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Introdução
Misericórdia
Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua
misericórdia
Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa
Posso dizer que as alegrias mais belas e espontâneas, que vi ao longo da minha vida, são
as alegrias de pessoas muito pobres que têm pouco a que se agarrar
A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros.
Consequentemente, um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de
funeral
Penso que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa
sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo.
Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as
problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de
proceder a uma salutar descentralização.
Capítulo I
A TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA
Uma Igreja “em saída”
Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos,
em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo.
Pastoral em conversão
...mesmo ouvindo uma linguagem totalmente ortodoxa, aquilo que os fiéis recebem, devido
à linguagem que eles mesmos utilizam e compreendem, é algo que não corresponde ao
verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo.
...há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes noutras épocas, mas
já não têm a mesma força educativa como canais da vida.
...E, citando Santo Agostinho, observava que os preceitos adicionados posteriormente pela
Igreja se devem exigir com moderação, “para não tornar pesada a vida dos fiéis” nem
transformar a nossa religião numa escravidão, quando “a misericórdia de Deus quis que
fosse livre”.
Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o
lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível.
Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e
os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!
...prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma
Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.
Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas
estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes
implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma
multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar:
“Dai-lhes vós mesmo de comer”
(Mc 6, 37).