ensaios de imersão em labo-
que nas frestas, sendo a nota avaliação dos resultados adotada. ratório mostraram que este
zero ausência de ataque e a A Figura 3 apresenta o material não é susceptível à cor-
nota 10 ataque severo das fres- aspecto visual dos aços inoxidá- rosão em frestas. Porém, nos
tas com perfuração; veis AISI 316L e superdúplex ensaios de campo, esta liga me-
• nota de desempenho quanto à AISI F53 imediatamente após a tálica mostrou-se susceptível à
corrosão em frestas: foi conside- retirada dos corpos de prova da corrosão em frestas, sendo esta
rada a média aritmética das no- água do mar natural e após a susceptibilidade função do tipo
tas atribuídas para a quantida- limpeza com ácido nítrico. Vale e da qualidade do acabamento
de de frestas corroídas e a in- destacar que, imediatamente superficial, já que para os cor-
tensidade de ataque nas frestas. após a retirada dos corpos de pos de prova lixados, a mesma
C & P • Julho/Agosto • 2011 31
não apresentou corrosão em ceptíveis à corrosão em frestas Assistente de Pesquisa do Laboratório de
frestas, enquanto para os jatea- do que as superfícies jateadas. Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas
dos sim. Ainda, os resultados mostraram Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. –
Assim, os resultados mos- que a liga AISI 316L é muito IPT (e–mail: vargas@ipt.br)
tram que a susceptibilidade mais susceptível à corrosão em
relativa depende das condições frestas do que a liga AISI F53. Rafael Barreto de Matos
de ensaio, já que o aço AISI Técnico metalurgista, Técnico de
F53 não se mostrou susceptível Referências Bibliográficas Programação e Controle de Manutenção do
nos ensaios em laboratório, mas 1. BETTS, A. J.; BOULTON, L. H. BureauVeritas Brasil (e-mail: rafaelbm.-
mostrou-se susceptível nos Crevice corrosion: review of mecha- bureau_veritas@petrobras.com.br)
ensaios de campo, na condição nisms, modelling and mitigation.
jateada. British Corrosion Journal, v. 28, n. 4, Neusvaldo Lira de Almeida
O fato dos ensaios de campo p. 279-295, 1993. Mestre em Engenharia, Pesquisador do
serem mais agressivos se deve, 2. PANOSSIAN, Z. Corrosão e proteção Laboratório de Corrosão e Proteção do
provavelmente, ao maior tempo contra corrosão em equipamentos e Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de duração (150 dias contra 90 estruturas metálicas. 1. ed. São Paulo: de São Paulo S.A. – IPT (e–mail: neus-
dias dos ensaios em laboratório) Instituto de Pesquisas Tecnológicas, val@ipt.br)
e à presença de cracas e outros 1993. 2 v. v.1, cap. 6. 280 p.
animais marinhos aderidos à 3. SHREIR, L. L. Corrosion. 2. ed. Gutemberg de Souza Pimenta
superfície dos corpos de prova e London: Newnes-Butterworths, Mestre em Engenharia Metalúrgica,
sobre os dispositivos formadores 1977. 2 v. v 1: metal/environment Consultor Técnico Sênior do CEN-
de frestas. reactions. p. 1:143-1:148. PES/PETROBRAS. Responsável pela
Quanto à influência do aca- 4. ASTM - AMERICAN SOCIETY implantação da Rede de Materiais e
bamento superficial, a mesma é FOR TESTING AND MATE- Corrosão (projeto PETROBRAS e ANP
citada na literatura. Oldfield6, RIALS. 2001 (Reapproved 2007). (Agência Nacional de Petróleo)) em univer-
estudando o mecanismo de cor- G 78: Standard Guide for Crevice sidades e institutos de pesquisas no Brasil
rosão em frestas em aços inoxi- Corrosion Testing of Iron-Base and e-mail: gutembergsp@petrobras.com.br
dáveis em água do mar, verifi- Nickel-Base Stainless Alloys in
cou a grande influência da ru- Seawater and Other Chloride-
gosidade superficial e do pré- Containing Aqueous Environments.
tratamento (mecânico ou ele- Pennsylvania. 8 p.
troquímico) na resistência à ini- 5. ASTM - AMERICAN SOCIETY
ciação da corrosão em frestas. FOR TESTING AND MATE-
Este autor observou que uma RIALS. 1998 (Reapproved 2008).
superfície decapada em ácido é D 1141: Standard Practice for the
mais resistente do que superfí- Preparation of Substitute Ocean
cies lixadas. Comparações entre Water. Pennsylvania. 3 p.
superfícies lixadas e jateadas 6. OLDFIELD, J. W. Crevice corrosion
não foram encontradas na lite- of stainless steels in seawater. Avesta
ratura, no entanto, pode-se di- Corrosion Managment, ACOM
zer que superfícies jateadas são Report n° 1-1988, Avesta AB,
mais susceptíveis à corrosão em Avesta, Sweden, 1988.
frestas por serem mais rugosas.

