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Balneário Camboriu – A verticalização exagerada e os impactos diretos na falta de sol da sua praia central.

Dezembro/2013

Balneário Camboriu – A verticalização exagerada e os impactos


diretos na falta de sol da sua praia central.

Carla Noriler - carlanoriler@hotmail.com


MBA em Gestão de Projetos em Engenharias e Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Florianópolis/Janeiro/2013

Resumo
A urbanização de uma cidade está diretamente ligada à qualidade de vida daqueles que nela
habitam. A história da humanidade passou por diversos períodos, mas quando o homem
finalmente inventou as máquinas para produzir bens materiais na Revolução Industrial que
as cidades modernas nasceram. Passadas guerras e crises economicas, os europeus foram
pioneiros no mundo ocidental na recuperação de suas cidades e na constatação do problema
que uma má gestão urbana pode causar à saúde publica e ao desenvolvimento das cidades.
Aprendemos história para dela tirar lições do que foi feito para o bem e do que foi feito e não
alcançou o objetivo esperado. Desta forma, este artigo tem como objetivo mostrar através de
alguns eventos da história da gestão urbana da Europa e da gestão urbana do Brasil, que
uma cidade moderna como Balneário Camboriu não poderia enfrentar problemas na praia
central do seu município se tivesse olhado para trás e planejado sua urbanização de modo a
impedir a exploração imobilária e construção de prédios sem regulamentação, que hoje
obrigam a administração da cidade investir em obras para corrigir estes erros, impactando
nos cofres do município, no dia a dia dos moradores e no turismo Para consecução deste
artigo foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental, através do método indutivo cuja a
premissa a partir de um levantamento particular chega-se a determinadas conclusões gerais.
Portanto o principal resultado foi a confirmação de que cidades modernas devem ser
planejadas cuidadosamente e a história deve ser usada como ferramenta para evitar e repetir
erros cometidos no passado, a exemplo da cidade de Balneário Camboriu que não teve em
sua administração e planejamento esta visão e hoje sofre as consequências destes erros.
Palavras-chave: Urbanização.Revolução Industrial. História. Balneário Camboriu.

1. Introdução
Do nomadismo do homem, passando pelo início da agricultura, da formação de feudos até as
primeiras cidades, as urbes tornaram-se grandes máquinas de engrenagens bastante
particulares, como mobilidade, comércio, lazer, necessidades hidrosanitárias e que estão
ligadas umas as outras.
Foi em função das máquinas na Revolução Industrial, que fizeram com que as cidades
crescessem de forma exponencial, que a preocupação com a gestão da urbanização tornou-se
necessária. O continente europeu, conhecido como velho mundo, foi onde esse movimento
iniciou e serviu de inspiração para diversos países adotarem estudos do meio urbano. Cidades
como Londres, na Inglaterra passou por graves enchentes e diversas cidades dos Países
Baixos sofreram com as marés no século XVIII. Com isto, desenvolveram tecnologias para
contenção dessas catástrofes e passaram a estudar da reurbanização desses locais. Entretanto,

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013
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tais exemplos não parecem ter sido aproveitados na urbanização do Brasil e de cidades como
Balneário Camboriu no estado de Santa Catarina.
Como carecem da organização necessária, as cidades sofrem com catástrofes naturais.
Podemos citar como exemplo as cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, que padeceram
com as enchentes no ano de 2008. Em 2011, no Estado do Rio de Janeiro, também cidades
foram devastadas em virtude das fortes chuvas.
Além dos problemas causados pelos desastres naturais, que costumam ocorrer de forma
menos previsível, nota-se que a carência de uma política de organização urbana também
impacta no cotidiano destas cidades.
Neste artigo analisar-se-á tais problemas na cidade de Balneário Camboriú, no litoral norte de
Santa Catarina. Apesar de moderna e de possuir uma política urbanística, verificou-se que a
ausência de determinadas especificações legais permitiu com que prédios fossem construídos
de maneira desordenada, fator este que levou a criação de sombra em sua praia central, um
dos principais atrativos turísticos da cidade.
Para tanto, será verificado de forma sucinta a questão da urbanização no continente Europeu,
bem como o desenvolvimento de tal questão no Brasil, para, por fim, estudar-se o
desenvolvimento urbano na cidade de Balneário Camboriú.

2. História da urbanização na Europa

Foi na Europa do final do século XIX, quando grandes aglomerados de pessoas cresceram,
que se percebeu os problemas que a falta de planejamento das cidades iriam acarretar num
futuro próximo. A atração de grande contingente de pessoas advindas do campo sem
qualificação para o trabalho fabril agravou substancialmente o problema da habitação e das
condições de vida.
De acordo com Hassenpflug (2001) “a cidade medieval era, sobretudo uma criação de
comerciantes, mercadores e artesãos, pessoas existencialmente dependentes da economia
mercantil”.
“O surgimento das fábricas, a produção em série e o trabalho assalariado são as principais
características desta transformação [Revolução Industrial], que alterou a economia, as
relações sociais e a paisagem geográfica” (MACHADO, apud YAMAWAKI, 2011, grifo do
autor).
Nesse cenário, surgiu uma nova divisão socioeconômica de industriais e uma grande classe
operária. (YAMAWAKI, 2011).
Os industriais enriqueciam e se tornavam burgueses ricos, com condições e padrão de vida
elevado, além de desfrutarem de conforto e estrutura de habitação e transporte. Já a classe
operária, na sua grande maioria agricultores que migraram para centros industriais com toda a
família, ganhavam muito pouco, não encontravam locais adequados para moradia e passaram
a se aglomerar dividindo espaço com outras famílias, formando bairros inteiramente de
operários.
Lugares sujos e sem qualquer estrutura de saneamento, transporte, saúde e segurança, ou
qualquer controle de expansão. Doenças, sujeira, esgoto e mal cheiro começaram a penetrar
nos centros das cidades na medida que cada vez mais trabalhadores encontravam nesses locais
uma moradia acessível.

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Com a constatação dessa situação, do aumento quantitativo de pessoas vivendo nas cidades,
como o aumento das dimensões dos territórios, a necessidade de solucionar estes problemas
tornou-se objeto de estudo.
A Segunda Guerra Mundial também foi fator importante na reorganização do meio urbano,
principalmente na Europa, que precisava reerguer o que foi destruído na guerra. Entre os anos
de 1950 e 1970, tanto o velho continente quanto os Estados Unidos viviam um período
econômico excelente, as indústrias prosperavam e continuavam a gerar empregos, o que levou
a um grande consumo. (YAMAWAKI, 2011).
Foi neste período que governantes e estudiosos passaram a pensar novas formas de
remodelamento das cidades, tornando-as mais organizadas para atender de forma eficiente o
saneamento, mobilidade e procurar separar áreas de moradia, centros financeiros e indústrias,
já que problemas sociais e ambientais estavam se agravando.
Como resultado desta preocupação, surgiram, dentre outros, três movimentos teórico
urbanistas, os quais são apresentados no Quadro 1.

Movimentos Teóricos Propostas


Progressista Charles Fourier, Tony Garnier, Defendiam modelos de cidades
Lecorbusier, Walter Gropius, e o racionais para o HOMEM TIPO.
Grupo CIAM (Congresso Preocupavam-se apenas com as
Internacional de Arquitetura necessidades elementares de cada
Moderna) indivíduo (trabalhar, habitar, circular e
desfrutar de cultura e desporto),
desconsiderando diferenças e
particularidades sócio-culturais.
Culturalista William Morris, Ebenezer Preocupavam-se com a vida
Howard, Raymond Unwin comunitária e com o atendimento das
necessidades psicológicas (bem-estar,
qualidade de vida, contato com a
natureza, entre outros).
Naturalista Frank Lloyd Wright, seu maior Conhecido como Broadacre City – a
representante arquitetura estaria subordinada à
natureza (Choay, 1998).
Quadro 1. Movimento teóricos urbanistas
Fonte: Yamawaki (2011)

Os principais teóricos destes movimentos eram arquitetos e filósofos, contudo todas as


propostas de seus movimentos deixavam de contemplar diversos aspectos urbanisticos,
sociais, culturais e políticos, por isso foram usadas as idéias em conjunto, configurando a
urbanização da ''nova europa''. Segundo Ferrari (1986):

Surgiu em 1874 na Suécia uma lei urbanística: Preceituava que toda a cidade

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de mais de 10.000.00 habitantes deveria elaborar seu plano de expansão.