Conclusões
Os resultados obtidos nos Zehbour Panossian
ensaios de imersão de laborató- Doutora em Ciências (Físico-Química),
rio e de campo mostraram que Professora convidada da Escola Politécnica
as ligas AISI 316L e AISI F53 da Universidade de São Paulo e responsável
são susceptíveis à corrosão em pelo Laboratório de Corrosão e Proteção do
frestas, sendo a susceptibilidade Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
relativa altamente dependente de São Paulo S.A. – IPT (e–mail:
do tipo de ensaio e do acaba- zep@ipt.br)
mento superficial dos corpos de
prova. As superfícies lixadas são Cristiane Vargas Pecequilo
consideravelmente menos sus- Mestre em Engenharia Metalúrgica,

32 C & P • Julho/Agosto • 2011


Opinião

José Carlos Teixeira Moreira

A ética nas empresas


É fundamental dar musculatura à empresa para que ela se defenda
da tentação de sair do mais certo para o mais prático

mpresas são pessoas reuni- tre seus interesses, os resultados finais ficam tolhidos pelos conflitos
das em torno de uma pro- decorrentes daqueles mesmos interesses.
posta que as mobilizam Equilíbrio é uma boa forma de se entender a questão ética. Não
num determinado momento de confundir com a moral. Essa não é relativa; diz da dimensão do ser
suas vidas. O CNPJ é apenas um humano em qualquer cultura. Nesse sentido, cuidar da ética nas em-
arranjo jurídico para lhes confe- presas não se trata de ser bom ou mau, mas sim de puro business. Ser
rir uma certa identidade no cam- ético é assegurar resultados superiores e admiráveis.
po físico. O que mais infecta a ética na empresa, tirando-lhe a força, é a falta
Tudo se passa numa empresa de consistência da alta administração na sua conduta diante dos desa-
como se fosse uma comunidade fios cotidianos. Inconsistência entre o que é dito é o que é feito, posi-
de interesses, ou seja, uma rela- ções dúbias frente às questões de direito de seus colaboradores, clien-
ção temporal entre seres. As pes- tes, fornecedores, acionistas, governo e a comunidade em que atua.
soas são levadas a serem seus co- Atitudes evasivas, quando de necessidades sociais inquestionáveis,
laboradores movidas por múlti- dão o tiro de misericórdia na percepção de todos quanto à ética da
plos motivos pessoais, na expec- organização.
tativa de que assim fazendo estão Como a ética não é algo que se obtenha a partir de cursos, tours
a caminho do que imaginam ser tecnológicos ou benchmarking, só nos resta zelar, a cada passo, pelo
a sua realização. binômio realização e conduta de todas as pessoas que fazem o seu
Acontece que viver entre ou- futuro, a começar pelos seus colaboradores. Até porque ninguém dá o
tros, encontrar o seu espaço, po- que não tem.
der fazer o que deve ser feito re- Assegurar que a realização e a conduta sejam os predicados mais
quer fazer parte e aprimorar con- notáveis da organização pelo testemunho em qualquer circunstância do
textos onde a colaboração e a so- dia a dia. Zelar pela ética significa não permitir que gestos, decisões e
lidariedade sejam um valor. sobretudo procedimentos administrativos corrompam os princípios
Nada numa empresa consegue humanos da segurança, da autoestima e da justiça para com as pessoas.
acontecer de fato que não seja É fundamental dar musculatura à empresa para que ela se defenda
através de um trabalho em equi- da tentação de sair do mais certo para o mais prático. Reforçar o em-
pe. Ações solitárias, ao sabor de penho da empresa pelo verdadeiro ao invés do “no nosso mercado to-
motivação individual, são sempre do mundo faz assim”. Abandonar o apressado e de qualquer jeito para
pontuais, de alto custo, de efeito o mais veloz e caprichado.
passageiro e de resultado pálido. O Valor de uma empresa no foco dos seus clientes é uma percep-
As companhias mais atentas ção; o preço, no foco dos seus clientes é sempre uma questão psicoló-
sabem disso e não medem esfor- gica. Os resultados, mesmo quando positivos, têm a sua avaliação
ços para que seus colaboradores sujeita a questões psicológicas de quem os analisam.
se encontrem num ambiente que Uma organização inteligente navega confortavelmente em dimen-
promova a concertação, ou seja, sões psicológicas e emocionais, por isso conquista resultados surpreen-
a possibilidade de que todos atu- dentes. Por isso, a ética é o maior ativo psicológico desses empreendi-
em como numa orquestra movi- mentos de sucesso.
da pela ética do prazer. Desse
modo, quando se juntam pesso-
as que buscam a sua realização José Carlos Teixeira Moreira
através de tarefas que se somam, Presidente da JCTM Marketing Industrial e da Escola de Marketing Industrial
se não houver um equilíbrio en- Contato: jctm@marketingindustrial.com.br

34 C & P • Julho/Agosto • 2011


Empresas Associadas

Empresas associadas à ABRACO


A ABRACO espera estreitar ainda mais as parcerias com as empresas, para que os avanços tecnológicos e o estudo da corrosão sejam
compartilhados com a comunidade técnico-empresarial do setor. Traga também sua empresa para nosso quadro de associadas.
ADVANCE TINTAS E VERNIZES LTDA. HENKEL LTDA. PRESSERV DO BRASIL LTDA.
www.advancetintas.com.br www.henkel.com.br www.presservdobrasil.com.br
AKZO NOBEL LTDA - DIVISÃO COATINGS HITA COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. PROMAR TRATAMENTO ANTICORROSIVO LTDA.
www.akzonobel.com/international/ www.hita.com.br www.promarpintura.com.br
ALCLARE REVEST. E PINTURAS LTDA. IEC INSTALAÇÕES E ENGª DE CORROSÃO LTDA. QUÍMICA INDUSTRIAL UNIÃO LTDA.
www.alclare.com.br www.iecengenharia.com.br www.tintasjumbo.com.br
API SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM DUTOS LTDA. INSPEC NORPROJET INSP., CONSULT. E PROJ. LTDA. RENNER HERMANN S/A
apidutos@hotmail.com www.inspec.com.br www.rennercoatings.com
BLASPINT MANUTENÇÃO INDUSTRIAL LTDA. INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE RESINAR MATERIAIS COMPOSTOS
www.blaspint.com.br www.mackenzie.com.br www.resinar.com.br
B BOSCH GALVANIZAÇÃO DO BRASIL LTDA. INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA REVESTIMENTOS E PINTURAS BERNARDI LTDA.
www.bbosch.com.br www.int.gov.br bernardi@pinturasbernardi.com.br
CEPEL - CENTRO PESQ. ENERGIA ELÉTRICA ITAGUAÍ CONSTRUÇÕES NAVAIS – ICN ROXAR DO BRASIL LTDA.
www.cepel.br qualidade@icnavais.com www.roxar.com
CIA. METROPOLITANO S. PAULO - METRÔ JOTUN BRASIL IMP. EXP. E IND. DE TINTAS LTDA. RUST ENGENHARIA LTDA.
www.metro.sp.gov.br www.jotun.com www.rust.com.br
CIKEL LOGISTICA E SERVIÇOS LTDA. JPI REVESTIMENTOS ANTICORROSIVOS SACOR SIDEROTÉCNICA S/A
www.cikel.com.br www.polyspray.com.br www.sacor.com.br
COMÉRCIO E INDÚSTRIA REFIATE LTDA. MANGELS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. SERPRO IND. DE PROD. QUÍMICOS LTDA.
www.vpci.com.br www.mangels.com.br www.serproquimica.com.br
CONFAB TUBOS S/A MAX PINTURAS E REVESTIMENTOS LTDA. SHERWIN WILLIAMS DO BRASIL - DIV. SUMARÉ