Prúcssia (1875), Holanda (1901), Inglaterra (1909), França (1919) etc,
seguem o exemplo da Suécia, elaborando leis urbanísticas semelhantes.

Então a partir do século XIX, expõe Yumi Yamawaki (2001), houve um intenso processo
demolitório, principalmente nas áreas ocupadas por moradores de baixa renda, justificado por
grandes projetos de renovação urbana.
O exemplo mais conhecido é a remodelação de Paris pelo prefeito Barão de Haussmann. Na
época, o referido gestor demoliu grandes áreas para proporcionar a abertura de largas
avenidas e a criação de parques, que possibilitou melhora no sistema de distribuição de água e
a implementação de um sistema de coleta de esgoto.
Na figura 1 vemos o resultado de tal política, evidenciando as largas avenidas que foram

construídas a partir da remodelagem da área urbana de Paris.


Figura 1: as largas avenidas de Paris
Fonte: Google (2013)

3. História da urbanização no Brasil

Passado o grande momento da Revolução Industrial nos Estado Unidos e na Europa, o


consumo de produtos diminuiu e os impactos sociais e ambientais causados pelo êxodo para
as grandes cidades precisaram ser controlados.
Além disso, novas tecnologias estavam surgindo e o conhecimento passou a se tornar um
grande produto, fazendo com que a prestação de serviços também ganhasse força. Outro
movimento que estava crescente nessas nações eram os sindicatos: os trabalhadores da
indústria passaram a se organizar e em maior número conquistaram diversos direitos, dentre

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eles salários mais altos e leis mais rígidas quanto as jornadas de trabalho.
Diante de tal situação, os grandes conglomerados passaram a buscar novos mercados para
consumirem seus produtos e mão de oba mais barata para as atividades de produção. Foi
quando os olhos das indústrias de outros países se voltaram aos países em desenvolvimento
como o Brasil, onde a mão de obra era mais barata e o governo ansiava em trazer novos
investimentos ao país.
Foi durante o golpe de Estado de 1964, durante o governo militar, que o investimento das
indústrias no país se ampliou. Conforme Santos (2005), foi “o movimento militar que criou as
condições de uma rápida integração do País a um movimento de internacionalização que
parecia como irresistível, em escala mundial''.
Apesar do processo de urbanização ter se iniciado nas décadas de 1920 e 1930 – em razão da
diversificação da produção industrial e da organização da indústria da construção, que iniciou
o processo de verticalização das cidades -, foi a partir da década de 1950 que houve um
grande incremento populacional nas áreas urbanas. (Deák; Shiffer,1999 apud YAMAWAKI).
E ainda, de acordo com Martine (1990, apud YAMAWAKI), “entre 1960 e 1980, do
incremento de quase 50 milhões de pessoas nas áreas urbanas, o êxodo rural representou cerca
de 28 milhões de pessoas, ou seja, 57% do crescimento urbano no período”.
Ferrari (1986) menciona os seguintes dados sobre a população urbana existente no Brasil em
cidades de mais de 20.000 habitantes: em 1940 era de 26,40%; em 1950 era de 36,16%, de
45,08% em 1960 e de 55,98% na década de 70, evolução esta que pode ser visualizada na
Figura 2.

Figura 2: Gráfico do crescimento da população urbano no Brasil entre 1940 a 1970


Fonte: Ferrari (1986)

Foi neste período que começou então, no Brasil, o processo de industrialização e junto dele a

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exportação e o êxodo do campo para as capitais.


O ciclo ocorrido na Europa décadas antes se repetia no país, com uma pequena diferença: a
tecnologia neste período era muito maior, e além da facilidade de comunicação, a
globalização proporcionou a possibilidade de se produzir itens de consumo a milhares de
quilômetros distante do consumidor final.
Neste período de grande migração para os centros urbanos, as cidades cresciam de forma
desordenada e descontrolada, sem planejamento. A rigor, o planejamento urbano iniciou-se
com o plano de Brasília. É sem dúvida, o primeiro plano urbanístico elaborado em bases
científicas. (FERRARI, 1986).
Somente em julho do ano de 2001 que a Lei Federal número 10.257 foi aprovada. Nela o
poder público finalmente instituiu aos municípios, dentre outras coisas, a obrigatoriedade da
elaboração de um Plano Diretor para cidades com mais de 20.000.00 habitantes e que
contemple principalmente um planejamento em longo prazo.
Yumi Yamawaki (2011) resume a lei de forma bastante precisa:
Com o Estatuto, torna-se obrigatória a elaboração de Plano Diretor aos municípios
de regiões metropolitanas com mais de 20 mil habitantes, de interesse turístico ou
sob influência de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Por meio de
análise de informações e diagnósticos, o Plano Diretor delineará um planejamento a
longo prazo para as cidades.

Então passados mais de 50 anos do grande êxodo no Brasil para as cidades foi que o poder
público veio a pensar e exigir com leis a regulamentação de obras e o planejamento das
cidades. Fica claro o porquê de o país hoje passar por tantos problemas no âmbito urbano,
principalmente de suas metrópoles.

4. Verticalizações no Brasil

O processo de verticalização no Brasil aconteceu primeiramente nas cidades de São Paulo e


do Rio de Janeiro. Não há surpresa neste fenômeno, tendo em vista que iniciou-se exatamente
na cidade mais industrializada a época e na antiga capital do país. Catedrais e edifícios de
quatro pavimentos já eram habituais aos centros destas cidades, por abrigarem cinemas e
comércio para as classes mais altas.
Segundo Souza (1994) “no Brasil, especialmente em São Paulo, a explosão da verticalização
se dá a partir de 1964 com a criação do BNH.[Banco Nacional de Habitação]. O Estado
brasileiro, portanto é quem vai financiar esse processo”.
Com o inchaço de pessoas nas grandes metrópoles, alternativas de moradia como edifícios
com dez a quinze pavimentos são incentivadas pelo governo. Em parceria com
incorporadoras, então, arranha-céus passam a fazer parte da paisagem brasileira.
A presença dos edifícios altos tornava ainda mais evidente a necessidade do
planejamento urbano. Especialmente tendo em vista que a maioria das cidades
brasileiras surgiu sem obedecer a planos. (MALTA et al, 2006)

Neste período o governo brasileiro incentivou a construção de conjuntos habitacionais para


classes pobres e edifícios residenciais para a classe média. Contudo, a segregação e divisão

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entre bairros ricos e pobres se manteve, o que gerou a valorização de determinados pontos da
cidade: a classe média buscava o centro, os menos privilegiados mantinham-se próximos às
indústrias e em regiões periféricas, já os ricos preferiam áreas a beira-mar - Rio de Janeiro,
Santos e Guarujá.
Um município litorâneo que serve como exemplo da verticalização do Brasil, é a cidade de
Santos, no estado de São Paulo. É a maior cidade do litoral paulista, e uma das mais antigas
do país, fundada em 1546. (www.santos.sp.gov.br).
De acordo com Moreira (2010) “Santos viveu no período de 1940-1970 uma grande expansão
imobiliária, com a construção de mais de 100 edifícios ao longo da orla praiana.”
Essa expansão fez com que houvesse a demolição de históricos palacetes e ainda gerou um
fenômeno bastante peculiar: empresas de diversos setores viram na exploração imobiliária um
novo meio de lucro. Segundo Valiengo (apud Moreira, 2010):
As oportunidades de ganhos eram, presumivelmente, fabulosas. Tanto que era
compensador derrubar os palacetes e substituí-los por prédios. A construção civil
encontrava, ainda, o capital gerado pelo café como forma de expansão; [...]. Em
1955, praticamente não existiam altas edificações, mas o surto imobiliário - que
encontraria seu auge nos anos 60, rapidamente ergueu a muralha de prédios. O
fenômeno da valorização do solo em Santos foi planejado e provocado, por assim
dizer, fora do Município. Outros fatos interessantes: três tipos de empresas atuaram
aqui, começando por aquelas que possuíam alguma tradição no setor da construção
civil; depois, as que operavam com o que se costuma chamar de construção pesada
e, por fim, empresas sem tradição alguma. Eram, por exemplo, importadoras - como
a Três Leões - de eletrodomésticos, mas que em Santos transformava-se em Firma
de construção civil.