www.confab.com.br www.maxpinturas.com.br www.sherwinwilliams.com.br
C & Q CONSULTORIA E TREINAMENTO MORKEN BRA. COM. E SERV. DE DUTOS E INST. LTDA. SOFT METAIS LTDA.
www.ceqtreinamento.com.br www.morkenbrasil.com.br www.softmetais.com.br
DETEN QUÍMICA S/A MTT ASELCO AUTOMAÇÃO LTDA. SURTEC DO BRASIL LTDA.
www.deten.com.br www.aselco.com.br www.surtec.com.br
DOERKEN DO BRASIL ANTI-CORROSIVOS LTDA. MULTIALLOY METAIS E LIGAS ESPECIAIS LTDA. TBG - TRANSP. BRAS. GASODUTO BOLIVIA-BRASIL
www.doerken-mks.de www.multialloy.com.br www.tbg.com.br
DUPONT DO BRASIL S/A MUSTANG PLURON QUÍMICA LTDA. TECNOFINK LTDA.
www.dupont.com.br www.mustangpluron.com www.tecnofink.com
DUROTEC INDUSTRIAL LTDA. NALCO BRASIL LTDA. TECNO QUÍMICA S/A.
www.durotec.com.br www.nalco.com.br www.reflex.com.br
ELETRONUCLEAR S/A NOF METAL COATINGS SOUTH AMERICA TINÔCO ANTICORROSÃO LTDA.
www.eletronuclear.gov.br www.nofmetalcoatings.com www.tinocoanticorrosao.com.br
EGD ENGENHARIA NOVA COATING TECNOLOGIA, COM. SERV. LTDA. ULTRAJATO ANTICORROSÃO E PINT. INDUSTRIAIS
www.engedutoengenharia.com.br www.novacoating.com.br www.ultrajato.com.br
EQUILAM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. PERFORTEX IND. DE RECOB. DE SUPERF. LTDA. UNICONTROL INTERNATIONAL LTDA.
www.equilam.com.br www.perfortex.com.br www.unicontrol.ind.br
FIRST FISCHER PROTEÇÃO CATÓDICA PETROBRAS S/A - CENPES UTC ENGENHARIA S.A.
www.firstfischer.com.br www.petrobras.com.br www.utc.com.br
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S/A PETROBRAS TRANSPORTES S/A - TRANSPETRO VCI BRASIL IND. E COM. DE EMBALAGENS LTDA.
www.furnas.com.br www.transpetro.com.br www.vcibrasil.com.br
GAIATEC COM. E SERV. DE AUTOM. DO BRASIL LTDA. PINTURAS YPIRANGA WEG INDÚSTRIAS S/A - QUIMICA
www.gaiatecsistemas.com.br www.pinturasypiranga.com.br www.weg.com.br
G P NIQUEL DURO LTDA. PPG IND. DO BRASIL TINTAS E VERNIZES ZERUST PREVENÇÃO DE CORROSÃO LTDA.
www.grupogp.com.br www.ppgpmc.com.br www.zerust.com.br
HARCO DO BRASIL IMP. E EXP. PPL MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA. ZINCOLIGAS IND. E COM. LTDA.
www.harcobrasil.com.br www.pplmanutencao.com.br www.zincoligas.com.br

Вам также может понравиться