As consequências desses eventos vão além da perda histórica sofrida com a demolição de
edificações centenárias, do prejuízo ambiental e da falta de estrutura urbana como mobilidade,
tratamento de esgoto e água.
A falta de experiência de empresas que exploraram a construção civil gerou em Santos mais
de noventa prédios tortos. Fundações com menos de sete metros de profundidade em um
terreno argiloso e inexperiência proporcionaram tal resultado. Apesar disso, a cidade de
Santos figura como sendo a mais verticalizada no Brasil, seguida do município de Balneário
Camboriu e outras cidade litorâneas, conforme fica evidenciado na tabela 1:

UF Cidade % de apartamentos
SP Santos 63%
SC Balneário Camboriú 57%
RS Porto Alegre 47%
ES Vitória 43%
RJ Niterói 42%
SC Florianópolis 38%
SP São Caetano 38%
RJ Rio de Janeiro 38%
SC São José 34%
MG Belo Horizonte 33%
Tabela 1: cidades mais verticalizadas do país e a porcentagem de apartamentos ocupados em relação ao total de

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imóveis
Fonte: IBOPE, 2012

Em que pese o fato de Santos ser um dos municípios mais antigos do país, e já ter passado por
um ciclo de grande exploração imobiliária, que resultou em uma intensa verticalização urbana
e todos os problemas a ela relacionados, Balneário Camboriu vem seguindo o mesmo modelo
em detrimento de tomar a cidade de Santos como exemplo do que evitar.

5. Balneário Camboriu

Balneário Camboriú é uma cidade de Santa Catarina situada no litoral do Vale do Itajaí. A
criação do município deu-se no ano de 1964 após ser separada do município de Camboriu.
Segundo dados do IBGE do ano de 2010, contava com uma população de 108.089 habitantes,
e destaca-se como o município com maior densidade demográfica de Santa Catarina, com
mais de 2.350 habitantes por km².
Balneário Camboriú possui uma das maiores densidades de prédios do Brasil (IBGE), chega a
comportar 1 milhão e duzentas pessoas em apenas 46km² de área. (Santos, 2012)
Segundo o presidente do sindicato da construção do município em entrevista ao jornal Folha
de São Paulo em 2011, foi na década de 1980 que a exploração imobiliária começou a crescer
nesta cidade e não foram elaboradas a época nenhum tipo de legislação e regulamentação na
construção de prédios a beira-mar da cidade, resultando em espigões que hoje fazem sombra
na praia central do município a partir das 14h, conforme vê-se na Figura 3.

Figura 3. Sombra dos prédios na orla da praia central de Balneário Camboriú – SC.
Fonte: Folha de São Paulo, 2011

Este, entretanto, é apenas o retrato da legislação pertinente, que não aborda de forma
adequada o tema.
Em 1970, Balneário Camboriú, com a aprovação da Lei 128/1970, já instituía o plano de

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urbanização do município e suas normas ordenadoras e disciplinadoras. Em virtude da


realidade da época, não havia previsão de gabaritos para construções, tanto as com menos de
04 andares quanto as maiores, havendo somente regulamentação para ocupação do terreno.
Em 1975 é aprovada a Lei 299/1974, que institui o plano diretor da cidade de Balneário
Camboriú. Em tal plano, muito mais detalhado do que a Lei 128/1970 (expressamente
revogada), há a previsão de diversas zonas urbanas, as quais seguem:
I - Zona Comercial (ZC);
II - Zona Beiramar (ZB);
III - Zona Residencial (ZR);
IV - Zona Especial (ZE);
V - Zona Turística (ZT); e
VI - Zona de Expansão Residencial (ZER).

Vê-se que o legislador já tinha algum interesse em delimitar de forma mais clara como se
daria a ocupação do solo, contudo, nesta lei ainda não há previsão de altura máxima para as
construções. Prevê, entretanto, em uma tabela, que o número máximo de pavimentos de uma
edificação construída na Avenida Atlântica seria de 20 pavimentos.
Contudo, nota-se, já naquela época, a despreocupação em manter o acesso do sol à areia da
praia central, tendo em vista que o impacto de edificações de 20 andares (excluindo-se neste
cáculo as garagens e o andar térreo) é bastante alto, mesmo com os recuos impostos pela
legislação (de 06 a 30 metros).
Mesmo após diversas revisões do plano diretor e das legislações que regulam a ocupação do
solo, nenhuma delas foi capaz de se atentar para a questão da altura máxima dos prédios
construídos na Avenida Atlântica, ou seja, à beira-mar.
O plano diretor mais recente foi aprovado pela Câmara de Vereadores do Município em
dezembro de 2006, e posteriormente regulado pela legislação de ocupação do solo (lei
2794/2008).
Nesta legislação a avenida atlântica está inserida na ZACC-1-A (zona de ambiente construído
consolidado de alta densidade). Ainda que o legislador tenha prestado especial atenção a esta
área, definindo questões como área mínima das unidades habitáveis, pé direito mínimo,
número de vagas de estacionamento, perdeu novamente a oportunidade de definir um limite
máximo de pavimentos para as edificações ali situadas.
Em virtude de décadas de liberdade na construção de tais empreendimentos, criou-se um
problema para a cidade, qual seja, a presença de grandes áreas de sombra na praia central,
mesmo durante o início do período vespertino. A praia central de Balneário Camboriú é,
segundo Braggio (2007), o principal atrativo turístico da cidade e chega a ter, durante a
temporada de verão, um índice de 2,9 metros quadrados por turista.
Em consequencia de tal situação, cogita-se a realização de obra para o alargamento da areia
da praia central, obra estimada entre 50 e 100 milhões de reais. Somente na realização de
estudos de impacto ambiental já foram gastos aproximadamente 1,3 milhão.
O projeto foi divido em três fases e atualmente encontra-se em sua segunda fase.
A primeira foi a localização da jazida de areia compatível e limpa para que a praia
não perca suas características originais. Neste momento, a empresa vencedora da
licitação está elaborando o Eia-Rima, para conseguir a licença ambiental, liberada
pela Fatma. A expectativa é que no começo de 2014 a obra possa ser, efetivamente,

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executada. (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2011)

A grande preocupação do Município é a manutenção da cidade como pólo turístico nacional.

6. Conclusão
Voltar no tempo e perceber que países como a Suécia, desde 1874 já se preocupava em
estabelecer regras para cidades com 10 mil habitantes, enquanto o Brasil de forma tão tardia,
podendo utilizar modelos de legislações já praticados ao redor do mundo não o fez, fica claro
entender porque hoje existe um déficit tão grande na urbanização em todos os aspectos no
país. No transporte, no saneamento, na segurança pública e principalmente nas construções.
Balneário Camboriu é uma cidade jovem e moderna, privilegiada geograficamente no estado
de Santa Catarina, mas que devido à exploração imobiliária hoje não colhe frutos de todo
potencial que possui.
Ao invés disto, hoje necessita realizar pesados investimentos para conseguir sanear sua orla e
está iniciando uma obra de alargamento da faixa de areia de sua praia central, principal
atrativo turístico do Município. Tal empreendimento se faz necessário em virtude da sombra
produzida pelos altos prédios localizados na avenida atlântica, mesmo durante o início da
tarde.
Durante a pesquisa foi possível verificar que, embora tenha plano diretor e políticas de
ocupação do solo desde a década de 1970, o ente municipal nunca se preocupou com a
questão da sombra em sua praia central, definindo apenas recuos de acordo com o tamanho do
terreno.
Desta forma, enfrenta hoje as consequências causadas pela má gestão no passado. Obra
orçada em mais de 50 milhões de reais, o alargamento de praia central, com certeza drenará
recursos que poderiam ser investidos em obras para garantir mais infraestrutura e qualidade de
vida para os moradores de Balneário Camboriú.
Contudo, se os administradores do município, a época da explosão imobiliária, estivessem
olhando para o futuro da cidade, hoje investimentos altíssimos na reparação da falta de uma
legislação não estariam sendo realizados para devolver aos moradores e turistas o sol a praia
central, mudando a geografia da cidade, afetando os moradores e turistas, além de causar
impactos graves ao meio ambiente.

Referências

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On-line, São Paulo, jan. 2011. Disponível em: <
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/864680-predios-altos-roubam-sol-dos-turistas-em-
balneario-camboriu-sc.shtml> . Acesso em: 20 Jan 2013.

BRAGGIO, Laércio Antônio. Turismo e Segurança Pública. Balneário Camboriu,


UNIVALI, 2007.

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Balneário Camboriu – A verticalização exagerada e os impactos diretos na falta de sol da sua praia central.
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FERRARI, Célson.Curso de Planejamento Municipal Integrado. São Paulo: Pioneira,


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MOREIRA, Gilsélia Lemos.In: Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos. Crise, práxis e
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Verticalização e Valorização Imobiliária: Uma Leitura da Cidade de Santos, Porto
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